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Aula 01 | Uma mudança de Perspectiva na Psicologia (1) APRESENTAÇÃO Olá, eu sou o professor Evandro Borges, coordenador do curso de Certificação em Psicologia Positiva Aplicada (CPPA). E gostaria de agradecê-lo(a) pela aquisição deste curso. Seja muito bem-vindo(a)! Me causa profunda alegria saber que o interesse pela psicologia positiva esteja aumentando consideravelmente nos últimos anos no Brasil. Enquanto componho este curso, em dezembro de 2016, ainda são poucas as instituições de ensino regulares que incorporaram a disciplina de Psicologia Positiva em suas grades curriculares. O objetivo de eu ter lançado este curso é decorrente da própria proposta desta nova ciência, propagar seus fundamentos e pesquisas pelo mundo. Este é um curso gratuito, aberto a todos e possui carga horária de 40 horas. Ao final do curso você poderá imprimir seu certificado automaticamente. E caso queira aprofundar seus estudos em psicologia positiva, pode optar também por fazer o curso completo de Certificação em Psicologia Positiva Aplicada, com carga horária de 340 horas e 10 módulos. O curso tem duração de 6 meses e foi elaborado com base no Modelo de Florescimento do Dr. Martin Seligman, inédito no Brasil. Meu encontro com a psicologia positiva (PP), deu-se exatamente no momento em que eu questionava o modelo tradicional de diagnóstico, durante o período de residência no departamento de plantão psicológico da clínica de psicologia da universidade. Na ocasião, me foi encaminhado um caso com "indícios" de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e as ferramentas diagnósticas que eu tinha disponíveis constavam nos famosos testes psicodinâmicos e manuais de classificação de transtornos mentais. Me preocupava o fato de cada vez mais crianças em idade escolar estarem sendo encaminhadas para os serviços de atendimento psicológico por supostamente apresentarem Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br comportamentos "anormais" em casa ou na escola. E imediatamente me propus a pesquisar sobre novas abordagens que me levassem a uma compreensão mais ampla de "saúde mental", ao invés do modelo tradicional de "doença mental". Foi um longo desafio, eu confesso, mas minha concepção de psicologia nunca mais foi a mesma. Dediquei os últimos quatro anos ao estudo da psicologia positiva e tive a oportunidade de acompanhar de perto as recentes pesquisas e avanços científicos. Especializei-me em Psicologia Positiva pelo CAPP, programa criado com base no modelo do Master of Applied Positive Psychology, do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia. E gostaria de agradecer profundamente aos disseminadores da psicologia positiva no Brasil, América Latina, América do Norte e demais partes do mundo, em especial, ao núcleo da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), a Associação Brasileira de Psicologia Positiva (ABPP), ao Dr. Cláudio Simon Hutz, coordenador do Curso de Especialização em Psicologia Positiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ao professor de Psicologia Positiva do MBA Executivo em Desenvolvimento do Potencial Humano na Franklin Covey Business School, Helder Kamei, ao núcleo de pesquisa do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, EUA, aos Doutores Martin Seligman, ex-presidente da Associação Americana de Psicologia (APA), e Chris Peterson, fundadores do VIA Instituto do Caráter, pioneiros nos estudos da psicologia positiva no mundo. Ao Dr. Tal Ben-Shahar, coordenador do Curso de Psicologia Positiva da Universidade de Harvard, EUA, ao Dr. Tayyab Rashid, pesquisador em psicologia positiva na Universidade de Toronto Scarborough, Canadá, ao Dr. Mihaly Csikszentmihalyi, professor da Universidade de Pós-Graduação Claremont e um dos principais pesquisadores em psicologia positiva no mundo. E a todos os fomentadores, pesquisadores, profissionais, professores, mestres, doutores, investidores, admiradores, praticantes e simpatizantes da psicologia positiva. Seligman (2011) discorre sobre sua concepção original da psicologia positiva, onde afirma que achava que o tema da psicologia positiva deveria ser a felicidade, que o principal critério para a mensuração da felicidade seria a satisfação com a vida e que o objetivo da psicologia positiva era aumentar essa satisfação com a vida. O autor reavalia tais concepções e então chega a conclusão de que atualmente o tema central da psicologia positiva deva estar focado no bem-estar, que o principal critério para a mensuração do bem- estar é o florescimento, e que o objetivo da psicologia positiva é aumentar esse florescimento. A psicologia Positiva é, portanto, uma mudança de perspectiva do modelo tradicional de psicologia. Ela nasce de uma necessidade de se investigar as origens da saúde, ao invés de buscar o que há de "doente" nas pessoas (SELIGMAN, 2004). Mudança de perspectiva, me refiro a uma perspectiva angular, a forma como a enxergamos, uma nova postura frente ao modelo tradicional. Esse é um desafio. Um exemplo prático explica bem essa perspectiva: Se um paciente é diagnosticado com Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br depressão, é bem provável que durante o processo psicoterapêutico o foco principal seja investigar a origem de sua depressão e, consequentemente, promover uma intervenção com o objetivo de aliviar os sintomas. Obviamente, havemos de considerar que a depressão pode ser proveniente de inúmeros fatores clínicos. Então, em uma escala de 1 a 10, onde 1 representa pouco depressivo e 10 muito depressivo, o foco da intervenção tende a regredir de 10 para 1. A Escala de Depressão de Beck (1988), onde avalia-se os graus de depressão de um indivíduo por sintomas como tristeza, insatisfação, pessimismo, senso se fracasso, culpa, etc, possibilitou uma verdadeira revolução no disgnóstico de depressão, mas há uma pergunta a se fazer, especialmente no que diz respeito às escalas e inventários diagnósticos. Seria a depressão apenas uma consequência da presença de aspectos negativos na vida do indivíduo, ou seria também decorrente da ausência de aspectos positivos? Portanto, pergunto-me se não poderíamos tratar determinados casos de depressão promovendo mudanças de comportamento que introduzissem tais aspectos positivos ausentes, ao invés de somente tentar amenizar aspectos negativos presentes. Aqui o foco seria a potencialização do que ainda há de saudável no indivíduo, explorando suas forças pessoas, ao passo que a outra alternativa seria a de minimizar o que há de "doente". COMO SURGIU A PSICOLOGIA POSITIVA? Para Hutz (2014) essa é uma questão controversa e que tem gerado bastante polêmica. No ano 2000, Seligman e Csikszentmihalyi publicaram um artigo intitulado “Positive Psychology: an introdution”, na American Psychologist, onde afirmaram que desde a Segunda Guerra Mundial o foco da psicologia teria sido curar e reparar danos. Esse foco, quase exclusivamente curativo, ressaltam os autores, fez com que se olhasse pouco para os aspectos positivos que também são parte do sujeito e das comunidades. Tais aspectos teriam então sido negligenciados por um longo período, tornando a visão da psicologia incompleta. Com base em tais argumentos, os autores propuseram que o objetivo da psicologia positiva é promover um ajuste no foco da psicologia para que aspectos saudáveis também recebam atenção. "Dessa maneira, percebe-se que tanto a psicologia voltada à cura e à reparação do que precisa ser mais bem ajustado quanto a psicologia que se volta ao estudo das qualidades e das características positivas do ser humano são aspectos importantes e merecem atenção (HUTZ, 2014, p.13). Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br "Desde 11 de setembro de 2001,tenho pensado na importância da Psicologia Positiva. Em tempos intranquilos, a compreensão e o alívio do sofrimento impedem a compreensão e a construção da felicidade? Acredito que não. Pessoas sem recursos, deprimidas ou com impulsos suicidas têm preocupações que vão muito além do alívio de seu sofrimento. Essas pessoas se preocupam — muitas vezes desesperadamente — com virtude, propósito, integridade e significado. As experiências que induzem emoções positivas fazem as emoções negativas se dissiparem rapidamente. As forças e virtudes, como veremos, funcionam como um para-choque contra a infelicidade e as desordens psicológicas, e podem ser a chave da resistência. Os melhores terapeutas não curam simplesmente os sintomas; eles ajudam a construir forças e virtudes. [...] A Psicologia Positiva leva a sério a esperança de que, caso você se veja preso no estacionamento da vida, com prazeres poucos e efêmeros, raras gratificações e nenhum significado, existe uma saída. Esta saída passa pelos campos do prazer e da gratificação, segue pelos planaltos da força e da virtude e, finalmente, alcança os picos da realização duradoura: significado e propósito (SELIGMAN, 2004, p.14). PSICOLOGIA POSITIVA VS PSICOLOGIA HUMANISTA Rich (2001 apud HUTZ, 2014) afirma que Carl Rogers e Abraham Maslow já trabalhavam com tópicos bastante próximos aos discutidos pela psicologia positiva, e defende que a psicologia positiva tem suas raízes na psicologia humanista. Assim, a psicologia positiva não seria um novo movimento, mas o florescimento de algo já iniciado muitos anos antes. Mas apesar de existirem diversas semelhanças e conexões entre a psicologia humanista e a psicologia positiva, estas seriam, segundo Rich, aparentemente negligenciadas, havendo poucas referências humanistas nos artigos de psicologia positiva. O fato a ser levado em consideração é que há semelhanças nas mudança de perspectivas de ambas as vertentes, Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br tanto positiva quanto humanista. Abaixo, segue uma palestra do Dr. Martin Seligman no TED 2004. Vídeo de apoio: Martin Seligman fala sobre a Psicologia Positiva. TED2004 · 23:42 · Filmado em Fev 2004. Referências: BECK, A.T.; Steer, R.A. & Garbin, M.G. – Psychometric Properties of the Beck Depression Inventory: Twenty-Five Years of Evaluation. Clinical Psychology Review 8:77-100,1988. HUTZ, C. S. (Org.). Avaliação em psicologia positiva. Porto Alegre: Artmed, 2014. SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br OS 5 PILARES DA PSICOLOGIA POSITIVA - PERMA Módulo 1 | Introdução – Emoções Positivas Aula 03 | Os 5 Pilares da Psicologia Positiva - PERMA 1 O MODELO PERMA 2 3 O Modelo PERMA foi desenvolvido pelo psicólogo americano Martin Seligman e publicado em seu livro “Florescer – Uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar (Rio de Janeiro: Objetiva, 2011)”. Conhecida como Teoria do Bem-Estar, "PERMA" representa os cinco elementos essenciais que devem estar presentes para que seja possível adquirir experiências de um bem-estar efetivo e duradouro. • P Positive Emotions - Emoções positivas • E Engagement (or flow) – Engajamento, Fluidez • R Relationships - Relacionamentos Sociais Positivos • M Meaning (and purpose) - Sentido no viver • A Accomplishment - Realização, Persistência, Metas. 4 5 Emoções Positivas 6 1. Emoções Positivas (P) Experimentar o bem-estar e a felicidade na vida, em geral, envolve a existência de uma emoção positiva. Uma ampla gama de emoções positivas se relacionam com o bem- estar, como paz, gratidão, satisfação, prazer, inspiração, esperança, curiosidade ou amor. 7 Engajamento 8 2. Engajamento ou Fluidez (E) Quando estamos verdadeiramente empenhados em uma situação, projeto ou atividade, nós experimentamos um estado de fluidez: o tempo parece parar, esquecemos os problemas comuns, nos concentramos intensamente no presente. Quanto mais experimentamos este tipo de concentração, mais provável é que a experiência bem-estar aumente. 9 Relacionamentos 1 0 3. Relacionamentos (R) Como seres humanos, somos "seres sociais", e dentro deste contexto, os relacionamentos positivos são fundamentais para o nosso bem- estar. Muitas pesquisas já demonstraram, as pessoas com mais relacionamentos significativos e positivos são mais felizes que as demais. Os Relacionamentos realmente importam! 1 1 Sentido 1 2 4. Sentido ou significado de viver (M) O sentido no viver, geralmente vem de servir a uma causa maior que nós mesmos. O encontro de um sentido para o que fazemos pode vir de uma crença, uma religião, uma causa humanidade ou algum objetivo significativo. Qualquer pessoa se beneficia ao encontrar significado e sentido em suas vidas, isso se correlaciona com o bem-estar, a felicidade e o florescimento. 1 3 Realização 1 4 5. Realização (M) Muitos de nós dedicamos esforços para melhorar a nós mesmos de alguma forma, seja procurando dominar uma habilidade ou alcançar um objetivo significativo. Como tal, a realização é uma outra coisa importante e contribui para nosso bem-estar e nossa capacidade de florescer. 1 5 Munhoz, Fábio. Introdução à Psicologia Positiva. Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental, 2016. Seligman, M. E. P. Florescer - uma nova e visionária interpretação da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. Seligman, M. E. P. Felicidade Autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. Seligman, M. E. P. & Csikszentmihalyi, M. (2001). Positive psychology: an introduction. American Psychologist, 55(1), 5-14, 2001. REFERÊNCIAS Aula 04 | Emoções Positivas Estudos de Silvestre e Vandenberghe (2013) constataram que tradicionalmente a psicologia clínica se interessou mais pelas emoções negativas do que pelas positivas. Os autores ressaltam que no trabalho com pessoas que enfrentam, às vezes, um sofrimento profundo, esse viés faz sentido. Porém, os mesmos identificaram que trabalhos recentes têm chamado a atenção para o papel das emoções positivas no processo psicoterapêutico (Fizpatrick e Stalikas, 2008; Dick-Niederhauser, 2009; Hayes et al., 2011; Vandenberghe e Silvestre, 2013). Os autores advertem, porém, que é interessante observar que todos se referem a uma base de dados de pesquisa experimental, em parte já antiga. Trata-se, segundo eles, de uma tradição de trabalhos experimentais acerca dos benefícios das emoções positivas que foi iniciada por Alice Isen e continuada sob a liderança de Barbara Frederickson, que até recentemente continuou despercebida ou desconsiderada pelos autores clínicos (SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013). De acordo com os autores, dados provenientes desses experimentos são usados como evidência empírica para sustentar que emoções positivas desempenham um papel central no processo terapêutico. Hayes et al. (2011 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013) apontam que o relacionamento terapêutico pode ser curativo por promover emoções positivas no cliente, as quais, porsua vez, favorecem o desenvolvimento de recursos pessoais que ajudarão o cliente a superar seus problemas. Estudos de Fizpatrick e Stalikas (2008) e Dick-Niederhauser (2009) discutem ainda dinâmicas comuns em diferentes tratamentos psicológicos. De acordo com os autores, o papel do psicoterapeuta seria o de promover experiências nos seus clientes que provoquem emoções positivas. As vivências positivas dos clientes em terapia, por consequência, passariam a promover novos comportamentos e a construção de novos recursos pessoais, que por sua vez, conduziriam a novas vivências positivas, e assim por diante. As mudanças comportamentais podem dar origem à construção de novas redes de apoio e a habilidades sociais, que continuam à disposição da pessoa muito tempo depois de ter cessado a emoção positiva que promoveu a mudança (SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013). Vandenberghe e Silvestre (2013) discutem como emoções positivas do terapeuta podem influenciar no processo terapêutico. Podem promover mais atenção e criatividade na atuação do terapeuta e contribuir para o desenvolvimento de habilidades clínicas, além de contribuir para o conteúdo da sessão. A compreensão do cliente na sua complexidade, como também o desenvolvimento de uma sensação de 'nós' (o terapeuta e o cliente como Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br uma equipe unida com objetivos e tarefas compartilhados) pode ser promovida pelas emoções positivas que o terapeuta sente no seu trabalho com o cliente. Por outro lado, terapeutas relatam que as vivências positivas contribuem para o desenvolvimento de novos recursos pessoais e profissionais, incluindo a expansão do repertório de técnicas terapêuticas, melhor regulação das emoções e um melhor sentimento de conexão com o cliente. MODELO DA EMOÇÃO De acordo com Gross (2008), o modelo típico de emoção utilizado pela psicologia positiva pressupõe que uma emoção é evocada por uma situação que exige atenção, tem um significado particular para a pessoa e desencadeia um conjunto de respostas que se encontram programadas em redes neurais ou armazenadas em esquemas mentais. Sendo assim, a emoção é vista como um programa engatilhado por um evento em que informações passam por um processamento automático. Um exemplo de modelo típico é o modelo cognitivo de Leventhal, amplamente utilizado durante as últimas décadas do século XX, sendo representativo de uma tendência geral na literatura empírica sobre emoções (SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013). No modelo de Leventhal (1982), um esquema emocional é uma estrutura da memória que organiza e guia o processamento de novas informações e a recuperação das informações já armazenadas durante vivências anteriores. O modelo contém três diferentes níveis de processamento de informação. São eles: (I) imagens e sequências que fizeram parte de vivências de uma emoção; (II) comportamentos expressivos e padrões de resposta autônomos que caracterizam essa emoção; e (III) regras conceituais e proposições sobre como se deve reagir nas situações que evocam essa emoção. A vivência de uma emoção é entendida como o efeito da ativação de tal esquema por informação subjetivamente relevante em função das necessidades, dos objetivos e das suposições da pessoa. Gross (2008) critica o modelo cognitivo de Leventhal por apresentar a emoção como um processo retilíneo e mecânico. O autor afirma que a vivência emocional é muito mais flexível e sujeita à intencionalidade. Envolve sistemas de resposta coordenados e maleáveis. A pessoa que está sentindo a emoção não é passiva. Ela direciona e maneja a emoção através de cinco famílias de regulação emocional, seriam elas: (I) seleção da situação: a pessoa procura entrar em situações (e evitar outras) que forneçam certa emoção; (II) modificação da situação: o indivíduo muda a situação que evoca a emoção; (III) distribuição estratégica da atenção: consiste em mudar o foco para alterar o impacto emocional da situação; (IV) mudança cognitiva: elaborar o significado da situação de modo que a vivência emocional seja alterada; e (V) modulação da resposta: o indivíduo reage de maneira diferente a uma emoção, resultando em uma vivência diferente. Ainda de Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br acordo com Silvestre e Vandenberghe (2013), as estratégias de regulação descritas por Gross deixam a emoção como algo interativo e moldável. Emoção versus Ação Frederickson (1998 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013) tentou identificar as tendências de ação de cada emoção positiva. Frederickson apontou que o interesse promove exploração e envolvimento. O contentamento inclui uma tendência para integrar vivências. O amor, por sua vez, amplia os repertórios de curtir e interagir. A alegria inclui a tendência de participar em atividades físicas, sociais ou intelectuais. Os autores perceberam que as tendências de ação ligadas a cada emoção positiva são amplas e difusas, enquanto as ligadas às emoções negativas são específicas. A falta de especificidade dos efeitos pode ofuscar as funções adaptativas que as emoções positivas possuem. Frederickson e Levenson (1998) investigaram o uso de emoções positivas experimentalmente. Em um destes experimentos, participantes assistiram a imagens que induziram ao medo, o que foi corroborado pelo relato deles e pela constatação de uma ativação cardiovascular intensa. Em seguida foram dispostos aleatoriamente em quatro grupos para assistir a um de quatro filmes que evocavam: contentamento, diversão, tristeza e um era neutro. Comparando os grupos, pôde-se notar que os que viram os filmes positivos apresentaram uma retomada significativamente mais rápida dos níveis prévios de atividade cardiovascular. No segundo estudo, os participantes foram expostos a um filme eliciador de tristeza. A maioria deles sorriu espontaneamente, pelo menos uma vez, enquanto assistia a esse filme. Quem sorriu apresentou recuperação mais rápida dos níveis prévios de ativação fisiológica. Esses resultados apontam que emoções positivas combatem efeitos tóxicos de emoções negativas ao restaurar o equilíbrio do organismo (SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013). Frederickson et al. (2000 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013) verificaram que o efeito descrito acima é resultado da positividade e não da eliminação do estressor. Primeiro, obtiveram, por indução de ansiedade, uma resposta cardiovascular de estresse. Em seguida, uma parte dos participantes assistiu a filmes que suscitaram emoções brandas de contentamento, divertimento, ou tristeza; e outra parte, a um filme emocionalmente neutro. Outros participantes receberam, depois da indução da resposta de estresse, instruções para relaxar e esvaziar a mente de todos os pensamentos, sentimentos e memórias. De acordo com os autores, a indução das emoções positivas brandas acelerou o retorno para o estado fisiológico de repouso, enquanto o relaxamento e os filmes neutro ou triste não tiveram esse efeito. Posteriormente, os participantes que viram os filmes que evocaram emoções positivas mostraram capacidade de atenção significativamente Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br ampliada num teste de processamento de informação visual. Esse efeito foi confirmado numa replicação por Frederickson e Branigan (2005). Segundo Frederickson e Branigan (2005), emoções positivas ajudam a pessoa a dar um passo atrás e a considerar os problemas em diferentes perspectivas. Os autores avaliaram que elas podem, com mais facilidade, ver o contexto maior. Assim podem visualizar mais possibilidades, o que aumenta a tendência de construção abstrata (por exemplo, focando o aspecto "por que" de um ato, em vez do aspecto mais concreto "como"). Também ajuda a investir a pôr em prática objetivos quea pessoa construiu numa forma abstrata (Labroo e Patrick, 2009 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013). Vídeo de apoio: Emoções Positivas - Drª Barbara L. Fredrickson. Publicado em 11 de abr de 2015. Fonte: YouTube A consolidação dos efeitos das emoções em longo prazo De acordo com pesquisas de Frederickson (2001 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013), as emoções positivas promovem o engajamento em atividades com outras pessoas, a exploração de novos assuntos e aprofundam relações interpessoais. Desta forma, a pessoa acumula novas aprendizagens e constrói redes sociais. Estes recursos, observam os autores, ajudarão a superar momentos difíceis e a crescer no futuro. Desse modo, as emoções positivas contribuem para a construção da resiliência. A consolidação das mudanças em longo prazo é considerada o efeito de um movimento em espiral. Frederickson cogita, por exemplo, que as emoções positivas ajudam indivíduos a entrar em espirais positivos, envolvendo relações causais recíprocas entre as emoções positivas de um lado e a ampliação de repertórios do outro. Referências: DICK-NIEDERHAUSER, A. 2009. Therapeutic change and the experience of joy: Toward a theory of curative processes. Journal of Psychotherapy Integration, 19:187-211. FIZPATRICK, M.R.; STALIKAS, A. 2008. Positive emotions as generators of therapeutic change. Journal of Psychotherapy Integration, 18:137-154. FREDERICKSON, B.L. 1998. What good are positive emotions? Review of General Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br Psychology, 2:300-319. FREDERICKSON, B.L. 2001. The role of positive emotions in positive psychology. The broaden- and-build theory of positive emotions. American Psychologist, 56:218-226. FREDERICKSON, B.L.; BRANIGAN, C. 2005. Positive emotions broaden the scope of attention and thought-action repertoires. Cognition and emotion, 19:313-332. FREDERICKSON, B.L.; LEVENSON, R.W. 1998. Positive emotions speed recovery from the cardiovascular sequelae of negative emotions. Cognition and emotion, 12:191-220. FREDERICKSON, B.L.; MANCUSO, R.A.; BRANIGAN, C.; TUGADE, M.M. 2000. The undoing effect of positive emotions. Motivation and Emotion, 24:1-22. GROSS, J.J. 2008. Emotion regulation. In: M. LEWIS; J.M. HAVILAND-JONES; L.F. BARRETT (orgs.), Handbook of emotions. New York, Guilford, p. 497-512. HAYES, S.C.; VILLATTE, M.; LEVIN, M.; HILDEBRANDT, M. 2011. Open, aware and active: Contextual approaches as an emerging trend in the behavioral and cognitive therapies. Annual Review of Clinical Psychology, 7:141-168. LABROO, A.A.; PATRICK, V.M. 2009. Psychological distancing: Why happiness helps you see the big picture. Journal of Consumer Research, 35:800-809. LEVENTHAL, H. 1982. The integration of emotion and cognition. In: M.S. CLARK.; T.S. FISKE (orgs.), Affect and Cognition. Hillsdale, Erlbaum, p. 253-276. SILVESTRE, Rafaela Luiza Silva; VANDENBERGHE, Luc. Os benefícios das emoções positivas. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 6, n. 1, p. 50-57, jun. 2013 . VANDENBERGHE, L.; SILVESTRE, R.L.S. 2013.Therapists' positive emotions in-session: Why they happen and what they are good for. Counselling and Psychotherapy Research, 13:257-266. Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br Aula 05 | Autoconsciência, Autocompaixão e Autocuidado AUTOCONSCIÊNCIA Segundo Goleman (2001 apud CONSTANTINO, 2010), a recomendação do filosofo Sócrates “conhece-te a ti mesmo”, é um importante conceito da inteligência emocional, que é a consciência de nossos sentimentos no momento exato que eles ocorrem. Esse processo, afirma o autor, é denominado de autoconsciência, pois é a permanente atenção ao que estamos sentindo internamente, numa atitude auto-reflexiva, que a mente observa e investiga o que está vivenciando, incluindo as emoções. Para Goleman a diferença entre estar arrebatado por um sentimento e ter a consciência de estar sendo arrebatado pelo mesmo, é a diferença entre apenas viver as emoções ou tomar consciência das mesmas. Por isso, assinala Constantino (2010), a importância de tomar consciência das emoções quando elas ocorrem. Autoconsciência seria, portanto, "a atenção permanente ao que estamos sentindo internamente". "Sendo auto-reflexiva, a mente observa e investiga o que está sendo vivenciado, incluindo as emoções. Essa autoconsciência pareceria exigir um Neocórtex ativado, sobretudo as áreas da linguagem, sintonizado para identificar e nomear as emoções despertadas. A autoconsciência não é uma atenção que se deixa levar pelas emoções, reagindo com exagero e amplificando o que se percebe. Ao contrário, é um modo neutro, que mantém a auto-reflexividade mesmo em meio a emoções turbulentas (GOLEMAN, 2001 apud CONSTANTINO, 2010)". Goleman (2001 apud CONSTANTINO, 2010) observa ainda que os indivíduos tendem a adotar estilos para acompanharem e lidarem com suas emoções: · "Autoconscientes: que são conscientes de seu estado de humor tem clareza das suas Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br emoções, e essa consciência administra suas emoções, são autônomas, conscientes de seus próprios limites, gozam de boa saúde psicológica e tendem ter uma perspectiva positiva sobre a vida." ·"Mergulhadas: são pessoas imersas em suas emoções e incapazes de fugir das emoções e estados de humor, como se fossem controladas por elas, instáveis, sem consciência dos próprios sentimentos de modo que se perdem neles, sem controle emocional." · "Resignadas: são pessoas que vêem o estado de humor e suas emoções mais sem a intenção de modificá-las. Dessa forma, a autoconsciência emocional é à base deste aspecto da inteligência emocional: ser capaz de estar atento às emoções e estados de humor, e ser capaz de dissipar as emoções perturbadoras e humores negativos." Para Weisinger (2001 apud CONSTANTINO, 2010, "autoconsciência é o monitorar-se e observar-se em ação. Mas pressupõe um conhecimento prévio de si. Compreender o que o faz agir como age, o que importante pra si, a maneira de experimentar as coisas, o que quer como se sente e se dirige aos outro". Portanto, assinalam os autores, esse conhecimento subjetivo a respeito da natureza de sua personalidade não apenas orienta sua conduta, mas fornece subsídios sólidos para que possamos fazer escolhas melhores. "Autoconhecimento ou autopercepção é o primeiro componente da inteligência emocional. Constitui-se de uma profunda percepção das próprias emoções, pontos fortes e fracos, necessidades e impulsos. As pessoas com alto nível de autoconhecimento não mostram excessivamente criticas nem têm expectativas irreais. São, em vez disso, francas consigo mesmas e com os outros. Quem possui elevado nível de autoconhecimento sabe o efeito que seus sentimentos têm sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre seu trabalho (GOLEMAN, 1999, p. 69)". A percepção das emoções, segundo Primi (2006 apud CONSTANTINO, 2010), abrangeria desde a capacidade de identificar emoções em si, em outras pessoas e em objetos ou condições físicas, até a capacidade de expressar essas emoções e as necessidades a elas relacionadas, e ainda, a capacidade de avaliar a autenticidade de uma expressão emocional, detectando sua veracidade, falsidade ou tentativa de manipulação. De acordo com Goleman (2001), a autoconsciência é um dos aspectos fundamentais da inteligência emocional, e tem haver com saber o que se sente no momento em que as emoções acontecem. Para o autor, a autoconsciência é importante porque permite ao individuo conhecer-se, possibilitando a ele também, conhecer e reconhecer seus sentimentos e emoções no exato momento em que emergem. Conforme Primi (2006 apud CONSTANTINO, 2010), conhecimento emocionalinclui, desde a capacidade de nomear as emoções, englobando a capacidade de identificar e nomear diferenças e nuances entre elas, como por exemplo, gostar e amar, até a compreensão de sentimentos complexos, como amar e odiar uma mesma pessoa, bem como as transições de um sentimento para Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br outro, como a de raiva para a vergonha, por exemplo. Na opinião de Goleman (2001), a autoconsciência significa uma profunda compreensão de nossas próprias emoções, bem como de nossas possibilidades, limites e valores. As pessoas dotadas de autoconsciência são realistas, pois não pecam pelo excesso de autocrítica e nem por nutrirem esperanças ingênuas (CONSTANTINO, 2010). AUTOCOMPAIXÃO Segundo Gilbert (2005 apud NEVES, 2011), autocompaixão implica, estar aberto, atento e sensível ao nosso próprio sofrimento, quando, por exemplo, este surge em situações de fracasso ou adversidades, não o evitando, mas recebendo-o abertamente, experienciando assim, sentimentos de cuidado e bondade para conosco. Implica também abrir mão dos autojulgamentos e a adoção de uma postura compreensiva perante a nossa experiência, aceitando nossas limitações, imperfeições e dificuldades, contextualizando-a e reconhecendo-a inevitavelmente, assim, como fazendo parte da generalidade de uma experiência humana comum, em que muitos outros também agem da mesma forma, passam pelos mesmos sofrimentos e sofrem como nós (Neff, 2003b, 2004, 2008; Neff, Rude, et al., 2007 apud NEVES, 2011). Levantamentos feitos por Neves (2011) demonstram que pesquisas de Gilbert, Irons e Procter, (2004, 2006), verificaram através de registos de diários relativos à autocompaixão versus autocríticas, num contexto terapêutico focado no desenvolvimento de autocompaixão, que um aumento das capacidades de autocompaixão estava ligado a uma diminuição de depressão, ansiedade, vergonha, sentimentos de inferioridade e comportamento submisso. Neff (2003a apud NEVES, 2011) introduziu o conceito de autocompaixão na psicologia ocidental, baseando-se em referencial teórico e empírico da psicologia social e da personalidade, desenvolvendo uma escala para o medir, de forma a estabelecê-lo como um construto psicológico válido que influenciasse o bem-estar psicológico. De acordo com Neff, autocompaixão define-se como uma atitude para conosco, saudável e de auto aceitação, representando uma postura calorosa e de aceitação perante aspectos de nós mesmos e de nossa vida, dos quais não gostamos, mantendo as emoções dolorosas sob uma atenção consciente enquanto ampliamos sentimentos de cuidado e de bondade para conosco. De acordo com Neff (2003a, 2003b, 2008 apud NEVES, 2011) a autocompaixão é composta por três componentes, que apesar de distintos, interagem entre si: Compreensão (versus autocrítica); Condição humana (versus isolamento); Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br e Atenção Plena (mindfulness) versus (sobre-identificação) Obs.: Sobre Atenção Plena (Mindfulness), teremos um capítulo somente sobre o tema nos próximos módulos. O construto da autocompaixão, afirma Neves (2011), foca-se assim, na postura emocional que o indivíduo tem perante si quando confrontado com dificuldades. Ela seria útil também na regulação emocional, favorecendo a saúde mental e o bem-estar. Neff, Rude, et al., (2007 apud NEVES, 2011) verificaram que o conceito de autocompaixão está negativamente associado com o auto criticismo, com a depressão, com a ansiedade, com a ruminação, com a supressão de pensamento, com o perfeccionismo neurótico e com a afetividade negativa em geral. O termo em inglês "self-pity", traduzido como autopiedade ou autocompaixão é amplamente associado a fatores negativos. No entanto, os autores salientam que, pelo contrário, a autocompaixão estaria positivamente ligada à satisfação com a vida, felicidade, inteligência emocional, conectividade social, sabedoria, iniciativa pessoal, otimismo, curiosidade e exploração, agradabilidade, extroversão, responsabilidade e afetividade positiva em geral. Desta forma, a autocompaixão, por sua importância para a saúde mental dos indivíduos demonstra ser uma características humana de extrema relevância. A TEORIA DO AUTOCUIDADO De acordo com Diógenes e Pagliuca (2003), a Teoria de Enfermagem do Déficit de Autocuidado ou Teoria Geral de Enfermagem de Orem, é composta de três teorias inter- relacionadas, ou seja, a do autocuidado, do déficit de autocuidado e do sistemas de enfermagem. Para efeito de aplicação na psicologia, adentraremos na teoria do autocuidado. O conceito de Capacidade de Autocuidado serviu de base para a elaboração da “Appraisal of Self-care Agency (ASA) Scale”, que foi adaptada e validada à cultura brasileira por Silva; Kimura (2002), sendo denominada Escala para Avaliar as Capacidades de Autocuidado (EACAC). De acordo com os autores, a estrutura das Capacidades de Autocuidado está representada por três subconceitos, são eles: 1) disposições e capacidades fundamentais; 2) componentes de poder; 3) operações de autocuidado, que constituem o limite entre as capacidades e ações de autocuidado. Se fosse viável ordená-las quanto à sua formação e desenvolvimento em um triângulo, poderia ser dito que as capacidades fundamentais estão na base, as operações de autocuidado no ápice e os componentes de poder localizados como uma ponte entre ambas Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br (Orem, 2001). Conforme assinalam Diógenes e Pagliuca (2003), para se entender a teoria do autocuidado é necessário definir os conceitos relacionados, como os de autocuidado, ação de autocuidado, fatores condicionantes básicos e demanda terapêutica de autocuidado. “Autocuidado é a atividade que os indivíduos praticam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem estar. Ação de autocuidado é a capacidade do homem engajar-se no autocuidado. Fatores condicionantes básicos são idade, o sexo, o estado de desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação sociocultural e os fatores do sistema de atendimento de saúde (FOSTER, BENETT e OREM, 2000 apud DIÓGENES e PAGLIUCA, 2003).” Incorpora-se ainda na teoria do autocuidado o conceito dos requisitos de autocuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. De acordo com Diógenes e Pagliuca (2003), os requisitos universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os em seu funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a manutenção da integridade da estrutura e do funcionamento humano. Os requisitos desenvolvimentais, assinalam os autores, ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças que surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde acontecem quando o indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação. Segundo Orem (1995 apud DIÓGENES e PAGLIUCA, 2003) os requisitos para o autocuidado por desvio de saúde são: busca e garantia de assistência médica adequada; conscientização e atenção aos efeitos e resultados de condições e estados patológicos; execução de medidas prescritas pelo médico e conscientização de efeitos desagradáveis dessas medidas; modificação do autoconceito (e da autoimagem) na aceitação de si como estando num estado especial de saúde; aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e estados patológicos, bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e tratamentos médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento contínuo do indivíduo. Os requisitos de autocuidado, de acordo com os autores são: manutenção e ingesta suficiente de ar, água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção de um equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e interação social; aprevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção do funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o potencial humano, limitações humanas conhecidas e o desejo de ser normal. ANEXO ESCALA PARA AVALIAR AS CAPACIDADES DE AUTOCUIDADO (ASA-A)¹ Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br Aula 06 | Felicidade (1) O termo felicidade possui muitas conotações e definições, a maioria delas faz menção a um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e prazer. O Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2004) define felicidade como: “1. qualidade ou estado de feliz, estado de uma consciência plenamente satisfeita, satisfação, contentamento, bem- estar; 2. boa fortuna, sorte; 3. bom êxito, acerto, sucesso”. De acordo com Ferraz (2007), até o advento da filosofia socrática acreditava-se que a felicidade dependia dos deuses. Essa concepção de felicidade imperou durante muitos séculos e em diferentes culturas. A autora ressalta que no século IV a.C, Sócrates inaugura um paradigma a partir do qual buscar ser feliz seria uma tarefa de responsabilidade do indivíduo, debatendo sobre a felicidade e pregando que a filosofia seria o caminho que conduziria a essa condição. Aristóteles, assinala a autora, continua a investigação de Sócrates, concluindo que todos os outros objetivos perseguidos pela humanidade, como a beleza, riqueza, saúde e o poder, eram meios de se atingir a felicidade, sendo esta última a única virtude buscada como um bem por si mesma. Com o advento do Iluminismo, a concepção de mundo no Ocidente começa a girar em torno da crença de que todo ser humano tem o direito de atingir a felicidade. “Na mesma linha, o ideário da Revolução Francesa estabelece que o objetivo da sociedade deve ser a obtenção da felicidade de seus cidadãos (Csikszentmihalyi, 1990; McMahon, 2006 apud FERRAZ, 2007, p.235)”. Segundo Lunt (2004 apud FERRAZ, 2007), a felicidade é considerada um valor tão precioso e indiscutível na atualidade que, como um exemplo emblemático, podemos citar a Declaração de Independência dos EUA, que registra que “todo homem tem o direito Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br inalienável à vida, à liberdade e à busca da felicidade”. Ekman (1992 apud FERRAZ, 2007) afirma que a felicidade é uma emoção básica. E que diversos estados e experiências podem produzir felicidade, como o amor, a alegria, a saúde, a saciedade, o prazer sexual, o contentamento, a segurança e a serenidade. Segundo os autores, emoções como tristeza, medo, raiva e nojo, além de estados afetivos como ansiedade, angústia, dor e sofrimento, costumam diminuir a felicidade. Cloninger (2004 apud FERRAZ, 2007) considera que “felicidade” é a expressão que traduz a compreensão coerente e lúcida do mundo, de acordo com o autor, a felicidade autêntica requer uma maneira coerente de viver, e ara tanto, isso incluiria todos os processos humanos que regulam os aspectos sexuais, materiais, emocionais, intelectuais e espirituais da vida. Cloninger afirma que tais aspectos podem ser adaptativos ou não, a depender do grau de consciência que as pessoas têm de seus objetivos e valores. Afirma, ainda, que o grau de coerência dos pensamentos e relacionamentos humanos pode ser medido em termos de quanto estes seriam capazes de conduzir à harmonia e à felicidade CLONINGER, 2004 apud FERRAZ, 2007. P.236). Segundo Carvalho et al. (2014), referir o que significa a felicidade implica revelar a própria visão da vida. E Boiron (2001 apud CARVALHO et al., 2014) descreve a felicidade em 6 alíneas: 1) é um estado fisiopsicológico que caracteriza o bom funcionamento do organismo; 2) é acessível a todos os seres humanos; 3) é independente do prazer ou do sofrimento; 4) leva a uma realização pessoal; 5) a procura da felicidade é uma dever ético, e ; 6) tudo isto depende daquilo em que o sujeito acredita ser a sua felicidade. A teoria da Felicidade Autêntica de Seligman (2004) sustenta que a felicidade possui três dimensões: emoções positivas, engajamento e significado com a vida. Emoções positivas, de acordo com o autor, significa vivenciar uma vida agradável, remete à existência de emoções positivas no passado, presente e futuro. Emoções positivas sentidas no passado incluem no sujeito uma satisfação e sentimentos de serenidade. No presente inclui prazeres somáticos momentâneos e prazeres mais complexos que incluem outras aprendizagens e, no futuro, sentimento de otimismo, esperança e fé. A segunda dimensão, segundo o autor, significa um envolvimento com a vida, Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br englobando o desenvolvimento das capacidades humanas, como um meio para atingir os objetivos que o sujeito idealiza como sendo importantes para si. Valores morais, liderança, bondade, integridade, originalidade, sabedoria, capacidade para amar e ser amado são alguns dos exemplos de competências que podem ser desenvolvidos nos sujeitos (Seligman, 2004 apud CARVALHO et al. 2014). A terceira dimensão trata da existência de uma vida com significado, que pode ser expressa por emoções positivas, incluindo traços de personalidade positivos de orientação na vida. (Seligman, 2004 apud CARVALHO et al. 2014). Após reformular sua teoria original da Felicidade Autêntica, Seligman (2011) substitui o termo felicidade pelo constructo de bem-estar, acrescentando cinco elementos essenciais, que são: emoções positivas, que seriam expressas por estados de felicidade e pela satisfação com a vida, o engajamento ou envolvimento, significado, realização pessoal e relações interpessoais positivas. Desta forma o indivíduo seria capaz de florescer e atingir o máximo de bem-estar (Huppert & So, 2009; 2013). Para Seligman (2011) felicidade é um constructo. Portanto, a classificação do conceito de felicidade propõe um conjunto de elementos que cada ser humano necessita ter presente em sua vida, e que são essenciais para alcançar o bem-estar (DURAYAPPAH, 2010 apud FERRAZ). Obstáculos ao aumento do nível de felicidade Seligman (2004) afirma que um dos obstáculos ao aumento do nível de felicidade é a “rotina hedonista”, que faz com que as pessoas se adaptem rapidamente e de forma inevitável às coisas boas, vendo-as como naturais. O autor observa que com o acúmulo de bens materiais e de realizações, as expectativas aumentam. Desta forma, os feitos conquistados tão arduamente não trazem mais felicidade, levando o sujeito a desejar alcançar algo ainda melhor, para elevar a felicidade até os níveis mais altos dos limites estabelecidos. Seligman observa, no entanto, que o indivíduo também vai se adaptando aos novos bens materiais ou realizações. De acordo com Seligman (2004), estudos demonstraram que coisas boas e realizações importantes têm o poder de aumentar a felicidade apenas temporariamente. O autor argumenta que se não fosse assim, pessoas que têm mais coisas boas na vida seriam, em geral, muito mais felizes do que as que têm menos. Mas as menos afortunadas, sugere o autor, são, de modo geral, tão felizes quanto as mais afortunadas. Seligman observa ainda 6 pontos importantes sobre felicidade e sua relação com o bem-estar: 1. Em menos de três meses, eventos importantes, como uma demissão ou uma promoção, podem perder o impacto sobre os níveis de felicidade. 2. De acordo com o ator, a riqueza, que certamente traz com ela bens materiais, tem Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br uma correlação surpreendentemente baixacom o nível de felicidade. Os ricos são, em média, apenas ligeiramente mais felizes que os pobres. 3. Estudo de Séligman (2004) apontam que os salários aumentaram bastante nas nações prósperas nos últimos 50 anos, mas o nível de satisfação com a vida manteve-se o mesmo nos Estados Unidos e na maioria dos outros países ricos. 4. Mudanças recentes no salário do indivíduo são motivo de satisfação no trabalho, mas os níveis médios de salário, não, sustenta o autor. 5. A beleza física, que, como a riqueza, traz com ela uma série de vantagens, não teria muito efeito sobre a felicidade, afirma Seligman. 6. E ainda segundo o autor, a saúde física, talvez o mais valioso de todos os recursos, tem pouquíssima relação com a felicidade. Referências: Boiron, C. (2001). Le Ragioni Della Felicitá. Milano: Franco Angeli. CARVALHO, Vanda Susana Torais de et al. A felicidade e o coping pró-ativo: estudo exploratório em homens e mulheres. 2014. Cloninger, C.R. - Feeling good: the science of well-being. Oxford University Press, New York, 2004. Csikszentmihalyi, M. - Flow: the psychology of optimal experience. HarperCollins Publishers, New York, 1990. Diener E. (2000). Subjective Well-Being: The Science of Happiness and a Proposal for a National Index. American Psychologist, 55, 34–43. Durayappah, A. (2010). 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Em abril de 2012, houve a primeira Reunião de Alto Nível da ONU sobre a "Felicidade e Bem-Estar: Definindo um Novo Paradigma Econômico". A reunião foi presidida por Jigme Thinley, primeiro-ministro do Butão, o primeiro e único país que até então havia adotado oficialmente a felicidade interna bruta, ao invés do produto interno bruto, como seu principal indicador de desenvolvimento. O Relatório Mundial da Felicidade ( World Happiness Report) é uma medição da felicidade publicado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, na sigla em inglês). 4 O primeiro Relatório Mundial da Felicidade foi lançado em 1 de abril de 2012 como material base para a reunião. Ele chamou a atenção internacional por ser a primeira pesquisa sobre a felicidade global. O relatório descrevia o estado de felicidade mundial, as causas da felicidade e da miséria, e as implicações políticas destacadas por estudos de caso. Em setembro de 2013, o segundo relatório apresentou a primeira continuação anual e, desde então, os relatórios passaram a ser emitidos todos os anos. A pesquisa utiliza dados do Gallup World Poll. Cada relatório anual está disponível para o público no site World Happiness Report. 5 Nos relatórios, principais especialistas de várias áreas, como economia, psicologia, análise de pesquisa, estatísticas nacionais, entre outros. Descrevem como as medições de bem-estar podem ser efetivamente usadas para avaliar o progresso das nações. Cada relatório está organizado por capítulos, que se aprofundam nas questões relacionadas à felicidade, incluindo doenças mentais, benefícios objetivos da felicidade, a importância da ética, implicações políticas e as ligações com a abordagem da OECD para mensurar o bem-estar subjetivo e o Índice de Desenvolvimento Humano. ANTECEDENTES 6 7 O mundo mudou muito desde a publicação do primeiro Relatório Mundial da Felicidade em 2012. Constatou-se um aumento notável da consideração da felicidade como uma medida adequada do progresso social e um objetivo das políticas públicas. Um número rapidamente crescente de governos nacionais e locais está a utilizar a informação e a investigação sobre a felicidade na definição de políticas que permitam às pessoas ter uma vida melhor. Os governos estão a medir o bem-estar subjetivo e a utilizar a pesquisa sobre o bem-estar para orientar o design de espaços públicos e a prestação de serviços públicos. Aproveitamento da informação e da investigação sobre a felicidade para melhorar o desenvolvimento sustentável 8 9 O ano de 2015 representa um ponto de viragem para a humanidade, com a adoção no próximo mês de setembro pelos Estados-membros da ONU de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que ajudem a conduzir a comunidade mundial para um padrão de desenvolvimento global mais inclusivo e sustentável. É muito provável que os conceitos de felicidade e bem-estar ajudem a orientar o progresso para um desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável é um conceito normativo, que requer que todas as sociedades equilibrem os seus objetivos económicos, sociais e ambientais. 1 0 Quando os países procuram o crescimento do PIB de forma desproporcionada, atropelando os objetivos sociais e ambientais, os resultados têm frequentemente impactos negativos no bem-estar humano. Os ODS foram pensados para ajudar os países a atingir os seus objetivos económicos, sociais e ambientais de forma harmoniosa, levando-os portanto a proporcionar níveis mais elevados de bem-estar para as gerações presentes e futuras. 1 1 Os ODS incluirão metas, objetivos e indicadores quantitativos. A Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável, nas suas recomendações relativas à seleção de indicadores de ODS, recomendou vivamente a inclusão de indicadores de Bem-estar Subjetivo e de Atitude Positiva para ajudar a orientar e medir o progresso na consecução dos ODS. Encontramos considerável apoio de diversos governos e especialistas para a inclusão desses indicadores de felicidade nos ODS. O Relatório Mundial da Felicidade 2015 destaca uma vez mais a idoneidade da utilização da medição da felicidade para orientar a definição de políticas públicas e para ajudar a avaliar o bem-estar geral de cada sociedade. Ranking de 2016 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 71 8 1 9 2 0 2 1 World Happiness Report 2016 Updatep. 4, para. 1 cap. "2: The Distribution of World Happiness“. 2016. World Happiness Report 2016 Update. UN Sustainable Development Solutions Network; Earth Institute (University of Columbia), 2016. REFERÊNCIAS Aula 08 | Definição e medição de Florescimento (1) FLORESCIMENTO De acordo com Leite et al. (2016), as definições de florescimento presentes na literatura apontam para um estado de pleno desenvolvimento humano, caracterizado por elevada saúde mental, bem-estar e contribuição genuína. “A perspectiva do florescimento é baseada nas teorias humanísticas que abordam as exigências psicológicas, como as necessidades por competência, afinidade e autoaceitação” (MENDONÇA et al., 2014, p. 173 apud LEITE et al. 2016). Para Fredrickson e Losada 2005 (apud LEITE et al. 2016) “Florescer significa viver dentro de uma faixa ideal de funcionamento humano, que conota bondade, amadurecimento, crescimento e resiliência”. A Mental Health Foundation of New Zealand (2013) descreve o florescimento pessoal como um estado de saúde mental positiva, que permita ao indivíduo ampla experiência e significado. Dessa forma, pessoas que florescem experimentam, na maior parte do tempo, emoções positivas e funcionamento psicológico e social positivos. Isso significa, em termos filosóficos, acesso à uma vida boa e agradável, engajada e com significado. As pessoas em estado de florescimento teriam uma visão positiva de si e dos outros, com determinada predisposição a preocuparem-se mais com as demais pessoas que as rodeiam, serem menos tolerantes com a injustiça e mais promotores de instituições justas e equitativas. (MENTAL HEALTH FOUNDATION OF NEW ZEALAND, 2013 apud LEITE et al. 2016). Segundo Leite et al. (2016), estudos apontam diversos benefícios dos indivíduos que estão florescendo, como a capacidade de efetivamente aprender, trabalhar de forma produtiva, ter melhores relações sociais, mais suscetibilidade a contribuir para a sua comunidade, ter uma melhor saúde e expectativa de vida. Huppert e So (2009 apud LEITE, 2016) apresentam um conjunto de recursos básicos e um número mínimo de recursos adicionais com relação ao florescimento. Os recursos básicos incluem emoções positivas, engajamento, interesse, significado e propósito. Já os recursos adicionais são autoestima, otimismo, resiliência, vitalidade, autodeterminação e relações positivas. Já na correlação entre florescimento e trabalho, destaca-se a pesquisa de Harter, Schmidt e Keyes (2003 apud LEITE, 2016), “que afirmam que a maior parte do tempo de um adulto é passada no trabalho e que ele é parte significante da vida do ser humano, afetando sua Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br vida e bem-estar social”. De acordo com Mendonça et al. (2014 apud LEITE, 2016) o trabalho é um dos mais importantes bens na vida do ser humano e está diretamente relacionado ao florescimento. Isto se justificaria por ser o ambiente de trabalho um espaço que possibilita envolvimento com colegas, trabalho e a organização, vivência de relações sociais satisfatórias, trocas sociais favoráveis, desenvolvimento de competências, otimismo em relação ao futuro, propósito e significado na vida. Para Seligman (2004) as diferenças de gênero com relação ao florescimento são pequenas. O autor afirma que o maior florescimento estaria associado ao ensino superior e à renda. A ESCALA DE FLORESCIMENTO Diener et al. (2010 apud Becalli, 2014) apresentaram uma medida de florescimento. Trata- se de uma escala que pretende complementar as medidas existentes de bem-estar subjetivo de maneira a avaliar a prosperidade psicossocial com base nas teorias existentes acerca do bem-estar psicológico e social. Inicialmente denominada como sendo uma escala de bem- estar psicológico, teve sua nomenclatura alterada para Escala de Florescimento, de forma a revelar com maior precisão o que permite avaliar, uma vez que vai além do bem-estar psicológico, ressaltam os autores. Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br De acordo com Becalli (2014), a Escala de Florescimento (Flow Scale), desenvolvida por Diener, Wirtz, Tov, Kim-Prieto, Choi, Oishi, & Biswas-Diener (2010); versão traduzida por Baptista, 2011), foi concebida com o objetivo de avaliar a prosperidade psicossocial e complementar outras escalas de avaliação do bem-estar subjetivo, mas tendo por base o conceito de florescimento humano. De acordo com os autores, a escala consiste em uma breve autoavaliação, é composta por oito itens formulados numa direção positiva e com formato de resposta numa escala tipo Likert de 7 pontos que varia de 1 (Discordo totalmente) a 7 (Concordo fortemente). Também avalia aspetos do funcionamento humano que vão desde as relações sociais, autoestima, significado e propósito na vida, formando uma única dimensão, fornece um resultado total de bem-estar psicológico, que pode variar entre 8 (forte desacordo com todos os itens) e 56 (forte concordância com todos os itens). “A escala possui boas qualidades psicométricas demonstrando uma forte associação com outras escalas de bem-estar psicológico (Diener et al., 2010 apud BECALLI, 2014)”. Referências: BAPTISTA, A. (2011). Aprender a ser feliz: Exercícios de psicoterapia positiva. Lisboa: Pactor, 2013. Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br BECALLI, Susana Freire da Silva et al. Caminho para o florescimento: satisfação com a vida, emoções positivas e pessimismo em adultos. 2014. Diener, E., Wirtz, D., Tov, W., Kim-Prieto, C., Choi, D., Oishi, S., & Biswas-Diener, R. (2010). New well-being measures: short scales to asses flourishing and positive and negative feelings. Social Indicators Research, 97, 143-156. doi: 10.1007/s11205-009-9493-y FREDRICKSON, B. L.; LOSADA, M. F. Positive affect and the complex dynamics of Human Flourishing. American Psychological Association, v. 60. n. 7, p. 678-686, 2005. HARTER, J. K.; SCHMIDT, F. L.; KEYES, C. L. M. Wellbeing in the workplace and its relationship to business outcomes: a review of the Gallup studies. In: KEYNES, C. L. M; HAIDT, J. (Ed.). Flourishing: positive psychology and the life well-lived. Washington: American Psychological Association, 2003. p. 205-224. HUPPERT, F. A.; SO, T. T. C. What percentage of people in Europe are flourishing and what characterises them? In: OECD/ISQOLS meeting, “Measuring subjective well-being: an opportunity for NSOs?” Florence. Briefing document: Well-Being Institute, University of Cambridge. p.1-7, 2009. LEITE,Ana Maria Andreazza Araújo; BRAGA, Clara Suzana Cardoso; JÚNIOR, Celso Canholi; DE LIMA, Tereza Cristina Batista; REBOUÇAS, Silvia Maria Dias Pedro.Florescimento: saúde e bem-estar de jovens aprendizes da indústria cearense. USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Gestão & Regionalidade - Vol. 32 - Nº 95 - maio-ago/2016. Disponível em: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/view/2884 Acesso em 28 de dez 2016. MENDONÇA, H. et al. Florescimento no trabalho. In: SIQUEIRA, M. M. M. (Org.). Novas medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 172-175. MENTAL HEALTH FOUNDATION OF NEW ZEALAND. 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