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CAPÍTULO 1 CÁLCULO DO SISTEMA DE MASSALOTES 1 - INTRODUÇÃO O processo de fundição para fabricação de peças consiste essencialmente em encher com metal líquido a cavidade de um molde, cujas dimensões e geometria correspondam às peças a serem obtidas, obtendo-se assim produtos conformados por solidificação. A solidificação é o processo de passagem do estado líquido para o estado sólido, e pode ocorrer em três situações diferentes no que se refere à temperatura: - solidificação à temperatura constante; - solidificação com intervalo de temperatura; - solidificação com combinação das duas situações anteriores. O processo de solidificação se efetua em duas etapas sucessivas: nucleação e crescimento, sendo a nova fase sólida. O termo nucleação traduz o surgimento de porções de fase sólida estável no meio líquido sob a forma de pequenos núcleos dando origem aos grãos cristalinos. É também durante a solidificação, que é formado o defeito rechupe. A variação da quantidade de calor presente no material promove uma modificação de volume, que aliada aos fenômenos de nucleação e crescimento, provoca a formação deste defeito. Assim, o conhecimento sobre o mecanismo de solidificação dos metais é uma necessidade fundamental, para prevenir e solucionar este tipo de defeito. Como solução preventiva contra este defeito são criados sistemas de alimentação com as seguintes funções: - Alimentar os vazios deixados pela contração; - Estabelecer condições favoráveis para garantir a eficiência da alimentação. Portando, a garantia do grau de qualidade especificado para uma determinada peça fundida é dependente da eficiência do sistema de alimentação. Pág.1 2 - RECHUPE O rechupe é um defeito de fundição de continuidade, isto é, a peça apresenta vazios conseqüentes da contração do metal ou liga metálica durante o seu resfriamento e solidificação. A figura 1 mostra formas típicas que os rechupes assumem nas peças fundidas. Fig. 1 Pág.2 Rechupe Rechupe em ângulo Rechupe de Rechupe concentrado concentrado aberto macho interno Rechupe disperso interno Rechupe axial 3 - VARIAÇÃO DO VOLUME DE UMA LIGA METÁLICA DURANTE O SEU RESFRIAMENTO NO MOLDE A partir do momento em que a liga é vazada no molde, ela resfria e sofre as seguintes variações de volume (fig. 2): - no estado líquido; - durante a solidificação; - no estado sólido. Fig. 2 A contração no estado sólido não intervém na formação de rechupe. Estas variações de volume, são geralmente de contração, salvo para certas ligas como o ferro fundido cinzento, que podem apresentar expansão durante a contração. 4 - MECANISMO DE FORMAÇÃO DO RECHUPE Tomando como exemplo a parte da peça figura 3 pode-se analisar o mecanismo de formação do rechupe. Fig. 3 - Parte de peça utilizada para analisar o mecanismo de formação do rechupe. Depois do vazamento forma-se progressivamente no molde uma casca de metal sólido, cuja a espessura varia com a forma da peça (fig. 3b). Pág.3 Metal Contração Contração de Contração líquido líquida solidificação sólida Figura 3a Figura 3b No instante t1 a casca é delimitada pela isoterma T1 (fig. 3a). No instante t2 a espessura da casca aumentou e está delimitada pela isoterma T2 (fig. 3b). Chega-se um determinado momento em que a parte fina da peça solidifica, isolando um volume de metal líquido (fig. 4a). Este volume continua a resfriar e a conseqüente contração provoca a formação de um vazio (fig. 5b). Figura 4a Figura 4b Terminando a contração, tem-se então um rechupe (fig. 5). Figura 5 - Peça apresentando rechupe A posição e o tipo de rechupe vai depender da forma e distância entre isotermas, sendo que estas são conseqüentes da geometria da peça e modo de solidificação Pág.4 Isoterma T1 Isoterma T2 Isoterma T3 Isoterma T4 Vazio Rechupe da liga. A figura 6 mostra um exemplo de peça cuja forma geral é semelhante à anterior, porém apresenta um ângulo reentrante. Figura 6 Observa-se que em função da concentração de calor no ângulo, o rechupe desloca-se para junto deste ponto. A figura 7 mostra a mesma peça, porém a casca sólida não resistiu à pressão atmosférica e rompeu, formando assim um rechupe aberto. Figura 6 5 - SISTEMA DE MASSALOTAGEM PARA ALIMENTAÇÃO Para prevenir e eliminar o defeito de rechupes é necessário que coloquemos uma reserva de metal para alimentar a peça fundida, que é denominada de massalotes ou alimentadores. Esta alimentação é feita obedecendo três regras básicas: - regra do módulo de resfriamento, regra da contração volumétrica e regra da zona de ação, que determina até onde os massalotes agem alimentando a peça. 5.1 - REGRA DO MÓDULO DE RESFRIAMENTO Uma peça pode ser dividida em sólidos geométricos conhecidos. Conhecer o módulo de cada um dos sólidos que a constitui é uma necessidade, para se fazer a análise térmica. Para calcular o módulo é necessário calcular a relação V/S, lembrando que V é o volume e S a superfície que contribui para o resfriamento. Numa peça os sólidos são justapostos, por isso existe regiões cujas superfícies não contribuem para o resfriamento. O módulo é determinado em “cm”. Pág.5 Ângulo Rechupe de ângulo Exemplo: Seja a peça da figura 1 Figura 1 - Peça constituída por três sólidos geométricos O módulo de cada um dos sólidos geométricos será: Elemento E1: V = 10 x 4 x 15 = 600 cm³ S = (4 x 10) x 2 + (10 x 15) x 2 + (15 x 4) + (15 x 1,5) = 462,5 cm² Módulo = V/S = 600 / 462,5 = 1,3 cm Elemento E2: V = 15 x 11 x 2,5 = 412,5 cm³ S = (15 x 11) x 2 + (2,5 x 11) x 2 = 385 cm² Módulo = V/S = 412,5 / 385 = 1,07 cm Pág.6 150 E1 15 E3 40 E2 150 110 120 Área que não troca calor com o molde E1 E2 Áreas que não troca calor com o molde Elemento E3: V = 12 x 15 x 4 = 720 cm³ S = (12 x 15) x 2 + (12 x 4) x 2 + (15 x 4) + 15 x 1,5) = 538,5 cm² Módulo = V/S = 720 / 538,5 = 1,34 cm FÓRMULAS SIMPLIFICADAS Em alguns casos pode-se utilizar fórmulas simplificadas para calcular V/S. Os exemplos mais comuns são: Esferas = d/4 Cubos = a/6 Placas infinitas = e/2 Anéis = S/P Tarugos infinitos = D/4 Onde: d = diâmetro da esfera; a = aresta do cubo; e = espessura da placa; S = área de seção anel; P = perímetro de seção do anel; D = diâmetro ou aresta do tarugo. MÓDULO DE RESFRIAMENTO DE PEÇA COM MACHO Parte de peças com machos planos, cilíndricos ou esféricos, dependendo da espessura de metal que os envolve, pode ter seus módulos alterados, ou seja contribuem com parte de sua superfície para o resfriamento ou até funcionam com aquecedores. Em conseqüência, existe um fator “ω” para esta situação. O ábaco da figura 2 apresenta valores de ω em função da relação espessura ou diâmetro do macho e a espessura do metal, isto é ω = d/e. d = espessura ou diâmetro do macho; e = espessura do metal que envolve o macho. Pág.7 Área que não calor com o molde E3 Figura 2 5.2 - REGRA DA CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA Além dos aspectos térmicos, que o massalote deve satisfazer é necessário que ele tenha metal líquido suficiente para compensar a contração volumétrica da peça ou elemento da peça a ser alimentado. Assim o volume do massalote deve atender a seguinte relação: Vm ≥ r/100 x k’ x Vc => ∑ Vm ≥ r/100 x K’ x Vc Onde: Vm = volume do massalote; r = Taxa de contração volumétrica; Vc = volume da cavidade do molde correspondente a peça ou parte da peça a ser alimentada pelo massalote; Vc = ds/dq x vp onde: ds = densidade do metal sólido dq = densidade do metal líquido vp = volume da peça K’ = coeficiente de eficiência do massalote Pág.8 PORCENTAGEM DE PARTICIPAÇÃO DAS PAREDES DA CAVIDADE AO RESFRIAMENTO e d e e d e e d e 100 % 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 0,5 1 2 3 4 5 67 d/e pl ac as ci lin dr o s es fer as Obs.: caso esta condição não seja satisfeita deve-se aumentar o número de massalotes ou recalcular as suas dimensões. Valores para o coeficiente de eficiência dos massalotes (k’) O quadro da figura 3 apresenta valores para o coeficiente de eficiência do massalote (k’) em função do tipo de massalote, da liga e do uso ou não de produtos exotérmicos. 2Massalotes com luvas exotérmicas 3Massalotes em molde rígido de peças de Fo. Fo. cinzento 4Massalotes cobertos com pó exotérmico 5Massalotes aquecidos pelo ataque 6Massalotes comuns k’Tipo de massalote Figura 3 - Valores para o coeficiente de eficiência do massalote O quadro da figura 4 apresenta valores para taxa de contração volumétrica em função do tipo de liga, do sobreaquecimento do metal e tipo de moldes, no caso dos ferros fundidos. Sendo que, o sobre aquecimento é a diferença entre a temperatura de vazamento da liga e a do líquidus. Ligas diversas: Sobreaquecimento acima do líquidus ( ºC ) Tipo de liga Sobreaquecimento acima do líquidus ( ºC ) Tipo de liga 50 150 50 150 65Aço - 0,3% C7 a 86,5 a 7,5Al Si 10 76Aço - 0,8% C54,5Al Si 12 8,5 a 98Al Mg 664Fo, Fo. Branco Ce = 3% 8,5 a 98Al Mg 365Ligas de Mg 7 a 86,5 a 7,5Al Cu 45,55Latão HR 7 a 86,5 a 7,5Al Cu 87,57Cu Al e Cu Ni 7 a 86,5 a 7,5Al Si 56,56Latão 7 a 86,5 a 7,5Al Si 74,54Bronze Sobreaquecimento acima do líquidus ( 150 ºC ) Sobreaquecimento acima do líquidus ( 50 ºC )Tipo de liga Molde não rígido Molde rígido Molde não rígidoMolde rígidoCe % 8 a 1036 a 82,5> 4,3Fo. Fo. Nodular 63523,8 62513,8 a 4,1 6150,5> 4,1Fo. Fo. Cinzento inoculado 5140,5> 4,1Fo. Fo Cinz. não inoculado Figura 4 - Valores para taxa de contração volumétrica ( r ) Pág.9 O quadro da figura 5 apresenta os valores para ds, dq e da relação ds/dq. ds/dq dq (kg/dm³) ds (kg/dm³)Metais 1,1392,372,7Ligas de alumínio 1,1496,77,7Cupro - alumínio 1,068,48,9Cobre 1,127,58,4Latão 1,1417,88,9Bronze 1,0576,97,3Ferro fundido 1,1476,87,8Aço Figura 5 - Valores de ds, dq e da relação ds/dq 5.3 - REGRA DA ZONA DE AÇÃO O gradiente térmico gerado pelos massalotes, centros térmicos, pelo efeito de extremidade e pelos resfriadores, podem fazer com que as isotermas assumam formas cônicas, formando o chamado cone de solidificação, o que permite obter uma solidificação dirigida para o massalote ou outro ponto quente (figura 6). Porém existem distâncias, limites, para este efeito. Estas distâncias são chamadas de zona de ação do massalote, ou distância de alimentação. A figura 7 mostra uma massalote colocado sobre uma placa de dimensões infinitas. Figura 6 - Fechamento das istermas de forma variada Figura 7 - Zona de ação do massalote representado pela distância L Pág.10 Isotermas paralelas Isotermas em forma de cone "Cone de solidificação" Dm L L Dm L A zona de ação do massalote é representada pela circunferência concêntrica a distância L a partir do perímetro do massalote, isto é, a distância que o massalote cria um gradiente térmico longitudinal dando assim, uma forma cônica às isotermas. Portanto, o massalote tem ação até um certo ponto à partir de seu perímetro. O efeito de extremidade aumenta o gradiente térmico e conseqüentemente a distância da abertura das isotermas e o uso de resfriadores aumenta ainda mais. A figura 8 e 9 mostram a nomenclatura empregada para estas relações. Figura 8 - Alcance do massalote e efeito de extremidade Figura 9 - Nomenclatura empregada para determinação da zona de ação Pág.11 A E Região sã Região de maior tendência a formação E = Efeito de extremidade de rechupes A = Alcance do massalote E' = Efeito de extremidade A + E + E' c/ resfriador Resfriador L L A A L = 2A L A E L = A + E Molde L A E E' L = A + E +E' Resfriador L L A E E' E' E A L = 2(A + E +E') Resfriador Os valores de A, A+E, e A+E+E’, são obtidos experimentalmente e dependem do grau de qualidade exigido, do tipo de metal e da forma da peça. Como regra geral podemos utilizar as tabelas da figura 10, para determinar o alcance dos massalotes, ou a distância que o metal líquido deve percorrer, para alimentar a peça ou parte desta. Aços, ferros fundidos brancos, ligas de Al e ligas de Cu 30 + ee30 e2eBarras 4,5e + 50mm4,5e2ePlacas A + E + E’A + EATipo de peça e = espessura da peça A definição de placas e barras é o seguinte: - Barras = prismas de seção quadrada, circular ou poligonal regular; - Placas = prismas de seção retangular, cuja largura é maior ou igual à cinco vezes a espessura. Ferros fundidos de grafita lamelar A = nulo ou indeterminado E = 2,5eMacro e micro rechupesNão rígido A = ∞ A + E = ∞Micro rechupes A = ∞ A + E = ∞Macro rechupesRígido Barra e placaIncidência de defeitoTipo de molde Ferros fundidos de grafita esferoidal E = 2,5eE = 2,5e A = nulo ou indeterminado A = nulo ou indeterminado Macro e micro rechupes Não rígido 3e ≤ E ≤ 4,5eA + E = ∞ A = 0A = ∞Micro rechupes A + E = ∞A + E = ∞ A = ∞A = ∞Macro rechupes Rígido PlacaBarraIncidência de defeitoTipo de molde Figura 10 - Distância de alimentação de ligas diversas Pág.12 Porém, vários autores fizeram trabalhos sobre este assunto, cujos resultados são apresentados sob a forma de gráficos, e para obter os valores de A, A+E e A+E+E’ basta consultar estes gráficos. As figuras 11 a 18 apresentam estes gráficos. Aço carbono A + E = 4,5e A +E + E’ = 4,5e+50mm A + E = 30 e A+ E + E’ = 30 + ee Figura 11 - Distância de alimentação para aço carbono Pág.13 10 15 20 30 40 60 70 80 90 100 150 200 Espessura em mm 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Al ca n ce e m m m Placa (largura > 5 vezes a espessura) A + E + E' A + E A Alcance em mm 600 Barra 500 400 300 200 Valores máximos 100 0 10 20 30 40 60 80 100 200 Espessura em mm 2/1 4/1 3/1 1/1 2/1 A + E + E' A + E A A Aço manganês Figura 12 - Distância de alimentação para o aço manganês Latões - Placas Figura 13 - Distância de alimentação para as placas de latão Pág.14 Alcance em mm 200 Placas 150 100 50 0 10 15 20 25 30 35 40 50 60 70 80 90 100 Espessura em mm A + E A Alcance em mm 200 Placas 150 100 50 0 10 15 20 25 30 35 40 50 Espessura em mm A A + E A + E A Latão 70-30 Latão 60-40 (0,2<Mn<0, Latões - barras Figura 14 - Distância de alimentação para barras de latão Pág.15 600 Alcance em mm Barras 500 400 300 200 150 100 50 0 12,5 15 20 25 30 35 40 45 50 60 70 80 90 100 150 Espessura em mm A + E A+E +E' A+E A Bronze 85 - 5 - 5 Figura 15 - Distância de alimentação para bronze 85-5-5 Pág.16 Alcance em mm 200 180 160 140 120 A + E 100 A = 0 80 60 40 20 0 10 15 20 25 30 35 40 50 Espessura em mm Placa Barra Cobre - Níquel Figura 16 - Distância de alimentação para o Cobre - Níquel Pág.17 Alcance em mm 225 Placas 200 150 100 50 20 10 15 20 25 30 35 40 50 100 Espessura em mm A + E A Alcance em mm 350 Barras 300 250 200 150 100 50 10 12,5 15 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Espessura em mm A + E + E' A + E A CuNi30SiBe CuNi30SiBe CuNi30 CuNi30 Cobre - Alumínio Figura 17 - Distância de alimentação para Cu - Al Pág.18 Alcanceem mm 300 Placas 250 200 150 100 50 20 10 15,0 20 30 40 50 60 70 80 Espessura em mm A+E +E' A+ E A+ E A+E A A l/e > 10 l/e = 5 l/e >10 3 < l/e > 10 l/e < 3 l/e > 10 l/e = 5 Alcance em mm 200 Placas 150 100 50 10 15 20 25 30 35 40 50 60 70 80 Espessura em mm A + E + E' A + E Ferro fundido branco Figura 18 - Distância de alimentação para o Fo. Fo. Branco Pág.19 Alcance em mm 400 Placas 350 300 250 200 150 100 50 7 8 9 10 15 20 25 30 40 50 60 70 Espessura em mm A + E A Alcance em mm 250 Barras 200 150 100 50 10 15 20 25 30 40 50 60 70 80 100 Espessura em mm A + E A 6 - MASSALOTES Como as peças fundidas nem sempre têm formas simples, a prevenção do defeito rechupe não é tão elementar, que somente a colocação de um massalote resolva, é necessário ter-se um sistema de alimentação. O sistema de alimentação é constituído por massalotes ou conjunto de artifícios, que garantam a eficiência destes - massalotes - cujo objetivo é a obtenção de peças isentas de rechupes. Estes artifícios são principalmente: - Obtenção da solidificação dirigida; - Uso de resfriadores; - Garantir a atuação da pressão atmosférica nos massalotes. Para que os massalotes cumpram a sua função ele deve satisfazer 5 regras básicas. São elas: 1. O tempo de solidificação do massalote deve ser superior ao da parte da peça que ele tem de alimentar, isto é, o massalote deve solidificar por último (Mm>Mp); 2. O massalote deve ser posicionado sobre o ponto quente da peça; 3. O massalote deve conter volume suficiente de metal líquido, para compensar a contração volumétrica da peça; 4. O massalote deve ter pressão máxima, isto é, deve estar constantemente sob o efeito da pressão atmosférica; 5. O massalote deve ter o peso mínimo relativo ao da peça, sem perder sua eficiência , para maior economia de material e facilitar a sua remoção, quando do acabamento da peça. A figura 1 mostra os vários tipos de massalotes comumente utilizados e sua respectiva denominação: Figura 1 - Tipos de massalotes normalmente utilizados: massalote direto aberto ( a ), massalote direto cego ( b ), massalote lateral aberto ( c ) e massalote lateral cego ( d ). Pág.20 ( a ) ( b ) ( c ) ( d ) 6.1 - Recomendações para desenho de massalotes a - Altura do massalote O quadro I sintetiza as recomendações de altura dos massalotes em função do tipo de cobertura. 1 a 1,5Lateral cego 1 a 1,5Direto cego 1,5Lateral abertoCom luva exotérmica 1,5Direto aberto 1,5Lateral aberto 1,5Direto abertoCom pó exotérmico 1,5 a 2Lateral aberto 1,5 a 2Direto abertoSem H/DTipo de massaloteTipo de cobertura H = Altura Quadro I D = Diâmetro b - Pescoço do massalote O pescoço do massalote é a parte deste que faz a ligação com a parte da peça, que ele tem de alimentar. O Seu desenho tem grande importância, pois se ele é muito longo, corre-se o risco de haver uma solidificação prematura e ao contrário, se ele é estrangulado e muito curto, o risco é haver um sobreaquecimento localizado, provocando a formação de rechupe nesta região (fig. 2). Figura 2 - Exemplo de pescoço de massalotes diretos com um desenho ruim. Pág.21 30° l d l < 0, 10 D DD d = 0,25 D Um bom desenho de pescoço de massalotes diretos deve seguir as recomendações apresentadas na fig. 3. 0,15 a 0,35 D0,30 a 1,00 DLigas de Alumínio 0,15 a 0,20 D0,30 a 0,70 DFerros Brancos 0,15 a 0,20 D0,30 a 0,70 DLigas de Cobre 0,15 a 0,20 D0,30 a 0,70 DFo. Fo. Cinzento e Nodular 0,15 a 0,20 D0,40 a 1,00 DAços edLiga Quadro II Figura 3 - Recomendações para o desenho do pescoço de massalotes diretos. Pág.22 90° e e/3 60° e 90° e 60° e e/3 Pescoço do massalote obtido com o emprego de macho estrangulador Ver tabela quadro II D d 45° d D D d 45° d D No caso de massalotes laterais, além de um bom desenho do pescoço é necessário um bom desenho do corpo, para garantir a sua eficiência. A figura 4 apresenta as recomendações para o desenho dos massalotes laterais em função do tipo em que a peça será vazada. Figura 4 - Recomendações para o desenho de massalotes laterais O desenho da figura 4.A é mais recomendado para peças vazadas em ferros fundidos cinzento e nodular e o da figura 4.B, para peças vazadas em aço. É importante para peças de aço, que o módulo do pescoço seja 10% maior que o módulo da peça, ou seja, Mo = 1,03 a 1,1 Mp. Então para encontrar a medida de b usamos a seguinte fórmula: Mo = A/P ( em cm) A = área do pescoço (em cm²) P = perímetro da seção de ligação Lm do pescoço (em cm) Mo = a x b/2(a + b) Para massalotes revestidos de luvas exotérmicas o módulo do pescoço pode ser 0 a 4% maior que o da peça, ou seja, Mo = 1,00 a 1,04 Mp. Pág.23 40° r = 0,4 D A B para h = 1,5 D a = D b = 0,53 a 15° 5% 30° para h = 2 D 2D a = D 0,2 D h b = 0,615 a 0,5D 0,5D b d = 0,35 a 0,5D e = 0,1 a 0,15 D d a 2/3 e 7 - RESFRIAFORES Os resfriadores têm com função acelerar, localmente, o resfriamento e solidificação de peças. O principal objetivo de utilizá-los no sistema de alimentação é dirigir a solidificação. Entende-se por resfriador todo material, que tem o coeficiente de difusividade térmica ( b ) maior que o do molde. O coeficiente de difusividade é uma propriedade inerente do material e/ou conseqüente da sua forma. 7.1 - Tipos de resfriadores Os resfriadores são classificados nos seguintes tipos: - metálicos: . internos . Externos - materiais granulados moldáveis - aletas resfriadoras. 7.2 - Coeficiente de difusividade térmica O poder resfriador de um material é diretamente proporcional ao coeficiente de difusividade térmica, b. O quadro da figura 1 apresenta valores para coeficiente de difusividade de materiais utilizados em moldação e para materiais metálicos. 3,79Resfriador em bronze e = 1,33 x módulo da peça20 3,83Resfriador em aço e = 1,33 x módulo da peça19 2,65Resfriador em ferro fundido e = 1,33 x módulo da peça18 2,49Resfriador em alumínio e = 1,33 x módulo da peça17 1,75Resfriador moldado com carboneto de silício16 1,10Molde em areia sílica com resfriadores internos (pregos e cravos)15 1,0795Areia de cromita + 3% de silicato de sódio14 1,20Areia de zirconita sintetizada13 1,31100Areia de zirconita + 8% de argila12 1,2770Areia sílico-argilosa sintética + 10% de grafita11 1,1270Areia sílico-argilosa sintética + 10% de óxido de ferro10 0,9470Areia sílico-argilosa sintética + 5% de carvão mineral9 1,0940Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem máxima8 1,00100Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem normal7 0,92100Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem normal6 0,99100Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem máxima5 0,9270Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem branda4 1,0070Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem normal3 0,9370Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem normal2 1,0070Areia sílico-argilosa sintética a seco, socagem máxima1 diMaterialNº I = módulo de finura AFS e = espessura mínima do resfriador d - difusividade térmica Figura 1 Pág.24 Assim um material com maior coeficiente de difusividade térmica d, reduz localmente o módulo. A redução do módulo de resfriamento, através do uso de refriador presente na cavidade do molde, pode ser definido a partir da seguinte maneira: Supondo a peça da figura 1 do cap. 5, elemento E3. ME3 = (12 x 15 x 4)/(12 x 15) x 2 + (12 x 4) x 2 + (15 x 4) + (15 x 1,5) = 1,34 cm Com resfriador: ME3 = (12 x 15 x 4)/(12 x 15)x3,83 + (12 x 15) + (12 x 4)x2 + (15 x 4)+(15 x 1,5) = 0,69 cm 7.3 - Forma, dimensões e recomendações para uso dos resfriadores7.3.1 - Resfriadores metálicos externos Os resfriadores externos devem ter a mesma forma das paredes, que substituem no molde. No caso de resfriador com grande superfície, deve-se fazer ranhuras, para facilitar a saída dos gases (Fig. 1). Figura 1 - Resfriador com ranhuras. Quando a superfície de contato com os resfriadores é grande, deve-se utilizar vários resfriadores pequenos, para facilitar a saída de gases e evitar defeitos de dilatação, que podem provocar defeitos na peça. Recomenda-se que os resfriadores não ultrapassem as seguintes dimensões: . área da face de contato < 150 cm² . comprimento < 200 mm A figura 2 apresenta uma distribuição, recomendada, de resfriadores em grandes superfícies, com o objetivo de evitar trincas na peça. Pág.25 Área que não calor com o molde E3 Resfriador de aço 1 a 2mm 1 a 2mm Figura 2 - Distribuição recomendada com resfriadores em grandes superfícies (a) e o seu afastamento em relação ao resfriador ao lado (b), onde d >10 mm, sendo recomendado inicialmente d = r/2, onde r é o comprimento do resfriador. 7.3.2 - Dimensionamento do resfriador Para que um resfriador atue com segurança e eficiência é necessário, que o mesmo tenha dimensões bem controladas, isto é, um volume que permita um regime de troca de calor contínuo e uma superfície de contato, que promova uma troca de calor sem interferências. No quadro da figura 1 estabelece-se que a espessura de um resfriador, que atenda aquele valor de difusividade térmica, deve obedecer a relação: espessura do resfriador = 1,33 x módulo da peça. Porém, diferentes autores estabelecem recomendações, para o dimensionamento de um resfriador. Wlodawer sugere que a espessura do resfriador seja determinada, tendo-se a área de contato e o volume do mesmo. A área de contato necessária para a atuação do mesmo pode ser dada pela seguinte expressão: A = Vo(Mo - Mr)/2 x Mo x Mr => sem espaço vazio entre resfriador e peça. A = Vo(Mo - Mr)/Mo x Mr => com espaço vazio entre resfriador e peça. Pág.26 Efeito de arestas acumuladas ( a ) d r ( b ) Peça Onde: Vo = Volume da peça ou parte da mesma, que está sendo resfriada; Mo = Módulo da peça ou parte da mesma, que está sendo resfriada; Mr = Módulo da peça ou parte da peça desejado após atuação do resfriador. O volume do resfriador é dado pela seguinte expressão: V = Vo(Mo - Mr)/Mo A partir dos valores obtidos aplicando-se as expressões acima, podemos determinar a espessura do resfriador: e = V.resfr./A.resfr. Para o caso específico do aço, quando ocorre a formação de vazio, entre a peça fundida e o resfriador durante a solidificação, a transferência de calor da peça para o resfriador vai diminuindo. Para que a transferência de calor seja contínua, é necessário que o resfriador esteja totalmente em contato com a peça; esta transferência ocorre nestas condições. A facilidade ou dificuldade da formação de vazio, vai depender da posição do resfriador. Exemplo: Se o resfriador estiver na parte lateral ou na parte superior do molde, ele facilitará mais a formação de vazio do que se estiver localizado na parte inferior do molde. Quando se utiliza resfriador, para efeito de cálculo do módulo, há um aumento de superfície da peça. No caso, existe um vazio entre a peça e o resfriador, a área da superfície será o dobro da área do molde em areia. E para o caso de não se ter vazio, a área da superfície será o triplo da área do molde em areia. A relação entre a espessura do resfriador versus a espessura da peça, que é utilizada no Japão, em fundições de aço, de acordo com estudos de Amiya, ficará como mostra a tabela abaixo e calcula-se pela seguinte fórmula: t = 34 log T - 30 Sendo: t = espessura do resfriador (mm); T = espessura da peça (mm). 28252320181410Espessura do resfriador - mm 50403530252015Espessura da peça - mm 8 - INFLUÊNCIA DA PRESSÃO METALOSTÁTICA E ATMOSFÉRICA Para atuar com eficiência os massalotes necessitam atuar com uma certa pressão, para vencer resistências devido a: - perdas de carga, que sofre o metal ao fluir entre os cristais de sólido em formação; - aumento de viscosidade do metal com o resfriamento; - pelo efeito da capilaridade, etc. Normalmente esta pressão é a metalostática e a atmosférica. Pág.27 8.1 - Pressão metalóstática A pressão metalostática no massalote é resultante da diferença de nível, entre a superfície superior do metal no massalote e o ponto da peça que se deseja alimentar (fig. 1). Figura 1 - Pressão metalostática Por exemplo, no caso do ferro fundido a pressão metalostática é igual a 6,9g/cm² para cada centímetro de desnível e no caso do alumínio é de 2,4g/cm². A pressão metalostática é pequena, portanto não é suficiente para vencer as resistências, que afetam a eficiência dos massalotes. 8.2 - Pressão atmosférica A pressão atmosférica é igual a 1023g/cm². Expressa em metal líquido, a pressão atmosférica Pa (fig. 2) corresponde a: Figura 2 - Correspondência da pressão atmosférica Pa com a coluna de metal líquido. Observe que a pressão atmosférica é muito superior à pressão metalostática, e esta é a pressão necessária para garantir a eficiência dos massalotes. Garantir a atuação da pressão atmosférica aos massalotes é uma condição primordial. Pág.28 Pm Pm¹ P¹ Hg = 76 mm Ligas de Cu = 130 mm Vácuo Aços = 140 mm Ferro fundido = 150 mm Ligas de Al = 375 mm Altura do Pa Ligas de Mg = 680 mm metal Nos massalotes cegos, para garantir a atuação da pressão atmosférica, utiliza-se de machos atmosféricos (fig. 3). Figura 3 - Macho atmosférico para garantir a atuação da pressão atmosférica. Nos massalotes abertos utiliza-se pós exotérmicos para não deixar que a superfície superior dos mesmos esfrie e garantir, ao mesmo tempo, a atuação da pressão atmosférica (fig.4). Figura 4 - Sistema de alimentação com dois massalotes diretos cobertos com pó exotérmico Figura 5 - Sistema de alimentação com massalote lateral cego, com ataque no massalote e solidificação dirigida utilizando resfriador Pág.29 Pa Macho atmosférico Pm Pm¹ P¹ A1 A2 Q1 B1 B2 Q2c M1 M2 Resfriador Ataque 9 - DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE MASSALOTAGEM Dimensionar o sistema de massalotagem é calcular as dimensões dos massalotes, as dimensões dos resfriadores, os parâmetros referentes aos produtos exotérmicos. Para determinar a região a ser alimentada, podemos economizar tempo, para calcularmos a parte ou partes da peça que deverão ser alimentadas, utilizando o método dos círculos inscritos (método de Heuvers) fig. 1. Figura 1 - Método dos círculos inscritos Podemos observar que as partes de módulos maiores são as de número 1 e 3 sendo que 3 > 1 > 2, portanto teremos de alimentar as partes 3 e 1. Pode-se também alimentar a parte 3 e colocar um resfriador na parte 1 direcionando a solidificação em direção à parte 3. 9.1 - Cálculo das dimensões dos massalotes 9.1.1 - Regra do módulo Como o tempo de solidificação do massalote tem uma relação de dependência com o tempo de solidificação da peça, o seu módulo depende então do módulo da peça. A relação entre o módulo da peça e o módulo do massalote é a seguinte: Mm ≥ k x Mp Onde: Mm = Módulo do massalote; k = Coeficiente de correção, que depende do tipo de massalote e da liga utilizada; Mp = Módulo da peça. O quadro da figura 2 apresenta os valores para K. k = 0,5Massalote com luva exotérmica para peça de Fo. Fo. Gl vazada em molde rígido k = 0,6Massalote para peça de Fo. Fo. Gl vazada em molde rígido k = 0,8 a 0,9Massalote com luva exotérmica k = 1,1Massalote aquecido pelo ataque k = 1,2Caso geral Figura 2 - Valores para coeficiente de correção k Pág.30 ( a ) ( b ) 1 2 3 2 3 1 9.1.2 - Cálculo das dimensões dos massalotes Com o valor do módulo do massalote obtém-se o diâmetro do massalote em função dotipo de massalote e da utilização ou não de produtos exotérmicos. A figura 3 apresenta os diversos tipos de massalote e as respectivas fórmulas, para cálculo de seu diâmetro e volume. - Massalote direto aberto - Dm = 4 Mm - Vm = pi/4 x Dm² x Hm - Massalote direto aberto com pó isolante - Dm = 4 Mm - Vm = pi/4 x Dm² x Hm - Massalote direto aberto com pó e luva extérmicos - Dm = 4 Mm - Vm = pi/4 x Dm² x Hm - Massalote lateral aberto - Dm = 4,56 Mm - Vm = pi/12 x Dm² (Dm + 3 Hm) - Massalote lateral cego - Dm = 4,56 Dm - Vm = 1,309 Dm³ (para Hm = 1,5 D) - Massalote direto cego - Dm = 4,5 Dm - Vm = 1,047 Dm³ (para Hm = 1,5 D) Figura 3 - Fórmulas básicas para cálculo do diâmetro e volume de massalotes Pág.31 Dm Hm Com pó isolante Dm Hm Com pó isolante Hm Hm Dm Lm Hm Dm Lm Dm Hm Dm 9.1.3 - Determinação do número de massalotes O objetivo de se conhecer a distância de alimentação e o volume do massalote é para determinar o número de massalotes necessários, para garantir uma peça isenta de rechupe. A figura 4 mostra o número de massalotes necessários para conseguir a plena alimentação de uma peça. Figura 4 - Determinação do número de massalotes em função da distância de alimentação que ele consegue cobrir Podemos observar, que o massalote direto cria um gradiente térmico em torno de si, abrindo as isotermas num campo igual à uma semi-esfera e o massalote lateral, abre as isotermas num campo correspondente à um quarto de esfera. Pág.32 10 - APLICAÇÃO PRÁTICA DE SISTEMA DE MASSALOTAGEM V = 10 x 4 x 15 = 600 cm³ S = (4 x 10) x 2 + (10 x 15) x 2 + (15 x 4) + (15 x 1,5) = 462,5 cm² Módulo = V/S = 600 / 462,5 = 1,3 cm V = 15 x 11 x 2,5 = 412,5 cm³ S = (15 x 11) x 2 + (2,5 x 11) x 2 = 385 cm² Módulo = V/S = 412,5 / 385 = 1,07 cm V = 12 x 15 x 4 = 720 cm³ S = (12 x 15) x 2 + (12 x 4) x 2 + (15 x 4) + 15 x 1,5) = 538,5 cm² Módulo = V/S = 720 / 538,5 = 1,34 cm Pág.33 150 E1 15 E3 40 E2 150 110 120 Área que não troca calor com o molde E1 E2 Áreas que não troca calor com o molde Área que não troca calor com o molde E3 Observando que o módulo de E3 > E1 > E2, teremos de alimentar E3 e E2, pois são dois sistemas independentes separado por E2. Cálculo para massalote direto aberto para E1: Material Aço C com 0,25%C Mp = 1,30 cm Mm = 1,30 x 1,2 = 1,56 cm Dm = 4 x 1,56 = 6,24 cm => Dm = 62 mm Hm = 2 x 62 = 124 mm Vcp = r/100 x k’ x Vc Vc = 1,147 x 600 => 688,2 cm³ Vcp = (6/100) x 6 x 688,2 => Vcp = 247,75 cm³ Vm = (3,1416/4) x 6,4² x 12,4 => Vm = 398,91 cm³ Zona de ação = 4,5 x 40 = 180 mm Cálculo do massalote lateral aberto para E1: Material Aço C com 0,25%C Mp = 1,30 cm Mm = 1,30 x 1,2 = 1,56 cm Dm = 4,56 x 1,56 = 7,11 cm => Dm = 71 mm Hm = 2 x 71 = 142 mm Lm: a = 71 mm b = a x 0,615 = 44 mm Mo = (a x b)/2(a + b) = Mo = (7,1 x 4,4)/2(7,1 + 4,4) Mo = 1,36 cm Vcp = r/100 x k’ x Vc Vc = 1,147 x 600 => 688,2 cm³ Vcp = (6/100) x 6 x 688,2 => Vcp = 247,75 cm³ Vm = (3,1416/12) x 7,1² x (7,1 + 3 x 14,2) => Vm = 655,91 cm³ Zona de ação = 4,5 x 40 = 180 mm Cálculo para massalote direto aberto para E3: Material Aço C com 0,25%C Mp = 1,34 cm Mm = 1,34 x 1,2 = 1,61 cm Dm = 4 x 1,61 = 6,44 cm => Dm = 64 mm Hm = 1,5 x 64 = 96 mm Vcp = r/100 x k’ x Vc Vc = 1,147 x 720 => 825,84 cm³ Vcp = (6/100) x 6 x 825,84 => Vcp = 297,30 cm³ Vm = (3,1416/4) x 6,4² x 9,6 => Vm = 308,83 cm³ Zona de ação = 4,5 x 40 = 180 mm Cálculo do massalote lateral aberto para E3: Material Aço C com 0,25%C Mp = 1,34 cm Mm = 1,34 x 1,2 = 1,61 cm Dm = 4,56 x 1,61 = 7,34 cm => Dm = 73 mm Hm = 2 x 73 = 146 mm Pág.34 Lm: a = 73 mm b = a x 0,615 = 45 mm Mo = (a x b)/2(a + b) = Mo = (7,3 x 4,5)/2(7,3 + 4,5) Mo = 1,39 cm Vcp = r/100 x k’ x Vc Vc = 1,147 x 720 => 825,84 cm³ Vcp = (6/100) x 6 x 825,84 => Vcp = 297,30 cm³ Vm = (3,1416/12) x 7,3² x (7,3 + 3 x 10,95) => Vm = 560,14 cm³ Zona de ação = 4,5 x 40 = 180 mm Pág.35 Massalotes diretos abertos E1 E3 E2 Massalotes laterais abertos E1 E3 E2 CAPÍTULO 2 CÁLCULO DO SISTEMA DE CANAIS DE ENCHIMENTO 1 - INTRODUÇÃO O comportamento dos metais líquidos ou ligas metálicas líquidas, quando em processo de escoamento é muito semelhante da água. Em conseqüência, as leis matemáticas, que regem os fluídos são também aplicáveis a estes materiais. É importante ressaltar, que a condição de estado plenamente líquido é somente quando os metais e ligas metálicas estão a temperaturas superiores às suas respectivas temperaturas de fusão, isto é, no mínimo 50° acima. O objetivo deste capítulo é apresentar os princípios básicos sobre o escoamento dos líquidos, a partir dos quais se sustentam a determinação e dimensionamento dos sistemas de enchimento. 2 - LEI DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA - TEOREMA DE BERNOULLI Um líquido em movimento está sob o efeito de energia cinética e potencial. A energia potencial subdivide-se em dois tipos: - Energia potencial de posição, conseqüente da ação da força da gravidade; - Energia potencial de pressão, conseqüente do trabalho exercido pela pressão. Assim: - Ec = mv²/2 - Epp = VρH - Ep = VP Onde: Ec = Energia cinética; Epp = Energia potencial de posição; Ep = Energia de pressão; V = Volume; P = Pressão; ρ= Peso específico; v = velocidade; m = massa; H = Altura da coluna do líquido. O teorema de Bernoulli diz que a soma destas três energias é uma constante. VρH +VP + mv²/2 = Cte Como massa é definido por: M = V x ρ/g, onde g = aceleração da gravidade. Pág.36 A equação passa a ser: VρH +VP + Vρv²/2g = Cte Com o objetivo de simplificar a equação, podemos dividí-la po Vρ obtendo então: H + p/ρ + v²/2g = Cte Num sistema de condutos, quando a válvula está fechada a energia potencial é máxima. Abrindo a válvula, logo que se estabelece o fluxo de líquido, a energia potencial muda rapidamente para energia cinética e energia de pressão. Uma vez que o fluxo é estabelecido a energia potencial é constante, portanto quando a velocidade aumenta, a pressão diminui e vice-versa. Enquanto o líquido está fluindo há uma perda de carga devido ao atrito do líquido coma as paredes e devido às mudanças de direção do fluxo. A vazão é dada pela seguinte fórmula: Q = v x A, onde Q = vazão, v = velocidade do líquido a A = área do conduto Assim: v = Q/A => substituindo v na equação de Bernoulli e considerando que existe uma perda de carga Z no sistema, a equação passa a ser: H + P/ρ + 1/2g x (Q/A)² + Z = Cte Assim, se a área do conduto diminui a velocidade aumenta e vice-versa. 3 - LEI DA CONTINUIDADE Outro princípio básico e fundamental ao escoamento do líquido num conduto é o da continuidade. Este princípio resulta do princípio da conservação de massa. Para o escoamento permanente a massa de fluído, que passa por todas as seções de uma corrente de fluído por unidade de tempo é sempre a mesma. Um corpo em queda livre é dado pela fórmula: v = 2gh Onde: g = aceleração da gravidade; h = altura da queda; v = velocidade. Quanto maior for a altura, maior será a velocidade, portanto o fluxo de líquido em queda livre diminui a sua seção à medida que aumenta a altura. 4 - TURBULÊNCIA E NÚMERO DE REYNOLDS No escoamento do líquido dentro do sistema de condutos, a ocorrência ou não de turbulência depende da relação entre as forças de inércia do líquido e as forças conseqüentes da viscosidade. Esta relação é expressa pelo número de Reynolds: R = V.d/λ Pág.37 Onde: R = número de Reynolds; v = velocidade do fluxo; d = diâmetro do conduto; λ= viscosidade cinemática. Viscosidade cinemática é igual à viscosidade dinâmica dividida pela densidade do metal líquido. Experimentalmente verificou-se, que para valores de número de Reynolds até aproximadamente 2000 o escoamento do líquido é laminar. Para valores superiores, o escoamento é turbulento.No caso do escoamento do metal e ligas metálicas o número de Reynolds é superior a 2000. Porém, quando este número é inferior a 20.000, uma camada de líquido junto às paredes do conduto permanece inalterada, enquanto a turbulência ocorre na parte central do conduto. Quando o número de Reynolds é superior a 20.000, a camada superficial rompe-se e há uma turbulência generalizada. Conclui-se que o sistema de escoamento do metal deve garantir um número de Reynolds inferior a 20.000. O quadro 1 apresenta alguns valores de viscosidade cinemática (em cm²/segundo): 0,004Cobre 0,0044Aço 0,004 a 0,015Ferro 0,008Magnésio 0,0127Alumínio 0,01Água Viscosidade ( cm²/s )Material 5 - PERDAS DE CARGA No escoamento do metal líquido nos canais de enchimento do molde, ocorre uma perda de carga por atrito decorrente da interação do líquido com as suas paredes. Além das perdas por atrito, existe perdas localizadas devido à mudança de direção do fluxo e das dimensões das áreas dos canais. Outros fatores que interferem na perda de carga é a viscosidade e o grau de turbulência do fluxo. A figura 1 apresenta alguns exemplos de situações de perda de carga localizada. A diminuição localizada da seção do canal, provoca uma contração do líquido, que logo em seguida preenche novamente o canal (fig. 1a), promovendo uma perda de carga. O caso contrário, aumento localizado de seção, também provoca uma perda de carga (fig. 1c). Igualmente, uma mudança abrupta de direção do fluxo (fig. 1b), promove também uma perda de carga. A perda de carga é uma perda de energia e como as outras formas de energia envolvidas em um sistema de canais, ela pode ser expressa como altura. O modelo matemático, que traduz esta perda de carga é o seguinte: Hp = β.v²/2g Pág.38 Onde: Hp = energia perdida - expressa com altura; β = coeficiente de perda de carga; v = velocidade do líquido; g = aceleração da gravidade. Em um sistema de condutos a perda de carga total será a soma das perdas de carga localizadas (fig. 4). Figura 1 - Exemplo de situações de perda de carga localizada. 6 - ENCHIMENTO DO MOLDE O processo de fundição em areia, caracteriza-se pelo vazamento de uma liga metálica na cavidade do molde. Isto implica, então na necessidade de canais que possibilitam o preenchimento completo da cavidade do mesmo. Estes canais localizados ao redor da peça, recebem o no me de sistema de enchimento. A ineficiência de um sistema de enchimento pode provocar, entre outros problemas, os seguintes defeitos nas peças fundidas: - Peça incompleta; - Defeitos relativos à resistência da areia (erosão, rabo de rato, escamas, etc.); - Inclusões não metálicas (gás, areia e escórias); - Inclusões metálicas (óxidos); - Trincas; - Rechupes; - Etc. Portanto, o sistema de enchimento é responsável não só pelo enchimento do molde, mas também pela qualidade da peça. A determinação e dimensionamento de um sistema de enchimento deve obedecer os seguintes fatores: - Garantir o enchimento do molde num tempo preestabelecido; - Garantir a sanidade da peça; - Ter o menor tamanho possível. 6.1 - Definição O sistema de enchimento de um molde é o conjunto de canais que permite preencher o mesmo, com quantidade necessária de metal líquido, a uma temperatura definida e num tempo determinado. O sistema de canais pode participar direta ou indiretamente do sistema de alimentação. • Diretamente, quando o canal de distribuição for calculado para conter uma reserva de metal quente suficiente, para alimentar a contração de pequenas peças. Pág.39 a b c Neste caso, o canal de distribuição pode ser comparado a um massalote linear como mostra a figura 2. • Indiretamente, quando facilita a obtenção da solidificação dirigida em direção dos massalotes, colocando os ataques nos mesmos, para sobreaquecê-los e aumentar, assim o gradiente de temperatura com a peça (figura 3). Figura 2 - Canal com participação direta na alimentação da peça. Figura 3 - Canal com participação indireta na alimentação da peça. 7 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENCHIMENTO DO MOLDE Na determinação de um sistema de enchimento é necessário ter em mente as considerações, que são apresentadas na seqüência deste capítulo, para que o sistema atenda sua função. Outro aspecto fundamental a se levar em consideração, é que um sistema de enchimento está intimamente relacionado com a vazão e tempo de enchimento e o constante compromisso de se obter uma peça sã e economicamente viável. 7.1 - Considerações relativas à porcentagem de retorno É evidente, que quanto menor for a vazão necessária para o enchimento do molde, menores serão as dimensões dos canais e portanto, menor será a porcentagem de retorno, isto é, menor quantidade de canais. Porém, a sanidade da peça e a viabilidade operacional do vazamento, são limites básicos a serem considerados na definição da vazão. Todos os fatores, que serão considerados na concepção do sistema de alimentação estarão levando em consideração a vazão do sistema. Pág.40 Canal de distribuição e reserva de metal Ataque = seção de ligação Solidificação dirigida Reserva de metal aquecido pelo escoamento do metal (massalote) Solidificação dirigida 7.2 - Considerações relativas ao modelo de solidificação e do grau de oxidação das ligas O quadro 2 resume os quatro grupos básicos de sistema de enchimento em relação ao modo de solidificação e do grau de oxidabilidade das ligas e apresenta recomendações, para concepção do sistema de enchimento. Gupo IV - Ataque na parte fina inferior da peça. - Enchimento rápido. - Pequena velocidade. Grupo III - Ataque no massalote na parte inferior da peça. - Enchimento lento. - Pequena velocidade. Ligas muito oxidáveis Grupo II - Ataque na parte fina superior da peça. - Enchimento rápido. - Velocidade normal. Grupo I - Ataque no massalote na parte superior da peça. - Enchimento lento. - Velocidade normal. Ligas pouco oxidáveis Camadas espessasCamadas finas Grau de Modo de oxidabilidade solidificação A partir das considerações apresentadas no quadro 2 identifica-se quatro sistemas básicos de enchimento, cuja as caraterísticas são apresentadas nas figuras 4, 5, 6 e 7. Sistema 1 • Solidificação dirigida para o massalote; • Ataque no massalote na parte superior da peça; • Utilização eventual de resfriadores na peça, para aumentar o gradiente de temperatura ; • Enchimento lento por cima; • Velocidade normal nos ataques; • Escalonamento convergente; Utilização para: • Metais com solidificação por camadas finas; • Metais pouco oxidáveis no estado líquido. Exemplo: - Aço com 0,10 < C < 0,30% - Ferro fundido GL com 3,80 < Ce < 4,30% - Cobre 98% - Cupro-níquel com Ni < 10% Figura 4 - Sistema básico de enchimento I Pág.41 Ataque Sistema 2 • Solidificação uniforme; • Ataque na parte fina superior da peça; • Utilização eventual de resfriadores na peça, para homogeneizar as temperaturas; • Utilização de luva exotérmica no massalote, para reaquecer o metal; • Enchimento rápido por cima, com vários ataques na parte fina; • Velocidade normal nos ataques; • Escalonamento convergente; Utilização para: • Metais com solidificação por camadas espessas; • Metais pouco oxidáveis no estado líquido. Exemplo: - Aço com C > 0,30% - Aço Mn com 11 a 14% de Mn - Ferro fundido GL com 3,80 < Ce < 4,30% - Ferro fundido GE, no caso de peças de pequena altura - Ferro fundido branco - Bronze Figura 5 - Sistema básico de enchimento II Sistema 3 • Solidificação dirigida para o massalote; • Ataque no massalote na parte inferior da peça; • Utilização eventual de resfriadores na peça, para aumentar o gradiente de temperatura ; • Enchimento lento por baixo; • Velocidade reduzida nos ataques; • Escalonamento divergente; Utilização para: • Metais com solidificaçãopor camadas finas; • Metais muito oxidáveis no estado líquido. Exemplo: - Aço 18 - 8 - Aços com 12 a 14% Cr - Ferro fundido GL austeníticos hipo-eutéticos com 20% Ni e 2% Cr - Alumínio puro - Cupro-alumínio com Al < 10% Pág.42 Ataque - Liga de alumínio com 13% Si e 10% Si-Mg - Latão de alta resistência Figura 6 - Sistema básico de enchimento III Sistema 4 • Solidificação uniforme; • Ataque no massalote na parte inferior da peça; • Utilização de luva exotérmica no massalote, para reaquecer o metal; • Utilização eventual de resfriadores na peça, para homogeneizar as temperaturas; • Enchimento rápido por baixo; • Velocidade reduzida nos ataques; • Escalonamento divergente; Utilização para: • Metais com solidificação por camadas espessas; • Metais muito oxidáveis no estado líquido. Exemplo: - Aços com Cr > 30% - Ferro fundido GE, no caso de peças de grande altura - Ferro fundido GE austeníticos hipo-eutéticos com 20% Ni e 2% Cr - Cupro-níquel com 20 a 30% Ni - Ligas de alumínio, exceto as com 13% Si - Ligas de Magnésio. Figura 7 - Sistema básico de enchimento IV Pág.43 Ataque Ataque Observações: a) Os metais muito oxidáveis no estado líquido não podem ser vazados por cima. Mas os metais pouco oxidáveis, que normalmente são vazados por cima, podem também ser vazados por baixo, particularmente nos seguintes casos: - peças de formas complexas; - peças de grande altura; - peças com conjunto de machos instáveis ou frágeis; - peças de alta qualidade, nas quais se procura estrutura homogênea. b) Os metais com solidificação por camadas finas, podem ser vazados utilizando-se os sistemas 2 ou 4, quando a espessura da peça é pequena e uniforme. As bolachas pouco maciças podem ser neutralizadas por resfriadores. c) Os metais com solidificação por camadas espessas, podem ser vazados utilizando-se os sistemas 1 ou 3, quando for possível dirigir a solidificação com elevado gradiente de temperatura. Neste caso recomenda-se a utilização de resfriadores. 7.3 - Considerações relativas à resistência do molde A resistências dos moldes à erosão pelo jato do metal, tem seus limites. Porém, quando uma parte do molde estraga-se, raramente é por causa do atrito do metal líquido sobre as paredes de areia ou pelo efeito de um pressão metalostática elevada, mas quase sempre, pelo efeito de uma exposição prolongada das paredes do molde à radiações caloríficas do metal durante o enchimento. A maioria dos estragos superficiais dos moldes em areia, acontecem antes que a pressão do metal seja estabelecida de uma maneira estável contra as paredes, isto é, antes que seja completamente vazado o molde (ou paredes do mesmo). Por exemplo: - Os defeitos de superfície na parte inferior do molde , aparecem nos limites de uma porção de metal líquido, momentaneamente imóvel; - A formação de escamas inicia-se nas paredes, por cima do nível do metal, muitas vezes antes do enchimento completo do mesmo; - As erosões no sistema de canais ocorrem freqüentemente onde o fluxo de metal desliga-se da parede do canal. A solução ideal seria vazar instantaneamente o molde, mas esta é praticamente impossível de se obter. Aproxima-se dela, quando se seguem as seguintes recomendações: - Escolher o tempo de enchimento mais curto entre os vários possíveis; - Localizar os ataques de tal maneira, que o enchimento das partes mais baixas da cavidade seja realizado rápido e simultaneamente; - Projetar o sistema de canais de maneira que as paredes horizontalmente superiores da cavidade, não fiquem expostas por muito tempo ao efeito da radiação do metal líquido. Pág.44 Figura 8 - Exemplos de soluções para problemas relativos ao efeito na radiação no molde Pág.45 Sujeito a problemas Paredes expostas à radiação Ataque Solução Ataque Sujeito a problemas Ataque Solução Ataque 8 - TEMPO DE ENCHIMENTO O tempo de enchimento deve ser menor que o tempo de resfriamento da liga até o líquidus em função da espessura da peça, da liga e do sobreaquecimento, e ao mesmo tempo evitar turbulência durante o enchimento do molde, garantir que a solidificação inicie após o término do mesmo e que a areia do molde resista a radiação do metal líquido. 8.1 - Tempo de enchimento em função da operacionalização do vazamento A figura 9 apresenta valores de vazão ótima, que permite a operacionalização do vazamento. Estes valores foram obtidos experimentalmente. 5,8 a 9,2800 a 1300Mecanizada 2,1 a 4,2300 a 600Manual kg/sCm³/s Vazão ótima Tipo de vazamento Figura 9 - Vazão ótima para operacionalizar o vazamento em função do tipo de vazamento Com t = P/Q ou t = V/Q t = tempo de vazamento em segundo P = peso da peça + massalotes + canais em kg V = volume da peça + massalotes + canais em cm³ Q = vazão em kg/s ou Cm³/s Pode-se então determinar um faixa de tempo ideal à operacionalização do vazamento. 8.2 - Tempo de enchimento em função da resistência da areia do molde aos efeitos da radiação do metal líquido As areias de fundição se dilatam sob o efeito do calor, o que provoca uma série de defeito nas peças. Durante o enchimento do molde a areia está sujeita a radiação do metal líquido que, em função do tempo de exposição, entra em processo de dilatação. Existe pois, um tempo crítico em que determinada areia resiste à radiação. A figura 10 apresenta valores aproximados de tempos críticos, para areias de fundição à base de sílica (SiO2). Pág.46 ± 60 segundos± 12 segundos± 5 segundos Areia AFS 60 a 70Areia fina AFS ≥ 100≥ 100≥ 100≥ 100 Areia aglomerada com resina ou silicato de sódio Areia a verde Figura 10 - Tempo crítico de resistência ao efeito da radiação das areias de fundição à base de sílica. O tempo de enchimento deve, então ser menor que o tempo que a areia resiste à radiação. É importante observar, que as radiações afetam principalmente superfícies horizontais das partes altas do molde e que nem todas as superfícies estão sujeitas à radiação durante todo o enchimento do molde. Portanto, conforme a forma da peça, o tempo total de enchimento pode ser maior que o tempo que a areia resiste à radiação. 9 - OS SISTEMAS DE ENCHIMENTO 9.1 - Constituição de um sistema de enchimento A figura 11 apresenta um esquema genérico de um sistema de enchimento, com indicação dos elementos que o constituem. Figura 11 - Esquema genérico de um sistema de enchimento. Um sistema de enchimento consta então dos seguintes elementos: - Funil, copo ou bacia de vazamento; - Canal de descida; - Sistema de retenção de escórias; - Um ou vários canais de distribuição; - Um ou vários ataques. Pág.47 Funil Canal de descida Sistema de retenção de escórias Canal de distribuição Ataques Pé do canal de descida Ataque Peça 9.2 - Funil, copo ou bacia de vazamento Os elementos funil, copo ou bacia de vazamento tem com objetivo facilitar a entrada do metal a canal de descida. O funil é obtido escareando, imprimindo um modelo ao molde ou estar contido na placa modelo (mais prático). Pode também ser confeccionado separadamente e ser colocado sobre o canal de descida posteriormente. Neste caso deve ser confeccionado em areia rígida (resina, silicato CO2). 9.3 - Canal de descida O canal de descida é o conduto vertical do sistema de enchimento, cuja função é possibilitar o enchimento do molde aproveitando a aceleração da gravidade, isto é, a energia potencial do líquido transforma-se em energia cinética. A forma do canal de descida geralmente é cilíndrica e apresenta em conicidade convergente, para baixo. Esta conicidade tem como objetivo evitar o desligamento do fluxo do líquido das paredes do canal (lei da conservação de massa). Pág.48 Funil de vazamento Copo de vazamento Bacia de vazamentoA figura 12 apresenta um exemplo de canal de descida. Figura 12 - Exemplo de canal de descida mostrando o pé do canal. O pé do canal de descida é o elemento responsável pela mudança de direção do fluxo de vertical para horizontal. 9.4 - Canal de distribuição O canal de distribuição tem como função a distribuição do líquido em torno da peça, para garantir a eficácia do enchimento. A figura 13 mostra dois exemplos de canal de distribuição. Figura 13 - Exemplos de canais de distribuição Pág.49 ds di Canais de descida Canal de subida Canal de subida 9.5 - Sistema de retenção de escória O sistema de retenção de escória é uma parte do canal de distribuição modificada, com o objetivo de reter as escórias. Esta modificação traduz por um aumento localizado da seção transversal do canal de distribuição. A figura 14 apresenta um exemplo. Figura 14 - Exemplo de mudança localizada no desenho da distribuição. 9.6 - Sistema em chuveiro Este sistema permite o enchimento, seja por baixo ou por cima, na direção vertical. Ele possibilita o enchimento de moldes, cujas peças têm paredes finas e de grande altura. A figura 15 apresenta um sistema em chuveiro por baixo (chuveiro inverso). Figura 15 - Sistema de chuveiro (inverso). Pág.50 Distribuição com retenção de escória Ataque Peça Ataques Canal de distribuição 10 - ESCALONAMENTO A energia que líquido adquire na sua queda, para dentro do molde é que possibilita o enchimento de sua cavidade. Esta energia é, portanto, em função da altura do canal de descida (altura metalostática). Assim, a velocidade do fluxo num sistema de enchimento está diretamente ligada às seções dos canais. O escalonamento é uma relação de proporcionalidade entre a seção do canal de descida, do canal de distribuição e a somatória das seções dos canais de ataque. Dependendo desta relação, obtém-se uma maior ou menor velocidade do fluxo de metal nos elementos do sistema. Tomando como referência o canal de descida, esta relação é apresentada na seguinte seqüência: Sd - Sc - Sa Onde: Sd = seção do canal de descida; Sc = seção do canal de distribuição; Sa = somatória das seções dos canais de ataque. Por exemplo, o seguinte escalonamento 1 - 2 - 1, indica que a seção do canal de distribuição é duas vezes a seção do canal de descida (Sc = 2Sd) e que a somatória das seções dos ataques é igual à seção do canal de descida (Sa = Sd). Neste exemplo há um aumento da seção do canal de distribuição, e como conseqüência ocorre uma diminuição da velocidade do fluxo de metal líquido. O escalonamento é escolhido em função do funcionamento requerido para o sistema de enchimento. Na seqüência deste trabalho serão apresentadas recomendações, para a escolha do escalonamento. 11 - ALTURA METALOSTÁTICA Existe duas possibilidades básicas de enchimento de um molde: por baixo e por cima. É óbvio que uma determinada peça possa, em função da sua forma e dimensões, empregar sistema com as duas possibilidades, ou seja, parte do molde é enchida por baixo e parte por cima. No caso de enchimento por cima, durante o processo de enchimento, a altura metalostática permanece constante (fig. 16). Figura 16 - Altura (H) metalostática constante, para enchimento por cima. Pág.51 H Quando se trata de enchimento por baixo, há uma mudança de altura metalostática durante o processo de enchimento, como mostra a figura 17. Figura 17 - Variação da altura metalostática durante o processo de enchimento. Neste caso a altura metalostática varia de Hi (início do enchimento) para Hf (fim do enchimento). Portanto tem-se então, uma altura (H) média. A altura metalostática é o parâmetro determinante do sistema de enchimento, pois é ela que fornecerá a energia necessária, para a movimentação do líquido dentro da cavidade do molde. 12 - PERDAS DE CARGA NO SISTEMA Para uma mesma altura metalostática a velocidade e a vazão, podem ser alteradas durante o enchimento do molde devido à chamada perda de carga no sistema. Um dos fatores que mais interfere na perda de carga é a geometria do sistema de enchimento, principalmente quando há mudanças bruscas de seção e/ou de direção do fluxo. A figura 18 ilustra esquematicamente o resultado destas perdas (∆H) em função do desenho do sistema. Figura 18 - Perda de carga (∆H) em função da geometria do sistema. No sistema (a) ocorre menor perda e conseqüentemente há maior velocidade de saída do metal. Pág.52 Hf H Hi (a) (b) Como a determinação destas perdas é de difícil dimensionamento e exatidão, a solução para atenuá-las é conceber um desenho de sistema de enchimento, utilizando-se formas pré-determinadas que ofereçam menor perda de carga possível e experimentalmente testadas. 13 - DESENHO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ENCHIMENTO Como já foi visto, um sistema de enchimento ineficiente pode provocar defeitos nas peças. A eficiência do sistema depende do seu desenho e de recomendações extraídas de modelos experimentais. Existem pois, recomendações e justificativa para cada parte do sistema. 13.1 - Funil O funil é a primeira parte do sistema de enchimento a receber o metal líquido. Um funil de seção circular favorece a formação de turbilhões que provoca arraste de ar e impurezas do metal, para dentro dos canais. Comprovou-se através de modelos hidráulicos, que a seção quadrada é preferível porque reduz as projeções de metal fora do funil e impede a formação de turbilhões (fig. 19). O jato de metal deve ser no meio de uma das faces planas, seguindo uma direção perpendicular. Figura 19 - Influência da forma do funil na formação de turbilhões. Como se pode ver no funil do tipo (a) forma-se turbilhão e no (b) o metal se acomoda sem a formação do turbilhão. Pág.53 (a) (b) A figura 20 mostra dois perfis recomendados para moldação em máquina. Figura 20 - Perfis recomendados para funil de vazamento. 13.2 - Canal de descida Como a velocidade do líquido é dado pela fórmula V = , onde:2gh V = velocidade; g = acleração da gravidade; h = altura metalostática. E sabendo-se, pela lei da continuidade, que V1 S1 = V2 S2, onde: V1 = Velocidade do fluxo do líquido no alto do canal de descida; S1 = Área da seção transversal do fluxo; V2 = Velocidade de fluxo na base do canal de descida; S2 = Área da seção transversal do fluxo de líquido na base do canal de descida. Conclui-se que a forma ideal de descida é afunilada, isto é, o canal ligeiramente cônico, para evitar o desligamento do fluxo de metal das paredes do canal. Sabe-se que, baseando em experimentos, as perdas de carga e a energia de pressão impedem o desligamento do fluxo das paredes, quando se respeita as recomendações para o desenho do canal de descida. A primeira recomendação é: • A ligação entre funil, copo de vazamento ou bacia, seja feita por um raio de concordância, com isto evita o desligamento do fluxo de líquido das paredes do canal de descida (fig. 21). Pág.54 Impacto do jato Impacto do jato 20° 25° 45° H > 3d d 1,5 d + 4 Figura 21 - Recomendação para ligação dentre funil e canal de descida. Para canais de descida com altura inferior á 200mm, é comum que estes apresentem uma ligeira divergência - aproximadamente 1% - que facilita a moldação. Para canais de descida com altura superior à 200mm, estes devem ser retos ou convergentes - aproximadamente 1% - ou ainda assumir um desenho mais sofisticado como mostra a figura 22. Figura 22 - Desenho para canal de altura maior que 200mm. 13.3 - Pé do canal de descida No pé do canal de descida, o metal tem a sua velocidade máxima e muda bruscamente de direção. Quando o canal de descida é colocado diretamente sobre o canal de distribuição, fortes turbilhões são formados arrastando areia e ar. Pág.55 Desligamento do fluxo de metal Ø d' Ø d Por isso, para evitar depressão ou contra pressãono sistema e turbulência no fluxo é que a presença de em raio de concordância torna o sistema pressurizado e sem turbulência. Toda mudança rápida de direção leva a uma perturbação do fluxo do metal, produzindo geralmente, um movimento helicoidal desordenado em lugar de formar filetes de metal líquido paralelos ao eixo do canal. Quando este movimento desordenado inicia no pé do canal de descida, produz-se uma modificação de repartição do metal entre os ataques. Para regularizar o fluxo, deve-se dar ao canal uma forma ligeiramente divergente no pé do canal de descida: Sd > Sc no caso de pé simples; Sd = seção do canal de descida; Sc = seção do canal de distribuição ou saída do pé do canal de descida; Sd > Sc1 + Sc2 + ... no caso do pé com vários canais de distribuição. A figura 23 apresenta recomendações para o desenho do pé do canal. Figura 23 - Recomendações para o desenho de um pé de canal simples. No caso de pés de canal para mais de um canal de distribuição, as recomendações são apresentadas na figura 24. Figura 24 - Recomendações para pé de canal para mais de um canal de distribuição. Pág.56 5% 5% 5 a 10% 5 a 10% 1,5 a 2d 1,5 a 2d Ø d r = d Sd Sc h h/ 2 Sd >= Sc Sd >= Sc Sd Ø d r = d Ø d r = d Sd >= 2Sc r = d r = d 1,5 a 2d 1,5 a 2d Sd Sc Sc 13.4 - Canal de distribuição O canal de distribuição é o canal que recebe o metal do canal de descida, para repartí-lo entre os vários ataques. O canal de distribuição é geralmente horizontal ou ligeiramente inclinado; em alguns casos particulares pode também ser vertical. Um bom funcionamento do canal de distribuição implica em uma boa repartição da vazão do metal entre os ataques. A melhor repartição da vazão de metal entre vários ataques se consegue mais facilmente reduzindo a velocidade do metal no canal de distribuição (aumentando a sua seção). No limite, com uma seção infinita, a velocidade do fluxo de metal é nula, a pressão é igual em todos os ataques e a repartição do fluxo de metal realiza-se proporcionalmente às seções dos ataques (fig. 25). Sa = ∑ seções dos ataques. Figura 25 - Influência da seção canal de distribuição na repartição da vazão de metal líquido entres os ataques. Num canal de seção uniforme, a velocidade do fluxo decresce progressivamente devido a: - As perdas de carga aumentam; - À diminuição de temperatura do metal e, conseqüentemente, a diminuição de sua fluidez. Pág.57 Sc = Seção do canal V = velocidade a Sco Vo Vo 0 Sc/Sa Equlíbrio perfeito b Sco > Sc1 > Sc2 V1 Vo < V1 < V2 Sc/Sa >= 2 Desequilíbrio pequeno Sc2 0 V2 c V2 Sc/Sa 0 Desequilíbrio acentuado Quando este canal distribui o metal entre vários ataques, observa-se que é o último ataque que tem vazão maior em relação aos precedentes. O desequilíbrio da vazão é tanto maior: - Quanto menor for a seção do canal de distribuição e portanto, quanto maior for a velocidade do fluxo de metal para uma mesma altura metalostática (fig. 25 b e c); - Quanto maior for altura metalostática e, portanto a velocidade do fluxo para uma mesma seção de canal; - Quanto maior for o número de ataques; - Quanto menor for a relação Sc/∑Sa. Os canais de distribuição com seção uniforme têm a desvantagem de serem bastante volumosos e portanto, de aumentar a proporção de retornos, diminuindo o rendimento metálico. Recomenda-se utilizar canais com seções decrescentes, que são mais econômicos, sobretudo quando aumenta o número de ataques (fig. 26). Figura 26 - Canal de distribuição com seções decrescentes. Além disso estes canais realizam uma boa repartição da vazão entre os ataques, apesar de uma relação Sc/Sa = 1 sob a condição de respeitar uma ordem decrescente das seções em função do número de ataques e da distãncia entre eles. Estes tipos de canais de distribuição são 50 a 70% menos volumosos, quando comparados com os de seção uniforme, cuja relação é Sc/Sa = 2. O método para dimensionar as seções decrescentes é apresentado no cálculo do sistema de enchimento. Utilizam-se os canais inclinados decrescentes, para o vazamento simultâneo de pequenas peças agrupadas num molde, cujo funil está localizado na parte alta. Quanto a forma da seção, sabe-se que a circular é que sofre menos perda de carga e de temperatura para determinada área. Nas outras formas é a quadrada que dá os melhores resultados. Para os canais de distribuição, a forma quadrada é a de mais fácil moldação, pricipalmente quando se encontra totalmente do mesmo lado da superfície de separação (fig. 27). Figura 27 - Canal de distribuição de seção quadrada. Pág.58 Sc/Sa = 1 Pouco desequilíbrio 10% C Ataque C Quando a seção é repartida entre cada lado da superfície de seperação, utiliza-se freqüentemente, a seção retangular (fig. 28). Com esta forma, pode-se colocar os ataques por cima ou por baixo. Figura 28 - Canal de distribuição de seção retangular. No sistema da figura 27 há uma má repartição da vazão do metal nos ataques durantr o regime transitório no início do vazamento. Dificulta a penetração de escórias na cavidade da peça. A moldação é fácil. No sistema da figura 28a a repartição é aceitável da vazão do metal durante o regime transitório. Dificulta relativamente a penetração de escórias na cavidade do molde e a moldação é menos econômica devido à repartição do canal de cada lado da superfície. No sistema da figura 28b a repartição é aceitável da vazão do metal durante o regime transitório. Dificulta mais a penetração de escórias na cavidade do molde, em relação ao sistema da figura 28a e a moldação é menos econômica devido à repartição do canal de cada lado da superfície. A escolha entre este três sistemas depende de um grande número de fatores em relação ao grau de saúde e o número de peças para fabricar. Não se recomenda o sistema da figura 29, que provoca muitos turbilhões durante o vazamento, sobretudo quando o número de ataques é superior a um. Figura 29 Pág.59 10% Ataque C ataque C/2 10% C (a) (b) 13.5 - Ataques Os ataques são canais, geralmente curtos, que ligam o canal de distribuição à peça, e nos quais o metal não deve ter uma grande queda notável de temperatura e facilite o acabamento da peça. Portanto, não convém desenhá-los com seções circulares, quadradas ou triangulares, pois além de impedir o resfriamento do metal, acarretam os seguintes inconvenientes: - Complicam a separação dos canais no acabamento; - Dificultam seu posicionamento sobres paredes finas da peça; - Favorecem a entrada de escórias. Os ataques de seção retangular não têm estas desvantagens. 13.5.1 - Ataque de seção retangular Figura 30 - Ataque de seção retangular As dimensões dos ataques devem obedecer as seguintes relações: a = 4b b’ = b + 0,05 La O valor de b’ ligeiramente superior a b, tem o objetivo de facilitar a separação do ataque perto da peça e reduzir, assim, a operação de esmerilhamento. A relação de a/b = 4 não tem nada de absoluto. Às vezes é interessante fim de eliminar pontos quentes, escolher ataques de espessura menor. Não se deve exagerar na redução da espessura. Uma redução significativa da seção do ataque, resulta num grande desequilíbrio de vazão. Quando se trata de molde com numerosas peças pequenas, ocorre que o cálculo determina seções de atque muito reduzidas (da ordem de 0,10 cm²). Neste caso é difícil respeitar a/b = 4, pois b seria muito fino e o metal pode solidificar-se antes de se cmpletar o enchimento. Portanto, excepcionalmente, projetam-se ataques de seção quadrada. Ao lado de 10mm² de área é pouco superior a 3mm. Outro caso para o qual projetam-se ataques de seção quadrada é quando o canal de distribuição faz o papel de massalote ao mesmo tempo. Neste caso o ataque faz o papel de ligação, que deve solidificar depois da parte da peça a ser alimentada. Pág.60 b' b r =b' La a 13.6 - Recomendações para desenho da redução da seção do canal de distribuição escalonado Para determinar o valor das alturas das seções do canal de distribuição escalonado utiliza-se a seguinte progressão: C1 = α1 x C; C2 = α2 x C ..... Cn = αn x C. Onde C = altura ou largura do canal de distribuição referência; α = coneficiente de redução (tabela abaixo). Figura 31 - Detalhamento do desenho das reduções da seção do canal de distribuição. As tabelas abaixo apresentam valores de α em função do número de ataques n e as distâncias entre os mesmos: 0,991,80 0,961,50 0,931,20 0,900,70 0,770,970,860,70 0,770,930,990,770,940,830,50 0,890,890,971,000,720,890,970,740,920,810,40 0,830,830,930,980,670,850,950,710,900,790,30 0,770,770,890,950,620,810,920,670,870,770,20 0,730,730,850,940,590,780,910,650,860,760,15 0,700,700,830,920,570,760,900,630,850,750,10 0,670,670,800,910,540,740,880,610,830,740,05 αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111αααα3333αααα2222αααα1111αααα2222αααα1111αααα1111 n = 5n = 4n = 3n = 2 Número de ataques L (m) Pág.61 L L L L L 50% 50% 50% 50% C C1 C2 C3 C4 50% 50% 50% C' 50% 0,830,830,930,981,001,000,830,830,920,971,000,30 0,730,730,840,910,960,980,740,740,850,920,970,20 0,680,680,790,870,930,970,700,700,820,900,960,15 0,630,630,750,830,900,960,660,660,780,870,940,10 0,590,590,700,790,870,940,620,620,750,840,930,05 αααα6666αααα5555αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111αααα5555αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111 n = 7n = 6 Número de ataques L (m) 0,730,730,840,900,950,990,990,20 0,670,670,780,860,910,950,980,01 0,610,610,720,810,870,920,970,01 0,560,560,670,760,830,900,950,05 αααα7777αααα6666αααα5555αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111 n = 8 Número de ataques L (m) 0,730,730,840,910,950,981,001,000,20 0,660,660,770,850,900,940,970,990,15 0,600,600,700,780,850,900,940,970,10 0,530,530,640,730,800,860,910,960,05 αααα8888αααα7777αααα6666αααα5555αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111 n = 9 Número de ataques L (m) 0,740,740,850,920,960,991,001,001,000,20 0,660,660,770,840,900,940,970,980,990,15 0,590,590,690,770,830,880,920,950,980,10 0,520,520,620,700,770,830,880,930,960,05 αααα9999αααα8888αααα7777αααα6666αααα5555αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111 n = 10 Número de ataques L (m) 0,770,770,770,840,900,940,970,980,991,000,15 0,680,680,680,760,820,870,910,940,970,990,10 0,600,600,600,680,750,800,850,900,940,970,05 αααα10101010αααα9999αααα8888αααα7777αααα6666αααα5555αααα4444αααα3333αααα2222αααα1111 n = 11 Número de ataques L (m) Pág.62 15 - DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE ENCHIMENTO 15.1 - Introdução A primeira ação para determinar um sistema de enchimento é conceber a sua forma geral em função da posição da peça no molde, o sistema de alimentação, da forma e dimensões da peça, do tipo de liga a ser vazada, etc. Neste momento também define-se o uso ou não de sistema de retenção de escória, ou o uso de bacia de vazamento, ou copo de vazamento, ou funil. Concebido o sistema, verifica-se com qual sistema básico de referência ele pode ser identificado. A partir deste sistema encontra-se dados para escolha do coeficiente de perda de carga, escalonamento e desenho do sistema. O dimensionamento do sistema de enchimento consiste em determinar as cotas referentes às seções do canal de descida, distribuição e ataques. A fórmula básica empregada neste dimensionamento se baseia na vazão instantânea de um determinado volume de metal em repouso. Este método já demonstrou, na prática ser muito eficaz, sem demandar maiores dificuldades de cálculo. 15.2 - Equação fundamental para o dimensionamento do sistema de enchimento A vazão instantânea (Q) de sistema de enchimento é função da velocidade potencial (v), que o fluxo atinge e da seção (S) do canal de escoamento, então temos: Q = S x v Como v = , onde g = aceleração da gravidade e h = altura metalostática,2gh temos que: Q = S x 2gh Considerando S como área do canal de descida Sd e aplicando o coeficiente de perda de carga β nos canais, teremos: Q = (Sd/β) x (equação 1)2gh Por outro lado sabe-se que a vazão média de enchimento do molde é igual a: Q = V/t (equação 2), onde v = volume da cavidade do molde e t = tempo de enchimento. Das equações 1 e 2 obtém-se: V/t = (Sd/β) x ⇒ Sd = V/t x β/ x 1/ 2gh h 2g Como g = 9,81 m/s² Sd = V/t x β/ x 0,226h Pág.63 Para podermos entrar com as varáveis em centímetro e a unidade de saída ser em milímetro quadrado a fórmula passa a ser: Sd = 2,26 x V/t x β/ h Onde: Sd = área da seção do canal de descida em mm² V = volume da cavidade em cm³ β = coeficiente de perda de carga admensional h = altura metalostática 15.2 - Altura metalostática h Quando o enchimento é por cima a altura metalostática é igual a dimensão H apresentada na figura 32. Figura 32 Quando o enchimento é por baixo a altura metalostática (fig. 33) é dada pela seguinte fórmula: = ( )/2h 2Hi + 2Hf h = altura metalostática Hi = altura metalostática no início do vazamento Hf = altura metalostática no final do vazamento Pág.64 H Figura 33 15.3 - Tempo de enchimento t O tempo de enchimento, muitas vezes, é uma escolha arbitrária do projetista, porém é necessário respeitar as recomendações relativas a: - Tempo de resfriamento até o início da solidificação da liga; - Tempo que permite a operacionalização do vazamento; - Tempo que a areia resiste à radiação. Muitas vezes o tempo de enchimento da peça decorre de condições próprias da instalação da produção. Por exemplo pode-se dispor de um tempo pré-determinado, para vazar uma quantidade de ferro fundido nodular ao longo de uma fileira de moldes. Em outros casos, a experiência anterior mostrou que tempos acima de um certo valor causam juntas frias ou algum outro tipo de defeito nas peças. Pode-se ainda, desejar um enchimento rápido ou lento em função de características de alimentação da peça. O condicionamento pode decorrer ainda, de tendência a defeitos causados por expansão da areia. Por outro lado, pode haver suficiente tolerância com relação ao tempo de maneira a nos despreocuparmos desta variável e dimensionar o sistema tendo em vista apenas outros aspectos, com rendimento metálico, turbulência, etc. 15.3.1 - Tempo de enchimento para Fo. Fo. Nodular (Wallace e Evans) t = K1 P P = peso de peça + massalotes; t = tempo em segundos; K1 = 2,06 para seções menores que 10mm; K1 = 2,67 para seções entre 10 e 25mm; K1 = 2,97 para seções maiores que 25mm. Pág.65 Hf H Hi 15.3.2 - Tempo de enchimento para aços (Solbolev e Dubitsky) t = K3 3 e.P e = espessura média mais representativa em mm; P = peso da peça + massalotes; t = tempo em segundos. K3 = dado pela tabela abaixo: 1,6 a 1,81,5 a 1,61,4Acima do normal 1,5 a 1,61,41,3Normal Por cimaPelo ladoPor baixo AtaqueTemperatura de vazamento ou fluidez 15.3.3 - Tempo de enchimento para aços inoxidáveis (Hallerberg) t = 0,4 x (1,4 + e/14) x P e = espessura média mais representativa em mm; P = peso da peça + massalotes; t = tempo em segundos. Todavia, experimentos comprovaram que pode-se usar com eficiência, a mesma fórmula para inoxidáveis e para aços em geral. Para canal de descida curto Ld ≤ 15 cm, o mesmo deve ser cilíndrico ou ligeiramente divergente. Para canal de descida alto Ld > 15 cm, o mesmo deve ser cilíndrico ou convergente com relação hb ≥ Ld/β². Pág.66 MÉTODO PARA CÁLCULO DO SISTEMA DE CANAIS DE ALIMENTAÇÃO hb Ø 1,2d hb 20° r = d H Ld Sd H Ld Sd r = d Ø d Lo 1/2 d Ø d Lo Determinação da perda de carga β: A seção de choque é a seção do canal de descida onde tem uma súbita variação de regime do fluxo metálico (mudança brusca de seção ou direção). Na determinação da seção de vazamento utiliza-se a expressão: SC = X