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Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 1 MÓDULO VI REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS, REGRAS DE TRANSIÇÃO E FUNDOS CRIADOS Este é, sem dúvida alguma, o módulo mais difícil. Mas não desanime, pois, se chegou até aqui, possui o conhecimento necessário para entender para todo o conteúdo deste módulo. O tema Repartição de Receitas Tributárias, que já causava certa dificuldade pela quantidade de regras que precisam ser memorizadas, piorou, pois passaremos por um período de transição em que é necessário saber as regras dos tributos que caminham para a extinção e as dos novos tributos sobre o consumo. As regras de transição são um caso à parte do estudo da Reforma Tributária. Trata-se de um assunto extremamente complexo, mas que não pode ser negligenciado pela sua importância e extensão. Nesta parte do módulo VI, você saberá como e quando ocorrerá a substituição dos velhos tributos pelos novos, como se dará a migração da tributação na origem para o destino, conhecerá os mecanismos previstos para impedir que a carga tributária se eleve após a implementação da Reforma Tributária e saberá tudo sobre a importante figura denominada seguro-receita. Encerrando o módulo de uma forma mais leve, estudaremos os fundos criados para mitigar os efeitos negativos da Reforma Tributária, em especial aqueles que recairão sobre os entes que serão prejudicados com perda de arrecadação e de atratividade para manutenção e instalação de empresas. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 2 Questão 1 Com relação às parcelas de receita pertencentes aos Municípios provenientes do produto da arrecadação do Imposto sobre Bens e Serviços distribuída aos Estados, julgue os itens a seguir: I- 85% (oitenta e cinco por cento) serão creditadas na proporção da população. II- 10% (dez por cento) com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos, de acordo com o que dispuser lei estadual; III- 5% (cinco por cento) em montantes iguais para todos os Municípios do Estado. À luz da Constituição Federal, pode-se afirmar que: (A) apenas o item I está correto (B) apenas o item II está correto (C) apenas o item III está correto (D) os itens II e III estão corretos (E) todos os itens estão corretos Pertencem aos Municípios 25% do valor arrecadado de IBS distribuído aos Estados, regra idêntica à aplicável ao ICMS arrecadado pelos Estados, que também repartem 25% com os Municípios (art. 158, IV, da Constituição Federal). Entretanto, os critérios de repartição desses impostos são diferentes. 25% do IBS estadual serão repartidos com os Municípios levando-se em conta os seguintes critérios, nos termos do art. 158, § 2º, da Constituição Federal: “I - 80% (oitenta por cento) na proporção da população; II - 10% (dez por cento) com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos, de acordo com o que dispuser lei estadual; III - 5% (cinco por cento) com base em indicadores de preservação ambiental, de acordo com o que dispuser lei estadual; IV - 5% (cinco por cento) em montantes iguais para todos os Municípios do Estado.” Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 3 Perceba que o critério do valor adicionado, utilizado para a divisão de, no mínimo, 65% do ICMS destinado aos Municípios, não foi adotado para repartição do valor de IBS, pois esse critério pode gerar muitas distorções. Em que pese, regra geral, os municípios mais populosos sejam aqueles que realizam mais operações em seu território, há muitos casos em que municípios com baixa população, mas com empresas instaladas que realizam operações vultosas, recebem boa parte do ICMS repartido pelo Estado e, em tese, nem necessitam de tantos recursos para o seu adequado funcionamento. Assim, para o IBS, priorizou-se o critério populacional, pois quanto maior a população, de mais recursos o município necessita para a prestação de serviços. Outra diferença é que o percentual de ICMS repartido com base no valor adicionado é mínimo e o de acordo com o que dispuser lei estadual é máximo, enquanto, no caso do IBS, os percentuais são fixos. Com isso, a lei estadual que estabelece a repartição de até 35% do ICMS com os Municípios deve respeitar apenas o mínimo de 10% com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, possuindo liberdade quanto aos critérios utilizados para o percentual restante. Já no caso do IBS, a lei estadual obrigatoriamente vai utilizar como critério 10% com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos, e 5% com base em indicadores de preservação ambiental, não possuindo liberdade para definir outros critérios, como ocorre no caso da repartição do ICMS. À lei estadual que regular a repartição do IBS caberá basicamente definir quais serão os indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de preservação ambiental e o peso atribuído a cada indicador para o valor a ser recebido por cada Município. O texto da PEC 45/2019 aprovado pela Câmara dos Deputados continha exatamente a previsão dos itens dispostos na questão: 85% utilizando-se o critério populacional, 10% com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade e 5% igualmente para todos os Municípios do Estado. Porém, no Senado Federal, foi incluído um novo critério: indicadores de preservação ambiental. Foram retirados 5% do critério populacional para esse novo critério, como mais uma forma de expressão do princípio da defesa do meio ambiente. Assim, somente os itens II e III estão de acordo com o texto constitucional. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 4 Gabarito: letra D Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 5 Questão 2 Sobre a repartição das receitas tributárias, assinale a alternativa INCORRETA. (A) pertencem aos Municípios 50% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios e, em relação a veículos aquáticos e aéreos, cujos proprietários sejam domiciliados em seus territórios. (B) a União entregará 50% do produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, sobre produtos industrializados e sobre a produção, extração, comercialização e bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, dos quais 21,5% serão destinados ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, 25,5 % ao Fundo de Participação dos Municípios e 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro- Oeste. (C) pertencem aos Municípios 25% do produto da arrecadação do imposto sobre bens e serviços. (D) a União entregará 10% do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados e do imposto sobre a produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. (E) os Estados entregarão aos respectivos Municípios 25% do que receberem doproduto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados e do imposto sobre a produção, extração, comercialização de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, observados os mesmos critérios utilizados para repartição aos Municípios do produto da arrecadação do Imposto sobre Bens e Serviços distribuído aos Estados. Questões sobre repartição das receitas tributárias são muito comuns e as bancas vão, obviamente, explorar o conhecimento acerca das repartições dos tributos criados pela Reforma Tributária. Quem já sabia como era a repartição das receitas tributárias antes da Reforma Tributária não precisa se preocupar tanto, basta realizar as devidas adequações quanto aos tributos que surgiram para acertar as questões. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 6 Se antes da Reforma Tributária, os Municípios já ficavam com 50% do IPVA dos veículos automotores licenciados em seus territórios, basta adicionar os veículos aquáticos e aéreos, tomando-se o devido cuidado: o IPVA, nessas duas novas hipóteses, pertencerá ao Municípios cujos proprietários sejam domiciliados em seus territórios, não onde esses veículos sejam licenciados, regra que somente se aplica aos veículos terrestres (art. 158, III, da Constituição Federal). Até mesmo porque aeronaves são registradas na ANAC e embarcações, inscritas nas Capitanias dos Portos, sendo o termo “licenciamento” próprio de veículos terrestres, referente à autorização para o veículo circular em vias públicas, concedida pelo DETRAN de cada estado. Essa é a literalidade que você deve levar para a prova, mas, em questão que exija conhecimento da jurisprudência, o entendimento do candidato deve ser diferente, conforme será explicado a partir de agora. A Constituição Federal, em seu art. 155, III, apenas atribui competência aos Estados e ao Distrito Federal para instituir o imposto sobre propriedade de veículos automotores, mas não estabelece o critério que define o Estado competente para a cobrança do imposto. Mas deixou uma pista ao determinar, no art. 158, III, que 50% do produto da arrecadação do IPVA pertence aos Municípios nos quais os veículos automotores encontram-se licenciados. Nada mais dispondo a Constituição Federal sobre esse tema, teria a lei complementar a função de estabelecer normas gerais sobre o imposto, conforme determina seu art. 146, III. Mas, em que pese o IPVA exista em nosso ordenamento jurídico desde antes da Constituição de 1988, essa lei complementar ainda não foi editada. Diante da ausência de normais gerais sobre o IPVA, os Estados exercem a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, § 3º, da CF/88), e editam as leis necessárias à sua aplicação (art. 34, § 3º, do ADCT). Como consequência, os Estados legislam sobre o critério espacial para definição de incidência do IPVA de forma a maximizar sua arrecadação, alguns elegendo o local de licenciamento do veículo, independentemente do domicílio ou sede do proprietário, e outros, o domicílio ou sede do detentor do bem, a despeito do local em que ocorreu seu licenciamento, ocasionando a chamada “guerra fiscal”. Se o proprietário de um veículo automotor o licencia em determinado Estado, mas tem domicílio em outro, qual é o Estado competente para cobrança do imposto? Essa pergunta foi respondida pelo STF, no RE 1016605 / MG. O caso levado à Suprema Corte tratava-se de uma empresa proprietária de veículo sediada em Uberlândia/MG que o licenciou no Estado de Goiás e não recolheu o IPVA ao Estado de Minas Gerais, que realizou a cobrança. Na ocasião, fixou-se a seguinte tese para fins de repercussão geral (Tema 708): “A Constituição Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 7 autoriza a cobrança do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) somente pelo Estado em que o contribuinte mantém sua sede ou domicílio tributário.” Como decorrência lógica dessa decisão, 50% desse IPVA terrestre pertencerá ao Município em que o contribuinte mantém sua sede ou domicílio tributário, que não necessariamente coincidirá com o Município em que ocorreu o licenciamento do veículo, critério este que não tem preponderância sobre o domicílio do proprietário. E, como essa regra também foi escolhida pela Reforma Tributária para o IPVA aquático e aéreo, não importa qual seja o tipo de veículo, 50% do IPVA pertencerá ao Município em que domiciliado o proprietário. O critério do domicílio do proprietário para repartição do IPVA aquático e aéreo provavelmente causará um conflito entre os Municípios, pois quem possui embarcação e, principalmente, aeronave sujeitas ao IPVA normalmente possui mais de um domicílio, mas encontra- se em sintonia com o entendimento do Supremo. Logo, alternativa A: correta. A União entrega, atualmente, 50% do IR + IPI ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (21,5%), ao Fundo de Participação dos Municípios (25,5%) e para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (3%), conforme art. 159, I, da Constituição Federal. O IR manteve-se intacto, mas a Reforma Tributária promoveu as seguintes alterações que gravitam em torno do IPI: o imposto continuará existindo, porém será cobrado somente de fabricantes de produtos produzidos na Zona Franca de Manaus que estejam estabelecidos fora dessa região, e o setor produtivo “ganhou” o imposto seletivo, que não terá a abrangência do IPI, que incide sobre os produtos industrializados em geral, restringindo-se a bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 8 Portanto, a adaptação que deve ser realizada é, no lugar do IPI “Raiz” (anterior à Reforma Tributária), deve ser acrescentado o IPI “Nutella”, que terá alíquotas reduzidas a zero a partir de 2027 (exceto em relação aos produtos que tenham industrialização incentivada na Zona Franca de Manaus), e o Imposto Seletivo, que, apesar de suas prometidas alíquotas elevadas, possui incidência limitada. E agora teremos a União entregando 50% do IR + IPI + IS para aos mesmos Fundos e em idêntico percentual. Sabe-se que 10% do que é arrecadado com o IPI “Raiz” são repartidos com os Estados e DF, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados, para compensar a imunidade nas operações de exportação de ICMS. Como também se previu a imunidade do IBS nas operações de exportação, seguindo o mesmo raciocínio, deduz-se que 10% do IPI “Nutella” mais o Imposto Seletivo (IPI + IS) serão entregues pela União aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados (art. 159, II, da CF/88). Cabe destacar que se mantém a regra, agora devidamente adaptada, de que a nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a 20% do valor repartido pela União com os Estados acima (10% de IPI + IS), devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido (proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados), conforme previsão do art. 159, § 2º, da CF/88. Como, muito provavelmente, o somatório IPI “Nutella” + IS não irá superar o valor arrecadado pelo IPI “Raiz” e a ideia da Reforma Tributária é manter o nível de arrecadação dos entes, a EC 132/23 previu, em seu art. 7º, que, a partir de 2027, a União compensará eventual redução no montante dos valores entregues nesses dois casos (50% de IR+ IPI + IS aos Fundos e 10% de IPI + IS aos Estados) em razão da substituição da arrecadação do IPI pela arrecadação do Imposto Seletivo, nos termos de lei complementar. Portanto, letras B e D corretas. Os Municípios recebem 25% da arrecadação de ICMS. Natural, pois, que a eles também pertençam 25% do produto da arrecadação do IBS distribuído aos Estados (IBS estadual) pelo CG- IBS, conforme art. 158, IV, “b”, da CF/88. Logo, o Município contará com o IBS Municipal (“equivalente” ao ISS) e 25% do IBS estadual (“equivalente” ao ICMS). Desta forma, a letra C também se encontra correta. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 9 Finalmente analisaremos a alternativa E, nosso gabarito. Se os Estados entregam aos respectivos Municípios 25% do que recebem do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, deve-se também acrescentar a esse cálculo o valor arrecadado com o imposto seletivo (25% de 10% de IPI + IS pertencem aos Municípios). O problema da alternativa é encontrado em sua parte final, nos critérios de repartição aos Municípios, que, diferentemente do que vimos nas demais alternativas, trata-se de uma verdadeira novidade. Conforme o § 3º do art. 159, os critérios para repartição desses 25% aos Municípios dependerão do imposto a ser repartido. A parcela relativa ao IPI observará os mesmos critérios estabelecidos para a repartição do ICMS, ao passo que parcela relativa ao IS deve obedecer aos mesmos critérios de repartição do IBS. Essa associação do IPI com o ICMS já existia, o que temos de novo é essa relação do IS com o IBS. Ou seja, do que é arrecadado de imposto velho (IPI) obedece- se a regras de repartição de imposto velho (ICMS), já o imposto novo (IS) segue as regras de imposto novo (IBS). Em outras palavras, 25% dos 10% dos Estados (2,5 %) referentes a IP serão repartidos aos Municípios conforme os seguintes critérios: 1 - 65%, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios; e 2- até 35%, de acordo com o que dispuser lei estadual, observada, obrigatoriamente, a distribuição de, no mínimo, 10 (dez) pontos percentuais com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos. E os 25% dos 10% dos Estados (2,5 %) referentes a IS serão creditados Municípios de acordo com os seguintes critérios: 1 - 80% na proporção da população; 2 - 10% com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos, de acordo com o que dispuser lei estadual; 3 - 5% com base em indicadores de preservação ambiental, de acordo com o que dispuser lei estadual; 4 - 5% em montantes iguais para todos os Municípios do Estado. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 10 O erro da alternativa E está em afirmar que tanto o que o Estado recebe da União a título de arrecadação de IPI quanto de IS seguirão os mesmos critérios de repartição aos Municípios do produto da arrecadação do Imposto sobre Bens e Serviços distribuído aos Estados. Gabarito: letra E Questão 3 A Constituição Federal dispõe sobre regras de transição para implementação da Reforma Tributária. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA: (A) o IBS e a CBS serão cobrados a partir de 2026, porém o contribuinte poderá compensar o montante recolhido com os valores devidos de PIS/COFINS. (B) todo o valor arrecadado de IBS em 2026 será aplicado no financiamento do Comitê Gestor do Imposto e, em caso de sobra de recursos, irá compor o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais do ICMS. (C) a CBS será cobrada integralmente a partir de 2027. (D) o Imposto Seletivo será cobrado a partir de 2027. (E) o IPI será extinto em 2027. O tema mais difícil, para não dizer chato, na Reforma Tributária, é “regras de transição”. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 11 O IBS e a CBS serão cobrados a partir de 2026. O IBS nesse ano será cobrado apenas pela alíquota estadual, de 0,1%. E a CBS será cobrada à alíquota de 0,9% (art. 125, caput, do ADCT). Trata-se de um ano de teste, em que o contribuinte não sofrerá o encargo tributário desses novos tributos, pois poderá compensar esse 1% de IBS mais CBS com valores devidos de PIS/COFINS (art. 125, § 1º, do ADCT). A lei complementar pode ainda dispensar desse recolhimento teste os sujeitos passivos que cumprirem as obrigações acessórias relativas aos tributos (art. 125, § 4º, do ADCT). Isso porque o objetivo principal é obter as informações necessárias à fixação das alíquotas de referência, o que é possível a partir das declarações enviadas. Caso a lei complementar não dispense aqueles que cumprirem com as obrigações acessórias do recolhimento desses tributos e o contribuinte não possua débitos suficientes de PIS/COFINS para efetuar a compensação, o valor recolhido poderá ser compensado com qualquer outro tributo federal ou ser ressarcido em até 60 dias, mediante requerimento (art. 125, § 2º, do ADCT). À primeira vista, pode parecer estranho abater valor recolhido de IBS com PIS/COFINS. Porém esse valor será utilizado para o financiamento do Comitê Gestor do Imposto e, em caso de sobra (dificilmente), para compor o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro- Fiscais do ICMS (art. 125, § 3º, do ADCT). E, futuramente, a União será ressarcida pelo Comitê Gestor do IBS por esses custos despesas necessárias para sua instalação, conforme art. 14 da EC 132/23. A partir de 2027, haverá a cobrança integral da CBS e do IS (este sem passar por período de transição) e a extinção da contribuição para o PIS e a COFINS (art. 126, I e II, do ADCT). Já o IPI não será extinto, ele terá suas alíquotas reduzidas a zero, exceto em relação aos produtos que tenham industrialização incentivada na Zona Franca de Manaus, conforme critérios estabelecidos em lei complementar (art. 126, III, do ADCT). Repare que o período de teste da CBS será de apenas um ano (2026) e o IS iniciará sua cobrança de forma imediata e integral, em 2027, juntamente com a “desidratação” do IPI. A única alternativa incorreta é a E, já que o IPI, como vimos, não será extinto. Ele continuará incidindo sobre os produtos que tenham industrialização incentivada na Zona Franca de Manaus (produzidos fora dessa Zona) e também terá incidência sobre os demais produtos industrializados (aqueles cuja industrialização não seja incentivada na Zona Franca de Manaus), porém, como a alíquota será reduzida a zero, o imposto não será devido, pois, obviamente, alíquota zero multiplicada por qualquer base de cálculo não gera débito de imposto ao contribuinte. Gabarito: letra E Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 12 Questão 4 Acerca das regras de transição da Reforma Tributária promovida pela Emenda Constitucional nº 132/23, marque a alternativa INCORRETA: (A) em 2027 e 2028, o IBS, que em 2026 será cobrado apenas à alíquota estadual, será cobrado também à alíquota municipal, sendo esse valor compensado pela redução da alíquota da CBS. (B) Resolução do Senado Federal fixará, para cada ente federativo, as alíquotas de referência do IBS e da CBS, observados a forma de cálculo e os limites previstos em lei complementar. (C) a partir de 2029, haverá uma redução gradativa das alíquotas de ICMS e ISS,acompanhada do início da cobrança efetiva do IBS. (D) tanto o ISS quanto o ICMS serão extintos partir de 2033. (E) as alíquotas de referência serão fixadas no ano anterior ao de sua vigência, com base em cálculo realizado pelo Tribunal de Contas da União, e sujeitam-se apenas à anterioridade anual. Diferentemente da CBS, que terá apenas um ano de teste (2026), por se tratar de um tributo que envolve apenas a União, o IBS passará por três anos de teste: 2026, com a alíquota estadual de 0,1%, 2027 e 2028, aplicando-se a alíquota estadual de 0,05% e a municipal com os mesmos 0,05% (at. 127, caput, do ADCT). Em 2026, como ainda existirá PIS/COFINS, o 0,1% cobrado de IBS será compensado com valores devidos desses tributos. Em 2027, iniciada a cobrança da CBS, o 0,1% cobrado de IBS (0,05% estadual + 0,05% municipal) será compensado pela redução de 0,1% da nova contribuição (at. 127, parágrafo único, do ADCT). Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 13 Em 2029, inicia-se a cobrança efetiva do IBS. Concomitantemente, inicia-se uma redução gradativa das alíquotas de ICMS e ISS (ar. 128, caput, do ADCT), que serão fixadas, nesse ano, em 9/10 das alíquotas previstas nas respectivas legislações (redução de 10%). Essa redução será constante até 2032. Ou seja, em 2030, teremos uma redução de 20%, em 2031, 30% e, em 2032, 40% (6/10 das alíquotas previstas). Por exemplo, se a alíquota-regra do ICMS no Estado do Rio de Janeiro, em 2028, estiver fixada em 20%, e a de ISS, no Município do Rio de Janeiro, estiver em 5%, teremos alíquotas de ICMS e ISS, em 2029, de 18% e 4,5%, e, em 2032, de 12% e 3%, respectivamente (caso não alteradas nesse período). Em 2033, finalmente, ICMS e ISS estão extintos (art. 129 do ADCT). E o que fazer com os créditos não apropriados ou não utilizados dos tributos que serão extintos? O art. 135 do ADCT dispõe que lei complementar disciplinará a forma de utilização desses créditos, inclusive presumidos, de IPI e PIS/COFINS. Já vimos que o IPI não será extinto e, embora um pouco esquisita a redação desse dispositivo, entende-se que terá aplicação nos casos em que o contribuinte produza bens que não concorram com a Zona Franca de Manaus e, nesse caso, por ter Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 14 suas alíquotas reduzidas a zero, terá que utilizar seus eventuais créditos. Poderão os contribuintes realizar a compensação desses valores com outros tributos federais, inclusive com CBS, ou o ressarcimento em dinheiro. O art. 134 disciplina os saldos credores de ICMS existentes ao final de 2032. Para utilização dos créditos, o contribuinte deve apresentar pedido de homologação e o ente federativo deverá se pronunciar no prazo estabelecido na lei complementar. Na ausência de resposta ao pedido de homologação no prazo estabelecido pela lei complementar, os respectivos saldos credores serão considerados homologados (homologação tácita). O saldo dos créditos homologados, tática ou expressamente, será informado pelos Estados e pelo Distrito Federal ao CG-IBS para que seja compensado com o IBS. O prazo para compensação dos valores de ICMS dependerá da classificação do bem. Relativamente aos créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao ativo permanente, a compensação ocorrerá pelo prazo remanescente (o que restar para completar 48 meses). Nos demais casos, em 240 parcelas mensais, iguais e sucessivas. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 15 A transição do ICMS e ISS para o IBS acontecerá em 7 anos, sendo 3 de arrecadação-teste (2026 a 2028) e 4 de cobrança parcial dos tributos extintos e novos, com redução gradual das alíquotas de ICMS e ISS e o consequente aumento das alíquotas do IBS ao longo dos anos (2029 a 2032). O objetivo não é aumentar ou diminuir a arrecadação dos entes com os novos tributos, mas sim garantir que ela seja equivalente à redução da receita dos tributos a serem extintos. Conforme previsão do art. 130, I a III do ADC, a responsabilidade dessa manutenção do nível arrecadação é do Senado Federal, que fixará, mediante Resolução, para todas as esferas federativas, as alíquotas de referência do IBS e da CBS, de forma a assegurar que: 1- entre 2027 e 2033, as receitas da CBS e do IS sejam equivalentes aos valores que eram arrecadados de PIS/COFINS, às perdas decorrentes da “desidratação” IPI e da receita de IOF sobre operações de seguros; 2- entre 2029 e 2033, a receita dos Municípios e do Distrito Federal com o IBS Municipal seja equivalente à redução da receita de ISS; 3- entre 2029 e 2033, a receita dos Estados e do Distrito Federal com o IBS Estadual seja equivalente à redução da receita de ICMS e das receitas destinadas a fundos estaduais financiados por contribuições estabelecidas como condição à aplicação de diferimento, regime especial ou outro tratamento diferenciado, relativos ao ICMS, em funcionamento em 30 de abril de 2023 (excetuadas as receitas dos fundos destinados a investimentos em obras de infraestrutura e habitação e financiados por contribuições sobre produtos primários e semielaborados estabelecidas como condição à aplicação de diferimento, regime especial ou outro tratamento diferenciado, relativos ao ICMS, já que, para compensar a perda desses valores, poderão os Estados instituir Contribuição sobre Produtos Primários e Semielaborados, estudada nas questões 17 a 19 do Módulo II). Assim, teremos uma alíquota de referência por esfera federativa. Ou seja, uma para a União, uma para todos os Estados e outra para todos os Municípios. A alíquota do Distrito Federal será o somatório da alíquota Estadual com a Municipal. Não se trata, portanto, de uma alíquota de referência fixada para cada ente federativo (uma para o RJ, outra para SP etc.), como afirmado na alternativa B, nosso gabarito. Como vimos, Resolução do Senado Federal fixará as alíquotas de referência, mas o TCU que ficará encarregado pelos cálculos. E, para que esses cálculos sejam mais precisos, é importante Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 16 analisar praticamente todo o ano anterior. Por esse motivo não se previu o respeito à anterioridade nonagesimal para a fixação das alíquotas de referência, pois haveria a desconsideração de dados dos últimos 3 meses do ano em seus cálculos (art. 130, § 1º, do ADCT). Gabarito: letra B Questão 5 A Constituição Federal dispõe sobre regras de transição para implementação da Reforma Tributária. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA: (A) em 2033, ano de extinção do ISS e ICMS, a retenção do IBS para ser distribuído entre os Estados, o Distrito Federal e os Município, proporcionalmente à receita média de cada ente federativo, será em percentual superior à retenção ocorrida no período em que esses impostos irão conviver no Sistema Tributário Nacional (2029 a 2032). (B) a partir de 2033, o percentual retido para ser distribuído entre os Estados, o Distrito Federal e os Município, proporcionalmente à receita média de cada ente federativo, será reduzido gradativamente até ser finalizada a transição da tributação da origem para o destino, em 2077. (C) a CBS, em 2027, substituirá as Contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS. (D) os recursos provenientes do produto da arrecadação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios com o IBS poderão ser vinculados para prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita,para pagamento de débitos com a União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia. (E) durante a transição da tributação da origem para o destino, em relação ao IBS, é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios fixar alíquotas próprias do imposto inferiores às necessárias para garantir a retenção dos valores a serem distribuídos entre os Estados, o Distrito Federal e os Município, proporcionalmente à receita média de cada ente federativo, e a retenção para o Seguro-Receita. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 17 A resposta dessa questão é uma pegadinha relativamente fácil, mas que pegará muitos candidatos desatentos ou com pressa nas provas. Comentaremos ao final. Antes, vamos analisar os demais aspectos dessa questão, que envolvem conhecimentos relevantes para se entender como se dará a transição da tributação sobre o consumo da origem para o destino. Obviamente, só faz sentido abordar a transição da origem para o destino em relação ao IBS, já que a CBS é de competência exclusiva da União. Passado o período de teste do IBS (2026 a 2028), o valor total arrecadado de IBS sofrerá duas retenções. A primeira é delas é para separar um montante a ser distribuído aos entes de acordo com a receita média. Essa retenção inicia-se, em 2029, com 80% produto da arrecadação do imposto de cada Estado, do Distrito Federal e de cada Município apurada com base nas alíquotas de referência, e mantém-se nesse patamar até 2032 (art. 131, § 1º, I, do ADCT). Após essa primeira retenção, haverá uma segunda retenção, desta vez para o Seguro- Receita. Do IBS total apurado com base nas alíquotas de referência (não do IBS arrecadado, apurado com base nas alíquotas fixadas pelos entes), deduz-se a primeira retenção e aplica-se a alíquota de 5% (art. 132, caput, do ADCT). Em síntese, do valor total arrecadado de IBS, devem ser realizadas duas retenções: uma para ser distribuído aos entes de acordo com a receita média e outra para o compor o Seguro-Receita. O que sobrar, após essas deduções, será destinado aos entes de acordo com o destino da operação, conforme definido em lei complementar (art. 131, § 4º, do ADCT). Em 2033, o valor retido aumentará para 90%, pois nesse momento não mais existirão ISS e ICMS (apurados na origem), justificando-se a necessidade de um percentual maior de retenção a ser distribuído de acordo com a receita média. Vejamos o exemplo abaixo: Período: janeiro de 2033 Valor pago pelos contribuintes ao Comitê Gestor do IBS (apurado com base nas alíquotas fixadas pelos entes): 100 bilhões Valor apurado de IBS com base nas alíquotas de referência fixadas pelo Senado Federal: 96 bilhões 1ª retenção - Valor retido para ser distribuído proporcionalmente à receita média de cada ente federativo: 90% de 96 bilhões = 86,4 bilhões. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 18 2ª retenção - Seguro-receita: 5% (valor apurado de IBS com base nas alíquotas de referência – retenção 1): 5% x (96 – 86,4) = 480 milhões Valor a ser distribuído de acordo com o destino da operação: Valor pago pelos contribuintes – retenção 1 (valor distribuído proporcionalmente à receita média) – retenção 2 (valor do seguro- receita) = 100 – 86,4 – 0,48 = 13,12 bilhões Em resumo, os 100 bilhões recebidos pelo Comitê Gestor do IBS terão a seguinte destinação: - 86,4 bilhões: distribuído proporcionalmente à receita média de cada ente federativo; - 13,12 bilhões: distribuído de acordo com o destino da operação; e - 480 milhões: seguro-receita. Em 2034, a retenção será reduzida 1/45 avos (menos 2%), ou seja, será de 88%. Como consequência, teremos mais valores a serem distribuídos de acordo com o destino da operação. Essa redução de 2% do valor retido ocorrerá anualmente (131, § 1º, III, do ADCT), até 2077, ano em que o valor retido a ser distribuído proporcionalmente à receita média de cada ente federativo será de apenas 4% (não 2%, como a lógica nos faz supor). E, finalmente, em 2078, não haverá mais essa retenção e o valor arrecadado pelo Comitê Gestor do IBS será distribuído de acordo com o destino da operação, restando finalizada a transição da origem para o destino (apenas haverá a retenção do seguro-receita, que se desaparecerá somente ao final de 2097, conforme art.132, §3º do ADCT). Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 19 Mas como se chegar ao valor da “receita média”? O montante retido, de acordo com o texto da PEC aprovado inicialmente Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, continha a seguinte previsão: “será distribuído entre os Estados, o Distrito Federal e os Municípios proporcionalmente à receita média de cada ente federativo entre 2024 e 2028”. Advinha o que os Estados fizeram! Aumentaram sua alíquota de ICMS para garantir uma maior arrecadação no futuro (o RJ aumentou de 18 para 20%). Assim, no retorno do texto à Câmara dos Deputados, o período a ser considerado no cálculo da receita média foi retirado e os parâmetros para apuração da receita média serão definidos em lei complementar, devendo, porém, ser considerados, em relação ao Estado, a arrecadação do ICMS (após a entrega de 25% aos Municípios) e os valores do Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais do ICMS, e, quanto aos Municípios, a arrecadação de ISS e o valor repartido de ICMS (art. 131, § 2º, do ADCT). No caso do Distrito Federal, será, obviamente, considerada a arrecadação de ICMS mais a de ISS. Observe que os parâmetros pré-estabelecidos pela Constituição Federal são todos bem lógicos, exceto a consideração do Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais do ICMS, que causará uma maior receita média aos Estados que receberão recursos desse Fundo. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 20 Quanto à alíquota de referência, é importante entender que não se trata de uma alíquota mínima ou máxima a ser fixada pelos entes, mas que os entes devem fixar uma alíquota tal que seja possível realizar as retenções devidas (art. 131, § 6º, do ADCT), pois o valor retido para ser distribuído proporcionalmente à receita média de cada ente federativo e o seguro-receita são calculados utilizando-se a alíquota de referência. Não podem, portanto, os entes fixarem alíquotas muito inferiores à de referência, pois assim não haveria recursos suficientes para serem retidos, especialmente no início da transição da origem para o destino. Por exemplo: em 2033, haverá uma retenção de 90% do IBS calculado com base nas alíquotas de referência (art. 131, § 1º, II, do ADCT). Se o IBS calculado, em determinado período, com base na alíquota de referência for de 100 bilhões, deverá haver uma retenção de 90 bilhões. Nesse caso, o IBS arrecadado (com base nas alíquotas fixadas pelos entes) deve ser de superior a 90 bilhões, o que impõe a fixação de alíquotas não muito distantes da de referência. Lembrando que, da diferença entre o IBS apurado com base na alíquota de referência e a retenção citada, haverá uma segunda retenção, destinada ao seguro-receita (art.132 do ADCT). Logicamente, com o passar dos anos, isso terá menos relevância, já que haverá cada vez menos retenção de IBS para ser distribuído de acordo com a receita dos entes anteriormente à Reforma Tributária, com o objetivo de sobrarem mais recursos a serem distribuídos de acordo com o destino. Sabe-se que é vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa (princípio da não - vinculaçãoda receita de impostos), mas que a vinculação desses recursos para prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita e para pagamento de débitos com a União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia é permitida, tratando-se de exceções a esse princípio (art. 167, IV). A mesma regra deve ser aplicada à receita do IBS, o que apenas foi ratificado pelo art. 131, § 5º, III, do ADCT. Por fim, vimos que a CBS, em 2027, substituirá as Contribuições para o PIS e a COFINS. Não há dispositivo da EC 132/23 extinguindo a Contribuição para o PASEP; pelo contrário, o art.20 dispõe que, até que lei disponha sobre a matéria, a contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, permanecerá sendo cobrada na forma dos dispositivos legais a ele referentes em vigor na data de publicação da Emenda Constitucional. Gabarito: letra C Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 21 Questão 6 Sobre o Seguro-Receita, Fundo delineado no art. 132 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), instituído para compensar os entes que mais perderão recursos, proporcionalmente à sua arrecadação proveniente de impostos sobre o consumo, em virtude da mudança da tributação da origem para o destino, julgue os itens a seguir: I- Do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios apurado com base nas alíquotas de referência, deduzido o montante retido para ser distribuído entre os Estados, o Distrito Federal e os Municípios proporcionalmente à receita média de cada ente federativo, será retido o montante correspondente a 5% para distribuição aos entes com as maiores razões entre o valor de IBS efetivamente recebido pelos entes e a respectiva receita média. II- O percentual de retenção, para distribuição aos entes considerados maiores perdedores de arrecadação, será fixo até 2097, quando finalmente estará concluída a Reforma Tributária. III- Todos os entes que tiverem perda de arrecadação deverão receber recursos do Fundo. À luz da Constituição Federal, pode-se afirmar que: (A) apenas o item I está correto (B) apenas o item II está correto (C) apenas o item III está correto (D) os itens I e II estão corretos (E) todos os itens estão errados Este assunto está longe de ser tranquilo, principalmente para quem tem dificuldade com exatas. Espero que entenda com os exemplos que darei, mas, se ainda assim, restar qualquer dúvida, não hesite em me perguntar. Com a mudança da tributação sobre o consumo da origem para o destino estabelecida pela Reforma Tributária, alguns entes serão beneficiados, outros, prejudicados, principalmente aqueles que mais produzem do que consomem, a exemplo dos Estados e Municípios localizados na região Centro-Oeste do país. Além da transição lenta da origem para o destino, que irá durar até 2077, previu-se um outro mecanismo para minimizar os impactos da Reforma Tributária: o seguro-receita, fundo composto por 5% da diferença entre o IBS apurado com base nas alíquotas de referência e o valor retido para ser distribuído proporcionalmente à receita média de cada ente federativo (art. 132, caput), com o Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 22 objetivo de compensar os entes que sofrerão maiores perdas de arrecadação com a substituição do ICMS e ISS pelo IBS. Esse percentual será fixo até 2077, porém, a partir de 2078, será reduzido gradativamente até sua extinção (art. 132, § 3º), pois, como de 2078 a 2097 não haverá mais esse valor retido, por ser toda a arrecadação distribuída de acordo com o destino, não seria razoável a manutenção desse percentual A transição da origem para o destino se encerrará, se não for promulgada outra emenda constitucional no futuro, em 2077, mas o seguro-receita irá perdurar por mais 20 anos, até 2097. Essa foi mais uma solução encontrada para convencer os parlamentares a aprovarem a Reforma Tributária, sob o argumento de que, completada a transição da origem para o destino, teriam ainda mais um bom tempo para avaliar de forma mais precisa quais os entes realmente prejudicados com essa mudança, com a possibilidade de compensá-los. A lógica para saber quais os entes devem ser compensados é relativamente simples: verifica- se o valor efetivamente recebido pelo ente a título do IBS e divide pela receita média recebida de ICMS e/ou ISS (art. 132, caput, I e II). Por exemplo: se o Município do Rio de Janeiro receber, em determinado período, 8 bilhões de IBS, mas sua receita média de ISS + repartição de ICMS for de 10 bilhões, significa uma perda de 2 bilhões de arrecadação e uma razão de 0,8 (8/10). Se o Município de São Paulo receber, nesse mesmo período, 18 bilhões de IBS, mas sua receita média de ISS + repartição de ICMS for de 20 bilhões, terá a mesma perda de 2 bilhões de arrecadação que teve o Rio de Janeiro, mas, proporcionalmente, uma perda menor, com uma razão maior, de 0,9 (18/20). Apesar da perda de arrecadação, nominalmente, ser a mesma, o Rio de Janeiro tem uma razão menor, por ter uma perda, proporcionalmente à sua arrecadação, maior que o Município de São Paulo, e, por isso, estará à frente na fila de recebimento de recursos do Fundo. Porém, o Fundo, não necessariamente, terá recursos suficientes para compensar todos os entes prejudicados. Os recursos serão distribuídos na ordem dos entes de menor razão para maior razão, de forma que, para todos os entes que receberem recursos, seja observada a mesma a razão entre o somatório do valor recebido pelo ente a título do IBS e do Fundo e receita média. (art. 132, § 1º, I e II). No nosso exemplo, se houver recursos disponíveis no Fundo para compensar as perdas dos Municípios do Rio de Janeiro e São Paulo, deverá ser efetuado um cálculo que iguale não só razão de ambos, após o recebimento dos recursos do Fundo, mas de todos os entes compensados. Por exemplo, Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 23 se o Rio de Janeiro receber 1,5 bilhões, sua razão passará a ser 0,95 (8 + 1,5/10). Como a razão de São Paulo também deve ser de 0,95, deverá receber 1bilhão (18 +1/20). Após a explicação do tema, vamos apontar o erro de cada item: I- O erro deste item está em afirmar que o seguro-receita será para distribuição aos entes com as maiores razões entre o valor de IBS efetivamente recebido pelos entes e a respectiva receita média, pois vimos que o correto seria a distribuição aos entes com menores razões, que são aqueles com maiores perdas proporcionais de arrecadação. II- Vimos que o percentual de 5% será fixo somente até finalização da transição da origem para o destino (2077). De 2078 a 2097, esse percentual será reduzido gradativamente, até sua extinção juntamente com o fim do seguro-receita. Item errado. III- Não necessariamente todos os entes prejudicados serão compensados pelo seguro- receita. Isso só será possível se o Fundo tiver recursos suficientes. Essa conclusão é tirada do trecho destacado do § 1º do art. 132, abaixo: § 1º Os recursos serão distribuídos, sequencial e sucessivamente, aos entes com as menores razões de que trata o caput, de maneira que, ao final da distribuição, para todos os entes que receberem recursos, seja observada a mesma a razão entre: I - a soma do valor apurado nos termos do inciso I do caput com o valor recebido nos termos deste artigo; e II - a receita média apurada na forma do inciso II do caput.” Logo, item também errado. Gabarito: letra E Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA MóduloVI – Repartição, Transição e Fundos 24 Questão 7 A Reforma Tributária prevê mecanismos que objetivam assegurar que os contribuintes não sofram com uma maior carga tributária em decorrência da instituição dos novos tributos. Em linhas gerais, a ideia do legislador constituinte é comparar, em determinados momentos, o valor arrecadado com os novos tributos com o que era arrecadado com os tributos extintos. E, em caso de aumento de arrecadação (proporcionalmente ao PIB), haverá redução das alíquotas de referência, como uma espécie de trava à arrecadação. A Constituição Federal define conceitos necessários à avaliação da necessidade dessa redução das alíquotas de referência. Marque a alternativa que NÃO corresponde a um conceito definido pelo texto constitucional, por não se tratar um parâmetro a ser considerado no momento de se analisar se a alíquota de referência da União e/ou dos entes subnacionais deverá ser reduzida ou não. (A) Teto de Referência da União (B) Teto de Referência dos Entes Subnacionais (C) Teto de Referência Total (D) Receita-Base da União (E) Receita-Base dos Entes Subnacionais Mais um assunto bem difícil. Porém, não o despreze, pois, se cair na sua prova, você terá condições de responder sem medo e seu ponto será valioso. Como dito no enunciado, o Governo adotará mecanismos com vistas à manutenção da arrecadação. Assim, haverá, grosso modo, em momentos definidos no texto constitucional, a comparação da receita média dos valores arrecadados pelos tributos extintos com a receita-base dos novos tributos. Em resumo, na hipótese de a receita-base (tributos novos) superar a média de receita (tributos extintos), a alíquota de referência é reduzida. Isso poderá acontecer em dois momentos, conforme veremos. No caso da União, temos o chamado “Teto de Referência da União”, que é a média da receita de 2012 a 2021 (10 anos) do IPI, PIS/COFINS e IOF-Seguros (art. 130, § 3º, I, do ADCT), e a Receita-Base da União, que é composta pela CBS e pelo IS (art. 130, § 3º, III, do ADCT). Se a média da Receita-Base da União em 2027 e 2028 exceder o Teto de Referência da União, a alíquota de referência da CBS será reduzida em 2030 (art. 130, § 4º). Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 25 Cabe ressaltar que essa comparação entre o Teto de Referência e a Receita-base não é realizada com base em valores nominais, pois eles são apurados como proporção do PIB, para que seja possível comparar arrecadações em períodos distintos. Por exemplo, se a receita média da União (IPI + PIS/COFINS + IOF-Seguros), de 2012 a 2021, correspondeu a 10% do PIB e se a média da Receita- Base da União (CBS +IS), em 2027 e 2028, corresponder a 11% do PIB, em 2030, a alíquota de referência da União será reduzida de forma que a Receita-Base seja igual ao respectivo Teto de Referência (art. 130, § 6º, I, do ADCT), ou seja, que reduza a alíquota da CBS (IS não tem alíquota de referência) de forma que a arrecadação de CBS mais IS corresponda a 10% do PIB. No caso dos Entes Subnacionais, não temos um Teto de Referência de Estados e Municípios como vimos em relação à União. Isso porque só existem dois mecanismos de trava de arrecadação possíveis: um, já visto, em relação à União (2030) e outro que irá comparar a receita- base (tributos novos) com a média de receita (tributos extintos) considerando-se todas as esferas federativas (2035). Com isso, teremos o Teto de Referência Total, que é a média da receita, no período de 2012 a 2021, de IPI + PIS/COFINS + IOF-Seguros + ISS + ICMS (art. 130, § 3º, II, do ADCT), e a Receita-Base Total, que corresponde à soma da Receita-Base da União (CBS +IS) com a Receita- Base dos Entes Subnacionais (IBS Estadual + IBS Municipal), conforme art. 130, § 3º, III, IV e V, do ADCT. Caso a média da Receita-Base Total, entre 2029 e 2033, exceda o Teto de Referência Total, as alíquotas de referência da CBS e do IBS sofrerão reduções em 2035, proporcionais para as alíquotas de referência federal, estadual e municipal (art. 130, § 5 e § 6º, II, do ADCT). Perceba que poderá haver, em 2030, uma redução da alíquota de referência da União. E, em 2035, a redução, se for o caso, será aplicada sobre as alíquotas de referência federal, estadual e municipal. Não há que se falar em redução de alíquota de referência de IBS, estadual ou municipal, isoladamente, nessas hipóteses apresentadas. Note também que essas hipóteses de redução das alíquotas de referência ocorrem em momentos distintos (2030 e 2035), sendo mais precoce em relação, exclusivamente, à alíquota de referência da União do que em relação a de todos os entes, tendo em vista que a transição do IBS será demorada mais que a da CBS. Do conjunto de conceitos definidos pela Constituição Federal, apenas não consta o disposto na alternativa B. Conforme vimos, não existirá um Teto de Referência dos Entes Subnacionais, mas tão-somente um Teto de Referência da União e um Teto de Referência Total, já que, se a receita-base superar a média de receita, ou teremos a redução da alíquota de referência da União (2030) ou a Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 26 redução das alíquotas de referência da União, Estados e Municípios, mas não a redução das alíquotas de referência dos Estados e Municípios, exclusivamente, até mesmo como forma de minimizar a interferência na autonomia dos entes federativos. Gabarito: letra B Questão 8 Dentre os fundos criados pela Reforma Tributária, destaca-se o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais do ICMS. Sobre o tema, nos termos da EC 132/23, é INCORRETO afirmar que: (A) foi criado com a finalidade de compensar, entre 1º de janeiro de 2029 e 31 de dezembro de 2032, pessoas físicas ou jurídicas beneficiárias de isenções, incentivos e benefícios fiscais ou financeiro-fiscais relativos ao ICMS. (B) a União será responsável por entregar recursos ao Fundo, de 2025 a 2032. (C) aplica-se aos titulares de benefícios fiscais, onerosos ou não, referentes ao ICMS, regularmente concedidos até 31 de maio de 2023. (D) lei complementar estabelecerá os procedimentos de análise, pela União, dos requisitos para habilitação do requerente à compensação pelo Fundo. (E) eventual saldo financeiro existente em 31 de dezembro de 2032 será transferido ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 27 A criação de Fundos é um dos temas mais difíceis da Reforma Tributária. O Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiros-Fiscais está intimamente ligado à LC 160/2017, que só é objeto de estudo por aqueles que se debruçam sobre legislação tributária estadual. Portanto, eventual questão sobre o assunto muito provavelmente será literal, mas se faz necessário seu entendimento, até mesmo como forma de facilitar a memorização dos dispositivos. O art. 12 da EC 132/23 instituiu o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiros-Fiscais, com o objetivo de compensar, entre 2029 e 2032, os contribuintes que possuem benefícios fiscais de ICMS concedidos por prazo certo e sob condição, que terão perda do benefício fiscal proporcional à redução das alíquotas de ICMS para esse período (art. 128, § 3º, do ADCT). Conforme art. 178 do CTN, quando o benefício fiscal é concedido por prazo certo e sob condição (chamado de oneroso), não pode ser modificado ou revogado a qualquer tempo. Isso porque o contribuinte atendeu às condições exigidas pela norma concessiva (criação de postos de trabalho, arrecadação mínima etc.), ou seja, realizousua contrapartida e se planejou para utilizar o benefício até determinada data. Nos termos da Súmula 544 do STF, “isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas”. Logo, esses contribuintes devem receber recursos desse Fundo criado para compensar, no período de transição, a perda gradativa do benefício fiscal de ICMS. Mas não basta que o benefício fiscal de ICMS seja oneroso para que o contribuinte faça jus a esse Fundo. Mais um importante requisito é exigido e será explicado detalhadamente a partir de então, pois seu entendimento não é trivial. De acordo com o art. 12, § 4º, II, da EC 132/23, a compensação por esse Fundo não se aplica aos titulares de benefícios decorrentes do disposto no art. 3º, § 2º-A, da LC nº 160/2017, norma que permitiu aos Estados e ao DF deliberar sobre a remissão dos créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais de ICMS instituídos sem autorização de Convênio CONFAZ e a reinstituição dessas benesses. Segundo esse dispositivo, a partir de 1º de janeiro do 12º ano posterior à produção de efeitos do respectivo convênio autorizado pela LC 160/2017, a concessão e a prorrogação dos benefícios fiscais de ICMS destinados à manutenção ou ao incremento das atividades comerciais, às prestações interestaduais com produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura e à manutenção ou ao incremento das atividades portuária e aeroportuária vinculadas ao comércio internacional deverão observar a redução em 20% ao ano. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp160.htm#art3%C2%A72a REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 28 Pois bem, o Convênio em questão é o 190/2017, publicado em 15/12/2017. Logo, 1º de janeiro do 12º ano posterior à produção de seus efeitos corresponde a 01/01/2029. Com a redução prevista de 20% ao ano, os benefícios fiscais de ICMS destinados à manutenção ou ao incremento das atividades comerciais, às prestações interestaduais com produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura e à manutenção ou ao incremento das atividades portuária e aeroportuária vinculadas ao comércio internacional seriam extintos paulatinamente de 2029 a 2033 e os demais, de uma vez só, em 2033, conforme veremos. Segundo o art. 3º, § 2º, da LC 160/2017, regra geral, o prazo de fruição dos benefícios fiscais regularizados não poderá ultrapassar 31 de dezembro do 15º ano posterior à produção de efeitos do Convênio CONFAZ 190/2017, ou seja 31/12/2032, justamente o último dia de vida do ICMS. Entretanto, como vimos, o § 2º-A do art. 3º dividiu os benefícios fiscais de ICMS em 2 grupos: o 1º, composto pelos benefícios fiscais comerciais, agropecuários interestaduais e os portuários e aeroportuários vinculados ao comércio internacional, que sofreriam uma redução de 20% ao ano, a contar de 2029; o segundo, composto pelos demais tipos de benefícios fiscais de ICMS (industriais, inclusive o agroindustrial, agropecuários internos, e os destinados ao investimento em infraestrutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de transporte urbano, bem como quanto àqueles destinados a templos de qualquer culto e a entidades beneficentes de assistência social), que não sofreriam essa redução de 20% e, assim como os do 1º grupo, ficariam extintos em 2033. Para entender definitivamente o segundo requisito exigido para o contribuinte receber recursos desse Fundo, é necessário recorrer ao § 2º do art. 128 do ADCT, acrescentado pela EC 132/23, segundo o qual aos benefícios e incentivos fiscais ou financeiros referidos no art. 3º da LC 160/2017 não será aplicada a redução prevista no § 2º-A do art. 3º da referida Lei Complementar (20% ao ano aos benefícios fiscais comerciais, agropecuários interestaduais e os portuários e aeroportuários vinculados ao comércio internacional). Assim, a EC 132/23 revogou o § 2º-A do art. 3º da LC 160/2017. Perceba que a EC 132/23 não fez distinção entre os benefícios fiscais de ICMS: todos eles serão reduzidos na mesma proporção em que o ICMS será reduzido entre 2029 e 2032 (9/10, 8/10, 7/10 e 6/10), ou seja, 10% ano. Daí, conclui-se que somente devem ser compensados com recursos do Fundo os contribuintes que não sofreriam essa redução em seus benefícios fiscais de 20% ao ano a partir de 2029, que serão de fato prejudicados com a perda parcial do benefício fiscal com a extinção gradativa Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 29 do ICMS no período de transição (2029 a 2032). Para aqueles que já sofreriam essa redução de 20% ano, a situação melhorou, pois agora essa redução será de 10%, não fazendo sentido compensá-los. Em resumo, além da exigência de o benefício fiscal de ICMS ser oneroso e concedido regularmente (autorizado pelo CONFAZ e mediante lei específica do ente) até 31 de maio de 2023, sem prejuízo de ulteriores prorrogações ou renovações, ou regularizado pela LC 160/2017, para o contribuinte receber recursos do Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais do ICMS, o benefício fiscal deve ser industrial, inclusive o agroindustrial, agropecuário (exceto interestadual) ou destinado a investimento em infraestrutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de transporte urbano, ou a templos de qualquer culto e a entidades beneficentes de assistência social. Superada a explicação do tema, seguem os dispositivos da EC 132/23 que embasam cada alternativa: (A) art. 12, caput (B) art. 12, § 1º (C) art. 12, § 4º, I (D) art. 12, § 6º, II (E) art. 12, § 9º O erro está em afirmar, na alternativa C, que o Fundo se aplica a compensar contribuintes que possuem benefícios fiscais, onerosos ou não, pois, como dito exaustivamente, apenas os titulares de benefícios onerosos devem ser compensados. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 30 Gabarito: letra C Questão 9 Com relação ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, marque a alternativa que se encontra em desacordo com o texto constitucional (A) o Fundo foi criado com objetivo de reduzir as desigualdades regionais e sociais. (B) é vedada a retenção ou qualquer restrição ao recebimento dos recursos de que trata esse Fundo. (C) os recursos do Fundo podem ser utilizados para a concessão de subvenções econômicas e financeiras. (D) os recursos do Fundo serão entregues aos Estados e ao Distrito Federal de acordo com a população (peso de 70%) e com o coeficiente individual de participação no Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (peso de 30%). (E) caberá aos Estados e ao Distrito Federal a decisão quanto à aplicação dos recursos, priorizando-se projetos que prevejam ações de sustentabilidade ambiental e redução das emissões de carbono. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 31 Com a Reforma Tributária, a concessão de benefício fiscal está restrita às hipóteses dispostas na Constituição e a tributação do IBS será no destino. Consequentemente, os Estados perderam seu principal instrumento de atração das empresas para seus territórios: a redução da carga tributária de ICMS. Se nenhuma medida fosse adotada, naturalmente haveria uma tendência das empresas em cada vez mais se instalarem em regiões com melhores infraestruturas, portos, aeroportos, mais próximas aos mercados consumidores, o que aumentaria ainda mais as diferenças regionais. Como formade minimizar os efeitos negativos em razão da falta desse instrumento, em especial aos Estados menos desenvolvidos do país, criou-se o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR). O Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional está previsto no art. 159-A da Constituição Federal. Seu caput deixa claro seu objetivo: “reduzir as desigualdades regionais e sociais”, em cumprimento a um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. E acrescenta que o FNDR funcionará “mediante a entrega de recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal”. Primeiramente, é importante destacar que o FNDR não guarda relação com a arrecadação de qualquer tributo de competência da União e, consequentemente, não se trata de um mecanismo de repartição indireta de receita tributária. Os recursos que abastecerão o FNDR sairão do caixa da União, não serão compostos por um percentual de algum tributo de sua competência. Logo, em que pese o FNDR também esteja localizado na Seção que trata da Repartição das Receitas Tributárias, não se pode confundir esse fundo, criado para substituir a função do ICMS de atrair empresas para o território, com os fundos que possuem o papel de repartir receita tributária indiretamente, a exemplo do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e do Fundo de Participação dos Municípios. Os incisos do caput do art. 159-A determinam a aplicação dos recursos recebidos pelos Estados e Distrito Federal em: “I - realização de estudos, projetos e obras de infraestrutura II - fomento a atividades produtivas com elevado potencial de geração de emprego e renda, incluindo a concessão de subvenções econômicas e financeiras; e Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 32 III - promoção de ações com vistas ao desenvolvimento científico e tecnológico e à inovação.” Repare que o inciso II possibilita que o Estado se torne atrativo pela injeção de recursos diretamente nas empresas. Caberá aos Estados e ao Distrito Federal a decisão quanto à aplicação dos recursos recebidos da União (art. 159-A, § 3º), que priorizarão, em sintonia com o princípio da defesa do meio ambiente, projetos que prevejam ações de sustentabilidade ambiental e redução das emissões de carbono (art. 159-A, § 2º). Nos termos do § 1º do art. 159-A, é vedada a retenção ou qualquer restrição ao recebimento dos recursos desse fundo pelos Estados e DF. De acordo com o art. § 4º do art. 159-A, os recursos serão entregues aos Estados e ao Distrito Federal de acordo com coeficientes individuais de participação, calculados pelo TCU (art. 159-A, § 5º), com base nos seguintes indicadores: população do Estado ou do Distrito Federal e seu coeficiente individual de participação no Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal. Como a preocupação do constituinte reformador com a criação desse Fundo é evitar que os Estados menos desenvolvidos (em regra, menos populosos) tornem-se menos atrativos, a lógica impõe um peso maior ao coeficiente individual de participação no Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal do que o critério populacional. Por isso, previu-se um peso de 70% para o coeficiente individual de participação no Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal contra 30% para o indicador “população do Estado ou do Distrito Federal”. Assim, a inversão dos percentuais na alternativa D a torna errada, atendendo ao comando da questão. Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 33 Por fim, é necessário mencionar o surgimento de mais dois fundos com a Reforma Tributária. Lei complementar instituirá o Fundo de Sustentabilidade e Diversificação Econômica do Estado do Amazonas, que será constituído com recursos da União e por ela gerido, com a efetiva participação do Estado do Amazonas na definição das políticas, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento e a diversificação das atividades econômicas no Estado (art. 92-B, § 2º, do ADCT), e o Fundo de Desenvolvimento Sustentável dos Estados da Amazônia Ocidental e do Amapá, que também será constituído com recursos da União e por ela gerido, com a efetiva participação desses Estados na definição das políticas, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento e a diversificação de suas atividades econômicas (art. 92-B, § 6º, do ADCT). Gabarito: letra D Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com REFORMA TRIBUTÁRIA Módulo VI – Repartição, Transição e Fundos 34 Licenciado para - Thayane Queiroz Santos Jesus - 15662474702 - Protegido por Eduzz.com