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Agr�stologi� � Forragicultur� Resumo das aulas dos dias 03/09/2024 e 10/09/2024 Conceitos Fundamentais Agrostologia É a ciência que estuda as gramíneas, um grupo importante de plantas que inclui espécies usadas para pastagem e produção forrageira. Entre os gêneros de gramíneas mais comuns estão: ● Brachiaria (ex.: Brachiaria decumbens) ● Cynodon (ex.: Tifton 85) ● Panicum (ex.: Panicum maximum) Essas plantas são fundamentais para o manejo de pastagens, pois são resistentes e adaptadas a diferentes climas e solos. Forragicultura A forragicultura foca no estudo das plantas forrageiras e sua interação com o solo, animais e meio ambiente. O objetivo é fornecer alimentação de qualidade para a pecuária, em especial a produção de carne, leite e outros derivados animais. As principais plantas forrageiras podem ser classificadas em: ● Gramíneas ● Leguminosas ● Cactáceas A forragem inclui as partes comestíveis das plantas, como folhas, caules e ramos, usadas para alimentar os animais, principalmente em sistemas de pastejo. As plantas forrageiras são essenciais para a produção de carne, leite, lã e pele. Além disso, elas: ● Melhoram e conservam o solo, dependendo do manejo; ● Ocupar áreas consideradas inadequadas para a agricultura; ● Contribuem para a economia, representando uma parte significativa da pecuária nacional, que utiliza pastagens em 95% da produção. O setor agropecuário é um componente significativo do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2020, por exemplo, o setor agropecuário representou 6,8% do PIB brasileiro, ou aproximadamente R$ 439,8 bilhões. A morfologia é o estudo das formas e estruturas das plantas, essenciais para sua classificação e manejo forrageiro. No caso das gramíneas e leguminosas, a estrutura de caules, raízes e folhas desempenha um papel crucial no seu uso como forragem. Características Desejáveis nas Plantas Forrageiras As plantas forrageiras de alta qualidade possuem as seguintes características: ● Alta relação folha-caule; ● Rapidez na rebrota; ● Ser perenes (sobrevivem por mais de dois anos); ● Resistência a extremos de temperatura, pragas e doenças; ● Produção de sementes viáveis; ● Bom valor nutritivo e alta aceitabilidade pelos animais. Métodos de Pastejo e Conservação Existem dois tipos de sistemas de pastejo: ● Lotação Contínua: Os animais têm acesso livre à pastagem. ● Lotação Rotacionada: As áreas de pastagem são alternadas para permitir a recuperação da vegetação. Os métodos de conservação de forragem, como a produção de feno e silagem, garantem que a alimentação animal esteja disponível durante períodos de escassez, como o inverno. Na lotação contínua, os animais têm acesso à mesma área de pastagem o tempo todo, sem rotação ou divisão do pasto. Eles podem comer livremente em qualquer parte da área, durante o período de pastejo. Como Funciona: ● Área única: Toda a pastagem é usada como um único campo onde os animais ficam o tempo todo. ● Acesso livre: Os animais escolhem onde querem comer, indo para as partes mais verdes e frescas. Exemplo: ● Se você tem um campo de 10 hectares, as vacas ficam lá o ano inteiro, sem mudar de área. Elas vão pastar onde quiserem, o que pode resultar em algumas partes da pastagem ficando mais usadas e outras menos. Vantagens da Lotação Contínua: ● Mais simples de gerenciar: Não precisa ficar mudando os animais de um lugar para outro. ● Menos cercas necessárias: Porque toda a área é usada de uma vez, então menos divisões são necessárias. Desvantagens: ● Superpastejo em algumas áreas: Os animais podem comer demais em certos locais, deixando outras partes da pastagem subutilizadas. ● Menor controle do crescimento do pasto: Algumas plantas podem não ter tempo suficiente para se regenerar. Lotação Rotacionada Na lotação rotacionada, a pastagem é dividida em várias áreas menores, chamadas de piquetes, e os animais são movidos de um piquete para outro em intervalos regulares. Isso permite que cada área tenha tempo de descansar e as plantas possam crescer novamente. Como Funciona: ● Divisão em piquetes: A pastagem é dividida em várias partes, e os animais pastam em uma parte de cada vez. ● Rotação regular: Depois de um período (dias ou semanas), os animais são movidos para outro piquete, enquanto o primeiro descansa e recupera a forragem. Exemplo: ● Se você tem 10 hectares, você divide essa área em 5 piquetes de 2 hectares cada. As vacas pastam no primeiro piquete por alguns dias, depois são movidas para o segundo, e assim por diante, permitindo que o pasto nos piquetes desocupados se recupere. Vantagens da Lotação Rotacionada: ● Melhor uso da pastagem: As plantas têm tempo para se regenerar, evitando o superpastejo. ● Melhor qualidade da forragem: Como as plantas têm tempo para crescer novamente, os animais recebem forragem mais fresca e nutritiva. ● Controle da saúde da pastagem: Ajuda a manter a pastagem saudável a longo prazo. Desvantagens: ● Mais trabalho: É necessário mover os animais regularmente e monitorar o crescimento do pasto. ● Mais cercas e infraestrutura: Dividir a pastagem em piquetes requer mais cercas e, às vezes, mais bebedouros ou cochos. Comparação Simples: ● Lotação Contínua: Os animais ficam na mesma área o tempo todo. É mais fácil de gerenciar, mas pode causar superpastejo em algumas partes da pastagem. ● Lotação Rotacionada: Os animais são movidos de uma área para outra, permitindo que a pastagem descanse e cresça novamente. Dá mais trabalho, mas mantém a pastagem mais saudável e produtiva. Resumo: ● A lotação contínua é mais simples, mas pode levar à degradação da pastagem. ● A lotação rotacionada exige mais manejo, mas ajuda a manter a qualidade do pasto e a sustentabilidade a longo prazo. Esses dois métodos podem ser usados de acordo com os objetivos do produtor e as condições das pastagens. Métodos de Conservação de Forragem A forragem pode ser conservada para uso durante períodos de escassez, como na estação seca. Alguns métodos de conservação incluem: Fenação: A desidratação das plantas para produzir feno, que é um volumoso seco. Ensilagem: A conservação de forragem em ambientes sem oxigênio (silos), o que resulta em silagem, um alimento úmido e altamente energético. ● Fenação (Produção de Feno) A fenagem é o processo de secar a forragem (gramíneas ou leguminosas) para transformá-la em feno, que pode ser armazenado por longos períodos e utilizado como alimento para os animais. Como Funciona: 1. Corte da forragem: A forragem (plantas como capim ou alfafa) é cortada quando está em boa fase de crescimento, geralmente antes de florescer. 2. Secagem: Após o corte, as plantas são deixadas no campo para secar ao sol. O objetivo é reduzir o teor de água da planta para cerca de 15%. 3. Armazenamento: Quando a forragem está seca o suficiente, ela é recolhida, empacotada em fardos e armazenada em locais protegidos da chuva e da umidade. Exemplo: ● Você corta capim em um dia ensolarado, deixa-o secar por alguns dias e depois o empacota como feno para alimentar os animais durante o inverno. Vantagens do Feno: ● Longa durabilidade: O feno pode ser armazenado por meses ou até anos se mantido em boas condições. ● Praticidade: Fácil de manusear e transportar. Desvantagens: ● Dependência do clima: Para produzir feno de qualidade, é necessário tempo seco e ensolarado. A chuva pode prejudicar o processo de secagem. ● Ensilagem (Produção de Silagem) A ensilagem é o processo de conservar a forragem em um ambiente sem oxigênio, promovendo a fermentação. Esse método cria silagem, um alimento úmido e nutritivo, ideal para ser usado em períodos de escassez de pastagem. Como Funciona: 1. Corte da forragem: A forragem (geralmente milho, sorgo ou capim) é cortada ainda verde, quando tem o máximo de nutrientes. 2. Armazenamento sem oxigênio: A forragem é colocada em um silo (que pode ser um buraco no chão, trincheira, ou silos de superfície), compactada para remover o ar, e fechada para que o processo de fermentação ocorra. 3. Fermentação: Na ausênciaRamoneio O ramoneio é o ato de consumo de partes específicas das plantas por animais, como folhas, ramos jovens, inflorescências e frutos, mas diferentemente do pastejo, ele se refere ao consumo de plantas não herbáceas. Ou seja, enquanto o pastejo está associado ao consumo de gramíneas e outras plantas rasteiras, o ramoneio está ligado ao consumo de arbustos e árvores, que muitas vezes possuem ramos mais elevados. Características do Ramoneio: ● Seleção de Partes Específicas: O animal, geralmente, procura as partes mais nutritivas ou tenras da planta, como brotos jovens e folhas mais novas. ● Ocorrência em Vegetações Nativas: O ramoneio é comum em ecossistemas com vegetação arbustiva ou arbórea, como nas regiões de caatinga ou cerrado, onde as gramíneas podem ser escassas. ● Animais que Praticam o Ramoneio: Animais como caprinos e ovinos são conhecidos por serem ramoneadores, especialmente em áreas onde o pasto é limitado, e recorrem a essas plantas como fonte de alimento. 2. Massa de Forragem A massa de forragem refere-se à quantidade total de forragem disponível em uma área específica em um dado momento. Ela é medida em termos de peso seco (kg ou toneladas) por unidade de área (hectare ou metro quadrado). A massa de forragem é fundamental para determinar a capacidade de suporte de uma pastagem e para o planejamento do manejo alimentar dos animais. Importância da Massa de Forragem: Indicador de Disponibilidade Alimentar: A massa de forragem disponível determina quanta forragem há para ser consumida pelos animais, auxiliando no cálculo da oferta de alimento. Manejo Sustentável: Um conhecimento adequado da massa de forragem ajuda a evitar o superpastejo, que pode levar à degradação do pasto, ou o subpastejo, que resulta em sobras de forragem não aproveitada. Cálculo do Pastejo: Com base na massa de forragem, pode-se calcular a quantidade de animais que podem ser colocados em uma área de pastagem, ajustando a lotação animal (número de animais por hectare) para evitar sobrecarga. Medição da Massa de Forragem: A massa de forragem é medida geralmente cortando e secando uma amostra representativa da pastagem, e depois pesando essa amostra para determinar o peso seco por unidade de área. Esse valor é extrapolado para toda a área da pastagem. 3. Unidade Animal (UA) A Unidade Animal (UA) é uma medida-padrão que corresponde a um animal adulto pesando aproximadamente 450 kg de peso vivo. Esse conceito é utilizado para facilitar o cálculo da capacidade de suporte de uma área de pastagem, ou seja, quantos animais uma determinada área pode sustentar sem causar degradação. Cálculo de Unidade Animal: A Unidade Animal foi estabelecida para padronizar o cálculo de lotação, pois diferentes espécies ou mesmo diferentes tamanhos de animais possuem demandas alimentares variadas. Por exemplo: Um animal menor, como um bezerro, pode ser equivalente a 0,5 UA. Um bovino de grande porte pode equivaler a 1,2 ou até 1,5 UA. Importância da UA no Manejo de Pastagens: Planejamento de Lotação: A UA permite que os produtores determinem quantos animais uma área pode suportar com base na massa de forragem disponível e na demanda de alimento dos animais. Ajuste da Carga Animal: Se a lotação exceder a capacidade de suporte da pastagem, pode ocorrer superpastejo, resultando em degradação do solo e da vegetação. Se a lotação for muito baixa, pode haver subutilização da forragem. Exemplo de Aplicação: Se uma área de pastagem tem uma massa de forragem suficiente para sustentar 1.000 kg de peso vivo por hectare, ela pode suportar 2,22 UA por hectare (1.000 kg ÷ 450 kg = 2,22 UA). Esse cálculo é ajustado conforme o tipo de pastagem, a qualidade da forragem e as necessidades nutricionais dos animais. lotação Animal A lotação animal é o número de animais que ocupam uma determinada área de pastagem durante um certo período de tempo. Ela é expressa como número de animais por hectare. Exemplo: ● Se você tem 10 vacas em uma área de 10 hectares, a lotação animal é de 1 vaca por hectare. A lotação animal deve ser ajustada para evitar o superpastejo (quando há muitos animais para pouca pastagem, o que degrada o solo e as plantas) ou o subpastejo (quando há poucos animais e a pastagem é subutilizada). Oferta de Forragem A oferta de forragem é a quantidade de forragem disponível para cada animal em uma determinada área. Ela é expressa como a relação entre a massa de forragem (kg) e o peso vivo total dos animais (kg) em uma área. Exemplo: ● Se você tem 500 kg de forragem disponíveis e 5 vacas de 500 kg cada (2.500 kg de peso vivo), a oferta de forragem será: Uma boa oferta de forragem significa que os animais têm alimento suficiente para suprir suas necessidades nutricionais sem danificar a pastagem. Pressão de Pastejo A pressão de pastejo é a relação entre o peso total dos animais (em kg) e a quantidade de forragem disponível (em kg) na área de pastagem. Ela reflete a intensidade com que os animais estão usando a pastagem. Exemplo: ● Se você tem 5 vacas de 500 kg cada (2.500 kg de peso vivo) em uma área com 1.000 kg de forragem disponível, a pressão de pastejo será: Pressão alta: Muitos animais para pouca forragem, o que pode levar ao superpastejo. Pressão baixa: Pocos animais para muita forragem, o que pode causar subutilização da pastagem. Resumindo: ● Lotação Animal: Número de animais por área (hectare). ● Oferta de Forragem: Quantidade de forragem disponível por peso vivo total dos animais. ● Pressão de Pastejo: Intensidade de uso da pastagem pelos animais, baseado no peso deles e na quantidade de forragem disponível. Superpastejo O superpastejo acontece quando há muitos animais em uma área pequena ou quando os animais ficam muito tempo na mesma pastagem. Isso faz com que as plantas sejam muito consumidas e não tenham tempo para se recuperar. Exemplo: Imagine que você tem uma área de pastagem que pode alimentar 5 vacas, mas você coloca 10 vacas nessa área. As vacas vão comer a pastagem muito rápido, e as plantas não terão tempo de crescer de novo. Com o tempo, a pastagem fica degradada e o solo pode até perder sua qualidade. Problemas do Superpastejo: ● As plantas ficam danificadas ou morrem. ● O solo pode ficar exposto, levando à erosão. ● A produção de forragem diminui, e os animais podem não ter alimento suficiente. Pastejo Ótimo O pastejo ótimo acontece quando há um equilíbrio perfeito entre o número de animais e a quantidade de pastagem disponível. Nesse caso, os animais comem o suficiente para que a pastagem se mantenha saudável e possa se regenerar adequadamente. Exemplo: Se uma área de pastagem pode alimentar 10 vacas e você coloca exatamente 10 vacas, isso seria um exemplo de pastejo ótimo. As vacas vão comer, e a pastagem terá tempo para crescer novamente, mantendo um ciclo saudável de alimentação e recuperação. Benefícios do Pastejo Ótimo: ● As plantas têm tempo para se recuperar e continuar crescendo. ● A pastagem se mantém produtiva e saudável. ● Os animais recebem forragem de boa qualidade. Subpastejo O subpastejo acontece quando há poucos animais em uma área muito grande, ou seja, há muita forragem disponível e ela não é totalmente utilizada pelos animais. Isso pode levar ao desperdício de pastagem. Exemplo: Se uma área pode alimentar 10 vacas, mas você coloca apenas 3 vacas, as plantas vão crescer demais e algumas podem até secar ou ficar velhas e menos nutritivas. As vacas não conseguem comer tudo, e parte da forragem é desperdiçada. Problemas do Subpastejo: ● A pastagem pode ficar subutilizada e menos eficiente. ● Algumas plantas podem ficar maduras demais e perder qualidade nutritiva. ● O crescimento descontrolado das plantas pode dificultar o pastejo. Resumindo com Exemplos: 1. Superpastejo: Colocar 10 vacas em uma área que só aguenta 5 vacas. O pasto será muito consumido, e as plantas não terão tempo de se recuperar. 2. Pastejo Ótimo: Colocar exatamente 10 vacas em uma área que pode alimentar 10 vacas. As plantas têm tempo para crescer, e os animaissempre têm o que comer. 3. Subpastejo: Colocar apenas 3 vacas em uma área que pode alimentar 10 vacas. Parte da forragem é desperdiçada, e as plantas podem crescer demais e perder qualidade. Esses três tipos de manejo influenciam diretamente a saúde da pastagem e o desempenho dos animais, por isso é importante sempre buscar o pastejo ótimo para garantir um sistema sustentável e produtivo.sempre têm o que comer. 3. Subpastejo: Colocar apenas 3 vacas em uma área que pode alimentar 10 vacas. Parte da forragem é desperdiçada, e as plantas podem crescer demais e perder qualidade. Esses três tipos de manejo influenciam diretamente a saúde da pastagem e o desempenho dos animais, por isso é importante sempre buscar o pastejo ótimo para garantir um sistema sustentável e produtivo.