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QUÍMICA GERAL PROF. LUCAS MIRANDA MOCHI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Renata Rafaela de Oliveira Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5 1 EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS ..................................................................................................................6 1.1 MODELO ATÔMICO DE DALTON ............................................................................................................................6 1.2 MODELO ATÔMICO DE THOMSON ....................................................................................................................... 7 1.3 MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD .................................................................................................................8 1.4 MODELO ATÔMICO DE NIELS BOHR ....................................................................................................................9 1.5 MODELO ORBITAL ................................................................................................................................................. 10 1.5.1 NÚMEROS QUÂNTICOS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA ................................................................................ 10 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................. 13 3 TABELA PERIÓDICA E SUAS PROPRIEDADES ...................................................................................................... 14 3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ..................................................................................................................... 16 ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: QUÍMICA GERAL ATOMÍSTICA, TABELA PERIÓDICA E LIGAÇÕES QUÍMICAS 44WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1.1 METAIS ................................................................................................................................................................. 16 3.1.2 AMETAIS .............................................................................................................................................................. 16 3.1.3 SEMIMETAIS OU METALOIDES ........................................................................................................................ 16 3.1.4 GASES NOBRES .................................................................................................................................................. 17 3.2 PROPRIEDADES PERIÓDICAS ............................................................................................................................. 17 3.2.1 RAIO ATÔMICO ................................................................................................................................................... 17 3.2.2 RAIO IÔNICO ...................................................................................................................................................... 17 3.2.3 ENERGIA DE IONIZAÇÃO ................................................................................................................................... 18 3.2.4 AFINIDADE ELETRÔNICA .................................................................................................................................. 18 3.2.5 ELETRONEGATIVIDADE ..................................................................................................................................... 19 3.2.6 ELETROPOSITIVIDADE ...................................................................................................................................... 19 4 LIGAÇÕES QUÍMICAS ..............................................................................................................................................20 4.1 LIGAÇÃO IÔNICA ................................................................................................................................................... 21 4.2 LIGAÇÃO COVALENTE ...........................................................................................................................................22 4.3 LIGAÇÃO METÁLICA..............................................................................................................................................23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................24 5WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Seja bem-vindo(a) ao estudo da Química, a ciência que estuda a composição da matéria e suas transformações. Você já parou para pensar onde você encontra química no seu dia a dia? Neste exato momento em que você está lendo este material, o seu computador, o celular, a energia elétrica, o ar que respira, a sua roupa, o alimento que consumiu... todos possuem química e, por sua vez, cada um com uma característica, transformação diferente. Neste curso de Química Geral, você terá acesso aos conteúdos primordiais para a compreensão básica do estudo da Química. Para um melhor aproveitamento do conteúdo desta Unidade 1, é necessário retomarmos alguns conceitos sobre matéria, elementos, átomos e moléculas. Matéria é tudo o que possui massa e ocupa lugar no espaço, por exemplo: sofá, copo, roupa, livro, gases, dentre outros. Elemento é do que se constitui a matéria, por exemplo: a matéria água (H2O) é constituída pelos elementos Hidrogênio (H) e Oxigênio (O). Átomos são partículas extremamente pequenas que compõem um determinado elemento, por exemplo: o elemento Carbono (C) é composto por inúmeros átomos de carbono. Moléculas são a combinação de dois ou mais átomos que são ligados de forma específica, por exemplo: a molécula de gás carbônico (CO2) é composta por um átomo de carbono e dois átomos de oxigênio. Tendo esses conceitos em mente, nesta unidade, estudaremos: os diferentes modelos atômicos no decorrer da história; em seguida, como os elementos são classificados na tabelaperiódica e as propriedades desses elementos; e, por fim, como se dão as ligações entre os átomos. Bons estudos a todos(as)! 6WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS A necessidade de compreensão da composição da matéria é algo debatido há muito tempo. Filósofos antigos tentavam encontrar soluções a respeito da composição da matéria. Demócrito (460-370 a.C.) e outros filósofos acreditavam que toda matéria era constituída por partículas indivisíveis, chamadas de átomos. Contudo, Platão e Aristóteles acreditavam que partículas indivisíveis não poderiam existir, com isso, a ideia de átomo ficou, por séculos, sem ser discutida. 1.1 Modelo Atômico de Dalton Após algum tempo, químicos viram a necessidade de medir a quantidade de matéria que seria produzida, ou gasta, em uma determinada reação química. Começaram a utilizar, então, a teoria atômica, a qual se desenvolveu durante o trabalho do inglês John Dalton, em 1803-1807. Após vários experimentos e observações dos resultados, Dalton propôs os postulados expostos na Figura 1. Figura 1 – Postulados da teoria atômica de Dalton. Fonte: Brown e Holme (2015). Analisando os postulados de Dalton, foi possível explicar algumas leis da época, como a lei de conservação de massa, segundo a qual um átomo em uma reação química não pode ser criado ou destruído. Essa lei é a base do postulado 3. Outra lei era a lei da composição constante, segundo a qual, em determinado composto, o número de átomos e tipos é constante. Essa lei é a base do postulado 4. 7WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Modelo Atômico de Thomson Posteriormente, por volta do século XVII, alguns cientistas estudavam a descarga elétrica em tubos evacuados, onde uma voltagem produzia uma radiação dentro do tubo. A radiação ficou conhecida como raios catódicos por se tratar de eletrodos negativos. Nos experimentos, era possível verificar que os raios catódicos se desviavam por campos elétricos ou magnéticos, caracterizando, assim, a presença de carga elétrica. O cientista britânico J.J. Thomson, em suas análises sobre os tubos de raios catódicos, identificou que, independentemente do material do cátodo e da lâmina metálica exposta aos raios, sempre se adquiriam cargas negativas (elétrons). Assim, em 1897, Thomson publicou um artigo a respeito desses experimentos, o qual ficou conhecido como a descoberta do elétron. Figura 2 – (a) Os elétrons se movem do eletrodo negativo (cátodo) para o eletrodo positivo (ânodo). (b) Tubo de raios catódicos com tela fluorescente, mostrando o caminho dos raios. (c) O caminho dos raios catódicos desviados com a presença de uma placa metálica. Fonte: Adaptado de Brown e Holme (2015). Com a descoberta dos elétrons, foi possível verificar que a ideia de Dalton sobre partícula indivisível já não era mais válida. Com o tempo, foi-se descobrindo que o átomo era composto por partículas ainda menores; assim, Thomson acreditava que o átomo seria uma esfera positiva uniforme, na qual os elétrons estavam incrustados, sendo chamado de modelo “pudim de ameixa”. Figura 3 – Modelo atômico de Thomson (“pudim de ameixa”). Fonte: Fogaça (2021a). 8WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Modelo Atômico de Rutherford O cientista britânico Ernest Rutherford, em estudos sobre a radioatividade, propôs três tipos de radiações: alfa (α), beta (β) e gama (γ). Em seus experimentos, mostrou que as radiações alfa e beta se movimentavam de forma rápida, nomeadas de partículas (α) e (β). Nos experimentos, notou que as partículas (β), por possuírem cargas negativas, eram atraídas para a placa positiva. As partículas (α), por possuírem cargas positivas, eram atraídas para a placa negativa. Em 1910, o modelo atômico de Thomson foi contestado por Rutherford e seus colaboradores em um experimento de bombardeamento de partículas (α) em uma folha de ouro (Figura 4). Nesse experimento, descobriu-se que quase todas as partículas passavam diretamente através da folha, sem dispersão. Porém, algumas partículas se dispersavam em grandes ângulos e, até mesmo, para trás da folha. Figura 4 – Experimento de Rutherford sobre espelhamento de partículas α. Fonte: Brown et al. (2008). O filme Radioativo (2020) conta a história da física Marie Curie, uma fabulosa cientista. Assim como Rutherford, Curie investigava o comportamento de partículas alfa, beta e gama. Em suas pesquisas, juntamente com seu marido Pierre Curie, descobriu dois elementos químicos, o rádio e o polônio, ganhando merecidos prêmios pela descoberta. Com o filme, é possível nos aproximar da forma como aconteciam as descobertas de elementos químicos na época, assim como a evolução dos modelos atômicos, os benefícios e as consequências de certas descobertas. 9WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Com isso, em 1911, Rutherford explicou que a maior parte da massa de um átomo e toda carga positiva existente nele se encontravam em uma única região, extremamente pequena e densa, a qual nomeou de núcleo. Rutherford e seus colaboradores acreditavam que a maior parte do átomo era de espaço vazio, pois a maioria das partículas alfa conseguia atravessar por esses espaços. Entretanto, quando a partícula alfa entrava na vizinhança do núcleo, este, por possuir maior densidade e carga positiva, sofria uma repulsão muito grande, sendo refletida em outros ângulos. Estudos posteriores levaram à descoberta de outras duas partículas presentes no núcleo: as partículas positivas, prótons, descobertas por Rutherford em 1919; e as partículas neutras, nêutrons, descobertas por James Chadwick em 1923. O modelo atômico de Rutherford ficou conhecido como modelo planetário, em que o núcleo do átomo seria o Sol, e os elétrons seriam os planetas girando em torno do Sol, em órbitas circulares. Essas órbitas onde se encontravam os elétrons foi chamada de eletrosfera. Figura 5 – Modelo atômico de Rutherford. Fonte: Gomes Neto (2008). 1.4 Modelo Atômico de Niels Bohr Com base na mecânica clássica, a qual diz que toda partícula carregada em movimento emite energia na forma de onda eletromagnética, o elétron (de acordo com o modelo atômico de Rutherford, por ser uma partícula com carga negativa orbitando pela eletrosfera ao redor do núcleo) em algum momento deveria perder energia e, assim, cair sobre o núcleo. Pensando nisso, em 1913, Niels Bohr, após analisar o comportamento dos espectros de Hidrogênio, aprimorou o modelo atômico de Rutherford. Bohr propôs que os elétrons se moviam em torno do núcleo em órbitas circulares definidas, em um número limitado, chamadas de níveis de energia. Bohr foi além, afirmando que um elétron em tal órbita encontra-se em um estado de energia constante ou permitido. Um elétron em estado de energia permitido não absorve nem emite energia: isso ocorrerá apenas quando o elétron muda de um estado de energia permitido para outro. Essa correção do modelo atômico de Rutherford por Bohr fez com que o modelo atômico ficasse conhecido como Modelo de Rutherford-Bohr. 10WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.5 Modelo Orbital Bohr começou a verificar que um elétron em uma mesma camada apresentava diferentes energias, com isso, pode verificar que as camadas eletrônicas (níveis de energia) eram formadas por subcamadas (subníveis). Em 1924, Louis Victor de Broglie, em seus experimentos, classificou o elétron como uma partícula dualística, ou seja, se comportava tanto como onda quanto como partícula. Posteriormente, em 1927, Erwin Schrödinger desenvolveu uma equação (um cálculo extremamente complexo) conhecida como equação de ondas, que fornecia como resultado a probabilidade de encontrar o elétron em uma dada região. Essa região com a máxima probabilidade de se encontrar o elétron ficou conhecida como orbital. 1.5.1 Númerosquânticos e distribuição eletrônica • Número quântico principal (n) O número quântico principal determina em qual nível se encontra o elétron. Até então, têm-se definido sete níveis de energia, também chamados de camadas eletrônicas. Os sete níveis de energia são designados pelos números quânticos principais, simbolizados pela letra n (de 1 a 7), e associados aos níveis de energia dos elétrons, simbolizados pelas letras K a Q. Número Quântico Principal (n) 1 2 3 4 5 6 7 Níveis de Energia (camada eletrônica) K L M N O P Q Cada nível de energia possui valor diferente, aumentando para cada nível, ou seja, K é o nível de menor energia, e Q, o nível de maior energia. Figura 6 – Valores de m1. Fonte: Slide Player (2015). O modelo atômico de Rutherford-Bohr é capaz de explicar as diferentes cores nos fogos de artifício, pois o elétron recebe energia saltando de um nível para outro mais externo. Ao retornar ao nível de origem, o elétron emite essa energia em forma de onda eletromagnética, podendo, assim, verificar a luz colorida. Em cada nível, é necessária uma energia diferente e, consequentemente, as cores emitidas serão diferentes, como: o sódio emite cor amarela; o cobre, a cor azul-esverdeado; estrôncio, cor vermelha; dentre outros. A pólvora dos fogos de artifício é uma mistura de sais, fornecendo as variadas cores. 11WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Número quântico secundário (l) Determina os subníveis de energia dos elétrons. Pode assumir os seguintes valores: l = 0, l = 1, l = 2, l = 3, representados pelas letras s, p, d e f, respectivamente. Nº quântico secundário (l) 0 1 2 3 Subnível s p d f Nº máximo de e- 2 6 10 14 • Número quântico magnético (m1) Fornece o orbital do elétron, e o seu valor é referente ao número de cada subnível (l). –l ≤ m1 ≤ +l Os orbitais podem ser representados por quadrículas para melhor compreensão, e cada quadrícula assumirá um valor dependendo do subnível. Figura 7 – Representação por quadrículas. Fonte: Fogaça (2021b). • Número quântico spin (ms) Spin indica o movimento de rotação do elétron, produzindo efeitos magnéticos, ou seja, de atração e repulsão. Assim, em um mesmo orbital, dois elétrons repelem-se, ficando com spins contrários. Os valores de spin são -1/2 e +1/2. Observe a representação a seguir: Ali, as setas representam os elétrons em um mesmo orbital, podendo classificar o valor de ms = +1/2 para a seta para cima e ms= -1/2 para a seta para baixo, ou vice-versa. Hund enfatizou também que, em um subnível, os elétrons sempre ocuparão os orbitais vazios e, posteriormente, os orbitais semipreenchidos. 12WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Distribuição eletrônica Linus Pauling elaborou um diagrama que permitia a distribuição dos elétrons de um átomo em ordem crescente de energia. Figura 8 – Diagrama de distribuição eletrônica. Fonte: El Químico (2021). A distribuição deve acontecer sempre na ordem crescente de energia. O subnível mais energético será sempre o último subnível da distribuição, e a camada de valência é o nível mais externo do átomo. A representação do nível e subnível é dada da seguinte forma: Nela, 3 é o nível, p é o subnível e 5 é o número de elétrons no subnível. Tomemos o oxigênio como exemplo: tendo 8 elétrons, a distribuição fica: 8O – 1s2 2s2 2p4 Logo, 2 é o nível (camada) mais externo do átomo. O p é o subnível mais energético, com 4 elétrons. 13WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Como vimos até aqui, cada átomo possui um núcleo, onde se encontram duas partículas pesadas: os prótons (partículas com carga elétrica positiva) e os nêutrons (partículas com carga elétrica neutra); sendo assim, o núcleo é o responsável praticamente por toda a massa do átomo. Além do núcleo, temos a eletrosfera, onde se encontram os elétrons (partículas com carga elétrica negativa). Tomemos como representação os seguintes símbolos: Elétron – e- Próton – p Nêutron – n Cada átomo possui uma identidade diferente, chamada de Número Atômico (Z). O número atômico corresponde à quantidade de prótons existente no núcleo de determinado átomo. Z = p Por exemplo, o átomo de berílio (Be) possui 4 prótons em seu núcleo; logo, Z é igual a 4. A massa de um átomo (A) é dada pela somatória do número de prótons com o número de nêutrons. A = Z + n Por exemplo, o sódio (Na) possui 11 prótons e 12 nêutrons em seu núcleo; logo, a sua massa será: A = 11 + 12 A = 23 Elemento químico é o conjunto de átomos iguais, ou seja, o conjunto de átomos que possuem o mesmo número atômico. Atualmente, são conhecidos 118 elementos químicos. A representação de um elemento químico é dada pelo seu símbolo (X) junto com a massa (A) e o número atômico (Z). zXA Por exemplo, o elemento químico Carbono tem o símbolo C, possui 6 prótons, 6 nêutrons e sua representação é dada por: 6C12 Todo átomo é eletricamente neutro, ou seja, o número de prótons é igual ao número de elétrons (p = e-). Contudo, um átomo pode ganhar elétrons (ficando, assim, com carga negativa) ou perder elétrons (ficando, assim, com carga positiva). Ao ganhar ou perder elétrons, o átomo torna-se o que chamamos de ÍON. São classificados em dois tipos: o íon de carga positiva, cátion; e o íon de carga negativa, ânion. 14WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Figura 9 mostra a formação de um cátion sódio (Na+) e a formação de um ânion cloro (Cl-). Figura 9 – Esquema de formação de íons. Fonte: Adaptado de Brown (2008). 3 TABELA PERIÓDICA E SUAS PROPRIEDADES A tabela periódica é muito famosa quando o assunto é química, pois é nela onde encontramos todos os elementos químicos conhecidos até então. Antes de chegarmos à tabela atual, vale lembrar um pouco da história de sua criação. Mendeleev e Meyer, aproximadamente em 1869, foram os primeiros a elaborarem a primeira tabela periódica. Nela, os elementos conhecidos à época (poucos até então) eram classificados em ordem crescente de massa atômica. Acreditava-se que as propriedades químicas e físicas dos elementos variavam periodicamente em função de suas massas atômicas. Posteriormente, Moseley, em 1913, propôs um aperfeiçoamento da tabela de Mendeleev, em que, ao invés das massas atômicas, as propriedades físicas e químicas dos elementos variavam de acordo com o número atômico, classificando os elementos em ordem crescente de número atômico. Essa lei periódica é a que prevalece até os dias de hoje. A tabela periódica atual é formada por períodos/séries, que são as linhas da tabela (1 a 7), e por grupos/famílias, que são as colunas da tabela (1 a 18, ou também 0 a 8, subdivididas em A e B). Os períodos estão relacionados às camadas dos átomos. Os elementos que possuem o mesmo número de camadas (níveis) estão localizados no mesmo período. Por exemplo, sódio (Na) e alumínio (Al). Como pode ser visto na distribuição eletrônica dos dois elementos, ambos possuem 3 camadas (1, 2 e 3 ou também camada K, L e M); logo, ambos estão localizados no terceiro período da tabela periódica (terceira linha). Agora, os grupos ou famílias da tabela apresentam elementos com mesmo número de elétrons na camada de valência e apresentam propriedades químicas semelhantes. Por exemplo, os elementos Lítio (Li) e Sódio (Na). Como podemos perceber, ambos apresentam 1 (um) elétron na camada de valência (camada mais externa do átomo); logo, são classificados no grupo 1 (ou Família IA) da tabela periódica. Ademais, possuem propriedades semelhantes, pois ambos são metais. As famílias recebem alguns nomes especiais na tabela periódica, como metais alcalinos (grupo 1/família 1A), metais alcalinos-terrosos (grupo 2/família 2A), metais de transição (grupo 3 a 12), família do boro (grupo 13/família 3A), família do carbono (grupo 14/família 4A), família do nitrogênio (grupo 15/família 5A), calcogênios(grupo 16/família 6A), halogênios (grupo 17/família 7A) e gases nobres (grupo 18/família 8A). 15WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 10 – Tabela periódica atual. Fonte: Batista (2021). 16WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A tabela também pode ser dividida de acordo com a configuração eletrônica dos elementos, levando em consideração o subnível em que o elétron mais externo se encontra. Fica, assim, dividida em s, p, d e f. Figura 11 – Divisão da tabela por subnível mais energético. Fonte: O autor. Os elementos cujos elétrons de valência encontram-se nos subníveis s ou p são chamados elementos representativos. Quando localizados nos subníveis d ou f, são chamados elementos de transição. Por exemplo, o oxigênio, 8O – 1s 2 2s2 2p4, é um elemento representativo, pois o elétron de valência encontra-se no subnível p. É um elemento que apresenta duas camadas eletrônicas (1 e 2, ou, K e L); logo, encontra-se no segundo período (2ª linha). A sua camada de valência (2s2 2p4) apresenta 6 elétrons, logo, encontra-se na família 6ª (grupo 16) ou família dos calcogênios, como pudemos ver na Figura 10. 3.1 Classificação dos Elementos Os elementos são classificados em quatro classes: metais, não metais (ametais), semimetais e gases nobres. 3.1.1 Metais Representam, aproximadamente, 70% dos elementos que compõem a tabela periódica, tendo como características brilho, altas condutibilidades térmica e elétrica, são maleáveis e geralmente são sólidos à temperatura ambiente, com exceção do Mercúrio (Hg). Os metais possuem alto grau de eletropositividade, ou seja, tendem a doar elétrons, tornando-se positivos, cátions. 3.1.2 Ametais Com caraterísticas contrárias aos metais, não são maleáveis e possuem alto grau de eletronegatividade. Tendem a receber elétrons, tornando-se, assim, negativos, ânions. Podem aparecer nas formas sólida (C, P, S, Se, I), líquida (Br) e gasosa (H, N, O, F, Cl), por exemplo. 3.1.3 Semimetais ou metaloides Por apresentarem propriedades de metais e não metais, são categorizados como semimetais. Todos sólidos à temperatura ambiente. 17WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1.4 Gases nobres Por possuírem grande estabilidade em suas camadas de valência, como 8 elétrons (com exceção do Hélio, com 2 elétrons), geralmente não se ligam a outros elementos para formarem compostos. Os gases nobres se encontram no grupo 18 ou família 8ª. 3.2 Propriedades Periódicas Como vimos, a tabela periódica é organizada à medida que aumenta o número atômico dos elementos, com isso, foi possível verificar algumas propriedades periódicas que, com esse aumento de número atômico, variam de forma crescente ou decrescente. São elas: raio atômico, raio iônico, potencial de ionização, afinidade eletrônica, eletronegatividade e eletropositividade. 3.2.1 Raio atômico É dado pela distância do núcleo ao elétron mais externo do átomo. Em um grupo/família, o raio tende a aumentar de cima para baixo uma vez que, quanto maior o número atômico, maior a quantidade de elétrons e, consequentemente, maior o número de camadas, resultando, assim, em maior raio atômico. Em um período, o raio atômico tende a crescer à medida que decresce o número atômico. Isso ocorre devido à carga nuclear afetiva: quanto menor o número atômico, menor a atração do núcleo com os elétrons. Figura 12 – Representação do aumento do raio atômico em relação à tabela periódica. Fonte: Toda Matéria (2019). 3.2.2 Raio iônico É definido para cada tipo de íon. No íon cátion (carga positiva), para se tornar um cátion, o átomo perdeu elétrons do seu último nível; com isso, a atração do núcleo com os elétrons restantes é maior, havendo uma diminuição do raio atômico. Já no íon ânion (carga negativa), um ou mais elétrons é recebido/adicionado na camada de valência do átomo, fazendo com que haja repulsão entre o núcleo e os elétrons. Com isso, há um aumento do raio atômico. Podemos definir da seguinte forma: 18WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2.3 Energia de ionização É a energia mínima necessária para retirar um elétron de um átomo ou íon gasoso. Nas famílias/grupos, o número atômico aumenta de baixo para cima, ou seja, diminuem os níveis de energia. Assim, os elétrons desses átomos estão mais próximos do núcleo, contudo, a energia de ionização aumenta. Nos períodos, o número atômico aumenta da esquerda para a direita, com isso, aumenta também o número de elétrons, fazendo com que a atração do núcleo com os elétrons seja maior, havendo raios menores. Logo, a energia de ionização num mesmo período aumenta da esquerda para a direita. Podemos dizer que a energia de ionização é o inverso do raio atômico, ou seja, quanto menor o raio atômico, maior a atração núcleo-elétron, como isso, a energia de ionização será maior. Figura 13 – Representação do aumento da energia de ionização em relação à tabela periódica. Fonte: Brown (2008). 3.2.4 Afinidade eletrônica É a energia que um átomo ou íon libera ao receber um elétron em sua camada de valência. É a força com que o núcleo do átomo atrai o elétron recebido. Nos grupos/família, quanto menor o número atômico (de baixo para cima), menor o raio e maior a afinidade eletrônica, pois, quanto maior a atração do núcleo com o elétron recebido, maior a energia liberada. Nos períodos, à medida que aumenta o número atômico (da esquerda para a direita), há um aumento da atração do núcleo com o elétron e, consequentemente, maior será a energia liberada ao receber elétron. Quanto menor o raio atômico, maior a afinidade eletrônica. Quanto aos gases nobres, por não receberem elétrons, essa propriedade periódica não se aplica a eles. 19WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 14 – Representação do aumento da afinidade eletrônica em relação à tabela periódica. Fonte: Araújo (2021). 3.2.5 Eletronegatividade É a capacidade de um átomo atrair elétron de outro átomo, numa ligação entre eles. Os não metais possuem essa capacidade maior que os metais. Quanto menor o raio de um átomo, maior a eletronegatividade, ou seja, em uma família/grupo, a eletronegatividade aumenta de cima para baixo e, num período, a eletronegatividade aumenta da esquerda para direita. Não é definida a eletronegatividade para os gases nobres, logo, eles são excluídos dessa propriedade. Figura 15 – Representação do aumento da eletronegatividade em relação à tabela periódica. Fonte: Araújo (2021). 3.2.6 Eletropositividade É a capacidade de um átomo perder um elétron para outro átomo, em uma ligação entre eles. Essa é uma característica maior para os metais do que para os não metais. À medida que o raio atômico aumenta, maior o número de camadas e, consequentemente, mais distante está o elétron da última camada com o núcleo; assim, mais fácil de ceder esse elétron. Logo, em uma família, a eletropositividade aumenta de cima para baixo e, num período, a eletronegatividade aumenta da direita para esquerda. Não é definida a eletropositividade para os gases nobres, logo, são excluídos dessa propriedade. Figura 16 – Representação do aumento da eletropositividade em relação à tabela periódica. Fonte: Laifi (2011). 20WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4 LIGAÇÕES QUÍMICAS Para a formação das substâncias, os átomos estão unidos entre si, e a essa união denominamos ligações químicas. A maior parte das características de uma determinada substância é determinada pelo tipo de ligação química que ela possui. Estudaremos três tipos gerais de ligações químicas: iônica, covalente e metálica. A ligação química ocorre com os elétrons de valência de um átomo ou íon. Com isso, um químico americano, Lewis, propôs uma forma de representarmos os elétrons de valência de um determinado átomo e o trajeto desse elétron aofazer uma ligação com outro átomo. Ele representou cada elétron de valência como um ponto ao redor do símbolo químico do elemento, ficando conhecido como símbolos de Lewis. Vejamos o Enxofre como exemplo. Na distribuição, podemos perceber que há 6 elétrons na sua camada de valência (camada mais externa), logo, seu símbolo de Lewis terá 6 pontos (elétrons) representados ao redor do seu símbolo. Os pontos são atribuídos em todos os lados do símbolo, e cada lado pode acomodar até dois elétrons. A seguir, alguns elementos e seus símbolos de Lewis. Figura 17 – Símbolos de Lewis para os elementos nos primeiros três períodos da tabela periódica. Observe as similaridades entre os elementos no mesmo grupo. As estruturas de Lewis ajudam a manter o rastro dos elétrons envolvidos nas ligações químicas. Fonte: Brown e Holme (2015). Átomos em uma ligação buscam estabilidade eletrônica, seja compartilhando, recebendo ou doando elétrons. Contudo, vimos anteriormente que os gases nobres não recebem, compartilham nem doam elétrons, pois são eletronicamente estáveis. Todos os gases nobres, com exceção do Hélio, possuem 8 elétrons de valência, e outros átomos, ao sofrerem transformações durante uma ligação, também terminam com 8 elétrons de valência. A partir dessa observação, surgiu a regra do octeto. É importante ressaltar que existem várias exceções à regra do octeto, porém, ela é muito importante, pois consegue introduzir muitos conceitos a respeito de ligações químicas. 21WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.1 Ligação Iônica É a ligação resultante de uma força, de natureza elétrica, entre dois íons, um cátion (positivo) e um ânion (negativo). Essa ligação ocorre através da transferência de elétrons entre esses íons, ou seja, o cátion irá perder elétron, e o ânion receberá esse elétron. Normalmente, essa ligação ocorre entre um metal, que tende a perder elétron, e um ametal, que tende a receber elétron. Tomemos como exemplo um composto que utilizamos diariamente, o sal de cozinho, conhecido como cloreto de sódio. Nele, há a ligação do metal Sódio (Na) e do ametal Cloro (Cl). Ao perder o elétron, o sódio fica com carga positiva (Na+) e, quando isso ocorre, podemos perceber que a sua camada de valência passa a ser a 2 (2s22p6), com oito elétrons de valência. Ao ganhar o elétron, o cloro fica com carga negativa (Cl-) e, quando isso ocorre, esse elétron recebido vai para sua camada de valência, ficando com oito elétrons nela (3s23p6). Ou seja, ambos os átomos nessa ligação obedeceram à regra do octeto. Usando símbolos de Lewis, podemos representar a reação da seguinte forma: A representação de forma de íon fica Na+Cl-, ou simplesmente como NaCl. Figura 18 – Estrutura cristalina do cloreto de sódio. Fonte: Brown (2008). Os compostos iônicos possuem algumas características específicas, como: - Altos pontos de fusão e ebulição. Devido à grande atração elétrica entre os íons, é necessário fornecer uma grande quantidade de energia para conseguir rompê-las. - À temperatura ambiente, são sólidos e cristalinos. - São solúveis em água. - Em soluções aquosas ou em líquidos, são bons condutores de eletricidade devido à grande liberdade de movimentação dos íons (cargas positivas e negativas), favorecendo a passagem de corrente elétrica entre eles. 22WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.2 Ligação Covalente É a ligação resultante de compartilhamento de elétrons. Nessa ligação, o elétron não é perdido ou recebido por um dos átomos, mas, sim, compartilhado, passando a ser dos dois átomos ao mesmo tempo. Por exemplo, quando dois átomos de hidrogênio estão próximos o suficiente, há tanto uma repulsão dos elétrons quanto do núcleo; porém, quanto mais próximos um do outro, o elétron de um acaba sendo atraído pelo núcleo do outro, e vice-versa, acontecendo um compartilhamento desses elétrons e formando a ligação da molécula H2. Figura 19 – Quando dois átomos se aproximam um do outro, as nuvens eletrônicas carregadas negativamente são atraídas pelo núcleo carregado positivamente do outro átomo. Essa interação potencial atrativa é enormemente responsável pela redução de energia na formação de uma ligação química. Fonte: Brown e Holme (2015). A ligação covalente pode ser representada também pelos símbolos de Lewis, chamados de estrutura de Lewis. Os elétrons de cada átomo são representados por pontos e, em seguida, na ligação, são representados um próximo ao outro. Chamamos um par de elétrons compartilhados na ligação como par ligante, podendo ser representados também como “traço”. Por exemplo, a molécula de H2 possui um par de elétrons ligantes. Aos elétrons que sobram durante a ligação chamamos elétrons não ligantes, ou pares solitários. Por exemplo, a molécula de flúor (F2) possui 1 par ligante e 6 pares não ligantes. Ao compartilhamento de um par de elétrons chamamos de ligação simples. Quando há dois pares compartilhados, ligação dupla. E, quando há três pares compartilhados, ligação tripla, como nas moléculas de CO2 (o carbono com dois pares de elétrons compartilhados com cada oxigênio) e N2 (com três pares compartilhados). 23WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Geralmente, os elementos que participam de ligações covalentes são entre não metal, semimetal e hidrogênio. Pode ser dada da seguinte forma: Não metal + Não metal Não metal + Semimetal Não metal + Hidrogênio Semimetal + Semimetal Semimetal + Hidrogênio 4.3 Ligação Metálica Quanto aos metais, como vimos anteriormente, uma de suas propriedades periódicas é o baixo potencial de ionização, ou seja, tendem a doar elétrons, formando-se cátions. Com isso, a ligação entre metais é dada por esses elétrons “livres” entre eles, formando uma nuvem de elétrons, ou também chamados de mar de elétrons. A atração entre esses elétrons os torna unidos. Os metais possuem características específicas por conta dessa ligação entre eles, como brilho característico, maleabilidade, ductibilidade e uma das principais, a condutividade, tanto de calor quanto de eletricidade, justamente por possuírem um mar de elétrons em sua ligação. Figura 20 – Exemplo de onde são encontradas ligações metálicas. Fonte: Brown (2008). 24WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, conseguimos fazer um breve levantamento histórico da evolução dos modelos atômicos e como cada cientista contribuiu para o aperfeiçoamento desse modelo até os dias de hoje. Estudamos também a estrutura da tabela periódica, podendo identificar a forma como nela estão distribuídos os elementos químicos e como as propriedades periódicas crescem ou decrescem em um grupo ou família com o aumento do número atômico. Por fim, vimos os tipos de ligação que podem ocorrer entre dois átomos (iônica, covalente e metálica) e algumas características específicas de compostos que possuem determinado tipo de ligação. 2525WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................27 1 MASSA MOLECULAR, MASSA MOLAR E MOL ......................................................................................................28 2 REAÇÕES QUÍMICAS E CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO ......................................................................................29 2.1 REAÇÕES QUÍMICAS .............................................................................................................................................29 2.2 LEIS PONDERAIS ..................................................................................................................................................30 2.3 BALANCEAMENTO DE REAÇÕES ........................................................................................................................31 2.4 CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO ...........................................................................................................................32 3 MISTURAS, SOLUÇÃO E DILUIÇÃO.........................................................................................................................33 3.1 MISTURAS ..............................................................................................................................................................33 3.2 SOLUÇÕES .............................................................................................................................................................34 3.2.1 ESTADO DE AGREGAÇÃO ...................................................................................................................................34 REAÇÕES QUÍMICAS, ESTEQUIOMETRIA E SOLUÇÕES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: QUÍMICA GERAL 2626WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2.2 PREPARO DE SOLUÇÕES E CONCENTRAÇÃO ................................................................................................35 3.3 DILUIÇÃO ...............................................................................................................................................................36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................39 27WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO De acordo com a unidade anterior, pudemos concluir que a uma quantidade de matéria contendo átomos, moléculas ou íons iguais, que apresentam certas propriedades físicas definidas, chamamos de substância pura. Por exemplo, a substância pura da água (H2O), a uma pressão e temperatura constantes, apresenta pontos de fusão e de ebulição bem definidos, bem como outras características, como condutividade, densidade e cor; por isso, conseguimos classificá-la como substância pura. Há duas classificações para substâncias puras: a substância pura simples (ou substância simples) e a substância pura composta (ou substância composta). Substância simples é aquela que não é possível ser decomposta em substância mais simples, ou seja, é formada por um mesmo elemento. Exemplos de substâncias simples são o gás oxigênio (O2), gás hidrogênio (H2) e ferro sólido (Fe). Pode-se perceber que são formados apenas por um elemento. Substâncias compostas são formadas por dois ou mais elementos, por exemplo, a água (H2O), formada por dois átomos de hidrogênio com um átomo de oxigênio. A partir desta unidade, vamos aprofundar nosso conhecimento a respeito dessas substâncias, como massa, moléculas e mols. Estudaremos também sobre a forma como uma substância reage com a outra, os tipos de reações químicas e os cálculos envolvendo tais reações. Ademais, veremos os tipos de misturas que podem ser encontradas, o preparo de soluções e sua diluição. Bons estudos! 28WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 MASSA MOLECULAR, MASSA MOLAR E MOL Na tabela periódica, vista na unidade anterior, cada elemento possui uma massa atômica, que é fornecida por experimentos feitos através da proporção de cada isótopo que compõe determinado elemento. Contudo, uma vez já conhecida a massa atômica dos elementos, estes, quando ligados entre si e formando moléculas, nos fornecem o que chamamos de massa molecular. Tomemos a água (H2O) como exemplo. O Hidrogênio possui massa atômica 1u (u = unidade de massa atômica), e o Oxigênio possui massa atômica 16u. Logo, a molécula de H2O possui dois átomos de hidrogênio (1u x 2) e um átomo de oxigênio (16u). Somando a massa de ambos, temos a massa molecular da água, que é 18u. A partir de experimentos, cientistas determinaram uma constante que buscava a proporção direta entre a quantidade de átomos de uma substância e a sua massa. Ficou conhecida como Constante de Avogadro, em homenagem ao químico Amadeo Avogadro. Atualmente, a constante utilizada tem o valor de 6,02 x 1023 das partículas (átomos, moléculas, íons, elétrons). Através do estudo realizado com a constante de Avogadro, foi possível concluir que o número de átomos referente à constante é numericamente igual à massa atômica expressa em gramas (g), ou seja: 6,02 x 1023 átomos de H é igual a 1g 6,02 x 1023 átomos de O é igual a 16g Logo: 6,02 x 1023 moléculas de H2O é igual a 18g No nosso dia a dia, é comum usarmos dúzia como unidade de contagem. Por exemplo, uma dúzia de ovos contém 12 ovos; meia dúzia, 6; e assim por diante. Na Química, para expressarmos uma quantidade de partículas (átomos, moléculas, íons), utilizamos como unidade o mol. Um mol é a quantidade que expressa o tanto de partículas em número, e esse número, por sua vez, é a constante de Avogadro. Por exemplo: 1 mol de átomos de H = 6,02 x1023 átomos de H 1 mol de moléculas de H2O = 6,02 x 10 23 moléculas de H2O 1 mol de íons Na2+ = 6,02 X 1023 moléculas de Na2+ A constante de Avogadro é aceita atualmente como 6,02214086 x 1023, contudo, para utilização em cálculos, usa-se a sua forma simplificada, como 6,02 x 1023. 29WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 1 – Relações molares. Fonte: Brown (2008). Com isso, podemos definir massa molar como a massa de 1 mol de certa substância em gramas, com unidade g/mol. Ou seja, a molécula de NaCl possui 58,5 u, logo, sua massa molar é 58,5 g/mol. A massa molar pode ser empregada no cálculo de quantidade de matéria (n) quando necessitamos calcular a quantidade de mols de determinado átomo em uma amostra. Utilizamos a seguinte fórmula: , na qual n é a quantidade de matéria (ou número de mols), m é a massa da amostra em grama (g) e M é a massa molar (g/mol). Por exemplo: Qual o número de átomos de Oxigênio em 18g de uma amostra de água pura? O cálculo de número de mols, ou quantidade de matéria, é muito utilizado para calcularmos concentração de soluções, que veremos ainda nesta unidade. 2 REAÇÕES QUÍMICAS E CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO 2.1 Reações Químicas Reações químicas são aquelas em que a matéria envolvida na reação sofre uma transformação em sua composição. As reações químicas são representadas por equações químicas, cuja matéria inicial é denominada reagente e as substâncias formadas são denominadas produtos. Podemos considerar, de forma genérica, uma equação por: A + B → C + D Onde A e B são os reagentes e C e D, os produtos. Uma forma de classificar os tipos de reações químicas é através do número de substâncias formadas ou consumidas na reação. São elas: - Reação de Adição (Síntese) Ocorre quando dois ou mais reagentes se combinam e formam apenas um único produto. A + B + C → D - Reação de Decomposição (Análise) Ocorre quando, através de um único reagente, são formadas duas ou mais substâncias. A → B + C + D 30WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Reação de Simples Troca (Deslocamento) Ocorre quando uma substância simples reage com uma substância composta, produzindo duas novas substâncias: uma simples e outra composta. A + BC → AC + B - Reação de Dupla-Troca Ocorre quando duas substâncias compostas reagem e formam duas novas substâncias compostas, havendo uma troca dupla de elementos. AB + CD → AD + CB Há outras classificações de reações, que serão trabalhadas no decorrer da disciplina. 2.2 Leis Ponderais Cientistas que estudavam as reações químicas no século XVIII começaram a identificar que, em algumas reações, a massa final dos produtos diminuía e, em outros casos, aumentava. Com isso, começaram a investigar as reações químicas a fundo. Posteriormente, Antoine Laurent Lavoisier, através de experimentos, constatou que, antes e depois de uma reação química, a massa permanece inalterada. Lavoisier realizou seus experimentos em ambientes fechados e logo conseguiu concluir isso, pois não se perdia nenhum produto na forma degás. Figura 2 – Antoine Laurent Lavoisier. Fonte: Ventura (2019). Esses resultados deram origem à Lei de Conservação de Massa, ou Lei de Lavoisier, segundo a qual na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Ou, em termos químicos, podemos dizer que, em toda reação química que ocorre em ambiente fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos. Por exemplo: Carbono + Oxigênio → Gás Carbônico 12g + 32g 44g Ou seja, a somatória das massas dos reagentes (12g + 32g) é igual à massa total dos produtos (44g). Lavoisier, durante vários anos, dedicou-se a estudar as reações químicas, realizando-as em sistemas fechados, pois, assim, as massas dos elementos da reação se conservam. Abriu portas para demais pesquisadores apresentarem novos conceitos. Durante a Revolução Francesa, foi guilhotinado. 31WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Após o trabalho de Lavoisier, vários cientistas continuaram o estudo a respeito das reações químicas. Um deles foi Joseph Louis Proust, que, com seus experimentos, concluiu que as reações químicas ocorrem com uma proporção constante. Ou seja, ao aumentar a massa de um reagente, é necessário aumentar a massa do outro reagente na mesma proporção; logo, a massa do produto também aumentará na mesma proporção. Figura 3 – Joseph Louis Proust. Fonte: Science Photo Library (2021). Vejamos no mesmo exemplo anterior: Carbono + Oxigênio → Gás Carbônico 12g + 32g 44g Se dobrarmos a quantidade de carbono, consequentemente, será necessário dobrar a quantidade de oxigênio. Assim, a massa do produto, gás carbônico, dobrará também. Carbono + Oxigênio → Gás Carbônico 24g + 64g 88g A Lei de Proust foi enunciada como Lei das Proporções Definidas, segundo a qual a proporção na qual os compostos reagem e se formam é sempre constante. 2.3 Balanceamento de Reações Como vimos nas Leis de Lavoisier e de Proust, as reações químicas devem conservar as quantidades de átomos dos elementos na equação química (reagentes e produtos). Para que a quantidade de certo elemento nos reagentes seja mantida nos produtos, usamos o balanceamento de reações. No balanceamento de uma reação, determinamos os coeficientes que fornecem números iguais de cada tipo de átomo de cada lado da equação. Peguemos o exemplo a seguir: CH4 + O2 → CO2 + H2O (reação não balanceada) A equação não está balanceada, pois, nos reagentes, temos 4 átomos de H e 2 átomos de O. Já os produtos contêm 2 átomos de H e 3 átomos de O. Assim, é necessário fazermos o balanceamento, inserindo coeficientes numéricos. Ao colocarmos o coeficiente 2 diante de H2O, teremos 4 H nos reagentes e 4 H nos produtos. CH4 + O2 → CO2 + 2H2O Feito isso, os produtos possuem 4 átomos de Oxigênio (dois no CO2 e dois da 2H2O). Assim, se colocarmos o coeficiente 2 diante de O2, teremos 4 átomos de Oxigênio nos reagentes também. CH4 + 2O2 → CO2 + 2H2O (reação balanceada) Podemos concluir que a reação está balanceada, pois a quantidade de átomos nos reagentes (1 Carbono, 4 Hidrogênio, 4 Oxigênio) é igual à quantidade de átomos nos produtos. 32WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 Cálculo Estequiométrico Cálculo estequiométrico é o cálculo das quantidades das substâncias envolvidas nas reações químicas. A relação sobre as quantidades dos reagentes e dos produtos pode ser descrita em mols, massa, moléculas e volume, como vimos no início desta unidade. Utilizaremos a reação de síntese da água como exemplo: 2 H2(g) + O2(g) → 2 H2O(g) Como a equação já está balanceada, podemos elaborar um quadro a respeito das relações de proporção. 2 H2(g) + O2(g) → 2 H2O(g) Em mols 2 mols 1 mol 2 mols Em moléculas 2 x 6x1023 moléculas 6x1023 moléculas 2 x 6x1023 moléculas Em massa 4g (2 x 2g) 32g 36g (2 x 18g) Em volume 44,8 L (2 x 22,4L) 22,4L 44,8 L (2 x 22,4L) Com relação a cálculos estequiométricos, podem-se envolver várias situações. Vejamos a seguir alguns exercícios a respeito das proporções do quadro anterior. - Quantos mols de água podem ser obtidos a partir de 3 mols de Oxigênio? 1 mol de O2 ---- 2 mols de H2O 3 mols de O2 ---- X X = 6 mols de H2O - Quantos mols de Hidrogênio são necessários para consumir 3,0 x 1023 moléculas de Oxigênio? 2 mols de H2 ---- 6 x 10 23 moléculas de O2 X ---- 3,0 x 1023 moléculas de O2 X = 1 mol de H2 - Calcule a massa de O2 necessária para a produção de 7,2g de H2O. 32 g O2 ---- 36 g de H2O X ---- 7,2 g de H2O X = 6,4g de O2 - Calcule o volume, em litros, de H2 necessário para consumir completamente 0,32 kg de O2. 44,8 L de H2 ---- 32 g de O2 X ----- 320 g de O2 X = 448 L de H2. Antes de qualquer cálculo realizado em uma reação química, é necessário que ela esteja balanceada para que, assim, obtenha a proporção correta da quantidade de cada substância na reação. 33WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Como vimos, podemos relacionar cálculos estequiométricos em várias relações, massa e mols, mol e mol, massa e volume, massa e massa. 3 MISTURAS, SOLUÇÃO E DILUIÇÃO 3.1 Misturas Mistura é a união de duas ou mais substâncias puras, sejam elas simples sejam compostas. Água do mar, por exemplo, é uma mistura de substâncias, como água, sal e oxigênio. A gasolina que utilizamos também é uma mistura, que contém tanto gasolina quanto álcool em sua composição. Existem dois tipos de misturas: a heterogênea e a homogênea. Numa mistura homogênea, as substâncias presentes são uniformemente misturadas entre si, não há uma distinção das substâncias presentes. Por exemplo, água e sal, após ele ser dissolvido na água, não conseguimos distingui-lo, caracterizando uma mistura homogênea contendo uma única fase. Na mistura heterogênea, as substâncias não estão uniformes na mistura, podendo ser identificada cada uma. Por exemplo, água e óleo, em que, nitidamente, conseguimos distinguir o óleo da água, caracterizando uma mistura heterogênea com duas fases. Figura 4 – Misturas homogêneas e heterogêneas . Fonte: O autor. Com o conhecimento a respeito dos tipos de misturas, podemos agora definir o que é uma solução. O vídeo “Como se faz o cimento” nos mostra a importância do conhecimento estequiométrico para a produção de cimento, a quantidade ideal das proporções dos seus componentes, bem como a quantidade ideal de água para a formação do concreto. No vídeo, podemos perceber que os componentes são devidamente calculados e pesados nos laboratórios para que a proporção fique correta. Assista a ele em: https://www.youtube.com/watch?v=FPri-id5LkE. https://www.youtube.com/watch?v=FPri-id5LkE 34WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Com isso, podemos classificar a matéria como: Figura 5 – Classificação da matéria . Fonte: Brown e Holme (2015). 3.2 Soluções Como vimos, solução é uma mistura homogênea de uma ou mais substâncias que apresentam uma única fase quando misturadas. De forma geral, uma solução contém o soluto e o solvente. O soluto é aquele em menor quantidade e que, na solução, é a substância que será dispersa. O solvente, por sua vez, está em maior quantidade e é o dispersante da solução. Por exemplo, em uma solução de água com sal, o solvente é a água, e o sal é o soluto. Podemos classificar soluções em soluções moleculares, que apresentam moléculas como partículas dispersas. Por exemplo, água com açúcar (glicose): C6H12O6 (s) → C6H12O6 (aq) As moléculas de glicose estão no estado aquoso. Uma característica desse tipo de solução é não conduzir corrente elétrica. Temos também a solução iônica, que apresenta íons como partículas dispersas. Com exemplo, vamos utilizar cloreto de sódio e água:NaCl → Na+ + Cl- Por ser um composto iônico, o sal, quando em solução com a água, se dissolve na forma de íons, caracterizando, assim, uma grande capacidade de condução elétrica. 3.2.1 Estado de agregação A maior parte das soluções é encontrada em estado líquido, contudo, soluções podem ser encontradas nos três estados de agregação: sólido, líquido ou gasoso. O estado de agregação do solvente é o que determina o estado de agregação da solução, como pode ser visto na Figura 6. 35WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 – Classificação da matéria . Fonte: Brown (2008). Há dois termos quando se fala em soluções: soluções diluídas e soluções concentradas. Essa classificação em diluída ou concentrada se refere à quantidade de soluto dissolvida em um determinado solvente. Essa dissolução é determinada pela solubilidade do soluto em determinado solvente. A solubilidade é a característica de as substâncias se disseminarem em outra. Ao dissolvermos um sólido em líquido, tem-se um limite de solubilidade, que é determinado por um coeficiente de solubilidade, o qual é um dado experimental tabelado em referenciais teóricos. Quando, nessa solução, a quantidade de soluto dissolvida em determinado solvente não atinge o limite de solubilidade, temos uma solução insaturada. Logo, quando a solução contém a quantidade máxima de soluto, ultrapassando o limite de solubilidade, temos uma solução saturada. 3.2.2 Preparo de soluções e concentração Vimos, até aqui, que soluções são misturas homogêneas, contendo duas ou mais substâncias, e podem ser encontradas nos estados sólido, líquido e gasoso. O preparo de soluções líquidas é dado pelo processo de dissolução de determinada massa de soluto em uma quantidade de solvente. Geralmente, ocorre da seguinte forma: - Pesar uma quantidade de soluto sólido e colocar em um balão volumétrico de volume conhecido; - Acrescentar uma certa quantidade de solvente (geralmente, é utilizado água destilada) e misturar até dissolver o sólido; - Completar o volume do balão volumétrico com o solvente. Para designar a quantidade de soluto dissolvido em determinada quantidade de solvente ou solução, usa-se o termo concentração. Na química, a mais utilizada é a concentração em quantidade de matéria (concentração em mol/L), que expressa a concentração da solução como a quantidade de matéria de soluto em um litro de solução. Resumindo em . Onde n é a quantidade de matéria em mol (como vimos no cálculo estequiométrico) e V é o volume da solução em litros, tendo como unidade mol/L. Para exemplificar, vamos preparar 0,250 L de uma solução de 1,0 mol/L de sulfato de cobre (CuSO4). Primeiramente, pese 0,250 mol (39,9 g) de CuSO4 (massa molecular = 159,6u). Em seguida, coloque a quantidade pesada em um balão volumétrico de 250 mL e adicione uma pequena quantidade de água. Em seguida, para dissolver o soluto, gire o balão. Por fim, complete com água até marca de aferição do balão volumétrico, tampe e agite novamente para uma mistura completa. 36WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 7 – Preparo de solução. Fonte: Brown (2008). 3.3 Diluição Geralmente, em laboratórios químicos, são comprados reagentes concentrados que, ao serem utilizados, requerem que a concentração seja diluída. Diluir significa acrescentar certa quantidade de solvente, mantendo a quantidade de soluto, ou seja, a quantidade de soluto antes da diluição = a quantidade de soluto após a diluição. Para exemplificar, vamos preparar 250 mL (0,250 L) de uma solução de 0,100 mol/L de CuSO4 por diluição de uma solução de 1,00 mol/L de CuSO4. Primeiramente, precisamos descobrir a quantidade de matéria (n) que essa solução diluída possui. Utilizamos a fórmula , em que a concentração (C) é 0,100 mol/L e o volume (V) é de 0,250 L. Os cálculos de concentração de determinadas soluções são muito comuns no dia a dia, por exemplo, a concentração de álcool no organismo após ingerir bebidas alcoólicas. O seguinte artigo trata dessa realidade, mostrando o grande número de acidentes causados pelo alto nível de concentração no organismo. Leia-o em: https://cisa.org.br/index.php/pesquisa/artigos-cientificos/ artigo/item/79-alcool-e-transito. https://cisa.org.br/index.php/pesquisa/artigos-cientificos/artigo/item/79-alcool-e-transito https://cisa.org.br/index.php/pesquisa/artigos-cientificos/artigo/item/79-alcool-e-transito 37WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Logo, Com isso, sabemos que a solução diluída necessita de 0,025 mol de CuSO4. Assim, precisamos calcular o volume da solução concentrada que é capaz de fornecer essa quantidade de matéria. Como a solução concentrada é de 1,00 mol/L, quanto de volume necessito para obter 0,025 mol? 1,00 mol --- 1 L 0,025 mol --- x x = 0,025 L Assim, para essa diluição, é obtida retirando 0,025 L (ou 25,0 mL) de uma solução de 1,00 mol/L. Para isso, utilizamos uma pipeta volumétrica e transferimos para um balão volumétrico de 250 mL. Posteriormente, completamos o volume do balão com água, como podemos ver na Figura 8. Figura 8 - Procedimento para preparação de 250 mL de uma solução de O, 100 mol/L de CuSO4 por diluição de uma solução de 1,00 mol/L de CuSO4. (a) Tome 25,0 mL de uma solução de 1,00 mol/L com uma pipeta. (b) Adicione essa alíquota a um balão volumétrico de 250 mL. (c) Adicione água para diluir a solução até um volume total de 250 mL. Fonte: Brown (2008). Geralmente, cálculos de diluição são feitos rapidamente pela equação: Cconcentrada x Vconcentrada = Cdiluída x Vdiluída Vamos refazer a diluição anterior, utilizando a equação trazida, em que Cconcentrada é a concentração da solução concentrada (1,00 mol/L), Vconcentrada é o volume da solução concentrada de que necessito para fazer a diluição, Cdiluída é a concentração da solução diluída (0,100 mol/L) e Vdiluída é o volume da solução diluída que vamos preparar (0,25 L). 38WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Colocando na equação, temos: 1,00 mol/L x Vconcentrada = 0,100 mol/L x 0,25 L Vconcentrada = 0,025 L Logo, para produzir 250 mL de solução com concentração 0,100 mol/L de CuSO4, partindo de uma solução concentrada com concentração de 1,00 mol/L, são necessários 25 mL (ou 0,025 L) da solução concentrada. Para um melhor entendimento a respeito da solubilidade de uma substância em outra, é necessário relembrar o conceito de geometria molecular e polaridade de substâncias. Para tanto, sugerimos o seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vV1dfSZ8NWA. https://www.youtube.com/watch?v=vV1dfSZ8NWA 39WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, foi possível identificar os tipos de reações químicas que ocorrem, bem como o cálculo de massa, mols e moléculas envolvendo uma reação química. Vimos que, para que o cálculo seja coerente com o resultado esperado, há a necessidade de balancear cada equação química antes. Em seguida, estudou-se a respeito das misturas, as soluções, o preparo de soluções e a diluição, sendo possível calcular a concentração de determinadas soluções. Esperamos que você tenha compreendido os assuntos abordados. Até a próxima unidade! 4040WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................42 1 CINÉTICA QUÍMICA ..................................................................................................................................................43 1.1 VELOCIDADE MÉDIA ..............................................................................................................................................43 1.2 CONDIÇÕES DE OCORRÊNCIA DE UMA REAÇÃO ..............................................................................................451.3 FATORES QUE AFETAM AS VELOCIDADES DE REAÇÕES .................................................................................47 2 EQUILÍBRIO QUÍMICO .............................................................................................................................................48 2.1 CONSTANTE DE EQUILÍBRIO (KI) ........................................................................................................................50 2.1.1 CONSTANTE DE EQUILÍBRIO EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO MOLAR (KC) ...........................................50 2.1.2 CONSTANTE DE EQUILÍBRIO EM FUNÇÃO DE PRESSÕES PARCIAIS (KP) .................................................50 2.1.3 RELAÇÃO ENTRE KP E KC ................................................................................................................................. 51 2.2 FATORES QUE DESLOCAM O EQUILÍBRIO ......................................................................................................... 51 CINÉTICA QUÍMICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: QUÍMICA GERAL 4141WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2.1 INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO ...................................................................................................................52 2.2.2 INFLUÊNCIA DA PRESSÃO TOTAL SOBRE O SISTEMA .................................................................................52 2.2.3 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA .....................................................................................................................52 3 EQUILÍBRIO IÔNICO ................................................................................................................................................53 3.1 ÁCIDOS E BASES....................................................................................................................................................53 3.2 CONSTANTE DE IONIZAÇÃO (KI).........................................................................................................................54 3.3 EQUILÍBRIO IÔNICO DA ÁGUA .............................................................................................................................54 3.4 PH E POH ...............................................................................................................................................................54 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................56 42WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, falaremos a respeito da velocidade com que as reações químicas ocorrem, área da química conhecida como cinética química. O conhecimento dessa área é muito importante não só para entender a velocidade de uma reação, mas também os fatores que determinam tais velocidades. Por exemplo, quais fatores determinam o tempo de deterioramento de alimentos ou a velocidade na qual o aço enferruja, a rapidez com que um medicamento é capaz de agir, dentre outros fatos do dia a dia. Em seguida, estudaremos a respeito de reações reversíveis, ou seja, reações que possuem o que chamamos de equilíbrio químico, a forma como ocorrem e os fatores que interferem no equilíbrio. Por fim, será apresentado o estudo de pH e pOH de soluções, quando será possível calcular, em determinada concentração de íons, se a solução é ácida, básica ou neutra. Bons estudos! 43WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 CINÉTICA QUÍMICA É a área da química que estuda a velocidade das reações químicas, bem como os fatores que influenciam a velocidade. As reações químicas possuem velocidades variadas de tempos, podendo ser classificadas em instantâneas (rápidas), moderadas e lentas. Por exemplo, uma explosão de uma dinamite é instantânea, muito rápida; já a corrosão de um metal não é tão rápida; a erosão de uma rocha, por exemplo, é muito lenta. Figura 1 - As explosões são rápidas, ocorrendo em segundos ou frações de segundos; a corrosão pode levar anos; a erosão de pedras leva milhares ou até milhões de anos. Fonte: Brown (2008). 1.1 Velocidade Média Velocidade é conhecida como a variação que ocorre em determinado intervalo de tempo, por exemplo, a velocidade de um carro é expressa pela variação da posição do carro por um determinado tempo, geralmente conhecida com a unidade de km/h (quilômetro por hora). Na cinética química, a velocidade de reação é expressa pela variação de concentração do reagente (que se decompõe) ou do produto (que é formado) em mol/L por unidade de tempo (segundos, minutos, horas). Considerando a Figura 2, onde o frasco tem volume total de 1L, as esferas vermelhas representam o reagente A, e as azuis, o produto B da reação hipotética. A → B Velocidade média é igual ao módulo de variação do reagente ou produto (ou seja, quantidade final – quantidade inicial), dividido pela variação do tempo. Utiliza-se o módulo na equação para evitar valores negativos de velocidade quando é calculada a velocidade de decomposição de determinado reagente. 44WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 – Reação hipotética de A formando B, com a variação de reagente e produto com a variação de tempo. Fonte: Adaptado de Brown (2008). Vamos considerar que, no início da reação, a concentração de A é 1,00 mol/L. Após 20 segundos, a concentração de A caiu para 0,54 mol/L, sendo assim, formados 0,46 mol/L de B. Após 40 segundos, a concentração de A é 0,30 mol/L e a de B é 0,70 mol/L. Podemos medir a velocidade da reação através da decomposição de A ou pela formação de B. Vamos calcular a velocidade em relação a A no intervalo de tempo de 0 a 20 segundos. A velocidade é dada pela variação de concentração (expressa em colchetes [A] para indicar que está sendo utilizada a concentração) pelo tempo. Como a estequiometria dessa reação é de 1 mol de A para 1 mol de B, a velocidade de formação de B vai ser igual à velocidade de decomposição de A nesse mesmo intervalo de tempo. Veja: 45WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Condições de Ocorrência de uma Reação Para que uma reação química ocorra, além da afinidade química necessária entre os reagentes, precisa haver uma colisão efetiva entre eles. Essas colisões podem ser favoráveis ou não, dependendo da energia e da orientação de tais colisões. Quando a colisão possui energia suficiente e orientação correta, tem-se o que denominamos de choque eficaz. Assim, há a formação do complexo ativado. Figura 3 – Colisão efetiva entre os reagentes, sendo possível a formação dos produtos. Fonte: Adaptado de Brown (2008). Complexo ativado é a etapa intermediária entre os reagentes e produtos, ou seja, é a etapa em que a energia necessária para romper as ligações dos reagentes forma os produtos. Figura 4 – Representação do complexo ativado. Fonte: O autor. Como podemos ver na Figura 4, na reação entre os reagentes hipotéticos A2 e B2, possuindo um choque efetivo entre eles, foi possível a formação do complexo ativado para formar os produtos 2 AB. A quantidade de energia que deve ser aplicada para a formação do complexo ativado é denominada energia de ativação (Ea). Graficamente, expressamos no eixo y a energia (em entalpia H) e no eixo x o caminho da reação. Ea = (Energia do complexo ativado) – (Energia dos reagentes) Quando a reação começa com absorção de energia por parte dos reagentes, até a formação do complexo ativado, toda essa energia absorvida, mais uma parte da energia oriunda da formação dos produtos, é liberada. Temos uma reação exotérmica (que libera energia). Onde, 1 = Energia de ativação (Ea), 2 = Variação de energia (ΔH) 46WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 – Energia de ativação na reação exotérmica. Fonte: Cesar (2009).Quando uma reação começa com a absorção de energia por parte dos reagentes, até a formação do complexo ativado, parte dessa energia é liberada até a formação do produto. Temos uma reação endotérmica (que absorve energia). Onde, 1 = Energia de ativação (Ea), 2 = Variação de energia (ΔH) Figura 6 – Energia de ativação na reação endotérmica. Fonte: Cesar (2009). Como toda reação química precisa atingir o complexo ativado para a formação dos produtos, quanto maior for a energia necessária para a formação do complexo ativado (Ea), mais lenta será a velocidade da reação. A variação de entalpia (ΔH) é dada pela energia final do produto menos a energia inicial do reagente (ΔH = Hfinal - Hinicial). Sendo assim, qual o valor de entalpia para reações endotérmicas e exotérmicas? Como podemos ver nas Figuras 5 e 6, em uma reação exotérmica, toda energia e mais um pouco é liberada no final da reação; logo, a energia do produto é menor que a energia do reagente. Pela fórmula, o ΔH é menor que zero (ΔH < 0). Já no caso das reações endotérmicas, somente parte da energia é liberada ao final da reação; logo, há uma absorção de energia, ou seja, a energia do produto é maior que a energia do reagente. Pela fórmula, o ΔH é maior que zero (ΔH > 0). 47WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Fatores que Afetam as Velocidades de Reações Há alguns fatores que podem interferir na velocidade de uma reação química, aumentando ou diminuindo sua velocidade. No Quadro 1, apresentamos os principais fatores que interferem num grande número de reações químicas, sendo eles: o estado físico dos reagentes, a concentração dos reagentes, a temperatura na qual a reação ocorre e a presença de um catalisador. O estado físico dos reagentes - Os reagentes devem entrar em contato para que reajam. Quanto mais rapidamente as moléculas se chocam, mais rapidamente elas reagem. A maioria das reações que consideramos é homogênea, envolvendo gases ou soluções líquidas. Quando os reagentes estão em fases diferentes, como quando um é gás e o outro é sólido, a reação está limitada à área de contato. Portanto, as reações que envolvem sólidos tendem a prosseguir mais rapidamente se a área superficial do sólido for aumentada. Por exemplo, um medicamento na forma de um comprimido se dissolverá no estômago e entrará na corrente sanguínea mais lentamente do que o mesmo medicamento na forma de pó fino. As concentrações dos reagentes - A maioria das reações químicas prossegue mais rapidamente se a concentração de um ou mais dos reagentes é aumentada. À medida que a concentração aumenta, a frequência com a qual as moléculas se chocam também o faz, levando a um aumento das velocidades. A temperatura na qual a reação ocorre - As velocidades de reações químicas aumentam conforme a temperatura aumenta. É por essa razão que refrigeramos alimentos perecíveis, como o leite. As reações das bactérias que levam o leite a estragar ocorrem mais rapidamente à temperatura ambiente do que a temperaturas mais baixas, existentes em uma geladeira. O aumento da temperatura faz aumentarem as energias cinéticas das moléculas. À proporção que as moléculas movem-se mais velozmente, elas se chocam com mais frequência e também com energia mais alta, ocasionando aumento de suas velocidades. A presença de um catalisador - Os catalisadores são agentes que aumentam as velocidades de reação sem serem usados. Eles afetam os tipos de colisões (o mecanismo) que levam à reação. Os catalisadores têm papel crucial em nossas vidas. A fisiologia da maioria dos seres vivos depende de enzimas, as moléculas de proteínas que atuam como catalisadores, aumentando as velocidades de determinadas reações bioquímicas. Quadro 1 - Fatores que influenciam a velocidade das reações químicas. Fonte: Adaptado de Brown (2008). O Quadro 1 cita a influência de um catalisador numa determinada reação química, em que este tem como único objetivo aumentar a velocidade da reação. Ou seja, o catalisador diminui a energia de ativação da reação. Um fato importante do catalisador é que ele não é consumido na reação, ou seja, a massa inicial e final do catalisador é a mesma e não altera o ΔH da reação. Vejamos a Figura 7, em que a energia de ativação do complexo ativado 1 é mais lenta e não possui a presença de um catalisador; já no complexo ativado 2, há uma diminuição da energia de ativação e, logo, a reação ocorre de forma mais rápida. Essa diminuição é dada pela presença de um catalisador. 48WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 7 – Presença de catalisador na reação. Fonte: Cesar (2009). Outro fator importante que o Quadro 1 nos traz é que, quanto maior for a concentração de reagentes, maior a probabilidade de colisão entre eles e, portanto, maior a velocidade da reação. Baseado nisso, em 1867, Guldberg e Waage enunciaram o que chamamos de Lei de Velocidade em relação às concentrações molares dos reagentes, sendo conhecida também como lei das massas. Tal lei nos diz que a velocidade de reação é proporcional ao produto das concentrações molares dos reagentes elevados a potências iguais aos respectivos coeficientes da equação química balanceada. Esses dados foram devidamente comprovados experimentalmente. Para a reação hipotética a seguir: aA + bB → cC + dD A lei de velocidade é expressa por: v = k [A]a [B]b Em que: v = velocidade da reação [A] = concentração molar de A [B] = concentração molar de B a = ordem do reagente A b = ordem do reagente B a + b = ordem global da reação k = constante de velocidade da reação 2 EQUILÍBRIO QUÍMICO Grande parte das reações químicas não possui um rendimento de 100%, ou seja, há um momento da reação em que não ocorre mais transformação, as cores param de mudar, gases não se desprendem mais, tendo, assim, uma mistura de reagentes e produtos. Quando isso acontece, além do produto formado, haverá também uma parte do reagente, o que não significa que esse reagente não tenha sido modificado no processo, mas parte do produto formado na reação, em determinado instante, foi regenerado à forma inicial de reagente. Denominamos esse fato de equilíbrio químico. Como visto em cinética, toda reação química ocorre em determinada velocidade. Toda reação vista até então é denominada reação direta, reagentes formando produtos, representada pelo símbolo →. No sentido inverso de uma reação, produtos formando reagentes, o símbolo é a mesma seta, mas ao contrário ←. Logo, no equilíbrio químico, temos uma reação reversível, em que os reagentes formam os produtos, contudo, os produtos reagem entre si, voltando à forma de reagente. Representamos com a seta ⇋. 49WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Um exemplo de reação reversível é a água no estado líquido, em um recipiente fechado. Em certo momento, o líquido passa para o estado de vapor e, depois, o vapor passa para líquido. Como podemos perceber, na reação direta (→) temos uma velocidade, Vd velocidade direta; no sentido inverso (←), temos outra velocidade, Vi velocidade inversa. Logo, quando ambas as velocidades são iguais (Vd = Vi), obtém-se o equilíbrio da reação. Figura 8 - Gráfico de velocidade por tempo, podendo-se perceber que, à medida que os reagentes se transformam em produtos, a v1 (velocidade direta) diminui e a v2 (velocidade indireta) aumenta. O t representa o instante em que o equilíbrio é atingido. Fonte: Batista (2020). Em termos de concentração, ao atingir o equilíbrio químico, as concentrações dos reagentes e as dos produtos passam a ser constantes. À medida que é consumido o reagente, é formado o produto, até atingirem o instante t, quando o equilíbrio é atingido. Figura 9 - Gráfico de concentração por tempo, onde t representa o instante de tempo em que o equilíbrio é atingido. Percebe-se que, após o equilíbrio, a concentração de reagentes e de produtos permanece constante, tornando-se linhas paralelasno gráfico. Fonte: Batista (2020). 50WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Constante de Equilíbrio (Ki) A constante de equilíbrio de uma reação química é dada pela relação entre as quantidades de produtos e reagentes existentes quando se atinge o equilíbrio químico. Pode ser expressa como: 2.1.1 Constante de equilíbrio em função da concentração molar (Kc) Dada uma reação reversível genérica: aA + bB ⇋ cC + dD Aplicando a lei das massas de Guldberg-Waage, vista em cinética, temos as seguintes velocidades: Para a reação direta: v1 = K1 [A]a [B]b Para a reação inversa: v2 = K2 [C]c [D]d Logo, sabemos que, no equilíbrio, as velocidades são iguais, v1=v2. Então: Onde é a constante de equilíbrio químico em função da concentração molar (Kc). A constante de equilíbrio Kc é a razão das concentrações de produtos e das concentrações dos reagentes da reação, elevadas aos seus respectivos coeficientes da reação. 2.1.2 Constante de equilíbrio em função de pressões parciais (Kp) Em uma reação química onde os componentes do equilíbrio químico são substâncias gasosas, pode-se expressar a constante em termos de concentração (Kc), mas se pode expressar também em termos de pressões parciais (Kp). É o que ocorre na reação genérica a seguir, onde tanto os produtos quanto os reagentes são gasosos. aA(g) + bB(g) ⇋ cC(g) + dD(g) A constante pode ser expressa em Kc: Ou em Kp: Segue um exemplo de reação para escrevermos as constantes. Dada a reação N2(g) + 3 H2(g) ⇋ 2 NH3(g) 51WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Temos Kc: E Kp: 2.1.3 Relação entre Kp e Kc Há uma relação de expressar ambas as constantes em uma mesma expressão, dada como: Kp = Kc .(RT)Δn Em que: Kp = constante de equilíbrio em função de pressão Kc = constante de equilíbrio em função de concentração R = 0,082 constante universal dos gases T = temperatura em Kelvin Δn = variação de número de mols (mols gasosos de produtos – mols gasosos dos reagentes). 2.2 Fatores que Deslocam o Equilíbrio Como vimos até agora, toda reação reversível tende ao equilíbrio, no qual as velocidades diretas e indiretas são iguais e, uma vez atingido o equilíbrio, as concentrações de reagentes e produtos permanecem constantes; logo, qualquer fator que alterar essa condição, há um desequilíbrio da reação até se atingir o equilíbrio novamente. Se, ao atingir o novo equilíbrio, a concentração dos produtos for maior que a concentração original, há um deslocamento para a direita (no sentido dos produtos), ou seja, v1 é maior que v2. Se, ao atingir o novo equilíbrio, a concentração dos reagentes for maior que a concentração original, há um deslocamento para a esquerda (no sentido dos reagentes), ou seja, v2 é maior que v1. O princípio geral que aborda os deslocamentos de equilíbrio foi enunciado por Le Chatelier, em 1884, ficando conhecido como princípio de Le Chatelier. Logo, os fatores capazes de deslocar o equilíbrio químico são: pressão, temperatura e concentração. Deslocar o equilíbrio significa provocar diferença nas velocidades das reações direta e inversa, consequentemente, modificando as concentrações das substâncias até que o novo equilíbrio seja atingido. 52WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2.1 Influência da concentração O aumento de concentração, seja ela dos reagentes seja dos produtos, desloca o equilíbrio no sentido de consumir a substância adicionada. Ao aumentar a concentração, há um aumento na velocidade, fazendo a reação ocorrer em maior escala no sentido inverso ou direto. Diminuindo a concentração do produto ou dos reagentes, o equilíbrio desloca no sentido de refazer a substância retirada, com isso, há uma queda na velocidade da reação direta ou inversa, fazendo com que a reação ocorra em menor escala. Por exemplo: 2CO(g) + O2(g) ⇋ 2CO2(g) Se aumentar a concentração de CO ou O2 provoca um aumento na velocidade direta (vd ou v1), o equilíbrio desloca-se no sentido dos produtos (v1 > v2), para a direita. Se diminuir a concentração de CO ou O2 provoca uma queda na velocidade direta, ou seja, v1 < v2, o equilíbrio desloca-se para o sentido dos reagentes, para a esquerda. Saliente-se que o mesmo ocorre em termos de pressão parcial de gases: aumentando ou diminuindo a pressão de gases em um equilíbrio gasoso, a forma de deslocamento é a mesma em termos de concentração. 2.2.2 Influência da pressão total sobre o sistema O aumento na pressão desloca o equilíbrio no sentido de menor volume, e a diminuição na pressão desloca o equilíbrio no sentido de maior volume. O volume dos reagentes é dado pela somatória deles, e o mesmo acontece nos produtos, por exemplo: N2(g) + 3 H2(g) ⇋ 2 NH3(g) 4 volumes 2 volumes Com o aumento da pressão, o equilíbrio deslocará para o sentido de menor volume; nesse exemplo, o equilíbrio desloca-se para o sentido do produto, para a direita, por possuir um volume menor. Ao diminuir a pressão, o equilíbrio desloca-se para o sentido de maior volume, para o sentido dos reagentes, para a esquerda, por possuir maior volume. Observação: quando o volume total dos reagentes for igual ao volume total dos produtos, o equilíbrio químico não será deslocado pela variação de pressão. 2.2.3 Influência da temperatura Aumentando a temperatura, o equilíbrio desloca-se para o sentido endotérmico. E, diminuindo a temperatura, o equilíbrio desloca-se para o sentido exotérmico. A classificação de qual sentido é endotérmico e qual é exotérmico é dada pela variação de entalpia que a reação fornece. Por exemplo: N2(g) + 3 H2(g) ⇋ 2 NH3(g) ΔH = - 26,2 kcal 53WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Essa reação de formação da amônia (NH3) possui variação de entalpia negativa (-26,2 kcal), ou seja, é exotérmica, assim, o sentido direto dessa reação é o sentido exotérmico. E o sentido inverso, necessariamente, é classificado como endotérmico. Com isso, com o aumento da temperatura, o equilíbrio se deslocará para o sentido endotérmico (inverso), ou seja, para os reagentes (N2 e H2), para a esquerda. E, diminuindo a temperatura, o equilíbrio se deslocará para o sentido exotérmico (direto), ou seja, para o produto (NH3), para a direita. 3 EQUILÍBRIO IÔNICO 3.1 Ácidos e Bases Arrhenius definiu ácidos como substâncias que, em meio aquoso, sofrem dissociação, liberando como único cátion (íon positivo) o H+ ou H3O +, denominado hidrônio ou hidroxônio. Podem ser classificados em hidrácidos, aqueles que não possuem a presença de Oxigênio (HCl, H2S, HCN), e em oxiácidos, quando há a presença de oxigênio (HNO3, H2SO4). Arrhenius definiu bases como substâncias que, em meio aquoso, sofrem dissociação, liberando como único ânion (íon negativo) o OH-, denominado hidróxido ou hidroxila. Alguns exemplos de bases são: NaOH, NH4OH e Ca(OH)2. Assim, podemos perceber que, ao introduzir ácidos e bases em água, haverá a formação de íons, ao que se chama ionização. Ácidos e bases fortes, uma vez dissociados, não se regeneram. Mas ácidos e bases fracos tendem a se regenerar, voltando à sua forma de origem, por exemplo, a ionização do ácido cianídrico. HCN + H2O → H3O + + CN- A maneira mais usual é: HCN → H+ + CN- O ácido cianídrico em água tende a ionizar formando o cátion H+ e o ânion CN-, porém, esses íons tendem a agregar novamente, originando o ácido HCN. H+ + CN- → HCN Assim, podemos dizer que há um equilíbrio iônico, podendo ser escrito como: HCN ⇋ H+ + CN- O mesmo fato ocorre em bases fracas, por exemplo, com a base hidróxido de amônio (NH4OH). NH4OH ⇋ NH4+ + OH- 54WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2 Constante de Ionização (Ki) Como visto, é possível escrever equilíbrio químico para reações de ionização, logo, pode- se calcular a constante de ionização dele. Para ácidos, a constante é conhecida como Ka,como o exemplo do ácido cianídrico: HCN ⇋ H+ + CN- E, para as bases, a constante calculada é a Kb: NH4OH ⇋ NH4+ + OH- 3.3 Equilíbrio Iônico da Água A água pura sofre o que conhecemos por autoionização, ou seja, dissocia-se, formando os íons H+ e OH- Simplificando: Em estudos feitos a respeito da ionização da água pura, foi determinada a constante de ionização da água, conhecida como Kw: Os dados experimentais têm como resultado o valor da constante de ionização ou produto iônico da água a 25º C como sendo: 3.4 pH e pOH É muito comum a necessidade se conhecer o quão ácida, básica ou neutra é determinada solução, alimentos, bebidas ou solos e, para isso ser quantificado, foram definidos o potencial hidrogeniônico (pH) e o potencial hidroxiliônico (pOH). O pH é calculado com base na concentração de íons H+, e o pOH, com base na concentração de íons OH-. Como mostrado anteriormente, o produto de ionização da água é dado por: 55WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim, matematicamente calculado, pode-se dizer: Ou, na água pura, é possível dizer que: Com isso, foi elaborada a escala de pH, cujo valor, para soluções neutras, equivale a 7. Nas soluções ácidas, temos: [H+] > 10-7 [OH-] < -7 pH < 7 pOH > 7 E, nas soluções básicas, temos: [H+] < 10-7 [OH-] > -7 pH > 7 pOH < 7 Ou seja, soluções ácidas são aquelas que possuem pH menor que 7, e soluções básicas são aquelas que possuem pH maior que 7. A escala de pH varia de 0 a 14, como podemos ver na Figura 10. Figura 10 - Escala de pH. Fonte: Brown (2008). Para o cálculo de pH e pOH, é necessário um breve entendimento de equação logarítmica. Para te ajudar no entendimento, assista ao vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JzUxtqtb3JU. https://www.youtube.com/watch?v=JzUxtqtb3JU 56WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, foi possível determinar a velocidade das reações químicas, bem como os fatores que influenciam essa velocidade. Abordamos as reações reversíveis e o equilíbrio que tais reações possuem, levando até o equilíbrio iônico, quando foi possível estudar o pH e pOH de soluções. Na próxima unidade, estudaremos a respeito da termoquímica e eletroquímica das reações. 5757WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................58 1 TERMOQUÍMICA .......................................................................................................................................................59 1.1 ENTALPIA (H) .........................................................................................................................................................60 1.1.1 ENTALPIA PADRÃO E ENTALPIA DE FORMAÇÃO ............................................................................................. 61 1.2 LEI DE HESS ...........................................................................................................................................................63 1.3 ENTROPIA E ENERGIA LIVRE ...............................................................................................................................64 2 ELETROQUÍMICA .....................................................................................................................................................65 2.1 NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX) ............................................................................................................................65 2.2 REAÇÃO DE OXIRREDUÇÃO .................................................................................................................................66 2.3 CÉLULAS GALVÂNICAS .........................................................................................................................................67 2.4 FORÇA ELETROMOTRIZ (FEM) ...........................................................................................................................68 3 CORROSÃO ...............................................................................................................................................................70 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 71 TERMOQUÍMICA E ELETROQUÍMICA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: QUÍMICA GERAL 58WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Grande parte da energia que utilizamos no nosso dia a dia é proveniente de reações químicas, como combustíveis, baterias, fotossíntese, dentre outras. E o estudo que trata da energia e suas transformações é conhecido como Termoquímica. Além do estudo das transformações, nesta unidade, estudaremos a respeito das reações que produzem corrente elétrica, denominadas eletroquímica. Nela, vamos conhecer as reações de oxirredução (redox) e seu funcionamento em uma célula galvânica. 59WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 TERMOQUÍMICA Termoquímica estuda as trocas de energia em forma de calor nas reações químicas. Nas transformações químicas e físicas, em grande parte, há absorção ou liberação de calor. Calor é a transferência de energia térmica entre dois corpos que possuem diferentes temperaturas. Por exemplo, ao colocar um cubo de gelo na palma da mão, este, por sua vez, absorve energia térmica da mão e, com isso, há a transformação física de sólido para líquido. Para o Sistema Internacional de Medidas (SI), mede-se energia (calor) na unidade joule (J), em homenagem ao inglês James Prescott Joule, que determinou a relação entre energia e calor. Contudo, grande parte das reações químicas tem sido expressa em caloria (cal). A caloria nutricional é amplamente utilizada para tratar de valores energéticos de alimentos. A caloria é definida como: 1 cal = 4,184 J Usualmente, são utilizadas as unidades em quilojoule (kJ) e quilocaloria (kcal): 1 kJ = 1000 J 1 kcal = 1000 cal Como já abordado brevemente, os termos exotérmico e endotérmico referem-se a reações químicas que liberam ou absorvem calor. Em exotérmico, pode-se concluir, a partir do prefixo -exo (para fora), que é um processo que libera energia na forma de calor. Genericamente: reagente → produto + calor Já, em endotérmico, pode-se concluir, a partir do prefixo -endo (para dentro), que é um processo que absorve energia na forma de calor. Genericamente: reagente + calor → produto Os valores conhecidos de calorias, envolvidos em determinadas reações químicas, foram determinados experimentalmente por um aparelho denominado calorímetro ou bomba calorimétrica, um sistema fechado onde são colocados os reagentes, e os calores liberados no decorrer da reação são calculados. Figura 1 – Bomba calorimétrica. Fonte: Brown (2008). 60WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 Entalpia (H) Entalpia, ou conteúdo de calor, é a energia térmica correspondente ao calor absorvido ou liberado por reações químicas, representada pela letra H. Quando tratamos de calor da reação, está relacionado aos estados inicial e final da energia do sistema, assim, é comum calcular a variação de entalpia (ΔH) de reações químicas considerando os reagentes como estado inicial e os produtos como estado final, como na equação a seguir: ΔH = Hprodutos – Hreagentes • Em processos exotérmicos Em reações exotérmicas, há a liberação de calor, pois a entalpia dos reagentes (Hr) é maior que a entalpia dos produtos (Hp). Contudo, numa reação exotérmica, para o reagente transformar- se em produto, o excesso de energia precisa transferir-se para o meio externo da reação, liberando calor para a vizinhança. Logo, Hr > Hp ΔH = Hp – Hr ΔH < 0 (negativo) Figura2 - Reação exotérmica, ΔH negativo, libera calor. Fonte: Brown (2008). • Em processos endotérmicos Em reações endotérmicas, há a absorção de calor, em que a Hr é menor que a Hp. Ou seja, numa reação endotérmica, para o reagente transformar-se em produto, é necessário um ganho extra de energia para a reação ocorrer, com isso, absorve-se calor da vizinhança. Logo, Hr < Hp ΔH = Hp – Hr ΔH > 0 (positivo) Figura 3 - Reação endotérmica, ΔH positivo, absorve calor. Fonte: Brown (2008). 61WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A entalpia é uma propriedade extensiva, ou seja, a ΔH é diretamente proporcional à quantidade de matéria (mols) de reagente consumida no processo. Por exemplo, para a reação de combustão de 1 mol de metano (CH4), produzindo dióxido de carbono e água líquida, são produzidos 890 kJ de calor, como mostra a reação: Se a queima de 1 mol de CH4 libera 890 kJ de calor, ao dobrarmos a quantidade de matéria de CH4 para 2 mols, consequentemente, aumenta também a quantidade de calor liberado em duas vezes, totalizando 1780 kJ liberados. Para uma reação inversa, a ΔH é igual em valores absolutos, mas oposta em sinais. Por exemplo: Já a reação inversa: Ou seja, na reação de combustão do metano, há uma liberação (sinal negativo) de 890 kJ de calor, logo, no sentido inverso dessa reação, há uma absorção (sinal positivo) de 890 kJ. Ao inverter o sentido de uma reação, inverte-se o sinal da variação de entalpia da reação. 1.1.1 Entalpia padrão e entalpia de formação Para averiguar as entalpias de algumas substâncias sob determinadas condições de temperatura e pressão, adotou-se um padrão. As condições de 25ºC e 1atm foram definidas como estado padrão, e a entalpia de uma substância no estado padrão é representada por Hº. Algumas substâncias simples mais comuns, ou seja, em grande quantidade na natureza, possuem entalpia padrão (Hº) igual a zero. Exemplos de substâncias simples são: H2, O2, Cgrafite, N2. O calor de reação envolvido para a formação de 1 mol de substância a partir de uma substância simples no estado padrão é denominado entalpia de formação. Quando os reagentes possuem entalpia padrão, por convenção, igual a zero, obtém-se a entalpia de formação da substância produzida, por exemplo, a formação da água: H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l) ΔH = -286 kJ/mol A entalpia de formação é representada por ΔHf: ΔHf = -286 kJ/mol Como as entalpias das substâncias simples (nesse caso, os reagentes H2 e O2) são iguais a zero nas condições padrão de temperatura e pressão, pode-se afirmar que a entalpia da substância formada é igual à variação de entalpia da sua formação; logo: Hf(H2O) = -286 kJ Ou seja, para reações de formação, a entalpia da substância é igual a sua entalpia de formação. Vale ressaltar que o valor negativo de calor refere-se a uma reação exotérmica, contudo, ao escrever ou dizer a quantidade de calor de uma reação, utiliza-se o termo “liberado” para valores negativos e, para reações endotérmicas, utiliza-se “absorvido” para valores positivos. 62WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Conhecer a entalpia de formação de determinadas substâncias, a 25º C e 1atm, é fundamental para cálculos de determinação das entalpias dos compostos em diversas reações químicas. Esses valores de entalpias são determinados experimentalmente e tabelados, como a seguir: Tabela 1 - Valores de entalpia. Fonte: Brown (2008). De acordo com os valores de entalpia tabelados, podemos calcular a variação de entalpia de determinada reação, como a reação a seguir: CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(l) ΔH = ? De acordo com a Tabela 1, podemos identificar as seguintes entalpias: H(CH4) = -74,8 kJ/mol H(O2) = 0 (é uma substância simples no estado padrão) H(CO2) = -393,5 kJ/mol H(H2O) = -285,8 kJ/mol Como já visto, a ΔH = Hprodutos – Hreagentes ΔH = [H(CO2) + 2 (H(H2O)] – [H(CH4) + 2 H(O2)] ΔH = [(-393,5) + 2 (-285,8)] – [(-74,8) + 2 (0)] ΔH = (-965,1) – (-74,8) ΔH = -965,1 + 74,8 ΔH = - 890,3 kJ A variação de entalpia da combustão do metano é igual a – 890,3 kJ. Todas as reações de combustão possuem variação de entalpia negativa por se tratarem de reações exotérmicas, que liberam energia. Assim, nesses casos, denominamos a entalpia como entalpia de combustão, ou calor de combustão. Para uma melhor compreensão a respeito, indica-se a leitura de “Combustão e Energia”. Disponível em: http://www.usp.br/qambiental/combustao_energia.html. http://www.usp.br/qambiental/combustao_energia.html 63WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Lei de Hess Em alguns casos, experimentalmente, não era fácil obter a variação de entalpia de uma reação. Contudo, o químico suíço Germain H. Hess, em 1840, propôs que é possível determinar o ΔH de reações inviáveis experimentalmente através do ΔH de outras reações conhecidas, sem se preocupar com a quantidades de etapas para que tal reação ocorra. Por exemplo, a reação do metano: De forma simplificada, pode-se escrever: CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(l) ΔH = -890kJ A variação de entalpia dessa reação deu-se pela soma de entalpia das duas etapas de reação. Segue outro exemplo de aplicação da Lei de Hess. Dadas as seguintes equações termoquímicas: I. C(grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔH = - 94,1 kcal/mol II. H2(g) + 1/2 O2(g) → H2O(l) ΔH = - 68,3 kcal/mol III. 3 C(s) + 4 H2(g) → C3H8(g) ΔH = - 33,8 kcal/mol Com base nas etapas fornecidas, vamos determinar a variação de entalpia liberada na combustão de 1 mol de C3H8, cuja reação vem a seguir: C3H8 + 5 O2 → 3 CO2(g) + 4 H2O(l) ΔH = ? Como a reação de combustão está balanceada, podemos identificar os reagentes (C3H8 e O2) e os produtos (CO2 e H2O). Logo, com base nas equações fornecidas (I, II e III), para obter a equação de combustão pedida, é necessário multiplicar a equação I por 3, multiplicar a equação II por 4 e inverter a equação 3. 3 C(grafite) + 3 O2(g) → 3 CO2(g) ΔH = - 282,3 kcal/mol 4 H2(g) + 2 O2(g) → 4 H2O(l) ΔH = - 273,2 kcal/mol C3H8(g) → 3 C(s) + 4 H2(g) ΔH = + 33,8 kcal/mol Ao somar as três equações, 3 Carbonos aparecem nos reagentes na I, e 3 nos produtos da III, podendo simplificá-los. Na reação II, aparece 4 H2 nos reagentes e, na III, aparecem na mesma quantidade nos produtos, podendo assim simplificá-los também. Por fim, a variação de entalpia dessa reação é dada pela soma das três etapas, ficando: C3H8 + 5 O2 → 3 CO2(g) + 4 H2O(l) ΔH = -521,7 kcal/mol 64WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Entropia e Energia Livre Além da entalpia, outras grandezas fizeram-se necessárias para o conhecimento de espontaneidade de uma reação química. Dentre elas, tem-se a Entropia, representada pela letra S. Entropia (S) é a medida da desordem de um sistema, por exemplo, a passagem do estado sólido para o líquido e do líquido para o gasoso. Há um aumento da entropia, ou seja, há um aumento na agitação das moléculas, aumentando, assim, a desordem nesse sistema. Figura 4 - Aumento da entropia de um gás. Fonte: Biologia Total (2020). É possível determinar a entropia de uma reação pela variação das entropias dos produtos e reagentes, previamente conhecidas. ΔS = Sprodutos – Sreagentes Outra grandeza estudada a respeito da espontaneidade da reação foi enuncia por J. Willard Gibbs, conhecida como Energia Livre de Gibbs, simbolizada pela letra G. A energia livre de Gibbs é a medida da capacidade de determinada substância realizar trabalho. E, para determinar se o processo é espontâneo ou não, utiliza-se a variação de energia livre (ΔG), relacionando-a com a entropia e entalpia do processo. Ficou conhecida a seguinte equação: ΔG = ΔH – T ΔS Onde, ΔG < 0 processo espontâneo ΔG > 0 processo não espontâneo ΔG = 0 processo em equilíbrio Por que, ao aumentar a quantidade de matéria (mol) de um componente em uma reação química, aumenta também a variação de entalpia?É importante reforçar que, numa equação termoquímica, o valor de entalpia que é fornecido geralmente é para 1 mol da substância (kcal/mol, ou, kJ/mol); logo, ao aumentar o número de mol de determinada substância da equação, a entalpia aumenta na mesma proporção, como no caso anterior: ao multiplicar a equação I por 3, aumentou a proporção para todos os constituintes da reação (estabelecendo a estequiometria), incluindo a variação de entalpia. 65WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 ELETROQUÍMICA O estudo das relações entre as reações químicas e a eletricidade é denominado eletroquímica. As reações que ocorrem são conhecidas como reações de oxirredução (redox), sendo que, para que essas reações ocorram, é necessário que uma espécie oxide e que outra reduza. Oxidação refere-se à perda de elétrons, e redução refere-se ao ganho de elétrons, ou seja, numa reação de oxirredução, há uma transferência de elétrons do átomo oxidado para o átomo reduzido. 2.1 Número de Oxidação (NOX) Para uma melhor compreensão a respeito das reações de oxirredução, é necessário saber sobre o Número de Oxidação (NOX). Nox é a carga que o elemento adquire ao fazer uma ligação iônica ou o caráter que ele adquire ao fazer uma ligação covalente. Por exemplo, o NaCl (cloreto de sódio), como vimos nas unidades anteriores, trata-se de um composto iônico, em que o metal Na perde um elétron para o Cl, sendo assim, o Na fica com nox +1 (perdeu um elétron), e o Cl fica com o nox -1 (ganhou um elétron). O mesmo acontece em compostos com ligações covalentes, por exemplo, o HCl, ácido forte, em que há um compartilhamento de elétron entre os átomos de hidrogênio e cloro. Nesses casos, a eletronegatividade de determinado elemento é o que definirá qual atrairá fortemente o elétron para si. Como no exemplo, o Cloro é mais eletronegativo que o Hidrogênio, logo, o elétron está mais "próximo" do cloro, ficando com Nox -1, e o Hidrogênio fica com Nox +1. Podemos perceber que, em ambos os exemplos, o Cloro tem o Nox igual a -1, pois há um padrão de números de oxidação de determinados elementos, como podemos ver na Figura 5. Para uma melhor compreensão a respeito de entropia e energia livre, indica-se o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TWNVUruMY-Q. https://www.youtube.com/watch?v=TWNVUruMY-Q 66WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 – Número de oxidação de alguns elementos. Fonte: Fogaça (2021). Todas as substâncias simples (como O2, N2, H2) e metais no estado sólido (como Fe(s), Cu(s), Na(s), Al(s)) possuem NOX igual a zero. 2.2 Reação de Oxirredução Nas reações de oxirredução, tanto a oxidação quanto a redução ocorrerão, ou seja, se uma substância for oxidada, a outra deverá ser reduzida. A substância que oxida pode ser chamada de agente redutor, pois, ao sofrer oxidação, torna-se possível que a outra substância seja reduzida. O mesmo acontece com a substância reduzida, a qual pode ser chamada de agente oxidante, pois possibilita que a outra substância oxide. Sofreu Oxidação Perdeu Elétrons Agente Redutor Sofreu Redução Ganhou Elétrons Agente Oxidante Por exemplo: O Zn sólido é uma substância simples com Nox igual a zero, e o íon Hidrogênio possui sua carga de +1. Ao reagirem, podemos perceber que o Zinco perdeu elétrons, ficando com carga positiva, e o Hidrogênio ganhou elétrons, zerando a carga positiva que possuía anteriormente. Logo, o Zn sofreu oxidação, podendo nominá-lo como agente redutor. O H sofreu redução, podendo nominá-lo como agente redutor. 67WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.3 Células Galvânicas A energia liberada em uma reação de oxirredução (redox) pode ser usada para realizar trabalho elétrico, e uma célula galvânica (pilha) é responsável por utilizar esse trabalho elétrico fornecido. Um exemplo muito usual de pilha é a composta por Cobre e Zinco, genericamente representada pela equação: Zn(s) + Cu 2+ (aq) → Zn 2+ (aq) + Cu(s) Os dois metais sólidos, Zn e Cu, são conectados por um circuito externo e podemos chamá-los de eletrodos. O eletrodo onde ocorre a oxidação é chamado ânodo, e o eletrodo onde ocorre a redução é chamado cátodo. Numa pilha, temos a semirreação de oxidação que ocorre no Ânodo e a semirreação de redução que ocorre no Cátodo. Ânodo (semirreação de oxidação) Zn(s) → Zn 2+ (aq) + 2e - Cátodo (semirreação de redução) Cu2+(aq) + 2e - → Cu(s) Da soma das semirreações, obtemos a reação global da pilha: Zn(s) + Cu 2+ (aq) → Zn 2+ (aq) + Cu(s) O fluxo de elétrons de uma pilha sempre parte do ânodo, pelo circuito externo, para o cátodo. Ao sofrer oxidação, o zinco acaba fornecendo uma quantidade muito grande de Zn2+ na solução. O mesmo ocorre com o cobre. Logo, é necessário um dispositivo que seja capaz de neutralizar esses excessos de cargas positivas e negativas da célula. No exemplo, é possível utilizar uma ponte salina (contendo sal) que seja capaz de neutralizar essa quantidade de íons na solução. Pode-se percebê-lo de acordo com a Figura 6. Figura 6 – Célula de cobre-zinco utilizando uma ponte salina para completar o circuito. Fonte: Brown (2008). A respeito do cálculo de NOX de substâncias, é fundamental a prática para seu entendimento, sendo assim, indicamos a seguinte leitura para um melhor aprofundamento sobre o assunto: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-nox. htm. https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-nox.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-nox.htm 68WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 Força Eletromotriz (fem) Como abordado anteriormente, em uma célula galvânica, há transferência de elétrons entre os eletrodos; logo, pode-se calcular essa diferença de potencial entre dois eletrodos, chamada de força eletromotriz (fem). Conhecendo o potencial de cada eletrodo, é possível calcular o potencial da célula (Eºcel) em volts, chamado de voltagem da célula. Para se obter o potencial da célula, basta calcular a diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo. Os potenciais padrão dos eletrodos são tabelados para as reações de redução, chamados de potenciais-padrão de redução (Eºred). Assim, o potencial da célula é dado pelo potencial-padrão de redução do cátodo Eºred (catodo) menos o potencial-padrão de redução do ânodo Eºred (ânodo). Eºcel = Eºred (cátodo) - Eºred (ânodo) A Figura 7 mostra os potenciais-padrão de redução de alguns eletrodos. Figura 7 - Potenciais-padrão de redução e oxidação tabelados. Fonte: Fogaça (2021). 69WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para exemplificar, vamos utilizar a célula de cobre-zinco, dadas as seguintes semirreações e seus potenciais-padrão de redução: Zn2+(aq) + 2e - → Znº(s) Eºred = -0,76 V Cu2+(aq) + 2e - → Cuº(s) Eºred = +0,34 V Seguindo a equação do cálculo da célula, tem-se: Eºcel = (+0,34) – (-0,76) Eºcel = +0,34 + 0,76 Eºcel = +1,10 V Como podemos ver, o valor +1,10 Volts foi representado na Figura 7. Dados dois eletrodos e seus respectivos potenciais-padrão de redução, como saber qual será o cátodo e qual o ânodo? Sempre devemos lembrar que o eletrodo com maior potencial de redução será a espécie que irá reduzir. Por exemplo, em uma célula formada por Chumbo (Pb) e Ouro (Au), dadas as seguintes semirreações: Pb2+ + 2e- → Pbº Eºred = -0,13 V Au3+ + 3e- → Auº Eºred = +1,50 V É possível verificar que o ouro possui maior potencial de redução, logo, será reduzido (cátodo); e o chumbo será oxidado (ânodo), assim, o cálculo do potencial dessa célula se dará da seguinte forma: Eºcel = (+1,50) – (-0,13) Eºcel = +1,63 V O potencial de uma célula galvânica sempre será positivo. 70WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3 CORROSÃO É um processo de degradação por reações redox indesejáveis, em que o material é atacadopor alguma substância em seu ambiente e é convertido em um composto não desejado. É um processo espontâneo, que geralmente é favorecido com o ar à temperatura ambiente. Um exemplo é o processo de oxidação do ferro, popularmente conhecido como ferrugem. Esse processo requer tanto oxigênio quanto água. Figura 8 – Corrosão do ferro. Fonte: Brown (2008). Uma forma de proteção do ferro contra o processo de oxidação é fornecer outro material que oxide ao invés do ferro, ou seja, fornecer um metal com potencial de redução menor que o ferro. Por exemplo: Fe2+ + 2e- → Feº Eºred = -0,44 V Zn2+ + 2e - → Znº Eºred = -0,76 V O zinco é um metal que pode proteger o ferro da oxidação, pois, como podemos ver, o ferro possui maior potencial padrão de redução quando comparado ao zinco; dessa forma, numa reação redox, o zinco será oxidado, e não o ferro. Esse processo é conhecido como proteção catódica, usualmente chamada de proteção por “metal de sacrifício”, em que, para proteger um determinado metal, é necessário protegê-lo com outro metal que possua um potencial padrão de redução menor que o metal em questão. 71WWW.UNINGA.BR QU ÍM IC A GE RA L | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, foi possível verificar os processos de ocorrência de uma reação química e a forma de energia que as reações fornecem para o meio, seja exotérmica ou endotérmica. Abordou-se também um tipo de reação muito importante, as reações redox, por meio das quais é possível entender os processos de oxidação e redução dos componentes de uma reação química e como isso pode interferir no nosso dia a dia (como a ferrugem). 72WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ADORO CINEMA. Radioativo. 2021. Disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/ filme-254043/. Acesso em: 8 out. 2021. ARAÚJO, L. B. M. Tabela Periódica. 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