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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3
2 FITOTERAPIA ................................................................................... 4
2.1 Histórico da fitoterapia ....................................................................... 4
3 RELEVÂNCIA DA FITOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA ................ 7
3.1 Conceitos importantes em fitoterapia ............................................... 12
3.2 Fitoterápicos .................................................................................... 15
3.3 Fitocomplexo .................................................................................... 17
3.4 Fitoterapia baseada em evidências ................................................. 19
4 PLANTAS MEDICINAIS E A FITOTERAPIA NO CUIDADO AO
PACIENTE 23
4.1 Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos ............................. 25
4.2 Segurança no uso de plantas medicinais......................................... 28
5 FITOTERAPIA APLICAD A À SAÚDE HUMANA ............................ 32
5.1 Casos clínicos .................................................................................. 33
6 FITOTERAPIA APLICAD A NAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS ....... 36
6.1 Fitoterapia nas patologias respiratórias ........................................... 36
6.2 Principais patologias respiratórias ................................................... 37
6.3 Uso da fitoterapia nas patologias cardiovasculares ......................... 39
6.4 Aplicação da fitoterapia na obesidade e na síndrome metabólica ... 40
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 43
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sa la de aula, é raro quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e f azer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado.
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e
todos ouvirã o a resposta. No espaço virtu al, é a mesma coisa. Não hesite em
perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de a tendimento que
serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do alun o tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia d a semana e a hora que
lhe convier pa ra isso.
A organização é o quesito indispensável, porque uma sequência a ser
seguida e prazos def inidos para as atividades.
Bons estudos!
4
2 FITOTERAPIA
Fonte: bit.l y/3VpAeoF
A fitoterapia caracteriza-se pelo uso de plantas medicinais em diversas formas
como coadjuvantes terapêuticos. E les f oram u sados por pessoas milhares de anos
antes da civili zação cristã. São uma rica fonte de meta bólitos secundários de potencial
relevância terapêutica, incluindo alcaloides, f lavonoides e taninos . No entanto, o uso
inadequado de plantas m edicinais mu itas vezes ocorre devido à falta de conhecimento
adequado sobre doses, dosagens, modo de preparo, contraindicações e efeitos
colaterais. Com isso, a fitoterapia basea da em e vidências busca p romover a ava liação
crítica das plantas medicinais e f itoterápicos como alternativas de tratamentos,
maximizando seus benefícios e minimizando as reações adversas.
Aqui você conhecerá o histórico do uso de p lantas medicinais e f itoterápicos e
alguns exemplos d e aspecto s intrigantes sobre o u so de medicamentos f itoterápicos:
formulações fitoterápicas para o tratamento de alguns distúrbios leves.
2.1 Histórico da fitoterapia
Desde os tempos antigos, as pessoas usar am plantas para propriedades
medicinais. De acordo com Saad et al. (2018), o p rimeiro uso registrado de plantas
5
para f ins terapêuticos remonta ao período paleolítico. Um registro mais sistemático do
uso de plantas med icinais também pode ser encontrado em á reas com o Índia, Chin a
e Egito, que remontam a milhares de anos da civilização cristã. Era comum combinar
terapia e prática espiritual. registros na Índia por volta de 3000 a.C. quando as
canções eram cantadas em louvor às plantas (SAAD et al. 2018).
Segundo o autor, o Ayurved a, uma filosof ia m édica oriental que surgiu na Índia
durante o período de 20001000 a.C., utilizando as plantas me dicinais como
ferramentas terapêuticas, p ropõe que, para alcançar o bem -estar, a vida h umana deve
estar em harmonia com as leis da natureza, sendo a saúde um estado de perfeição.
Na China, o imperador Shen Nong, por volta de 2500 a.C., compilou as bases
da medicina chinesa em um livro denom inado Pen Tsao, no qual foram registradas
365 drogas, incluindo pla ntas medicinais como o chá-da-índia (Thea sinensi,
atualmente catalogada como Camellia sinensis) e a efedra (Ephedra sinica). A
medicina chinesa encontra-se inserida na visão de mundo da filosofia taoísta e utiliza
a fitoterapia como uma forma de tratamento e prevenção de doenças (SAAD et al.
2018).
O Papiro de Ebers, que data de cerca d e 1550 a.C., é um tratado médico do
Antigo E gito. Foi descoberto n o culo XIX e co ntém a descrição d e procedimentos
médicos, b em como do uso de plantas med icinais. Nesse d ocumento, fora m
registradas cerca de 700 substâncias medicamentosas, sendo que muitas delas ainda
são utilizadas e descrita s em f armacopeias ocidentais, como o rícino ( Ric inus
communis), a hortelã (Mentha sp .), a papoula (Papaver somniferum), a m irra
(Commiphora molmol) e o alecrim (Rosmarinus officinalis) (SAAD e t al. 2018).
Na Gré cia antiga, os remédios mágicos eram usados em combina ção com o
uso de plantas medicinais, conforme descrito nos poemas de Homero.
De acordo com Saad e t al. (2018), há ind ícios de que a m ed icina grega an tiga
teve influência da medicina e gípcia, com algumas plantas de origem da Índia e do
Egito, e algumas receitas com características semelhantes. P itágoras, por volta de
500 a.C., estudou como as drogas vegetais atuavam no organismo, o que lev ou à
formulação das bases da medicina humoral e da dietética, as quais inf luenciaram as
bases da m edicina de Hipócrates. Hip ócrates desmistificou a associação de cura pelo
uso das p lantas medicinais com forças sobrenaturais, e deu início à medicina raciona l-
-naturalista, descrevendo sinais, sintomas e a sazonalidade de doenças, bem com o a
6
influência do emocional e condições de moradia na saúde d os paciente s (SAAD et al.
2018).
A descoberta de novas regiões pelos grandes navegadores renascentistas
trouxe da Europa novas er vas medicinais e especiarias, am pliando o arsenal
terapêutico. Os estudos desenvolvido s pelo médico conhecido co mo Paracelso
(14931541) levaram a um novo entendimento a respeito das plantas medicinais.
De acordo com Saad et al. (2018, p. 3), Paracelso “[...] anunciou a noção de
que a p lanta medicinal encerra um componen te terapeuticamente ativo, suscetível de
ser extraído por processo químico, e que o processo utilizado para isso era a
destilação”. Naquela época, a planta medicinal era ut ilizada na sua f orma inteira ou
em partes (folhas e raíze s), sendo essa forma ainda utilizada nos d ias atuais nas
práticas populares.
Embora o u so de plantas medicinais te nha diminuído por algum tempo devido
ao processo de industria lização e desenvolviment o de drogas sintéticas, seu uso pela
população voltou a ter im portância nas últimas décadas, co ntribuindo para o aumento
do uso. E ntre eles estão os efe itos colaterais associados ao uso de medicamentos
industrializados, a dificuldade de acesso à assistênci a médica e o aumento do
consumo de produtos n aturais em busca de uma vida m ais saudável (SÃO PAULO,
2019).
Atualmente, as p lantas med icinais são utilizadas juntamente com matérias -
primas para med icamentos de valor agregado, in natura (como chás de plantas
medicinais), preparações galênicas simples (como extratos líquidos e tinturas) e
fitoterápicos (SIMÕES et al. 2017).
As plantas me dicinais in natura consistem em plantas f rescas qu e são colhidas
no momento do uso, enquanto as plantas medicinais secas (ou partes delas) passam
por um processo de coleta, e stabilização (se aplicável) e secagem até que estejam
totalmente disponíveis para mo er ou pulveriza r. Além disso, as preparações
fitoterápicas podem ser en contradas na fo rma de um único fármaco ou em
composições contendo múltiplos fitoterápicos, ambos em diversas f ormas
farmacêuticas (comprimidos, sachês , xaropes, tinturas, líquidos e extrato). Os
fitoterápicos com postos são p roduzidos por farmácias de manipulação, enquanto os
fitoterápicos industrializa dos são produzidos pela indústria farmacêutica ou
laboratórios oficiais (SAAD et al. 2018).
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3 RELEVÂNCIA DA FITOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA
Fonte: bit.l y/3W sZqf9
As plantas medicinais representam, ainda hoje, os únicos recursos terapêuticos
de diversas comun idades, especialmente aquelas con sideradas m ais pobres. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 85% da p opulação dos
países em desenvolvimento depende da utilização de plantas medicinais para suprir
cuidados básicos de sa úde. Além disso, m esmo em países de senvolvidos, uma
grande parcela da população u tiliza a f itoterapia para o tratamento de doenças.
Considerando esses aspectos, discutidos na Conferência Internacional sobre
Cuidados Primários de Saúde que aconteceu em Alma -Ata, no P aquistão, em 1978,
a OMS passou a recomendar que o s países membros incentivassem o uso racional
de plantas medicinais e f itoterápicos, orientação acatada por muitos países, inclusive
o Brasil (OMS, 1979; SAAD et al. 2016; SIMÕES e t al. 2017).
O nosso país é imensa diversidade no qu e diz respeito a sua f lora e sua fauna ,
o que significa que o território brasileiro abriga um a infinidade de organismos vivos,
que rep resentam uma parcela significativa de to da a biodiversidade mundial. Isso
seria motivo suficiente para incentivar pesquisadores e especialistas a aproveitarem
toda e ssa riqueza n atural pa ra a promoção da saúde e do bem -estar da nossa
população, m as, além d isso, o Brasil apresenta uma enorme d iversidade cultural que,
associada à nossa b iodiversidade, resultou em um rico conhecimento sob re o uso e
manejo das p lantas me dicinais, que tem enorme potencial para ser explorado.
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Reconhecendo isso e seguindo a s orientações d a OMS, o Ministério da S aúde lançou
em 2006 a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fito terápicos, que tem como
objetivo principa l: “garantir à população b rasileira o acesso seguro e o uso racion al de
plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o u so sustentável da biodiversida de ,
o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional” (BRAS IL, 2016a).
A fim de cumprir esse objet ivo, dois anos depois da implementação da política
nacional, f oi f ormulado o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitote rápicos,
que reúne diversas a ções visando à regulação e à disseminação do uso medicinal de
espécies vegetais e seus derivados (BRASIL, 2016a).
Desde 2 006, quando a política na cional foi implementada, várias a ções foram
conduzidas e têm contribuído para a ampliação da fito terapia no pa ís. A partir de 2007
houve a inclusão de fitoterápicos no elenco de referência de medicamentos e insumos
complementares para a assistência farmacêutica na atenção básica em saúde;
atualmente, a Relação Nacio nal de Medicamentos Essenciais (RENA ME) conta com
12 f itoterápicos, além das isoflavonas de soja obtidas da e spécie Glycine max. Os
medicamentos da Rename podem ser solicitados pelas prefeituras mun icipais para
serem incluídos em suas Relações Municipa is de Medicamentos Essenciais
(RENUME). Nesse caso, esses medicamentos podem ser d istribuídos gratuitamente
à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (FERRO, 2006 ).
Os f itoterápicos, em geral, têm um custo de p rodução menor do que
medicamentos convencionais, porque sua obtenção não envol ve etapas de
isolamento ou síntese. Sendo assim, é m uito importante a inclusão desses produtos
no SUS, os quais podem atender um gran de número de pessoas de forma efetiva e
segura a um custo relativamente baixo (KLEIN et al. 2009; SIMÕES et al. 2017;
BRASIL, 2020).
O m enor custo da p rodução de f itoterápicos também é um incentivo à inova ção
e ao desenvolvimento d as indústrias farmacêutica s nacionais, que , e m geral, lim itam-
se à produção de medicamentos genéricos e similares. Dessa f orma, o valor dos
produtos repassados ao consumidor também deve se r menor em comparação com
medicamentos convencionais. Mesm o que o tratamento não seja realizado pelo SUS,
a fitoterapia, em geral, custa menos para o paciente, até porque existe a opção de que
ele cultive as plantas medicinais em casa, o que, é claro, deve ser realizado com o
acompanhamento de um profissional habilitado (KLEIN et al. 2009).
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A importância d as planta s medicinais para a saúde pública não se limita a uma
redução de custos. Investigações d os efeitos terapêuticos e da segurança de plantas
medicinais e fitoterápicos mostram que e les podem ser muito úteis para o tratamento
de várias doenças. Destacam-se condições de saúde complexas que envolvem
diversas vias, uma vez que esses produtos apresentam diversas substâncias em sua
composição que podem agir sinergicamente de diferentes formas e tratar o paciente
de uma forma mais integral.
Estudos mostram a inda que algumas substâncias são inativas quando estão
isoladas, mas, no extrato, apresentam atividade porque os demais compostos
presentes aumentam a sua biodisponibilidade, estabilidade ou solubilidade. É muito
comum em pesquisas na área de p rodutos naturais que os extratos de plantas
apresentem efeitos mais interessantes do que as substâncias isoladas (SAAD et al.
2016).
Além d isso, estudos mostram que os medicamentos fitoteráp icos geralmente
têm menos efeitos colaterais do que os medicamento s tradicionais. Isso não signif ica
que a crença popular d e que a s plantas medicinais são inofensivas esteja errada.
Algumas plantas são altamen te tóxicas, enquanto outras podem causar ef eitos
colaterais leves a moderados. No entanto, em comparação com os m edicamentos
tradicionais, a maioria das plan tas medicinais e fitoterápicos têm menos efeitos
colaterais, porque estão presentes apenas em pequenas quantidades (SAAD et al.
2016).
Outro fato a ser considerado, muitas vezes esquecido tanto pelos profissionai s
médicos quanto pelo poder público, são os sab eres comuns ou tradicionais
relacionados ao u so de plantas medicinais. A fitoterapia fa z p arte da cultura de
algumas comunidades e grupos e, por vezes, é passada de geração em geração . Isso
altera a percepção dessas pessoas em relação ao uso de plantas m edicinais e
fitoterápicos em relação ao s tratamentos convencionais. Grande parcela da população
tem preferência por fitoteráp icos e essa preferência é relevan te no contexto da saúde
pública (KLEIN et al. 2009; SAAD et al. 2016; BRASIL, 2014a).
É claro que provar sua eficácia e segurança é importante para poder f ornecer
efetivamente plantas med icinais e medicamentos fitoterápicos às pessoas. Este é um
grande prob lema na promoção da f itoterapia, pois existe a necessidad e de mais
pesquisas sobre plantas medicinais, principalmente as encontradas no Brasil. Por
10
isso, em 2009 o Ministério da Saúde e laborou um a lista nacional de plantas medicinais
de interesse do sistema único de saúde (RENISUS). Esta é uma lista de 71 espécies
de plantas na tivas ou a daptadas ao Brasil, amplamente distribuídas pela população e
consideradas pelo Ministério da Saúde como te ndo potencial para produzir produtos
para o SUS, porém há preocupações quanto à segurança.
O objetivo de compilar est a lista é ajudar a conduzir pesquisas qu e possam
ajudar a desenvolver uma lista de plantas medicinais e fitoterá picos que seja m
seguros e ef icazes para uso da população (BRASIL, 2014b). A maioria das plantas
medicinais b rasileiras são amplamente utiliza das e p arecem ter alto potencial
terapêutico, mas isso é de grande importância, pois ainda o pesquisas
suficientes para embasar cientif icamente seu uso seguro de espécies vegetais nativas
ou adaptadas em nosso país (FERRO, 2006 ).
Porém, não basta que existam estudos que demonstrem a segurança e ef icácia
das plantas medicinais e f itoterápicos, p ois os profissionais médicos prescrevem
esses produtos e acompanham e monitoram os pacientes que tratam. Esses
profissionais geralmente desaconselham ignorar e ssas informações ou of erecer
opções de tratamento prejudiciais aos pacientes, caso se deparem com situações em
que os pacientes estão usando ou estão p restes a usar esses produtos (BRASIL,
2012; SAAD et al. 2016).
Ações do Ministério da Saúde que têm contribuído para a capacitação de
profissionais incluem as publicações do Form ulário Fitoterápico e do Memento
Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira.
O Formulário Fitoterápico a presenta monografias em que são descritos o m odo
de preparo, a indicação de uso, os efeitos adversos e as contraindicações de p lantas
medicinais e fitoterápicos. Farmácias de manipulação podem dispensar os produtos
descritos no formulário co nsiderando as informações apresentadas. O documento
auxilia, portanto, no trabalho dos farmacêuticos que atuam nesses estabelecimentos.
o Memento Fitoterápico tem o objetivo d e orientar prescritores em relação às
indicações terapêuticas, f ormas farma cêuticas, posologia, efeitos adversos e
contraindicações desses p rodutos. As mon ografias das plantas apresentam ainda
dados de estudo s pré-clínicos e clínicos conduzidos com a planta medicinal
(BRASIL, 2011; BRASIL, 2016b).

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 
2 FITOTERAPIA ................................................................................... 4 
2.1 Histórico da fitoterapia ....................................................................... 4 
3 RELEVÂNCIA DA FITOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA ................ 7 
3.1 Conceitos importantes em fitoterapia ............................................... 12 
3.2 Fitoterápicos .................................................................................... 15 
3.3 Fitocomplexo .................................................................................... 17 
3.4 Fitoterapia baseada em evidências ................................................. 19 
4 PLANTAS MEDICINAIS E A FITOTERAPIA NO CUIDADO AO 
PACIENTE 23 
4.1 Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos ............................. 25 
4.2 Segurança no uso de plantas medicinais......................................... 28 
5 FITOTERAPIA APLICADA À SAÚDE HUMANA ............................ 32 
5.1 Casos clínicos .................................................................................. 33 
6 FITOTERAPIA APLICADA NAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS ....... 36 
6.1 Fitoterapia nas patologias respiratórias ........................................... 36 
6.2 Principais patologias respiratórias ................................................... 37 
6.3 Uso da fitoterapia nas patologias cardiovasculares ......................... 39 
6.4 Aplicação da fitoterapia na obesidade e na síndrome metabólica ... 40 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 43 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
 O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e 
todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em 
perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que 
serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 FITOTERAPIA 
 
Fonte: bit.ly/3VpAeoF 
A fitoterapia caracteriza-se pelo uso de plantas medicinais em diversas formas 
como coadjuvantes terapêuticos. Eles foram usados por pessoas milhares de anos 
antes da civilização cristã. São uma rica fonte de metabólitos secundários de potencial 
relevância terapêutica, incluindo alcaloides, flavonoides e taninos. No entanto, o uso 
inadequado de plantas medicinais muitas vezes ocorre devido à falta de conhecimento 
adequado sobre doses, dosagens, modo de preparo, contraindicações e efeitos 
colaterais. Com isso, a fitoterapia baseada em evidências busca promover a avaliação 
crítica das plantas medicinais e fitoterápicos como alternativas de tratamentos, 
maximizando seus benefícios e minimizando as reações adversas. 
Aqui você conhecerá o histórico do uso de plantas medicinais e fitoterápicos e 
alguns exemplos de aspectos intrigantes sobre o uso de medicamentos fitoterápicos: 
formulações fitoterápicas para o tratamento de alguns distúrbios leves. 
2.1 Histórico da fitoterapia 
Desde os tempos antigos, as pessoas usaram plantas para propriedades 
medicinais. De acordo com Saad et al. (2018), o primeiro uso registrado de plantas 
 
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para fins terapêuticos remonta ao período paleolítico. Um registro mais sistemático do 
uso de plantas medicinais também pode ser encontrado em áreas como Índia, China 
e Egito, que remontam a milhares de anos da civilização cristã. Era comum combinar 
terapia e prática espiritual. Há registros na Índia por volta de 3000 a.C. quando as 
canções eram cantadas em louvor às plantas (SAAD et al. 2018). 
Segundo o autor, o Ayurveda, uma filosofia médica oriental que surgiu na Índia 
durante o período de 2000–1000 a.C., utilizando as plantas medicinais como 
ferramentas terapêuticas, propõe que, para alcançar o bem-estar, a vida humana deve 
estar em harmonia com as leis da natureza, sendo a saúde um estado de perfeição. 
Na China, o imperador Shen Nong, por volta de 2500 a.C., compilou as bases 
da medicina chinesa em um livro denominado Pen Tsao, no qual foram registradas 
365 drogas, incluindo plantas medicinais como o chá-da-índia (Thea sinensi, 
atualmente catalogada como Camellia sinensis) e a efedra (Ephedra sinica). A 
medicina chinesa encontra-se inserida na visão de mundo da filosofia taoísta e utiliza 
a fitoterapia como uma forma de tratamento e prevenção de doenças (SAAD et al. 
2018). 
O Papiro de Ebers, que data de cerca de 1550 a.C., é um tratado médico do 
Antigo Egito. Foi descoberto no século XIX e contém a descrição de procedimentos 
médicos, bem como do uso de plantas medicinais. Nesse documento, foram 
registradas cerca de 700 substâncias medicamentosas, sendo que muitas delas ainda 
são utilizadas e descritas em farmacopeias ocidentais, como o rícino (Ricinus 
communis), a hortelã (Mentha sp.), a papoula (Papaver somniferum), a mirra 
(Commiphora molmol) e o alecrim (Rosmarinus officinalis) (SAAD et al. 2018). 
Na Grécia antiga, os remédios mágicos eram usados em combinação com o 
uso de plantas medicinais, conforme descrito nos poemas de Homero. 
De acordo com Saad et al. (2018), há indícios de que a medicina grega antiga 
teve influência da medicina egípcia, com algumas plantas de origem da Índia e do 
Egito, e algumas receitas com características semelhantes. Pitágoras, por volta de 
500 a.C., estudou como as drogas vegetais atuavam no organismo, o que levou à 
formulação das bases da medicina humoral e da dietética, as quais influenciaram as 
bases da medicina de Hipócrates. Hipócrates desmistificou a associação de cura pelo 
uso das plantas medicinais com forças sobrenaturais, e deu início à medicina racional- 
-naturalista, descrevendo sinais, sintomas e a sazonalidade de doenças, bem como a 
 
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influência do emocional e condições de moradia na saúde dos pacientes (SAAD et al. 
2018). 
A descoberta de novas regiões pelos grandes navegadores renascentistas 
trouxe da Europa novas ervas medicinais e especiarias, ampliando o arsenal 
terapêutico. Os estudos desenvolvidos pelo médico conhecido como Paracelso 
(1493–1541) levaram a um novo entendimento a respeito das plantas medicinais. 
De acordo com Saad et al. (2018, p. 3), Paracelso “[...] anunciou a noção de 
que a planta medicinal encerra um componente terapeuticamente ativo, suscetível de 
ser extraído por processo químico, e que o processo utilizado para isso era a 
destilação”. Naquela época, a planta medicinal era utilizada na sua forma inteira ou 
em partes (folhas e raízes), sendo essa forma ainda utilizada nos dias atuais nas 
práticas populares. 
Embora o uso de plantas medicinais tenha diminuído por algum tempo devido 
ao processo de industrialização e desenvolvimento de drogas sintéticas, seu uso pela 
população voltou a ter importância nas últimas décadas, contribuindo para o aumento 
do uso. Entre eles estão os efeitos colaterais associados ao uso de medicamentos 
industrializados, a dificuldade de acesso à assistência médica e o aumento do 
consumo de produtos naturais em busca de uma vida mais saudável (SÃO PAULO, 
2019). 
Atualmente, as plantas medicinais são utilizadascrônicas. 
6.3 Uso da fitoterapia nas patologias cardiovasculares 
Os medicamentos fitoterápicos também são amplamente utilizados em 
doenças cardiovasculares, principalmente para regular a pressão sanguínea, reduzir 
a agregação plaquetária e fortalecer os músculos e o sistema cardiovascular geral. 
Os seguintes medicamentos fitoterápicos são usados em algumas doenças 
cardiovasculares: 
 
 Ginkgo biloba – suas folhas ajudam a inibir a agregação plaquetária e 
melhoram a microcirculação, contribuindo para uma melhor oxigenação celular. 
Deve ser utilizado como infusão, após as refeições. 
 Alho – é uma planta útil na regulação da tensão arterial. Diminui a agregação 
plaquetária, aumenta a atividade fibrinolítica, produz efeitos hipoglicemiantes e 
reduz os níveis de colesterol. Deve ser ingerido cru, em pó ou em cápsulas. 
Constitui um dos elementos usados no tratamento da arteriosclerose. Essa 
 
40 
 
planta é muito usada na alimentação, além de ser empregada, com frequência, 
em estudos farmacológicos e fitoquímicos, pois apresenta considerável efeito 
benéfico sobre doenças que atingem o sistema cardiovascular. 
 Arandos vermelhos – além de combaterem as infecções urinárias, diminuem 
a glicemia e fornecem maior resistência ao músculo cardíaco. 
 Centáurea menor – em caso de diabetes, o efeito protetor da centáurea 
menor, rica em flavonoides, é atribuído ao seu potencial antioxidante, que 
contribui para a diminuição do dano das células. 
 Garcinia cambogia – o excesso de peso e a obesidade promovem uma 
sobrecarga significativa para o coração. Nesse sentido, a Garcinia cambogia 
ajuda a controlar o apetite e contribui para o bloqueio parcial da síntese de 
ácidos graxos e para a conversão de açúcares em ácidos graxos. 
 Folhas de freixo – têm ação diurética e ligeiramente laxativa, podendo ser 
utilizadas em caso de obesidade com retenção de líquidos. 
 Espinheiro branco – reúne uma série de propriedades que favorecem a saúde 
cardiovascular: regula a tensão arterial, trata a ansiedade e a depressão e 
controla as arritmias. 
 Folhas de oliveira – ajudam a combater um grande fator de risco das doenças 
cardiovasculares, que é a hipertensão arterial. Reduzem os valores máximos 
da pressão sanguínea e regulam os valores mínimos. 
 Chá verde – devido ao seu conteúdo rico em catequinas, que evitam a adesão 
das gorduras às paredes das artérias, o chá verde combate o colesterol, um 
dos principais fatores de risco das doenças cardiovasculares. Além disso, reduz 
a concentração de glicose no sangue, beneficiando indivíduos com diabetes. 
6.4 Aplicação da fitoterapia na obesidade e na síndrome metabólica 
A fitoterapia tem apresentado efeitos benéficos no tratamento e na prevenção 
de inúmeras patologias, como a obesidade e a síndrome metabólica. A maioria dos 
estudos realizados com fitoterápicos no emagrecimento cita Garcinia cambogia, 
Camellia sinensis e Cynara scolymus como elementos eficazes no tratamento da 
obesidade. Porém, existem controvérsias. 
 
41 
 
A Garcinia cambogia é nativa da Ásia e atua sobre a ATP-citrato liase, uma 
enzima responsável pela biossíntese de lipídeos. Ela também tem efeito 
hipocolesterolêmico e promove perda de peso em humanos, embora essa 
constatação necessite de mais evidências científicas. 
Na literatura, é possível encontrar dezenas de fitoterápicos usados para auxiliar 
no processo de emagrecimento. Porém, o único que se encontra na lista de registros 
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com essa finalidade é o sene 
(Cassia angustifolia), que funciona como um laxativo. Existem, também, vários 
medicamentos fitoterápicos amplamente usados pela população como auxílio para 
uma dieta de emagrecimento. 
Por isso, os profissionais da saúde, em especial, médicos e nutricionistas, 
devem prescrever esses medicamentos somente com conhecimento aprofundado 
sobre seus possíveis danos. Além dos efeitos colaterais, que podem ser muito 
perigosos, existem outros possíveis problemas, como adulterações, toxidez e 
interação com outras substâncias. Isso ocorre porque, no Brasil, as plantas são 
facilmente cultivadas e várias são comercializadas sem fiscalização em feiras livres, 
mercados públicos e lojas de produtos naturais, o que se dá por não ser exigida 
prescrição médica ou do nutricionista, além de serem isentos de inscrição nos 
Ministérios da Saúde e da Agricultura. Algumas evidências do uso de fitoterápicos no 
tratamento da obesidade e síndrome metabólica: 
 
 Ephedra sinica – a Ephedra sinica ou ma-huang (nome chinês da planta 
Ephedra), costuma ser utilizada para emagrecimento e, em geral, é combinada 
com outros compostos, como cafeína e/ou aspirina. Revisões atuais do uso da 
efedrina isoladamente mostram efeito modesto, ou seja, de cerca de 0,9 kg na 
redução do peso quando comparado ao do placebo. Entretanto, com aumento 
de 2,2 a 3,6 na chance do aparecimento de efeitos adversos psiquiátricos, 
gastrintestinais e cardiovasculares. A frequência e a magnitude dos efeitos 
colaterais e a ineficácia dos suplementos contendo efedrina contraindicam seu 
uso no tratamento da obesidade. 
 Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum) – planta nativa da Europa, da 
Austrália e das Américas. Seus extratos são utilizados para tratar depressão. 
Com base nessa ação no sistema nervoso central, tem-se propagado o uso da 
 
42 
 
erva de modo isolado ou em associação com ma- -huang no tratamento da 
obesidade. Porém, não existem evidências científicas de que a erva-de-são-
joão seja eficaz para reduzir o peso. 
 Garcinia cambogia – a substância, extraída da casca de uma fruta cítrica 
exótica denominada Brindall berry ou brindleberry, contém ácido hidroxicítrico, 
o qual inibe a clivagem enzimática do citrato. Assim, além de aumentar a taxa 
de síntese hepática de glicogênio, inibe o apetite e a estocagem de gordura 
corporal. Estudos bem conduzidos não mostraram diferença na redução de 
peso entre os indivíduos que usaram ácido hidroxicítrico e os que utilizaram 
placebo, assim como não comprovaram aumento na oxidação de gorduras. 
Apesar de não terem sido documentados efeitos colaterais significativos, não 
existem estudos de longo prazo a esse respeito. Atualmente, não há evidências 
convincentes para o uso da garcínia como agente antiobesidade. 
 Ioimbina (Pausinystalia yohimbe) – a yohimbe é uma planta nativa da África 
Central. Seu constituinte ativo é a ioimbina. Estudos descreveram efeitos 
colaterais como irritabilidade, artralgias e cefaleia. Atualmente, não há 
evidências científicas que indiqueminte a ioimbina para reduzir peso. 
 Psyllium (Plantago) – o psyllium é uma fibra hidrossolúvel derivada da 
semente de Plantago ovata. Seu uso aumenta a saciedade, reduzindo a 
ingestão calórica. Estudos até agora realizados não demonstraram diferença 
na perda de peso de indivíduos obesos quando comparado ao placebo. A 
ingestão da fibra relaciona-se a distúrbios gastrointestinais, como flatulência, 
diarreia e náuseas, além de interferir na absorção de medicamentos, como 
antibióticos e digitálicos, e potencializar a ação de anticoagulantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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44 
 
práticas de processamento e armazenamento de plantas medicinais, preparação 
e dispensação de produtos magistrais e oficinais de plantas medicinais e 
fitoterápicos em farmácias vivas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 abr. 2013. Seção I, p. 67 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Instrução normativa nº 02 de 13 de maio de 2014. 
Publica a “Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado” e a 
“Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”. Diário 
Oficial da União, Brasília, 14 maio de 2014d. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Instrução normativa nº 4, de 18 de junho de 2014. 
Determina a publicação do Guia de orientação para registro de Medicamento 
Fitoterápico e registro e notificação de Produto Tradicional Fitoterápico. Diário 
Oficial da União, Brasília, 20 jun. 2014c. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 886, de 20 de abril de 2010. Institui a 
Farmácia Viva no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 20 abr. 2010. 
 
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de maio de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o 
registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos. Brasília, 13 maio 
2014a. 
 
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sobre o registro de medicamentos específicos. Brasília, 14 jun. 2011. 
 
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Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos 
Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename 2020. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 
 
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SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 
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SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto 
Alegre: Artmed, 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46juntamente com matérias-
primas para medicamentos de valor agregado, in natura (como chás de plantas 
medicinais), preparações galênicas simples (como extratos líquidos e tinturas) e 
fitoterápicos (SIMÕES et al. 2017). 
As plantas medicinais in natura consistem em plantas frescas que são colhidas 
no momento do uso, enquanto as plantas medicinais secas (ou partes delas) passam 
por um processo de coleta, estabilização (se aplicável) e secagem até que estejam 
totalmente disponíveis para moer ou pulverizar. Além disso, as preparações 
fitoterápicas podem ser encontradas na forma de um único fármaco ou em 
composições contendo múltiplos fitoterápicos, ambos em diversas formas 
farmacêuticas (comprimidos, sachês, xaropes, tinturas, líquidos e extrato). Os 
fitoterápicos compostos são produzidos por farmácias de manipulação, enquanto os 
fitoterápicos industrializados são produzidos pela indústria farmacêutica ou 
laboratórios oficiais (SAAD et al. 2018). 
 
7 
 
3 RELEVÂNCIA DA FITOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA 
 
Fonte: bit.ly/3WsZqf9 
As plantas medicinais representam, ainda hoje, os únicos recursos terapêuticos 
de diversas comunidades, especialmente aquelas consideradas mais pobres. A 
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 85% da população dos 
países em desenvolvimento depende da utilização de plantas medicinais para suprir 
cuidados básicos de saúde. Além disso, mesmo em países desenvolvidos, uma 
grande parcela da população utiliza a fitoterapia para o tratamento de doenças. 
Considerando esses aspectos, discutidos na Conferência Internacional sobre 
Cuidados Primários de Saúde que aconteceu em Alma-Ata, no Paquistão, em 1978, 
a OMS passou a recomendar que os países membros incentivassem o uso racional 
de plantas medicinais e fitoterápicos, orientação acatada por muitos países, inclusive 
o Brasil (OMS, 1979; SAAD et al. 2016; SIMÕES et al. 2017). 
O nosso país é imensa diversidade no que diz respeito a sua flora e sua fauna, 
o que significa que o território brasileiro abriga uma infinidade de organismos vivos, 
que representam uma parcela significativa de toda a biodiversidade mundial. Isso já 
seria motivo suficiente para incentivar pesquisadores e especialistas a aproveitarem 
toda essa riqueza natural para a promoção da saúde e do bem-estar da nossa 
população, mas, além disso, o Brasil apresenta uma enorme diversidade cultural que, 
associada à nossa biodiversidade, resultou em um rico conhecimento sobre o uso e 
manejo das plantas medicinais, que tem enorme potencial para ser explorado. 
 
8 
 
Reconhecendo isso e seguindo as orientações da OMS, o Ministério da Saúde lançou 
em 2006 a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que tem como 
objetivo principal: “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de 
plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, 
o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional” (BRASIL, 2016a). 
A fim de cumprir esse objetivo, dois anos depois da implementação da política 
nacional, foi formulado o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, 
que reúne diversas ações visando à regulação e à disseminação do uso medicinal de 
espécies vegetais e seus derivados (BRASIL, 2016a). 
Desde 2006, quando a política nacional foi implementada, várias ações já foram 
conduzidas e têm contribuído para a ampliação da fitoterapia no país. A partir de 2007 
houve a inclusão de fitoterápicos no elenco de referência de medicamentos e insumos 
complementares para a assistência farmacêutica na atenção básica em saúde; 
atualmente, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) conta com 
12 fitoterápicos, além das isoflavonas de soja obtidas da espécie Glycine max. Os 
medicamentos da Rename podem ser solicitados pelas prefeituras municipais para 
serem incluídos em suas Relações Municipais de Medicamentos Essenciais 
(RENUME). Nesse caso, esses medicamentos podem ser distribuídos gratuitamente 
à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (FERRO, 2006). 
Os fitoterápicos, em geral, têm um custo de produção menor do que 
medicamentos convencionais, porque sua obtenção não envolve etapas de 
isolamento ou síntese. Sendo assim, é muito importante a inclusão desses produtos 
no SUS, os quais podem atender um grande número de pessoas de forma efetiva e 
segura a um custo relativamente baixo (KLEIN et al. 2009; SIMÕES et al. 2017; 
BRASIL, 2020). 
O menor custo da produção de fitoterápicos também é um incentivo à inovação 
e ao desenvolvimento das indústrias farmacêuticas nacionais, que, em geral, limitam-
se à produção de medicamentos genéricos e similares. Dessa forma, o valor dos 
produtos repassados ao consumidor também deve ser menor em comparação com 
medicamentos convencionais. Mesmo que o tratamento não seja realizado pelo SUS, 
a fitoterapia, em geral, custa menos para o paciente, até porque existe a opção de que 
ele cultive as plantas medicinais em casa, o que, é claro, deve ser realizado com o 
acompanhamento de um profissional habilitado (KLEIN et al. 2009). 
 
9 
 
A importância das plantas medicinais para a saúde pública não se limita a uma 
redução de custos. Investigações dos efeitos terapêuticos e da segurança de plantas 
medicinais e fitoterápicos mostram que eles podem ser muito úteis para o tratamento 
de várias doenças. Destacam-se condições de saúde complexas que envolvem 
diversas vias, uma vez que esses produtos apresentam diversas substâncias em sua 
composição que podem agir sinergicamente de diferentes formas e tratar o paciente 
de uma forma mais integral. 
Estudos mostram ainda que algumas substâncias são inativas quando estão 
isoladas, mas, no extrato, apresentam atividade porque os demais compostos 
presentes aumentam a sua biodisponibilidade, estabilidade ou solubilidade. É muito 
comum em pesquisas na área de produtos naturais que os extratos de plantas 
apresentem efeitos mais interessantes do que as substâncias isoladas (SAAD et al. 
2016). 
Além disso, estudos mostram que os medicamentos fitoterápicos geralmente 
têm menos efeitos colaterais do que os medicamentos tradicionais. Isso não significa 
que a crença popular de que as plantas medicinais são inofensivas esteja errada. 
Algumas plantas são altamente tóxicas, enquanto outras podem causar efeitos 
colaterais leves a moderados. No entanto, em comparação com os medicamentos 
tradicionais, a maioria das plantas medicinais e fitoterápicos têm menos efeitos 
colaterais, porque estão presentes apenas em pequenas quantidades (SAAD et al. 
2016). 
Outro fato a ser considerado, muitas vezes esquecido tanto pelos profissionais 
médicos quanto pelo poder público, são os saberes comuns ou tradicionais 
relacionados ao uso de plantas medicinais. A fitoterapia faz parte da cultura de 
algumas comunidades e grupos e, por vezes, é passada de geração em geração. Isso 
altera a percepção dessas pessoas em relação ao uso de plantas medicinais e 
fitoterápicos em relação aos tratamentos convencionais. Grande parcela da população 
tem preferência por fitoterápicos e essa preferência é relevante no contexto da saúde 
pública (KLEIN et al. 2009; SAAD et al. 2016; BRASIL, 2014a). 
É claro que provar sua eficácia e segurança é importante para poder fornecer 
efetivamente plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos às pessoas. Este é um 
grande problema na promoção da fitoterapia, pois existe a necessidade de mais 
pesquisas sobre plantas medicinais, principalmente as encontradas no Brasil. Por 
 
10 
 
isso, em 2009 o Ministério da Saúde elaborou uma lista nacional de plantas medicinais 
de interesse do sistema único de saúde (RENISUS). Esta é uma lista de 71 espécies 
de plantas nativas ou adaptadas ao Brasil, amplamente distribuídas pela população e 
consideradas pelo Ministério da Saúde como tendo potencial para produzir produtos 
para o SUS, porém há preocupaçõesquanto à segurança. 
O objetivo de compilar esta lista é ajudar a conduzir pesquisas que possam 
ajudar a desenvolver uma lista de plantas medicinais e fitoterápicos que sejam 
seguros e eficazes para uso da população (BRASIL, 2014b). A maioria das plantas 
medicinais brasileiras são amplamente utilizadas e parecem ter alto potencial 
terapêutico, mas isso é de grande importância, pois ainda não há pesquisas 
suficientes para embasar cientificamente seu uso seguro de espécies vegetais nativas 
ou adaptadas em nosso país (FERRO, 2006). 
Porém, não basta que existam estudos que demonstrem a segurança e eficácia 
das plantas medicinais e fitoterápicos, pois os profissionais médicos prescrevem 
esses produtos e acompanham e monitoram os pacientes que tratam. Esses 
profissionais geralmente desaconselham ignorar essas informações ou oferecer 
opções de tratamento prejudiciais aos pacientes, caso se deparem com situações em 
que os pacientes estão usando ou estão prestes a usar esses produtos (BRASIL, 
2012; SAAD et al. 2016). 
 Ações do Ministério da Saúde que têm contribuído para a capacitação de 
profissionais incluem as publicações do Formulário Fitoterápico e do Memento 
Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. 
O Formulário Fitoterápico apresenta monografias em que são descritos o modo 
de preparo, a indicação de uso, os efeitos adversos e as contraindicações de plantas 
medicinais e fitoterápicos. Farmácias de manipulação podem dispensar os produtos 
descritos no formulário considerando as informações apresentadas. O documento 
auxilia, portanto, no trabalho dos farmacêuticos que atuam nesses estabelecimentos. 
Já o Memento Fitoterápico tem o objetivo de orientar prescritores em relação às 
indicações terapêuticas, formas farmacêuticas, posologia, efeitos adversos e 
contraindicações desses produtos. As monografias das plantas apresentam ainda 
dados de estudos pré-clínicos e clínicos já conduzidos com a planta medicinal 
(BRASIL, 2011; BRASIL, 2016b). 
 
11 
 
Em 2012, foi publicado ainda o Caderno de Atenção Básica que trata da 
fitoterapia, trazendo informações valiosas sobre a promoção do uso racional e seguro 
de plantas medicinais e fitoterápicos na atenção primária (BRASIL, 2012). 
Instituída pela Portaria MS 886/2010, presente na Portaria de Consolidação Nº 
5/2017 (BRASIL, 2017a), que derivou normas próprias como a RDC da ANVISA de Nº 
18/2013 (BRASIL, 2013), a qual dispõe sobre as boas práticas de processamento e 
armazenamento de plantas medicinais, preparação e dispensação de produtos 
magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos em farmácias vivas no 
âmbito do SUS), e se utiliza de outros instrumentos como o Memento Fitoterápico, o 
Formulário Fitoterápico e a Farmacopeia Brasileira. É comum, pelo seu sugestivo 
nome, relacionarem esse termo a outros tipos de estabelecimentos de produção com 
plantas medicinais, comum nas comunidades rurais e associações populares. 
Entretanto há de se ter claro que a Farmácia Viva é voltada para a atenção à 
saúde, que contempla todas as etapas como o cultivo da planta medicinal até a 
manipulação e a dispensação de chás medicinais, fitoterápicos e planta medicinal in 
natura, sob orientação multiprofissional de uso. Ainda, manipula e dispensa 
preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais, sob prescrição de 
profissional habilitado. A Farmácia Viva exige a responsabilidade técnica do 
farmacêutico, que coordena, orienta e supervisiona a equipe. Por outro lado, as ações 
operacionais da Farmácia Viva poderão ser executadas por técnicos capacitados e 
sob supervisão do profissional farmacêutico. 
Após a fabricação, os fitoterápicos e plantas medicinais são dispensados à 
população. Para que a Farmácia Viva cumpra seu objetivo, que é justamente 
aumentar o acesso da população à fitoterapia, os profissionais prescritores dos 
munícipios que abrigam a Farmácia Viva devem ser capacitados e sensibilizados em 
relação ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos (BRASIL, 2017). 
A implantação do Farmácias Vivas é de grande importância para o crescimento 
da fitoterapia no Brasil e os números são animadores. Cerca de 90 mil consultas de 
fitoterapia foram registradas em 2016, segundo dados do Sistema de Informações de 
Saúde da Atenção Básica (SISAB). Além das consultas, já foram realizadas mais de 
5 mil atividades colaborativas sobre plantas medicinais no país (BRASIL, 2017). 
Nessa interação, a Farmácia Viva (FV) constitui-se uma expressão da vontade 
popular pelo uso das plantas medicinais de forma segura e eficaz. Construída a partir 
 
12 
 
da contribuição de Francisco de Abreu Matos e sua experiência com as comunidades 
populares e com a academia no estado do Ceará, a Farmácia Viva é um conceito, é 
um serviço próprio do âmbito público do SUS e está inserida na Assistência 
Farmacêutica. 
Todos os temas aqui discutidos demonstram o papel fundamental que a 
fitoterapia pode desempenhar na saúde pública, mas o crescimento da fitoterapia no 
país e o uso racional e seguro de plantas medicinais e fitoterápicos são necessárias 
mais ações para promover. 
3.1 Conceitos importantes em fitoterapia 
Muitos conceitos importantes no campo da fitoterapia causam confusão tanto 
para o público em geral quanto para os profissionais médicos. Portanto, é muito 
importante entender esses conceitos tendo em vista a orientação adequada dos 
futuros pacientes. Fitoterapia é o uso medicinal sem a utilização de princípios ativos 
isolados, mesmo de origem vegetal, sob a orientação de profissional habilitado, 
conforme definido na Diretriz Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Isso 
significa que a fitoterapia é o tratamento com plantas medicinais ou seus derivados, 
chamados fitoterápicos (FERRO,2006). 
A definição de fitoterapia inclui dois conceitos básicos: plantas medicinais e 
fitoterápicos. Segundo a OMS, plantas medicinais são espécies vegetais utilizadas 
para fins terapêuticos. Esta é uma definição aprovada pelo Ministério da Saúde, 
Trabalho e Bem-Estar. De acordo com a legislação brasileira, fitoterápicos são 
medicamentos derivados exclusivamente de princípios ativos de fitoterápicos ou de 
ervas que contenham fitoterápicos. Os fitoterápicos são obtidos por processos de 
estabilização e secagem de plantas ou partes terapeuticamente eficazes. 
Simplificando, os fitoterápicos são plantas medicinais secas que podem ser inteiras 
ou moídas. 
 Derivados vegetais são produtos obtidos por meio de processos extrativos da 
planta medicinal ou da droga vegetal, podendo ser extratos, óleos essenciais, tinturas, 
entre outros. Isso significa que fitoterápicos não podem apresentar em sua 
composição substâncias ativas isoladas, mesmo que elas sejam obtidas de fontes 
 
13 
 
naturais, porque elas não são consideradas matérias-primas ativas vegetais; do 
contrário são denominados fitofármacos (BRASIL, 2014a BRASIL, 2016a). 
Segundo a legislação brasileira, a definição completa de fitofármaco é a de que 
se trata de uma substância altamente purificada, com estrutura química e atividade 
farmacológica definida, isolada a partir de matéria-prima vegetal. 
Fitofármacos devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa), de acordo com as normas preconizadas na Resolução da Diretoria 
Colegiada (RDC) n. º 24, de 14 de junho de 2011, que dispõe sobre o registro de 
medicamentos específicos (BRASIL, 2011). Já em relação aos fitoterápicos, a Anvisa 
exige, por meio da RDC n. º 26, de 13 de maio de 2014, que, para fins de registro, 
esses produtos apresentem qualidade e segurança, além de eficácia ou efetividade 
demonstradas, assim como qualquer outro medicamento. 
A avaliação de sua eficácia ou a efetividade e a segurança desses produtos 
podem ser comprovadas por estudos pré-clínicos e clínicos ou por dados de uso 
tradicional seguro e efetivo publicados na literatura técnico-científica. Jáo controle da 
qualidade deve ser realizado por meio da identificação e quantificação de marcadores 
(BRASIL, 2014a). 
 Os marcadores são substâncias ou classes de substâncias presentes no 
fitoterápico utilizadas como referência para seu controle de qualidade. Esses 
compostos podem ou não ter relação com a atividade terapêutica, mas é desejável 
que tenham — caso em que são denominados marcadores ativos. Quando o 
marcador selecionado não é responsável pelo efeito medicinal do medicamento, ou a 
sua relação com esse efeito ainda não foi demonstrada, ele é considerado um 
marcador analítico (BRASIL, 2014b). 
 Para que você possa compreender melhor o conceito de marcador é 
importante entender como ocorre o desenvolvimento de um novo fitoterápico. Durante 
esse processo, pesquisadores investigam os efeitos farmacológicos, assim como a 
composição química do fitoterápico em desenvolvimento. Vários estudos pré-clínicos 
são conduzidos com o fitoterápico e seus constituintes isolados, para definir quais 
compostos são responsáveis por essa atividade, os quais são chamados de 
marcadores farmacológicos. Após determinação da composição química do 
medicamento, verificam-se quais são as substâncias presentes em maior quantidade 
 
14 
 
ou que são muito características daquela espécie vegetal ou fitoterápico, que são 
consideradas marcadores químicos. 
 Com todas essas informações, serão definidas as substâncias que serão 
utilizadas para o controle de qualidade do fitoterápico. Essa decisão envolve, 
principalmente, o fato de alterações na quantidade dessas substâncias indicarem 
possíveis problemas na fabricação do medicamento. Um bom marcador é aquele cuja 
variação indica possíveis falhas no processo de obtenção do fitoterápico e, 
idealmente, deve ser fácil de ser identificado e quantificado, além de ter relação com 
o efeito terapêutico (BRASIL, 2014a; SIMÕES et al. 2017). 
Por meio de RDC n. º 26/2014 foram criados dois tipos de fitoterápicos: os 
medicamentos fitoterápicos (MF) e os produtos tradicionais fitoterápicos (PTF). A 
diferença entre eles é a forma como sua segurança e efeitos terapêuticos são 
comprovados. Fitoterápicos que foram submetidos a estudos clínicos e demonstraram 
eficácia e segurança podem ser registrados como MF, enquanto PTF são registrados 
ou notificados com base em dados de uso seguro e efetivo por mais de 30 anos. Esses 
dados devem estar descritos na literatura técnico-cientifica, ou seja, livros, artigos, 
documentos oficiais, entre outros (BRASIL, 2014a). 
Um fitoterápico, independentemente de ser um MF ou PTF, pode ser 
constituído da droga vegetal ou de um derivado vegetal acompanhados ou não de 
excipientes. Quando a droga vegetal é comercializada sem adição de excipientes, ela 
é denominada de chá medicinal. 
 Na Figura 1 você encontra um esquema que ilustra os principais conceitos para 
fitoterápicos industrializados. A RDC n. º 26/2014 trata dos fitoterápicos 
industrializados, que devem ser registrados ou notificados na Anvisa. É possível 
também a comercialização de fitoterápicos magistrais ou manipulados. Farmácias de 
manipulação podem produzir e comercializar fitoterápicos mediante prescrição 
médica, aqueles que estão descritos no Formulário Fitoterápico da Farmacopeia 
Brasileira. Nesse caso, o preparo deve atender o que o documento oficial descreve, 
incluindo indicações de uso e demais orientações (FERRO, 2006). 
 
 
 
 
 
15 
 
 
Figura 1 - Possibilidades de registro de fitoterápicos no Brasil. 
 
Fonte: Adaptada de Brasil (2014c). 
É muito importante ter uma boa compreensão de todos esses conceitos, porque 
as plantas medicinais e os fitoterápicos têm características próprias, que fazem com 
que sua prescrição e o manejo de pacientes que os utilizam sejam diferentes de 
medicamentos compostos de fármacos isolados e sintéticos, ou mesmo de 
medicamentos homeopáticos (FERRO, 2006). Alguns destes conceitos, trabalhamos 
com eles até o presente momento desta exposição. No entanto, precisamos 
aprofundar nossos estudos, tendo em vista as especificidades da farmacologia 
fitoterápica. 
3.2 Fitoterápicos 
A cartilha Plantas medicinais e fitoterápicos (SÃO PAULO, 2019) define a 
fitoterapia como “[...] a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em 
suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, 
 
16 
 
ainda que de origem vegetal”. Uma planta medicinal pode ser definida como a espécie 
vegetal, cultivada ou não, utilizada com fins terapêuticos e/ou profiláticos, enquanto 
fitoterápico é definido pela Anvisa (BRASIL, 2021, p. 11), como 
[...] o produto obtido exclusivamente de matéria-prima ativa vegetal 
(compreende a planta medicinal, ou a droga vegetal ou o derivado vegetal), 
exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa. 
Podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única espécie 
vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de 
uma espécie vegetal medicina. 
Embora, como já indicamos anteriormente, as plantas medicinais venham 
sendo utilizadas desde a Antiguidade, o uso oficial de fitoterápicos só foi reconhecido 
mundialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1978, por meio da 
Declaração de Alma-Ata. No Brasil, o Ministério da Saúde passou a incentivar como 
prioridade o estudo das plantas medicinais para aplicação clínica por meio da Portaria 
nº 212/1981. Em 2006, a fitoterapia foi inserida no Sistema Único de Saúde (SUS), 
sendo que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi regulamentada 
pelo Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006 (BRASIL, 2021). 
Atualmente, são ofertados pelo SUS 12 medicamentos fitoterápicos, listados 
no Quadro 1. 
 
Quadro 1 - Medicamentos fitoterápicos ofertados pelo SUS 
Denominação genérica Apresentação Indicação/ação 
Babosa (Aloe vera (L.) 
Burm. f.) 
Creme, gel Tratamento tópico de 
queimaduras de 1º e 2º graus 
e como coadjuvante nos casos 
de psoríase em placas 
Cáscara-sagrada 
(Rhamnus purshiana DC.) 
Cápsula, tintura Coadjuvante nos casos de 
obstipação intestinal eventual 
Espinheira-santa 
(Maytenus officinalis 
Mabb.) 
Cápsula, emulsão, 
suspensão oral, 
tintura 
Coadjuvante no tratamento de 
gastrite e úlcera 
gastroduodenal e sintomas de 
dispepsia. 
Garra-do-diabo 
(Harpagophytum 
procumbens DC. ex 
Meissn.) 
Cápsula, 
comprimido, 
comprimido de 
liberação retardada 
Tratamento da dor lombar 
baixa aguda e como 
coadjuvante nos casos de 
osteoartrite. Apresenta ação 
anti-inflamatória. 
Guaco (Mikania 
glomerata Spreng.) 
Solução oral, tintura, 
xarope 
Apresenta ação expectorante 
e broncodilatadora 
 
17 
 
Hortelã (Mentha x piperita 
L.) 
Cápsula Tratamento da síndrome do 
cólon irritável. Apresenta ação 
antiflatulenta e 
antiespasmódica. 
Isoflavona-de-soja 
[Glycine max (L.) Merr.] 
Cápsula, comprimido Coadjuvante no alívio dos 
sintomas do climatério. 
Plantago (Plantago ovata 
Forssk.) 
Pó para dispersão 
oral 
Coadjuvante nos casos de 
obstipação intestinal habitual. 
Tratamento da síndrome do 
cólon irritáve 
Salgueiro (Salix alba L.) Comprimido, elixir, 
solução oral 
Tratamento de dor lombar 
baixa aguda. Apresenta ação 
anti-inflamatória. 
Unha-de-gato (Uncaria 
tomentosa (Willd. ex 
Roem. & Schult.) DC.) 
Cápsula, 
comprimido, gel 
Coadjuvante nos casos de 
artrites e osteoartrite. 
Apresenta ação anti-
inflamatória e 
imunomoduladora. 
 
Fonte: Adaptado de Brasil (2020). 
A indústria de fitoterápicos está em constante desenvolvimento em todo o 
mundo, e é crescente o interesse em pesquisas com plantas medicinais a fim de 
comprovar sua eficácia e confirmar as indicações terapêuticas relacionadas ao seu 
uso. Na prática médica, são bem-vistos os medicamentos fitoterápicos e plantas 
medicinais que passam por testes farmacológicos, toxicológicos, pré-clínicos e 
clínicos, representando uma alternativaao uso de medicamentos sintéticos, por sua 
vez relacionados a um maior número de efeitos adversos. O crescimento da indústria 
de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda é impulsionado pela grande 
biodiversidade nacional e pelo conhecimento tanto popular quanto científico a respeito 
dessas plantas (SAAD et al. 2018). 
3.3 Fitocomplexo 
De acordo com a Anvisa (BRASIL, 2021), fitocomplexo é o “[...] conjunto de 
todas as substâncias, originadas do metabolismo primário e/ou secundário, 
responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de 
suas preparações”. 
 
18 
 
Do metabolismo primário de plantas, originam-se proteínas, aminoácidos, 
carboidratos, vitaminas e clorofila. Já o metabolismo secundário origina substâncias 
que não apresentam distribuição universal dentre as espécies vegetais, mas que são 
essenciais para sua adaptação e para sua defesa contra o ataque de patógenos e 
demais agentes. 
Esses metabólitos costumam apresentar potencial relevância terapêutica. As 
plantas medicinais são uma fonte rica em metabólitos secundários. De maneira geral, 
essas substâncias podem ser classificadas em grupos químicos, embora apresentem 
muitas vezes uma grande variabilidade química estrutural. No Quadro 2, é possível 
ver os principais grupos fitoquímicos e suas respectivas características biológicas e/ou 
químicas. 
 
Quadro 2 - Relação dos principais grupos fitoquímicos com suas características 
biológicas e/ou químicas. 
Classe Definição/características Propriedades/características 
Alcaloides Aminas básicas Importantes fármacos (morfina, 
atropina, vincristina) - mais de 12 
mil substâncias conhecidas e 
mais de 13 classes. 
Flavonoides Pigmentos dos vegetais 
(flores, frutos). 
Anti-inflamatórios, antioxidantes 
Glicosídeos Presença de açúcar Mais de 10 classes e mais de 3 mil 
substâncias conhecidas 
Saponinas Glicosídeos com 
características de sabão 
Vários grupos químicos - alguns 
estão envolvidos no metabolismo 
dos esteroides. 
Taninos Polifenólicos, a maioria 
precursora de ácido gálico 
Substâncias adstringentes que 
atuam como antidiarreicos, 
hemostáticos e cicatrizantes. 
 
19 
 
Terpenoides Derivados de unidades de 5 
carbonos de isoprenos (10, 
15, 20, 30, 40, >40). 
Mais de 20 mil substâncias 
conhecidas; seis classes e 
estruturalmente heterogêneas. 
Fonte: Adaptado de Saad et al. 2018. 
A partir de plantas medicinais, também podem ser obtidos os óleos essenciais, 
que consistem em misturas complexas de substâncias voláteis e lipofílicas, 
responsáveis, por exemplo, pelas fragrâncias e aromas. De acordo com Saad et al. 
(2018, p. 29): 
[...] os grupamentos funcionais mais encontrados nos óleos essenciais são 
hidrocarbonetos, alcoóis, aldeídos, cetonas, fenóis, óxidos, éteres e ésteres. 
Assim, os óleos essenciais são misturas bastante complexas, de várias 
substâncias simples, em que cada componente contribui para o efeito 
biológico da mistura como um todo. 
 Dentre as diversas propriedades biológicas dos óleos essenciais, podemos 
destacar as atividades antimicrobiana (como em óleos de cravo-da-índia [Syzygium 
aromaticum], eucalipto [Eucalyptus globulus Labill.] e alecrim [Rosmarinus officinalis]), 
antiexpectorante (como em óleos obtidos das folhas de eucalipto e folhas de hortelã-
pimenta [Mentha x piperita L.]) e estomáquica, carminativa e colagoga (como em óleo 
da casca da laranja-amarga [Citrus aurantium L.]) (SIMÕES et al. 2017). 
3.4 Fitoterapia baseada em evidências 
Os fitoterápicos representam um recurso terapêutico de importância mundial 
promovido por órgãos federais e incorporados ao SUS por meio de políticas nacionais 
de prática integrativa. As plantas medicinais e fitoterápicos oferecem uma alternativa 
ao uso de drogas sintéticas em uma população com crescentes preocupações de 
saúde e bem-estar. 
Porém, para garantir a saúde do paciente e obter os benefícios terapêuticos 
dessas plantas, é importante conhecer a dosagem, uso, contraindicações e efeitos 
colaterais das plantas medicinais, pois grande parte da população desconhece os 
possíveis efeitos tóxicos das plantas medicinais, o modo correto de prepará-las e as 
indicações e contra-indicações de cada planta. Existe uma suposição cientificamente 
 
20 
 
infundada de que os fitoterápicos não prejudicam a saúde dos usuários (BRUNING et 
al. 2012). 
A fitoterapia baseada em evidências incentiva a avaliação crítica de plantas 
medicinais e fitoterápicos como tratamentos alternativos, visando maximizar seus 
benefícios e minimizar efeitos colaterais. Além disso, são realizados estudos de 
eficácia, segurança e qualidade dessas formulações. Assim, através do estudo 
científico das formas vegetais e suas funções terapêuticas busca-se determinar o 
melhor resultado possível que se faz deste tipo de medicamento, sistematizando, 
ainda o aceso a essas informações e análises para que seu uso possa ser feito com 
consciência. Os profissionais médicos estão demonstrando crescente interesse por 
esta área e buscam capacitação e conhecimento para orientar a correta prescrição e 
uso de plantas medicinais e fitoterápicos na terapêutica. 
Por outro lado, muitos profissionais médicos desconhecem o valor da fitoterapia 
por não terem recebido treinamento em fitoterapia durante a faculdade, devendo os 
profissionais de saúde em fitoterapia se atualizarem para promover seu uso 
(BRUNING et al. 2012). 
Atendendo à demanda por plantas medicinais, fitoterápicos, receitas e 
dispensação de fitoterápicos, a Anvisa publicou em 2011 a primeira edição do 
Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. As formulações relacionadas 
nesse formulário podem ser manipuladas pelos estabelecimentos autorizados para 
essa atividade, seguindo a legislação vigente, e servem de referência para o sistema 
de notificação da Anvisa. Em 2021 foi publicada a segunda edição do documento, em 
que foram revisadas as monografias da primeira edição e incluídas novas 
monografias. Nesta mais recente edição, são apresentadas 85 monografias, com um 
total de 236 formulações (BRASIL, 2021). 
A maioria dos fitoterápicos industrializados são isentos de prescrição. A venda 
de produtos prescritos requer experiência no domínio clínico, demonstrando 
conhecimento técnico e científico e habilidades para formular prescrições apropriadas. 
Alguns fitoterápicos vendidos sob prescrição médica incluem ginkgo (Ginkgo biloba 
L.), hipérico (Hypericum perforatum L.), kava-kava (Piper methysticum G. Forst.) e 
valeriana (Valeriana officinalis L). No Quadro 3, são descritas algumas sugestões de 
formulações fitoterápicas para o tratamento de distúrbios menores, como a gripe e a 
estagnação. 
 
21 
 
 
Quadro 3 - Formulações fitoterápicas para o tratamento de distúrbios menores. 
Condição 
clínica 
Principais sinais/ 
indicações 
Plantas indicadas 
para o tratamento 
Sugestão de 
formulação 
Gripe Febre alta 
Sudorese 
Cefaleia 
Dor de garganta 
Tosse 
Secreção amarelada 
Sede 
Mialgia 
Língua com a saburra 
amarelada 
Citrus aurantium 
(laranja-da-terra) 
Echinacea purpurea 
(equinácea) Mentha 
pulegium (poejo) 
Extrato de própolis 
Xarope: 
Tintura de poejo 
5% „ 
Tintura de 
laranjada-terra 5% 
Tintura de guaco 
5% 
Tintura de própolis 
2% 
Mel q.s.p. 100 mL 
Modo de usar: 
tomar 10 mL 3 a 6 
vezes/dia. 
Palpitações e 
arritmias 
Palpitações e 
arritmias ocasionais. 
Obs: situações 
agudas com 
taquicardia ou 
bradicardia intensas 
acompanhadas de 
vertigem e dispneia 
merecem 
investigação 
cardiológica imediata 
Crataegus 
oxyacantha 
(crataego) Valeriana 
officinalis 
(valeriana) 
Chamomila recutita 
(camomila) 
Uso oral: 
Crataegus 
oxyacantha (fruto) 
(extrato seco) 300 
mg (por dose) 
Valeriana 
officinalis (raiz) 
(extrato seco) 50 
mg (por dose) 
Preparar cápsulas 
para 30 dias. Modo 
de usar: tomar 1 
dose 3 vezes/dia. 
Varizes Sensação de 
desconforto e edemaAesculus 
hippocastanum 
(castanha-daíndia) 
Centella asiatica 
(centela) 
Melilotus officinalis 
(meliloto) 
Hamamelis 
virginiana 
(hamamélis) „ Vitis 
vinifera (uva) 
Uso oral: 
Aesculus 
hippocastanum 
(fruto) „ (extrato 
seco 5:1) 200 mg 
(por cápsula) 
Centella asiatica 
(erva) 
(extrato seco 5:1) 
33 mg (por 
cápsula) Preparar 
60 cápsulas. Modo 
de usar: tomar 1 
cápsula 2 
vezes/dia. 
Hemorroidas Dor e desconforto Aesculus 
hippocastanum 
(castanha-daíndia) 
Uso tópico: 
Aesculus 
hippocastanum 
 
22 
 
Aloe sp. (babosa) „ 
Hamamelis 
virginiana 
(hamamélis) „ 
Paeonia alba 
(peônia-branca) 
(tint.) 3,3% 
Paeonia alba (tint.) 
3,3% 
Hamamelis 
virginiana (tint.) 
3,3% Base 
pomada q.s.p. 30 g 
Modo de usar: usar 
4 vezes/dia até a 
melhora dos 
sintomas. 
Dores agudas 
e pós-trauma 
Dor 
Edema 
Vermelhidão 
Hematoma 
Pulso e língua sem 
alterações 
Arnica montana 
(arnica) 
Cordia verbenacea 
(erva-baleeira) 
Harpagophytum 
procumbens (garra-
do-diabo) 
U so tópico: 
Cordia verbenacea 
(folhas) 10% 
Arnica montana 
(flores) 10% Base 
creme ou gel q.s.p. 
30 g Modo de usar: 
aplicar 3 vezes/dia 
no local afetado. 
Dispepsia 
funcional 
(estagnação) 
 
Náuseas e vômitos 
Eructação 
Distensão 
Má digestão 
Língua com saburra 
acentuada 
Baccharis trimera 
(carqueja) 
Cinnamomum 
zeylanicum (canela) 
Citrus aurantium 
(laranja-da-terra) 
Citrus reticulata 
(tangerina) Cynara 
scolymus 
(alcachofra) 
Foeniculum vulgare 
(funcho) Mentha x 
piperita (alevante) 
Peumus boldus 
(boldo-do-chile) 
Plectranthus 
barbatus (boldo 
brasileiro) 
Citrus reticulata 
(casca do fruto) 
(pó) 500 mg (por 
dose) 
Preparar 60 doses. 
Modo de usar: 
tomar uma dose 
após o almoço e o 
jantar por 30 dias. 
Fonte: Adaptado de Saad et al. (2018) 
A partir do conteúdo abordado, foi possível conhecer o histórico da fitoterapia, 
passando pelas antigas civilizações da Índia, China e Egito até os dias atuais, bem 
como alguns conceitos que devem ser distinguidos, como planta medicinal, 
fitoterápico e fitocomplexo. Ainda nesse sentido, apresentamos dados relacionados 
ao uso da farmacologia fitoterápica no âmbito da saúde pública e indicamos como o 
mercado para este tipo de produto tem apresentado crescimento significativo no Brasil 
 
23 
 
e no mundo. Como a fitoterapia representa um recurso terapêutico importante, foram 
apresentados também os principais metabólitos secundários presentes nas plantas 
medicinais e suas propriedades biológicas. Por fim, para nortear o profissional ao 
propor terapias com plantas medicinais, alguns exemplos de formulações fitoterápicas 
foram apresentados. 
 
4 PLANTAS MEDICINAIS E A FITOTERAPIA NO CUIDADO AO PACIENTE 
 
Fonte: bit.ly/3i0LeuO 
Dentre as práticas integrativas e complementares em saúde, a fitoterapia é uma 
das mais conhecidas e mais amplamente utilizadas nos serviços públicos no Brasil e 
no mundo. Os profissionais de saúde têm apresentado interesse crescente nessa 
área, buscando capacitação e conhecimento, com o objetivo de realizar uma 
adequada prescrição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos em seus 
atendimentos. Embora as plantas medicinais sejam utilizadas pela população desde 
tempos imemoriais, o uso inadequado é frequente, devido à falta de conhecimento 
sólido em relação a dosagens, posologia, modo de preparo, contraindicações e 
reações adversas. 
Neste capítulo, você vai conhecer os fatores que têm despertado o interesse 
em fitoterapia pela população e pelos profissionais de saúde. Além disso, vai estudar 
 
24 
 
formas de utilização, reações adversas e contraindicações de plantas medicinais e 
fitoterápicos. 
A partir da segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento da química 
medicinal e da síntese da Aspirina (ácido acetilsalicílico) pela modificação estrutural 
do ácido salicílico isolado da casca do salgueiro, as plantas medicinais passaram a 
ser utilizadas como matéria-prima para a obtenção de fármacos semissintéticos e 
como protótipos para a síntese de novas moléculas (SAAD et al. 2018), dando origem 
a outras formas de acesso e transformação dos princípios e substâncias oriundas das 
plantas medicinais, formando um campo de produção farmacológica industrial. No 
entanto, ainda que o fortalecimento da indústria farmacêutica tenha diminuído o uso 
de plantas medicinais no mundo moderno, observa-se que nas últimas décadas a 
fitoterapia tenha ganhado força. 
Muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização das plantas 
medicinais pela população, entre eles os efeitos adversos relacionados ao uso de 
medicamentos industrializados, o difícil acesso à assistência médica, o aumento do 
consumo de produtos naturais em busca de uma vida mais saudável e a tendência ao 
uso da medicina integrativa (BRASIL, 2019). 
Atualmente, além de matéria-prima para fármacos semissintéticos, as plantas 
medicinais são utilizadas in natura (como em chás de plantas medicinais), em 
preparações galênicas simples (extratos fluidos e tinturas) e em formulações 
farmacêuticas com maior valor agregado, como os fitoterápicos (SIMÕES et al. 2017). 
No Brasil, o Ministério da Saúde, mediante a Portaria nº 212, de 11 de setembro 
de 1981, passou a incentivar como prioridade o estudo das plantas medicinais para 
aplicação clínica. Em 2006, a fitoterapia foi inserida no Sistema Único de Saúde 
(SUS), mediante a Portaria 971/2006, sendo que a Política Nacional de Plantas 
Medicinais e Fitoterápicos foi regulamentada pelo decreto 5.813, de 22 de junho de 
2006 (ANVISA, 2011). 
Em todo o mundo, a indústria de fitoterápicos está em constante 
desenvolvimento, juntamente com o aumento do interesse em pesquisas com plantas 
medicinais, a fim de comprovar sua eficácia e confirmar as indicações terapêuticas 
relacionadas ao seu uso. Os fitoterápicos são uma alternativa ao uso de 
medicamentos sintéticos, os quais estão relacionados a um maior número de efeitos 
adversos. Na prática médica, são bem vistos os medicamentos fitoterápicos e plantas 
 
25 
 
medicinais que passam por testes farmacológicos, toxicológicos, pré-clínicos e 
clínicos. 
O crescimento da indústria de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda 
é impulsionado pela grande biodiversidade nacional e pelo conhecimento tanto 
popular quanto científico sobre essas plantas (SAAD et al. 2018). 
 A produção de medicamentos fitoterápicos no Brasil tem apresentado um 
crescimento exponencial de cerca de 10% ao ano em valores. Em 2018, o mercado 
de fitoterápicos faturou R$ 2,3 bilhões, o que representa 2,2% do mercado 
farmacêutico total (RIBEIRO, 2020). 
De acordo com Ribeiro (2020), o fornecimento de medicamentos fitoterápicos 
somente na cidade de São Paulo cresceu em 662% no período entre 2015 e 2019. 
Somente em 2019, foram distribuídos mais de 6 milhões de fitoterápicos para a 
população paulistana. Essas cifras incluem quatro tipos de medicamentos, sendo três 
deles pertencentes à lista Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME): 
isoflavona-de-soja, garra-do-diabo e espinheira-santa. A valeriana, por sua vez, é 
utilizada no tratamento da depressão e da ansiedade em graus leves. 
4.1 Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos 
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), as plantas medicinais 
podem ser disponibilizadas à população nas formas in natura, seca (droga vegetal), 
fitoterápico manipulado e fitoterápico industrializado. A planta medicinal in natura 
consiste na planta fresca, coletada no momento do uso, enquanto a planta medicinal 
(ou suas partes) seca passa pelos processos de coleta, estabilização (quando 
aplicável) e secagem, podendo ser disponibilizada na forma íntegra, rasurada, 
triturada ou pulverizada. O fitoterápico manipulado é produzido pela farmácia de 
manipulação, enquanto o fitoterápico industrializado é produzido pela indústria 
farmacêutica ou pelo laboratório oficial. 
A planta medicinalin natura pode ser obtida de hortos medicinais ou de 
produtores com alvará de órgãos competentes para tal, os quais devem seguir normas 
de boas práticas de cultivo, que incluem uma adequada qualidade do ar, solo e água. 
O uso de adubos químicos e agrotóxicos no cultivo de plantas medicinais é proibido, 
 
26 
 
uma vez que podem alterar a composição da planta, o que pode levar à perda de seu 
valor medicinal, ou até mesmo provocar efeitos colaterais ou tóxicos. 
As espécies cultivadas podem ser nativas ou exóticas, e geralmente 
encontram-se relacionadas pelos órgãos de saúde nacional, estadual ou municipal. 
Plantas medicinais que são amplamente utilizadas pela população local também 
podem ser fornecidas pelos hortos, desde que seus usos terapêuticos sejam validados 
(BRASIL, 2012). 
A planta in natura costuma ser utilizada na forma de chás, definidos pelo 
Ministério da Saúde (BRASIL, 2012, p. 107), como “[...] formas líquidas obtidas pela 
extração a quente com água, preparadas para uso imediato a partir de plantas frescas 
ou secas. Dependendo da parte da planta utilizada e dos seus constituintes ativos, 
são preparados por infusão ou por decocção”. 
A infusão é indicada para as partes mais flexíveis da planta, como folhas e 
flores. Nesse método de preparação, a água morna ou fervente é vertida sobre a 
planta sólida, com abafamento do recipiente, por um determinado tempo. Já a 
decocção é indicada para partes mais rígidas da planta, como caule e raízes. Nesse 
processo, a planta é deixada em contato com a água em ebulição por um tempo 
determinado (BERMAR, 2014). 
A planta seca (droga vegetal) deve ser processada atendendo às exigências 
sanitárias, em estabelecimentos com infraestrutura adequada. Por meio de 
prescrição, ela é dispensada ao usuário, que pode, de modo semelhante à planta in 
natura, prepará-la por meio de infusão ou decocção (BRASIL, 2012). 
A produção de fitoterápicos manipulados e industrializados deve atender às 
normas regulatórias vigentes, sendo que o processo de manipulação em si é 
regulamentado pela RDC nº 67/2007, que dispõe sobre as boas práticas de 
manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. 
Os fitoterápicos manipulados podem ser preparados a partir da formulação indicada 
na prescrição feita por um profissional de saúde habilitado, ou a partir de uma 
formulação descrita no Formulário Fitoterápico Nacional ou em formulários 
internacionais reconhecidos pela Anvisa (ANVISA, 2018). 
Já as empresas produtoras de fitoterápicos industrializados devem atender às 
normas da RDC nº 301/2019, que dispõe sobre as boas práticas de fabricação de 
medicamentos, e a RDC nº 26/2014, que dispõe sobre o registro de medicamentos 
 
27 
 
fitoterápicos, além das demais normas que complementam as orientações sobre como 
deve ser procedido o registro de produtos fitoterápicos, que incluem a RDC nº 
66/2014, IN nº 02/2014, IN nº 04/2014 e IN nº 05/2014. 
Os fitoterápicos podem ser encontrados em forma de monodroga ou em 
composição com mais de uma droga vegetal, e podem ser comercializados em 
diversas formas farmacêuticas (comprimidos, envelopes, sachês, xaropes, tinturas e 
extratos fluidos) de acordo com necessidade para o uso e a possibilidade tecnológica. 
A seguir são descritas as principais formas farmacêuticas para dispensação de 
medicamentos fitoterápicos (SAAD et al. 2018). 
Envelopes ou sachês — forma tradicional para acondicionamento dos pós em 
doses exatas para serem administrados ao paciente. As plantas em pó e/ou extrato 
seco são pesadas e misturadas até completa homogeneização. Depois, as doses são 
pesadas e acondicionadas em papéis dobrados, denominados envelopes 
farmacêuticos ou sachês. 
 
 Cápsulas — são preparações sólidas em que plantas em pó ou extrato seco 
são acondicionadas em um invólucro solúvel, duro ou mole. Nas cápsulas 
duras, normalmente o invólucro é formado de gelatina, mas pode também ser 
de amido ou de outras substâncias. Nas cápsulas moles, o invólucro de gelatina 
é mais maleável que o das cápsulas duras e também pode acondicionar 
conteúdos líquidos ou semissólidos. 
 Comprimidos — são preparações nas quais plantas em pó ou extratos secos 
são homogeneizados e moldados por compressão, sendo acrescidos ou não 
de excipiente e/ou agentes adjuvantes, como aglutinantes, desintegrantes, 
secantes, lubrificantes, antioxidantes, etc. 
 Tinturas e extratos fluidos — as tinturas devem ser administradas diluídas em 
água, em função do alto teor alcoólico e do forte sabor das plantas. O extrato 
fluido, apesar de ter teor alcoólico menor que a tintura, também deve ser 
diluído, em função do forte sabor e aroma de determinadas plantas. 
A concentração do extrato fluido é superior à tintura em relação à droga vegetal. 
 Xaropes e melitos — os xaropes são preparados a partir do xarope simples 
(base de água destilada + açúcar) e da incorporação de tinturas e/ou extratos 
fluidos, em uma concentração de até 10% em relação ao peso do excipiente. 
 
28 
 
Os melitos são preparações com base de mel, nas quais são incorporadas 
tinturas e/ou extratos fluidos. 
 Pomadas — são preparações de consistência pastosa, tendo como base 
vaselina e lanolina, geralmente em uma proporção de 7:3. São utilizadas como 
insumo ativo tinturas em uma concentração de 10% do peso da pomada. 
Outros excipientes podem ser utilizados, como a base de polietilenoglicol 
(PEG). 
 Cremes — são preparações obtidas a partir de emulsões água–óleo ou óleo–
água, de consistência firme, tendo composições variadas. A base mais utilizada 
é a lanete. Incorpora bem insumos ativos, como tinturas (até 10%), óleos 
vegetais (até 20%) e óleos essenciais. 
 Géis — preparação de aspecto coloidal, obtida a partir de substâncias como 
carboximetilcelulose, ágar-ágar, pectina, alginato de sódio, água, etc. 
 Óvulos vaginais — preparações farmacêuticas de forma ovoide, de constituição 
sólida, introduzidas por via vaginal. Utiliza-se como base uma mistura de 
gelatina, glicerina e água destilada ou a base novata. Incorpora-se até 10% do 
insumo ativo (tinturas ou extratos). 
4.2 Segurança no uso de plantas medicinais 
A maior parte de usuários de plantas medicinais desconhece os efeitos tóxicos 
que podem advir de seu uso, bem como as formas corretas de preparo e as indicações 
e contraindicações de cada planta, pressuposto infundado de que plantas medicinais 
e fitoterápicos não prejudicam a saúde dos usuários (BRUNING et al; 2012). 
Por outro lado, muitos profissionais de saúde não reconhecem o valor da 
fitoterapia, em parte por não receberem a formação sobre o assunto durante a 
graduação. Com isso, faz-se necessário a atualização dos profissionais de saúde 
frente à fitoterapia, a fim de fornecerem informações seguras aos usuários e promover 
o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos (BRUNING et al. 2012). No Quadro 
4 são descritos alguns exemplos de plantas medicinais, com sua respectiva posologia, 
modo de usar, indicações, contraindicações e efeitos adversos. 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
Quadro 4 - Tabela de plantas medicinais 
 
 
 
30 
 
 
Fonte: Adaptado de Brasil (2019). 
No tratamento de diversas condições clínicas, pode ser necessário o uso de 
dois ou mais fármacos, os quais podem não apresentar o efeito terapêutico esperado 
em caso de interação medicamentosa. Muitas plantas medicinais também interagem 
farmacologicamente com outros medicamentos sintéticos e/ou naturais, o que pode 
levar à mudança do efeito do fármaco ou droga vegetal. Alguns exemplos de 
interações medicamentosas bem estabelecidas de plantas medicinais e fitoterápicos 
relatadas por Nicoletti et al. (2007) incluem: 
 Boldo, boldo-do-chile (Peumus boldo Molina) — a boldina, principal alcaloide 
presente nas folhas e cascas do boldo, causa inibição da agregação 
plaquetária. 
Com isso, pacientes que fazemuso de anticoagulantes não devem ingerir ao 
mesmo tempo formulações contendo boldo, pela ação aditiva aos medicamentos 
anticoagulantes. 
 Camomila (Matricaria recutita L.) — interage com anticoagulantes (como a 
varfarina) aumentando o risco de sangramento, com barbitúricos (como 
fenobarbital) e outros sedativos, intensificando ou prolongando a ação 
depressora do sistema nervoso central (SNC). A camomila também reduz a 
absorção de ferro ingerido por meio de medicamentos e/ou alimentos. 
 
31 
 
 Erva-cidreira (Melissa officinalis L.) — interage com depressores do SNC e com 
hormônios tireoidianos. Pode interagir com outras plantas medicinais, 
destacando-se a kava-kava (Piper methysticum G. Forst). 
 Guaraná (Paullinea cupana H.B.K.) — potencializa a ação de analgésicos e, 
por inibir a agregação plaquetária, pode aumentar o risco de sangramento ao 
ser administrado com anticoagulantes. 
 Maracujá (Passiflora incarnata L.) — apresenta ação depressora inespecífica 
do SNC, provocando ação sedativa e tranquilizante. Quando utilizado ao 
mesmo tempo com hipnóticos e ansiolíticos, o maracujá pode intensificar as 
ações desses medicamentos. 
 Valeriana (Valeriana officinalis) — a ação sedativa da valeriana pode ser 
potencializada ao ser administrada concomitantemente com 
benzodiazepínicos, barbitúricos, alguns antidepressivos, narcóticos, álcool e 
anestésicos. 
Grande parte dos fitoterápicos industrializados são isentos de prescrição 
médica, podendo ser prescritos por profissionais como farmacêutico, nutricionistas, 
dentistas, entre outros. 
Para a dispensação de produtos que requerem prescrição médica, exige-se a 
especialização na área clínica, comprovando-se conhecimentos e habilidades para 
uma adequada prescrição. Alguns fitoterápicos vendidos sob prescrição médica 
incluem ginkgo (Ginkgo biloba L.), hipérico (Hypericum perforatum L.), kava-kava 
(Piper methysticum G. Forst.) e valeriana (Valeriana officinalis L). A partir do conteúdo 
abordado, percebe-se o crescente interesse na fitoterapia como prática complementar 
em saúde. 
As plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos representam, atualmente, 
uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos para uma população cada vez 
mais preocupada com a saúde e bem-estar, sendo que a aplicação clínica da 
fitoterapia tem sido também incentivada por órgãos federais. De todo modo, é 
importante conhecer as doses, modo de utilização, contraindicações e reações 
adversas das plantas medicinais, a fim de garantir a saúde do paciente e alcançar o 
benefício terapêutico dessas plantas. 
 
32 
 
5 FITOTERAPIA APLICADA À SAÚDE HUMANA 
 
Fonte: bit.ly/3GgJt59 
A prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos, ou mesmo o manejo de 
pacientes que já utilizam esses produtos, o que é uma realidade constantemente 
vivida por profissionais da saúde, exige um conhecimento sólido em relação às 
potencialidades e também às limitações da fitoterapia. 
Em geral, plantas medicinais e fitoterápicos são indicados para quadros 
patológicos leves a moderados, e são caracterizados por apresentarem mais de um 
mecanismo de ação, devido às várias substâncias que os constituem. Ao mesmo, 
embora não estejam isentos de efeitos adversos, esses medicamentos, em geral, são 
mais bem tolerados em relação aos fármacos sintéticos ou mesmo substâncias 
naturais isoladas. Nesse sentido, existe um grande número de doenças para as quais 
os fitoterápicos, além de úteis, podem ser até mesmo preferíveis em detrimento de 
outros medicamentos. 
O Caderno de Atenção Básica n. º 31, publicado pelo Ministério da Saúde, traz 
uma classificação de categorias de indicações para fitoterápicos, inicialmente 
proposta por Fintelmann e Weiss (2010), que é apresentada no Quadro 5. 
A classificação apresentada no Quadro 5 pode auxiliar profissionais de saúde 
na tomada de decisão sobre a indicação ou não de fitoterápicos para diversas 
condições de saúde dos pacientes. Para exemplificar as possibilidades que a 
 
33 
 
fitoterapia pode ter para a saúde humana, vamos trabalhar alguns exemplos de 
aplicação prática, tomando por base a classificação apresentada (FERRO, 2006). 
 
Quadro 5 - Categorias terapêuticas para fitoterápicos 
Categoria 1 Indicações para as quais os fitoterápicos são a opção terapêutica 
de primeira escolha e, para as quais, como alternativa, não 
existiriam medicamentos sintéticos, ou, se existirem, não seriam 
tão eficientes quanto o fitoterápico. Exemplos: hepatites tóxicas, 
hiperplasia benigna de próstata, entre outros. 
Categoria 2 Indicações para as quais os medicamentos sintéticos podem ser 
substituídos por fitoterápicos. Exemplos: estados leves de 
ansiedade e/ou depressão reativa, dispepsia não ulcerosa 
neoplásica, infecções urinárias inespecíficas, entre outros. 
Categoria 3 Indicações nas quais os fitoterápicos podem ser usados como 
coadjuvantes para uma terapia básica. Exemplo: outras doenças 
hepáticas e das vias respiratórias, entre outras. 
Categoria 4 Indicações nas quais o uso dos fitoterápicos não é adequado, 
caracterizando até mesmo erro médico, pela possibilidade de 
retardar ou impedir uma terapia racional com medicamentos 
sintéticos, mais adequados. Exemplo: tratamento primário do 
câncer. 
Fonte: Ferro, 2006. 
5.1 Casos clínicos 
CASO 01 
B. C, 38 anos, exibia quadros de infecção urinária recorrente, por isso tem 
apresentado dor e desconforto ao urinar, que não cessa devido à irritação da 
mucosa do trato urinário inferior, gerada pelas infecções sucessivas. A fim de 
melhorar os sintomas e prevenir novas recidivas, a ginecologista que acompanha 
a paciente prescreveu a utilização diária de um comprimido de 600mg de extrato 
padronizado das folhas de uva-ursina, contendo 400mg de derivados de 
hidroquinonas calculados como arbutina. A prescrição apresentada pode ser 
considerada uma ótima alternativa para o caso. Entre as plantas indicadas para 
quadros de infecções urinárias de repetição, destaca-se a uva-ursina — 
Arctostaphylos uva-ursi (L.) Spreng. 
No Brasil foi incluída na IN n.º 2/2014 para o tratamento de infecções do trato 
urinário (BRASIL, 2012). 
 
34 
 
Quadros de infecção urinária de repetição, com três ou mais episódios ao ano, são 
indicações adequadas para fitoterápicos. Antibióticos devem ser utilizados para 
combater as infecções, mas, em casos de recidivas frequentes, a utilização dos 
fitoterápicos substitui prescrições adicionais de antibióticos para profilaxia, o que é 
altamente recomendado para prevenir o surgimento de resistência bacteriana. Este 
seria um exemplo da Categoria 2, que também inclui o tratamento de quadros leves 
de ansiedade e insônia, em que medicamentos convencionais psicoativos podem 
ser substituídos por fitoterápicos à base de valeriana (Valeriana officinalis) e 
espécies de maracujá como Passiflora edulis, Passiflora incarnata e Passiflora 
alata (BRASIL, 2018a; BRASIL, 2016b). 
 
CASO 02 
D. V, 18 anos, exibe episódios de asma desde a infância. Quando está em crise, 
apresenta muita tosse e dificuldade para respirar, com a presença de secreção 
amarelo-esverdeada. Há algum tempo o quadro tem evoluído e o paciente tem 
apresentado esses menos sintomas de forma mais leve entre as crises. A fim de 
evitar a evolução da doença, o médico que acompanha D. V decidiu pela prescrição 
de tintura de alho, preparada conforme recomendado no 1º Suplemento do 
Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira, que pode ser obtida em 
farmácias de manipulação. Segue a descrição da fórmula e orientações. Tintura de 
alho (Allium sativum) 20g dos bulbos secos para 100mL de álcool etílico 70%. Diluir 
10mL da tintura em 75mL de água. Administrar duas vezes ao dia (BRASIL, 2018b). 
Neste exemplo, verificamos a utilização de uma espécie presente na nossa rotina 
de alimentação diária como coadjuvante para o tratamento de um quadro de asma, 
um exemplo de indicação daCategoria 3. O alho, segundo o Memento Fitoterápico 
da Farmacopeia Brasileira (2016) é indicado ainda como coadjuvante no 
tratamento de hiperlipidemia e hipertensão arterial leve a moderada e dos sintomas 
de gripes e resfriados, além de auxiliar na prevenção da aterosclerose. Assim como 
o alho, vários medicamentos fitoterápicos são uteis para auxiliar os tratamentos 
convencionais de um grande número de doenças, destacando-se problemas 
respiratórios, cardiovasculares e sintomas do climatério (BRASIL, 2016b). 
 
CASO 03 
 
35 
 
M. E, 25 anos, foi diagnosticada com leucemia. O tratamento quimioterápico tem 
gerado bastante desconforto, incluindo enjoo, perda de apetite e mucosite oral, 
uma inflamação dolorosa da mucosa da boca. No caso de M. E, plantas medicinais 
ou fitoterápicos podem ajudá-la? A resposta é sim, mas não em relação ao 
tratamento primário do câncer. Atualmente, o câncer é uma das indicações para os 
quais os fitoterápicos não são indicados. Plantas medicinais são fontes de 
quimioterápicos, como a vimblastina, isolado da vinca (Catharanthus roseus), e, 
embora muitos estudos sejam feitos com espécies vegetais que mostram 
potenciais efeitos antitumorais, atualmente, a utilização de fitoterápicos para o 
tratamento do câncer em si não é considerada (BRASIL, 2012; SIMÕES et al. 
2017). 
No entanto, muitas plantas medicinais têm ajudado a promover a saúde dos 
pacientes em tratamento quimioterápico e a reduzir os efeitos colaterais causados 
por esses medicamentos. As inflamações da mucosa do trato gastrointestinal, por 
exemplo, as mucosites, são achados comuns em pacientes em tratamento do 
câncer, e muitas plantas têm se mostrado úteis no combate a esse efeito adverso. 
Para M. E, por exemplo, uma opção seria a utilização de fitoterápicos à base de 
camomila (Matricaria chamomilla) ou babosa/aloe vera (Aloe vera) aplicados 
topicamente na mucosa oral. Essas espécies mostraram efeitos positivos em 
estudos clínicos para quadros como o da paciente em questão (ALMEIDA et al. 
2020). 
Este exemplo, como outros, representa apenas uma fração do potencial 
terapêutico holístico dos fitoterápicos na promoção da saúde e bem-estar de 
pacientes com diversas condições médicas. É importante desenvolver o 
conhecimento desta prática que beneficia tantas pessoas. 
 
 
36 
 
6 FITOTERAPIA APLICADA NAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS 
 
Fonte: bit.ly/3YOEkJU 
No Brasil, o uso da fitoterapia para tratar algumas condições médicas tem sido 
incluído nos serviços públicos de saúde. Orienta, nesse sentido, os profissionais de 
saúde sobre os procedimentos de tratamento e como apresentá-los aos pacientes 
como opções de tratamento econômicas que podem ser combinadas com outras 
formas terapêuticas e farmacológicas. 
Neste capítulo, você aprenderá sobre fitoterapia para doenças respiratórias, 
doenças cardiovasculares, obesidade e síndrome metabólica. 
6.1 Fitoterapia nas patologias respiratórias 
Medicamentos fitoterápicos são frequentemente usados para doenças 
respiratórias. Muitas infecções respiratórias são acompanhadas de tosse, dor de 
garganta, congestão nasal e catarro intenso. Por exemplo, o resfriado comum consiste 
em infecções do trato respiratório superior causadas por vírus e pode se manifestar 
como rinite, faringite, sinusite e laringite. O uso de plantas medicinais pode ajudar 
significativamente na melhorar dos sintomas do resfriado sem afetar a maquinaria 
mucociliar do trato respiratório superior, evitando o aumento do risco de infecções 
bacterianas e virais. 
 
37 
 
Medicamentos fitoterápicos podem ser usados para apoiar a terapia antibiótica. 
Muitas plantas são usadas na forma de chás caseiros para aliviar problemas 
respiratórios, principalmente folhas de sabugueiro, flores de tília e flores de rainha do 
prado. 
6.2 Principais patologias respiratórias 
Pneumonia 
 
A fitoterapia em combinação com alimentos funcionais também é um 
importante auxílio na prevenção e superação de doenças respiratórias, inclusive a 
pneumonia, devendo ser apresentada ao público em geral com cautela, efeitos 
colaterais, porém são necessárias mais evidências científicas quanto à eficácia e 
biossegurança. 
 
Bronquite, asma e alergias 
 
Os xaropes fitoterápicos são muito utilizados em pediatria, principalmente para 
crianças a partir de 1 ano, quando só então é recomendada a ingestão de mel. Os 
xaropes fitoterápicos são usados, sobretudo, para o tratamento de bronquite, asma, 
afecções da garganta e alergias respiratórias. Os efeitos terapêuticos de plantas como 
agrião, ameixa, alho, capim-limão, couve, hortelã, milho, urtiga-branca, limão, romã, 
urucum, beterraba e mastruz são peitorais, emolientes e expectorantes. Algumas 
plantas medicinais atuam, com evidência comprovada cientificamente, no trato 
respiratório. São relevantes as seguintes plantas: 
 
Mikania glomerata Spreng 
 
Comumente conhecido como guaco, possui informações etnofarmacológicas 
atribuídas às propriedades tônicas, purificantes, antitérmicas, estimulantes do apetite, 
antigripais, sendo indicado para dores de garganta pelo uso das folhas fervidas para 
gargarejos. seus efeitos broncodilatadores. 
 
 
38 
 
 
Eucalyptus globulus Labill 
 
O eucalipto é um dos remédios caseiros mais populares. Possui forte odor 
peculiar e é amplamente utilizado em desinfetantes e detergentes com ação 
bactericida. Seus óleos essenciais são conhecidos por aliviar febre, inflamação, gripe, 
coriza, rinite, sinusite, tosse, asma, relaxar, limpar e controlar a ansiedade. Também 
é ideal para inalação, pois alivia dores musculares e reumatismo e descongestiona as 
vias respiratórias. 
 
Nasturtium officinale R.Br. 
 
Popularmente conhecida como agrião, esta planta é utilizada na medicina 
popular brasileira, utilizando as partes aéreas para tratar bronquite, gripe, faringite e 
laringite. 
 
Óleos essenciais 
 
A utilização de óleos essenciais de plantas, como os óleos de hortelã e de 
eucalipto, tem sido útil na desobstrução das vias aéreas nasais. O resultado é 
observado quando um paciente com obstrução nasal inala o óleo de hortelã, 
apresentando uma melhora ao respirar. Os óleos essenciais estão disponíveis para 
aplicação tópica em várias formas, como pomadas nasais, gotas nasais, inalantes de 
vaporização, inalantes em aerossol ou, ainda, como ingredientes de comprimidos, 
pastilhas ou gargarejos. 
A inalação do vapor de uma preparação de chá de camomila, folhas de hortelã 
ou anis, a vaporização do álcool de melissa junto com camomila ou o banho quente 
de um sal de banhos, contendo óleos essenciais, são procedimentos comuns e de 
fácil realização, mesmo em casa. A utilização de pastilhas, comprimidos mastigáveis 
e gargarejos contendo substâncias ou misturas de óleos essenciais, como o óleo de 
anis, eucalipto, hortelã, mentol, funcho, mentol e bálsamo de tolu é indicada para o 
alívio da inflamação local na cavidade oral e como supressor da tosse. 
 
 
39 
 
Plantas mucilaginosas 
 
O muco vegetal pode suprimir a tosse, formando uma camada protetora que 
protege as superfícies mucosas dos irritantes. 
 
Plantas expectorantes 
 
Os agentes fitoterápicos expectorantes influenciam a consistência, a formação 
e o transporte das secreções bronquiais. A utilização desses fitoterápicos tem sido 
descrita há séculos, podendo-se observar redução da viscosidade do muco devido à 
presença de água nos chás. Muitos temperos, como pimenta comprida, cubeba, 
gengibre e cúrcuma, são compostos presentes em medicamentos para a tosse na 
medicina tradicional chinesa e indiana. Já as plantas que contêm saponinas 
(constituinte glicosídico associado a um terpenoide de aglicona) exibem ação 
expectorante. As folhas de hera são muito prescritas para o tratamento de distúrbios 
com secreção espessa do trato respiratório superior e no tratamento sintomático de 
doenças bronquiais inflamatórias

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