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CURSO DE MEDICINA LEGAL ∎ UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA - UNIVAP ∎ ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL/SP – ACADEPOL ∎ CURSO ÊXITO Prof. Dr. José Odir Romero MEDICINA LEGAL APRESENTAÇÃO MEDICINA LEGAL CIÊNCIA E ARTE À DISPOSIÇÃO DA JUSTIÇA MEDICINA LEGAL * Reconhecida pelo CFM / AMB. * A maioria dos Médicos Legistas são Peritos Oficiais, concursados e atuantes nos Poderes Públicos Estaduais e Federais; alguns lotados nas Policias Civis Estaduais e Policia Federal. * O Perito Médico-Legal “há de ter, uma conceituação universalista dos seres humanos”. * O Perito Médico-Legal “há de possuir amplos conhecimentos de Medicina, de ramos do Direito e das Ciências em geral”. * A Medicina Legal é “Arte estritamente científica que estuda os meandros do ser humano e sua natureza, desde a fecundação até após a sua morte”. * Relaciona-se também com a: Química, Física, Toxicologia, Balística, Dactiloscopia e com a História Natural (Entomologia e Antropologia). MEDICINA LEGAL Áreas de Atuação * Antropologia Forense. * Traumatologia Forense. * Sexologia Forense. * Asfixiologia Forense. * Tanatologia Forense. * Toxicologia Forense. * Psicologia Jurídica. * Psiquiatria Forense. * Policiologia Forense. * Criminologia e Vitimologia. * Infortunística. MEDICINA LEGAL Mitos e Verdades * “O Médico Legista somente trabalha nos exames de cadáveres” (“Médico de Morto”). * O Médico Legista é uma pessoa “fria e sem emoção”. * O Médico Legista é um “liberador de corpos”. * O Médico Legista “não conhece nada de Medicina” (resolveu ser Legista pois não foi bem formado). * 75% dos exames realizados pelos IML´s são “in vivo”. * A maioria dos leigos (e também alguns profissionais das áreas de Saúde e do Direito) não têm a mínima noção da atuação da Medicina Legal. * “O erro do Médico a terra cobre” (será?). * “Um bom Médico Legista tem que ser um bom Médico” e “nem todo bom Médico tem que ser bom Médico Legista” (Dr. Rubens Brasil Maluf – ex Diretor do IML/SP). MEDICINA LEGAL É assim que alguns me vêm !!!!!!!!!! E a sociedade????????? MEDICINA LEGAL Será assim? MEDICINA LEGAL Ou assim? MEDICINA LEGAL É assim que eu gostaria de ver!!! MEDICINA LEGAL NPML de S. J. dos Campos- como somos atualmente MEDICINA LEGAL 1º Capítulo - Medicina Legal: Histórico, Perícias e peritos, Documentos Médico – Legais I - Introdução: * Definição: É a união da Medicina e o Direito com o objetivo de esclarecer fatos jurídicos. Histórico: * Egito: verificava-se a espécie da morte. Crime sexual amarrava-se o homem na cama (nu) e as mulheres dançavam nuas: caso o pênis sofresse ereção, era considerado culpado. * Hebreus: Sacerdotes peritos. Os velhos verificavam as vestes das mulheres desvirginadas (à procura de sangue). * Roma: Matronas verificavam as vestes. Morte violenta: expunham o cadáver para opiniões. * Código Justiniano (casamento, impotência, aborto, interdição, doenças simuladas, parto, etc): Século VI. * Carlos Magno: Médico verificava as lesões. MEDICINA LEGAL HISTÓRICO - continuação * Feudos: Costumes locais. * Influência do Direito Canônico: principalmente em crimes sexuais. * 1532 (Renascença): “Inauguração” da Medicina Legal com Código Carolino (lei básica do Império Germânico), que exigia a presença dos peritos nos diversos delitos. * 1575: Ambrósio Paré: “Pai da Medicina Legal”, com o lançamento do “Tratado dos Relatórios”. * Ensino: As primeiras no mundo foram → Fac. Medicina – Alemanha e Fac. Direito – Portugal. MEDICINA LEGAL Histórico / Arte MEDICINA LEGAL Histórico / Arte MEDICINA LEGAL II – Perícias e Peritos I.a) Perícia: Conjunto de processos médicos e das ciências afins, que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça. II.b) Peritos: Pessoas qualificadas e experientes em certos assuntos, a quem incumbe a tarefa de esclarecer um fato de interesse da justiça, quando solicitada (autoridade policial, juiz ou o presidente de inquérito militar) II.b.1) Oficiais: Médico Legista ou Médico Forense. (funcionários concursados do Estado. Em São Paulo, são funcionários da Secretaria da Segurança Pública). II.b.2) Não Oficiais: Médico de qualquer especialidade ou pessoa experiente na matéria (Perito Leigo). O Juiz pode nomear um médico, que não seja funcionário público, através de publicação no Diário Oficial, nestes casos, o perito será denominado perito “ad-hoc”, que funcionará como assistente judicial ou perito judicial. O Delegado de Polícia também pode nomear um perito “ad-hoc”. II.b.3) Assistentes Técnicos: Médico contratado pelas partes, depois de aceito e nomeado pelo juiz. ⇨“visum et repertum”: termo que significa que o perito repete estritamente aquilo que vê. MEDICINA LEGAL III - Documentos Médico - Legais III.1) Notificações Compulsórias. III.2) Atestados (Médicos, Odontológicos, etc.). III.3) Relatórios: - Laudo Médico Legal: investigado e manuscrito; - Auto Médico Legal: ditado; - Parecer Médico Legal: exprime a opinião do perito. OBS.: Estes são documentos de competência somente do Médico Legista. OBS.: * Laudo Extemporâneo: exame fora do tempo; * Laudo de Exame Complementar: quando não é possível finalizar o laudo, 30 dias após o fato, é expedido o laudo complementar, ou o legista requer prazo diferente para novo exame, quantas vezes forem necessárias, até completado um ano do fato. * Laudo Indireto: com base em documentos médicos (prontuários, fichas de atendimento, etc.), sem examinar a pessoa ou o corpo. * Componentes de um Relatório Médico Legal: 1. Preâmbulo. 5. Conclusão. 2. Quesitos . 6. Respostas aos Quesitos. 3. Histórico. 4. Descrição (exceto nos Pareceres) e Discussão. LAUDO nº.: 0000/2015. REMETER para: Xº DP - SJC/SP. B.O./R.D.O: 0000/2015. T.C.: N/C. I.P.: N/C. Digitador (a): XXXX MODELO LAUDO DE EXAME DE CORPO DE DELITO LESÃO CORPORAL PREAMBULO: Aos XX de Agosto de 2015, no NPML de São José dos Campos/SP, a fim de atender a requisição do(a) Dr. XXXXXXXXX, Delegado(a). de Polícia; o infra-assinado, Médico Legista deste NPML, procedeu ao exame de corpo de delito em “XXXXXXXXXXXXXXXXX ” para responder os quesitos seguintes: QUESITOS: 1 - Há ofensa à integridade corporal ou à saúde do examinado? 2 - Qual a natureza do agente, instrumento ou meio que a produziu? 3 - Foi produzido por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel? (Resposta especificada). 4 - Resultará incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias; ou perigo de vida; ou debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou antecipação de parto? (Resposta especificada). 5 - Resultará incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável; ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função; ou deformidade permanente ou abortamento? (Resposta especificada). Realizada a perícia, passa a oferecer o seguinte laudo: QUALIFICAÇÃO: XXXXXX, RG:XXXXXXX, XXX anos de idade, Filiação: XXXXXXXXXXX e XXXXXXXXXXX. BO/RDO: XXXXXXXX., !!) HISTÓRICO – Acidente de Trânsito em novembro de 2014. Trouxe Prontuário do Hospital XXXXX que informa: “As radiografias e prontuários assinadas pelo Dr. XXXXXXXXXXXXX – CRM: 00.000 informam que: há fratura da Tíbia direita. Uma 2ª radiografia aponta: ostessíntese com haste intramedular metálica”. III) DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO: Apresenta cicatriz antiga e eutrófica, localizada na face lateral da coxa direita, com 7,0 cm de comprimento. Ausência de déficit´s sensitivos-motores. IV) CONCLUSÃO: ApresentaLesões Corporais de Natureza GRAVE. V) RESPOSTA AOS QUESITOS: Ao 1º - SIM; Ao 2º - Contundente; Ao 3º - Não; Ao 4º - Resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias e ao 5º - NÃO. Nada mais havendo a acrescentar encerramos o presente documento. DR. XXXXXXXXXXXXXXX MÉDICO LEGISTA MEDICINA LEGAL 2º Capítulo - Identidade e Identificação I. Identidade: “É a qualidade de ser a mesma coisa, e não diversa; caracterizando uma pessoa ou uma coisa”. II. Identificação: “É o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa, mediante um conjunto de diligências”. II.a) Finalidades: Quando se faz necessário reconhecer uma pessoa, identificando sua raça e sexo ou determinando a sua idade e estatura, com muitos objetivos criminais ou civis. Mas também é realizada com a finalidade de identificar um cadáver de pessoa ignorada. II.b) Identificação na Espécie Humana: IV.b.1) Médico Legal: É aplicada quanto à Espécie, Tipos étnicos / caracterização racial, Sexo, Idade, Estatura, Sinais Individuais, Malformações, Biótipo, Tatuagens, Cicatrizes, Dentes, Palatoscopia, Queiloscopia, Superposição de imagens, Pavilhão auricular, Radiografias, Impressão Digital Genética do DNA (Fingerprints), etc. IV.b.2) Judiciária: entre elas citamos o Sistema Antropométrico de Bertillon (particularidades, retrato falado, etc), Impressões Dentárias, Pegadas, Sistema Dactiloscópico de Vucetich. MEDICINA LEGAL Identidade e Identificação III - Dactiloscopia III.1) Propriedades de um bom Sistema de Identificação = * Unicidade: não se repete. * Imutabilidade: inalterado (caracteres). * Praticabilidade/Praticidade: aplicável na rotina pericial. III.2) Sistema Decadactilar de Vucetich (desde 1903 no Brasil): 12 pontos característicos e coincidentes a identidade é estabelecida (pode-se chegar até 20 pontos = ideal). * Delta = localização e tipos: - Marginal. - Nuclear. - Basilar. MEDICINA LEGAL Identidade e Identificação Dactiloscopia * Fórmula Dactiloscópica. Ex.: V-3224 → dedos da mão direita. E-3311 → dedos da mão esquerda. * Apresentações: Positivas (impressas), Negativas (em suportes moldáveis), Visíveis (percebidas a olho nu ou aparelho adequado) e Latentes (por processos de revelação). Identidade e Identificação Dactiloscopia Três regiões lineares da impressão digital e o delta Identidade e Identificação Dactiloscopia Presilha Interna I2 Identidade e Identificação Dactiloscopia Identidade e Identificação Dactiloscopia Os quatro tipos fundamentais de impressões digitais de Vucetich Identidade e Identificação Dactiloscopia FIGURA POLEGAR DEMAIS DEDOS Verticilo V 4 Presilha Externa E 3 Presilha Interna I 2 Arco A 1 Amputação O (letra O) 0 (zero) Inqualificável X X Termos usados para qualificar os quatro tipos fundamentais, impressões danificadas e amputação do elemento no polegar e demais dedos, respectivamente Identidade e Identificação Dactiloscopia Ficha da individual datiloscópica de um indivíduo com Fórmula Dactiloscópica = V- 1343 V- 2122 Identidade e Identificação Dactiloscopia Pontos Característicos Identidade e Identificação Dactiloscopia O dactilograma do slide anterior nos revela uma gama variada de pontos característicos, como se segue: 1 e 2 (forquilha); 3 (desvio ou derivação); 4 (ilhota); 5 (encarne); 6 (linha interrompida); 7 (bifurcação); 8 (cortada); 9 e 17 (deltas); 10 (encerro); 11 (emboque); 12 (trifurcação); 13 (eme); 14 (cicatriz de corte); 15 (laguna); 16 (pontos); 18 (empalme); 19 (arpão ou espinho); 20 (ponto); 21 (começo de linha); 22 (fim de linha); 23 (desvio); e 24 (cicatriz de pústula). Identidade e Identificação Dactiloscopia Bifurcação Fim de Linha Confluência Forquilha Ilhota Cortada Desvio Encerro Alguns Pontos característicos que podem aparecer em uma impressão digital Identidade e Identificação Dactiloscopia PAÍS Nº DE PONTOS COINCIDENTES FRANÇA 17 INGLATERRA 12 a 16 SUIÇA 12 a 14 ÁUSTRIA 12 BRASIL 12 ESPANHA 10 a 12 USA 8 a 12 ALEMANHA 8 a 12 Número de pontos característicos e coincidentes, adotados em alguns países Identidade e Identificação Dactiloscopia Impressão digital visível pelo contato do dedo à substância de coloração vermelha Impressão digital moldada em silicone Identidade e Identificação Dactiloscopia Utilização da técnica do pó na revelação de Impressão Papiloscópica Latente - IPL Identidade e Identificação Dactiloscopia Impressão digital latente reagindo com cianoacrilato Imagem ilustrativa de IPL revelada pela técnica do digitofotograma Identidade e Identificação Tatuagens Identidade e Identificação Tatuagens “palhaço”–“preso comédia/sangue bom” (assume crime de outros) “cruz de caravaca” – alta periculosidade Identidade e Identificação Tatuagens “folha de maconha” – ligado ao tráfico/viciado “caveira/morte” - homicida Identidade e Identificação Tatuagens “caveira apunhalada” – matador de policiais Identidade e Identificação Retrato Falado foto original retrato falado Identidade e Identificação DNA Mitocondrial e Nuclear Identidade e Identificação DNA – principais usos ▶ 1985 – Caso Enderby (Queen x Pitchfork) UK Desenvolvimento da metodologia de extração diferencial por Alec Jeffreys e colaboradores. Aperfeiçoada pelo FBI. * Alto poder discriminatório (inclusão). * Exame realizável com qualquer material biológico. * Mais resistente às agressões ambientais (dificilmente se desnatura). * Possibilidade de estudos evolutivos e de materiais biológicos extremamente degredados ou muito antigos como múmias e fósseis através do DNA MITOCONTRIAL. * Separação de DNA proveniente de espermatozóides em crimes sexuais. * Estudo do Cromossomo Y. * Estudo do Cromossomo X. Identidade e Identificação - DNA * sangue. * fluidos (líquido seminal, saliva). * tecidos moles (músculos, pele). * tecidos rígidos (ossos, dentes). * pêlos com bulbos. * células descamativas (líquido amniótico. * INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. * IDENTIFICAÇÃO DE CADÁVERES. * CRIMES SEXO-RELACIONADOS. * CONFRONTOS GENÉRICOS. * Qualidade do material biológico e seu estado de conservação (fungos, bactérias, conservantes, clarificantes, contaminantes, taninos, corantes) . * Exigência de quantidade mínima de material biológico (massa crítica). * Não distingue gêmeos monozigótico.. * Extração do DNA. * Quantificação do DNA. * Amplificação do DNA. * Análise Comparativa do DNA das Amostras (PERFIS GENÉTICOS). * Cálculos Estatísticos, quando cabíveis. * Laudo ou Relatório de Análises. Identidade e Identificação DNA Amostras obtidas em cadáveres Identidade e Identificação DNA Amostras obtidas para análise em Sexologia Forense Identidade e Identificação DNA Swab de secreção – pesquisa de espermatozóides Amostra de bulbo capilar Identidade e Identificação DNA Amostras de “bitucas” de cigarros – secreção salivar Amostras de sangue MEDICINA LEGAL 3º Capítulo - Perícias de Líquidos e Manchas. 3.a) Finalidades: * Diagnóstico de gravidez * Vínculo genético * Contágio venéreo * Identificação * Cronotanotognose * Identificação de líquidos e manchas. 3.b) Formalidades: Os líquidos e manchas encontrados próximos do local do crime, são coletados pelos peritos criminais, cabendoao médico legista examinar somente o corpo de delito humano. 3.c) Contagio Venéreo: * Sífilis (T. Pallidum). * Blenorragia (N. gonorrhoeae) * Cancro mole (H. ducreyi). MEDICINA LEGAL Perícia de Líquidos e Manchas 3.d) Hematologia: estudo do sangue. Abaixo, itens importantes = * Formas de apresentação: - Manchas de projeção. - Escorrimento. - Contato. - Impregnação. - Limpeza de instrumento. * Dimensões, Número e Situação: - Diagnóstico da natureza (sangue?). - Identificação da Espécie animal. - Tipagem. - Região topográfica do sangue. MEDICINA LEGAL Perícia de Líquidos e Manchas 3.e) Urina: exame de gravidez, tipo sanguíneo, toxicologia; 3.f) Fezes: atos libidinosos; 3.g) Saliva: coleta de células para exame do DNA, Atos Libidinosos; 3.h) Esperma: averiguação de Conjunção Carnal e demais Atos Libidinosos; 3.i) Colostro: averiguação de parto recente (aborto, infanticídio, etc.); 3.j) Leite: averiguação de parto recente (aborto, infanticídio, etc.); 3.k) Mecônio: são resíduos depositados no intestino do feto – estudo do feto ; 3.l) Lóquios: é uma espécie de “corrimento pós-parto” - averiguação do tempo do parto (aborto, etc.); 3.m) Vérnix Caseoso: determinação da idade fetal; 3.n) Docimásia Hepática: Glicogênio (averiguação da morte = diminuído: agonia; normal aguda); 3.o) Docimásia Supra-renal: Adrenalina (morte aguda = aumentado; morte agonica = normal ou diminuído; 3.p) Potássio no Humor Vítreo: líquido extraído do olho, a medida que o tempo de morte aumenta, o humor vítreo aumenta. MEDICINA LEGAL 4º Capítulo - TRAUMATOLOGIA FORENSE 1) Conceito de Lesões Corporais: “Toda e qualquer ofensa ocasional à normalidade funcional do corpo ou organismo humano, seja do ponto de vista anatômico, seja do ponto de vista fisiológico ou psíquico”. 2) Graduação das Lesões: * Leves: ofende a integridade corporal ou a saúde do paciente. * Graves: idem; incapacitando-o para as ocupações habituais por mais de 30 dias ou debilita permanentemente (membro, sentido ou função) ou acelera o parto ou põe em perigo a sua vida ou provoca tudo isso (especificando). * Gravíssimas: idem; incapacitando-o permanentemente para o trabalho, causa enfermidade incurável ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função ou deformidade permanente ou provoca o aborto (especificando). * Seguida de Morte: idem; provocando a morte sem querer este resultado e nem assumindo o risco de produzir este resultado. * Qualificadora Agravante: é a produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio insidioso ou cruel (especificando).. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 3) Exames Complementares: Quando o perito não tem elementos para responder, num primeiro exame, a todos os quesitos do exame de lesões corporais e então manda convocar o periciando para um novo ou sucessivos exames complementares. Serve para determinar os graus das lesões e a extensão do dano. O primeiro exame complementar é realizado trinta dias após o fato, sendo que poderão ser feitos tantos quantos forem necessários, até completar-se 1 (um) ano do fato. À autoridade policial ou judicial também compete solicitar exames complementares, caso julgue necessário. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 4) Conceitos básicos acerca dos aspectos das lesões: * Ponto: perfurantes = Ação por pressão. Obrigatório atender à Lei de Filhos e a Lei de Langer = afastamento fibras musculares (acompanhando as linhas de força da região afetada). MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * Linha: Cortantes = Ação por deslizamento (linear ou não). Ex.: - Simples = Superficial; - Formando retalho; - Mutilantes ou às vezes auto-produzidas. - Início = profundo; saída do instrumento = superficial (formando a “Cauda de Escoriação”). - Lesões de defesa (mãos, antebraços, etc.). - Lesões causadas em vida / pós morte. - Esgorjamento (lesão na face anterior do pescoço) = oblíquo (maioria ocorre em suicídios); horizontal (maioria ocorre em homicídios). Também podem ser causados por instrumentos Corto - Contundentes. - Degola (lesão na face posterior do pescoço – p.e.: guilhotina) = Idem em relação à ação dos Instrumentos Corto - Contundentes. - Decapitação: Quando por ação de instrumento Cortante ou Corto - Contundente, ocorre a separação do segmento cefálico do restante do corpo. - Esquartejamento: é o ato de dividir o corpo em partes, mediante amputação e/ou desarticulação, com intenção quase sempre, de ocultar o cadáver e/ou impedir sua identificação. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * Plano: Contundentes = Ação por Pressão, por Deslizamento ou Misto. - O corpo humano pode agir como: agente passivo; ativo ou misto. - Livores de Hipostase = veremos em Tanatologia (diferenciação com equimose). - Espectro Equimotico de Legrand – du – Salle = “V” → Vermelho – violáceo (2 à 3 dias); “A” → Azul – arroxeado (2 à 3 dias); “V” →Verde (2 à 3 dias); “A” → Amarelado (2 à 3 dias). Obs.: - Armas naturais = mãos, pés, etc. - Propriamente ditas = armas brancas, armas de fogo. - Eventuais = facas, machado, canivete, etc. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense INSTRUMENTOS SIMPLES MISTOS ∙Perfurante Pérfuro-Cortante ----Cortante Pérfuro-Contundente ■Contundente Corto-Contundente MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense FERIDA INSTRUMENTO EXEMPLOS Puntiforme (punctória) Perfurante punhal, agulha, prego, etc. Incisa Cortante faca, gilete, vidro, bisturi, etc. Contusa Contundente chão, cassetete, vidro,para-choque, etc. Pérfuro-Incisa Pérfuro-Cortante faca, punhal, vidro, etc. Pérfuro-Contundente Pérfuro-Contundente chave de fenda, Projétil de Arama de Fogo (PAF), etc. Corto-Contundente Corto-Contundente facão, machado, foice, unhas, dentes, etc. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 5) Agentes Lesivos (instrumentos / FERIDAS): 5.1) Perfurantes: ferida punctória / puntiforme. Ex.: alfinete, agulha, prego, punhal, estilete. 5.2) Cortantes: ferida incisa. O início é mais profundo, afilando-se até formar uma linha na pele (“cauda de escoriação”). Ex. faca, bisturi, navalha, gilete, caco de vidro. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 5.3) Contundentes: ferida contusa. Ex.: cassetete, martelo, pára-choque, chão, parede, pé. * Superficiais: - Eritema (Rubefação): ocorre “vermelhidão” por dilatação capilar após trauma (sangue represado que passa no local). É passageiro e leve. - Equimose: o agente é mais intenso. Ruptura de capilares leva à hemorragias (pequenas) abaixo da pele. É difusa, vermelha (após 24h. roxa, durante 8 dias passa por verde e amarela). Não há abaulamento da pele. Vide “Espectro Equimótico de Legrand – du – Salle” citado acima. - Hematoma: o agente é mais forte. Há ruptura de arteríolas e vênulas, provocando uma “coleção” sanguínea com limites nítidos, provocando abaulamento da pele. Passa pelas mesmas fases cromáticas das equimoses. - Escoriações: há necessidade de superfície contundente ser irregular. - Solução de Continuidade: ferimento contuso, irregular, com traves de tecidos entre as bordas e partes de tecidos preservadas (diferenciar contusão da incisão). - Edema: “inchaço” sem ficar roxo. Provocado pelo aumento do líquido intercelular. - Bossa: provocada pelo extravasamento de linfa (“galo d’água”) ou sangue, ou por rotura de vasos (linfáticos ou sanguíneos) formando uma elevação na epiderme. FERIDAS PUNTIFORMES FERIDA INCISA FERIDA INCISA Ferida incisa, com cauda de escoriação FERIDA INCISA ESGORJAMENTO FERIDA INCISA DEGOLA FERIDAS CONTUSAS ESCORIAÇÕES EQUIMOSES FERIDAS CONTUSAS HEMATOMAS MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * Profundas: - Fraturas: maioria em ossos longos e planos; exposta e fechada; com ou sem desvio. - Órgãos Internos:Nos ocos há aumento da pressão interna. Nos maciços há cisões (devido à grande vascularização). FERIDAS CONTUSAS PROFUNDAS FRATURAS → FECHADA E EXPOSTA FRATURA FECHADA COM DESVIO FRATURA EXPOSTA COM DESVIO MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 5.4) Perfuro - Cortantes: Ferida perfuro - incisa. Exemplo: faca, faca-peixeira. 5.5) Corto - Contundentes: Ferida corto - contusa. Exemplo: machado, foice, facão, dentes (mais o incisivo), unha. FERIDAS PÉRFURO - INCISAS FERIDAS CORTO - CONTUSAS MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 5.6) Perfuro - Contundentes: Ferida perfuro - contusa. Exemplo: Projétil de Arma de Fogo (P.A.F.), chave de fenda, picareta. * Algumas características das lesões provocadas por PAF´s = No orifício de entrada do P.A.F. temos as Zonas de Contorno (Orlas de contusão, enxugo e queimadura) e Halos/Zonas de esfumaçamento, “chamuscamento/fuligem” - ação dos gases aquecidos sobre a pele e os pelos - e tatuagem – ação da pólvora sobre a pele. O orifício de entrada é, via de regra, menor, com bordas regulares / invertidas e não hemorrágicos (ou pouco), sendo que o orifício de saída é maior, tem a forma mais irregular e com bordas evertidas (“estreladas”) e são mais hemorrágicos. Ferimentos por disparo “à distância” apresentam Orlas de contusão e enxugo. Ferimentos por disparo “à curta-distância ou queima-roupa” apresentam Orlas de contusão, enxugo, queimadura e Halos/Zonas de tatuagem e esfumaçamento. Quando o tiro é “encostado”, forma a chamada “Câmara de Mina de Hoffmann”. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense Diferenças entre orifícios de Entrada e de Saída dos PAF´s ENTRADA SAIDA MENOR MAIOR COM ZONAS DE CONTORNO SEM ZONAS DE CONTORNO BORDASREGULARES BORDAS IRREGULARES BORDAS INVERTIDAS BORDAS EVERTIDAS POUCOOU NÃO HEMORRÁGICA HEMORRÁGICA FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) Zonas de Contorno FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) ORLAS DE CONTUSÃO E ENXUGO FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) ORLAS DE CONTUSÃO E ENXUGO – TIRO À DISTÂNCIA FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) ZONA DE ESFUMAÇAMENTO – TIRO À “QUEIMA-ROUPA” FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) ZONA DE CHAMUSCAMENTO E ESFUMAÇAMENTO TIRO À “QUEIMA-ROUPA” FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) ZONA DE TATUAGEM TIRO À “QUEIMA-ROUPA” Tiro Encostado – Câmara de Mina de Hofmann Tiro Encostado – Câmara de Mina de Hofmann FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´s) ORIFÍCIOS DE SAÍDA FERIDAS PÉRFURO – CONTUSAS (PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO – PAF´S) FERIMENTOS MÚLTIPLOS MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 6) AGENTES LESIVOS (Meios Causadores de Lesões): 6.1) Meios Físicos = * Energia Térmica: frio (Geladuras do 1o ao 3o Graus; 4º Grau há necrose de tecidos), calor (Ação direta: Queimaduras do 1o ao 4o Graus) e Ação Difusa (indiretas = Termonoses), como a Insolação (elevação da temperatura por meios naturais, p.e.: raios solares, etc.) e Intermação (elevação da temperatura por meios artificiais). * Energia Elétrica: natural ou cósmica e artificial ou industrial. Natural ou Cósmica = Fulguração (localizada; causa lesão corporal); Fulminação (letal devido à inibição dos centros nervosos, arritmias cardíacas, ação mecânica, etc.). Artificial ou Industrial = Eletroplessão; com ou sem êxito letal; variam com a voltagem, amperagem, natureza da corrente (contínua/alternada) e as condições do indivíduo. O óbito ocorre devido aos mesmos mecanismos da fulminação. Ambas podem provocar: Metalizações ou a denominada Marca Elétrica de Jellineck (porta de entrada da corrente elétrica). MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * ENERGIA LUMINOSA: p.e.: solar, artificial. * Energia Sonora.. * Energia Radioativa: p.e.: RX, Radium, etc. Energia Barométrica: Mal – dos - Caixões e o Mal – dos - Escafandristas (aumento da Pressão Atmosférica (ao nível do mar equivale à aproximadamente 760 mm de mercúrio), aumenta a PO2, determinando a patologia da descompressão também); Mal – das - Montanhas (diminuindo a Pressão Atmosférica, em conseqüência diminui a PO2 ® determina a “Poliglobulia das Alturas”). 6.2) Meios Químicos = Substâncias Cáusticas (ácidos ou bases) ® Vitriolagem (processos cicatriciais); e os Venenos (geralmente utilizados de maneira intencional e de origem exógena). MEDICINA LEGAL GELADURA MEDICINA LEGAL QUEIMADURA DE 1º GRÁU MEDICINA LEGAL QUEIMADURA DE 2º GRÁU MEDICINA LEGAL QUEIMADURA DE 3º GRÁU MEDICINA LEGAL QUEIMADURA DE 4º GRÁU - CARBONIZAÇÃO MEDICINA LEGAL MEIO FÍSICO - ELETRICIDADE MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 6.3) Meios Físico-químicos = Asfixias Gasosas e Mecânicas. * DEFINIÇÃO DAS ASFIXIAS = Podem ser encontradas nas formas de asfixias gasosas (p.e.: Monóxido de Carbono, Gás Metano, etc.) ou asfixias mecânicas (provocadas por meios físico-químicos). Estudaremos as asfixias mecânicas mais detalhadamente, devido ao seu interesse em medicina legal. * CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS: 1) Mecânicas por constrição do pescoço: Enforcamento, Esganadura, Estrangulamento. 2) Mecânicas por obstáculos (diretos ou indiretos) à penetração do ar nas vias respiratórias ou permanência em espaço fechado: Sufocação. 3) Mecânicas por obstáculos aos movimentos torácicos. Consideradas por alguns, como uma modalidade de Sufocação também. 4) Mecânicas por respiração: em meio líquido (Afogamento) ou em meio sólido pulverulento (Soterramento). 5) Mecânicas resultantes da oclusão das vias respiratórias por Corpos Estranhos. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * Sinais Gerais das asfixias: Encontrados em todas as modalidades; conseqüentes à Parada Cardiorrespiratória (PCR); dá o diagnóstico de Asfixia (não da modalidade). Fácies vultosa (azul, edema). Exoftalmia (por aumento da Pressão Intra-Cerebral). Protrusão da língua. Petéquias de Tardieu ou Manchas de Tardieu (Face, Pescoço, Conjuntivas, mucosa oral, Pleura Visceral). Pulmões armados (esponjosos nos afogados). Sangue escuro (aumento de CO2) e fluído. Congestão generalizada dos órgãos (maior proeminência dos vasos). Otorragias: no Enforcamento e Estrangulamento. Escoriações ungueais no pescoço: no Estrangulamento e Esganadura. Sulcos apergaminhados típicos no pescoço: no Enforcamento e Estrangulamento. Coração com estase venosa. Ventrículo esquerdo vazio e direito repleto de estase sanguínea que ocorre pelas Cavas e Jugulares. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * TIPOS DE ASFIXIAS MECÂNICAS = 1) Enforcamento: Por um laço cuja extremidade é presa a um ponto fixo e sobre o qual há uma força que é o próprio peso do indivíduo. Completo ou Incompleto. Simétrico ou Assimétrico. Típico (nó na nuca) ou Atípico. Sulco é geralmente único, oblíquo, interrompido e mais profundo oposto ao Nó. Maioria: suicídio. 2) Estrangulamento: Por tração de um laço provocada por forças em sentidos opostos (sem que seja o próprio peso da vítima). Sulco é horizontalizado, duplo ou triplo, completo em volta do pescoço, profundidade uniforme. Maioria: homicídio. 3) Esganadura: Provocada por mãos, braços, pernas ou pés (“Não por Laço”). Geralmente encontramos equimoses digitais, escoriações, etc. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 4) Sufocações: Direta: manual ou por compressão com objetos (p.e.: travesseiros). Indireta: por encarapuçamento e confinamento. 5) oclusão das vias aéreas por corpo estranho (ENGASGAMENTO): Pode ocorrer desde a Boca até o Brônquio fonte principal. Pode ser provocado por vários objetos. 6) Compressão Torácica: Ocorre quando há impedimento à expansão torácica. Também classificada por alguns como uma modalidade de Sufocação Indireta. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 7) Soterramento:Provocado por terra, pó – de - serra, areia, etc (meio sólido pulverizado). Pode ser acidental, infanticídio ou homicídio. Observar = externamente, orifícios obstruídos e internamente a presença do meio sólido pulverizado nas vias aéreas inferiores. Também classificada por alguns como uma modalidade de Sufocação Direta. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 8) Afogamento: Fases: Resistência (ou dispnéia), Grande Inspiração e Convulsões (penetração de liquido nos pulmões e perda da consciência), posteriormente sobrevém a Morte Aparente (ausência de respiração, reflexos, perda da sensibilidade, coração bate até surgir a morte real). Afogado Azul = imersão total ou parcial (embriagados, epiléticos, paralíticos ou crianças) – Asfixia propriamente dita. Presença de líquido nas vias aéreas inferiores. Apresenta sinais como: Horripilação, Livores róseos, pele “engruvinhada”, descolamento da epiderme (“luva ou dedo-de-luva”), Cianose azul clara, Líquidos e corpos estranhos nas vias respiratórias, Enfisema Aquoso sub - pleural (“Pulmões armados”), Manchas de Tardieu, Manchas de Paltauf, Estômago com liquido no seu interior, etc. “Afogado Branco de Parrot” - Inibição ou choque Vagal (Nervo Vago) = por líquido com temperatura menor do que a do corpo, na árvore respiratória. Sobrevém a Parada Cardio - Respiratória. Não encontramos os sinais clássicos das Asfixias. Geralmente ocorre quando o indivíduo tem uma predisposição constitucional e/ou a vítima é portadora de moléstias cardiovasculares. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense * Particularidades dos Afogamentos = - Água salgada = corpo flutua mais cedo. - Água doce = corpo flutua em aproximadamente 72h (água com temperatura em torno de 30° C). - Enfisema de Putrefação é precoce e intenso após a retirada do corpo da água. - Afogamento Azul = “Cabeça de Negro” (Início da Putrefação). - Cogumelo de Espuma = quando o corpo é retirado da água precocemente. - A embebição cadavérica facilita a maceração da pele. - A permanência em meio líquido favorece a Saponificação (leva três meses para atingir a musculatura e um ano para se completar). - O corpo que permanece mais de um mês em meio líquido apresenta “incrustações calcárias” na pele das coxas. MEDICINA LEGAL Traumatologia Forense 6.4) Meios Bioquímicos: Inanição. 6.5) Meios Biodinâmicos: Choque, Coma. 6.6) Meios Mistos: Fadiga. MEDICINA LEGAL ESGANADURA MEDICINA LEGAL ESTRANGULAMENTO MEDICINA LEGAL ENFORCAMENTO MEDICINA LEGAL AFOGAMENTO Lesões produzidas por animais aquáticos em cadáver submerso Cogumelo de espuma em afogado MEDICINA LEGAL 5º CAPÍTULO - Sexologia Forense 1) Introdução: Estuda as questões referentes ao comportamento sexual nos aspectos médico, psicológico, filosófico, ético, sociológico, cultural, etc.; sob a ótica Médico – Legal. 2) Conceitos Gerais : Casamento (Impedimentos Matrimoniais, etc.); Gravidez (Sinais de Presunção / probabilidade e de Certeza – Mínimo de 180 dias e Máximo de 300 – em média de 280 dias); Parto; Puerpério (Imediato = até aproximadamente 10 dias – pode apresentar Loquiação Rubra, Clara, Flava; Tardia = de 10 a 45 dias – período de involução uterina; Remota = além de 45 dias) e Aborto (Espontâneo e Provocado = Permitido ou “Legal” e Criminoso). MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 3) SEXOLOGIA CRIMINAL: 3.1) Conjunção Carnal: envolve a natureza pênis-vagina (penetração total ou parcial do pênis na vagina, com ou sem ejaculação). Ex.: Estupro, Posse Sexual da Mulher Mediante Fraude. 3.2) Atos Libidinosos Diversos da Conjunção Carnal: todo e qualquer ato sexual que fuja à natureza pênis-vagina. Ex.: Estupro, Atentado ao Pudor da Mulher Mediante Fraude, Atentado Público ao Pudor. 3.3) Legislação. 3.4) Formalidades: Requisições (policiais ou judiciais); Ambiente propício (consultório apropriado, iluminação, acompanhante); conjunção carnal em mulheres somente e ato libidinoso em ambos os sexos. 3.5) Tipos de Hímen: 1) sem orifício = Imperfurados 2) com orifício = puntiformes (central ou lateral) circular, ovalar, elíptico, linear (em forma de fenda), triangular (trilabiado), quadrangular, multiangular, com dois, três ou mais orifícios, com vários orifícios (cribiforme). 3) Hímens múltiplos. 4) Hímen complacente. 5) Rotura HIMENAL: Cicatrização em aproximadamente 20 dias. Diferenciar do Entalhe (anatômico). MEDICINA LEGAL TIPOS DE MEMBRANA HIMENAL ANULAR MEDICINA LEGAL TIPOS DE MEMBRANA HIMENAL HIMEN ROMPIDO RECENTE (5, 6 e 8 horas) MEDICINA LEGAL ATOS LIBIDINOSOS (SUSPEITA) MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 3.6) FIGURAS JURÍDICAS NA SEXOLOGIA CRIMINAL = 3.6.1) Conjunção Carnal: * Estupro (lei nº. 12.015/2009) = “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção Carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Violência (Efetiva = Física e Psíquica; Presumida (Atualmente: Vulnerável) = menores de 14 anos, alienação ou debilidade mental e qualquer outra causa que impossibilite a vítima de resistir) ou Grave ameaça (promessa de praticar violência física ou chantagem contra a vítima ou qualquer ente querido seu. É uma forma de violência moral). Atenção = Pesquisar sempre ESPERMATOZÓIDES (Conjunção Carnal recente, aproximadamente 1 – 2 dias) e fosfatase ácida / P. A. S. na secreção vaginal ( até 6 dias após a conjunção carnal). * Posse sexual da mulher MEDIANTE FRAUDE = “Prática de Conjunção Carnal com mulher mediante fraude”. MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 3.6.2) Atos Libidinosos diversos da Conjunção Carnal: 1) ESTUPRO (Lei nº. 12.015/2009) = Mesma definição citada NO SLIDE ANTERIOR. Quando coito anal, pesquisar lesões tais como: Fissuras e Ragades, como também Sêmen no Reto. Coito oral, pesquisar também no raspado da saliva. 2) Atentado ao Pudor da mulher mediante fraude: “É a indução da mulher mediante fraude, a praticar ou permitir que com ela se pratique ato libidinoso diverso da Conjunção Carnal”. 3) Atentado Público ao Pudor: “É a prática de ato obsceno em lugar público ou aberto, ou exposto ao público; é o mesmo que ultraje público ao pudor”. MEDICINA LEGAL - Sexologia Forense 3.7) SEXUALIDADE ANÔMALA / DESVIOS DO COMPORTAMENTO SEXUAL / DESVIOS DA SEXUALIDADE: Definição: “São desvios (para mais ou para menos) da sexualidade, voltados para o crime”. * Tipos = 1) Anafrodisia: queda /diminuição do instinto sexual masculino. 2) Frigidez: falta /diminuição do interesse sexual feminino. 3) Erotismo: aumento do “apetite sexual”/libido. No homem = Satiríase; na mulher = Ninfomania. 4) Auto-Erotismo: prazer pela imaginação. 5) Exibicionismo: prazer em exibir seus órgãos sexuais, geralmente em locais que provocam escândalo. 6) Narcisismo: necessidade de ser desejada, cobiçada. Geralmente se apóia em outra pessoa não tão bem dotada. Mais na mulher. 7) Mixoscopia/Voyerismo: necessidade de olhar ato sexual de outras pessoas. 8) Fetichismo: necessidade de guardar objetos de pessoas (roupa íntima, pelos, etc.). MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 9) Parcialismo: fixação por partes do corpo (nádegas, seios, etc..). 10) Lubricidade Senil: desejo sexual em idosos, sem ato. Leva à interdição. 11) Pluralismo: atividade sexual entre mais de duas pessoas. 12) Crono - inversão: atividades sexuais entre pessoas de idades diferentes. 13) Cromo-inversão: Idem; entre cores diferentes. 14) Etno - inversão: Idem; entre raças diferentes. 15) Riparofilia: aumento do desejo sexual na presença de parceiro sem asseio. Mais no homem. 16) Urolagnia: Idem, no homem, quando a mulher urina sobre ele ou na sua frente. 17) Coprofilia: Idem; quando defeca. 18) Coprolalia: usar palavrões e vulgaridades para excitação. MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 19) Edipirismo: atividade sexual dentro da mesma família. 20) Bestialismo: atividade sexual entre pessoas e animais. Zoofilia= ver atividade sexual entre animais. Zoocrastia = prazer somente com um determinado animal. 21) Onanismo: ejaculação externa após coito ( diferenciar da Masturbação). 22) Necrofilia/Vampirismo: atividade sexual com cadáver. 23) Sadismo: busca do prazer sexual através do sofrimento do parceiro. Grau I = Leve (“pressão psicológica”); Grau II = Médio (“lesão corporal”); Grau III = Grave (“óbito”). 24) Masoquismo: Idem, através do sofrimento próprio. Não quer morrer. 25) Pigmalianismo: prazer em contato “sexual” com estátuas ou fotos. 26) Pedofilia: atividade sexual com crianças/ adolescentes. 27) Cópulas Ectópicas: Sodomia; Coito Inter - fêmures; Coito Vestibular; Felação, Cunilíngua; etc. MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 3.8) Homossexualismo: 1) Feminino = também chamados de: * Tribadismo = mulheres que tem prazer no atrito entre regiões sensitivas (órgãos sexuais, mamas, etc). * Safismo ou Lesbianismo = Idem; com prática oral (sugar, lamber, etc). 2) Masculino = também chamados de: * Uranismo: ocorre por circunstâncias. Não é homossexual anteriormente. Ex.: nas prisões, quartéis, conventos. * Pederastia: atração por pessoa do mesmo sexo. Psicologicamente (Ego) feminino. Tem ereção e ejaculação. MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 3.9) TRANSEXUALISMO: * É o individuo que não aceita seu próprio sexo (anatomia ego antagônicos). Tendência à Auto-Emasculação (se não conseguir cirurgicamente) e/ou Suicídio. “Pseudo – Síndrome Psiquiátrica, em que o paciente é desejoso de mudar de sexo anatômico” – Herry Benjamim. * “Todo transexual é travesti, mas nem todo travesti é um transexual”. Hipóteses Fisiopatológicas = O transexual masculino não tem Ag Hy no cérebro (erro genético), porém o transexual feminino tem Ag Hy (recentemente publicaram trabalhos que relacionam o antígeno ou sua ausência, com imagens de Ressonância Magnética). MEDICINA LEGAL Sexologia Forense 3.10) Impotências: Definição = “é a incapacidade de o indivíduo, masculino ou feminino levar a bom termo, para si e para o parceiro, o ato sexual”. Classificamos dos pontos de vista de ação mecânica e da reprodução em: 2) CLASSIFICAÇÃO: * Generandi (Falsa impotência): esterilidade masculina. * Concepiendi (Falsa impotência): esterilidade feminina. * Coeundi / Erigendi: impotência masculina (Verdadeira). * Coeundi / Acopulia: impotência feminina (Verdadeira). MEDICINA LEGAL 6º Capítulo - Tanatologia Forense 1) Conceitos: * Tanatologia: “É o estudo da morte”. * Tanatognose: “É o diagnóstico da morte”. * Cronotanatognose: “É o diagnóstico do tempo da morte”. Inumação. Exumação. Imersão. Destruição. Cremação. Peças Anatômicas e partes do cadáver. 2) Definição da Morte: “Cessação completa dos sinais de vida” (simples e resumida!!!). MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 3) Fenômenos tanatológicos (tanatognose): ABIÓTICOS Imediatos: Lipotimia (“desmaio”), Coma, Anestesia Geral, Imobilidade e Abolição do tônus muscular, Apneia, Bradipnéia, Taquipnéia, Taquicardia e Bradicardia. 2) ABIÓTICOS Consecutivos: Evaporação tegumentar e muscular ⇨ Livores Hipostáticos (Livor Mortis) , Resfriamento Cadavérico (Algor Mortis) e Rigidez Cadavérica (Rigor Mortis). * LAR – “Tríade da Morte”. 3) Transformadores: Autólise e Putrefação (Mancha Verde Abdominal até a Esqueletização). 4) Conservadores: Maceração Fetal, Mumificação e Saponificação (ou Adipocera). TANATOGNOSE Fenômenos Conservadores Maceração Fetal Mumificação Saponificação MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 4) Provas de Morte (muitas delas, empíricas nos conceitos atuais): * Circulatórias: Ausculta Cardíaca, Fundoscopia Ocular, Éter na Conjuntiva, Fluoresceína, Eletrocardiograma. * Respiratórias: Ausculta Pulmonar, vaso com água (sobre o tórax), Espelho ou vela ou algodão frente o nariz. * Químicas: Papel de Tornassol revela acidez em contato com o olho, o fígado, ou a pele escarificada. MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 5) Provas de Vida Extra-Uterina (Docimasias): Utilizadas em suspeita de Infanticídios OU ABORTOS. *Peso específico Pulmonar; *Hidrostática de Galeno: (Bloco Respiratório → Pulmões → Lobos Pulmonares → Fragmentos = flutuam ou “soltam bolhas” quando inseridos em água = DOCIMASIA POSITIVA; caso contrário será NEGATIVA). * Gastrintestinal (Teste Indireto = presença de ar no aparelho digestivo); * Ótica ou Auricular (presença de ar na região retro orbital e no ouvido interno); * Conteúdo Estomacal (alimento digerido Por exemplo); * Corpos Estranhos nas vias aéreas; * Lesões Traumáticas (com características de ocorrência “em vida”). DOCIMÁSIA HIDROSTÁTICA DE GALENO Fase 1 – Sistema Respiratório Fase 1 – Não flutuam - NEGATIVO DOCIMASIA DE GALENO 2ª Fase – Pulmão 2ª Fase – Pulmão não flutua - NEGATIVO DOCIMASIA DE GALENO Fase 3 – Fragmento Pulmonar Fase 3 – Fragmento não flutua - NEGATIVO DOCIMASIA DE GALENO Fase 4 – Fragmento na água Fase 4 – Fragmento comprimido não solta bolhas - NEGATIVO MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 6) Classificação DE MORTE: * Morte Anatômica: quando o organismo morre como um todo. * Morte Histológica: quando ocorre a morte de tecidos (células organizadas). * Morte Aparente: estado passageiro “em que todas as funções mentais parecem abolidas”. * Morte Relativa: o indivíduo apresenta-se sem sinais vitais, por algum lapso de tempo, mas as manobras de reanimação podem ressuscitar o considerado morto. * Morte Intermédia: quando, apesar das manobras, não reaparecem sinais vitais. * Morte Real: já definida no início do Capítulo (própria definição de Morte!). * Morte Súbita: quando ocorre a cessação dos fenômenos vitais surpreendentemente, acometendo quem estava em aparente higidez (“saúde”). * Morte Agônica: quando é precedida de doença grave, com perda da consciência e estados pré-comatoso e comatoso prolongados. * Morte Encefálica: quando compromete irreversivelmente a vida de relação e a coordenação da vida vegetativa, diferente, pois, da morte cerebral ou morte cortical, que compromete apenas a vida de relação. MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 7) Cronotanatognóse: Diagnóstico do tempo de morte. 7.1) Resfriamento CADAVÉRICO (algor mortis): Temperatura normal do corpo = aproximadamente 37° C. No obeso é maior. Ocorre a perda aproximada de cerca de 1 a 1,5 º C por hora. T° C Cadáver iguala a T° C Ambiente: 24h. Altamente sensível à influências internas (temperatura prévia do corpo, idade, nutrição, etc) e externas (temperatura do ambiente, vestes, etc.). Fórmula de Glaister: Tempo de morte = 37° C – T° C retal do cadáver 1,5 OBS.: pouco utilizada na prática devido às variações citadas no item anterior. MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 7.2) Rigidez cadavérica (RIGOR MORTIS): Inicia-se de cima para baixo: face, mandíbula, pescoço → tronco, membros superiores → membros inferiores (desaparece na mesma ordem, quando se inicia a putrefação). Também é sensível às mesmas influências citadas acima. Flamínio Fávero: Início na 1ªh, generaliza entre 2-3h, máximo 5-8h. RIGIDEZ CADAVÉRICA MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 7.3) Livores DE HIPOSTASE (LIVOR MORTIS): depósito de sangue, quando cessa a circulação (lei da gravidade). Inicia-se como pontos isolados, confluindo e clareando à compressão. Flamínio Fávero determinou que: Início dentro do 10° min./ 1a hora, mais nítidos entre 2ª e 3ª h e fixando entre a 6a e 9a horas. LIVORES DE HIPOSTASE MEDICINA LEGAL Tanatologia Forense 7.4) Putrefação - 4 (quatro fases) : Coloração: início 18a à 24a h (mancha verdeabdominal – Fossa Ilíaca Direita). Circulação Póstuma de Brouardel entre 48h (inicial) -72h (generalizada). Gasosa: inicia na 24a h (enfisema). Máximo em 96h (rompimento de áreas mais distendidas; “Posição de Lutador”). Coliquação: início no fim da primeira semana (pele rompe, orifícios abrem) até tempo indeterminado (segundo o local). Esqueletização: Início na 3a à 4a semana (nos expostos: até meio da 2ª semana) concluindo-se até aproximadamente o 2o ano nas crianças e 5o ano nos adultos. OBS.: Metamorfose dos Insetos: avaliam-se as Legiões de Insetos Necrófagos. Fase de Putrefação – Coloração Mancha Verde Abdominal Fase de Putrefação – Coloração Circulação Póstuma de Brouardel Inicial Fase de Putrefação - Coloração Circulação Póstuma de Brouardel - generalizada Fase de Putrefação - Gasosa “Posição de Lutador” Fase de Putrefação - Coliquação Fase de Esqueletização ( 3 a 5 anos) Fase de Esqueletização Dentição de cadáver inumado por mais de 30 anos MEDICINA LEGAL 7º Capítulo - TOXICOLOGIA FORENSE 1) Definição = É o estudo dos venenos. * Denomina-se veneno toda substância que ingerida, mesmo em pequena dose, pode matar ou colocar a vida em perigo. * Hoje a palavra tóxico é empregada popularmente para designar uma droga do tipo das que são utilizadas pelos fármaco - dependentes. * Na linguagem forense, essas drogas são indicadas pela expressão entorpecentes ou substâncias que causam dependência física ou psíquica. * Entorpecente é qualquer substância tóxica que produz uma espécie de inibição dos centros nervosos, do que resulta um estado de inércia física e moral, comprometendo a esfera da lucidez. MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 2) Classificação Legal = Encontramos 3 (três) tipos de classificação das substâncias tóxicas, ou seja: 2.1) Acordos Internacionais: * Ópio e seus derivados (narcóticos naturais); * Coca e seus derivados; * Cânhamo (haxixe e maconha) e * Drogas semi-sintéticas (estimulantes, calmantes e alucinógenos). 2.2) Brasileira: * Entorpecentes e Psicotrópicos de uso proscrito; * Substâncias Entorpecentes; * Substâncias Psicotrópicas e * Especialidades farmacêuticas entorpecentes ou psicotrópicas. MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 2.3) Prática (considerando seus efeitos sobre o cérebro) – é a mais utilizada: * Entorpecentes ou Narcóticos = Ópio e derivados (Morfina, Heroína); * Tranqüilizantes = Barbitúricos (Nembutal, Seconal, Luminal, Amital e outros, além dos Meprobamatos como o Miltown ou Equanil, Doriden, Librium, etc.); * Estimulantes = Cocaína, Benzedrina, Dexedrina, Meledrina, Anfetaminas (encontradas em alguns medicamentos inibidores do apetite e no Êcstase) e * Alucinógenos = Maconha, LSD, DMT, STP, etc. OBS.: * As substâncias podem ser inseridas em mais de um tipo (na classificação acima), baseadas nos efeitos que produzem. * Temos ainda as drogas inebriantes e tóxicas que englobam os solventes industriais e as plantas tóxicas. MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 3) Identificação das Drogas = Apresentaremos à seguir as principais drogas encontradas no nosso meio. 3.1) ÓPIO (Papaver somniferum): É um suco resinoso extraído da flor da papoula, possuindo mais de vinte e cinco alcaloides (p.e.: Morfina, Narcotina, Papaverina, Codeina, Tebaina, Neconina, etc.). É utilizado de várias maneiras (fumado, em pílulas, injetável e como supositório). Produz alterações físico-sensoriais, visões e alucinações além de envelhecimento precoce e alterações sexuais. Citaremos os dois principais = 1.a) Morfina: É solúvel em água e álcool. Seus efeitos são a ansiedade, anomalias do caráter, mitomania (mania de mentir), diminuição sensorial, perda do pudor, hepatite, lesões cerebrais (por embolia), etc. É um dos mais potentes analgésicos naturais. 1.b) Heroína (Diacetil - morfina): Obtido através da mistura de morfina e ácido acético, apresentado em forma de pó branco, cinza ou castanho; solúvel e cinco vezes mais potente que a morfina; sendo mais forte que a morfina quanto à dependência e inferior quanto a ação analgésica. Utilizada inalada ou injetável. Produz as mesmas ações (potencializadas) que a Morfina. MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 3.2) COCAÍNA: É um alcalóide extraído das folhas do arbusto Erythroxylum coca (também conhecido com EPADÚ). Pode ser encontrado com pasta amarelada ou pó branco, solúvel em água e álcool. Utilizada através de aspiração nasal (mais comum) ou injeção intra-venosa. Tem propriedade anestésica e diminui a fadiga. Pode provocar distúrbios cardíacos (taquicardia, etc.), sobre o fígado, rins e cérebro, “arrepios”, insônia, perda do apetite, emagrecimento, delírios, alucinações e “loucura cocaínica”. Na mulher, inibe a ovulação, levando à esterilidade. 3.3) CRACK: É uma pasta base da Cocaína misturada ao Bicarbonato de Sódio. Utilizado “fumado” em cachimbos próprios (denominados “Maricas”).Os seus efeitos são os mesmos da Cocaína, porém mais potente e nocivos. TOXICOLOGIA FORENSE COCAINA PASTA BASE PÓ TOXICOLOGIA FORENSE CRACK PEDRAS “MARICAS” MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 3.4) OXI: É uma mistura de pasta base de cocaína com substâncias químicas de fácil acesso (p.e.: querosene, gasolina, cal virgem ou solvente usado em construções). Utilizado misturado em cigarros comuns ou de maconha, além de fumado em cachimbos de fabricação caseira (como o Crack). É mais barato devido à mistura. É mais prejudicial à saúde do que o Crack. Provoca mais efeitos Psicológicos do que o Crack. É mais letal que o Crack, pelo alto nível de toxicidade das substâncias de que é composto. Em relação ao Crack, diminui a vida do usuário em 20%. Quando misturado à gasolina e ao querosene, “corroem” os dentes, provocam ferimentos nos lábios e mucosa oral, danificam as papilas gustativas da língua, causam ferimentos no esôfago e estômago, etc. Quando misturados à cal virgem, provocam fibrose pulmonar. Os produtos químicos quando atingem o Fígado, podem provocar Cirrose Hepática e Acúmulo de Gordura nos mesmos. Seus efeitos psicológicos são mais fugazes que os da Cocaína e Crack, fazendo com que os usuários repitam seu uso por mais vezes. Toxicologia Forense OXI MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 3.5) HAXIXE: É uma resina viscosa retirada da inflorescência da “Cannabis sativa D”. Existem diferentes tipos de haxixe segundo sua origem (o libanês é vermelho, o turco é marrom, o afegão é quase negro). Encontrado como pasta compacta, dura, em bolas, em pó e líquida. Sua utilização mais comum é fumada, podendo porém, mais dificilmente ser inalada (vapores). 3.6) MACONHA: É uma erva constituída pelos caules, folhas, folíolos, inflorescências e frutos secos da planta “Cannabis sativa L”. A maior concentração do princípio ativo THC (Tetrahidrocanabinol) é encontrada na época da floração. Utilizada geralmente fumada como tabaco e seus efeitos podem ser: cefaléia, ansiedade, taquicardia, dilatação pupilar, hipoglicemia, tonturas, intoxicação, “vermelhidão na vista”, palidez, secura na boca, muita fome, pânico, depressão, paranóia, redução da percepção, desinibição, sensação de euforia, excitação intelectual com distorção de idéias, ilusões, alucinações, sono profundo, etc. Toxicologia Forense Maconha MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 3.7) LSD: São as iniciais que designam a Dietilamida do ácido lisérgico. O LSD é obtido de um fungo do centeio (“Claviceps purpurea”), podendo se apresentar na forma líquida (incolor, sem odor ou sabor), em pó incolor, em comprimidos e em micro-pontos. É misturado também disfarçado colocando-se em torrões de açúcar, objetos absorventes, cartões de visita, lenços, goma de mascar, verso de selos e, sendo injetável,liquefeitos em água, álcool, leite, etc. Seus efeitos podem ser: excitação, insônia, taquicardia, perda da sensibilidade à dor, alucinações, delírios, midríase (contração pupilar), hipertensão, hiperglicemia, tremores, pânico, produzindo ainda aberrações cromossômicas e mutações semelhantes à Talidomida. LSD equipamento para produção apresentações LSD pó em adesivos misturado em várias formas MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 3.8) BOA NOITE CINDERELA: É uma mistura (coquetel) de Flunitrazepam (Rohypnol) que é um ansiolítico + Ácido Gama Hidroxibutírico (GHB) com nome comercial de Ecstasy liquido, que é um alucinógeno + Cetamida (Ketalar) que é um anestésico veterinário. Utilizado misturados à bebidas. Provocam sensação de sonolência (“grogue”, “voz empastada”, dislalia, etc). Uso quando aplicados “golpes” criminosos como os estupros e roubos. 3.9) SOLVENTES INDUSTRIAIS: São líquidos e substâncias que contém compostos utilizados geralmente pelas crianças e adolescentes, para terem a sensação de “tonteira”; sendo que os mais encontrados são o thiner, éter, clorofórmio, benzeno, xileno, tolueno, acetona, colas (de madeira, de sapateiro, etc.). São utilizados diretamente de seus recipientes ou em pedaços de panos, sacos plásticos, etc. “Boa Noite Cinderela” Orientação Simula embriaguez alcoólica Solventes / Colas / etc... MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 4) Classificação farmacológica das drogas = 4.1) PSICOLÉPTICAS: “São sedativos psíquicos”. Exemplos = * Hipnosedativas (induzem ao sono). P.e.: Barbitúricos. * Neurolépticos (induzem à indiferença mental). P.e.: Fenotiazínicos, Clorpromazina, etc. * Tranqüilizantes. P.e.: os Miorrelaxantes. 4.2) PSICOANALÉPTICAS: “São estimulantes do Sistema Nervoso Central”. * Timolépticas (antidepressivas). P.e.: Anfetaminas. * Psicotônicos. P.e.: Cafeína. 4.3) PSICODISLÉPTICAS: “Alteram o psiquismo e causam distorções”. * Euforizantes. P.e.: Álcool, Ópio, Cocaína, etc. * Alucinógenos ou Despersonalizantes. P.e.: Maconha, LSD, etc. 4.4) PANPSICOTRÓPICOS: “São drogas anticonvulsivantes, antidepressivas, anti-delírios e alucinógenas”. P.e.: Hidantoinatos, Sulpiridas, etc. MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 5) Embriaguez Alcoólica = 5.1) Definição: É a intoxicação aguda ou crônica das libações alcoólicas imoderadas ou discretas, das bebidas alcoólicas que produzem por sua ação rápida ou lenta, perturbações somato - psíquicas no paciente (autor: Pedro Nunes). 5.2) Tipos que podemos encontrar: * Voluntária = A decisão de se embriagar tem um fim definido. * Preterdolosa = Sem querer um fim definido, mas conhecendo suas reações, assume o risco. * Culposa = Não conhece ou não se recorda das reações quando embriagado, más imprudentemente bebe de mais. * Por força maior = Levado pelo ambiente, sendo suas resistências vencidas. * Fortuita = Em ocasiões especiais (p.e.: aniversários, etc.). * Acidental = Por engano, ingere bebida de alto teor alcoólico. * Habitual = Dependente. Necessita do álcool para desinibição, etc. Embriaguez Alcoólica MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 5.3) Exames para diagnóstico de Embriaguez Alcoólica: a) Subjetivo (Anamnese); b) Objetivo (Físico / Neurológico); c) Complementar (Alcoolemia – dosagem de álcool etílico no sangue / Etilômetro (conhecido como “Bafômetro”) - ar pulmonar expirado. 5.4) Graus encontrados no Exame Laboratorial (Alcoolemia) - exemplo abaixo: * Não embriagado = menor que 0,1g de etanol / litro (l) de sangue. * Alcoolizado = entre 0,1 e 1,5 g de etanol / litro de sangue. * Embriaguez = entre 1,6 a 3,0 g de etanol / litro de sangue. * Completamente embriagado = entre 3,1 g a 4,0 g de etanol / litro de sangue. OBS.: Nos cadáveres o índice acima de 4,0 g de etanol / litro de sangue significa Intoxicação Aguda por Álcool Etílico; sendo que os índices laboratoriais encontrados geralmente são abaixo da realidade devido à evaporação do álcool que ocorre pós - morte. Embriaguez Alcoólica Etilômetro (“Bafômetro”) MEDICINA LEGAL Toxicologia Forense 5.5) Termos comumente utilizados em Toxicologia Forense: * Toxicomania = intoxicação periódica ou crônica, nociva. * Dependência Psíquica = desejo incontido de uso da droga para prazer ou alívio. * Dependência Física = aparecimento de sintomas quando suspensa. * Hábito = necessidade de progressivo aumento para obter o mesmo efeito. * Tolerância = desenvolvida pelo hábito de tolerar doses nocivas. * Viciado = dependente escravizado pela droga. * Traficante = viciado ou não, que planta / distribui aos viciados / experimentadores. * Experimentador = delinqüente que dolosa / culposamente procura a experiência. MEDICINA LEGAL 8º capítulo - Psicopatologia Forense 1) Definição: É a aplicação dos conhecimentos científicos relativos à saúde mental, a todos os casos jurídicos quando se fizer necessária a comprovação do estado mental de um indivíduo. 2) Finalidades PRÁTICAS: o exame psiquiátrico tem por finalidades esclarecer: * À Justiça Criminal = para apurar imputabilidade, culpabilidade, responsabilidade penal e periculosidade. * À Justiça Civil = para apurar a capacidade civil, menoridade. * À Administração Pública ou Privada = diagnosticar doença mental para tratamento ou aposentadoria. * Misto = Em casos de confissão ou testemunho merecedor de fé. MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense 3) Perícia: * Histórico policial / jurídico. * Autos do processo. * História pregressa do paciente. * Exame Físico / Somático. * Exame Neurológico. * Exame Mental/Psiquiátrico. MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense 4) Alguns exemplos de Transtornos Mentais (para simples conhecimento): * Psicoses: Quando interfere com a compreensão. Ex. Senis, pré-senis, alcoólicas, por drogas, transitórias, crônicas, esquizofrênicas, afetivas, paranoides, não orgânicas, infantis, (Autismo, Desintegrativa). * Neuroses: Ocorre quando há uma razoável compreensão e uma experiência inalterada da realidade. Ex.: Ansiedade, Histeria, Fobia, Obsessivo, Compulsivos, Obsessivo-Compulsivo (TOC – Transtorno Obsessivo-Compulsivo), Depressão Neurótica, Neurastenia, Despersonalização, Hipocondria. * Transtornos da Personalidade (Personalidades Psicopáticas). * Desvios e Transtornos Sexuais (já abordados no capítulo: Sexologia Forense). * Dependências = Álcool e às Drogas ilícitas. * Abuso agudo de Drogas sem dependência (Álcool, Fumo, etc...). MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense Alguns exemplos de Transtornos Mentais (para simples conhecimento) - continuação: * Disfunções fisiológicas originadas em fatores mentais (Osteo - musculares, Respiratórias, Cardiovasculares, Cutâneas, Gastrintestinais, Geniturinárias, Endócrinas, etc.). * Outros (gagueira, anorexia nervosa, tiques, movimentos estereotipados repetidos, transtornos de sono e da alimentação, enurese, encoprese). * Reações à (o) = Stress e Ajustamento. * Oligofrenias = Debilidade Mental, imbecilidade e a idiotia. * Esquizofrenias = “definhamento psíquico terminal”. * Paranóia = “desenvolvimento de um sistema delirante, acompanhada da conservação da clareza e da ordem do pensamento, na vontade e nas ações”. * Psicose Maníaca – Depressiva (atualmente: Distúrbio Bipolar). MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense 5) Algumas DEFINIÇÕES importantes: * Periculosidade: “é a menor ou maior carga delituoso que um individuo possui, isto é, a sua probabilidade de cometer ou voltar a cometer crimes”. * Responsabilidade Penal: “é a obrigação, em tese, de suportar as conseqüências jurídicas do crime”. * Capacidade Civil: “é a aptidão, em concreto, para exercer os atos de vida civil, com livre e espontânea vontade”. * Imputabilidade:“é a aptidão bio - psíquica, em concreto, no momento do crime, para responder, penalmente, pela conduta ilícita”. * Interdição: “é o ato pelo qual o juiz retira, ao alienado, ao pródigo, ao toxicômano, etc; a administração e a livre disposição de seus bens” (Clóvis Beviláqua, Carvalho Santos). MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense ⇨ Antes de entrarmos na citação dos fatores limitadores e modificadores da Capacidade Civil e da Imputabilidade Penal, temos que conhecer alguns conceitos e definições importantes, que interessam à Medicina Legal = * Psicopatologia Forense: Estuda os limites normais, biológicos, mesológicos e legais da capacidade civil e da responsabilidade penal. O Psicopatologista Forense pode ser chamado para elucidar desordens mentais relacionadas com os mesmos e esclarecer a respeito a Autoridade Judiciária, a quem não cabe fazer diagnóstico e nem prognóstico de ordem médica. A perícia deste MISTER só pode ser realizada por solicitação judicial. * Crime: É um fenômeno social e natural; sintoma revelado do mal de que o seu autor é preso. É um fenômeno antropológico, mas sempre tendo a sua relação jurídica evidente. A história do crime começa com a própria história da humanidade (estudaremos também no capítulo referente à Criminologia. MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense * Imputabilidade: É a condição de quem é capaz de realizar um ato com pleno discernimento. É um fato subjetivo, psíquico e abstrato. Ao cometer uma infração, o indivíduo transforma essa capacidade num fato concreto. Denomina-se então a isso, “imputação”. A imputabilidade é a base psicológica da culpabilidade, ou seja: - A capacidade para conhecer e valorizar a obrigatoriedade de respeitar as normas (indica maturidade e saúde mental). - A capacidade de determinação espontânea (capacidade de inibir os impulsos para delinqüir). * Culpabilidade: É a apreciação que se faz do autor quanto a um concreto ato punível, partindo-se do princípio que ele dirigia uma atitude a um objetivo que era por ele conhecido ou esperado. ∙ São suas características básicas = -Elemento individual (ter consciência do ato punível). - Elemento afetivo (vontade de dirigir suas ações com uma finalidade). • Abrange duas espécies = - Dolo (representa a intencionalidade). - Culpa (execução de um ato que poderia ou deveria ser previsto e que, por falha de previsão do agente (imperícia, imprudência, negligência), produz um dano. É o aspecto interno ou subjetivo do delito. * Responsabilidade Penal: É a obrigação que alguém tem de arcar com as conseqüências jurídicas do crime. Ela depende da imputabilidade do indivíduo, pois não podem sofrer as conseqüências do fato criminoso (ser responsabilizado), senão o que tem a conseqüência de sua antijuridicidade e quer executá-lo. É o aspecto externo ou objetivo do delito. ⇨ Resumindo = “A imputabilidade antecede o fato punível; a culpabilidade é contemporânea ao fato punível e a responsabilidade é conseqüência do fato punível”. MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense Inimputabilidade: (ou “irresponsabilidade”). São os indivíduos doentes mentais ou que apresentam desenvolvimento mental incompleto ou retardado (exemplos já vistos anteriormente) e, portanto, sem condições de entender ou controlar os seus atos criminosos. Semi-Imputabilidade: Representado pelos indivíduos que, em virtude de perturbação da saúde mental não possuem a plena capacidade de entender o caráter criminosos do ato. MEDICINA LEGAL Psicopatologia Forense Após a apresentação das definições dos principais temas relativos ao assunto em tela, mostraremos abaixo um quadro resumido dos limitadores e modificadores da capacidade civil e da imputabilidade penal, que interessa à Medicina Legal, consoante às legislações civil e penal brasileira vigente = * Idade: Atentar para os ditames do ECA – Estatuto da Criança e Adolescente; Aspectos Civil (p.e.: casamento, Código Eleitoral). * Sexo: Lembrar do Infanticídio, casamento acima de 16 anos, casamento após 10 meses da viuvez e/ou separação judicial e casamento com separação de bens (acima dos 50 anos de idade). * Emoção e Paixão: Baseado nas alterações dos sinais vitais e hormonais, nas funções psíquicas (inibe voluntariamente a inteligência e determina o automatismo). Não são dirimentes de crime, não excluem a responsabilidade penal porém podem justificar a redução da pena (“violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima”). * Agonia: Interessa sob o ponto de vista da presunção da capacidade civil dos caquéticos, moribundos lúcidos e dos idosos, permitindo-lhes testar, casar, doar e testemunhar. * Psicopatológicos: Atentar para simulação em caso de sono patológico, surdo-mutismo e afasia (já não tanto considerados atualmente!). Também interessa a prodigalidade, a embriaguez e as toxicomanias. * Psiquiátricos: Tem grande importância na esfera criminal quanto na civil. Já vistos exemplos anteriormente. * Mesológicos: Enquadram-se os Silvícolas quando inadaptado à vida do ambiente civilizador (enquadra-se na cláusula de desenvolvimento mental incompleto ou retardado). Também nos lembramos da Psicologia das Multidões, onde as forças psíquicas se exaltam e surgem disposições instintivas e genéricas para a agressividade e violência (o Código Penal inclui atenuante a influência da multidão no comportamento do crime). * Reincidência Penal: Interessa à Medicina Legal no que concerne à identificação e ao estudo da sanidade física e mental do reincidente. MEDICINA LEGAL 9º Capítulo - Infortunística / PERÍCIA DO TRABALHO Acidentes do Trabalho e Doenças Profissionais 1) DEFINIÇÃO: Dentro da Medicina Legal, considera-se Infortunística o estudo dos acidentes do trabalho e das doenças profissionais. É uma especialidade Médica denominada MEDICINA DO TRABALHO. 2) Aplicabilidade prática: o exame médico pericial, em casos de acidente do trabalho, tem por finalidade em nível administrativo, assegurar ao acidentado do trabalho: Auxílio – doença acidentário; Auxílio – acidente e Aposentadoria por invalidez. 3) Elementos do Acidente do Trabalho: * a existência de uma lesão corporal; * a incapacidade para o trabalho e * a existência de nexo de causalidade. 4) Elementos da Doença Profissional: * Inerentes à determinados ramos de atividade; * Relacionadas em ato específico do Ministério do Trabalho e da Previdência Social ou * Provenientes de certas condições especiais ou excepcionais em que se realiza (ou) o trabalho. MEDICINA DO LEGAL Infortunística 5) Perícia: São componentes da perícia médica nesta área = * Histórico da doença/acidente, fidedigno, completo e documentado. * Exame subjetivo (confronta-se a história do evento com a queixa atual). * Exame objetivo (constata-se o estado físico atual). * Uma análise, se possível, do ambiente / local / condições de trabalho e * Uma conclusão exata e fundamentada. 6) Critérios para uma boa Perícia: * Deve-se esclarecer a causa e a natureza do acidente ou da doença profissional, concluindo pelo nexo de causa e efeito; * Deve-se afastar as possibilidades de simulação ou outras situações e * Deve-se avaliar o grau de incapacidade. Doença Profissional e Acidente do Trabalho Asbestose Eletricidade MEDICINA LEGAL 10º Capítulo - CRIMINOLOGIA 1) Definição = É a ciência que estuda os crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade. É a ciência que objetiva o estudo da etiologia do crime. É uma ciência antropológica, ou seja, estuda o homem em si e o ambiente em que viveu. 2) Importante = Considerar o tripé = Homem – Sociedade (normas) – Causas das ações (contra as normas). 3) Características básicas da Criminologia = * As causas da ação do homem contra as normas sociais são a essência da Criminogênese.* A importância do controle social advém dos Costumes Seculares e Sagrados. * As reações às infrações levam às SANÇÕES. As evoluções demográficas e tecnológicas levam ao controle informal mais difícil, que por sua vez levam à desintegração dos costumes e reação social; advindo as LEIS para coibir atos anti-sociais. ⇨ VITIMOLOGIA = Estudo da vítima em suas características físicas, psíquicas, sociais, culturais, etc. MEDICINA LEGAL Criminologia 4) O Crime e o Criminoso = 4.1) O Crime: É a violação culposa e imputável da lei penal. * Etiopatogenia = Fatores Biológicos (endógenos) e Fatores Mesológicos/Meio Ambiente (exógenos). * Elementos biológicos/jurídicos fundamentais = Ato humano, Ato imputável, Ato culposo, Ato contrário à norma jurídica (definido por lei) e Ato passível de pena expressa em lei (“Códigos”). * Elementos gerais essenciais = Moral (interno, subjetivo e intelectual – há a “cogitação criminosa” e a “intenção”) e Material (externo e objetivo – passa da “intenção à ação”). A existência do crime exige o elemento moral seguido do material. * Classificação jurídica do Crime = Crimes culposos, dolosos, consumados, tentados, propriamente ditos e as contravenções. MEDICINA LEGAL Criminologia 4.2) O Criminoso: É o agente do crime. * Classificação = Quanto ao enquadramento legal: idade cronológica, códigos, etc. Quanto ao ponto de vista processual: indiciado, réu, sentenciado e liberado condicionalmente. Quanto ao biótipo físico: longilíneos (“crimes contra a propriedade”); brevilíneos (“contra a pessoa”). Quanto aos fatores endócrinos: p.e.: hipertireoidismo, hiper - supra - renalismo, etc. Quanto à fatores genéticos: portadores de cromossomas XYY. MEDICINA LEGAL Criminologia Classificação dos criminosos (continuação) = Quanto às 5 (cinco) classes etiológicas de Hilário Veiga de Carvalho (baseada nos fatores etiológicos do delito): * Bio - criminoso puro (pseudo-criminoso); * Bio -criminoso preponderante; * Meso – bio - criminoso; * Meso - criminoso preponderante e * Meso - criminoso puro (pseudo - criminoso). OBS.: # Esta classificação é utilizada amplamente para a triagem dos delinqüentes, dando-se atualmente, mais valor ao “individual case study” (personalizando a casuística criminal e conhecendo a personalidade do criminoso). # Delinqüência caracterológica = Personalidade psicológica e delinqüente (já visto em capítulo anterior). CRIMINOLOGIA CLASSES ETIOLÓGICAS DE HILÁRIO VEIGA DE CARVALHO 5 CLASSES ETIOLÓGICAS DE HILÁRIO VEIGA DE CARVALHO BIOCRIMINOSO PURO BIOCRIMINOSO PREPONDERANTE MESOBIOCRIMINOSO MESOCRIMINOSO PREPONDERANTE MESOCRIMINOSO PURO MEDICINA LEGAL Criminologia 4.3) Exame Criminológico: O criminoso deve ser minuciosamente analisado antes e após a condenação, ao que denominamos Exame Criminológico, no qual podemos seguir os seguintes passos = * Diagnóstico = descrição da personalidade do agente, observando a reincidência em atos delituosos; * Prognóstico = advém do diagnóstico acima, decorrente do qual poderá se auferir o futuro comportamento social do agente analisado, e * Terapêutica Criminal = aplicada com vistas à ressocialização, baseando-se no diagnóstico e prognóstico acima. Deverá se considerar a atuação essencialmente médica – ação nos fatores intrínsecos, ou seja, no agente; e pedagógica – ação nos fatores extrínsecos / mesológicos. MEDICINA LEGAL Criminologia 4.4) Profilaxia Criminal: * Indireta = prevenindo-se doenças físicas e mentais, alcoolismo, toxicomanias, além dos problemas advindos da nutrição, habitação e trabalho. * Direta = se dirige para o crime já em formação e depois de praticado, para a possibilidade de reincidência, cabendo medidas de ordem judiciária e de índole policial. MEDICINA LEGAL Criminologia 4.5) Cesare Lombroso: Foi um Médico italiano. Defendeu as idéias acerca do “criminoso nato”, sendo que pela análise de determinadas características somáticas seria possível antever aqueles indivíduos que se voltariam para o crime. Inicialmente denominada “Antropologia Criminal”; o que gerou uma nova ordem de estudos científicos sobre o crime: inicialmente chamada de “Sociologia Criminal” e depois, “Criminologia” como hoje nós a conhecemos. A “Vitimologia” também tem raízes em suas idéias. MEDICINA LEGAL OBRIGADO PELA “PACIÊNCIA”!!!!!! Espero que tenham aproveitado as noções de Medicina Legal apresentadas neste curso e que possam utilizar o que aprenderam, na sua vida profissional !!! BOAS FÉRIAS E MUITO SUCESSO!!! Prof. José Odir Romero