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"O meio é a metáfora " resumo do texto de Neil Postman

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O meio é a metáfora
Postaman introduz o texto falando sobre como em diferentes fases dos estados unidos cada cidade se tornou o ponto focal do espirito norte-americano e como cada uma tem um símbolo que nos relembra dessa era. Boston com a estátua do Minute e Nova Iorque com a Estátua da Liberdade. A partir disso, explicita a falta de um elemento representante da era do vigor industrial em Chicago e fala que, na época do governo de Reagan, a cidade representante do espirito americano é Las Vegas e seu símbolo é um outdoor de nove metros com a imagem de uma máquina de caça-níqueis e de uma corista. Las Vegas é uma cidade inteiramente dedicada ao entretenimento, assim como proclama o espirito de uma cultura na qual os discursos políticos ganham forma de diversão. Somos pessoas na iminência de nos divertirmos até morrer. 
O autor usa o exemplo da época no qual o senador Edward Kennedy foi aconselhado a perder 9 quilos para que sua campanha à presidência fosse levada à sério. Embora a constituição não faça menção a isso, pessoas gordas, carecas ou não fotogênicas não poderão concorrer a cargos públicos ou serem ancoras de telejornal. A partir disso, Neil constata que talvez estejamos em um ponto em que a cosmética substitui a ideologia e que a economia é menos ciência que jogo de cena. 
Postman cita dois casos nos quais Billy Graham e Ruth Westheimer exaltam a importância de ser uma pessoa engraçada e de fazer as pessoas rirem e ironiza que, de fato, nos EUA Deus favorece todos aqueles que possuem talento de divertir. O autor deixa claro que os exemplos por ele citados são clichês e já foram reproduzidos por vários estudiosos preocupados com a cultura. Estes afirmam que o que acontece é fruto de um capitalismo maduro e outro que é o que restou de um capitalismo cansado, mas o autor acha que a explicação que vem a seguir criada por ele pode ser mais clara. 
Ele inicia sua teoria constatando que toda cultura é um conjunto de conversas, conduzidas numa variedade de modelos simbólicos. Para explicar melhor, o autor traz o exemplo da tecnologia primitiva dos sinais de fumaça. Embora não se saiba exatamente qual o conteúdo transmitido nessas mensagens, sabe-se que o conteúdo não incluía argumentos filosóficos, pois fumaça é insuficientemente complexa para expressar ideias como a natureza da existência. Não se pode usar fumaça para filosofar, sua forma exclui o conteúdo. Buscando um exemplo mais próximo, ele fala do antigo presidente Taft, que com seus cento e quarenta quilos nunca poderia ser candidato a presidente atualmente. Apesar da forma do corpo de um homem ser totalmente irrelevante para a forma de suas ideias para o público de um rádio ou ainda por sinais de fumaça, é bastante relevante na televisão. A televisão nos traz uma conversa feita de imagens e não de palavras. Não se pode fazer filosofia política na televisão, sua forma conspira contra o conteúdo. Recebemos fragmentos de eventos ocorridos no dia por todo o globo terrestre porque temos uma miríade de meio cujas formas são adequadas à conversação fragmentada. As culturas que não têm mídias que operam na velocidade da luz, por exemplo, culturas nas quais os sinais de fumaça são eficientes, não tem notícias do dia. Sem os meios que lhe dão forma, as notícias do dia não existem. 
Postman diz então que o que ele escreve é uma investigação e uma lamentação sobre o declínio da era tipográfica e a ascensão da era da televisão. Essa transformação representa uma mudança dramática no conteúdo e no sentido do discurso político, visto que dois meios tão diferentes não podem comportar as mesmas ideias. Como seguidor de Mcluhan, o autor reforça que a forma mais clara de ver através de uma cultura é observar suas ferramentas de conversação e ressalta que o seu interesse nesse ponto de vista veio antes de McLuhan, lendo a Bíblia, o mandamento que proíbe os israelitas de fazerem imagens concretas. A fala é o meio principal e indispensável que define o sentido de humano. O modo como as pessoas pensam a respeito de tempo e de espaço, bem como sobre coisas e processos, será influenciado em grande medida pelas configurações gramaticais de seu idioma. Cada meio, como a própria linguagem, torna possível uma forma única de discurso ao prover uma nova orientação para o pensamento. Era isso que McLuhan queria dizer com “o meio é a mensagem”. No entanto, é importante que não se confunda mensagem com metáfora. A mensagem é algo concreto e especifico sobre o mundo. As formas de nossos meios atuam antes como metáforas, se experimentarmos o mundo através das lentes da fala, da palavra ou da câmera de televisão, nossas metáforas classificam o mundo para nós. 
No caso do relógio, por exemplo, ele é uma peça de poderosa maquinaria de poder cujo “produto” são os segundos e minutos. Ao fabricar tal produto, o relógio tem o efeito de dissociar o tempo dos eventos humanos e, assim, alimenta a crença de um mundo independente, de sequencias matematicamente mensuráveis. Trata-se do homem conversando consigo mesmo sobre e através de, uma máquina que ele criou. O relógio introduziu novas formas de conversa entre o homem e Deus, na qual Deus desponta como o perdedor. 
No caso da escrita, ela congela a fala e ao fazer isso, dá a luz a gramatica, a logica, a retorica, a história, a tudo aquilo que precisa permanecer ante a linguagem para ver o que significa, onde erra e para onde vai e Platão já pregava tudo isso. A escrita é, ao mesmo tempo, uma conversa com ninguém e com todos. 
O autor reforça que o motivo de estar mencionando todos esses exemplos é porque seu livro é sobre o modo como nossa tribo está enfrentando a transformação da magica da escrita para a mágica da eletrônica. O que procura destacar é que a introdução da escrita ou do relógio numa cultura implica na sua forma de pensar e, portanto, no conteúdo de sua cultura. E é isso que se quer dizer com “o meio é a metáfora”. 
Nossas metáforas-meios não são tão vividas como as que aprendemos na escola, são mais complexas. Para compreender sua função metafórica, temos que levar em consideração as formas simbólicas de sua informação, a fonte de sua informação, a quantidade e velocidade de sua informação e o contexto no qual a informação é experimentada. Neil Postman finaliza sua linha de raciocínio com dois últimos exemplos: os óculos e o microscópio. Os dois provam a mesma coisa, que nossos corpos, assim como nossas mentes são aperfeiçoáveis e que não precisamos aceitar como definitivas as heranças da natureza. “Não vemos a natureza, a inteligência, a motivação humana ou a ideologia como “elas” são, mas apenas como são nossas linguagens. Nossos meios são nossas metáforas e nossas metáforas criam o conteúdo de nossa cultura.

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