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Hemoterapia em diferentes especies Anestesiologia

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Universidade da Região da Campanha - URCAMP 
Campus de Alegrete
Curso de Medicina Veterinária
Prof. Dr: João Pedro Scussel Feranti
HEMOTERAPIA NAS DIFERENTES ESPÉCIES
Acadêmica: Claudia Pillar Maggio
Alegrete
2018
INTRODUÇÃO
O QUE É HEMOTERAPIA?
	É transferência de sangue ou, seus componentes em separado, de um animal doador para um receptor.
	Esta ferramenta possui diversas indicações no tratamento paliativo de vários distúrbios circulatórios. Esses benefícios podem ser utilizados tanto na clínica médica como na clínica cirúrgica veterinária.
OBJETIVOS
O objetivo da transfusão sanguínea é impedir os danos causados pela hipóxia tecidual anêmica no paciente crítico. É um procedimento importante para aumentar a sobrevida do paciente enquanto se chega ao diagnóstico ou até que a terapia se torne efetiva, além de aumentar a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas .
INDICAÇÕES
Reestabelecimento da capacidade de transporte de oxigênio
Deficiências na hemostasia
Hipovolemia não responsiva ao tratamento convencional
Hipoproteinemia
Transferência de imunidade passiva
 HEMOCOMPONENTES
HEMOCOMPONENTES
O sangue fresco total é aquele colhido no máximo há 8 horas e é constituído de eritrócitos, leucócitos, plaquetas, fatores de coagulação e proteínas plasmáticas que pode ser transfundidos integrais ou separados os seus componentes e são mais indicados em casos de anemias graves por perda aguda de sangue. 
HEMOCOMPONENTES
Sangue estocado é o sangue fresco colhido com CPDA-1 ou ACD e armazenado por até 35 dias a uma temperatura entre 1 e 6˚ C. 
HEMOCOMPONENTES
A partir da centrifugação do sangue fresco são obtidas a papa de hemácias e o plasma. A papa de hemácias é indicada quando há uma grande perda de eritrócitos sem que haja uma diminuição significativa da volemia.
HEMOCOMPONENTES
O plasma fresco congelado é aquele colhido e armazenado por até 8h a 18º C, eles contém fatores de coagulação, proteínas plasmáticas e imunoglobulinas. Esse componente é indicado em pacientes com distúrbio de coagulação que necessitem dos fatores de coagulação V e VIII.
HEMOCOMPONENTES
O plasma congelado é preparado de sangue que foi processado com mais de 8h da coleta. Contém concentrações de fatores de coagulação dependentes de vitamina K;
É indicado no tratamento de hipoproteinemias e reposição de IgG em recém-nascidos com falha na transferência de imunidade passiva. 
HEMOCOMPONENTES
Crioprecipitado: contém uma alta concentração de do fator de coagulação VIII, do fator de Von Willebrand e de fibrinogênio. Principalmente utilizado em intervenções cirúrgicas em cães portadores da doença de Von Willebrand.
Crioplasma pobre: é o remanescente da produção de crioprecipitado é rico em albumina e imunoglobulinas. É indicado em hipoproteinemia e reposição de IgG em recém-nascidos.
HEMOCOMPONENTES
A centrifugação do plasma fresco dá origem ao concentrado de plaquetas que deve ser conservado sob movimentação constante e a uma temperatura entre 20 e 24˚ por, no máximo, 5 dias;
Esse componente é indicado para trombocitopenia seria, disfunções plaquetárias e intervenções cirúrgicas nesses paciente
TIPOS SANGUÍNEOS
TIPOS SANGUÍNEOS
CANINOS
TIPOS SANGUÍNEOS
FELINOS
O sistema de grupos em felinos possui três tipos: A, B e AB.
O tipo A é dominante sobre B (na maior parte dos casos), gatos tipo A podem ser homozigotos AA ou heterozigotos AB. Os animais tipo B são sempre homozigotos BB. A exceção à regra é o grupo AB que é muito raro, mas no qual parece que A e B expressam codominância.
TIPOS SANGUÍNEOS
TIPOS SANGUÍNEOS
TIPOS SANGUÍNEOS
TIPOS SANGUÍNEOS
OVINOS
5 grupos sanguíneos A, B, C, M e J. Muitos reagentes utilizados para a tipagem de ovinos têm sido utilizados para a tipagem de caprinos.
7 sistemas de grupos sanguíneos são reconhecidos: A, B, C, D, M, R e X. 
DOADOR
DOADOR
Todo paciente a ser coletado, deve necessariamente, ser conhecido, estar sadio, vermifugado e vacinado;
Acima de 25 kg para cães e, acima de 4 kg para felinos;
Não ser obeso;
Não ter recebido transfusão.
DOADOR
No caso de cães, são importantes as vacinas contra cinomose e parvorirose;
No caso de gato, são importantes as vacinas contra rinotraqueíte, calicevirose, clamidiose e panleucopenia, além de exames negativos para leucemia, Peritonite Infecciosa Felina e FIV, a AIDS Felina;
Nos dois casos devemos verificar as possibilidades de hemoparasitas ou, na dúvida, aplicar-se tratamentos profiláticos no receptor.
COLETA
COLETA
Para pequenos volumes transfundidos, existe uma técnica que pode ser muito útil. Trata-se da transfusão de sangue total natural a fresco, ou seja, após os testes de compatibilidade, retira-se sangue de um animal e aplica-se em outro, imediatamente, sem anticoagulantes ou outras providências.
 Nestes casos deve-se manter o paciente receptor, já com veia acessada, concomitante com a hidroterapia.
COLETA
O método tradicional consiste em utilizar bolsas descartáveis de transfusão, já contendo anticoagulantes, sendo estas do tipo simples ou dupla;
As bolsas simples apresentam um orifício de entrada e um de saída, sendo o primeiro utilizado para a coleta e o segundo para o equipo de transfusão com filtro de retenção de coágulos;
A bolsa dupla é exatamente igual a anterior, mas apresenta uma bolsa satélite a mais.
COLETA
Existem condições em que não se dispõe de bolsas de coletas, nestes casos, pode-se utilizar a técnica antiga de “garrafas” de soro, de vidro;
Estas devem estar estéreis, por autoclavagem de 20 minutos, ou, no mínimo 40 minutos de água fervendo à pressão ambiente.
O anticoagulante a ser utilizado pode ser a própria heparina, ou citrato.
COLETA EM CANINOS
Bolsa (simples ou dupla), balança, pinça hemostática, tesoura;
15 a 20 ml/kg a cada 4 semanas;
Mexer a bolsa constantemente, coletar até pesar 480g (equivalente a 450ml de sangue);
Retirar a agulha e fazer compressão na jugular por até 4 minutos;
Refrigerar a 4°C.
COLETA EM FELINOS
Seringa estéril de 60ml (colocar 10ml de anticoagulante), escalpe 19G;
10-15ml a cada 4 semanas;
Geralmente precisam ser sedados (Diazepam + Cetamina);
Pode ser necessária reposição volêmica com NaCl 0,9%;
Dificilmente o sangue felino pode ser fracionado.
TESTES DE COMPATIBILIDADE
TESTES DE COMPATIBILIDADE
Na prática, as provas de compatibilidade apresentadas, a PC em tubo, que é mais empregada, ou a PC em placa, no entanto existem outras provas e outros padrões, como, por exemplo, utilizar-se apenas partes dos componentes a serem empregados.
TESTES DE COMPATIBILIDADE
PC em tubo: 
Coleta-se 1 ml do sangue do doador e 1 ml do sangue do receptor, ambos com anticoagulante EDTA ou Heparina;
As duas amostras são então levadas a um tubo de ensaio contendo cerca de 10 ml de solução salina (NaCl 0,9%) morna (37°C);
Após a homogeneização, aguarda-se entre cinco e dez minutos para a leitura da prova, que pode ser por decantação ou centrifugação, avaliando-se o sobrenadante.
TESTES DE COMPATIBILIDADE
TESTES DE COMPATIBILIDADE
Portanto, havendo hemólise, o sobrenadante, plasma, estará vermelho, e conclui-se que os sangues dos pacientes são incompatíveis;
Não havendo a hemólise, plasma claro, o transplante (transfusão) pode ser realizado.
TESTES DE COMPATIBILIDADE
PC em placa: 
Coleta-se o sangue das duas amostras acima, com anticoagulante, uma gota de cada e as aplica em placa de vidro.
Havendo precipitação a prova é positiva e a transfusão não recomendada.
CÁLCULOS PARA TRANSFUSÃO
Cálculo do volume sanguíneo na emergência: 
20mL de sangue/Kg
Cálculo do volume sanguíneo baseado no VG do animal:
 mL de sangue = peso do animal x 90 x (VG desejado – VG receptor)
                                                                                  VG Doador
Obs: Paragatos o cálculo é o mesmo, alterando apenas o fator de 90 para 70.
ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
A administração de hemocomponentes pode ser realizada pelas veias cefálica, safena ou jugular e pela via intraóssea. 
O equipo próprio para transfusão possui filtro para coágulos e outros materiais particulados. Quando necessário o uso de outras soluções apenas a fisiológica deve ser utilizada. 
A transfusão sanguínea deve ser feita de forma lenta e levar no máximo 4h para evitar o aumento da contaminação bacteriana.
ADMINISTRAÇÃO
Utilizar sistema de filtro de 170 a 200 micrômetros;
Aquecer a 37°C em banho-maria;
Pode-se administrar NaCl 0,9% para evitar coagulação;
O objetivo é atingir hematócrito de 25 a 30% em cães e 20% em gatos;
A velocidade de administração varia de 2 a 5 ml/kg/h, máxima de 22 ml/kg/h. Não ultrapassar 4 horas.
COMPLICAÇÕES
COMPLICAÇÕES
	Reação hemolítica imunomediada aguda:
Sensibilização prévia por sangue incompatível;
Inquietação, tremores, febre, vômito, salivação, taquicardia, incontinência fecal e/ou urinária, convulsões;
Choque, CID, insuficiência renal aguda;
Interrupção imediata, NaCl 0,9%.
COMPLICAÇÕES
	Reação hemolítica imunomediada tardia:
Pode ocorrer de 3 a 21 dias após a transfusão;
Geralmente assintomático, mas pode-se observar anemia e icterícia.
COMPLICAÇÕES
	Febre:
Considerar fatores infecciosos, imunológicos e hemolíticos;
Auto limitante;
Pode ser sinal de graves complicações;
Sempre interromper a transfusão e avaliar os riscos.
COMPLICAÇÕES
	Outras:
Urticária ou angiodema
Sobrecarga
Intoxicação por citrato
Hemodiluição por transfusão de grandes volumes estocados
Aumento das concentrações de amônia
EM GRANDES ANIMAIS...
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
A transfusão sanguínea em grandes animais deve ser vista como medida terapêutica emergencial e de efeito limitado e transitório;
Isto se deve ao fato de o tempo de vida das hemácias transfundidas ser bastante curto.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
Tempo de vida das hemácias:
Equinos adultos 2 a 6 dias, potros recém nascidos de 3 a 8 dias;
Bovinos 2 a 3 dias; 
Ovinos e caprinos 2 a 5 dias;
Suínos até 2 semanas.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
DOADOR – EQUINOS:
Deve pesar pelo menos 450 kg, sexo masculino, castrado ou não, tem valores de hematócrito e proteínas plasmáticas normais, e negativo para anemia infecciosa equina e não possuir os grupos sanguíneos Aa e Qa, nem anticorpos contra estes; 
Fêmeas só devem ser consideradas como doadoras se forem nulíparas;
Deve-se dar preferência a indivíduos da mesma linhagem ou raça do receptor;
Um equino de 500 kg pode doar 6 a 8 litros de sangue, ou 1,5 a 2% do seu peso vivo em sangue a cada 30 dias.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
DOADOR – BOVINOS:
Devem ser livres de doenças virais, bacterianas e hemoparasitárias;
Quando não gestantes, podem doar 10 a 15 ml de sangue por kg de peso vivo ou até 20% de sua volemia a cada 2 a 4 semanas sem respostas adversas.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
DOADOR – OVINOS:
Deve-se preferencialmente escolher doadores de porte maior, que consequentemente poderão fornecer um volume de sangue maior, evitando-se assim a mistura de sangue de múltiplos doadores para um mesmo receptor.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
DOADOR – SUÍNOS:
Existem 15 grupos sanguíneos e estes também possuem poucas aglutininas circulantes naturalmente;
Eventuais reações, mais frequentemente, estão relacionadas ao fator A.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
ADMINISTRAÇÃO:
Geralmente também é utilizada a veia jugular;
Em leitões, cordeiros ou cabritos a via intraperitoneal também é viável;
Em potros também foi relatada o uso da via intraóssea;
Deve-se, necessariamente, utilizar equipos com filtro para remover coágulos e outros materiais particulados como os agregados plaquetários.
TRANSFUSÃO EM GRANDES ANIMAIS
ADMINISTRAÇÃO:
É recomendada, inicialmente, a aplicação de um volume menor mais lentamente (0,1 ml/kg por 10 a 15 minutos) até que se tenha razoável certeza de que não ocorreram ou ocorrerão reações adversas;
A partir daí pode-se aumentar a velocidade de transfusão até 20 ml/kg/hr.

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