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INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA POSITIVA

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Aula 01 | Uma mudança de Perspectiva na Psicologia (1)
APRESENTAÇÃO
Olá, eu sou o professor Evandro Borges, coordenador do curso de Certificação em
Psicologia Positiva Aplicada (CPPA). E gostaria de agradecê-lo(a) pela aquisição deste
curso. Seja muito bem-vindo(a)! Me causa profunda alegria saber que o interesse pela
psicologia positiva esteja aumentando consideravelmente nos últimos anos no Brasil.
Enquanto componho este curso, em dezembro de 2016, ainda são poucas as instituições de
ensino regulares que incorporaram a disciplina de Psicologia Positiva em suas grades
curriculares. O objetivo de eu ter lançado este curso é decorrente da própria proposta desta
nova ciência, propagar seus fundamentos e pesquisas pelo mundo. Este é um curso
gratuito, aberto a todos e possui carga horária de 40 horas. Ao final do curso você poderá
imprimir seu certificado automaticamente. E caso queira aprofundar seus estudos em
psicologia positiva, pode optar também por fazer o curso completo de Certificação em
Psicologia Positiva Aplicada, com carga horária de 340 horas e 10 módulos. O curso tem
duração de 6 meses e foi elaborado com base no Modelo de Florescimento do Dr. Martin
Seligman, inédito no Brasil.
Meu encontro com a psicologia positiva (PP), deu-se exatamente no momento em que eu
questionava o modelo tradicional de diagnóstico, durante o período de residência no
departamento de plantão psicológico da clínica de psicologia da universidade. Na ocasião,
me foi encaminhado um caso com "indícios" de Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) e as ferramentas diagnósticas que eu tinha disponíveis constavam
nos famosos testes psicodinâmicos e manuais de classificação de transtornos mentais. Me
preocupava o fato de cada vez mais crianças em idade escolar estarem sendo
encaminhadas para os serviços de atendimento psicológico por supostamente apresentarem
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comportamentos "anormais" em casa ou na escola. E imediatamente me propus a
pesquisar sobre novas abordagens que me levassem a uma compreensão mais ampla de
"saúde mental", ao invés do modelo tradicional de "doença mental". Foi um longo desafio,
eu confesso, mas minha concepção de psicologia nunca mais foi a mesma. Dediquei os
últimos quatro anos ao estudo da psicologia positiva e tive a oportunidade de acompanhar
de perto as recentes pesquisas e avanços científicos. Especializei-me em Psicologia
Positiva pelo CAPP, programa criado com base no modelo do Master of Applied Positive
Psychology, do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia. E gostaria de
agradecer profundamente aos disseminadores da psicologia positiva no Brasil, América
Latina, América do Norte e demais partes do mundo, em especial, ao núcleo da
Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), a Associação Brasileira
de Psicologia Positiva (ABPP), ao Dr. Cláudio Simon Hutz, coordenador do Curso de
Especialização em Psicologia Positiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), ao professor de Psicologia Positiva do MBA Executivo em Desenvolvimento
do Potencial Humano na Franklin Covey Business School, Helder Kamei, ao núcleo de
pesquisa do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, EUA, aos
Doutores Martin Seligman, ex-presidente da Associação Americana de Psicologia (APA),
e Chris Peterson, fundadores do VIA Instituto do Caráter, pioneiros nos estudos da
psicologia positiva no mundo. Ao Dr. Tal Ben-Shahar, coordenador do Curso de
Psicologia Positiva da Universidade de Harvard, EUA, ao Dr. Tayyab Rashid, pesquisador
em psicologia positiva na Universidade de Toronto Scarborough, Canadá, ao Dr. Mihaly
Csikszentmihalyi, professor da Universidade de Pós-Graduação Claremont e um dos
principais pesquisadores em psicologia positiva no mundo. E a todos os fomentadores,
pesquisadores, profissionais, professores, mestres, doutores, investidores, admiradores,
praticantes e simpatizantes da psicologia positiva.
Seligman (2011) discorre sobre sua concepção original da psicologia positiva, onde afirma
que achava que o tema da psicologia positiva deveria ser a felicidade, que o principal
critério para a mensuração da felicidade seria a satisfação com a vida e que o objetivo da
psicologia positiva era aumentar essa satisfação com a vida. O autor reavalia tais
concepções e então chega a conclusão de que atualmente o tema central da psicologia
positiva deva estar focado no bem-estar, que o principal critério para a mensuração do bem-
estar é o florescimento, e que o objetivo da psicologia positiva é aumentar esse
florescimento. A psicologia Positiva é, portanto, uma mudança de perspectiva do modelo
tradicional de psicologia. Ela nasce de uma necessidade de se investigar as origens da
saúde, ao invés de buscar o que há de "doente" nas pessoas (SELIGMAN, 2004). Mudança
de perspectiva, me refiro a uma perspectiva angular, a forma como a enxergamos, uma
nova postura frente ao modelo tradicional. Esse é um desafio.
 
Um exemplo prático explica bem essa perspectiva: Se um paciente é diagnosticado com
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depressão, é bem provável que durante o processo psicoterapêutico o foco principal seja
investigar a origem de sua depressão e, consequentemente, promover uma intervenção
com o objetivo de aliviar os sintomas. Obviamente, havemos de considerar que a
depressão pode ser proveniente de inúmeros fatores clínicos. Então, em uma escala de 1 a
10, onde 1 representa pouco depressivo e 10 muito depressivo, o foco da intervenção tende
a regredir de 10 para 1. A Escala de Depressão de Beck (1988), onde avalia-se os graus de
depressão de um indivíduo por sintomas como tristeza, insatisfação, pessimismo, senso se
fracasso, culpa, etc, possibilitou uma verdadeira revolução no disgnóstico de depressão,
mas há uma pergunta a se fazer, especialmente no que diz respeito às escalas e inventários
diagnósticos. Seria a depressão apenas uma consequência da presença de aspectos
negativos na vida do indivíduo, ou seria também decorrente da ausência de aspectos
positivos? Portanto, pergunto-me se não poderíamos tratar determinados casos de
depressão promovendo mudanças de comportamento que introduzissem tais aspectos
positivos ausentes, ao invés de somente tentar amenizar aspectos negativos presentes.
Aqui o foco seria a potencialização do que ainda há de saudável no indivíduo, explorando
suas forças pessoas, ao passo que a outra alternativa seria a de minimizar o que há de
"doente".
 
COMO SURGIU A PSICOLOGIA POSITIVA?
Para Hutz (2014) essa é uma questão controversa e que tem gerado bastante polêmica. No
ano 2000, Seligman e Csikszentmihalyi publicaram um artigo intitulado “Positive
Psychology: an introdution”, na American Psychologist, onde afirmaram que desde a
Segunda Guerra Mundial o foco da psicologia teria sido curar e reparar danos. Esse foco,
quase exclusivamente curativo, ressaltam os autores, fez com que se olhasse pouco para os
aspectos positivos que também são parte do sujeito e das comunidades. Tais aspectos
teriam então sido negligenciados por um longo período, tornando a visão da psicologia
incompleta. Com base em tais argumentos, os autores propuseram que o objetivo da
psicologia positiva é promover um ajuste no foco da psicologia para que aspectos
saudáveis também recebam atenção. "Dessa maneira, percebe-se que tanto a psicologia
voltada à cura e à reparação do que precisa ser mais bem ajustado quanto a psicologia que
se volta ao estudo das qualidades e das características positivas do ser humano são
aspectos importantes e merecem atenção (HUTZ, 2014, p.13).
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"Desde 11 de setembro de 2001,tenho pensado na importância da Psicologia Positiva. Em
tempos intranquilos, a compreensão e o alívio do sofrimento impedem a compreensão e a
construção da felicidade? Acredito que não. Pessoas sem recursos, deprimidas ou com
impulsos suicidas têm preocupações que vão muito além do alívio de seu sofrimento.
Essas pessoas se preocupam — muitas vezes desesperadamente — com virtude, propósito,
integridade e significado. As experiências que induzem emoções positivas fazem as
emoções negativas se dissiparem rapidamente. As forças e virtudes, como veremos,
funcionam como um para-choque contra a infelicidade e as desordens psicológicas, e
podem ser a chave da resistência. Os melhores terapeutas não curam simplesmente os
sintomas; eles ajudam a construir forças e virtudes. [...] A Psicologia Positiva leva a sério
a esperança de que, caso você se veja preso no estacionamento da vida, com prazeres
poucos e efêmeros, raras gratificações e nenhum significado, existe uma saída. Esta saída
passa pelos campos do prazer e da gratificação, segue pelos planaltos da força e da virtude
e, finalmente, alcança os picos da realização duradoura: significado e propósito
(SELIGMAN, 2004, p.14).
 
PSICOLOGIA POSITIVA VS PSICOLOGIA HUMANISTA 
Rich (2001 apud HUTZ, 2014) afirma que Carl Rogers e Abraham Maslow já trabalhavam
com tópicos bastante próximos aos discutidos pela psicologia positiva, e defende que a
psicologia positiva tem suas raízes na psicologia humanista. Assim, a psicologia positiva
não seria um novo movimento, mas o florescimento de algo já iniciado muitos anos antes.
Mas apesar de existirem diversas semelhanças e conexões entre a psicologia humanista e a
psicologia positiva, estas seriam, segundo Rich, aparentemente negligenciadas, havendo
poucas referências humanistas nos artigos de psicologia positiva. O fato a ser levado em
consideração é que há semelhanças nas mudança de perspectivas de ambas as vertentes,
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tanto positiva quanto humanista. Abaixo, segue uma palestra do Dr. Martin Seligman no
TED 2004.
Vídeo de apoio: Martin Seligman fala sobre a Psicologia Positiva. TED2004 · 23:42 · Filmado em Fev
2004. 
Referências:
 BECK, A.T.; Steer, R.A. & Garbin, M.G. – Psychometric Properties of the Beck
Depression Inventory: Twenty-Five Years of Evaluation. Clinical Psychology Review
8:77-100,1988.
HUTZ, C. S. (Org.). Avaliação em psicologia positiva. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a
realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da
felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
 
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OS 5 PILARES DA PSICOLOGIA 
POSITIVA - PERMA 
Módulo 1 | Introdução – Emoções Positivas 
Aula 03 | Os 5 Pilares da Psicologia Positiva - PERMA 
1
 
O MODELO PERMA 
2
 
3
 
O Modelo PERMA foi desenvolvido pelo psicólogo americano Martin 
Seligman e publicado em seu livro “Florescer – Uma nova 
compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar (Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2011)”. Conhecida como Teoria do Bem-Estar, 
"PERMA" representa os cinco elementos essenciais que devem estar 
presentes para que seja possível adquirir experiências de um bem-estar 
efetivo e duradouro. 
 
 
• P Positive Emotions - Emoções positivas 
• E Engagement (or flow) – Engajamento, Fluidez 
• R Relationships - Relacionamentos Sociais Positivos 
• M Meaning (and purpose) - Sentido no viver 
• A Accomplishment - Realização, Persistência, Metas. 
 
 
4
 
5
 
Emoções Positivas 
6
 
1. Emoções Positivas (P) 
 
Experimentar o bem-estar e a felicidade na 
vida, em geral, envolve a existência de uma 
emoção positiva. Uma ampla gama de 
emoções positivas se relacionam com o bem-
estar, como paz, gratidão, satisfação, prazer, 
inspiração, esperança, curiosidade ou amor. 
 
7
 
Engajamento 
8
 
2. Engajamento ou Fluidez (E) 
 
Quando estamos verdadeiramente 
empenhados em uma situação, projeto ou 
atividade, nós experimentamos um estado de 
fluidez: o tempo parece parar, esquecemos os 
problemas comuns, nos concentramos 
intensamente no presente. Quanto mais 
experimentamos este tipo de concentração, 
mais provável é que a experiência bem-estar 
aumente. 
9
 
Relacionamentos 
1
0
 
3. Relacionamentos (R) 
 
Como seres humanos, somos "seres sociais", 
e dentro deste contexto, os relacionamentos 
positivos são fundamentais para o nosso bem-
estar. Muitas pesquisas já demonstraram, as 
pessoas com mais relacionamentos 
significativos e positivos são mais felizes que 
as demais. Os Relacionamentos realmente 
importam! 
1
1
 
Sentido 
1
2
 
4. Sentido ou significado de viver (M) 
 
O sentido no viver, geralmente vem de servir 
a uma causa maior que nós mesmos. O 
encontro de um sentido para o que fazemos 
pode vir de uma crença, uma religião, uma 
causa humanidade ou algum objetivo 
significativo. Qualquer pessoa se beneficia ao 
encontrar significado e sentido em suas vidas, 
isso se correlaciona com o bem-estar, a 
felicidade e o florescimento. 
 
1
3
 
Realização 
1
4
 
5. Realização (M) 
 
Muitos de nós dedicamos esforços para 
melhorar a nós mesmos de alguma forma, 
seja procurando dominar uma habilidade ou 
alcançar um objetivo significativo. Como tal, 
a realização é uma outra coisa importante e 
contribui para nosso bem-estar e nossa 
capacidade de florescer. 
 
1
5
 
Munhoz, Fábio. Introdução à Psicologia Positiva. Centro de Estudos 
em Terapia Cognitivo-Comportamental, 2016. 
 
Seligman, M. E. P. Florescer - uma nova e visionária interpretação 
da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. 
 
Seligman, M. E. P. Felicidade Autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2004. 
 
Seligman, M. E. P. & Csikszentmihalyi, M. (2001). Positive 
psychology: an introduction. American Psychologist, 55(1), 5-14, 
2001. 
 
 
REFERÊNCIAS 
Aula 04 | Emoções Positivas
Estudos de Silvestre e Vandenberghe (2013) constataram que tradicionalmente a
psicologia clínica se interessou mais pelas emoções negativas do que pelas positivas. Os
autores ressaltam que no trabalho com pessoas que enfrentam, às vezes, um sofrimento
profundo, esse viés faz sentido. Porém, os mesmos identificaram que trabalhos recentes
têm chamado a atenção para o papel das emoções positivas no processo psicoterapêutico
(Fizpatrick e Stalikas, 2008; Dick-Niederhauser, 2009; Hayes et al., 2011; Vandenberghe e
Silvestre, 2013).
 Os autores advertem, porém, que é interessante observar que todos se referem a uma base
de dados de pesquisa experimental, em parte já antiga. Trata-se, segundo eles, de uma
tradição de trabalhos experimentais acerca dos benefícios das emoções positivas que foi
iniciada por Alice Isen e continuada sob a liderança de Barbara Frederickson, que até
recentemente continuou despercebida ou desconsiderada pelos autores clínicos
(SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013).
De acordo com os autores, dados provenientes desses experimentos são usados como
evidência empírica para sustentar que emoções positivas desempenham um papel central
no processo terapêutico. Hayes et al. (2011 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE,
2013) apontam que o relacionamento terapêutico pode ser curativo por promover emoções
positivas no cliente, as quais, porsua vez, favorecem o desenvolvimento de recursos
pessoais que ajudarão o cliente a superar seus problemas.
Estudos de Fizpatrick e Stalikas (2008) e Dick-Niederhauser (2009) discutem ainda
dinâmicas comuns em diferentes tratamentos psicológicos. De acordo com os autores, o
papel do psicoterapeuta seria o de promover experiências nos seus clientes que provoquem
emoções positivas. As vivências positivas dos clientes em terapia, por consequência,
passariam a promover novos comportamentos e a construção de novos recursos pessoais,
que por sua vez, conduziriam a novas vivências positivas, e assim por diante. As
mudanças comportamentais podem dar origem à construção de novas redes de apoio e a
habilidades sociais, que continuam à disposição da pessoa muito tempo depois de ter
cessado a emoção positiva que promoveu a mudança (SILVESTRE e VANDENBERGHE,
2013).
Vandenberghe e Silvestre (2013) discutem como emoções positivas do terapeuta podem
influenciar no processo terapêutico. Podem promover mais atenção e criatividade na
atuação do terapeuta e contribuir para o desenvolvimento de habilidades clínicas, além de
contribuir para o conteúdo da sessão. A compreensão do cliente na sua complexidade,
como também o desenvolvimento de uma sensação de 'nós' (o terapeuta e o cliente como
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uma equipe unida com objetivos e tarefas compartilhados) pode ser promovida pelas
emoções positivas que o terapeuta sente no seu trabalho com o cliente. Por outro lado,
terapeutas relatam que as vivências positivas contribuem para o desenvolvimento de novos
recursos pessoais e profissionais, incluindo a expansão do repertório de técnicas
terapêuticas, melhor regulação das emoções e um melhor sentimento de conexão com o
cliente.
MODELO DA EMOÇÃO
De acordo com Gross (2008), o modelo típico de emoção utilizado pela psicologia positiva
pressupõe que uma emoção é evocada por uma situação que exige atenção, tem um
significado particular para a pessoa e desencadeia um conjunto de respostas que se
encontram programadas em redes neurais ou armazenadas em esquemas mentais. Sendo
assim, a emoção é vista como um programa engatilhado por um evento em que
informações passam por um processamento automático. Um exemplo de modelo típico é o
modelo cognitivo de Leventhal, amplamente utilizado durante as últimas décadas do
século XX, sendo representativo de uma tendência geral na literatura empírica sobre
emoções (SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013).
No modelo de Leventhal (1982), um esquema emocional é uma estrutura da memória que
organiza e guia o processamento de novas informações e a recuperação das informações já
armazenadas durante vivências anteriores. O modelo contém três diferentes níveis de
processamento de informação. São eles: (I) imagens e sequências que fizeram parte de
vivências de uma emoção; (II) comportamentos expressivos e padrões de resposta
autônomos que caracterizam essa emoção; e (III) regras conceituais e proposições sobre
como se deve reagir nas situações que evocam essa emoção. A vivência de uma emoção é
entendida como o efeito da ativação de tal esquema por informação subjetivamente
relevante em função das necessidades, dos objetivos e das suposições da pessoa.
Gross (2008) critica o modelo cognitivo de Leventhal por apresentar a emoção como um
processo retilíneo e mecânico. O autor afirma que a vivência emocional é muito mais
flexível e sujeita à intencionalidade. Envolve sistemas de resposta coordenados e
maleáveis. A pessoa que está sentindo a emoção não é passiva. Ela direciona e maneja a
emoção através de cinco famílias de regulação emocional, seriam elas: (I) seleção da
situação: a pessoa procura entrar em situações (e evitar outras) que forneçam certa
emoção; (II) modificação da situação: o indivíduo muda a situação que evoca a emoção;
(III) distribuição estratégica da atenção: consiste em mudar o foco para alterar o impacto
emocional da situação; (IV) mudança cognitiva: elaborar o significado da situação de
modo que a vivência emocional seja alterada; e (V) modulação da resposta: o indivíduo
reage de maneira diferente a uma emoção, resultando em uma vivência diferente. Ainda de
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acordo com Silvestre e Vandenberghe (2013), as estratégias de regulação descritas por
Gross deixam a emoção como algo interativo e moldável.
 
Emoção versus Ação
Frederickson (1998 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013) tentou identificar as
tendências de ação de cada emoção positiva. Frederickson apontou que o interesse
promove exploração e envolvimento. O contentamento inclui uma tendência para integrar
vivências. O amor, por sua vez, amplia os repertórios de curtir e interagir. A alegria inclui
a tendência de participar em atividades físicas, sociais ou intelectuais. Os autores
perceberam que as tendências de ação ligadas a cada emoção positiva são amplas e
difusas, enquanto as ligadas às emoções negativas são específicas. A falta de
especificidade dos efeitos pode ofuscar as funções adaptativas que as emoções positivas
possuem.
Frederickson e Levenson (1998) investigaram o uso de emoções positivas
experimentalmente. Em um destes experimentos, participantes assistiram a imagens que
induziram ao medo, o que foi corroborado pelo relato deles e pela constatação de uma
ativação cardiovascular intensa. Em seguida foram dispostos aleatoriamente em quatro
grupos para assistir a um de quatro filmes que evocavam: contentamento, diversão, tristeza
e um era neutro. Comparando os grupos, pôde-se notar que os que viram os filmes
positivos apresentaram uma retomada significativamente mais rápida dos níveis prévios de
atividade cardiovascular. No segundo estudo, os participantes foram expostos a um filme
eliciador de tristeza. A maioria deles sorriu espontaneamente, pelo menos uma vez,
enquanto assistia a esse filme. Quem sorriu apresentou recuperação mais rápida dos níveis
prévios de ativação fisiológica. Esses resultados apontam que emoções positivas
combatem efeitos tóxicos de emoções negativas ao restaurar o equilíbrio do organismo
(SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013).
Frederickson et al. (2000 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013) verificaram que
o efeito descrito acima é resultado da positividade e não da eliminação do estressor.
Primeiro, obtiveram, por indução de ansiedade, uma resposta cardiovascular de estresse.
Em seguida, uma parte dos participantes assistiu a filmes que suscitaram emoções brandas
de contentamento, divertimento, ou tristeza; e outra parte, a um filme emocionalmente
neutro. Outros participantes receberam, depois da indução da resposta de estresse,
instruções para relaxar e esvaziar a mente de todos os pensamentos, sentimentos e
memórias. De acordo com os autores, a indução das emoções positivas brandas acelerou o
retorno para o estado fisiológico de repouso, enquanto o relaxamento e os filmes neutro ou
triste não tiveram esse efeito. Posteriormente, os participantes que viram os filmes que
evocaram emoções positivas mostraram capacidade de atenção significativamente
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ampliada num teste de processamento de informação visual. Esse efeito foi confirmado
numa replicação por Frederickson e Branigan (2005).
Segundo Frederickson e Branigan (2005), emoções positivas ajudam a pessoa a dar um
passo atrás e a considerar os problemas em diferentes perspectivas. Os autores avaliaram
que elas podem, com mais facilidade, ver o contexto maior. Assim podem visualizar mais
possibilidades, o que aumenta a tendência de construção abstrata (por exemplo, focando o
aspecto "por que" de um ato, em vez do aspecto mais concreto "como"). Também ajuda a
investir a pôr em prática objetivos quea pessoa construiu numa forma abstrata (Labroo e
Patrick, 2009 apud SILVESTRE e VANDENBERGHE, 2013).
 
Vídeo de apoio: Emoções Positivas - Drª Barbara L. Fredrickson. Publicado em 11 de abr de 2015. Fonte:
YouTube
 
A consolidação dos efeitos das emoções em longo prazo
De acordo com pesquisas de Frederickson (2001 apud SILVESTRE e
VANDENBERGHE, 2013), as emoções positivas promovem o engajamento em atividades
com outras pessoas, a exploração de novos assuntos e aprofundam relações interpessoais.
Desta forma, a pessoa acumula novas aprendizagens e constrói redes sociais. Estes
recursos, observam os autores, ajudarão a superar momentos difíceis e a crescer no futuro.
Desse modo, as emoções positivas contribuem para a construção da resiliência. A
consolidação das mudanças em longo prazo é considerada o efeito de um movimento em
espiral. Frederickson cogita, por exemplo, que as emoções positivas ajudam indivíduos a
entrar em espirais positivos, envolvendo relações causais recíprocas entre as emoções
positivas de um lado e a ampliação de repertórios do outro.
 
Referências: 
 
DICK-NIEDERHAUSER, A. 2009. Therapeutic change and the experience of joy: Toward a
theory of curative processes. Journal of Psychotherapy Integration, 19:187-211.
FIZPATRICK, M.R.; STALIKAS, A. 2008. Positive emotions as generators of therapeutic
change. Journal of Psychotherapy Integration, 18:137-154.
FREDERICKSON, B.L. 1998. What good are positive emotions? Review of General
Apostila - Certificação em Psicologia Positiva | EAD - Positiva Psicologia Online www.positivapsicologia.com.br
Psychology, 2:300-319.
FREDERICKSON, B.L. 2001. The role of positive emotions in positive psychology. The broaden-
and-build theory of positive emotions. American Psychologist, 56:218-226.
FREDERICKSON, B.L.; BRANIGAN, C. 2005. Positive emotions broaden the scope of attention
and thought-action repertoires. Cognition and emotion, 19:313-332.
FREDERICKSON, B.L.; LEVENSON, R.W. 1998. Positive emotions speed recovery from the
cardiovascular sequelae of negative emotions. Cognition and emotion, 12:191-220.
FREDERICKSON, B.L.; MANCUSO, R.A.; BRANIGAN, C.; TUGADE, M.M. 2000. The undoing
effect of positive emotions. Motivation and Emotion, 24:1-22.
GROSS, J.J. 2008. Emotion regulation. In: M. LEWIS; J.M. HAVILAND-JONES; L.F. BARRETT
(orgs.), Handbook of emotions. New York, Guilford, p. 497-512.
HAYES, S.C.; VILLATTE, M.; LEVIN, M.; HILDEBRANDT, M. 2011. Open, aware and active:
Contextual approaches as an emerging trend in the behavioral and cognitive therapies. Annual
Review of Clinical Psychology, 7:141-168.
LABROO, A.A.; PATRICK, V.M. 2009. Psychological distancing: Why happiness helps you see
the big picture. Journal of Consumer Research, 35:800-809.
LEVENTHAL, H. 1982. The integration of emotion and cognition. In: M.S. CLARK.; T.S. FISKE
(orgs.), Affect and Cognition. Hillsdale, Erlbaum, p. 253-276.
SILVESTRE, Rafaela Luiza Silva; VANDENBERGHE, Luc. Os benefícios das emoções
positivas. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 6, n. 1, p. 50-57, jun. 2013 .
VANDENBERGHE, L.; SILVESTRE, R.L.S. 2013.Therapists' positive emotions in-session: Why
they happen and what they are good for. Counselling and Psychotherapy Research,
13:257-266.
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
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Aula 05 | Autoconsciência, Autocompaixão e Autocuidado
AUTOCONSCIÊNCIA
Segundo Goleman (2001 apud CONSTANTINO, 2010), a recomendação do filosofo
Sócrates “conhece-te a ti mesmo”, é um importante conceito da inteligência emocional,
que é a consciência de nossos sentimentos no momento exato que eles ocorrem. Esse
processo, afirma o autor, é denominado de autoconsciência, pois é a permanente atenção
ao que estamos sentindo internamente, numa atitude auto-reflexiva, que a mente observa e
investiga o que está vivenciando, incluindo as emoções. Para Goleman a diferença entre
estar arrebatado por um sentimento e ter a consciência de estar sendo arrebatado pelo
mesmo, é a diferença entre apenas viver as emoções ou tomar consciência das mesmas.
Por isso, assinala Constantino (2010), a importância de tomar consciência das emoções
quando elas ocorrem. Autoconsciência seria, portanto, "a atenção permanente ao que
estamos sentindo internamente".
"Sendo auto-reflexiva, a mente observa e investiga o que está sendo vivenciado, incluindo
as emoções. Essa autoconsciência pareceria exigir um Neocórtex ativado, sobretudo as
áreas da linguagem, sintonizado para identificar e nomear as emoções despertadas. A
autoconsciência não é uma atenção que se deixa levar pelas emoções, reagindo com
exagero e amplificando o que se percebe. Ao contrário, é um modo neutro, que mantém a
auto-reflexividade mesmo em meio a emoções turbulentas (GOLEMAN, 2001 apud
CONSTANTINO, 2010)".
Goleman (2001 apud CONSTANTINO, 2010) observa ainda que os indivíduos tendem a
adotar estilos para acompanharem e lidarem com suas emoções:
· "Autoconscientes: que são conscientes de seu estado de humor tem clareza das suas
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emoções, e essa consciência administra suas emoções, são autônomas, conscientes de seus
próprios limites, gozam de boa saúde psicológica e tendem ter uma perspectiva positiva
sobre a vida."
·"Mergulhadas: são pessoas imersas em suas emoções e incapazes de fugir das emoções e
estados de humor, como se fossem controladas por elas, instáveis, sem consciência dos
próprios sentimentos de modo que se perdem neles, sem controle emocional."
· "Resignadas: são pessoas que vêem o estado de humor e suas emoções mais sem a
intenção de modificá-las. Dessa forma, a autoconsciência emocional é à base deste aspecto
da inteligência emocional: ser capaz de estar atento às emoções e estados de humor, e ser
capaz de dissipar as emoções perturbadoras e humores negativos."
Para Weisinger (2001 apud CONSTANTINO, 2010, "autoconsciência é o monitorar-se e
observar-se em ação. Mas pressupõe um conhecimento prévio de si. Compreender o que o
faz agir como age, o que importante pra si, a maneira de experimentar as coisas, o que
quer como se sente e se dirige aos outro". Portanto, assinalam os autores, esse
conhecimento subjetivo a respeito da natureza de sua personalidade não apenas orienta sua
conduta, mas fornece subsídios sólidos para que possamos fazer escolhas melhores.
"Autoconhecimento ou autopercepção é o primeiro componente da inteligência emocional.
Constitui-se de uma profunda percepção das próprias emoções, pontos fortes e fracos,
necessidades e impulsos. As pessoas com alto nível de autoconhecimento não mostram
excessivamente criticas nem têm expectativas irreais. São, em vez disso, francas consigo
mesmas e com os outros. Quem possui elevado nível de autoconhecimento sabe o efeito
que seus sentimentos têm sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre seu trabalho
(GOLEMAN, 1999, p. 69)".
A percepção das emoções, segundo Primi (2006 apud CONSTANTINO, 2010), abrangeria
desde a capacidade de identificar emoções em si, em outras pessoas e em objetos ou
condições físicas, até a capacidade de expressar essas emoções e as necessidades a elas
relacionadas, e ainda, a capacidade de avaliar a autenticidade de uma expressão
emocional, detectando sua veracidade, falsidade ou tentativa de manipulação. De acordo
com Goleman (2001), a autoconsciência é um dos aspectos fundamentais da inteligência
emocional, e tem haver com saber o que se sente no momento em que as emoções
acontecem. Para o autor, a autoconsciência é importante porque permite ao individuo
conhecer-se, possibilitando a ele também, conhecer e reconhecer seus sentimentos e
emoções no exato momento em que emergem. Conforme Primi (2006 apud
CONSTANTINO, 2010), conhecimento emocionalinclui, desde a capacidade de nomear
as emoções, englobando a capacidade de identificar e nomear diferenças e nuances entre
elas, como por exemplo, gostar e amar, até a compreensão de sentimentos complexos,
como amar e odiar uma mesma pessoa, bem como as transições de um sentimento para
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outro, como a de raiva para a vergonha, por exemplo. Na opinião de Goleman (2001), a
autoconsciência significa uma profunda compreensão de nossas próprias emoções, bem
como de nossas possibilidades, limites e valores. As pessoas dotadas de autoconsciência
são realistas, pois não pecam pelo excesso de autocrítica e nem por nutrirem esperanças
ingênuas (CONSTANTINO, 2010).
 
AUTOCOMPAIXÃO
Segundo Gilbert (2005 apud NEVES, 2011), autocompaixão implica, estar aberto, atento e
sensível ao nosso próprio sofrimento, quando, por exemplo, este surge em situações de
fracasso ou adversidades, não o evitando, mas recebendo-o abertamente, experienciando
assim, sentimentos de cuidado e bondade para conosco. Implica também abrir mão dos
autojulgamentos e a adoção de uma postura compreensiva perante a nossa experiência,
aceitando nossas limitações, imperfeições e dificuldades, contextualizando-a e
reconhecendo-a inevitavelmente, assim, como fazendo parte da generalidade de uma
experiência humana comum, em que muitos outros também agem da mesma forma,
passam pelos mesmos sofrimentos e sofrem como nós (Neff, 2003b, 2004, 2008; Neff,
Rude, et al., 2007 apud NEVES, 2011).
 Levantamentos feitos por Neves (2011) demonstram que pesquisas de Gilbert, Irons e
Procter, (2004, 2006), verificaram através de registos de diários relativos à autocompaixão
versus autocríticas, num contexto terapêutico focado no desenvolvimento de
autocompaixão, que um aumento das capacidades de autocompaixão estava ligado a uma
diminuição de depressão, ansiedade, vergonha, sentimentos de inferioridade e
comportamento submisso.
 Neff (2003a apud NEVES, 2011) introduziu o conceito de autocompaixão na psicologia
ocidental, baseando-se em referencial teórico e empírico da psicologia social e da
personalidade, desenvolvendo uma escala para o medir, de forma a estabelecê-lo como um
construto psicológico válido que influenciasse o bem-estar psicológico. De acordo com
Neff, autocompaixão define-se como uma atitude para conosco, saudável e de auto
aceitação, representando uma postura calorosa e de aceitação perante aspectos de nós
mesmos e de nossa vida, dos quais não gostamos, mantendo as emoções dolorosas sob
uma atenção consciente enquanto ampliamos sentimentos de cuidado e de bondade para
conosco.
 De acordo com Neff (2003a, 2003b, 2008 apud NEVES, 2011) a autocompaixão é
composta por três componentes, que apesar de distintos, interagem entre si:
Compreensão (versus autocrítica);
Condição humana (versus isolamento); 
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e Atenção Plena (mindfulness) versus (sobre-identificação) Obs.: Sobre Atenção
Plena (Mindfulness), teremos um capítulo somente sobre o tema nos próximos
módulos.
 O construto da autocompaixão, afirma Neves (2011), foca-se assim, na postura emocional
que o indivíduo tem perante si quando confrontado com dificuldades. Ela seria útil
também na regulação emocional, favorecendo a saúde mental e o bem-estar. Neff, Rude, et
al., (2007 apud NEVES, 2011) verificaram que o conceito de autocompaixão está
negativamente associado com o auto criticismo, com a depressão, com a ansiedade, com a
ruminação, com a supressão de pensamento, com o perfeccionismo neurótico e com a
afetividade negativa em geral. O termo em inglês "self-pity", traduzido como autopiedade
ou autocompaixão é amplamente associado a fatores negativos. No entanto, os autores
salientam que, pelo contrário, a autocompaixão estaria positivamente ligada à satisfação
com a vida, felicidade, inteligência emocional, conectividade social, sabedoria, iniciativa
pessoal, otimismo, curiosidade e exploração, agradabilidade, extroversão,
responsabilidade e afetividade positiva em geral. Desta forma, a autocompaixão, por sua
importância para a saúde mental dos indivíduos demonstra ser uma características humana
de extrema relevância.
 
 
A TEORIA DO AUTOCUIDADO
De acordo com Diógenes e Pagliuca (2003), a Teoria de Enfermagem do Déficit de
Autocuidado ou Teoria Geral de Enfermagem de Orem, é composta de três teorias inter-
relacionadas, ou seja, a do autocuidado, do déficit de autocuidado e do sistemas de
enfermagem. Para efeito de aplicação na psicologia, adentraremos na teoria do
autocuidado. O conceito de Capacidade de Autocuidado serviu de base para a elaboração
da “Appraisal of Self-care Agency (ASA) Scale”, que foi adaptada e validada à cultura
brasileira por Silva; Kimura (2002), sendo denominada Escala para Avaliar as
Capacidades de Autocuidado (EACAC). De acordo com os autores, a estrutura das
Capacidades de Autocuidado está representada por três subconceitos, são eles:
1) disposições e capacidades fundamentais;
2) componentes de poder; 
3) operações de autocuidado, que constituem o limite entre as capacidades e ações de
autocuidado. Se fosse viável ordená-las quanto à sua formação e desenvolvimento em um
triângulo, poderia ser dito que as capacidades fundamentais estão na base, as operações de
autocuidado no ápice e os componentes de poder localizados como uma ponte entre ambas
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(Orem, 2001).
Conforme assinalam Diógenes e Pagliuca (2003), para se entender a teoria do autocuidado
é necessário definir os conceitos relacionados, como os de autocuidado, ação de
autocuidado, fatores condicionantes básicos e demanda terapêutica de autocuidado. 
 “Autocuidado é a atividade que os indivíduos praticam em seu benefício para manter a
vida, a saúde e o bem estar. Ação de autocuidado é a capacidade do homem engajar-se no
autocuidado. Fatores condicionantes básicos são idade, o sexo, o estado de
desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação sociocultural e os fatores do sistema de
atendimento de saúde (FOSTER, BENETT e OREM, 2000 apud DIÓGENES e
PAGLIUCA, 2003).”
Incorpora-se ainda na teoria do autocuidado o conceito dos requisitos de autocuidado:
universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. De acordo com Diógenes e Pagliuca
(2003), os requisitos universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os em seu
funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a manutenção da
integridade da estrutura e do funcionamento humano. Os requisitos desenvolvimentais,
assinalam os autores, ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças que
surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde acontecem quando o
indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação.
Segundo Orem (1995 apud DIÓGENES e PAGLIUCA, 2003) os requisitos para o
autocuidado por desvio de saúde são: busca e garantia de assistência médica adequada;
conscientização e atenção aos efeitos e resultados de condições e estados patológicos;
execução de medidas prescritas pelo médico e conscientização de efeitos desagradáveis
dessas medidas; modificação do autoconceito (e da autoimagem) na aceitação de si como
estando num estado especial de saúde; aprendizado da vida associado aos efeitos de
condições e estados patológicos, bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e
tratamentos médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento contínuo do
indivíduo.
Os requisitos de autocuidado, de acordo com os autores são: manutenção e ingesta
suficiente de ar, água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção;
manutenção de um equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e interação social; aprevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção do
funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o potencial
humano, limitações humanas conhecidas e o desejo de ser normal.
ANEXO
ESCALA PARA AVALIAR AS CAPACIDADES DE AUTOCUIDADO (ASA-A)¹
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Aula 06 | Felicidade (1)
O termo felicidade possui muitas conotações e definições, a maioria delas faz menção a
um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e prazer. O Dicionário
Houaiss da língua portuguesa (2004) define felicidade como: “1. qualidade ou estado de
feliz, estado de uma consciência plenamente satisfeita, satisfação, contentamento, bem-
estar; 2. boa fortuna, sorte; 3. bom êxito, acerto, sucesso”.
De acordo com Ferraz (2007), até o advento da filosofia socrática acreditava-se que a
felicidade dependia dos deuses. Essa concepção de felicidade imperou durante muitos
séculos e em diferentes culturas. A autora ressalta que no século IV a.C, Sócrates inaugura
um paradigma a partir do qual buscar ser feliz seria uma tarefa de responsabilidade do
indivíduo, debatendo sobre a felicidade e pregando que a filosofia seria o caminho que
conduziria a essa condição. Aristóteles, assinala a autora, continua a investigação de
Sócrates, concluindo que todos os outros objetivos perseguidos pela humanidade, como a
beleza, riqueza, saúde e o poder, eram meios de se atingir a felicidade, sendo esta última a
única virtude buscada como um bem por si mesma. Com o advento do Iluminismo, a
concepção de mundo no Ocidente começa a girar em torno da crença de que todo ser
humano tem o direito de atingir a felicidade. “Na mesma linha, o ideário da Revolução
Francesa estabelece que o objetivo da sociedade deve ser a obtenção da felicidade de seus
cidadãos (Csikszentmihalyi, 1990; McMahon, 2006 apud FERRAZ, 2007, p.235)”.
Segundo Lunt (2004 apud FERRAZ, 2007), a felicidade é considerada um valor tão
precioso e indiscutível na atualidade que, como um exemplo emblemático, podemos citar a
Declaração de Independência dos EUA, que registra que “todo homem tem o direito
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inalienável à vida, à liberdade e à busca da felicidade”.
Ekman (1992 apud FERRAZ, 2007) afirma que a felicidade é uma emoção básica. E que
diversos estados e experiências podem produzir felicidade, como o amor, a alegria, a
saúde, a saciedade, o prazer sexual, o contentamento, a segurança e a serenidade. Segundo
os autores, emoções como tristeza, medo, raiva e nojo, além de estados afetivos como
ansiedade, angústia, dor e sofrimento, costumam diminuir a felicidade.
Cloninger (2004 apud FERRAZ, 2007) considera que “felicidade” é a expressão que
traduz a compreensão coerente e lúcida do mundo, de acordo com o autor, a felicidade
autêntica requer uma maneira coerente de viver, e ara tanto, isso incluiria todos os
processos humanos que regulam os aspectos sexuais, materiais, emocionais, intelectuais e
espirituais da vida. Cloninger afirma que tais aspectos podem ser adaptativos ou não, a
depender do grau de consciência que as pessoas têm de seus objetivos e valores. Afirma,
ainda, que o grau de coerência dos pensamentos e relacionamentos humanos pode ser
medido em termos de quanto estes seriam capazes de conduzir à harmonia e à felicidade
CLONINGER, 2004 apud FERRAZ, 2007. P.236).
Segundo Carvalho et al. (2014), referir o que significa a felicidade implica revelar a
própria visão da vida. E Boiron (2001 apud CARVALHO et al., 2014) descreve a
felicidade em 6 alíneas:
1) é um estado fisiopsicológico que caracteriza o bom funcionamento do organismo;
2) é acessível a todos os seres humanos;
3) é independente do prazer ou do sofrimento;
4) leva a uma realização pessoal;
5) a procura da felicidade é uma dever ético, e ;
6) tudo isto depende daquilo em que o sujeito acredita ser a sua felicidade.
A teoria da Felicidade Autêntica de Seligman (2004) sustenta que a felicidade possui três
dimensões: emoções positivas, engajamento e significado com a vida. Emoções positivas,
de acordo com o autor, significa vivenciar uma vida agradável, remete à existência de
emoções positivas no passado, presente e futuro. Emoções positivas sentidas no passado
incluem no sujeito uma satisfação e sentimentos de serenidade. No presente inclui prazeres
somáticos momentâneos e prazeres mais complexos que incluem outras aprendizagens e,
no futuro, sentimento de otimismo, esperança e fé.
A segunda dimensão, segundo o autor, significa um envolvimento com a vida,
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englobando o desenvolvimento das capacidades humanas, como um meio para atingir os
objetivos que o sujeito idealiza como sendo importantes para si. Valores morais, liderança,
bondade, integridade, originalidade, sabedoria, capacidade para amar e ser amado são
alguns dos exemplos de competências que podem ser desenvolvidos nos sujeitos
(Seligman, 2004 apud CARVALHO et al. 2014).
A terceira dimensão trata da existência de uma vida com significado, que pode ser
expressa por emoções positivas, incluindo traços de personalidade positivos de orientação
na vida. (Seligman, 2004 apud CARVALHO et al. 2014).
Após reformular sua teoria original da Felicidade Autêntica, Seligman (2011) substitui o
termo felicidade pelo constructo de bem-estar, acrescentando cinco elementos essenciais,
que são: emoções positivas, que seriam expressas por estados de felicidade e pela
satisfação com a vida, o engajamento ou envolvimento, significado, realização pessoal e
relações interpessoais positivas. Desta forma o indivíduo seria capaz de florescer e atingir
o máximo de bem-estar (Huppert & So, 2009; 2013).
Para Seligman (2011) felicidade é um constructo. Portanto, a classificação do conceito de
felicidade propõe um conjunto de elementos que cada ser humano necessita ter presente
em sua vida, e que são essenciais para alcançar o bem-estar (DURAYAPPAH, 2010 apud
FERRAZ).
Obstáculos ao aumento do nível de felicidade
Seligman (2004) afirma que um dos obstáculos ao aumento do nível de felicidade é a
“rotina hedonista”, que faz com que as pessoas se adaptem rapidamente e de forma
inevitável às coisas boas, vendo-as como naturais. O autor observa que com o acúmulo de
bens materiais e de realizações, as expectativas aumentam. Desta forma, os feitos
conquistados tão arduamente não trazem mais felicidade, levando o sujeito a desejar
alcançar algo ainda melhor, para elevar a felicidade até os níveis mais altos dos limites
estabelecidos. Seligman observa, no entanto, que o indivíduo também vai se adaptando aos
novos bens materiais ou realizações.
De acordo com Seligman (2004), estudos demonstraram que coisas boas e realizações
importantes têm o poder de aumentar a felicidade apenas temporariamente. O autor
argumenta que se não fosse assim, pessoas que têm mais coisas boas na vida seriam, em
geral, muito mais felizes do que as que têm menos. Mas as menos afortunadas, sugere o
autor, são, de modo geral, tão felizes quanto as mais afortunadas. Seligman observa ainda
6 pontos importantes sobre felicidade e sua relação com o bem-estar:
1. Em menos de três meses, eventos importantes, como uma demissão ou uma
promoção, podem perder o impacto sobre os níveis de felicidade. 
2. De acordo com o ator, a riqueza, que certamente traz com ela bens materiais, tem
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uma correlação surpreendentemente baixacom o nível de felicidade. Os ricos são,
em média, apenas ligeiramente mais felizes que os pobres. 
3. Estudo de Séligman (2004) apontam que os salários aumentaram bastante nas
nações prósperas nos últimos 50 anos, mas o nível de satisfação com a vida
manteve-se o mesmo nos Estados Unidos e na maioria dos outros países ricos. 
4. Mudanças recentes no salário do indivíduo são motivo de satisfação no trabalho,
mas os níveis médios de salário, não, sustenta o autor. 
5. A beleza física, que, como a riqueza, traz com ela uma série de vantagens, não teria
muito efeito sobre a felicidade, afirma Seligman.
 
 
6. E ainda segundo o autor, a saúde física, talvez o mais valioso de todos os recursos,
tem pouquíssima relação com a felicidade.
 
 
Referências:
Boiron, C. (2001). Le Ragioni Della Felicitá. Milano: Franco Angeli.
CARVALHO, Vanda Susana Torais de et al. A felicidade e o coping pró-ativo: estudo
exploratório em homens e mulheres. 2014.
Cloninger, C.R. - Feeling good: the science of well-being. Oxford University Press, New York,
2004.
Csikszentmihalyi, M. - Flow: the psychology of optimal experience. HarperCollins Publishers,
New York, 1990.
Diener E. (2000). Subjective Well-Being: The Science of Happiness and a Proposal for a
National Index. American Psychologist, 55, 34–43.
Durayappah, A. (2010). The 3P Model: A General Theory of Subjective Well-Being.
Ekman, P. - Are there basic emotions? Psychol Rev 99: 550-553, 1992.
FERRAZ, Renata Barboza; TAVARES, Hermano; ZILBERMAN, Monica L. Felicidade: uma
revisão. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 34, n. 5, p. 234-242, 2007.
Houaiss, A. - Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1ª ed. rev. Objetiva, Rio de Janeiro,
2004
Huppert, F. & So, T. (2013). Flourishing Across Europe: Application of a New Conceptual
Framework for Defining Well-Being. Social Indicators Research, 110 (3), 837-861.
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Journal Happiness Stud, 12, 681-716. Doi: 10.1007/s10902-010-9223-9.
Lunt, A. - The implications for the clinician of adopting a recovery model: the role of choice in
assertive treatment. Psychiatr Rehabil J 28 (1): 93-97, 2004.
Lunt, A. - The implications for the clinician of adopting a recovery model: the role of choice in
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McMahon, D. - Happiness: a history. Atlantic Monthly Press, New York, 2006
SELIGMAN, Martin E. Florescer: uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do
bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
SELIGMAN, Martin E. P.Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a
realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
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O RELATÓRIO MUNDIAL 
DA FELICIDADE 
WORLD HAPPINESS REPORT 
1
 
RESUMO 
2
 
3
 
Em julho de 2011 a ONU aprovou, por meio de sua Assembleia 
Geral, uma resolução convidando os países membros a medirem a 
felicidade de seus habitantes e usar os dados para ajudar em suas 
políticas públicas. Em abril de 2012, houve a primeira Reunião de 
Alto Nível da ONU sobre a "Felicidade e Bem-Estar: Definindo 
um Novo Paradigma Econômico". A reunião foi presidida por 
Jigme Thinley, primeiro-ministro do Butão, o primeiro e único 
país que até então havia adotado oficialmente a felicidade interna 
bruta, ao invés do produto interno bruto, como seu principal 
indicador de desenvolvimento. 
O Relatório Mundial da Felicidade ( World Happiness Report) é 
uma medição da felicidade publicado pela Rede de Soluções para 
o Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, na sigla em 
inglês). 
4
 
O primeiro Relatório Mundial da Felicidade foi lançado 
em 1 de abril de 2012 como material base para a reunião. 
Ele chamou a atenção internacional por ser a primeira 
pesquisa sobre a felicidade global. O relatório descrevia o 
estado de felicidade mundial, as causas da felicidade e da 
miséria, e as implicações políticas destacadas por estudos 
de caso. Em setembro de 2013, o segundo relatório 
apresentou a primeira continuação anual e, desde então, os 
relatórios passaram a ser emitidos todos os anos. A 
pesquisa utiliza dados do Gallup World Poll. Cada relatório 
anual está disponível para o público no site World 
Happiness Report. 
5
 
Nos relatórios, principais especialistas de várias áreas, 
como economia, psicologia, análise de pesquisa, 
estatísticas nacionais, entre outros. Descrevem como as 
medições de bem-estar podem ser efetivamente usadas 
para avaliar o progresso das nações. Cada relatório está 
organizado por capítulos, que se aprofundam nas questões 
relacionadas à felicidade, incluindo doenças mentais, 
benefícios objetivos da felicidade, a importância da ética, 
implicações políticas e as ligações com a abordagem da 
OECD para mensurar o bem-estar subjetivo e o Índice de 
Desenvolvimento Humano. 
ANTECEDENTES 
6
 
7
 
O mundo mudou muito desde a publicação do primeiro 
Relatório Mundial da Felicidade em 2012. Constatou-se 
um aumento notável da consideração da felicidade como 
uma medida adequada do progresso social e um objetivo 
das políticas públicas. Um número rapidamente crescente 
de governos nacionais e locais está a utilizar a informação 
e a investigação sobre a felicidade na definição de políticas 
que permitam às pessoas ter uma vida melhor. Os governos 
estão a medir o bem-estar subjetivo e a utilizar a pesquisa 
sobre o bem-estar para orientar o design de espaços 
públicos e a prestação de serviços públicos. 
Aproveitamento da informação e da investigação sobre a 
felicidade para melhorar o desenvolvimento sustentável 
8
 
9
 
O ano de 2015 representa um ponto de viragem para a 
humanidade, com a adoção no próximo mês de setembro 
pelos Estados-membros da ONU de Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável (ODS) que ajudem a 
conduzir a comunidade mundial para um padrão de 
desenvolvimento global mais inclusivo e sustentável. É 
muito provável que os conceitos de felicidade e bem-estar 
ajudem a orientar o progresso para um desenvolvimento 
sustentável. O desenvolvimento sustentável é um conceito 
normativo, que requer que todas as sociedades equilibrem 
os seus objetivos económicos, sociais e ambientais. 
1
0
 
Quando os países procuram o crescimento do PIB de forma 
desproporcionada, atropelando os objetivos sociais e 
ambientais, os resultados têm frequentemente impactos 
negativos no bem-estar humano. Os ODS foram pensados 
para ajudar os países a atingir os seus objetivos 
económicos, sociais e ambientais de forma harmoniosa, 
levando-os portanto a proporcionar níveis mais elevados de 
bem-estar para as gerações presentes e futuras. 
1
1
 
Os ODS incluirão metas, objetivos e indicadores 
quantitativos. A Rede de Soluções de Desenvolvimento 
Sustentável, nas suas recomendações relativas à seleção de 
indicadores de ODS, recomendou vivamente a inclusão de 
indicadores de Bem-estar Subjetivo e de Atitude Positiva 
para ajudar a orientar e medir o progresso na consecução 
dos ODS. Encontramos considerável apoio de diversos 
governos e especialistas para a inclusão desses indicadores 
de felicidade nos ODS. O Relatório Mundial da Felicidade 
2015 destaca uma vez mais a idoneidade da utilização da 
medição da felicidade para orientar a definição de políticas 
públicas e para ajudar a avaliar o bem-estar geral de cada 
sociedade. 
Ranking de 2016 
1
2
 
1
3
 
1
4
 
1
5
 
1
6
 
1
71
8
 
1
9
 
2
0
 
2
1
 
World Happiness Report 2016 Updatep. 4, para. 1 cap. "2: The 
Distribution of World Happiness“. 2016. 
 
World Happiness Report 2016 Update. UN Sustainable Development 
Solutions Network; Earth Institute (University of Columbia), 2016. 
 
REFERÊNCIAS 
 
Aula 08 | Definição e medição de Florescimento (1)
FLORESCIMENTO
De acordo com Leite et al. (2016), as definições de florescimento presentes na literatura
apontam para um estado de pleno desenvolvimento humano, caracterizado por elevada
saúde mental, bem-estar e contribuição genuína. “A perspectiva do florescimento é
baseada nas teorias humanísticas que abordam as exigências psicológicas, como as
necessidades por competência, afinidade e autoaceitação” (MENDONÇA et al., 2014, p.
173 apud LEITE et al. 2016).
Para Fredrickson e Losada 2005 (apud LEITE et al. 2016) “Florescer significa viver
dentro de uma faixa ideal de funcionamento humano, que conota bondade,
amadurecimento, crescimento e resiliência”.
A Mental Health Foundation of New Zealand (2013) descreve o florescimento pessoal
como um estado de saúde mental positiva, que permita ao indivíduo ampla experiência e
significado. Dessa forma, pessoas que florescem experimentam, na maior parte do tempo,
emoções positivas e funcionamento psicológico e social positivos. Isso significa, em
termos filosóficos, acesso à uma vida boa e agradável, engajada e com significado. As
pessoas em estado de florescimento teriam uma visão positiva de si e dos outros, com
determinada predisposição a preocuparem-se mais com as demais pessoas que as rodeiam,
serem menos tolerantes com a injustiça e mais promotores de instituições justas e
equitativas. (MENTAL HEALTH FOUNDATION OF NEW ZEALAND, 2013 apud
LEITE et al. 2016).
Segundo Leite et al. (2016), estudos apontam diversos benefícios dos indivíduos que estão
florescendo, como a capacidade de efetivamente aprender, trabalhar de forma produtiva,
ter melhores relações sociais, mais suscetibilidade a contribuir para a sua comunidade, ter
uma melhor saúde e expectativa de vida.
Huppert e So (2009 apud LEITE, 2016) apresentam um conjunto de recursos básicos e um
número mínimo de recursos adicionais com relação ao florescimento. Os recursos básicos
incluem emoções positivas, engajamento, interesse, significado e propósito. Já os recursos
adicionais são autoestima, otimismo, resiliência, vitalidade, autodeterminação e relações
positivas.
Já na correlação entre florescimento e trabalho, destaca-se a pesquisa de Harter, Schmidt e
Keyes (2003 apud LEITE, 2016), “que afirmam que a maior parte do tempo de um adulto
é passada no trabalho e que ele é parte significante da vida do ser humano, afetando sua
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vida e bem-estar social”.
De acordo com Mendonça et al. (2014 apud LEITE, 2016) o trabalho é um dos mais
importantes bens na vida do ser humano e está diretamente relacionado ao florescimento.
Isto se justificaria por ser o ambiente de trabalho um espaço que possibilita envolvimento
com colegas, trabalho e a organização, vivência de relações sociais satisfatórias, trocas
sociais favoráveis, desenvolvimento de competências, otimismo em relação ao futuro,
propósito e significado na vida.
Para Seligman (2004) as diferenças de gênero com relação ao florescimento são pequenas.
O autor afirma que o maior florescimento estaria associado ao ensino superior e à renda.
 
A ESCALA DE FLORESCIMENTO
 
Diener et al. (2010 apud Becalli, 2014) apresentaram uma medida de florescimento. Trata-
se de uma escala que pretende complementar as medidas existentes de bem-estar subjetivo
de maneira a avaliar a prosperidade psicossocial com base nas teorias existentes acerca do
bem-estar psicológico e social. Inicialmente denominada como sendo uma escala de bem-
estar psicológico, teve sua nomenclatura alterada para Escala de Florescimento, de forma a
revelar com maior precisão o que permite avaliar, uma vez que vai além do bem-estar
psicológico, ressaltam os autores.
 
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De acordo com Becalli (2014), a Escala de Florescimento (Flow Scale), desenvolvida por
Diener, Wirtz, Tov, Kim-Prieto, Choi, Oishi, & Biswas-Diener (2010); versão traduzida
por Baptista, 2011), foi concebida com o objetivo de avaliar a prosperidade psicossocial e
complementar outras escalas de avaliação do bem-estar subjetivo, mas tendo por base o
conceito de florescimento humano. De acordo com os autores, a escala consiste em uma
breve autoavaliação, é composta por oito itens formulados numa direção positiva e com
formato de resposta numa escala tipo Likert de 7 pontos que varia de 1 (Discordo
totalmente) a 7 (Concordo fortemente). Também avalia aspetos do funcionamento humano
que vão desde as relações sociais, autoestima, significado e propósito na vida, formando
uma única dimensão, fornece um resultado total de bem-estar psicológico, que pode variar
entre 8 (forte desacordo com todos os itens) e 56 (forte concordância com todos os itens).
“A escala possui boas qualidades psicométricas demonstrando uma forte associação com
outras escalas de bem-estar psicológico (Diener et al., 2010 apud BECALLI, 2014)”.
 
Referências:
BAPTISTA, A. (2011). Aprender a ser feliz: Exercícios de psicoterapia positiva. Lisboa: Pactor,
2013.
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BECALLI, Susana Freire da Silva et al. Caminho para o florescimento: satisfação com a vida,
emoções positivas e pessimismo em adultos. 2014.
Diener, E., Wirtz, D., Tov, W., Kim-Prieto, C., Choi, D., Oishi, S., & Biswas-Diener, R. (2010).
New well-being measures: short scales to asses flourishing and positive and negative feelings.
Social Indicators Research, 97, 143-156. doi: 10.1007/s11205-009-9493-y
FREDRICKSON, B. L.; LOSADA, M. F. Positive affect and the complex dynamics of Human
Flourishing. American Psychological Association, v. 60. n. 7, p. 678-686, 2005.
HARTER, J. K.; SCHMIDT, F. L.; KEYES, C. L. M. Wellbeing in the workplace and its
relationship to business outcomes: a review of the Gallup studies. In: KEYNES, C. L. M; HAIDT,
J. (Ed.). Flourishing: positive psychology and the life well-lived. Washington: American
Psychological Association, 2003. p. 205-224.
HUPPERT, F. A.; SO, T. T. C. What percentage of people in Europe are flourishing and what
characterises them? In: OECD/ISQOLS meeting, “Measuring subjective well-being: an
opportunity for NSOs?” Florence. Briefing document: Well-Being Institute, University of
Cambridge. p.1-7, 2009.
LEITE,Ana Maria Andreazza Araújo; BRAGA, Clara Suzana Cardoso; JÚNIOR, Celso Canholi;
DE LIMA, Tereza Cristina Batista; REBOUÇAS, Silvia Maria Dias Pedro.Florescimento: saúde e
bem-estar de jovens aprendizes da indústria cearense. USCS - Universidade Municipal de São
Caetano do Sul. Gestão & Regionalidade - Vol. 32 - Nº 95 - maio-ago/2016. Disponível em:
http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/view/2884 Acesso em 28 de dez 2016.
MENDONÇA, H. et al. Florescimento no trabalho. In: SIQUEIRA, M. M. M. (Org.). Novas
medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto
Alegre: Artmed, 2014. p. 172-175.
MENTAL HEALTH FOUNDATION OF NEW ZEALAND. Flourishing, positive mental health &
wellbeing. New Zealand: [s. n.], 2010. Disponível em: . Acesso em: 28 dez.2016.
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