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<p>1</p><p>CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>e suas tecnologias</p><p>Eduardo Antônio Dimas e Tiago Rozante</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>História para</p><p>vestibular medicina</p><p>5ª edição • São Paulo</p><p>2019</p><p>© Hexag Sistema de Ensino, 2018</p><p>Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019</p><p>Todos os direitos reservados.</p><p>Autores</p><p>Eduardo Antônio Dimas</p><p>Tiago Rozante</p><p>Diretor geral</p><p>Herlan Fellini</p><p>Coordenador geral</p><p>Raphael de Souza Motta</p><p>Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica</p><p>Hexag Sistema de Ensino</p><p>Diretor editorial</p><p>Pedro Tadeu Batista</p><p>Editoração eletrônica</p><p>Arthur Tahan Miguel Torres</p><p>Claudio Guilherme da Silva Souza</p><p>Eder Carlos Bastos de Lima</p><p>Fernando Cruz Botelho de Souza</p><p>Matheus Franco da Silveira</p><p>Raphael de Souza Motta</p><p>Raphael Campos Silva</p><p>Projeto gráfico e capa</p><p>Raphael Campos Silva</p><p>Foto da capa</p><p>pixabay (http://pixabay.com)</p><p>Impressão e acabamento</p><p>Meta Solutions</p><p>ISBN: 978-85-9542-129-5</p><p>Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o</p><p>ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição</p><p>para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre</p><p>as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.</p><p>O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-</p><p>quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.</p><p>2019</p><p>Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.</p><p>Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP</p><p>CEP: 04043-300</p><p>Telefone: (11) 3259-5005</p><p>www.hexag.com.br</p><p>contato@hexag.com.br</p><p>CARO ALUNO</p><p>O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos</p><p>principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo</p><p>enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.</p><p>Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.</p><p>No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.</p><p>O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno</p><p>realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.</p><p>Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos</p><p>principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.</p><p>O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:</p><p>TEORIA</p><p>Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-</p><p>tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações</p><p>dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o</p><p>estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.</p><p>TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)</p><p>Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses</p><p>compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível</p><p>e de bom entendimento aos olhos do estudante.</p><p>Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.</p><p>INTERATIVIDADE</p><p>Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o</p><p>repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno.</p><p>Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões</p><p>de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos</p><p>critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de</p><p>hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.</p><p>Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química,</p><p>história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-</p><p>nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender</p><p>que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.</p><p>APLICAÇÃO NO COTIDIANO</p><p>Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o</p><p>contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de</p><p>fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já</p><p>aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu</p><p>dia a dia.</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve</p><p>conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas</p><p>habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-</p><p>vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua</p><p>prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.</p><p>ESTRUTURA CONCEITUAL</p><p>Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles</p><p>é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e</p><p>fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos</p><p>ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.</p><p>A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu</p><p>sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.</p><p>Herlan Fellini</p><p>SUMÁRIO</p><p>HISTÓRIA</p><p>HISTÓRIA GERAL</p><p>HISTÓRIA DO BRASIL</p><p>Aulas 1 e 2: Antiguidade oriental 7</p><p>Aulas 3 e 4: Grécia 29</p><p>Aulas 5 e 6: Roma: monarquia e república 51</p><p>Aulas 7 e 8: Roma: crise da república e império 67</p><p>Aulas 9 e 10: Império Bizantino e civilização muçulmana 81</p><p>Aulas 1 e 2: Formação de Portugal e navegações ultramarinas 95</p><p>Aulas 3 e 4: América</p><p>ACRITAS</p><p>AsineMotone</p><p>Corone</p><p>Pilos</p><p>Mesene</p><p>Ciparisia</p><p>Turia</p><p>Faras</p><p>Cardamile</p><p>Talamas</p><p>Mte Itome</p><p>Aulón</p><p>FIGALIA</p><p>MEGALÓPOLIS</p><p>MANTINEA</p><p>Belemina</p><p>Pelana</p><p>Terapne</p><p>Amiclas</p><p>Helos</p><p>Selasia</p><p>Oion</p><p>Gerontras</p><p>Acrias</p><p>Asopo</p><p>Beas</p><p>Epidauro Limera</p><p>Zárax</p><p>Cifanta</p><p>Brasias</p><p>Tiro</p><p>Tirea</p><p>ARGOS</p><p>EPIDAURO</p><p>OLIMPIA</p><p>TEGEA</p><p>A R C A D I A</p><p>ESTINFALO</p><p>CABO MALEA</p><p>Esparta</p><p>Neda</p><p>Alfeo</p><p>Pam</p><p>iso</p><p>Eurotas</p><p>P A R N Ó N</p><p>M</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>N</p><p>I</p><p>A T A I G E T O</p><p>Territorio da Lacônia</p><p>Cidade soberana</p><p>Periecos</p><p>Frontera da Lacônia</p><p>Límites hipotéticos</p><p>do territorio de Esparta</p><p>Território da Lacônia</p><p>Fronteira da Lacônia</p><p>Território da Lacônia</p><p>Fronteira da Lacônia</p><p>Disponível em: < https://es.wikipedia.org/wiki/Esparta> Acessado em: 22 Dez. 2015.</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>Fundada no século IX a.C. pelos invasores dórios, Esparta foi uma das primeiras cidades-Estado gregas,</p><p>localizada na fértil planície da Lacônia, às margens do rio Eurotas, na península do Peloponeso. Os aqueus,</p><p>antigos habitantes da região ou aliaram-se aos invasores, ou foram escravizados, ou fugiram. Isolada pelas mon-</p><p>tanhas e sem saída para o mar, Esparta era uma cidade-estado fechada sobre si mesma e avessa a influências</p><p>externas.</p><p>35</p><p>Sociedade e economia</p><p>A sociedade espartana apresentava três ca-</p><p>madas básicas: os espartanos ou esparciatas, os</p><p>periecos e os hilotas. Os esparciatas formavam a</p><p>camada dominante uma vez descendentes dos con-</p><p>quistadores dórios. Gozavam de direitos políticos e</p><p>dedicavam-se às atividades militares. Os periecos,</p><p>descendentes das populações originárias da Lacô-</p><p>nia que aceitaram pacificamente a dominação dória,</p><p>formavam uma camada de agricultores livres. Culti-</p><p>vavam as terras periféricas menos férteis, ou dedi-</p><p>cavam-se ao artesanato e ao comércio. Os hilotas,</p><p>descendentes dos povos submetidos durante a inva-</p><p>são dória, constituíam a camada mais baixa da socie-</p><p>dade espartana. Eram servos pertencentes ao Estado</p><p>à disposição dos esparciatas para o cultivo da terra.</p><p>Presos à terra, não podiam ser vendidos.</p><p>Organização política</p><p>Dois reis (diarquia), um conselho e uma as-</p><p>sembleia exerciam o poder, segundo a constituição de</p><p>Esparta, A Grande Retra – código de leis atribuído ao</p><p>lendário Licurgo cujo caráter sagrado, portanto imutá-</p><p>vel, assegurava privilégios aos cidadãos esparciatas.</p><p>A instituição política mais importante era a Ge-</p><p>rúsia, o Conselho dos Anciãos, composto por 28 cida-</p><p>dãos maiores de 60 anos e cargo vitalício. Seu papel</p><p>preponderante era conduzir a política externa, atividade</p><p>fundamental num estado militarista.</p><p>A Diarquia exercia o poder executivo em tempo</p><p>de guerra e oficiava as cerimônias religiosas que prece-</p><p>diam os combates.</p><p>A Ápela, Assembleia dos Cidadãos, contava</p><p>com a participação de todos os espartanos adultos, se</p><p>bem que tivesse papel secundário na organização polí-</p><p>tica de Esparta.</p><p>O regime político sofreu transformações propor-</p><p>cionais às mudanças na estrutura econômica e social.</p><p>Economia e sociedade caminharam para o imobilismo,</p><p>o que explica o governo espartano mais conservador,</p><p>menos progressista.</p><p>Com o tempo, o poder supremo passou a ser</p><p>monopolizado pela Gerúsia e pelos dois reis, que pau-</p><p>latinamente foram perdendo poder. Os gerontes, vitalí-</p><p>cios e escolhidos por aclamação na Assembleia, tinham</p><p>papel decisivo em assuntos de política externa. A Ápela</p><p>virou órgão apenas consultivo cujos votos eram mani-</p><p>festados por aplauso.</p><p>O Poder Executivo passou a ser exercido pelos</p><p>Éforos, cinco magistrados escolhidos pela Gerúsia en-</p><p>carregados de zelar pelo respeito às leis, pela educação</p><p>das crianças e pela fiscalização da vida pública dos ci-</p><p>dadãos e da conduta dos reis.</p><p>Daquele governo oligárquico só participava uma</p><p>minoria de cidadãos, os esparciatas, os homoioi (iguais).</p><p>O objetivo fundamental do regime político de Esparta</p><p>era conservar o status quo, a situação vigente de privi-</p><p>légios da aristocracia e de dominação sobre os escravos.</p><p>Com as mudanças estruturais do século VII a.C.,</p><p>Esparta regrediu culturalmente. O governo passou a</p><p>estimular o laconismo, a xenofobia e a xenelasia. Por</p><p>laconismo, entende-se falar tudo em poucas palavras,</p><p>o que limita a capacidade de raciocínio e o espírito</p><p>crítico dos falantes. A xenofobia e a xenelasia – aver-</p><p>são e expulsão de estrangeiros – impediam o contato</p><p>dos espartanos com ideias inovadoras, consideradas</p><p>subversivas para o sistema.</p><p>A educação rigidamente militarista dos espar-</p><p>ciatas contribuía significativamente para a manutenção</p><p>dessa estrutura política e social fechada. As crianças sãs</p><p>ficavam com suas famílias até os sete anos de idade,</p><p>quando os meninos eram entregues aos cuidados do</p><p>Estado para que tivessem uma rígida educação militar.</p><p>Dos dezoito aos sessenta anos serviam no exército. Ca-</p><p>samento, só depois dos trinta anos, quando então rece-</p><p>biam seu lote de terra e passavam a ser cidadãos.</p><p>Aos cidadãos cabia viver para o Estado, guerrear</p><p>e procriar para fortalecer o exército.</p><p>O Estado espartano adotou o tipo de organiza-</p><p>ção adequado a fim de evitar mudanças radicais e de</p><p>garantir o domínio da minoria dória sobre a maioria es-</p><p>crava. Esparta permaneceu nesse sistema até o século</p><p>IV a.C.</p><p>36</p><p>Atenas: a cidade-Estado democrática</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>Atenas foi fundada na Ática, uma península</p><p>do mar Egeu, numa planície, a poucos quilômetros do</p><p>mar e protegida de invasores por colinas, como sem-</p><p>pre foi, notadamente dos dórios. Povoaram-na aqueus,</p><p>eólios e jônios, de quem os atenienses se considera-</p><p>vam originários.</p><p>De acordo com a lenda, a fundação de Atenas foi</p><p>atribuída ao mitológico Teseu, que lutou contra o mons-</p><p>tro Minotauro, na ilha de Creta, libertando-a do jugo do</p><p>monstro. Na realidade, a formação da cidade-Estado foi</p><p>consequência da desagregação da comunidade gentíli-</p><p>ca (genos) e da fusão de tribos que habitavam a penín-</p><p>sula da Ática.</p><p>Sociedade e economia</p><p>No século VIII a.C., a economia de Atenas era</p><p>ainda essencialmente rural. Mas atividades artesanais e</p><p>comerciais já ultrapassavam os limites da Ática. A pro-</p><p>ximidade de Atenas do mar Egeu abriu-a a influências</p><p>externas, facilitou sua participação no movimento de</p><p>colonização e transformou-a numa pólis de navegado-</p><p>res e comerciantes.</p><p>A camada social dominante era constituída pe-</p><p>los eupátridas, bem-nascidos, grandes proprietários</p><p>de terras férteis cultivadas por escravos, rendeiros e as-</p><p>salariados.</p><p>Os georgois (agricultores) possuíam terras</p><p>pouco férteis junto das montanhas. Ficaram em si-</p><p>tuação difícil com o desenvolvimento comercial, pois</p><p>as importações de cereais faziam concorrência com</p><p>seus produtos. Em épocas de colheitas ruins, toma-</p><p>vam empréstimos aos eupátridas, dando a própria</p><p>terra como penhor. Resultado: muitos perdiam as</p><p>propriedades e tornavam-se rendeiros. Se tivessem</p><p>empenhado o próprio corpo, tornavam-se escravos e</p><p>podiam ser vendidos ao exterior. Outros iam para as</p><p>cidades engrossar a camada dos marginalizados, os</p><p>thetas (os que recebiam menos de 200 medimnos</p><p>por ano).</p><p>Os artesãos (demiurgos) eram trabalhadores</p><p>livres cujas atividades concentravam-se na região litorâ-</p><p>nea. A classe dos metecos, cerca de 100 mil, era forma-</p><p>da por estrangeiros residentes em Atenas. Dedicavam-</p><p>-se geralmente ao artesanato e ao comércio. Pagavam</p><p>impostos, prestavam serviço militar e eram privados de</p><p>direitos políticos.</p><p>Os escravos constituíam a maioria da popula-</p><p>ção de Atenas, mão de obra básica e responsável pela</p><p>economia ateniense. Desempenhavam todas as ativi-</p><p>dades manuais, dos serviços domésticos ao trabalho</p><p>na agricultura.</p><p>Evolução política</p><p>Da monarquia à oligarquia</p><p>A monarquia ou realeza foi a primeira forma</p><p>de governo de Atenas, exercida por um rei (basileus).</p><p>Durante o período Arcaico, a nobreza eupátrida for-</p><p>taleceu-se e progressivamente, limitou o poder do</p><p>basileus. Esse processo, culminou no século VII a. C.</p><p>com a substituição</p><p>da realeza pelo arcontado, órgão</p><p>de caráter executivo. O governo passou a ser exercido</p><p>por nove arcontes eleitos anualmente pelo areópago</p><p>– conselho eupátrida que detinha o poder legislativo.</p><p>Com o arcontado, o regime de governo passou de mo-</p><p>nárquico para oligárquico.</p><p>Os legisladores</p><p>A colonização resultante da Primeira Diáspo-</p><p>ra havia ampliado os horizontes do mundo grego.</p><p>Comerciantes e artesãos tornaram-se cada vez mais</p><p>numerosos e ascendiam na escala social. Passaram</p><p>a fazer oposição à oligarquia dos eupátridas que a</p><p>atacava em dois flancos: pelos comerciantes enrique-</p><p>cidos ávidos pela participação do governo e pelos</p><p>pobres que reivindicavam a abolição da escravidão</p><p>por dívida e a repartição das grandes propriedades.</p><p>37</p><p>Os séculos VII e VI a.C. mostravam uma Atenas em</p><p>constante ebulição social. Parte da aristocracia eu-</p><p>pátrida, temerosa de perder seus privilégios, propôs</p><p>uma reforma social planejada por dois eminentes le-</p><p>gisladores: Drácon e Sólon.</p><p>Em 621 a.C., Drácon foi encarregado de pre-</p><p>parar uma legislação escrita em substituição à oral. A</p><p>severidade de suas leis previa pena de morte para a</p><p>maioria dos crimes. Em razão disso, 27 séculos depois,</p><p>draconiano continua sendo um adjetivo sinônimo de</p><p>rigoroso, cruel. Contudo, tal legislação teve a importân-</p><p>cia de passar a administração da justiça das mãos dos</p><p>eupátridas para o Estado, que se fortaleceu. No plano</p><p>político, no entanto, nada mudou. Os eupátridas manti-</p><p>veram o monopólio do poder, uma vez apoiados agora</p><p>na lei escrita.</p><p>Como a legislação de Drácon não resolveu a cri-</p><p>se, em 594 a.C. foi indicado um novo legislador: Sólon,</p><p>aristocrata de nascimento e comerciante de profissão.</p><p>Suas reformas abrangeram os três aspectos fundamen-</p><p>tais da vida ateniense.</p><p>§ Economia: a nova legislação estimulou o de-</p><p>senvolvimento comercial e industrial; promoveu</p><p>a vinda de artesãos estrangeiros (metecos); do-</p><p>tou Atenas de um padrão monetário fixo; im-</p><p>pulsionou a exploração das minas de prata de</p><p>Laurion; estabeleceu um sistema de pesos e me-</p><p>didas; e proibiu a exportação de cereais.</p><p>§ Sociedade: a nova legislação concedeu anistia</p><p>geral; limitou os excessos da legislação de Drá-</p><p>con; regulamentou a lei de herança, restringindo</p><p>os direitos dos primogênitos; e, o mais impor-</p><p>tante, decretou a seisachteia, que consistia na</p><p>proibição da escravidão por dívida.</p><p>§ Política: foi abolido o monopólio do poder pela</p><p>aristocracia eupátrida e instituído um sistema de</p><p>participação baseado na riqueza dos cidadãos</p><p>(regime censitário).</p><p>O objetivo principal da nova legislação foi es-</p><p>tabelecer uma justiça correta para todos, isto é, uma</p><p>justiça baseada na igualdade de todos perante a lei. As</p><p>reformas de Sólon lançaram os fundamentos do futuro</p><p>regime democrático de Atenas implantado por Clíste-</p><p>nes, em 507 a.C.</p><p>As reformas de Sólon não foram inteiramente</p><p>aplicadas devido às rivalidades políticas entre os par-</p><p>tidos. Ao fim e ao cabo, essas agitações criaram condi-</p><p>ções para a liderança de homens que viriam a tomar o</p><p>poder à força, os tiranos.</p><p>Os tiranos</p><p>As tiranias em Atenas não tinham, necessa-</p><p>riamente como hoje, um sentido de governo opres-</p><p>sivo, mas foram caracterizadas por governadores</p><p>enriquecidos pela expansão econômica. Apesar de</p><p>grandes proprietários, não tinham participação polí-</p><p>tica no governo da aristocracia eupátrida. Graças ao</p><p>apoio das massas pobres descontentes, tornaram-se</p><p>líderes políticos e derrubaram aquela secular forma</p><p>de governo.</p><p>Psístrato, primeiro tirano ateniense, fez uma</p><p>reforma agrária e enfraqueceu os eupátridas. Sucedido</p><p>pelos filhos Hiparco e Hípias, os resultados não foram os</p><p>mesmos, uma vez que eles não prosseguiram as refor-</p><p>mas pelo pai e perderam o apoio popular.</p><p>Em 510 a.C., Hípias foi deposto e o poder foi</p><p>conquistado por Iságoras, um tirano impopular que con-</p><p>tava com o apoio dos eupátridas. A reação eupátrida</p><p>chegou ao fim quando uma nova insurreição do partido</p><p>popular (demos), em 507 a.C., resultou na ascensão de</p><p>Clístenes ao governo de Atenas.</p><p>A democracia ateniense</p><p>Apesar de origem aristocrática, Clístenes não</p><p>pretendeu restabelecer a velha ordem da nobreza. Tra-</p><p>çou um projeto que estabelecesse sim um governo ba-</p><p>seado na isonomia, isto é, baseado na igualdade dos</p><p>cidadãos perante a lei.</p><p>A primeira medida tomada por Clístenes foi a di-</p><p>visão da população da Ática em três zonas, para evitar</p><p>as alianças entre as tradicionais famílias eupátridas: o</p><p>litoral (parália), o interior (mesógia) e a cidade (ásty).</p><p>Cada uma dessas zonas, por sua vez, foi dividida em dez</p><p>unidades. Da reunião das unidades de cada zona – do</p><p>litoral, da cidade e do interior – formou-se uma tribo,</p><p>que totalizou dez tribos na Ática. Essas dez tribos, a me-</p><p>nor unidade de divisão criada por Clístenes, eram for-</p><p>madas pelos demos. O demos foi a base desse sistema</p><p>de governo, razão pela qual a reforma de Clístenes ficou</p><p>conhecida pelo nome de democracia. O governo passou</p><p>a ser exercido por três poderes: legislativo (assembleias</p><p>da Bulé e da Eclésia); judiciário (tribunais da Heliae); e</p><p>executivo (estrátegos eleitos pela Eclésia).</p><p>38</p><p>©</p><p>G</p><p>io</p><p>va</p><p>nn</p><p>i D</p><p>al</p><p>l’ O</p><p>rto</p><p>/ W</p><p>ik</p><p>im</p><p>ed</p><p>ia</p><p>C</p><p>om</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>Óstraco ateniense com o nome de Mégacles,</p><p>condenado ao ostracismo em 486/7 a.C.</p><p>Os princípios básicos da reforma de Clístenes</p><p>rezavam: direitos políticos para todos os cidadãos; par-</p><p>ticipação direta dos cidadãos no governo por compare-</p><p>cimento à assembleia ou por sorteio, caso se tratasse</p><p>da escolha do ocupante de algum cargo. No entanto,</p><p>despossuídos de cidadania, os estrangeiros (metecos),</p><p>as mulheres e os escravos foram proibidos de participar</p><p>do regime democrático.</p><p>Instituiu-se o ostracismo, a suspensão de direi-</p><p>tos políticos de cidadãos considerados nocivos ao Esta-</p><p>do. Uma vez por ano, oferecia-se aos cidadãos atenien-</p><p>ses a oportunidade de denunciar num caco de barro</p><p>(ostrakon) o nome de quem ameaçasse a democracia.</p><p>Com um número suficiente de votos, este era ostraci-</p><p>zado, isto é, forçado a deixar Atenas por dez anos. A</p><p>votação do ostracismo se dava na Assembleia.</p><p>A reforma de Clístenes trouxe um período de</p><p>estabilidade a Atenas e permitiu a formação de um sis-</p><p>tema coeso, capaz de enfrentar com sucesso um longo</p><p>período de perturbações externas, como as guerras</p><p>pérsicas, que auxiliaram a consolidação das institui-</p><p>ções atenienses.</p><p>Período Clássico (séc. V e IV a.C.)</p><p>O período Clássico foi o das hegemonias e im-</p><p>perialismo no mundo grego (séculos V e IV a.C.). A</p><p>primeira potência dominante foi Atenas, seguida por</p><p>Esparta e Tebas. As guerras médicas ou pérsicas pro-</p><p>jetaram a hegemonia ateniense até a Guerra do Pelo-</p><p>poneso. Depois das hegemonias espartana e tebana,</p><p>o mundo grego foi anexado por Filipe II ao Reino da</p><p>Macedônia e, na fase seguinte, ao Império Helênico de</p><p>Alexandre Magno.</p><p>As guerras médicas (490-479 a.C.)</p><p>As Guerras Médicas, ou pérsicas, foram</p><p>resultado do conflito entre o mundo grego, em ex-</p><p>pansão, e o mundo bárbaro persa – assim chamados</p><p>pelos gregos, uma vez destituídos da cultura helênica</p><p>(estrangeiros). Depois que Ciro conquistou o Orien-</p><p>te Médio, o Império Persa continuou a crescer com</p><p>Cambises e sua organização foi aperfeiçoada por</p><p>Dário I. O primeiro choque com os gregos começou</p><p>na Ásia.</p><p>No início, os persas respeitaram a autonomia das</p><p>cidades gregas, no entanto, passaram a exigir impostos</p><p>e contribuíram para que tiranos tomassem o poder. Na</p><p>região da Jônia, Mileto rebelou-se com apoio de Ate-</p><p>nas, o que desencadeou imediatamente a guerra entre</p><p>gregos e persas.</p><p>Mileto foi arrasada e seus habitantes deportados</p><p>para a Mesopotâmia. Em 492 a.C., Dário exigiu rendi-</p><p>ção grega incondicional. Atenas e Esparta recusaram-se.</p><p>Os atenienses venceram o primeiro choque e correram</p><p>para salvar Esparta numa segunda vitória. Os esparta-</p><p>nos chegaram depois da batalha: retardaram sua en-</p><p>trada na guerra por motivos religiosos. Com a vitória,</p><p>cresceu o prestígio de Atenas entre os gregos, uma vez</p><p>salvadora da Grécia da dominação persa.</p><p>Perdida a batalha, mas não a guerra, os persas,</p><p>liderados por Xerxes, sucessor de Dario, em 486 a.C.,</p><p>fez acordo com Cartago, no norte africano, pelo qual os</p><p>cartagineses atacariam os gregos do sul da Itália.</p><p>©</p><p>Fo</p><p>tok</p><p>va</p><p>dra</p><p>t/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Representação do militarismo espartano</p><p>Os persas vieram por terra e mar. A infantaria</p><p>cruzou os dois quilômetros do Helesponto, hoje Estreito</p><p>de Dardanelos, entre a Ásia e a Europa, sobre uma pon-</p><p>te de barcos. Caminhando perto do litoral, essas forças</p><p>chegariam pelo norte, com suprimentos fornecidos pela</p><p>esquadra, que navegava junto à costa. Comandados</p><p>39</p><p>pelo rei Leônidas, 6 mil espartanos tentaram barrar os</p><p>persas no Desfiladeiro das Termópilas.</p><p>Mas o inimigo descobriu outra passagem no alto</p><p>das montanhas. A fim de permitir a retirada de suas tro-</p><p>pas, Leônidas resistiu com 300 homens no desfiladeiro,</p><p>que foram massacrados. Os persas encontraram Atenas</p><p>vazia, uma vez que havia sido retirada pela esquadra</p><p>grega. A cidade foi incendiada.</p><p>No mar, os gregos atraíram os persas para o es-</p><p>treito do Canal de Salamina. Os pesados barcos persas</p><p>furavam os cascos nas pedras e os remos se entrela-</p><p>çavam em grande confusão. Sem apoio da esquadra,</p><p>Xerxes voltou à Ásia.</p><p>Considerando afastado o perigo persa, os es-</p><p>partanos voltaram ao isolamento. Mas outros Estados</p><p>gregos trataram de se precaver, formando, sob a lide-</p><p>rança de Atenas, a Confederação de Delos (nome da</p><p>sede da liga). A ofensiva contra os persas na Ásia come-</p><p>çou com expedições que percorriam o Egeu arrasando</p><p>as posições inimigas e libertando as colônias gregas.</p><p>Sob o comando de Címon, filho de Milcíades, os gre-</p><p>gos derrotaram os persas definitivamente na foz do rio</p><p>Eurimedonte, em 468 a.C. No Tratado de Susa ou Paz</p><p>de Kallias, em 448 a.C., os persas reconheceram a he-</p><p>gemonia dos gregos no Egeu e prometeram não atacar</p><p>mais a Grécia ou suas colônias asiáticas.</p><p>A hegemonia de Atenas (443-429 a.C.)</p><p>O sucesso de Atenas valeu-lhe a rivalidade de</p><p>Esparta, Corinto, Megara, Tebas. Entre si, os atenienses</p><p>não chegavam a um acordo. Címon, que insistia nos</p><p>persas como perigo, queria paz com Esparta. Acabou</p><p>exilado.</p><p>Sob o governo de Péricles, Atenas alcançou seu</p><p>apogeu. O comando da Confederação de Delos, o con-</p><p>trole do mar Egeu e a prosperidade econômica contri-</p><p>buíram para o fortalecimento do partido democrático</p><p>formado pelos ricos comerciantes e armadores. Sob a</p><p>direção desse partido, Atenas desenvolveu, ao mesmo</p><p>tempo, uma política democrática – que ampliava a par-</p><p>ticipação dos cidadãos no governo da cidade – e impe-</p><p>rialista. Para que os cidadãos pobres participassem das</p><p>instituições políticas, foi estabelecida uma remuneração</p><p>(mistoforia) pela participação nas assembleias.</p><p>Externamente, a política era imperialista porque</p><p>procurava estender o domínio de Atenas sobre as de-</p><p>mais cidades-Estado gregas.</p><p>Atenas foi embelezada e o desemprego foi com-</p><p>batido por meio da realização de grandes obras públicas,</p><p>como a construção do Partenon. A “escola da Hélade”</p><p>tornou-se o centro artístico, literário, científico e filosófico</p><p>do mundo grego. Por ser considerada a época de ouro da</p><p>cultura e da civilização gregas, o século V a.C. passou a</p><p>ser conhecido como o “Século de Péricles”.</p><p>©</p><p>Le</p><p>on</p><p>id</p><p>An</p><p>dro</p><p>no</p><p>v/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Partenon</p><p>A Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.)</p><p>Entre os anos 431 e 404 a.C., a Grécia foi asso-</p><p>lada por uma terrível guerra, que ficou conhecida como</p><p>Guerra do Peloponeso, envolvendo todas as cidades-Es-</p><p>tado gregas. Mas a disputa era entre a Liga do Pelopo-</p><p>neso, liderada por Esparta, e a Confederação de Delos,</p><p>por Atenas.</p><p>O controle de Atenas sobre a Confederação de</p><p>Delos assustava os espartanos e seus aliados da Liga</p><p>do Peloponeso. Esparta e as cidades-Estado do Pelo-</p><p>poneso decidiram-se pela guerra porque sentiam sua</p><p>independência ameaçada pela dinâmica imperialista de</p><p>Atenas. Para Atenas, estava em jogo sua hegemonia na</p><p>Confederação de Delos, que lhe concedia poder político</p><p>e contribuía para a sua prosperidade econômica. Nem</p><p>Atenas nem Esparta previram as consequências catas-</p><p>tróficas que a guerra traria para a civilização grega.</p><p>Bastou um incidente para transformar a riva-</p><p>lidade das outras cidades-Estado em guerra: Atenas</p><p>apoiou a colônia de Córcira, rebelada contra Corin-</p><p>to, cidade aliada de Esparta na Liga do Peloponeso.</p><p>A primeira parte da guerra durou dez anos. Os es-</p><p>40</p><p>partanos invadiram a Península da Ática, enquanto</p><p>os defensores de Atenas, comandados por Péricles,</p><p>abrigavam-se ao longo dos muros e a frota atacava</p><p>na costa do Peloponeso.</p><p>Orientados agora por Alcebíades, os espartanos</p><p>mantiveram seu exército na Ática e ampliaram sua frota</p><p>a fim de libertar as cidades dominadas por Atenas. Em</p><p>404 a.C., em Egos-Pótamos, Lisandro derrotou defini-</p><p>tivamente os atenienses. Era o fim da hegemonia de</p><p>Atenas que passou à condição de satélite de Esparta.</p><p>A hegemonia de Esparta</p><p>Tal como Atenas, Esparta adotou uma políti-</p><p>ca imperialista, o que a obrigou a sair do imobilismo.</p><p>Com o desenvolvimento econômico, seus cidadãos</p><p>apegaram-se ao gosto pelo luxo. O número de escra-</p><p>vos aumentou perigosamente e os libertos que haviam</p><p>participado da Guerra do Peloponeso exigiam melhores</p><p>condições sociais.</p><p>A dominação de Esparta sobre os Estados gre-</p><p>gos foi mais opressora que a de Atenas. Na Ásia, co-</p><p>mandados por Agesilau, os espartanos iniciaram nova</p><p>ofensiva contra os persas. Mas sem poder, ao mesmo</p><p>tempo, combater no exterior e dominar seus inimigos</p><p>internos, fizeram a paz com os persas em 387 a.C., pelo</p><p>Tratado de Antálcidas.</p><p>Esse tratado garantia aos persas o domínio da</p><p>costa da Ásia de tal maneira que os antigos inimigos pas-</p><p>savam a influenciar a política interna da Grécia, uma vez</p><p>que as cidades gregas estavam proibidas de coligar-se.</p><p>A hegemonia de Tebas</p><p>Esparta não conseguiu evitar que Atenas or-</p><p>ganizasse uma segunda liga marítima e reconstruísse</p><p>seus muros. Aliando-se a Atenas, Tebas atacou a guar-</p><p>nição local dos espartanos. Em 371 a.C., na batalha</p><p>de Leuctras, os escravos revoltaram-se em Esparta e</p><p>os espartanos desistiram de sua política imperialista.</p><p>Tebas venceu também graças à falange, corpo de in-</p><p>fantaria disposto em formação cerrada organizado por</p><p>Pelópidas e Epaminondas.</p><p>Nessa nova fase imperialista, Tebas ajudou os</p><p>messênios a se libertarem do domínio de Esparta, bem</p><p>como submeteu a Tessália, a Trácia e a Macedônia. Mas,</p><p>ao organizar uma marinha de guerra, atraiu a oposição</p><p>de Atenas. Em 362 a.C., atenienses e espartanos, ago-</p><p>ra reconciliados, derrotaram os tebanos na Batalha de</p><p>Mantineia, em que morreu Epaminondas.</p><p>Com o mundo grego enfraquecido pelas guer-</p><p>ras, estavam criadas as condições para a intervenção</p><p>de Filipe da Macedônia. Em 338 a.C., as tropas mace-</p><p>dônicas venceram as cidades-Estado gregas na batalha</p><p>de Queroneia, assinalando o início da supremacia da</p><p>Macedônia sobre a Grécia.</p><p>Período Helenístico (séc. IV-I a.C.)</p><p>Filipe II organiza a Macedônia</p><p>Filipe tinha vivido em Tebas em razão de uma</p><p>promessa macedônia de ajuda militar aos tebanos,</p><p>quando aquela cidade grega viveu seu curto período</p><p>de hegemonia. Na Grécia, Filipe observou suas cidades-</p><p>-Estado enfraquecidas pelas guerras fratricidas e fami-</p><p>liarizou-se com a organização do exército tebano e com</p><p>o uso das longas lanças de madeira introduzidas por</p><p>Epaminondas.</p><p>©</p><p>M</p><p>ar</p><p>ie-</p><p>La</p><p>n</p><p>Ng</p><p>uy</p><p>en</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Tetradeacma de prata de Felipe II da Macedônia</p><p>Filipe usava de habilidades diplomáticas. Procu-</p><p>rava instigar nos gregos o ódio aos persas, contando</p><p>com a colaboração de Isócrates, que pregava uma cru-</p><p>zada contra os antigos inimigos.</p><p>41</p><p>Em 338 a.C., na Batalha de Queroneia, as forças macedônias derrotaram atenienses e tebanos</p><p>e, em</p><p>seguida, Filipe apoderou-se da Grécia. Com astúcia política, conhecedor do individualismo das cidades-Estado,</p><p>respeitou-lhes a autonomia. Assim, podia reivindicar o direito de chefiar uma liga contra os persas, a Liga de</p><p>Corinto, da qual foi proclamado hegemon (líder).</p><p>Sob comando de Parmênion, uma força da Liga já havia estabelecido uma cabeça de ponte na Ásia, quando</p><p>um aristocrata assassinou Filipe II, em 336 a.C.</p><p>Alexandre Magno</p><p>Alexandre Magno, filho de Filipe II, tinha um caráter complexo. Considerava-se descendente de Aquiles por</p><p>parte de mãe e de Hércules por parte de pai: um deus em potencial. Alexandre recebeu poderosa influência de</p><p>Aristóteles, escolhido por Filipe para seu preceptor. O filósofo incutiu-lhe o gosto pela cultura grega, pela Ilíada e</p><p>a Odisseia, por Ésquilo e Eurípedes; e aversão pelos persas – Aristóteles os vira torturar um amigo até a morte, na</p><p>Ásia Menor.</p><p>Alexandre assumiu o trono com uma Macedônia organizada e bem armada pelo exército. Restavam dois</p><p>problemas: a revolta das cidades gregas após a morte de Filipe e os numerosos herdeiros deixados pelo pai. Ale-</p><p>xandre usou de violência. Arrasou as cidades gregas, exceto Atenas.</p><p>©</p><p>C</p><p>ha</p><p>rle</p><p>s L</p><p>apl</p><p>an</p><p>te/</p><p>Wi</p><p>kim</p><p>edi</p><p>a C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Alexandre (à esquerda) ouve os conselhos e orientação de seu tutor, Aristóteles.</p><p>Precedido por Parmênion, que havia partido antes de Filipe morrer, Alexandre rumou para a Ásia com 40 mil</p><p>homens, 12 mil dos quais na infantaria, o forte de seu exército. Como líder supremo do helenismo, deveria libertar</p><p>as cidades da Ásia e levar os gregos à vingança contra os persas.</p><p>Recusando o acordo de paz oferecido por Dario III, derrotou-o em pleno centro do Império Persa em</p><p>331 a.C. Proclamado imperador persa, avançou para a Índia, percorreu a região do rio Indo e só não chegou</p><p>ao Ganges porque os soldados recusaram-se a segui-lo.</p><p>Morreu na Babilônia aos 33 anos, em 323 a.C., deixando um dos mais vastos impérios já criados até então,</p><p>ao qual imprimiu um caráter universal, de acordo com a concepção divina que tinha de si, contra o que egípcios e</p><p>persas não se opuseram, uma vez que também encaravam o poder político como divino.</p><p>Alexandre abriu o caminho para a integração cultural do mundo persa e egípcio. Como resultado da polí-</p><p>tica de integração cultural, criou-se a cultura helenística, fruto da fusão da cultura grega (helênica) com a cultura</p><p>oriental (egípcia e da persa).</p><p>Com a morte de Alexandre, o império desmoronou e foi dividido (reinos helenísticos) entre seus principais</p><p>generais. Em 31 a.C., os reinos helenísticos foram conquistados pelos romanos.</p><p>42</p><p>O império de Alexandre</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Rome:_Total_War:_Alexander> Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>religião e culturA</p><p>A religião grega não tinha dogmas, isto é, os fiéis</p><p>não se obrigavam a crer em verdades definitivas; era po-</p><p>liteísta: havia grandes deuses, que habitavam o Olimpo</p><p>e os heróis, homens que praticaram ações extraordiná-</p><p>rias e se igualavam aos deuses. No culto aos deuses, os</p><p>gregos pediam proteção para a família, a tribo ou a ci-</p><p>dade, não a salvação da alma. Cada um podia imaginar</p><p>a vida depois da morte como bem entendesse.</p><p>As lendas que contam as aventuras dos deuses e</p><p>heróis são chamadas mitos; o conjunto dos mitos forma</p><p>a mitologia.</p><p>Outra característica da religião grega era o an-</p><p>tropomorfismo, isto é, os deuses tinham forma, virtudes</p><p>e defeitos humanos. Poseidon (deus dos mares) e Hades</p><p>(deus dos infernos) não habitavam o Olimpo.</p><p>Os heróis mais conhecidos foram Perseu – ma-</p><p>tou a Górgone, monstro de dentes afiados e cabeça</p><p>cheia de serpentes; Jasão – com seus companheiros</p><p>argonautas conquistou o Tosão de Ouro, pele de car-</p><p>neiro voadora guardada por um dragão; Teseu – ma-</p><p>tou o Minotauro, monstro que habitava o labirinto de</p><p>Creta; Édipo – matou a Esfinge devoradora de viajan-</p><p>tes que não respondessem a suas enigmáticas pergun-</p><p>tas; e Hércules – o maior de todos os heróis, realizou</p><p>doze trabalhos para escapar à fúria de Hera (mulher</p><p>de Zeus).</p><p>,</p><p>©</p><p>C</p><p>Yu</p><p>tth</p><p>ap</p><p>ho</p><p>ng</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Estátua de Poseidon - o deus dos mares - em Hua Hin, Tailândia.</p><p>Os grandes jogos homenageavam os deuses</p><p>dos santuários. Os mais famosos eram os jogos olím-</p><p>picos, realizados em Olímpia em homenagem a Zeus.</p><p>Depois de 776 a.C., passaram a realizá-los de quatro</p><p>em quatro anos.</p><p>A preocupação com a vida após a morte explica</p><p>a difusão do orfismo e dos mistérios. Orfismo vem de</p><p>Orfeu, poeta que atraía até animais selvagens, segundo</p><p>a lenda. Ele ensinava que a alma, liberta do corpo de-</p><p>pois da morte, alcançaria a suprema felicidade depois</p><p>de purificar-se mediante reencarnações sucessivas.</p><p>43</p><p>Culturalmente, nenhuma cidade grega superou</p><p>Atenas. Nela viveram alguns dos maiores pensadores e</p><p>artistas que a humanidade conheceu.</p><p>A filosofia grega divide-se em antes e depois de</p><p>Sócrates. Foram pré-socráticos: Tales de Mileto (fim do</p><p>século VII-início do século VI a.C.); Pitágoras (582-497</p><p>a.C.); Demócrito (460-370 a.C.); Heráclito (535-475</p><p>a.C.); e Parmênides (540-? a.C.). No tempo de Sócrates,</p><p>predominava a escola dos sofistas, que se serviam da</p><p>reflexão para atingir fins imediatos, ainda que por falsos</p><p>argumentos. O maior dos sofistas foi Protágoras.</p><p>Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.</p><p>com/2011/01/capiteis-gregos.jpg>. Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>§ Sócrates (470-399 a.C.) – fundou a filosofia</p><p>humanista.</p><p>§ Platão (427-347 a.C.) – principal discípulo de</p><p>Sócrates, fundou a Academia de Atenas.</p><p>§ Aristóteles (384-322 a.C) – considerado por</p><p>muitos o maior filósofo de todos os tempos,</p><p>compreendeu todos os conhecimentos de seu</p><p>tempo: Lógica, Física, Metafísica, Moral, Política,</p><p>Retórica e Poética.</p><p>A arte grega era religiosa e manifestada em tem-</p><p>plos e esculturas representando deuses e passagens mi-</p><p>tológicas. Suas marcas eram a harmonia, a simplicidade,</p><p>o equilíbrio e uma decoração perfeitamente adaptada</p><p>ao conjunto.</p><p>A arquitetura grega desenvolveu três estilos: o</p><p>dórico, o jônico e o coríntio. O dórico, mais antigo,</p><p>era simples e despojado; o jônico, leve e flexível; o co-</p><p>ríntio, mais recente, era complexo e rebuscado.</p><p>Os gregos esmeraram-se na Acrópole, um de</p><p>seus monumentos mais belos. A contribuição dos gre-</p><p>gos para a humanidade compreende todos os setores</p><p>da vida humana. Fundaram a filosofia. As reflexões</p><p>de Sócrates sobre a natureza e o homem e os siste-</p><p>mas criados por Platão e Aristóteles tornaram imortal o</p><p>pensamento grego. Seu teatro chegou até nós, cheio de</p><p>vida. Demóstenes foi mestre da oratória. O esplendor</p><p>da arte grega ainda pode ser admirado nas ruínas do</p><p>Partenon e na Acrópole de Atenas.</p><p>Na ciência, a Matemática de Euclides e os te-</p><p>oremas de Tales e Arquimedes foram incorporados ao</p><p>patrimônio cultural da humanidade. Hipócrates, o mais</p><p>ilustre médico da Antiguidade, impulsionou o conheci-</p><p>mento do corpo humano.</p><p>O regime democrático de Atenas serviu de exem-</p><p>plo para todos os povos. Os gregos alimentaram tam-</p><p>bém o ideal cívico, o amor à pátria, ao regime político e</p><p>à família; e deixaram-no, ainda, o ideal esportivo.</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Filme</p><p>Vídeo Se liga nessa História - Grécia Antiga (FORMAÇÃO) #1</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Troia (2004)</p><p>Em 1193 a.C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca uma</p><p>guerra da Messência contra Troia, ao afastar Helena (Diane Kruger)</p><p>de seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem início então uma</p><p>sangrenta batalha que dura por mais de uma década. A esperança do</p><p>Priam (Peter O’Toole), rei de Troia, em vencer a guerra está nas mãos</p><p>de seu filho Heitor (Eric Bana) e de Aquiles (Brad Pitt), o maior herói da</p><p>Grécia.</p><p>44</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Filme</p><p>Vídeo</p><p>OUVIR</p><p>Músicas</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Odisseia (séc. VIII a.C.)</p><p>O poema relata o regresso de Odisseu, (ou Ulisses, como era chamado</p><p>no mito romano), herói da Guerra de Troia e protagonista</p><p>que dá nome à</p><p>obra.</p><p>Os trabalhos e os Dias (séc. VIII a. C.)</p><p>Também conhecido como As obras e os dias, é um poema épico de</p><p>Hesíodo, um dos primeiros autores conhecidos da Grécia Antiga.</p><p>- Da Mitologia Grega à Passarela do</p><p>Samba – Os deuses Gregos no Carnaval Brasileiro</p><p>- Samba-enredo da Unidos do Cruzeiro (2014)</p><p>- Mulheres de Atenas – Chico Buarque</p><p>45</p><p>46</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>A Grécia Antiga, como se sabe, não se constituía como uma nação. Havia, sim, inúmeras cidades-Estado,</p><p>cada a qual com sua representação política. Dentre os diversos fatores que não permitiram a reunião das cidades-</p><p>-Estado em apenas um grande país, tem-se a geografia local.</p><p>O mundo grego se concentrava majoritariamente na península Balcânica, região de montanhas escarpadas</p><p>que dificultavam o trânsito terrestre de pessoas e, mercadorias. As pequenas cidades, portanto, comunicavam-se</p><p>sobremaneira, por via naval, dificultando um contato mais estreito e permanente entre elas.</p><p>47</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socio-</p><p>econômicas em escala local, regional ou mundial.</p><p>A habilidade 9 exige a capacidade de comparação entre diversas formações sociais e</p><p>econômicas durante o tempo e o espaço. O candidato deverá ser capaz de encontrar si-</p><p>milaridades e diferenças entre os diversos modos de produção na economia, além de ver</p><p>seus reflexos nas organizações da vida política e social.</p><p>As questões enquadradas nessa habilidade tendem a ter caráter interdisciplinar, exigindo</p><p>dos alunos conhecimentos para além de um tema em específico. É fundamental, além</p><p>do conhecimento prévio do assunto, apegar-se aos textos ou imagens que compõem os</p><p>enunciados para encontrar a alternativa correta.</p><p>Modelo</p><p>(Enem) No período 750-338 a.C., a Grécia antiga era composta por cidades-Estados, como por</p><p>exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam al-</p><p>gumas características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de</p><p>culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado.</p><p>No período 1200-1600 d.C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do</p><p>Xingu, há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham até</p><p>dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros</p><p>cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques para a criação de</p><p>tartarugas. Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia.</p><p>Folha de S. Paulo, ago. 2008 (adaptado).</p><p>Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são seme-</p><p>lhantes pois:</p><p>a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas populações.</p><p>b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas.</p><p>c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e independentes entre si.</p><p>d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal como nas cidades-Estados da Grécia.</p><p>e) as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filosofia tal como na Grécia.</p><p>48</p><p>Análise expositivA</p><p>Habilidade 9</p><p>A questão enfatiza a organização política de duas sociedades situadas em épocas e luga-</p><p>res distintos, mas organizadas politicamente de maneira similar. Em ambas, há uma ampla</p><p>descentralização política, sendo cada cidade politicamente autônoma em relação às demais.</p><p>Vê-se, também, pelo texto, que havia ampla comunicação e relações econômicas entre as</p><p>cidades do Parque Nacional do Xingu, algo muito similar às antigas cidades-Estados gregas.</p><p>Alternativa C</p><p>49</p><p>estruturA conceituAl</p><p>GRÉCIA</p><p>1</p><p>GEOGRAFIA SOCIEDADE</p><p>— Sul da Península Balcânica;</p><p>Ilhas do mar Egeu e Costa do Ásia Menor</p><p>— Solo Árido e Rochoso</p><p>—Litoral com excelentes portos</p><p>— Dificuldade de</p><p>unidade política</p><p>— Divisão por</p><p>CIDADES-ESTADOS</p><p>PERIODIZAÇÃO</p><p>Período Pré-Homérico</p><p>(2000 - 1200 a.C.)</p><p>3</p><p>Período Arcaico</p><p>(séc. VIII - VI a.C.)</p><p>povos Indo-europeus</p><p>integração conflito</p><p>2</p><p>Período Homérico</p><p>(sec. XII - séc. VIII a.C.)</p><p>1°momento: Genos</p><p>-poder patriarcal (Paterdomilios)</p><p>-propriedade coletiva</p><p>2° momento: Crescimento demográfico</p><p>+ secas → disputa por terras</p><p>3° momento: Surgimento CIDADES-ESTADO</p><p>Consolidação das CIDADES-ESTADOS</p><p>Atenas cidade-Estado</p><p>democrática</p><p>→Próximo ao mar Egeu</p><p>→Economia agrária e</p><p>comercial</p><p>→Monarquia (séc. VIII a.C.)</p><p>Oligarquia (séc. VII a.C.)</p><p>Democracia (501 a.C.)</p><p>Esparta cidade-Estado</p><p>militarizada</p><p>desintegração</p><p>dos genos</p><p>surgimento da</p><p>propriedade privada</p><p>Segunda Diáspora para Grécia</p><p>— Geografia</p><p>— Economia</p><p>— Sociedade</p><p>— Religião</p><p>→Isolamento geográfico</p><p>→Economia agrária</p><p>→Diárquica</p><p>4</p><p>Período Clássico</p><p>(séc. V a IV a.C.)</p><p>Guerras Médicas (490 - 479 a.C.)</p><p>Guerras do Peloponeso (431 - 404 a.C.)</p><p>Confederação de Delos</p><p>(Atenas)</p><p>Liga do Peloponeso</p><p>(Esparta)</p><p>Colapso do Mundo Grego</p><p>Imperialismo e disputa</p><p>Atenas Império PersaX</p><p>5</p><p>Período Helenístico</p><p>(séc. IV - I a.C.)</p><p>1ª fase: Filipe II →</p><p>Império Macedônico</p><p>2ª fase: Alexandre Magno →</p><p>Império Helenístico</p><p>©</p><p>M</p><p>ikh</p><p>ail</p><p>o/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>05 06</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Roma: monarquia</p><p>e república</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4, 5 e 6</p><p>Habilidades</p><p>1, 4, 5, 7, 8, 9,</p><p>14, 16, 18, 19,</p><p>22, 23 e 27</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam</p><p>as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>53</p><p>Aspectos geográficos e povoAmento</p><p>Povos pré-romanos na península</p><p>Itálica (séc. X-VII a.C.)</p><p>Mar Tirreno</p><p>Mar Jônico</p><p>Mar Adriático</p><p>Vosco</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/His-</p><p>tória_da_Itália>.Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>A Itália primitiva era constituída por uma penín-</p><p>sula estreita e alongada, em forma de bota, projetada</p><p>para o Mediterrâneo, a península Itálica. Próximas à</p><p>península existem três grandes ilhas: Sicília, Sardenha</p><p>e Córsega. A península é cortada no sentido norte-sul</p><p>pela cadeia montanhosa dos Apeninos e regada por</p><p>três rios caudalosos: o Pó, o Arno e o Tibre. Ao norte,</p><p>limita-se com a cordilheira dos Alpes; a oeste, com o</p><p>mar Tirreno; a leste, com o mar Adriático e, ao sul, com</p><p>o mar Jônico. Comparado com a costa da Grécia, o li-</p><p>toral italiano nunca teve bons portos, menos favorável,</p><p>portanto, à navegação. Em contrapartida, o solo italiano</p><p>sempre foi mais fértil e o relevo menos acidentado que</p><p>o grego, o que favorecia o desenvolvimento da agricul-</p><p>tura e facilitava as comunicações terrestres.</p><p>Os romanos descendiam de uma fusão de vários</p><p>povos. A princípio, a Itália foi habitada por lígures e ibe-</p><p>ros; posteriormente foi invadida pelos indo-europeus e</p><p>outros diferentes povos. O norte do rio Pó foi habitado</p><p>por tribos gaulesas; a região entre os rios Arno e Tibre,</p><p>a Toscana, pelos etruscos, donos de uma complexa ci-</p><p>vilização. Ao sul e a leste da região etrusca instalaram-</p><p>-se tribos dos italiotas. Os samnitas ocuparam o sul da</p><p>península Itálica; os latinos, o Lácio, no curso inferior do</p><p>rio Tibre, em região de fácil acesso para o mar, em cons-</p><p>tante conflito com os volscos, mais a sudeste. O extremo</p><p>sul da península e a ilha da Sicília foram ocupados por</p><p>várias colônias gregas – Síbaris, Crotona, Tarento, Ná-</p><p>poles, Catânia, Agrigento e Siracusa –, chamados Mag-</p><p>na Grécia, com intensa relação com os etruscos.</p><p>Origem de Roma e a Eneida</p><p>Roma nascera de um pequeno povoado na pe-</p><p>nínsula Itálica e fora influenciada por diversos povos</p><p>que ocupavam a região. Acredita-se que a cidade tenha</p><p>sido fundada por latinos em fuga das invasões etruscas.</p><p>Na Eneida, o poeta Virgílio leva-nos a crer na</p><p>mítica sobre a fundação de Roma, segundo a qual se</p><p>atribui a Rômulo e Remo, descendentes do guerreiro</p><p>troiano Enéas, a fundação da cidade.</p><p>Diz a lenda que a origem de Roma é divina. Enéas,</p><p>herói da guerra de Troia, escapou vivo da luta com os</p><p>gregos, empreendeu uma longa viagem e acabou se fi-</p><p>xando na foz do rio Tibre com seus companheiros. Enéas</p><p>era filho da deusa Vênus, portanto, de origem divina. Na</p><p>região, Enéas fundou duas cidades: Alba Longa e Lavínio,</p><p>onde deu início a uma longa dinastia. A princesa Rea Sil-</p><p>via, descendente de Eneas, teve dois filhos gêmeos, Rô-</p><p>mulo e Remo, do deus Marte, destinados a assumirem o</p><p>trono de Alba Longa. Um usurpador, no entanto, com vis-</p><p>tas a tomar o poder da cidade, mandou atirar os gêmeos</p><p>no rio Tibre. Os gêmeos foram salvos e amamentados por</p><p>uma loba, e, posteriormente, recolhidos e criados por um</p><p>casal de pastores. Rômulo e Remo cresceram e tomaram</p><p>conhecimento de sua origem. Retornaram a Alba Longa,</p><p>tomaram o poder e receberam a incumbência divina de</p><p>fundar uma nova cidade.</p><p>A fundação da cidade deu-se sob violenta luta</p><p>entre os irmãos. Remo, invejoso da preferência dos deu-</p><p>ses por Rômulo, ultrapassou a primeira marca de terra</p><p>que representava os futuros muros da cidade. Furioso,</p><p>Rômulo matou o irmão pelo crime cometido, que seria</p><p>causador da invasão da cidade recém-fundada.</p><p>54</p><p>©</p><p>Ja</p><p>st</p><p>ro</p><p>w/</p><p>W</p><p>iki</p><p>m</p><p>ed</p><p>ia</p><p>Co</p><p>m</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>A loba capitolina representa a loba das narrativas romanas</p><p>sobre a fundação de Roma.</p><p>orgAnizAções</p><p>econômicA e sociAl</p><p>Roma baseou sua economia em atividades agro-</p><p>pastoris, em razão de sua terra de melhor riqueza e gra-</p><p>ças ao caráter aristocrático de sua sociedade. Grandes</p><p>proprietários rurais, patrícios, formavam a camada so-</p><p>cial dominante. Os não proprietários, clientes, presta-</p><p>vam serviços e beneficiavam-se da proteção de famílias</p><p>patrícias. Os plebeus não pertenciam a um clã. Esse ex-</p><p>trato era formado por estrangeiros, artesãos, pastores,</p><p>comerciantes e donos de pequenos lotes pouco férteis.</p><p>Pouco numerosos, os escravos não possuíam,</p><p>ainda, grande peso na sociedade e na economia ro-</p><p>manas. O número e a importância dos escravos so-</p><p>freram um aumento gigantesco em consequência das</p><p>guerras de expansão, quando as conquistas externas</p><p>transformaram a economia romana num sistema de</p><p>produção escravista.</p><p>monArquiA (séc. viii-vi A.c.)</p><p>Os povos mais importantes da península Itálica</p><p>eram os etruscos, distribuídos em doze cidades unidas</p><p>em uma confederação. Seus domínios estendiam-se do</p><p>Lácio e da Campânia em direção ao norte. Desenvolve-</p><p>ram atividade comercial intensa em concorrência com</p><p>os gregos, aliados aos fenícios de Cartago e voltados</p><p>para Roma à época da monarquia.</p><p>Em regime de governo monárquico, o rei (rex)</p><p>tinha função de chefe supremo, sumo sacerdote e juiz</p><p>supremo, poderes esses de origem divina. A realeza</p><p>apoiava-se no Imperium (comando supremo) e no Aus-</p><p>picium (conhecimento da vontade divina). O Conselho</p><p>de Anciãos e o Senado, compostos pelos chefes das</p><p>principais famílias patrícias, assessoravam o rei.</p><p>De acordo com a tradição lendária, durante o</p><p>período da monarquia Roma teve sete reis, dos quais os</p><p>quatro primeiros foram latinos e os três últimos, etrus-</p><p>cos. Durante o período de reinado etrusco, houve uma</p><p>série de tentativas dos reis de limitarem o poder patrício</p><p>ao se aliarem a setores populares. Tarquínio, o Antigo</p><p>(616-578 a.C.), iniciou a construção de grandes obras</p><p>públicas. Sérvio Túlio (578-534 a.C.) edificou a primeira</p><p>muralha de Roma e estabeleceu um regime censitário,</p><p>dividindo a população em cinco categorias sociais de</p><p>acordo com sua renda.</p><p>Finalmente, o terceiro rei etrusco, Tarquínio, o</p><p>Soberbo, edificou o Templo de Júpiter e construiu a</p><p>Cloaca Máxima (sistema de esgoto de Roma). Gover-</p><p>nou com o apoio dos plebeus e latinos inimigos dos</p><p>patrícios. Dessa forma, manteve os patrícios pratica-</p><p>mente fora do poder político decisório das cidades.</p><p>Em razão disso, os patrícios conspiraram e derrubaram</p><p>Tarquínio por meio de um golpe de Estado, no ano 509</p><p>a.C. De acordo com lenda da casta Lucrécia, Tarquínio</p><p>foi deposto porque</p><p>atentou contra a moral de uma rica</p><p>patrícia de nome Lucrécia.</p><p>repúblicA (séc. vi-i A.c.)</p><p>Instituições políticas</p><p>A queda da monarquia foi um ato reacionário</p><p>dos patrícios, que afastaram a realeza comprometida</p><p>com as camadas inferiores. As reais causas que levaram</p><p>à instituição da República transpareceriam nas institui-</p><p>ções republicanas. O monopólio do poder passou ao pa-</p><p>triciado e a plebe ficou à margem. Os patrícios evitaram</p><p>a concentração do poder nas mãos de uma só pessoa.</p><p>55</p><p>©</p><p>C</p><p>es</p><p>ar</p><p>e</p><p>M</p><p>ac</p><p>ca</p><p>ri/</p><p>W</p><p>ik</p><p>im</p><p>ed</p><p>ia</p><p>C</p><p>om</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>Cícero acusando Catilina no senado (afresco de Cesare Maccari, século XIX)</p><p>O Senado foi, sem dúvida, uma das mais im-</p><p>portantes instituições da República, que praticamente</p><p>detinha o poder apesar das demais instituições. Era</p><p>composto por 300 senadores de origem patrícia. Entre</p><p>outras tarefas, cabia-lhes eleger os magistrados, zelar</p><p>pela tradição e pela religião, supervisionar as finanças</p><p>públicas, conduzir a política externa, administrar as pro-</p><p>víncias, dar seu parecer sobre a escolha de um ditador e</p><p>autorizar ou não a concessão das honras do triunfo aos</p><p>generais vencedores.</p><p>Com o passar do tempo, a decisão dos senado-</p><p>res, senatus consultus, passou a ter força da lei.</p><p>As magistraturas exerciam o Poder Executivo,</p><p>do qual os mais altos magistrados eram os cônsules,</p><p>responsáveis pelo comando do exército e pelo controle</p><p>da administração. Também participavam das reuniões</p><p>do Senado e propunham leis. Abaixo dos cônsules es-</p><p>tavam os pretores, encarregados da justiça; os ques-</p><p>tores, fiscais das finanças do Estado e da arrecadação</p><p>de impostos; os edis, responsáveis pela conservação</p><p>da cidade; e os censores, responsáveis pelo recense-</p><p>amento da população e pela vigilância dos costumes.</p><p>A Assembleia Centuriata reunia todos os cida-</p><p>dãos militarmente aptos, patrícios ou plebeus, embora</p><p>tenha sido sempre dominada pelos patrícios. Seu papel</p><p>na República passou a ser o de ratificar meramente as</p><p>decisões do Senado.</p><p>Lutas sociais (494-286 a.C.)</p><p>Os plebeus eram seriamente discriminados: rece-</p><p>biam sempre a menor parte dos espólios de guerra que</p><p>eram distribuídos em função do equipamento; se preci-</p><p>sassem contrair empréstimos, não conseguiriam pagar</p><p>os juros; julgados por magistrados patrícios e com base</p><p>em leis orais, os devedores acabavam escravizados por</p><p>dívida. Entre 494 e 287 a.C., há notícias de cinco revol-</p><p>tas levadas a cabo pelos plebeus.</p><p>§ Primeira revolta (494 a.C.) – tratou-se de fato</p><p>da primeira greve de caráter social da História, em</p><p>razão da qual os patrícios tiveram de conceder a</p><p>criação dos tribunos da plebe, magistrados que</p><p>atuavam em defesa dos direitos e interesses da</p><p>plebe no Senado. Na Assembleia Centuriata, os</p><p>tribunos da plebe passaram a vetar toda lei con-</p><p>trária aos interesses da classe desde que o veto</p><p>fosse manifesto unanimemente pelos dez tribunos</p><p>da plebe, escolhidos pela Assembleia Centuriata,</p><p>composta na sua maioria por patrícios. Em 471</p><p>a.C., os plebeus constituíram a Assembleia da</p><p>Plebe para eleger seus tribunos, o que aumentou</p><p>seu poder de veto e de ação.</p><p>§ Segunda revolta (450 a.C.) – em 454 a.C., os</p><p>patrícios enviaram representantes a Atenas para</p><p>estudar as leis com a promessa de resolver os</p><p>problemas da plebe, obrigada a responder por</p><p>leis orais apenas, não escritas. O resultado, em</p><p>450 a.C., foi a criação do primeiro código de di-</p><p>reito escrito em Roma, a Lei das Doze Tábuas.</p><p>A plebe conseguiu que as leis votadas em sua</p><p>Assembleia tivessem validade, se bem tenha sido</p><p>uma vitória de alcance limitado, uma vez que de-</p><p>pendiam da aprovação do cônsul ou do Senado.</p><p>§ Terceira revolta (445 a.C.) – a Lei das Doze</p><p>Tábuas manteve a proibição de casamento en-</p><p>tre patrícios e plebeus, o que levou estes a revol-</p><p>tarem-se pelo fim da proibição, conscientes de</p><p>que os casamentos mistos quebrariam a tradição</p><p>patrícia de exercer o poder com exclusividade. A</p><p>reivindicação foi atendida com a Lei Canuleia,</p><p>mais uma vez de efeito limitado, uma vez que</p><p>a proibição foi relaxada apenas para os plebeus</p><p>que tinham mais posses.</p><p>§ Quarta revolta (367-366 a.C.) – a pressão</p><p>da plebe resultou na Lei Licínia Sextia, “foi</p><p>uma lei, promulgada pelo senado romano, que</p><p>obrigava que, a cada ano, um dos dois cônsules</p><p>fosse um plebeu. Mais tarde, em 326 a.C., foi</p><p>abolida a escravidão por dívidas por meio da Lei</p><p>Papiria Poetelia.”</p><p>§ Quinta revolta (287-286 a.C.) – os plebeus</p><p>conseguiram impor aos patrícios a validade das</p><p>leis votadas na Assembleia da Plebe para todo o</p><p>Estado: era a decisão da plebe ou plebiscito.</p><p>56</p><p>As conquistas da plebe foram lentas, mas, na última revolta, notavam-se grandes progressos em relação à</p><p>primeira, dois séculos antes. O regime republicano romano caracterizava-se por um equilíbrio de poderes entre as</p><p>classes em luta. Equilíbrio esse que, no fundo, escondia a existência de um Estado patrício e um Estado plebeu.</p><p>Apesar das conquistas plebeias, Roma ainda era governada por patrícios e plebeus influentes. Pela prática do su-</p><p>borno, a oligarquia governante mantinha o controle sobre a Assembleia Centuriata, e o Senado continuava sendo</p><p>o baluarte do poder aristocrático.</p><p>O Estado estava acima de tudo. Duas instituições regulavam a vida do cidadão: a lei pública e a lei privada.</p><p>A preocupação com as leis levou os romanos a desenvolver minuciosamente o seu Direito. O Direito Romano,</p><p>adotado por outros povos europeus, conserva sua importância até hoje.</p><p>Expansão romana: as conquistas</p><p>A primeira fase das conquistas romanas consistiu na dominação da península Itálica. Inicialmente, os ro-</p><p>manos, dominaram as tribos latinas próximas de Roma. A conquista da Campânia, em 290 a.C., região ameaçada</p><p>pelos samnitas, abriu as portas para a conquista das cidades gregas do sul da Itália. Posteriormente, Roma subju-</p><p>gou o norte (Etrúria), cujos domínios compreendiam a Itália central e parte da Itália setentrional. Ao estender seu</p><p>domínio sobre a península Itálica, os romanos demonstraram um talento notável para converter antigos inimigos</p><p>em aliados e finalmente cidadãos romanos.</p><p>As guerras púnicas</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_Púnicas>. Acesso em: 22 Dez. 2015.</p><p>57</p><p>Logo após afirmar sua supremacia na Itália, Roma travou longa guerra contra Cartago, outra grande potên-</p><p>cia do Mediterrâneo ocidental. Fundada em 800 a.C. pelos fenícios, a cidade norte-africana de Cartago tornara-se</p><p>um próspero entreposto comercial. Os cartagineses conquistaram um império que abrangia a África do Norte, as</p><p>regiões do litoral meridional da Espanha, a Sardenha, a Córsega e a Sicília ocidental. Eles eram chamados pelos</p><p>romanos de “púnicos”, termo com que designavam os fenícios.</p><p>O confronto romano-cartaginês acabou se transformando numa disputa pela hegemonia marítimo-comer-</p><p>cial no Mediterrâneo ocidental e desdobrou-se em três guerras púnicas.</p><p>§ Primeira guerra púnica (264-241 a.C.) – vencida pelos romanos, Cartago pagou pesada indenização de</p><p>guerra e entregou a Sicília, a Córsega e a Sardenha.</p><p>§ Segunda guerra púnica (218-202 a.C.) – os cartagineses aumentaram a produção das minas da Espa-</p><p>nha, preparando a desforra. Os romanos tentaram convencer os cartagineses a limitar sua influência ao</p><p>norte da Espanha, mas a missão diplomática enviada a Cartago não teve êxito. Aníbal partiu de Cartagena</p><p>com elefantes, 50 mil soldados e 10 mil cavaleiros. Tomou Sagunto, cidade espanhola aliada de Roma e,</p><p>à frente de um grande exército, transpôs a cordilheira dos Pirineus, marchou pelo território da Gália, atra-</p><p>vessou os Alpes e invadiu o norte da Itália. Venceu as legiões romanas nas batalhas de Trébia, Trasímeno</p><p>e Canas. Impossibilitado de conquistar Roma, marchou para o sul da Itália. Os romanos contra-atacaram,</p><p>conquistando a Espanha e, logo depois, desembarcaram no norte da África. Aníbal precisou voltar a Cartago,</p><p>cercada pelas forças de Cipião, o Africano, general romano, e, em 202 a.C., foi vencido</p><p>em Zama. A paz cus-</p><p>tou caro a Cartago, que foi obrigada a entregar a esquadra, comprometeu-se a pagar pesada indenização</p><p>em cinquenta anos e a não hostilizar a Numídia, reino ao norte da África que havia ajudado os romanos.</p><p>§ Terceira guerra púnica (150-146 a.C.) – Cartago voltou-se para o cultivo de suas ricas terras, mas não</p><p>tardou a enfrentar problemas com seus produtos, que passaram a concorrer com os italianos dentro da</p><p>própria Itália. Instigado pelos proprietários de terras, o Senado romano procurava um pretexto para destruir</p><p>Cartago. E encontrou quando os cartagineses reagiram à investida da Numídia em suas terras, atitude</p><p>considerada como violação do tratado de paz. Os proprietários de Roma ocuparam as terras, e Cartago foi</p><p>reduzida a uma província romana, a província da África.</p><p>Em seguida, os romanos ocuparam a Espanha e a Gália do sul, constituindo a província da Gália. A con-</p><p>quista da região do Mediterrâneo Oriental foi completada por uma rápida sucessão de campanhas militares. Foram</p><p>conquistados os reinos do Ponto, Bitínia, Síria, Egito, Macedônia e Grécia. No fim do século I a.C., o Mediterrâneo</p><p>havia se transformado num “lago romano” (mare nostrum = nosso mar).</p><p>As consequências da expansão romana</p><p>As riquezas geradas pela expansão praticamente aniquilaram a pequena agricultura plebeia, voltada uni-</p><p>camente para a produção de gêneros de consumo interno. Ao mesmo tempo, o vasto comércio que se desenvolvia</p><p>ocupava o lugar antes pertencente à atividade agrícola. A ampla camada de pequenos proprietários tendeu a de-</p><p>saparecer em razão da concorrência dos gêneros advindos das províncias e do latifúndio patrício, cujo crescimento</p><p>dependia da mão de obra escrava.</p><p>O próprio crescimento da escravidão, um efeito direto da expansão, esteve ligado à miséria da plebe, visto que</p><p>grande parte dos escravos provinha dos prisioneiros de guerra. Mesmo abolida a escravidão por dívida, ao plebeu en-</p><p>dividado só restava entregar a terra ao patrício em troca da dívida. Paulatinamente, Roma entrou em um processo de</p><p>concentração fundiária, com as grandes propriedades patrícias transformadas em latifúndios voltados para a produção</p><p>extensiva de exportação, à qual o trabalho escravo adaptava-se muito bem.</p><p>58</p><p>A miséria da plebe sem terra e sem trabalho no campo conduziu a um processo de êxodo rural, concen-</p><p>trando em Roma uma massa miserável, aumentando a tensão social e política. O Estado fornecia pão, vinho e</p><p>espetáculos aos plebeus (política do pão e circo) com a finalidade de alienar essa multidão cuja potencialidade</p><p>revolucionária era evidente.</p><p>Expansão romana</p><p>Aquinco</p><p>Rodes</p><p>Gortina</p><p>Fapo</p><p>Salamis</p><p>Aléria</p><p>Córsega</p><p>Caralis</p><p>Sardenha</p><p>Gênua</p><p>Bonônia</p><p>Pisas</p><p>Arécio</p><p>Florência</p><p>Ravena</p><p>Arímino</p><p>Ancona</p><p>Cápua</p><p>Neápolis</p><p>Benevento</p><p>Brundísio</p><p>Tarento</p><p>Régio</p><p>Panormo</p><p>Agrigento Catana</p><p>Siracusa</p><p>Mediolano</p><p>Patávio</p><p>Aquileia</p><p>Emona Síscia</p><p>Celeia</p><p>Noreia</p><p>Juvano Lauríaco</p><p>Augusta</p><p>Vindelicoro</p><p>Sirmio</p><p>Salona</p><p>Narona</p><p>Naisso</p><p>Escupi</p><p>Singiduno</p><p>Sarmizegetusa</p><p>Carnunto</p><p>Argentoratas</p><p>Matisco</p><p>Lugduno</p><p>Alésia</p><p>Bibracte</p><p>Aráusio</p><p>Águas</p><p>Sêxtias</p><p>Massília</p><p>Tolosa</p><p>Tarraco</p><p>IlerdaCésar Augusta</p><p>Clúnia</p><p>Segisamo</p><p>Sagunto</p><p>Nova Cartago</p><p>Munda</p><p>Híspalis</p><p>Córduba</p><p>Gades</p><p>Emérita</p><p>Augusta</p><p>Olisipo</p><p>Emínio</p><p>Brácara</p><p>Augusta</p><p>Luco Augusto</p><p>Galécia</p><p>Artúrica</p><p>Augusta</p><p>Julióbriga</p><p>Porto Vitória</p><p>Juliobrigênsio</p><p>Burdígala</p><p>Petavônio</p><p>Lância</p><p>Velica</p><p>Aunedónaco</p><p>Londínio</p><p>Camuloduno</p><p>Avárico</p><p>Agêndico</p><p>Lutécia</p><p>Atuatuca</p><p>Augusta Trev.</p><p>Mogontíaco</p><p>Colônia</p><p>Vetera</p><p>Aliso</p><p>Durocortoro</p><p>Dirráquio</p><p>Tessalônica</p><p>Apolônia</p><p>Farsalos</p><p>Nicópolis</p><p>Delfos</p><p>Corinto</p><p>Argos</p><p>Esparta</p><p>Atenas</p><p>Filipos</p><p>Estobi</p><p>Filipópolis</p><p>Nicópolis</p><p>Lisimáquia</p><p>Bizâncio</p><p>Tômis</p><p>Tiras</p><p>Ólbia</p><p>Quersoneso</p><p>Táurica</p><p>Panticapeu</p><p>Tanais</p><p>Anfípolis</p><p>Ancira</p><p>Icônio</p><p>Niceia</p><p>Heracleia</p><p>Péssimo</p><p>Ataleia</p><p>Halicarnasso</p><p>Éfeso</p><p>Esmirna</p><p>Sardes</p><p>Pérgamo</p><p>Sinope</p><p>Amisos Trapezo</p><p>Melitene</p><p>Samósata</p><p>Edessa</p><p>Carras</p><p>Nicéforo</p><p>Nísibis</p><p>Singara</p><p>CircesoTápsaco</p><p>Tarso</p><p>Selêucia</p><p>Piéria</p><p>Antioquia</p><p>Trípoli</p><p>Berito</p><p>Tiro</p><p>Damasco</p><p>Palmira</p><p>Cesareia</p><p>Amásia</p><p>Tiana</p><p>Apameia</p><p>Cirro</p><p>Carana</p><p>Tigranocerta</p><p>Armavira</p><p>Artaxata</p><p>Arbela</p><p>Selêucia</p><p>Ctesifonte</p><p>Babilônia</p><p>Ecbátana</p><p>Gázaca</p><p>Jerusalém</p><p>GerasaCesareia</p><p>Gaza</p><p>Petra</p><p>Elana</p><p>PelúsioSais</p><p>Nicópolis</p><p>Mênfis</p><p>Hermópolis</p><p>Magna</p><p>Amônio</p><p>Augila</p><p>Tebas</p><p>Apolinópolis</p><p>Maior Siene</p><p>Berenice</p><p>Hierasicâmico</p><p>Ptolemaida Hérmia</p><p>Miosormo</p><p>Babilônia</p><p>Alexandria</p><p>Catabátmo</p><p>Menor</p><p>Paretônio</p><p>Catabátmo</p><p>Maior</p><p>Cirene</p><p>Boreu</p><p>Aras</p><p>Filenoro</p><p>Léptis MagnaSabrata</p><p>Oea</p><p>Cidamo</p><p>Tapso</p><p>Hadrumeto</p><p>Cartago</p><p>Sica Zama</p><p>Régia</p><p>Hipona</p><p>Útica</p><p>Hipo Diárrito</p><p>Teveste</p><p>Lambésis</p><p>Igilgili</p><p>Iol CesareiaCartena</p><p>Siga</p><p>Amedara</p><p>Cirta</p><p>Volubilis</p><p>Banasa</p><p>Lixo</p><p>Sala</p><p>Zilis</p><p>Tingis</p><p>Baba</p><p>Rusadir</p><p>Mar da Ligúria</p><p>Narbo</p><p>Márcio</p><p>Mar Baleárico</p><p>Baleares</p><p>Pitiúsas</p><p>Mar Ibérico</p><p>Mar Tirreno</p><p>Messana</p><p>Mar Sículo</p><p>Mar Líbico</p><p>Melisa</p><p>Sicília</p><p>Sirtes Menor</p><p>Girba</p><p>Sirtes Maior</p><p>Mar Jônico</p><p>Mar Adriático</p><p>Mar Egeu</p><p>Chipre</p><p>Dioscúrias</p><p>PONTO EUXINO</p><p>M A R</p><p>I N T E R N O</p><p>N O S S O</p><p>Viruno</p><p>Roma</p><p>Mar Cantábrico</p><p>Oceano Ibérnico</p><p>Mar Britânico</p><p>Oásis</p><p>Menor</p><p>Oásis Maior</p><p>Arábia</p><p>Dode Cascoeno</p><p>CAPADÓCIA</p><p>PALMIRENE</p><p>SÍRIA</p><p>SOFENA</p><p>MESOPOTÂMIA</p><p>ASSÍRIA</p><p>IMPÉRIO</p><p>PARTA</p><p>MÉDIA</p><p>ARMÊNIA</p><p>Albânia</p><p>Cáucaso</p><p>Meotas</p><p>Siraces</p><p>Amida</p><p>Tóspitis</p><p>Matiano</p><p>Araxes</p><p>Eufrates Tigre</p><p>Portas de</p><p>Zagros</p><p>Nabateus</p><p>ARÁBIA</p><p>Heliópolis</p><p>ARTOPATENE</p><p>Ibéria</p><p>Liro</p><p>Lichnitis</p><p>Alônia</p><p>Hípanis</p><p>Udon</p><p>Alanos</p><p>Nicomédia</p><p>Frígia Menor</p><p>Lídia</p><p>Frígia</p><p>Cária</p><p>Lícia</p><p>Pisídia</p><p>Paflagônia</p><p>Licônia</p><p>Polemão</p><p>Armênico</p><p>PANFÍLIA</p><p>CILÍCIA</p><p>GALÁCIA</p><p>ÁSIA</p><p>PONTO</p><p>Comagena</p><p>Borístenes</p><p>Hípanis</p><p>Tiras</p><p>Troesmis</p><p>Hieroso</p><p>Gergóvia</p><p>Liger</p><p>Numância</p><p>Malua</p><p>Cilemate</p><p>Tísia</p><p>Danúbio</p><p>Reno</p><p>Dúrio</p><p>Tago</p><p>Bétis</p><p>Anas</p><p>Íbero</p><p>Visurgis</p><p>Albis</p><p>Albis</p><p>Moeno</p><p>Vístula</p><p>Vladua</p><p>Lemóvicos</p><p>Helveones</p><p>Galindas</p><p>Burgúndios</p><p>Vândalos</p><p>Lúgios</p><p>Silingas</p><p>Semnones</p><p>Lombardos</p><p>Saxões</p><p>BurosQuadros</p><p>Bastarnas</p><p>Amadocos</p><p>Costóbocos</p><p>Jaziges</p><p>Dacos</p><p>Getas</p><p>Jaziges</p><p>Roxolanos</p><p>Marcomanos</p><p>Hermunduros</p><p>Varistos</p><p>Queruscos</p><p>Suevos</p><p>Prisos</p><p>Bructeros</p><p>Batavos</p><p>Caucos</p><p>Sugambros</p><p>Catos</p><p>Anartes</p><p>Venedas</p><p>Sarmátia</p><p>TRÁCIA</p><p>MACEDÔNIA</p><p>ÉPIRO</p><p>ACAIA</p><p>CRETA</p><p>NÓRICARÉCIA</p><p>GÁLIA</p><p>NARBONENSE</p><p>LUGDUNENSE</p><p>BÉLGICA</p><p>AQUITÂNIA</p><p>LUSITÂNIA</p><p>BÉTICA</p><p>TARRACONENSE</p><p>HISPÂNIA</p><p>EGITO</p><p>CIRENAICA</p><p>PROCONSULAR</p><p>ÁFRICA</p><p>MAURITÂNIA</p><p>NUMÍDIA</p><p>Garamantes</p><p>Gétulos</p><p>GERMÂNIA</p><p>Marítimos</p><p>Cócios</p><p>Peninos</p><p>PANÔNIA</p><p>Petóvio</p><p>Império Romano: 31 a.C. - 6 d.C.</p><p>Território romano até 31 a.C.</p><p>Conquistas de Augusto:</p><p>De 31 a 19 a.C.</p><p>De 19 a 9 a.C.</p><p>De 9 a.C. a 6 d.C.</p><p>Reinos e povos clientes</p><p>Fortalezas legionárias</p><p>Golones</p><p>PALESTINA</p><p>JUDEIA</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_da_República_Romana>. Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>A conquista do Mediterrâneo abriu novos mercados à economia romana, criando condições para um grande</p><p>desenvolvimento da manufatura e do comércio. A consequência dessa prosperidade econômica foi a formação de</p><p>uma nova classe de comerciantes e militares que se enriqueceram com as guerras: os homens novos ou cava-</p><p>leiros. Ao mesmo tempo em que sua condição plebeia impunha-lhes uma situação de marginalização política, sua</p><p>riqueza tornava-os naturalmente adversários da oligarquia patrícia, fato que também representou um elemento a</p><p>mais a conspirar contra a ordem republicana.</p><p>A expansão trouxe ainda um forte componente militar. No rastro das conquistas romanas e da necessidade</p><p>de uma força militar mais eficiente, o exército romano passou por um processo de profissionalização, uma força</p><p>permanente cujos guerreiros recebiam o soldo para combater (origem do termo soldado). Isso tudo alimentou as</p><p>ambições políticas dos generais e fez do Exército uma força à margem da estrutura republicana.</p><p>Essas transformações desencadearam em Roma um período de novas lutas sociais que assinalaram a crise</p><p>da República.</p><p>60</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Vídeo</p><p>Filmes</p><p>Filmes</p><p>Fonte: Youtube</p><p>É a história épica de Judah Ben-Hur, um príncipe falsamente acusado de</p><p>traição por seu irmão adotivo Messala, um oficial do exército romano.</p><p>Destituído de seu título, afastado</p><p>de sua família e da mulher amada,</p><p>Judah é forçado à escravidão. Depois de muitos anos no mar, Judah</p><p>retorna à sua pátria em busca de vingança, mas encontra a redenção.</p><p>Satyricon (ou Satiricon) é um filme italiano de 1969, dirigido por Federico</p><p>Fellini, baseado no livro homônimo escrito pelo autor romano Petrônio</p><p>no século I. A história narra as aventuras e desventuras de Encolpio e</p><p>Ascilto, pelo afeto de Gitão (Gitone), que após ser vendido a um ator de</p><p>teatro, é resgatado por Encolpio, mas escolhe ficar com Ascilto.</p><p>60</p><p>Roma - Parte 1 (Monarquia e República) - Mundo...</p><p>Ben-Hur (2016)</p><p>Satyricon (1969)</p><p>61</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Eneida (séc. I a.C.) - Virgílio</p><p>Escrito por Virgílio, conta a saga de Eneias, um troiano que é salvo</p><p>dos gregos em Troia, viaja errante pelo Mediterrâneo até chegar</p><p>à península Itálica. Seu destino era ser o ancestral de todos os</p><p>romanos.</p><p>61</p><p>62</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>Roma se notabilizou por um sofisticado planejamento urbano. Com o veloz crescimento populacional, era</p><p>quase impossível encontrar uma fonte de água potável na cidade, forçando os habitantes a desenvolverem projetos</p><p>para eliminar seus dejetos sem grandes riscos.</p><p>Destaca-se o aqueduto Aqua Apia, com cerca de 17 km de extensão, construído em 312 a.C. Roma foi a</p><p>primeira civilização a cuidar especificamente do saneamento, criando diversos outros grandes aquedutos, reserva-</p><p>tórios, grandes termas, banheiros públicos, chafarizes e nomeando Sextus Julius Frontinus como superintendente</p><p>de águas de Roma.</p><p>A imagem abaixo demonstra o interior de um aqueduto romano.</p><p>63</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 12 - Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>Compreender como a estrutura jurídica de uma sociedade condiciona sua realidade social,</p><p>política e econômica é a exigência da habilidade 12. Entram em questão a extensão da</p><p>cidadania, o direito à participação em cargos públicos, a posse das riquezas econômicas e</p><p>diversas outras práticas culturais.</p><p>O candidato deverá relacionar tais mudanças jurídicas aos conflitos sociais que as engen-</p><p>draram, enxergando o papel da mudança nas diversas classes sociais em jogo. Ainda, alguns</p><p>exercícios costumam estabelecer comparação entre leis criadas por sociedades em diferentes</p><p>espaços e tempos. O aluno deverá utilizar todo seu arcabouço teórico e conceitual para, por</p><p>meio do suporte de textos e imagens dados pelo exercício, escolher a alternativa correta.</p><p>modelo</p><p>(Enem)</p><p>TEXTO I</p><p>Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas jun-</p><p>tas. Logo depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem prece-</p><p>dentes, porque a exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não podiam</p><p>continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou de pequenas</p><p>concessões.</p><p>FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013 (adaptado).</p><p>TEXTO II</p><p>A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das prin-</p><p>cipais heranças romanas que chegaram até nós. A publicação dessas leis, por volta de 450 a.C.,</p><p>foi importante pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um instrumento</p><p>favorável ao homem comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio dos poderosos.</p><p>FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).</p><p>O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na ideia</p><p>de que a</p><p>a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia.</p><p>b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias</p><p>c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.</p><p>d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses.</p><p>e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento.</p><p>64</p><p>Análise expositivA</p><p>Habilidade 12</p><p>A similaridade buscada pela questão não se estabelece por completo, uma vez que a elimina-</p><p>ção das desigualdades se fez mais presente na aplicação da Lei das XII Tábuas, em Roma, do</p><p>que na Reforma Jurídica de Sólon, na Grécia.</p><p>No entanto, os textos procuram destacar a importância da implantação das leis escritas na</p><p>criação de sociedades com menores discrepâncias entre as elites e as camadas populares.</p><p>Alternativa E</p><p>65</p><p>estruturA conceituAl</p><p>ROMA: MONARQUIA E REPÚBLICA</p><p>1</p><p>GEOGRAFIA</p><p>— Península Itálica</p><p>— Pequeno Povoado</p><p>da Península Itálica</p><p>ECONOMIA</p><p>— Baseada em atividades</p><p>agropecuárias</p><p>SOCIEDADE</p><p>— Patrícios (proprietários)</p><p>— Clientes (não proprietários/</p><p>ligados aos patriarcas)</p><p>— Plebeus (classe diversa)</p><p>— Escravos</p><p>Monarquia Romana</p><p>(Séc. VIII - VI a.C. )</p><p>Rei</p><p>Conselho</p><p>de anciões</p><p>(patrícios)</p><p>Queda da monarquia → Golpe político</p><p>Senado</p><p>(patrícios)</p><p>1º momento: Dominação da Península Itálica</p><p>2º momento: Guerras Púnicas</p><p>-Roma x Cartago → Torna-se uma província</p><p>Romana (146 a.C.)</p><p>3º momento: Ocupação da Gália e do</p><p>Mediterrâneo oriental</p><p>3</p><p>Lutas Sociais</p><p>(494 - 286 a.C.)</p><p>5</p><p>Consequência da</p><p>expansão romana</p><p>Plebeus desfavorecidos</p><p>Longas revoltas</p><p>Conquistas</p><p>Tribunas</p><p>da plebe</p><p>Assembleia</p><p>da plebe</p><p>Lei das</p><p>12 tábuas</p><p>Abolição escravidão</p><p>por dívidas</p><p>Validação decisões</p><p>da plebe</p><p>Concentração fundiária patrícia</p><p>Crescimento do comércio</p><p>Profissionalização do exército</p><p>2</p><p>República Romana</p><p>(Séc. VI - I a.C. )</p><p>Senado (300 patrícios)</p><p>Eleger</p><p>Magistrados</p><p>Assembleia Centuriata → Patrícios e plebeus</p><p>— Zelar pela tradição</p><p>— Finanças públicas</p><p>— Parecer sobre</p><p>um ditador</p><p>— Política externa</p><p>— Cônsules (exército)</p><p>— Pretores (justiça)</p><p>— Questões (financeiro)</p><p>— Edes (Conservação de Cidades)</p><p>— Censores (incriminação e vigilância)</p><p>4 Expansão Romana</p><p>miséria dos plebeus</p><p>Crescimento da escravidão</p><p>Cavalaria</p><p>Comerciantes</p><p>Expansão</p><p>territorial</p><p>67</p><p>©</p><p>H</p><p>ari</p><p>s v</p><p>yth</p><p>ou</p><p>lka</p><p>s/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>07 08</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Roma: crise da república e</p><p>império</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4, 5 e 6</p><p>Habilidades</p><p>1, 4, 5, 7, 8, 9,</p><p>14, 16, 18, 19,</p><p>22, 23, 24 e 27</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza</p><p>histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>69</p><p>A crise dA repúblicA (133-27 A.c.)</p><p>A tentativa de reforma dos Graco (133-121 a.C.)</p><p>Depois das transformações resultantes da conquista do Mediterrâneo, alguns senadores concluíram que a</p><p>estrutura do Estado precisava de reformas. Uma das primeiras medidas, a votação secreta nas assembleias, permitiu</p><p>a eleição de magistrados bem-intencionados, os irmãos Tibério e Caio Graco.</p><p>Em 133 a.C., Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe e conseguiu a aprovação de uma lei agrária que limi-</p><p>tava a extensão dos latifúndios da aristocracia patrícia e autorizava a distribuição de terras para os desempregados.</p><p>Os grandes proprietários rurais opuseram-se à aplicação da lei agrária e, em 132 a.C., Tibério Graco e mais de 300</p><p>partidários seus foram assassinados e lançados ao rio Tibre.</p><p>A causa da reforma agrária foi outra vez retomada por Caio Graco, irmão mais novo de Tibério, eleito tribuno</p><p>da plebe em 123 a.C. Aplicou a lei de reforma agrária em Cápua e Tarento; permitiu aos cavaleiros o acesso aos</p><p>tribunais que julgavam as finanças provinciais; prometeu a cidadania romana aos aliados itálicos e decretou a Lei</p><p>Frumentária, que determinava a venda de trigo a preços baixos aos plebeus. Reeleito em 122 a.C., mas derrotado</p><p>no ano seguinte, Caio tentou um golpe de Estado, que resultou no massacre de seus seguidores. No final, Caio</p><p>ordenou que um escravo o matasse.</p><p>As ditaduras de Mario e Sila (107-79 a.C.)</p><p>O fracasso das reformas propostas pelos irmãos Graco agravou ainda mais a crise da República e mergu-</p><p>lhou Roma numa sangrenta guerra civil, abrindo caminho para as ditaduras militares dos generais Mario e Sila. De</p><p>origem plebeia, Mario era o homem mais rico de Roma, um homem novo que, graças à sua riqueza, foi galgando</p><p>postos dentro do exército romano, no qual chegou a general. Conquistou a Numídia, em 106 a.C. Derrotou também</p><p>povos germânicos que ameaçavam os domínios romanos. Com grande prestígio entre as camadas populares, Mario</p><p>foi eleito para o cargo de cônsul.</p><p>Reformou o exército e transformou os soldados romanos em militares profissionais, que lutavam mediante</p><p>remuneração. Os cidadãos mais pobres e os desempregados entraram em massa no exército e, como soldados,</p><p>eram mais devotados aos comandantes que os pagavam do que à própria República. Com o apoio do exército, Ma-</p><p>rio implantou uma ditadura em Roma e, violando as leis, reelegeu-se seis vezes para o consulado. Em seu governo,</p><p>reduziu a autoridade do Senado e aumentou o poder dos cavaleiros.</p><p>Com a morte de Mario, em 86 a.C., o general Sila, aristocrata apoiado pelos patrícios e pelo Senado, as-</p><p>sumiu o poder e proclamou-se ditador perpétuo de Roma. Líder da reação do partido aristocrático, Sila realizou</p><p>uma violenta repressão contra os cavaleiros e as camadas populares, restabelecendo os privilégios da aristocracia</p><p>patrícia e restaurando a autoridade do Senado. A ditadura de Sila, que morreu em 79 a.C., contribuiu para agravar</p><p>ainda mais a crise da República.</p><p>A rebelião de Espártaco (73-71 a.C.)</p><p>Em 73 a.C., o gladiador Espártaco rebelou-se na cidade de Cápua, ao sul da Itália. À frente de um pequeno</p><p>grupo de gladiadores, Espártaco promoveu uma insurreição dos escravos e formou um exército que chegou a ter</p><p>mais de 100 mil combatentes. Em dois anos de luta, a rebelião de Espártaco derrotou cinco exércitos romanos,</p><p>dominou quase todo o sul da Itália e abalou as estruturas da República escravista. Essa insurreição foi vencida</p><p>em 71 a.C. por Crasso, cônsul romano que mandou crucificar, ao longo da via Ápia, mais de seis mil escravos.</p><p>70</p><p>O primeiro triunvirato (60-48 a.C.)</p><p>O Senado, entretanto, não conseguiu impor efeti-</p><p>vamente a autoridade que lhe fora restituída. A República</p><p>estava ainda ameaçada por comandantes militares que</p><p>se serviam das tropas em seu próprio interesse político.</p><p>Em 60 a.C., um triunvirato composto por Julio César, um</p><p>político, Pompeu, um general, e Crasso, um abastado</p><p>banqueiro, conspirou para tomar o poder em Roma.</p><p>Júlio César subiu depressa: Pontífice Máximo,</p><p>questor eleito pela assembleia do povo e cônsul. Pom-</p><p>peu havia voltado do Oriente e o Senado desaprovara</p><p>seu trabalho de reorganizar as províncias orientais. O</p><p>ambicioso Crasso fez uma aliança secreta com César</p><p>e Pompeu a fim de tomar o poder do Senado: nascia o</p><p>primeiro triunvirato em 60 a.C.</p><p>Primeiro triunvirato: (da esquerda para a direita)</p><p>Pompeu, Julio César e Crasso</p><p>Adaptado de: <http://brenohistoriador.blogspot.com.br/2015/03/</p><p>historia-do-imperio-romano.html>. Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>Em 55 a.C., o triunvirato reorganizou-se. Pom-</p><p>peu ficou com a Espanha; Crasso, com as províncias</p><p>no Oriente; e César, com a Gália (França atual). Em 53</p><p>a.C., Crasso morreu combatendo os partas na Síria,</p><p>povo que reconstruiu o Império Persa. Sobreveio uma</p><p>crise agravada pela ação de bandos armados que es-</p><p>palhavam o terror em Roma. O Senado nomeou Pom-</p><p>peu cônsul único, com a missão de restabelecer a or-</p><p>dem. Em 49 a.C., o Senado confiou a Pompeu a defesa</p><p>da República contra as ambições políticas de César.</p><p>Pronunciando a famosa frase Alea jacta est,</p><p>(A sorte está lançada), Julio César entrou em Roma</p><p>à frente de seus exércitos, configurando um inegável</p><p>golpe de Estado. Abalado com o prestígio popular de</p><p>César, Pompeu fugiu para a Grécia, onde foi derrotado</p><p>em 48 a.C.</p><p>A ditadura de César (48-44 a.C.)</p><p>César, já Pontífice Máximo, passou a acumular</p><p>títulos concedidos pelo Senado: ditador perpétuo, que</p><p>lhe permitia reformar a Constituição; censor vitalício,</p><p>que lhe dava direito de fazer a lista de senadores; côn-</p><p>sul vitalício, mediante o qual podia exercer o</p><p>pré-colombiana, mercantilismo e administração espanhola na América 113</p><p>Aulas 5 e 6: Período pré-colonial, administração colonial e invasões francesas 129</p><p>Aulas 7 e 8: Economia colonial, sociedade e invasões holandesas 147</p><p>Aulas 9 e 10: Bandeirismo, mineração e tratados de limites 167</p><p>UNESP</p><p>Cobra a associação de fatos e conceitos políticos, econômicos e sociais com textos científicos e</p><p>mapas. O candidato deve ser hábil ao interpretar o material dado na questão, além de dominar os</p><p>temas estudados. Os temas da antiguidade clássica são recorrentes e o candidato deve dominar,</p><p>principalmente, a vida econômica e política dos períodos em destaque.</p><p>UNICAMP</p><p>As questões tendem a ser discursivas, o que força o candidato a dominar o assunto cobrado. O caráter das</p><p>questões é de âmbito reflexivo, trazendo temas históricos para o debate de temas contemporâneos. Cabe</p><p>ao candidato ficar atento aos aspectos sociológicos, políticos e econômicos dos temas, preocupando-se</p><p>menos com ações individuais dos agentes, e aos temas da atualidade para obter sucesso.</p><p>ENEM/UFMG/UFRJ</p><p>A proposta do Enem é interpretativa. Na maioria das questões, o candidato deve ler os textos</p><p>propostos atentamente, pois as soluções quase sempre estarão contidas neles.</p><p>UERJ</p><p>Este vestibular não contempla com frequência temas das antiguidades clássica e oriental. No</p><p>entanto, pelo caráter da prova, cabe ao candidato preparar-se para questões que envolvam</p><p>conhecimento das condições políticas, sociais e econômicas dos períodos descritos.</p><p>FA</p><p>CU</p><p>LDADE DE MEDICINA</p><p>BOTUCATU</p><p>1963</p><p>Abordagem de ANTIGUIDADES ORIENTAL E CLÁSSICA</p><p>nos principais vestibulares.</p><p>FUVEST</p><p>Determina conhecimento profundo dos temas estudados. Os temas da antiguidade clássica são</p><p>muito cobrados pelo vestibular. É necessário atribuir correlações entre as realidades econômica</p><p>e política de cada período. A concepção de história é voltada para a compreensão de processos</p><p>históricos e dificilmente sobre ações individuais isoladas. Como em outros vestibulares, atente-se</p><p>aos principais temas da atualidade.</p><p>to0</p><p>11</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>©</p><p>Fo</p><p>01 02</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Antiguidade oriental</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4, 5 e 6</p><p>Habilidades</p><p>1, 4, 5, 7, 8, 9, 11,</p><p>14, 15, 16, 18, 19,</p><p>22, 23, 27 e 29</p><p>to0</p><p>11</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>©</p><p>Fo</p><p>01 02</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Antiguidade oriental</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4, 5 e 6</p><p>Habilidades</p><p>1, 4, 5, 7, 8, 9, 11,</p><p>14, 15, 16, 18, 19,</p><p>22, 23, 27 e 29</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>9</p><p>Egito</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>A passagem da Pré-História para a História en-</p><p>volveu uma série de elementos, como o surgimento do</p><p>Estado, a organização da religião como instrumento de</p><p>poder, o desenvolvimento da escrita e a realização de</p><p>grandes obras de irrigação e drenagem do solo para</p><p>permitir a agricultura. Uma dessas primeiras civilizações,</p><p>ou seja, os primeiros povos que ultrapassaram o estágio</p><p>pré-histórico, foi a civilização egípcia.</p><p>A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste</p><p>da África, numa região caracterizada pela existência de</p><p>desertos e pela vasta planície banhada pelo rio Nilo. Na</p><p>região, caem abundantes chuvas de junho a setembro,</p><p>provocando enchentes. Quando voltam ao normal, as</p><p>águas deixam nas terras um limo, ou húmus, muito fértil.</p><p>A venda girava em torno do ciclo de cheias e</p><p>vazamento do Nilo, que os egípcios consideravam um</p><p>deus: a ele dirigiam preces e cânticos.</p><p>O rio Nilo divide o Egito em duas partes bem</p><p>distintas: o Alto e o Baixo Egito. O Alto Egito é a região</p><p>do interior do território, com cerca de 10 quilômetros</p><p>de largura e que chega até a primeira catarata. O Baixo</p><p>Egito é a região do delta, cheia de alagadiços e que se</p><p>alarga à medida que se aproxima do Mediterrâneo.</p><p>Uma das características da civilização</p><p>Imperium</p><p>(comando do exército) em Roma e nas províncias.</p><p>César usou tais poderes para iniciar numero-</p><p>sas reformas. Acabou com a guerra civil. Começou a</p><p>construção de obras públicas, que proporcionaram</p><p>empregos e embelezaram a cidade, e pôs as finanças</p><p>em ordem. Reformou o calendário, dando seu nome ao</p><p>sétimo mês (julho) e introduzindo um ano bissexto a</p><p>cada quatro anos.</p><p>César procurou também unificar o mundo ro-</p><p>mano. Chegou a guindar gauleses ao Senado. Nome-</p><p>ava pessoalmente os governadores e mantinha-os sob</p><p>controle, para evitar que espoliassem as províncias.</p><p>Para se tornar rei, título que era sinônimo de</p><p>traição depois que o Senado abolira a monarquia, Cé-</p><p>sar procurou ajuda de um amigo, o general Marco An-</p><p>tônio, que instigou a plebe contra o Senado.</p><p>Sofrendo forte oposição do Senado, que via nele</p><p>uma clara ameaça graças a sua ambição de instaurar</p><p>uma monarquia hereditária, em 44 a.C., um grupo de</p><p>aristocratas, liderados por Cássio e Bruto, conspirou</p><p>com o Senado e assassinou Julio César.</p><p>O segundo triunvirato (43-30 a.C.)</p><p>Os assassinos de César não tomariam o poder.</p><p>Marco Antônio sublevou o povo contra eles.</p><p>A conselho de Cícero, o Senado entregou o po-</p><p>der ao sobrinho de César e seu herdeiro, Caio Otávio,</p><p>que parecia não ter ambições políticas. Os senadores</p><p>tinham-no como um instrumento em suas mãos. Otávio</p><p>atacou Antônio em Módena para, em seguida, aliar-se a</p><p>ele e a Lépido, banqueiro que havia fornecido dinheiro</p><p>para a guerra contra os assassinos de César. Estava</p><p>formado o Segundo Triunvirato.</p><p>Em 40 a.C., os triúnviros dividiram novamente</p><p>o Império pelo Acordo de Brindisi. Antônio ficou com o</p><p>Oriente; Lépido, com a África; e Otávio, com o Ocidente.</p><p>A Itália foi considerada neutra.</p><p>71</p><p>No ano 36 a.C., Otávio conseguiu eliminar Lépi-</p><p>do do triunvirato, aumentando suas posses com a África.</p><p>Segundo triunvirato: (da esquerda para a direita)</p><p>Marco Emílio Lépido, Marco Antônio e Octavio Augusto</p><p>Adaptado de: <http://gabinetedehistoria.blo-</p><p>gspot.com.br/2015/05/mundo-romano-parte-</p><p>-ii.html>. Acesso em: 25 dez. 2015.</p><p>Otávio tinha arranjado o casamento da irmã,</p><p>Otávia, com Antônio, para garantir a fidelidade dele.</p><p>Antônio, porém, separou-se de Otávia em 36 a.C. para</p><p>se casar com Cleópatra. Deixou sua herança para ela,</p><p>nomeada também regente do filho que tivera com Cé-</p><p>sar, Cesarion, a quem Antônio considerava igualmente</p><p>herdeiro.</p><p>Revoltado, Otávio partiu para combater Antô-</p><p>nio. Em Ácio, perto da Grécia, foi derrotado e fugiu com</p><p>Cleópatra para o Egito. Otávio os seguiu até Alexandria,</p><p>que conquistaria, enquanto Antônio e Cleópatra se sui-</p><p>cidaram.</p><p>Otávio considerou o Egito sua conquista pessoal.</p><p>Apoderou-se do tesouro dos faraós, acumulado durante</p><p>milênios, e com essa fortuna organizou 70 legiões, o</p><p>que o tornou indestrutível. Otávio voltou à Roma triun-</p><p>fante, recebido como um deus; mas, ao atribuir tanto</p><p>poder a Otávio, a República romana estava a um passo</p><p>de se transformar em Império.</p><p>A conquista do Egito deu a Otávio o controle das</p><p>duas maiores fontes de poder: o exército e a plebe ro-</p><p>mana. Surgia uma nova forma de governo exercido pelo</p><p>comandante do exército, o imperator.</p><p>Em 27 a.C., Otávio recebeu o título de Augusto</p><p>(escolhido dos deuses). Só os deuses mereciam tal títu-</p><p>lo até então. Esse fato marcou o fim da República e o</p><p>início do principado, inaugurando o culto ao imperador.</p><p>O impériO rOmAnO</p><p>(27 A.c.-476 d.c.)</p><p>O Alto Império (27 a.C.-235 d.C.)</p><p>A vitória de Otávio sobre Marco Antônio na ba-</p><p>talha de Ácio, em 31 a.C., representou a passagem da</p><p>República para o Império Romano, cuja evolução histó-</p><p>rica se dividiu em duas fases: o Alto Império e o Baixo</p><p>Império. A primeira fase assinalou o apogeu do Impé-</p><p>rio Romano. A segunda marcou o declínio do Império</p><p>Romano e sua destruição pelas invasões germânicas.</p><p>Durante o Alto Império, a cidade de Roma chegou a</p><p>possuir uma população de 1,2 milhão de habitantes e o</p><p>império abrangia uma área de 5 milhões de km2.</p><p>O governo de Augusto (27-14 a.C.)</p><p>Durante seu governo, Otávio Augusto assumiu</p><p>o controle das principais magistraturas, concentran-</p><p>do mais poderes ainda em suas mãos. Foi reconheci-</p><p>do como Princeps Senatus, ou seja, o líder do Senado</p><p>(razão pela qual seu governo também ficou conhecido</p><p>como principado). Como imperador, assumiu o coman-</p><p>do supremo do exército, cujo efetivo era de 360 mil sol-</p><p>dados, e criou a guarda pretoriana encarregada de sua</p><p>proteção pessoal. Como tribuno da plebe, era sacros-</p><p>santo (qualquer atentado contra sua pessoa era passí-</p><p>vel de pena de morte) e detinha o poder de veto sobre</p><p>as decisões do Senado.</p><p>A sociedade foi dividida, segundo o critério da</p><p>riqueza (censitário), em duas ordens: a ordem senato-</p><p>rial, formada pelos cidadãos com renda superior a um</p><p>milhão de sestércios (moeda romana), com plenos privi-</p><p>légios políticos; e a equestre, composta pelos cidadãos</p><p>com renda de até 400 mil sestércios, que lhes permitiam</p><p>acesso aos cargos públicos. Com isso, Otávio ganhava</p><p>o apoio dos comerciantes ricos. Paralelamente, como</p><p>forma de compensar a perda do poder do Senado, ele</p><p>contemplava os senadores com regalias que os torna-</p><p>vam dependentes do poder imperial.</p><p>72</p><p>Augusto apaziguou a plebe romana com a céle-</p><p>bre política do “pão e circo”, que consistia na distri-</p><p>buição gratuita de alimentos e na realização de monu-</p><p>mentais espetáculos públicos para a plebe romana. Essa</p><p>política contribuiu para pôr fim às agitações sociais que</p><p>marcaram a fase final da República.</p><p>©</p><p>N</p><p>ed</p><p>dy</p><p>se</p><p>ag</p><p>oo</p><p>n/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>Co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>Detalhe do mosaico Gladiator (c. 320 a.C.):</p><p>o símbolo Ø marca um gladiador morto em combate.</p><p>Para o exército, Augusto também adotou medi-</p><p>das importantes. Para os combatentes veteranos distri-</p><p>buiu lotes de terras e estabeleceu uma espécie de apo-</p><p>sentadoria em dinheiro.</p><p>O período de Otávio Augusto inaugurou o que</p><p>os romanos chamavam de pax romana, período esse</p><p>em que as províncias romanas foram pacificadas (as tro-</p><p>pas imperiais impediam as guerras civis), estradas foram</p><p>construídas, portos foram reformados e pântanos foram</p><p>drenados. Os aquedutos levavam água fresca para</p><p>grandes parcelas da população romana e o sistema de</p><p>esgoto eficaz melhorou a qualidade de vida. Na políti-</p><p>ca externa, as guerras de conquista foram substituídas</p><p>pela política de consolidação das fronteiras.</p><p>Quando Otávio morreu, em 14 d.C., recebeu a</p><p>apoteose, isto é, o direito de ter um lugar entre os deu-</p><p>ses.</p><p>Morto Augusto, sucederam-se dinastias que go-</p><p>vernaram Roma durante o Alto Império. A Dinastia Ju-</p><p>lio-Claudiana (Tibério, Calígula, Cláudio e Nero) estava</p><p>ligada à aristocracia patrícia romana. A Dinastia Flávia</p><p>(Vespasiano, Tito e Domiciano) ascendeu ao poder pelo</p><p>exército e estava associada aos grandes comerciantes</p><p>da Itália central. A Dinastia Antonina (Nerva, Trajano,</p><p>Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio e Cômodo) ligava-</p><p>-se às famílias italianas estabelecidas na Espanha e na</p><p>Gália. Seus soberanos ficaram conhecidos como impera-</p><p>dores provinciais, e o governo dessa dinastia marcou o</p><p>apogeu do Império Romano. A Dinastia Severa (Sé-</p><p>timo Severo, Caracala, Heliogábalo e Severo Alexandre)</p><p>assinalou a transição do Alto para o Baixo Império. Em</p><p>212, Caracala promulgou um edito concedendo a cida-</p><p>dania romana para todos os homens livres do império</p><p>(Edito de Caracala).</p><p>O cristianismo</p><p>O cristianismo nasceu na Palestina, região sob</p><p>controle romano desde 64 a.C., como uma dissidência</p><p>do judaísmo.</p><p>Baseou-se nas pregações de Jesus, ou Cristo</p><p>(tradução latina da palavra grega sagrado), que se dizia</p><p>o Messias, isto é, o Filho de Deus, e que, segundo os</p><p>profetas, estabeleceria o domínio do povo judeu sobre a</p><p>Terra. A crença na existência de um só Deus, que enviou</p><p>à Terra seu filho para redimir os homens, era o princípio</p><p>fundamental do cristianismo. A nova religião pregava</p><p>também a igualdade entre os homens, o amor ao próxi-</p><p>mo, o perdão às ofensas e a humildade de coração, cuja</p><p>recompensa seria a conquista da vida eterna.</p><p>A expansão do cristianismo foi obra dos discí-</p><p>pulos de Jesus, os apóstolos, que, graças às suas pre-</p><p>gações, difundiram essa nova religião pelo mundo ro-</p><p>mano. Na fase inicial de sua expansão, o cristianismo</p><p>difundiu-se principalmente entre os escravos, plebeus e</p><p>camadas populares do Império Romano.</p><p>Fatores das perseguições</p><p>A repressão ao cristianismo começou ainda no</p><p>século I da Era Cristã, durante a Dinastia Júlio-Claudia-</p><p>na. No ano de 64, o imperador Nero desencadeou a</p><p>primeira delas, responsabilizando-os pelo incêndio de</p><p>Roma.</p><p>As perseguições foram causadas por razões po-</p><p>líticas. Primeiro, os cristãos, crentes na existência de</p><p>um único Deus, recusavam-se a reconhecer os deuses</p><p>oficiais do politeísmo romano e negavam-se a prestar</p><p>culto ao imperador. Segundo, graças a sua mensagem</p><p>redentora, o cristianismo obteve enorme sucesso entre</p><p>os excluídos da sociedade romana (mulheres, pobres e</p><p>especialmente escravos), o que lhe rendeu um caráter</p><p>subversivo. As perseguições acabaram por fortalecer o</p><p>cristianismo. Seus adeptos uniram-se, aceitando o mar-</p><p>73</p><p>tírio sem hesitação, uma vez que criam na salvação, e</p><p>seu exemplo fez novos e numerosos adeptos, especial-</p><p>mente em uma época de crise e de falência dos poderes</p><p>públicos.</p><p>O Baixo Império (284-476)</p><p>Poucos imperadores mereceram destaque nesse</p><p>período. Diocleciano (284-305) proibiu os camponeses</p><p>de abandonar a terra, tornando o colonato uma institui-</p><p>ção. Tentou tabelar os preços dos alimentos, decretando</p><p>o Edito do Máximo, e dividiu o Império em quatro</p><p>partes, governado simultaneamente por quatro impera-</p><p>dores (tetrarquia): dois augustos e dois césares.</p><p>Constantino (313-337) tornou-se soberano</p><p>único e restabeleceu a unidade política do Império.</p><p>Em 313, promulgou o Edito de Milão, concedendo</p><p>liberdade religiosa aos cristãos. Em 330, fundou uma</p><p>nova capital, Constantinopla, no local da antiga colônia</p><p>grega de Bizâncio.</p><p>Em 391, Teodósio (379-395) transformou o Cris-</p><p>tianismo em religião oficial do Império Romano pelo</p><p>Edito de Tessalônica. Em 395, dividiu o império em duas</p><p>unidades político-administrativas: o Império Romano do</p><p>Ocidente e o Império Romano do Oriente.</p><p>Ao longo do século V, os invasores bárbaros esfa-</p><p>celaram o Império do Ocidente. Os visigodos saquearam</p><p>Roma em 410, os vândalos, em 455, e, em 476, os héru-</p><p>los depuseram o último imperador, Rômulo Augústulo.</p><p>Fatores da crise do Império Romano</p><p>Foi a partir do século III que o Império Romano</p><p>começou a declinar de modo acentuado. Entre inúme-</p><p>ras razões, destaca-se a crise do escravismo. Sabe-se</p><p>que o trabalho escravo era um dos pilares da riqueza de</p><p>Roma, que a maioria dos escravos eram prisioneiros de</p><p>guerra. Ocorre, no entanto, que, desde o final do século</p><p>II, as guerras de conquista praticamente cessaram, fato</p><p>que diminuiu muito o número de escravos à venda. Com</p><p>isso, o preço deles foi ficando cada vez mais alto. Essa</p><p>crise afetou duramente a agricultura e o artesanato, se-</p><p>tores que dependiam dessa mão de obra para produzir</p><p>grandes quantidades para exportação. Roma passou</p><p>a gastar as riquezas acumuladas nas guerras de con-</p><p>quista, pagando pelos produtos que importava, como</p><p>cereais, armas e joias. Os proprietários começaram a</p><p>arrendar partes das suas terras a trabalhadores livres</p><p>denominados colonos – elementos da plebe urbana,</p><p>ex-escravos ou camponeses empobrecidos que busca-</p><p>vam a proteção dos senhores das grandes propriedades</p><p>rurais, denominadas vilas. A partir do momento em que</p><p>os colonos ganhavam o direito de cultivar a terra, eram</p><p>obrigados a ceder parte de sua colheita para o senhor e</p><p>a trabalhar, gratuitamente, alguns dias da semana nas</p><p>plantações do senhorio. Esse novo sistema de trabalho</p><p>foi denominado colonato. A crise do escravismo e o</p><p>advento do colonato resultaram na diminuição da pro-</p><p>dução e no declínio do comércio.</p><p>A crise financeira foi consequência do de-</p><p>sequilíbrio entre a arrecadação fiscal do Estado e sua</p><p>despesa com a manutenção do aparelho administrati-</p><p>vo e militar. Para cobrir os gastos governamentais, os</p><p>imperadores desvalorizavam constantemente a moeda,</p><p>provocando, no século III, um aumento de 300% nos</p><p>preços e desencadeando um enorme surto inflacionário.</p><p>A crise do escravismo, a falta de gêneros ali-</p><p>mentícios e a inflação provocaram o êxodo urbano e o</p><p>despovoamento das cidades.</p><p>A crise provocada pela intervenção do exér-</p><p>cito nas lutas sucessórias enfraqueceu o poder im-</p><p>perial e destruiu a coesão político-militar do Império.</p><p>De 235 a 285, grassaram os motins militares e guerras</p><p>civis, e muitos imperadores foram assassinados. O exér-</p><p>cito negligenciava seu dever de defender as fronteiras e</p><p>perturbava a vida interna do Império.</p><p>Ao mesmo tempo em que desmoronavam os pi-</p><p>lares internos do império, nas fronteiras do Reno, do</p><p>Danúbio e do Eufrates, as contínuas pressões externas</p><p>provocadas pelas invasões bárbaras abriam novas</p><p>brechas no dispositivo de defesa militar.</p><p>As invasões bárbaras</p><p>O termo “bárbaro” tinha um significado pejora-</p><p>tivo na cultura romana. Eram todos os povos que, resis-</p><p>tindo às tentativas de conquista, não haviam caído sob</p><p>o domínio do Império, não haviam sido “romanizados”</p><p>nem falavam latim.</p><p>74</p><p>Os povos bárbaros germânicos, descendentes dos indo-europeus ou arianos, habitavam os terri-</p><p>tórios da Europa Centro-Oriental, a leste do Reno e do Danúbio. Nômades e pastores com uma organização</p><p>social comunitária, esses povos estavam agrupados em federações guerreiras entre as quais se destacavam</p><p>os visigodos, os ostrogodos, os borgúndios, os alamanos, os francos, os vândalos, os hérulos, os</p><p>jutos, os anglos e os saxões. Desde o século III, as tribos germânicas haviam iniciado uma invasão pacífica das</p><p>áreas fronteiriças com o Império, e Roma consentira na ocupação de inúmeros territórios, transformando-os em</p><p>aliados e federados. A segurança do Império passou cada vez mais a depender dos aliados bárbaros, instalados</p><p>como federados nas fronteiras e substitutos dos cidadãos romanos nas legiões.</p><p>No século V, a invasão da Europa Oriental pelos hunos, tribos nômades originárias da Mongólia, precipitou</p><p>a invasão germânica do Império Romano nas fronteiras do Danúbio. Sob a forte pressão dos hunos, as tribos ger-</p><p>mânicas desencadearam a invasão mais violenta do Império. Enfraquecido por uma crise mais aguda, o Império</p><p>Romano do Ocidente foi destruído pelas invasões germânicas. Sob o impacto delas, esse Império fragmentou-se e</p><p>seus territórios foram ocupados por diferentes povos germânicos, que neles fundaram os Reinos Bárbaros da Idade</p><p>Média. Na Itália, surgiu o reino dos ostrogodos; na Gália, o reino dos francos; na Espanha, o reino dos visigodos;</p><p>na Inglaterra, os reinos anglo-saxões, e, no norte da África, o reino dos vândalos.</p><p>O império e as invasões bárbaras no século V</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/ Migrações_dos_povos_bárbaros>. Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>A culturA rOmAnA</p><p>A cultura desenvolvida pelos romanos foi significativamente influenciada pela cultura grega. Na religião po-</p><p>liteísta, os deuses romanos tinham por modelo os deuses gregos: Júpiter, deus dos deuses, correspondia ao deus</p><p>grego Zeus; Marte, deus da guerra, equivalia ao deus grego Ares. Foram grandes vultos da literatura romana:</p><p>Cícero, Virgílio (Eneida), Horácio, Ovídio, Tito Lívio e Plutarco. Cícero e Quintiliano destacaram-se pela retórica. As</p><p>grandes obras da arquitetura romana foram o Panteon e o Coliseu. Os maiores historiadores romanos foram Júlio</p><p>César, Salústio e Tácito. Na filosofia, o epicurismo de Lucrécio e o estoicismo de Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio</p><p>deixaram legado. O Direito Romano, originado da Lei das Doze Tábuas, dividia-se em três ramos: o jus civile (direito</p><p>civil), o</p><p>jus gentium (direito das gentes) e o jus naturale (direito natural). Os maiores jurisconsultos romanos foram</p><p>Gaio, Ulpiano e Paulo.</p><p>75</p><p>Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram para os romanos foi o uso do arco</p><p>e da abóbada (teto côncavo) nas construções. Esses dois elementos arquitetônicos – desconhecidos na Grécia</p><p>– permitiram aos romanos criar amplos espaços internos, livre do excesso de colunas, próprio dos templos gregos.</p><p>Assim, nos edifícios destinados à apresentação de espetáculos – os anfiteatros – os construtores romanos, usan-</p><p>do filas sobrepostas de arcos, obtiveram apoio para construir o local destinado ao público. Isso pode ser observado</p><p>no Coliseu, certamente o mais belo dos anfiteatros romanos.</p><p>©</p><p>TT</p><p>stu</p><p>dio</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Coliseu</p><p>O legAdO rOmAnO</p><p>Roma legou ao Ocidente uma valiosa herança que perdurou por séculos. Nos séculos que se seguiram ao</p><p>colapso de Roma, os povos continuaram a ser atraídos pela ideia de um Estado mundial unificado e pacífico. Ao</p><p>preservar e ampliar a filosofia, a literatura, a ciência e a arte da Grécia antiga, Roma fortaleceu os fundamentos da</p><p>tradição cultural do Ocidente. O latim, idioma romano, sobreviveu por muito tempo mesmo depois da extinção do</p><p>Império. Os padres da Igreja do Ocidente escreviam em latim e, durante a Idade Média, essa foi a língua dos eru-</p><p>ditos, escritores e juristas. Do latim derivaram o italiano, o francês, o espanhol, o português e o romeno. O direito</p><p>clássico, a mais pura expressão do gênio romano, influenciou o direito canônico e constituiu a base dos códigos de</p><p>lei da maioria dos Estados europeus. Por fim, o cristianismo, a principal religião do Ocidente, floresceu no Império</p><p>Romano e foi significativamente influenciado pela cultura e organização romanas.</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Vídeo</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Construindo um Império - ROMA</p><p>Spartacus (1960)</p><p>Spartacus é um homem que nasceu escravo, labuta para o Império</p><p>Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Ele, por sua vez,</p><p>não tem muito com o que sonhar, pois foi condenado à morte por</p><p>morder um guarda em uma mina na Líbia. Mas seu destino foi mudado</p><p>por Batiatus, um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que</p><p>o comprou para ser treinado nas artes de combate e se tornar um</p><p>gladiador.</p><p>Gladiador (2000)</p><p>Gladiador (no original em inglês Gladiator) é um filme estadunidense</p><p>dirigido por Ridley Scott. Russell Crowe interpreta o leal general</p><p>Máximus Décimus Meridius, que é traído quando o ambicioso filho</p><p>do imperador, Cómodo, mata seu pai e toma o trono. Reduzido a um</p><p>escravo, Máximus ascende através das lutas de gladiadores para vingar</p><p>a morte de sua família e do antigo imperador.</p><p>Nero (2004)</p><p>Filme baseado na vida do famoso imperador que entrou para a História</p><p>por ter ateado fogo em Roma.</p><p>76</p><p>Fonte: Youtube</p><p>77</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>ASTERIX E OBELIX (1959)</p><p>Uma série de histórias em quadrinhos criada na França por Albert</p><p>Uderzo e René Goscinny no ano de 1959, baseado na história</p><p>do povo gaulês, em grande parte no tempo do seu grande chefe</p><p>guerreiro Vercingetorix e seus conflitos com o Império Romano.</p><p>77</p><p>78</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>Fluxos populacionais não significam simplesmente uma alteração na composição de uma sociedade. Trata-</p><p>-se, ademais, de uma troca profunda de experiências e culturas, que tendem a ser mais ou menos conflituosa.</p><p>O Império Romano, ao longo de sua vasta história, entrou em contato com diversas outras sociedades, as quais</p><p>experimentavam valores e práticas distintas das que o império central pregava.</p><p>Muitos historiadores defendem que tamanha heterogeneidade cultural tenha sido um dos fatores para a</p><p>derrocada da porção ocidental de Roma. No entanto, é curioso notar certas semelhanças entre tais fluxos culturais</p><p>e populacionais da Roma antiga com as crises atuais de refugiados no continente europeu. Aos Estados, não é</p><p>trivial decidir o que fazer em tais circunstâncias.</p><p>79</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>É por meio de diversos registros escritos e artísticos que os historiadores estudam as so-</p><p>ciedades antigas, reconstruindo uma complexa rede de relações políticas, econômicas e</p><p>culturais. O Enem lança mão desses registros para que os alunos possam interpretá-los à luz</p><p>de seus conhecimentos teóricos.</p><p>A Habilidade 11 exige tal nível de interpretação dos concorrentes. O fundamental é atentar-</p><p>-se aos registros passados, ao enunciado e aos possíveis títulos transmitidos pelas obras.</p><p>Compreender como os diversos aspectos das pretéritas sociedades foram retratados por</p><p>seus contemporâneos é a chave para descobrirmos como a realidade era vista por eles.</p><p>mOdelO</p><p>(Enem) A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano</p><p>300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encon-</p><p>tram-se elementos que representam uma característica política dos roma-</p><p>nos no período, indicada em:</p><p>a) Cruzadismo — conquista da terra santa.</p><p>b) Patriotismo — exaltação da cultura local.</p><p>c) Helenismo — apropriação da estética grega.</p><p>d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados.</p><p>e) Expansionismo — diversidade dos territórios conquistados.</p><p>Análise expOsitivA</p><p>Habilidade 11</p><p>O final da República e o início do Império de Roma tiveram como um de seus pilares a ex-</p><p>pansão territorial e o domínio de outros povos. Tal prática permitia o aprisionamento de</p><p>escravos, além da tomada de riquezas. A imagem acima demonstra uma variedade de animais</p><p>vistos em diversos biomas conquistados por Roma. Diante disso, a alternativa E é a correta,</p><p>pois descreve seu processo de expansionismo.</p><p>Alternativa E</p><p>80</p><p>estruturA cOnceituAl</p><p>ROMA: CRISE DA REPÚBLICA E IMPÉRIO</p><p>1</p><p>GEOGRAFIA</p><p>— Península Itálica</p><p>— Pequeno Povoado</p><p>da Península Itálica</p><p>ECONOMIA</p><p>— Baseada em atividades</p><p>agropecuárias</p><p>SOCIEDADE</p><p>— Patrícios (proprietários)</p><p>— Clientes (não proprietários/</p><p>ligados aos patriarcas)</p><p>— Plebeus (classe diversa)</p><p>— Escravos</p><p>Crise da República</p><p>(133 - 27 a.C.)</p><p>Instabilidade Política</p><p>Diversos</p><p>setores</p><p>descontentes</p><p>- Escravos</p><p>(Rebelião de</p><p>Espártaco</p><p>73 - 71 a.C.)</p><p>- Militares</p><p>- Plebeus</p><p>- Reforma</p><p>Agrária</p><p>- Trigo a preço baixo</p><p>- Direitos Políticos</p><p>dos cavaleiros</p><p>Tentativas de</p><p>Reforma</p><p>Tibério e Graco</p><p>(133 - 121 a.C.)</p><p>O primeiro Triunvirato e</p><p>Ditadura de César (60 - 44 a.C.)</p><p>Triunvirato - Divide Roma em 3</p><p>J. César Pompeu Crasso</p><p>Instaura</p><p>uma ditadura</p><p>- Reformas</p><p>- Obras públicas</p><p>- Unificação do</p><p>mundo romano</p><p>2</p><p>Ditaduras Mario e Sila</p><p>(107 - 79 a.C.)</p><p>MARIO (107 a.C.)</p><p>Reduz a autoridade</p><p>do Senado</p><p>Privilégia militares</p><p>e plebeus</p><p>3</p><p>SILA (86 a.C.)</p><p>Privilegia patrícios Restaura autoridade</p><p>do senado</p><p>Governo instável agrava Crise Romana</p><p>Império de Otávio Augusto</p><p>e Alto Império Romano (27 a.C. - 476 d.C.)</p><p>Apogeu do Império Romano</p><p>Cristianismo</p><p>Crise e queda do Império Romano</p><p>- Crise do escravismo</p><p>- Divisão do Império Romano (ocidente e oriente)</p><p>- Enfraquecimento do poder imperial</p><p>- Crise financeira</p><p>- Rebeliões militares</p><p>- Invasões bárbaras e queda do império romano</p><p>do ocidente (476 d.C.)</p><p>Édito de Milão → (liberdade religiosa 313 d.C.)</p><p>Édito de Tessalônica → (Religião oficial 391 d.C.)</p><p>Obras públicas → Estradas, portos e aquedutos</p><p>Divisão social censitária</p><p>Perseguição do crescimento</p><p>Pax Romana</p><p>Política pão e circo</p><p>Controle das fronteiras</p><p>5</p><p>Baixo Império Romano</p><p>(284 -476)6</p><p>O segundo Triunvirato</p><p>(43 - 30 a.C.)</p><p>2º Triunvirato</p><p>Otávio Antônio Lépido</p><p>Conquistas dos</p><p>outros territórios</p><p>Imperador</p><p>Otávio Augusto</p><p>4</p><p>©</p><p>C</p><p>ris</p><p>tin</p><p>aM</p><p>ur</p><p>ac</p><p>a/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>09 10</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Império Bizantino e</p><p>civilização muçulmana</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4, 5 e 6</p><p>Habilidades</p><p>1, 4, 5, 7, 8, 9,</p><p>14, 16, 18, 22,</p><p>23, 24 e 27</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória</p><p>pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>83</p><p>ImpérIo BIzantIno</p><p>Origens</p><p>O Império Romano no ano 395 d.C.</p><p>Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris:</p><p>Larousse, 1987. p. 34.</p><p>Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987, p. 34.</p><p>A morte do imperador Teodósio, em 395 d.C., determinou o fim da unidade do Império Romano que foi</p><p>dividido entre os seus filhos em duas partes: o Império Romano do Ocidente, com capital em Milão e depois em</p><p>Ravena, e o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. Essa cidade chamava-se anteriormente Bi-</p><p>zâncio, uma antiga colônia grega que apresentava grande desenvolvimento econômico e comercial, especialmente</p><p>em virtude de sua privilegiada e estratégica localização, entre os mares Egeu e Negro.</p><p>Após a separação, os orientais continuaram chamando-a de Bizâncio – o antigo nome grego –, assim, o</p><p>Império Romano do Oriente passou a ser chamado Império Bizantino.</p><p>Economia e sociedade</p><p>A crise que abalou o Império Romano, a partir do século III, não atingiu igualmente o Ocidente e o Oriente.</p><p>A queda da produção agrícola, o declínio do comércio e a intensa pressão inflacionária foram fatores característicos</p><p>da parte ocidental do império. O poder imperial, enfraquecido pela sistemática intervenção do exército, tendeu à</p><p>fragmentação e à descentralização. Por outro lado, a região oriental, dotada de estrutura econômica, política e</p><p>administrativa mais sólida, recebeu o impacto da crise com mais capacidade de absorvê-la. Sua agricultura sofreu</p><p>um pequeno declínio, mas a manufatura e o comércio mantiveram-se articulados. Não sofreu o êxodo urbano e não</p><p>passou pela ruralização, que marcaram o Ocidente. As levas bárbaras do Oriente, especialmente os hunos e eslavos,</p><p>chegaram a ocupar algumas províncias do Império Bizantino, apesar disso, Constantinopla conseguiu manter sua</p><p>autoridade sobre um conjunto unificado de territórios e povos capazes de sustentar sua riqueza.</p><p>O imperialismo e sua localização privilegiada como ponto de cruzamento entre dois continentes possibilitaram à</p><p>Constantinopla usufruir das vantagens da sua posição de vital importância comercial, cultural e diplomática, permitindo-</p><p>-lhe o controle das rotas que ligavam a Ásia à Europa assim como a passagem do mar Mediterrâneo para o mar Negro.</p><p>84</p><p>O comércio proporcionou o crescimento da im-</p><p>portância e o grande enriquecimento de Bizâncio, que</p><p>se tornou a maior metrópole do Oriente. Centro de im-</p><p>portantes rotas comerciais, a cidade passou a controlar</p><p>o intercâmbio de produtos entre o mar Mediterrâneo e</p><p>o mar Negro e, especialmente, entre o mar Negro e o</p><p>estreito de Bósforo.</p><p>No setor agrícola, predominavam os latifúndios.</p><p>Raros eram os pequenos lavradores independentes.</p><p>Rendeiros e servos formavam o grosso da população</p><p>agrícola. A Igreja concentrava em suas mãos ampla por-</p><p>centagem da riqueza agrária, tornando os mosteiros as</p><p>entidades mais ricas no império.</p><p>A sociedade era urbanizada. Constantinopla, por</p><p>exemplo, abrigava um milhão de habitantes. Banquei-</p><p>ros, mercadores, manufatureiros e grandes proprietários</p><p>de terras constituíam uma elite extremamente enrique-</p><p>cida. Vestimentas de lã e seda, entrelaçadas com fios</p><p>de ouro e prata, dão a medida do grau de ostentação</p><p>exibido pela opulenta elite bizantina. Nas camadas in-</p><p>termediárias estavam os trabalhadores urbanos do co-</p><p>mércio e das manufaturas. No campo, predominavam os</p><p>servos, proibidos de saírem das terras onde nasceram.</p><p>Os escravos realizavam trabalhos domésticos.</p><p>A sociedade bizantina preservou parte das ins-</p><p>tituições ocidentais, como o uso eventual do latim,</p><p>estruturas administrativas e alguns costumes sociais.</p><p>Todavia, houve ali predominância de aspectos culturais</p><p>gregos e orientais, como a oficialização da língua grega</p><p>no século VII.</p><p>Política</p><p>O Estado beneficiou-se do enriquecimento pro-</p><p>porcionado pelo comércio, possibilitando seu fortaleci-</p><p>mento como uma monarquia</p><p>centralizada, despótica,</p><p>teocrática e hereditária. O imperador possuía grandes</p><p>poderes políticos, além de ser o chefe do Exército e da</p><p>Igreja, com direito de intervir nos assuntos eclesiásticos</p><p>(cesaropapismo).</p><p>A organização estatal era burocrática, possuindo</p><p>os imperadores bizantinos um grande número de minis-</p><p>tros, funcionários e auxiliares.</p><p>O auge do império: Justiniano (527-565 d.C.)</p><p>Império Bizantino, em 565 d.C.</p><p>Mediolano</p><p>Império</p><p>Sassânida</p><p>Cesareia</p><p>Germanícia</p><p>Ancara</p><p>Amório</p><p>Icônico</p><p>Adália</p><p>Prusa</p><p>Pérgamo</p><p>Esmirna</p><p>Antioquia</p><p>Mileto</p><p>Selêucia</p><p>Antioquia</p><p>Laodiceia</p><p>Trípoli</p><p>Damasco</p><p>Berito</p><p>Chipre</p><p>Edessa</p><p>Alepo</p><p>Amida</p><p>Coloneia</p><p>Trebizonda</p><p>Nicomédia</p><p>Heracleia</p><p>Sínope</p><p>Constantinopla</p><p>Sozópolis</p><p>Odessos</p><p>Quérson</p><p>Silistra</p><p>Mar NegroNicópolis</p><p>Adrianópolis</p><p>Tessalônica</p><p>Naísso</p><p>Cízico</p><p>Abidos</p><p>Lárissa</p><p>Tebas</p><p>AtenasPatras</p><p>Escupi</p><p>Viminácio</p><p>Sírmio</p><p>Creta</p><p>Nazaré</p><p>Jafa Jerusalém</p><p>Alexandria</p><p>Mênfis</p><p>Mar Mediterrâneo</p><p>Qift</p><p>Árabes</p><p>Ávaros</p><p>Dirráquio</p><p>Bari</p><p>Tarento</p><p>Crotona</p><p>Messina</p><p>Nápoles</p><p>Panormo</p><p>Sicília</p><p>Siracusa</p><p>Sardenha</p><p>Cartago</p><p>Sufetula</p><p>Trípoli</p><p>Córsega Roma</p><p>Ancona Salona</p><p>Ravena</p><p>Pisa</p><p>Baleares</p><p>Visigodos</p><p>Córdoba</p><p>Cartagena</p><p>Tingi</p><p>Império Bizantino em 565</p><p>Império antes do reinado de Justiniano</p><p>Conquistas de Justiniano</p><p>0 200 400 600 800 1000 km</p><p>Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Bizantino#/media/File:The_Byzantine_State_under_Justinian_l-pt.svg>.</p><p>O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565). Durante seu governo, o poder imperial atingiu seu</p><p>auge, sendo conferidos poderes ilimitados ao imperador, que, por sua vez, ampliou os privilégios do clero e da no-</p><p>breza. Ampliou as conquistas territoriais, estendendo as fronteiras às penínsulas Itálica e Ibérica, além da conquista</p><p>e dominação de territórios no norte da África.</p><p>85</p><p>Os gastos militares forçaram a elevação dos im-</p><p>postos a níveis insuportáveis. A cobrança dos impostos</p><p>dependia da eficiência dos funcionários, odiados pela</p><p>população de Constantinopla. As pressões da arrecada-</p><p>ção desencadearam, em 532, um violento levante co-</p><p>nhecido por Revolta Nika. Os membros dos dois prin-</p><p>cipais partidos políticos, o Verde e o Azul, costumavam</p><p>frequentar o hipódromo da cidade. Aristocratas legiti-</p><p>mistas, que negavam o direito de Justiniano ao trono,</p><p>instigaram os partidos à rebelião fazendo numerosas</p><p>exigências. A princípio, o imperador os atendeu. Mas,</p><p>esgotados os meios pacíficos para o atendimento das</p><p>partes, o conflito se tornou violento. Orientado por sua</p><p>esposa Teodora e respaldado pelos exércitos comanda-</p><p>dos pelo general Belisário, Justiniano cercou o hipódro-</p><p>mo, centro de reunião dos rebelados, massacrando 30</p><p>mil pessoas e pondo fim ao movimento contestador.</p><p>No governo de Justiniano foi construída a Igre-</p><p>ja de Santa Sofia, considerada a mais importante</p><p>obra da arquitetura bizantina, cuja suntuosidade ex-</p><p>primia a força do poder do Estado personificado pelo</p><p>Imperador. Com o objetivo de expressar as tendências</p><p>introspectivas e espirituais da religião cristã e o poder</p><p>de Deus como iluminador das almas e dos espíritos,</p><p>seus arquitetos projetaram um aspecto sóbrio na face</p><p>externa e, de forma contrastante, decoraram o interior</p><p>com mosaicos ricamente coloridos, detalhes folheados</p><p>a ouro, colunas de mármore de cores variadas e pe-</p><p>daços de vidro colorido que refletiam os raios solares</p><p>cintilando como pedras preciosas. A igreja passou a</p><p>ser o palco da maioria das cerimônias de coroação dos</p><p>imperadores bizantinos.</p><p>A publicação do Corpus Juris Civilis ou Có-</p><p>digo de Justiniano, que serviu de referência para</p><p>códigos civis de diversas nações, foi a grande realiza-</p><p>ção de Justiniano no campo jurídico. O código resul-</p><p>tou de uma compilação do Direito Romano e tinha a</p><p>seguinte subdivisão:</p><p>§ Código – conjunto de leis romanas (síntese de</p><p>quase dois mil anos de jurisprudência romana);</p><p>§ Digesto – comentários dos grandes juristas so-</p><p>bre essas leis;</p><p>§ Institutas – princípios fundamentais do Direito</p><p>Romano (manual para uso dos estudantes); e</p><p>§ Novelas – novas leis do período de Justiniano.</p><p>Mosaico com imagem de Justiniano,</p><p>na basílica de São Vital, em Ravena</p><p>Vista parcial do interior da basílica de Santa Sofia Basílica de Santa Sofia, em Istambul</p><p>A Igreja bizantina</p><p>Em 380 d.C., antes mesmo da divisão do Império em Ocidente e Oriente, o imperador Teodósio havia decretado</p><p>o Edito de Tessalônica, que estabelecia a oficialização do cristianismo como religião de Estado do Império Romano.</p><p>No Oriente, o cristianismo foi integrado à cultura local, incorporando aspectos da realidade bizantina, in-</p><p>teiramente diversos da realidade ocidental. Assim, o cristianismo oriental passou a ter características próprias,</p><p>diferenciando-se cada vez mais do ocidental, com grande ênfase na valorização da espiritualidade. O efeito dessas</p><p>diferenças foi o surgimento, no Oriente, das divergências doutrinárias: as heresias, o monofisismo e a iconoclastia.</p><p>Os monofisistas defendiam a natureza unicamente divina de Cristo, negando sua natureza humana, enquanto os</p><p>iconoclastas pregavam a destruição das imagens e a sua proibição nos templos.</p><p>86</p><p>Os cristãos orientais denominavam de ícones</p><p>quaisquer imagens tridimensionais de Cristo ou santos</p><p>incorporadas às cerimônias religiosas. Dentre os princi-</p><p>pais produtores de ícones encontravam-se os monges,</p><p>que auferiam grandes lucros nesse ramo comercial.</p><p>Isentos de tributação, proprietários de grandes proprie-</p><p>dades, exercendo grande influência na sociedade, repre-</p><p>sentavam uma ameaça ao poder central.</p><p>A corriqueira utilização de ícones nos templos e</p><p>mesmo nas casas era vista por muitos como uma prática</p><p>idólatra, ou seja, de adoração de ídolos.</p><p>Visando enfraquecer o poder dos monges, o</p><p>imperador Leão III, em 725, proibiu o uso de imagens</p><p>tridimensionais nos templos, determinando sua destrui-</p><p>ção ou iconoclastia. O papa manifestou-se declaran-</p><p>do herética a proibição de imagens, aprofundando os</p><p>desentendimentos com o imperador e igreja bizantinos.</p><p>O Cisma do Oriente (1054)</p><p>A entrada de Maomé II em Constantinopla,</p><p>de Jean-Joseph-Benjamin Constant</p><p>O patriarca de Constantinopla era a figura ecle-</p><p>siástica de maior poder no Oriente. Com a conversão</p><p>dos eslavos ao cristianismo e a prosperidade do império,</p><p>fortalecia-se sua autoridade. Ele recusava a supremacia</p><p>do papa sobre sua Igreja, considerando-se o supremo</p><p>mandatário do povo cristão.</p><p>Foram várias as características diferenciadoras</p><p>desenvolvidas pelo patriarca no Oriente. O ritual era ce-</p><p>lebrado em grego, e não em latim. O Estado bizantino</p><p>controlava a Igreja (cesaropapismo) e algumas crenças</p><p>e costumes eram rejeitados pela Igreja oriental, como,</p><p>por exemplo, a existência do purgatório ou a decoração</p><p>dos templos com imagens tridimensionais de Cristo e</p><p>de santos.</p><p>As inúmeras divergências levaram à separação</p><p>entre as igrejas orientais e ocidentais, em 1054. O cha-</p><p>mado Cisma do Oriente levou à formação de duas igre-</p><p>jas distintas: a Igreja Católica Apostólica Romana,</p><p>dirigida pelo Papa, e a Igreja Cristã Ortodoxa, lidera-</p><p>da pelo Patriarca de Constantinopla.</p><p>Decadência do Império Bizantino</p><p>Além do fortalecimento do poder dos grandes</p><p>proprietários rurais, do enfraquecimento do poder do</p><p>imperador e das disputas religiosas, contribuíram para</p><p>o declínio do Império Bizantino os constantes ataques</p><p>que Bizâncio passou a sofrer, especialmente das cida-</p><p>des italianas, a partir do século XIII, e das investidas de</p><p>bárbaros e árabes. Sua posição e riqueza despertavam a</p><p>cobiça de impérios que surgiram e se fortaleciam.</p><p>Pouco depois da morte de Justiniano (565),</p><p>os lombardos, povo germânico que até então havia</p><p>sido mantido no solo onde hoje é a Hungria, toma-</p><p>ram dos bizantinos o ducado de Ravena e marcha-</p><p>ram sobre Roma.</p><p>Ainda nos séculos VII e VIII, os árabes muçulma-</p><p>nos tomaram do Império Bizantino as regiões do norte</p><p>da África e sul da península Ibérica. Anexaram, também,</p><p>o Egito, a Palestina, a Síria e a Mesopotâmia, reduzindo</p><p>a civilização bizantina a um território sensivelmente me-</p><p>nor ao período anterior a Justiniano.</p><p>Depois de um longo cerco, em 1453, os turcos</p><p>otomanos, comandados pelo sultão Maomé II, conquis-</p><p>taram a cidade de Constantinopla, ou Bizâncio, des-</p><p>truindo o Império Bizantino. Constantinopla tornou-se</p><p>a capital de outro Estado poderoso, o Império Otomano,</p><p>passando a se chamar Istambul e permanecendo, até os</p><p>dias atuais, como a maior e mais importante cidade da</p><p>República da Turquia.</p><p>A tomada de Constantinopla foi utilizada como</p><p>marco da transição da Idade Média para a Idade Moderna.</p><p>87</p><p>CIvIlIzação muçulmana</p><p>Arábia pré-islâmica</p><p>Bagdá</p><p>Pérsia</p><p>Egito</p><p>PENÍNSULA</p><p>ARÁBICA</p><p>Meca</p><p>Medina</p><p>Gaza</p><p>Alexandria</p><p>Antióquia</p><p>Mar Mediterrâneo</p><p>Oceâno Índico</p><p>M</p><p>ar Verm</p><p>elho</p><p>Golfo Pérsico</p><p>Fustal</p><p>(Cairo)</p><p>Jerusalém</p><p>Damasco</p><p>Basra</p><p>www.img.mat.br/homepage/joao_afonso/J.A/Aula18.html</p><p>Fonte: <www.img.mat.br/homepage/</p><p>joao_afonso/J.A/Aula18.html>.</p><p>A Arábia é uma península árida localizada no</p><p>Oriente Médio. Ao sul, é banhada pelo oceano Índico, a</p><p>oeste, pelo mar Vermelho e a leste, pelas águas do golfo</p><p>Pérsico. Ao norte, a Arábia pré-islâmica limitava-se com</p><p>a Palestina.</p><p>Até o século VII, os árabes estavam divididos:</p><p>de um lado, as tribos beduínas, habitando a “Arábia</p><p>Desértica”, nômades que se dedicavam ao pastoreio e</p><p>frequentavam os oásis – poços de água em meio aos</p><p>desertos; de outro, os habitantes da “Arábia Feliz”,</p><p>ou Hedjaz, – faixa costeira e fértil ao longo do mar</p><p>Vermelho. Viviam da agricultura e do comércio. Existia</p><p>ali uma localidade importante, Áden, que funcionava</p><p>como entreposto de produtos orientais: especiarias,</p><p>sedas e joias.</p><p>Os diversos povos da Arábia estavam divididos</p><p>em várias tribos; portanto, não formavam um Estado</p><p>com unidade política. Mas tinham elementos culturais</p><p>comuns, como o idioma árabe e certas crenças religiosas.</p><p>A principal cidade árabe era Meca, onde havia</p><p>um santuário religioso, Caaba (casa de Deus), que reu-</p><p>nia as principais divindades de toda a Arábia (mais de</p><p>300 ídolos pertencentes às tribos do deserto). Ali estava</p><p>a Pedra Negra, provavelmente um pedaço de meteori-</p><p>to protegido por uma tenda de seda preta, na forma de</p><p>um cubo, que era bastante venerada, pois se acreditava</p><p>ter sido trazida do céu pelo anjo Gabriel.</p><p>O santuário ajudou a transformar Meca no cen-</p><p>tro religioso e comercial dos árabes, já que a cidade era</p><p>o ponto de encontro de pessoas e de mercadorias de</p><p>diversas regiões.</p><p>Origens do islamismo</p><p>O responsável pela unidade política e religiosa</p><p>da península Arábica foi Maomé, criador e divulgador</p><p>da religião muçulmana.</p><p>Maomé (Muhammad) nasceu em 570, na ci-</p><p>dade de Meca. Seus pais pertenciam a um dos mais</p><p>pobres clãs da tribo dos coraixitas, os haxemitas. O</p><p>pai morreu cedo e o menino ficou aos cuidados do</p><p>avô, que o levou para viver no meio de uma tribo no</p><p>deserto. Lá, Maomé assimilou as necessidades mate-</p><p>riais e espirituais da população do deserto. Regressou</p><p>a Meca aos 15 anos de idade e logo entrou para o</p><p>comércio de caravanas, orientado pelo tio Abu Taleb.</p><p>As expedições com caravanas eram muito perigosas,</p><p>pois podiam ser atacadas a qualquer momento. Por</p><p>isso, exigiam de seus condutores habilidade militar.</p><p>Maomé destacou-se como grande caravaneiro. Aos 20</p><p>anos empregou-se como caravaneiro de Khadidja, rica</p><p>viúva, pelo menos 10 anos mais velha que ele e com</p><p>quem se casou.</p><p>Nas suas viagens, Maomé entrou em contato</p><p>com povos e religiões diferentes. Esteve várias vezes</p><p>no Egito, Palestina, Pérsia, regiões onde fervilhava o</p><p>espírito religioso. Conheceu principalmente o cristia-</p><p>nismo e o judaísmo, sofrendo profunda influência des-</p><p>sas crenças religiosas.</p><p>©</p><p>W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Caaba</p><p>88</p><p>Por volta de 610, já com quase 40 anos, Maomé</p><p>teve sua primeira visão do anjo Gabriel, que lhe teria</p><p>ordenado “recitar o nome do Senhor” e que “havia um</p><p>só deus, Alá, e um só profeta, Maomé”. Transformado</p><p>por essa visão, Maomé convenceu-se de que fora es-</p><p>colhido para servir como profeta. Depois de converter</p><p>os parentes, Maomé começou a falar aos coraixitas. No</p><p>início, todos ficaram impressionados com sua pregação.</p><p>Mas depois passaram a desprezá-lo e, finalmente, a per-</p><p>seguir Maomé e seus seguidores.</p><p>No entanto, as pregações de Maomé foram bem</p><p>recebidas pelos beduínos, pois prometia-lhes o paraíso</p><p>com muita água, alimentos em abundância, mulheres</p><p>e a presença de Alá. Assim, os beduínos começaram a</p><p>seguir Maomé, enquanto os coraixitas o proibiram de</p><p>pregar a fé em Alá e o monoteísmo na cidade de Meca.</p><p>No ano de 622, Maomé teria realizado um mi-</p><p>lagre para provar que era profeta de Alá: “quebrou” a</p><p>Lua. Provavelmente tratava-se de um eclipse e talvez</p><p>Maomé conhecesse informações sobre o fato, até por-</p><p>que manteve muitos contatos com o Oriente, onde a</p><p>astronomia era altamente desenvolvida.</p><p>Perseguido pelos coraixitas, que mandaram as-</p><p>sassiná-lo, Maomé fugiu para Iatreb (Yathrib), cidade</p><p>rival de Meca, onde já possuía seguidores. Esse evento</p><p>ficou conhecido como Hégira, e é utilizado como mar-</p><p>co inicial do calendário muçulmano. Em latreb, Maomé</p><p>conquistou rapidamente prestígio e poder, controlan-</p><p>do a cidade que passou a ser chamada de Medina al</p><p>Nabi – a Cidade do Profeta.</p><p>A jihad ocupa um lugar importante no islamismo,</p><p>ela era pregada por Maomé como o “esforço” ou a “luta”</p><p>que cada pessoa tem de empreender internamente na</p><p>busca da fé perfeita. O Ocidente traduziu erradamente a</p><p>palavra jihad como “guerra santa”, ou seja, como cami-</p><p>nho para a conversão, estabelecendo que o paraíso seria</p><p>o prêmio para aqueles que morressem em nome de Alá,</p><p>enquanto os sobreviventes poderiam se deleitar das ri-</p><p>quezas materiais obtidas através dos saques e pilhagens;</p><p>no entanto, tal interpretação não está no Alcorão.</p><p>Após a conquista de Iatreb, o alvo principal</p><p>passou a ser a cidade de Meca. O crescente número</p><p>de seguidores possibilitou a formação de um exército</p><p>numeroso, que cercou a cidade, preservando apenas</p><p>a Caaba. Em seguida, Maomé fez um acordo com os</p><p>coraixitas, estabelecendo a peregrinação a Meca como</p><p>uma das obrigações da religião muçulmana. A domi-</p><p>nação de Meca representou a implantação da unidade</p><p>política e religiosa da região sustentada pelo islamismo.</p><p>Meca transformou-se no centro religioso da crença mo-</p><p>noteísta islâmica.</p><p>Em 632, Maomé morreu, deixando difundida sua</p><p>doutrina religiosa. Ao mesmo tempo, a península Arábi-</p><p>ca, que era um aglomerado de tribos e clãs dispersos,</p><p>teve sua unificação política realizada através da unifica-</p><p>ção religiosa.</p><p>Expansão islâmica</p><p>REINO DOS FRANCOS</p><p>ITÁLIA</p><p>Politiers</p><p>Roma</p><p>IMPÉRIO BIZANTINO</p><p>Mar Negro</p><p>ARMÊNIA</p><p>Mar Cáspio</p><p>SÍRIA</p><p>PALESTINA</p><p>PÉRCIA</p><p>ÍNDIA</p><p>Golfo Pérsico</p><p>ARÁBIA</p><p>Medina</p><p>Meca</p><p>M</p><p>ar Verm</p><p>elho</p><p>EGITO</p><p>LÍBIATRIPOLITÂNIAMAGREB</p><p>ESPANHA</p><p>Mar Mediterrâneo</p><p>Oceano Índico</p><p>Oceano</p><p>Atlântico</p><p>Expansão até à morte de Maomé, 622-632</p><p>Expansão durante o Califado Rashidun, 632-661</p><p>Expansão durante o Califado Omíada, 661-750</p><p>Limite máximo de penetração árabe na França, 732</p><p>Expansão até à morte de Maomé, 622-632</p><p>Fonte: <https://almanaque.abril.com.br/mapas/história%20Geral>.</p><p>89</p><p>A partir do século VII, em virtude da religião mu-</p><p>çulmana e da jihad, enquanto busca da difusão da fé</p><p>islâmica, os árabes muçulmanos expandiram-se, domi-</p><p>nando vasta extensão territorial que se estendia da Ásia</p><p>à Europa, passando pelo Norte da África. Essa expansão</p><p>teve origem na unidade política e religiosa implantada</p><p>por Maomé, no início do século VII, quando foi criado</p><p>um estado teocrático islâmico. Os fatores que explicam</p><p>a expansão islâmica são:</p><p>§ o crescimento demográfico, graças à poligamia,</p><p>e a escassez de terras férteis na Arábia;</p><p>§ a atração que os saques e pilhagens exerciam</p><p>sobre os árabes;</p><p>§ a decadência dos Impérios Bizantino e Império</p><p>Persa; e</p><p>§ o fracionamento</p><p>da Europa em Reinos Bárbaros</p><p>frágeis que sucederam o Império Romano.</p><p>Fases da expansão</p><p>A morte de Maomé deixou um grande vazio de</p><p>liderança que, por um curto período, chegou a ameaçar</p><p>a sobrevivência do Islão.</p><p>Para fazer frente a essa situação, os membros</p><p>mais influentes dos conselhos municipais das cidades</p><p>de Meca e Medina decidiram apontar um califa, isto é,</p><p>um sucessor de Maomé, que deveria concentrar em suas</p><p>mãos o poder político, militar e religioso. O primeiro califa</p><p>foi Abu Bekr, sogro de Maomé, e os outros três que o su-</p><p>cederam foram também apontados entre seus familiares.</p><p>As conquistas tiveram início com esses califas de</p><p>Meca. Sucessivamente, a partir de 634, a Síria, a Pales-</p><p>tina, a Ásia Menor, a Mesopotâmia, a Pérsia, o Egito e a</p><p>Tunísia caíram sob o domínio muçulmano.</p><p>Alguns anos após estas conquistas, o novo impé-</p><p>rio foi abalado por lutas internas, e o controle do califa-</p><p>do passou para as mãos de outra família, os Omíadas,</p><p>que transferiram a capital para Damasco, na Síria. Sob</p><p>a liderança dos Omíadas (660-750), os árabes retoma-</p><p>ram o processo de expansão conquistando territórios na</p><p>Ásia central (Índia), Norte da África e península Ibéri-</p><p>ca. Os muçulmanos só foram contidos na Europa pelos</p><p>francos, liderados por Carlos Martel, da dinastia caro-</p><p>língia, em 732, na Batalha de Poitiers. O domínio árabe</p><p>sobre a costa do Mediterrâneo contribuiu para a crise</p><p>do comércio e a feudalização europeia.</p><p>Em 750, a dinastia Omíada chegou ao fim, sendo</p><p>derrotada por uma conspiração interna que inaugurou a</p><p>dinastia Abássida (750-1258). A capital passou de Damas-</p><p>co para Bagdá, mudança essa que provocou a primeira</p><p>divisão do mundo islâmico. Abder Rhaman, pertencente à</p><p>dinastia Omíada, refugiou-se na Espanha, onde fundou o</p><p>Emirado de Córdova, no ano 756. Surgia, assim, o primeiro</p><p>Estado independente dentro do Império Muçulmano.</p><p>No Marrocos, os idríssidas tomaram o poder e</p><p>separaram-se do Islã, em 788. Os fatímidas1 fizeram o</p><p>mesmo no Egito, em 909. Em 1055, Togul Beg, chefe</p><p>dos turcos seldjúcidas, foi coroado califa em Bagdá. Fi-</p><p>nalmente, em 1258, os mongóis, vindos de regiões dis-</p><p>tantes da Ásia, destruíram a cidade de Bagdá.</p><p>A divisão do Império Islâmico foi uma consequ-</p><p>ência de sua enorme expansão, obtida em um período</p><p>muito curto de tempo. As seitas religiosas sunita e xiita</p><p>contribuíram para esse fenômeno.</p><p>A religião muçulmana</p><p>A doutrina islâmica, muçulmana ou maometana</p><p>é marcada pelo sincretismo religioso. Possui ele-</p><p>mentos do cristianismo e do judaísmo, de onde provêm</p><p>suas bases fundamentais. O principal fundamento da</p><p>religião é o monoteísmo, a crença no Deus único Alá</p><p>e em seu profeta Maomé.</p><p>Os fundamentos da religião estão no livro sagra-</p><p>do – Alcorão ou Corão –, que determina a total sub-</p><p>missão do homem à vontade de Alá (Islão) e estabelece</p><p>cinco obrigações para os fiéis:</p><p>§ crer em Alá, único Deus, e no profeta Maomé;</p><p>§ ajudar os pobres e necessitados (zakat);</p><p>§ praticar o jejum durante o Ramadã;</p><p>§ realizar cinco orações por dia, com a face volta-</p><p>da para Meca (salat); e</p><p>§ peregrinar a Meca no mínimo uma vez na vida –</p><p>dispensados os pobres, doentes e viúvas.</p><p>1. Fatímidas ou fatimitas são uma das designações dadas aos xiitas is-</p><p>maelitas. Esse nome advém do fato de atribuírem a sucessão legítima de</p><p>Maomé a Ali, primo de Maomé, casado com Fátima, sua filha; portanto,</p><p>genro dele também.</p><p>90</p><p>Um aspecto importante da religião islâmica são as interpretações e os significados que foram sendo agre-</p><p>gados à Jihad, que passou cada vez mais a ser interpretada como Guerra Santa e vinculada ao expansionismo.</p><p>Foi graças à concepção do jihadismo como “esforço” de difusão da fé no islamismo que a expansão territorial foi</p><p>estimulada e as conquistas de vários territórios pelos árabes muçulmanos foram consumadas.</p><p>Outra característica importante do islamismo é o sectarismo, com a formação de seitas rivais desde a morte de</p><p>Maomé, quando ocorreram sérias divergências em relação à liderança religiosa e política dos muçulmanos. As princi-</p><p>pais seitas são xiitas e sunitas. Os primeiros aceitam somente o Corão como fonte de verdade, bem como um chefe</p><p>político religioso descendente de Maomé. Os sunitas admitem, além do Alcorão, os ensinamentos contidos no Suna,</p><p>livro de relatos de seguidores próximos de Maomé, bem como admitem que o chefe possa ser escolhido entre os fiéis</p><p>que reúnam as virtudes necessárias, segundo a antiga tradição beduína de escolha dos chefes tribais.</p><p>Os povos que aceitavam a dominação dos muçulmanos e realizavam comércio com eles poderiam preservar</p><p>suas crenças religiosas e culturais desde que pagassem impostos, menores, aliás, do que os cobrados por outros</p><p>povos, como os persas.</p><p>Arg</p><p>ooy</p><p>a/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>Co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>A mesquita dos omíadas, mesquita de Umayyadou, Grande Mesquita de Damasco, capital da Síria,</p><p>é considerada o quarto lugar mais sagrado para os muçulmanos, faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco.</p><p>A cultura árabe</p><p>Os árabes foram os responsáveis pela difusão, no Ocidente, dos conhecimentos adquiridos dos impérios</p><p>bizantino e persa, pelo grande florescimento intelectual e artístico e pelo contato com os chineses, que facilitaram</p><p>a difusão cultural ensinando técnicas da utilização do papel.</p><p>Na Astronomia, os muçulmanos traduziram a obra de Ptolomeu, que passou a ser conhecida pelo nome</p><p>de Almagesto. Na Matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria, além dos conhecimentos deixados</p><p>pelos gregos. Propagaram o sistema numérico arábico, cuja invenção provém dos hindus. Na Química, descobriram</p><p>substâncias como o álcool, o ácido sulfúrico e o salitre. Foram os primeiros a descrever os processos químicos de</p><p>destilação, filtração e sublimação.</p><p>Na Medicina, fizeram importantes descobertas, como o contágio proveniente da água e do solo e o diagnós-</p><p>tico de doenças como a varíola e o sarampo. O mais famoso médico muçulmano foi Avicena, cuja obra Canon foi</p><p>o manual médico na Europa até o século XVII. Na Literatura, destacam-se os poemas épicos e de amor e contos de</p><p>aventura, tais como a coletânea As mil e uma noites e Rubaiat, de Omar Khayan. Nome célebre é o de Aver-</p><p>róis, filósofo de Córdova, que traduziu as obras de Aristóteles para a língua árabe e introduziu-as no Ocidente.</p><p>A arte muçulmana não tinha muita originalidade. Merece destaque, entretanto, a arquitetura de palácios e</p><p>mesquitas. Graças à dominação da península Ibérica, o árabe influenciou a formação da língua portuguesa: arma-</p><p>zém, sorvete, alcaçuz, azeite etc.</p><p>91</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca</p><p>de aspectos da cultura.</p><p>A produção de fontes documentais – documentos escritos, calendários, obras de arte, arqui-</p><p>tetura, etc. – é o papel de quem se debruça sobre as ciências humanas. No caso da História,</p><p>as fontes documentais nos apresentam as linhas gerais da cultura de uma população, sejam</p><p>elas de âmbito político, social ou econômico. A habilidade 1 requer a capacidade do estu-</p><p>dante de interpretar essas fontes documentais sob a luz das práticas culturais de determi-</p><p>nado povo ou grupo. Ela exige a conexão lógica e conceitual entre documentos e imagens</p><p>apresentadas e os seus respectivos significados culturais. Muitas dessas questões podem</p><p>apresentar caráter interdisciplinar entre História, Geografia, Sociologia e Filosofia.</p><p>modelo</p><p>(Enem) O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ra-</p><p>madã, mês sagrado para os muçulmanos que, em 2001, teve início no</p><p>mês de novembro do Calendário Cristão, conforme a figura que segue.</p><p>Considerando as características do Calendário Muçulmano, é possível</p><p>afirmar que, em 2001, o mês Ramadã teve início, para o Ocidente, em</p><p>a) 01 de novembro.</p><p>b) 08 de novembro.</p><p>c) 16 de novembro.</p><p>d) 20 de novembro.</p><p>e) 28 de novembro.</p><p>análIse exposItIva</p><p>Habilidade 1</p><p>O calendário muçulmano tem seu início no primeiro dia após a lua crescente.</p><p>Das datas indica-</p><p>das a única que coincide com esse início é o dia 16 de Novembro. O enunciado não apresenta</p><p>informações que permitam tirar alguma conclusão a respeito. Os valores fornecidos no enun-</p><p>ciado não permitem calcular tal data. Para a resposta é necessário o conhecimento da informa-</p><p>ção sobre o primeiro dia do mês Ramadã ou então a respeito de informações que foram forneci-</p><p>das por rádio, TV e jornal. Alunos ligados ao povo muçulmano levam vantagem sobre os demais.</p><p>Alternativa C</p><p>92</p><p>estrutura ConCeItual</p><p>Império Bizantino e Civilização Muçulmana</p><p>ORIGENS Império Romano</p><p>do Oriente</p><p>ORIGENS Islamismo</p><p>Península</p><p>Arábica</p><p>Sincretismo</p><p>Monoteísmo</p><p>Alá</p><p>Corão</p><p>jihad</p><p>Expansão Islâmica Fragmentação divide</p><p>a rápida expansão</p><p>e seitas</p><p>Criação de estado Teocrático</p><p>Maomé</p><p>(570 d.C.)</p><p>Judaísmo</p><p>Cristianismo</p><p>Sunitas Xiitas</p><p>RELIGIÃO Cristianismo</p><p>Oriental</p><p>POLÍTICA Monarquia</p><p>Centralizada</p><p>Cisma do Oriente</p><p>(1054)</p><p>Igreja Cristã</p><p>Ortodoxa</p><p>SOCIEDADE Urbanização</p><p>DECADÊNCIA Ataques</p><p>Cidades italianas</p><p>Bárbaros</p><p>Árabes</p><p>Turcos</p><p>- Tomada de Constantinopla</p><p>- Reino Império Turco-Otomano</p><p>- Destruição do Império Bizantino (1453)</p><p>Propriedade de latifúndio</p><p>GEOGRAFIA Ponto de Cruzamento</p><p>e ligação da Ásia para Europa</p><p>IMPÉRIO BIZANTINO1</p><p>banqueiros, mercadores</p><p>trabalhadores urbanos,</p><p>servos e escravosImperador → Exército</p><p>Estado</p><p>Igreja</p><p>Imperador mais notável</p><p>→ Justiniano (527 - 562)</p><p>ECONOMIA</p><p>- Agricultura</p><p>- Manufatura</p><p>- Comércio</p><p>CIVILIZAÇÃO MUÇULMANA2</p><p>UNESP</p><p>Aborda aspectos sociais como o choque cultural entre europeus e nativos e os aspectos da</p><p>escravidão negra. Também faz uma abordagem aos ciclos econômicos brasileiros e os métodos</p><p>utilizados na produção/extração de riquezas. Normalmente, elabora questões com uso de textos</p><p>médios/grandes como auxílio para a pergunta, propondo como respostas alternativas concisas.</p><p>UNICAMP</p><p>Aborda temas referentes à exploração econômica da Colônia dentro do sistema mercantilista e a</p><p>formação da sociedade brasileira. Utiliza textos breves ou pequenas introduções, além de algumas</p><p>imagens na elaboração de suas questões, e coloca alternativas relativamente longas.</p><p>ENEM/UEMG/UFRJ</p><p>Utiliza uma abordagem que foca nas questões raciais presentes na composição do povo</p><p>brasileiro, destacando a exploração de negros e índios. Também aborda a exploração econômica</p><p>do Brasil na época da colônia. Utiliza textos, mapas, gráficos e imagens de forma mesclada na</p><p>elaboração de suas questões.</p><p>UERJ</p><p>Realiza abordagens históricas em suas questões, que propõem aos candidatos uma reflexão</p><p>sobre temas com pertinência contemporânea, como o preconceito e a desigualdade social.</p><p>Utiliza textos, mapas, gráficos e imagens de forma mesclada na elaboração de suas questões e</p><p>coloca alternativas relativamente longas.</p><p>FA</p><p>CU</p><p>LDADE DE MEDICINA</p><p>BOTUCATU</p><p>1963</p><p>Abordagem de FORMAÇÃO DE PORTUGAL, de BRASIL PRÉ-COLONIAL</p><p>E COLONIAL e de COLONIZAÇÃO nos principais vestibulares.</p><p>FUVEST</p><p>Aborda aspectos da exploração do Brasil Colônia (extração/produção de riquezas) e assuntos</p><p>correlacionados a isso, como a construção de uma sociedade ruralista e patriarcal. Utiliza</p><p>inúmeras fontes para elaborar suas questões, entre as quais textos introdutórios, mapas, charges,</p><p>fotografias, tabelas e gráficos.</p><p>01 02</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Formação de Portugal e</p><p>navegações ultramarinas</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3 e 4</p><p>Habilidades</p><p>1, 7, 9, 15, 16 e</p><p>18</p><p>01 02</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Formação de Portugal e</p><p>navegações ultramarinas</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3 e 4</p><p>Habilidades</p><p>1, 7, 9, 15, 16 e</p><p>18</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>97</p><p>Formação de Portugal</p><p>Guerra de reconquista</p><p>P = Condado Portucalense L = Leão</p><p>C = Castela N = Navarra A = Aragão</p><p>Território Mouro</p><p>(muçulmanos)</p><p>Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Reconquista>.</p><p>Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>A península Ibérica foi habitada inicialmente pe-</p><p>los celtas e iberos e, em seguida, pelos fenícios, gregos</p><p>e romanos. No século V, foi invadida pelos visigodos. Em</p><p>711, os muçulmanos invadiram e conquistaram a pe-</p><p>nínsula Ibérica, exceto a região das Astúrias, a extremo</p><p>norte. Da guerra dos cristãos contra os mouros (muçul-</p><p>manos do norte da África) nasceram os reinos de Leão,</p><p>Castela, Navarra e Aragão.</p><p>Com a união desses reinos cristãos, iniciou-se a</p><p>Guerra de Reconquista, com o objetivo de expulsar os</p><p>mouros da península Ibérica.</p><p>Em virtude da sua atuação na Guerra de Recon-</p><p>quista, Henrique de Borgonha (nobre francês) recebeu</p><p>do rei Afonso VI, de Leão, em 1094, o condado Portu-</p><p>calense e a mão de sua filha Tereza. Desse casamento,</p><p>nasceria Afonso Henriques.</p><p>No ano de 1139, Afonso Henriques lutaria con-</p><p>tra a submissão do condado Portucalense a Leão, pro-</p><p>clamando sua independência e tornando-se, assim, o</p><p>primeiro rei da dinastia de Borgonha.</p><p>A relação entre cristãos e muçulmanos em Portugal</p><p>N</p><p>CONDADO</p><p>PORTUCALENSE</p><p>Fernando Magno,</p><p>de Leão</p><p>(em 1064)</p><p>D. Afonso Henriques</p><p>(em 1147)</p><p>D. Afonso Henriques</p><p>(em 1168)</p><p>D. Sancho I</p><p>(em 1189)</p><p>D. Afonso III</p><p>(em 1249)</p><p>PORTUGAL PORTUGAL PORTUGAL PORTUGAL</p><p>Fronteira atual de Portugal Cristãos Muçulmanos</p><p>0 200 km</p><p>Feudalismo português</p><p>Em razão de diversos fatores, o feudalismo em Portugal assumiu características totalmente distintas das</p><p>do restante da Europa Ocidental. Os portugueses estavam preocupados com a luta ao sul, contra os muçulmanos,</p><p>e a leste, contra as investidas dos espanhóis. Dessa forma, a população se uniu em torno da figura do rei, contra</p><p>os estrangeiros, fortalecendo a centralização da autoridade monárquica. Não houve, portanto, descentralização</p><p>política, característica do feudalismo clássico europeu.</p><p>98</p><p>As terras que o rei distribuía aos nobres não eram</p><p>dadas em caráter hereditário. Ao morrerem, elas retorna-</p><p>vam para o rei. Além disso, em várias ocasiões, o rei en-</p><p>tregava a terra sob a condição de poder reavê-la quando</p><p>assim decidisse. Em razão disso, eram raros os senhores</p><p>que possuíam autonomia de fato sobre seus feudos.</p><p>©</p><p>Va</p><p>dim</p><p>P</p><p>et</p><p>rak</p><p>ov</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Afonso Henriques, de Portugal</p><p>Já os burgos (municípios) recebiam do rei as fo-</p><p>rais, cartas de autonomia, e dispensavam-nos do domí-</p><p>nio e do controle dos senhores feudais. Ou seja, desde o</p><p>século XII, já existiam muitos trabalhadores assalariados</p><p>no campo. Essa mão de obra agrícola pouco numerosa,</p><p>no entanto, condicionou os monarcas a impulsionarem</p><p>a libertação dos servos das terras cultiváveis: as glebas.</p><p>Entretanto, persistiam algumas características</p><p>feudais, como os tributos sobre a terra e o desfrute de</p><p>alguns privilégios e da imunidade dados à nobreza.</p><p>Dinastia de Borgonha (1139-1383)</p><p>Foi durante o reinado dessa primeira dinastia, fun-</p><p>dada por Afonso Henriques, que se configuraram plena-</p><p>mente as características do feudalismo português.</p><p>A economia de Portugal era essencialmente agrá-</p><p>ria (como o cultivo de azeite, vinho e cereais). No interior,</p><p>agricultura e pastoreio; na região litorânea, começavam</p><p>a se desenvolver outras atividades ligadas à navegação,</p><p>pesca, artesanato e a um incipiente comércio.</p><p>A dinastia de Borgonha não se mostrou capaz</p><p>de acompanhar as transformações sociais e econômi-</p><p>cas ocorridas em Portugal. Indispôs-se com a classe dos</p><p>mercadores, que crescera bastante nesse período, e aca-</p><p>bou sendo substituída pela dinastia de Avis, mais ligada</p><p>aos interesses comerciais e urbanos.</p><p>Em fins do século XIV Portugal até então pre-</p><p>dominantemente agrário, passou a desenvolver uma</p><p>economia mais voltada para a navegação e o comércio.</p><p>Para entender as transformações ocorridas em Portugal,</p><p>é preciso analisar o que aconteceu durante aquele sé-</p><p>culo em toda a Europa.</p><p>Crise do século XIV em Portugal</p><p>A crise do século XIV, em Portugal, diz respeito</p><p>aos três grandes flagelos que atingiram a Europa, cau-</p><p>sando uma crise que devastou o continente.</p><p>A Grande Fome (1315-1317) – em consequ-</p><p>ência do crescimento populacional, das más colheitas</p><p>e da alta dos preços dos cereais. A fome afetou princi-</p><p>palmente a população rural que migrou para a cidade.</p><p>A Peste Negra (1347-1350) – surto de peste</p><p>bubônica, agravado pelas precárias condições de higie-</p><p>ne e alimentação da população, dizimou um terço dos</p><p>europeus.</p><p>A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) – trava-</p><p>da entre a França e a Inglaterra, devastou a agricultura e</p><p>desarticulou o comércio no Ocidente Europeu.</p><p>Além dessa crise, os camponeses empobre-</p><p>ciam à medida que os senhores feudais intensifi-</p><p>cavam as exigências tributárias, o que provocou</p><p>grandes revoltas camponesas, conhecidas na França</p><p>como Jacqueries, responsáveis pelo agravamento</p><p>da decadência do feudalismo.</p><p>Até então, o comércio europeu girava em torno de</p><p>dois polos principais: a Itália, ao sul, e Flandres, ao norte.</p><p>Essas regiões eram ligadas por rotas comerciais terrestres</p><p>que atravessavam o centro da Europa. Em virtude da crise</p><p>do século XIV, essas rotas foram abandonadas em favor do</p><p>trajeto marítimo, que partia do Mediterrâneo e chegava ao</p><p>Atlântico, com escala em Portugal, e prosseguia em direção</p><p>ao mar do Norte. Essa rota impulsionou a economia portu-</p><p>guesa, expandindo o comércio, desenvolvendo as cidades</p><p>litorâneas e enriquecendo a burguesia mercantil.</p><p>99</p><p>Nas cidades litorâneas, a burguesia mercantil passava aos poucos a formar uma classe rica e poderosa, que</p><p>procurava desembaraçar-se dos entraves feudais. Almejava incrementar as atividades de navegação e expandir o</p><p>comércio ultramarino, uma vez que os mercados europeus já não eram seguros nem suficientes.</p><p>Revolução de Avis (1383-1385)</p><p>Em 1383, a morte de D. Fernando desencadeou uma luta pela sucessão do trono português, que serviu de</p><p>estopim para a Revolução de Avis. O rei não havia deixado um filho varão, e sua filha, D. Beatriz, era casada com D.</p><p>João I, de Castela. Se ela herdasse a coroa, o reino perderia a independência política e se tornaria domínio de Castela.</p><p>©</p><p>Je</p><p>an</p><p>d’</p><p>Wa</p><p>vri</p><p>n/</p><p>Wi</p><p>kim</p><p>ed</p><p>ia</p><p>Co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>Batalha de Aljubarrota (1385).</p><p>A crise sucessória dividiu a sociedade portuguesa. A nobreza era partidária da união com Castela, que</p><p>era feudal e a beneficiaria. Já a burguesia, que considerava a perda da independência uma ameaça aos seus</p><p>interesses, apoiou as pretensões de D. João, mestre de Avis, irmão bastardo do rei. Quando foi aclamado rei,</p><p>Castela invadiu Portugal.</p><p>Em 1385, os partidários do mestre de Avis (a burguesia, a pequena nobreza e a população pobre), derrota-</p><p>ram os castelhanos na Batalha de Aljubarrota (Padeira), consolidando a independência portuguesa. A aliança</p><p>entre a dinastia de Avis e a burguesia fortaleceu a centralização monárquica, criou condições para a expansão</p><p>das atividades comerciais e abriu caminho para as grandes navegações.</p><p>grandes navegações</p><p>Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se aos oceanos</p><p>Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar</p><p>novas terras. Esse período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.</p><p>Foi nessa época também que se deu a intensa procura de Preste João, um príncipe cristão dono de fabulosas</p><p>riquezas, cujo reino estaria localizado em algum ponto da África ou do Oriente, ou da Pérsia, China e Abissínia</p><p>(atual Etiópia). Mais tarde, a história revelou-se uma lenda.</p><p>100</p><p>©</p><p>Br</p><p>ian</p><p>M</p><p>au</p><p>ds</p><p>ley</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Astrolábio</p><p>A expressão Grandes Navegações é usada</p><p>para compreender as várias expedições marítimas orga-</p><p>nizadas nos séculos XV e XVI, principalmente por Por-</p><p>tugal e Espanha. Elas ajudaram a marcar a passagem</p><p>da Idade Média para a Idade Moderna e resultaram na</p><p>descoberta de um novo continente a ser explorado pe-</p><p>los europeus, a América, e num grande</p><p>impulso para o</p><p>aumento do comércio da Europa com a Ásia e a África.</p><p>Fatores das grandes navegações</p><p>Vários fatores contribuíram para as chamadas</p><p>Grandes Navegações. Primeiramente, o comércio orien-</p><p>tal – de especiarias, em especial – pelo Mediterrâneo</p><p>encontrava um ponto de estrangulamento no mono-</p><p>pólio exercido pelos italianos sobre a navegação. Mo-</p><p>nopólio este que encarecia sobremaneira as mercado-</p><p>rias orientais. Para as monarquias nacionais europeias,</p><p>tornava-se necessário quebrar esse monopólio, desco-</p><p>brindo novas rotas para o Oriente. Essa necessidade</p><p>era agravada pelo progressivo esgotamento das velhas</p><p>minas europeias de metais preciosos usados na cunha-</p><p>gem de moedas.</p><p>O segundo fator que contribuiu para a expansão</p><p>marítima foi a aliança entre a burguesia e os reis,</p><p>mediante as monarquias nacionais. Para a realização</p><p>das grandes viagens marítimas, era necessário o dispor</p><p>de uma complexa estrutura material: navios, homens, ar-</p><p>mas, farto abastecimento. Esse tipo de empreendimento</p><p>só seria possível com o apoio do Estado e o capital da</p><p>burguesia. Aos reis e aos burgueses interessava financiar</p><p>a expansão marítima em troca de sua participação nos</p><p>lucros. Com isso, seriam fortalecidos os Estados nacionais</p><p>e seria facilitada a submissão da sociedade aos reis.</p><p>O progresso técnico e científico foi o terceiro fator</p><p>que impulsionou as navegações ultramarinas. A pesqui-</p><p>sa e a criatividade foram incentivadas, e a astronomia e</p><p>a cartografia obtiveram grande desenvolvimento sob o</p><p>incentivo das monarquias nacionais. Construíram-se as</p><p>caravelas de três mastros e velas triangulares, que per-</p><p>mitiam a navegação contra o vento. A bússola, trazida</p><p>provavelmente da China pelos muçulmanos, ainda no</p><p>século XII, passou a ser montada na rosa dos ventos. O</p><p>astrolábio, instrumento que determinava a latitude e</p><p>a longitude por intermédio dos corpos celestes, foi mais</p><p>tarde substituído pelo sextante.</p><p>Rotas das viagens marítimas portuguesas e espanholas dos séculos XV e XVI</p><p>Rotas comerciais portuguesas (em azul) de Lisboa a Nagasaki, entre 1580 e 1640.</p><p>Rota comercial espanhola (em branco) estabelecida em 1565, o chamado galeão de Manila.</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Português>. Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>101</p><p>Além disso, havia o estímulo religioso. Em Por-</p><p>tugal e na Espanha, o ideal missionário era bastante</p><p>disseminado, já que eram países que tinham estado em</p><p>luta direta contra os muçulmanos. No fundo, o espírito</p><p>de Cruzada e a preocupação em catequizar os índios</p><p>acabaram por servir de justificativa ideológica para a</p><p>expansão marítima.</p><p>O início dessa corrida desenfreada pelos mares</p><p>foi acelerada pela tomada da cidade de Constantinopla</p><p>pelos turcos, em 1453. “Por ali passava a maior parte</p><p>do comércio europeu com o Oriente. Quando a cidade</p><p>caiu sob controle muçulmano, foi necessário encontrar</p><p>novos caminhos para comerciar com a Ásia”, diz o his-</p><p>toriador Josh Graml, do Museu dos Navegantes, em</p><p>Newport, nos Estados Unidos.</p><p>Fatores do pioneirismo português</p><p>Portugal foi o pioneiro nas navegações dos</p><p>séculos XV e XVI graças a uma série de condições</p><p>encontradas nesse país ibérico. A grande experiência</p><p>em navegações, principalmente na pesca de bacalhau,</p><p>ajudou muito Portugal. As caravelas, principal meio</p><p>de transporte marítimo e comercial do período, eram</p><p>desenvolvidas com qualidade superior a de outras na-</p><p>ções. Portugal contou com uma quantidade significa-</p><p>tiva de investimento de capital vindo da burguesia e</p><p>da nobreza, interessadas nos lucros que esse negócio</p><p>poderia gerar. Havia, ainda, a preocupação com os es-</p><p>tudos náuticos concentrados num centro de estudos:</p><p>a Escola de Sagres, que também era o Instituto Car-</p><p>tográfico Lusitano.</p><p>Graças a sua posição geográfica favorável,</p><p>Portugal, além de ser ponto de escala comercial para</p><p>os navios que vinham das cidades italianas pelo Me-</p><p>diterrâneo, rumo ao norte da Europa, tinha também</p><p>fácil acesso à África pelo Atlântico. Contava com uma</p><p>vantagem política adicional: gozava de paz em suas</p><p>políticas externa, se comparada à de outros países eu-</p><p>ropeus, envolvidos direta ou indiretamente na Guerra</p><p>dos Cem Anos (França e Inglaterra), e interna visto que</p><p>a Guerra de Reconquista estava praticamente encerra-</p><p>da em suas terras.</p><p>©</p><p>Lo</p><p>po</p><p>P</p><p>iza</p><p>rro</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>As caravelas tiveram suas laterais elevadas e, assim, podiam navegar</p><p>em águas revoltas. Não tinham remos nem remadores e,</p><p>por isso, conseguiam carregar mais carga.</p><p>Finalmente, o que explicava o pioneirismo de</p><p>Portugal era a precoce criação de um Estado nacional</p><p>associado aos interesses mercantis, bem como sua con-</p><p>solidação graças à Revolução de Avis (1383-1385).</p><p>Planejamento das navegações</p><p>Navegar nos séculos XV e XVI era uma tare-</p><p>fa muito arriscada, principalmente em se tratando de</p><p>mares desconhecidos. Era muito comum o medo do</p><p>desconhecido e das fantasias que se faziam em torno</p><p>dele na época. Havia quem acreditasse em mares ha-</p><p>bitados por monstros, bem como na crença de que a</p><p>Terra era plana o que poderia levar os navegantes para</p><p>um grande abismo.</p><p>Nesse contexto, planejar a viagem era de ex-</p><p>trema importância. Os europeus contavam com alguns</p><p>instrumentos de navegação que indicavam pontos de</p><p>referência de acordo com a localização dos astros. Tam-</p><p>bém era necessário utilizar um meio de transporte rápi-</p><p>do e resistente. As caravelas cumpriam essa finalidade,</p><p>embora ocorressem naufrágios e acidentes. Transporta-</p><p>vam grandes quantidades de mercadorias e homens:</p><p>marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até</p><p>mesmo um escrivão, que anotava tudo o que acontecia</p><p>durante as viagens.</p><p>102</p><p>Disponível em: <http://www. seuhistory.com >. Acesso em: 18 jan. 2017.</p><p>O marco inicial da expansão ultramarina portu-</p><p>guesa foi a conquista de Ceuta, em 1415, situada na</p><p>costa marroquina, no Norte da África. Ceuta simboli-</p><p>zava o poderio muçulmano. Dessa região, partiam as</p><p>expedições piratas árabes, razão pela qual se justificou</p><p>a conquista portuguesa também como uma expedição</p><p>punitiva pela cristandade ofendida. Na prática, tratava-</p><p>-se de “fincar uma lança na África”.</p><p>Localização geográfica da cidade de Ceuta</p><p>Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/</p><p>muros-ceuta-melilla.htm>. Acesso em: 18 jan. 2017.</p><p>A aventura ultramarina portuguesa, denominada</p><p>périplo africano, alcançou as Índias contornando a</p><p>África, no século XV. À medida em que se alcançavam</p><p>novas regiões, criavam-se feitorias, pontos do litoral</p><p>onde se construíam fortes. Neles, ficavam alguns ho-</p><p>mens para negociar os produtos da região com os na-</p><p>tivos. O objetivo dos portugueses era obter lucros; não</p><p>intencionavam colonizar no sentido de organizar a pro-</p><p>dução local e fixar povoamento.</p><p>Entre 1419 e 1445, as ilhas do Atlântico</p><p>(Açores, Madeira e Cabo Verde) foram ocupadas por</p><p>Portugal. Em 1434, os portugueses chegaram ao Cabo</p><p>Bojador. Nessa expedição, o comandante Gil Eanes</p><p>constatou a existência de um oceano de fácil navegação</p><p>ao sul. Teve início, então, o período de exploração mais</p><p>intenso da costa africana, que foi seguido por Nuno</p><p>Tristão, em 1441. Exploraram-se Senegal, Serra Leoa, e</p><p>Costa do Ouro, sempre em busca do marfim, do ouro e,</p><p>principalmente, dos escravos. A partir de então, o tráfico</p><p>de escravos negros para a Madeira e Açores passou a</p><p>ser o interesse maior e o fator básico de acumulação</p><p>capitalista da burguesia mercantil portuguesa, o que</p><p>também permitiu a continuidade da expansão marítima.</p><p>A região da Guiné tornou-se área estratégica</p><p>para a continuidade da expansão. Em 1482, Diogo Cão</p><p>chegou à foz do rio Congo. Mais tarde, o reconheci-</p><p>mento da região por esse navegador facilitou a viagem</p><p>de Bartolomeu Dias, que chegou a cruzar o Cabo das</p><p>Tormentas, em 1488.</p><p>Após a ascensão de D. João II ao trono, em 1481,</p><p>decretou-se o monopólio régio (exclusividade da Co-</p><p>roa) sobre a exploração</p><p>egípcia foi seu isolamento, graças à localização do território, cercado</p><p>de desertos. O isolamento permitiu o desenvolvimento de traços culturais razoavelmente homogêneos.</p><p>Ja</p><p>ros</p><p>lav</p><p>M</p><p>ora</p><p>vci</p><p>k/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Wadi El Natrun</p><p>Pirâmides</p><p>Mênfis</p><p>Oásis de Bahariya</p><p>Oásis de Dakhla</p><p>Oásis de Kharga</p><p>Wadi Hammamat</p><p>Tebas</p><p>Primeira Catarata</p><p>Oásis de Dunqul</p><p>Segunda Catarata</p><p>Baixo Egito</p><p>Deserto</p><p>Arábico</p><p>Deserto</p><p>Líbio</p><p>Alto</p><p>Egito</p><p>Quseir</p><p>M</p><p>ar</p><p>M</p><p>or</p><p>to</p><p>Grande Lago</p><p>Amargo</p><p>Golfo do Suez</p><p>G</p><p>ol</p><p>fo</p><p>d</p><p>e</p><p>Aq</p><p>ab</p><p>a</p><p>Mar Mediterrâneo</p><p>Mar</p><p>Vermelho</p><p>Delta do Nilo</p><p>Lago Moeris</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>W</p><p>SESW</p><p>NENW</p><p>0 100(km)</p><p>0 60(mi)</p><p>R</p><p>io</p><p>N</p><p>ilo</p><p>Rio Nilo</p><p>Antigo Egito</p><p>Adaptado de: pt.wikipedia.org. Acesso em: 03 dez. 2014</p><p>10</p><p>Evolução política</p><p>Antigo Império (3200-2200 a.C.)</p><p>A história do Egito começa quando as populações</p><p>que viviam às margens do Nilo tornam-se sedentárias,</p><p>formando comunidades dedicadas mais à agricultura que</p><p>à caça ou à pesca. No quarto milênio antes de Cristo,</p><p>esses aglomerados evoluem para pequenas unidades po-</p><p>líticas, chamadas nomos. Formaram-se dois reinos, um ao</p><p>norte e outro ao sul. Por volta de 3200 a.C., o faraó Me-</p><p>nés (ou Narmer) unificou um dos reinos, com capital em</p><p>Tínis, daí o período chamar-se tinita. Durou até 2800 a.C.</p><p>Os sucessores de Menés organizaram uma mo-</p><p>narquia poderosa, atribuindo-lhe origem divina. Foi a</p><p>fase de maior prosperidade do Antigo Império. Entre</p><p>2700 e 2600 a.C., foram construídas as célebres pirâ-</p><p>mides de Gizé, atribuídas aos faraós Quéops, Quéfren e</p><p>Miquerinos, da terceira dinastia, fundada por Djoser em</p><p>cerca de 2850 a.C. A nova capital era Mênfis.</p><p>Médio Império (2000-1750 a.C.)</p><p>Depois de uma crise de autoridade, com a ascensão</p><p>dos nomarcas, apoiados pela nobreza, os faraós reconquis-</p><p>taram o poder. Permitiram o ingresso de elementos das</p><p>camadas inferiores no exército e, com isso, submeteram</p><p>a Palestina, onde descobriram minas de cobre, e a Núbia,</p><p>onde encontraram ouro. Os metais fortaleceram o Estado.</p><p>Entre 1800 e 1700 a.C., chegam os hebreus, mas</p><p>são os hicsos, vindos da Ásia, que vão criar as maiores</p><p>dificuldades. Usam o cavalo e carros de combate, que</p><p>os egípcios desconhecem. Dominaram a região e insta-</p><p>laram-se no delta de 1750 a 1580 a.C.</p><p>Novo Império (1580-1085 a.C.)</p><p>A expulsão dos hicsos marca a nova fase, de</p><p>enorme desenvolvimento militar, a ponto de transfor-</p><p>mar o Egito em potência imperialista. O Novo Império</p><p>marca o apogeu da civilização egípcia.</p><p>Durante o reinado de Tutmés III (1480-1448</p><p>a.C.), o império atingiu sua maior expansão territorial,</p><p>ampliando-se até o rio Eufrates, na Mesopotâmia.</p><p>Amenófis IV, casado com a rainha Nefertiti,</p><p>empreendeu uma revolução religiosa monoteísta. O fa-</p><p>raó, provavelmente para anular o poder e a autoridade</p><p>da camada sacerdotal, instituiu o culto monoteísta ao</p><p>deus Áton, simbolizado pelo disco solar, chegando a</p><p>mudar seu nome para Akhenaton (“aquele que agra-</p><p>da a Aton”).</p><p>Seu sucessor, Tutancáton, restaurou o deus</p><p>Amon e pôs fim à revolução. Mudou, inclusive, o próprio</p><p>nome para Tutancámon.</p><p>Os faraós da dinastia de Ramsés II (1320-1232</p><p>a.C.) enfrentaram novos obstáculos, como a invasão</p><p>dos hititas, vindos da Ásia Menor. O Império entrava em</p><p>declínio. Em 525 a.C., o rei persa Cambises derrota o</p><p>faraó Psamético III. A independência acabou. Nos sécu-</p><p>los seguintes, os povos do Nilo seriam dominados pelos</p><p>gregos e, finalmente, cairiam nas mãos do imperialismo</p><p>romano, em 30 a.C.</p><p>Economia e sociedade</p><p>O Nilo movia a economia e garantia unidade à</p><p>civilização egípcia. Assim, podemos considerá-la uma</p><p>civilização mais agrária que mercantil.</p><p>A agricultura de regadio constitui-se na prin-</p><p>cipal atividade econômica no Egito Antigo. Estava di-</p><p>retamente ligada às águas e às obras hidráulicas que</p><p>tornavam possível o controle sobre essas águas.</p><p>O sistema econômico era do tipo dirigido. O fa-</p><p>raó encarregava-se de fornecer alimentos a todos. Os</p><p>agricultores consideravam a terra como propriedade do</p><p>faraó e a si mesmos como funcionários do Estado. Fica-</p><p>vam com uma parte muito pequena da produção.</p><p>O dirigismo era consequência natural da geogra-</p><p>fia; o Estado precisava intervir para regularizar o uso</p><p>das águas do Nilo.</p><p>Pode-se enquadrar a economia egípcia no modo</p><p>de produção asiático, em que coexistiam comunida-</p><p>des caracterizadas pela propriedade coletiva do solo, e</p><p>organizadas sobre as relações de parentesco, e por um</p><p>poder estatal que representava a unidade verdadeira ou</p><p>aparente dessas comunidades.</p><p>A organização das atividades produtivas era</p><p>uma atribuição do Estado, detentor das terras. Por meio</p><p>de uma rígida estrutura repressiva, a população cam-</p><p>11</p><p>ponesa era subjugada ao poder do faraó, pagando impostos, em produto ou em trabalho, sob uma estrutura a</p><p>qual chamamos de servidão coletiva. Esses tributos permitiam ao Estado apropriar-se do excedente de produção</p><p>e contar com uma mão de obra numerosa e gratuita para a construção de grandes obras públicas, templos ou</p><p>depósitos para estocagem. Em épocas de cheia do Nilo, quando a agricultura tornava-se impossível, era comum o</p><p>Estado requerer camponeses das comunidades de aldeia para o trabalho em obras como diques, palácios, canais</p><p>de irrigação e templos. O controle sobre o excedente da produção e sobre o trabalho era realizado por uma ampla</p><p>burocracia estatal, diretamente controlada pela nobreza e pela casta sacerdotal.</p><p>ht</p><p>tp</p><p>://</p><p>po</p><p>rt</p><p>al</p><p>do</p><p>pr</p><p>of</p><p>es</p><p>so</p><p>r.</p><p>m</p><p>ec</p><p>.g</p><p>ov</p><p>.b</p><p>r</p><p>Isolados geograficamente, os egípcios cria-</p><p>ram uma civilização original. A sociedade, inten-</p><p>samente marcada pela religião, era estratificada e</p><p>rígida em termos de mobilidade. O faraó era consi-</p><p>derado filho de Amon-Rá, o deus Sol, e encarnação</p><p>de Hórus, simbolizado pelo falcão. Por isso, o gover-</p><p>no do Egito antigo é chamado teocrático. Os egíp-</p><p>cios julgavam que toda a felicidade dependia do</p><p>faraó, diante de quem se prostravam em frequen-</p><p>tes cerimônias. Ele comandava o exército, distribuía</p><p>justiça e organizava as atividades econômicas. Usa-</p><p>va dupla coroa, símbolo do Alto e Baixo Egito, e</p><p>um cetro. Tinha várias mulheres, mas só a primeira</p><p>podia usar o título de rainha.</p><p>Parentes do faraó, altos funcionários do palácio,</p><p>oficiais do exército, chefes administrativos e sacerdotes</p><p>formavam a nobreza.</p><p>A dignidade sacerdotal passava de pai para fi-</p><p>lho. Os sacerdotes, membros da mais elevada camada</p><p>social, administravam os bens oferecidos aos deuses.</p><p>Recebiam do Estado grandes propriedades. O mais im-</p><p>portante de todos era o Profeta de Amon.</p><p>Os sacerdotes exerciam considerável influência</p><p>política e, no período do Novo Império, muitos deles</p><p>tentaram tomar o poder.</p><p>Os escribas formavam-se nas escolas do palácio</p><p>e aprendiam a traçar os complicados caracteres da es-</p><p>crita, os hieróglifos.</p><p>Os soldados não eram muito estimados pela</p><p>população. Viviam dos produtos recebidos como paga-</p><p>mento e dos saques realizados durante as conquistas.</p><p>A camada inferior da sociedade era composta</p><p>de camponeses e artesãos. Deles dependia a pros-</p><p>peridade do país. Recebiam míseros pagamentos em</p><p>forma de produtos, moravam em cabanas, vestiam-se</p><p>pobremente e comiam pouco. Aquilo que poupavam,</p><p>guardavam para o funeral, para garantir uma vida me-</p><p>lhor após a morte.</p><p>Os escravos eram, em geral, bem tratados. Mais</p><p>tolerantes que outros povos da mesma época, os egíp-</p><p>cios ofereciam certa segurança a seus escravos, nume-</p><p>rosos em tempo de guerra.</p><p>12</p><p>Religião e cultura: os deuses e a crença na imortalidade</p><p>Os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses. Os deuses eram antropozoomórficos: apresen-</p><p>tavam forma de homem e animal. Tinham como principais divindades Osíris, Amon-Rá, Isis, Hórus, Ápis e Anúbis. A</p><p>dependência das cheias do rio Nilo explica a deificação da natureza.</p><p>Para explicar a origem de seus deuses, os egípcios contavam que, nos primeiros tempos do Egito, Set (o</p><p>vento quente do deserto)</p><p>colonial. Em 1488, Bartolomeu</p><p>Dias liderou a primeira expedição que atravessou o</p><p>Cabo das Tormentas, mais tarde rebatizado de Cabo</p><p>da Boa Esperança (no extremo sul da África). O curio-</p><p>so é que Bartolomeu Dias não percebeu o feito, uma vez</p><p>que passou pelo cabo durante uma forte tempestade.</p><p>Poderia ter chegado à Índia, mas um motim da tripula-</p><p>ção obrigou-o a retornar a Portugal.</p><p>103</p><p>Vasco da Gama iniciou sua primeira viagem à Índia em 1497. No ano seguinte, cruzou o cabo da Boa Espe-</p><p>rança e alcançou seu destino. Chegar às Índias significava conseguir especiarias, pimenta e noz-moscada, artigos</p><p>tão valiosos quanto prata e ouro na Europa. Para se ter uma ideia da importância do acontecimento, os navios de</p><p>Vasco da Gama trouxeram, em apenas uma viagem, o que os venezianos traziam por terra durante um ano. Os</p><p>lucros chegaram a 6 000%. O caminho marítimo para o Oriente aberto por Vasco da Gama ajudaria Portugal a se</p><p>tornar uma potência mundial.</p><p>Viagem de Vasco da Gama e Cabral</p><p>Rota de Vasco da Gama</p><p>Rota de Pedro A. Cabral</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses>. Acesso em: 22 Dez. 2015.</p><p>Os lucros obtidos no primeiro contato com a Índia</p><p>eram mais que animadores. Foi organizada, então, uma es-</p><p>quadra maior que a anterior, contando com treze navios</p><p>e 1200 homens, sob o comando de Pedro Álvares Cabral.</p><p>A nova expedição zarpou em 9 de março de 1500, com a</p><p>finalidade de consolidar e ampliar as posições do comércio</p><p>português em terras asiáticas. No caminho de vinda para o</p><p>Brasil, a caravela comandada por Vasco de Ataíde desapa-</p><p>receu, chegando em Porto Seguro apenas 12 navios.</p><p>O objetivo principal era chegar às Índias na al-</p><p>tura de Cabo Verde, mas a esquadra desviou-se de sua</p><p>rota regular (contorno da África), para ocidente, e veio a</p><p>“descobrir”, política e oficialmente, as terras do Brasil,</p><p>em 22 de abril de 1500.</p><p>Após fazer um reconhecimento da terra “des-</p><p>coberta”, Cabral continuou o percurso em direção às</p><p>Índias, mas somente com 10 navios, já que dois navios</p><p>voltaram para contar as boas novas ao rei em Portugal.</p><p>Chegando à Índia, Cabral ordenou o bombardeio de</p><p>Calicute, cidade cujos governantes hostilizavam os por-</p><p>tugueses. Na volta a Portugal, quatro navios afundaram.</p><p>No entanto, mesmo com essas perdas e dificuldades, a</p><p>expedição rendeu o dobro do capital nela investido.</p><p>Em razão desses acontecimentos, Portugal tor-</p><p>nou-se a principal potência econômica da época.</p><p>De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito</p><p>chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vis-</p><p>ta do mar, muito grande, porque, a estender olhos,</p><p>não podíamos ver senão terra com arvoredos, que</p><p>nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pu-</p><p>demos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa</p><p>alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém</p><p>a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o</p><p>melhor fruto que dela se pode tirar me parece que</p><p>será salvar esta gente.</p><p>Trecho da carta de Pero Vaz de Caminha</p><p>104</p><p>Formação da monarquia</p><p>nacional espanhola</p><p>Guerra de reconquista</p><p>A Espanha teve seu processo expansionista tardio</p><p>em relação a Portugal. Contrariamente à região da costa</p><p>do Atlântico, na qual a luta contra os árabes deu origem</p><p>à precoce formação do reino centralizado de Portugal, o</p><p>restante da península Ibérica havia se fragmentado em</p><p>quatro reinos levados por interesses próprios e, por vezes,</p><p>conflitantes: Castela, Leão, Navarra e Aragão.</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>MAR MEDITERRÂNEO</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>MAR MEDITERRÂNEO</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>MAR MEDITERRÂNEO</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>MAR MEDITERRÂNEO</p><p>CALIFADO</p><p>DE CÓRDOBA</p><p>LEÃO</p><p>LEÃO</p><p>PORTUGAL REINO DE</p><p>PORTUGAL</p><p>REINO DE</p><p>CASTELA E LEÃO</p><p>REINO DE</p><p>ARAGÃO</p><p>REINO DE</p><p>GRANADA</p><p>REINO DE</p><p>NAVARRA</p><p>REINO DA</p><p>FRANÇA</p><p>LEÃO</p><p>Córdoba</p><p>Leão</p><p>Castela</p><p>Navarra NAVARRA</p><p>Arag</p><p>ão</p><p>ARAGÃO</p><p>Portucalens</p><p>Condado</p><p>e</p><p>Ceuta</p><p>Ceuta</p><p>Córdoba</p><p>Lisboa</p><p>1147</p><p>Ourique</p><p>1139</p><p>Algarve</p><p>1250 Las Navas de Tolos</p><p>1212</p><p>Toledo</p><p>Barcelona</p><p>Barcelona</p><p>Ceuta</p><p>Córdoba</p><p>Ceuta</p><p>Condado</p><p>de Barcelona</p><p>CASTELA</p><p>Saragoça</p><p>ALMORÁVIDAS</p><p>CATA</p><p>LU</p><p>N</p><p>H</p><p>A</p><p>Lisboa</p><p>Lisboa</p><p>GRANADA</p><p>CASTELA</p><p>ARAGÃO</p><p>NAVARRA</p><p>ALMOADAS</p><p>Valência</p><p>Valência</p><p>Alarcos</p><p>1250</p><p>SÉCULO XI SÉCULO XII</p><p>SÉCULO XIII SÉCULO XV</p><p>Os cristãos da península Ibérica lutavam para</p><p>reconquistar seus territórios perdidos para os árabes. O</p><p>reino da Espanha demorou a ser formado pela prolon-</p><p>gada luta entre árabes e espanhóis (Guerra da Recon-</p><p>quista), o que só aconteceu depois do casamento entre</p><p>os reis católicos Fernando (do reino de Aragão) e Isabel</p><p>(do reino de Leão e Castela), em 1469.</p><p>Mesmo assim, uma questão continuava concen-</p><p>trando prioritariamente os esforços da nova monarquia</p><p>espanhola: a continuidade da luta contra os árabes. Fer-</p><p>nando e Isabel lutaram contra os árabes e, em 1492,</p><p>expulsaram-nos da península Ibérica, quando o último</p><p>reduto da presença moura, a região de Granada, foi to-</p><p>mado pela Espanha. A partir de então, a Espanha pôde</p><p>se lançar às Grandes Navegações, financiando o projeto</p><p>do navegador genovês Cristóvão Colombo.</p><p>A expansão marítima espanhola</p><p>Italiano de nascimento (quase todos os docu-</p><p>mentos relatam seu nascimento na cidade de Gênova),</p><p>muito mais próximo da tradição e dos novos conheci-</p><p>mentos renascentistas, entre eles as concepções helio-</p><p>cêntricas de Galileu, Colombo sustentava que a Terra era</p><p>esférica. Portanto, ele acreditava que navegando na em</p><p>linha reta acabar-se-ia retornando ao ponto de partida.</p><p>Assim, seria possível alcançar as Índias navegando-se</p><p>em direção oposta, em direção ao Ocidente.</p><p>Reinos Cristãos da península Ibérica</p><p>©</p><p>Co</p><p>rre</p><p>iaP</p><p>M/</p><p>Wi</p><p>kim</p><p>ed</p><p>ia</p><p>Co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>Cristóvão Colombo</p><p>Colombo apresentou seu projeto ao rei de Por-</p><p>tugal, que lhe negou apoio. Foi ter, então, com os reis</p><p>espanhóis. Depois de insistentes solicitações, conseguiu</p><p>o patrocínio de que precisava.</p><p>Partiu no início de agosto de um porto ao sul</p><p>da Espanha. Navegando sempre em direção a Oeste,</p><p>em 12 de outubro de 1492 aportou na Ilha de Gua-</p><p>nahani (hoje São Salvador) onde encontrou um novo</p><p>continente para os europeus, batizado posteriormente</p><p>como América.</p><p>Em 1513, Vasco Nunes Balboa atravessou por</p><p>terra a América Central (istmo do Panamá) e descobriu</p><p>o Oceano Pacífico.</p><p>105</p><p>Entre 1519 e 1522, o português Fernão de Magalhães, a serviço da Espanha, iniciou a primeira viagem de</p><p>circumavegação da Terra. Partiu de Cádis, navegou pelo Atlântico Sul, cruzou ao sul do continente americano o</p><p>estreito que hoje tem seu nome e rumou para a Ásia. Chegou às Filipinas, em 1521, e morreu em combate com os</p><p>nativos. A viagem foi completada por Juan Sebastián Elcano, cuja viagem comprovou a teoria da esfericidade da Terra.</p><p>Viagens de Cristovão Colombo</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos>. Acesso em: 23 dez. 2015</p><p>Rotas das viagens marítimas portuguesas e espanholas dos séculos XV e XVI</p><p>Divisão do “Novo Mundo”</p><p>Assim que a notícia do descobrimento da América chegou à Europa, os reis da Espanha e de Portugal</p><p>passaram a disputar entre si a posse das terras descobertas e das terras a serem descobertas.</p><p>Fazia-se necessário o estabelecimento de novos limites entre as posses espanhola e portuguesa. Em 1493,</p><p>os reis da Espanha obtinham o apoio do papa Alexandre VI, espanhol de nascimento, na edição da Bula Inter</p><p>Coetera. A Bula determinava uma divisão do mundo ultramarino, tomando-se por base um limite a 100 léguas a</p><p>oeste de Cabo Verde. As terras situadas a oeste dessa linha imaginária caberiam à Espanha; Portugal ficaria com</p><p>as terras a leste dessa linha.</p><p>106</p><p>Tratado de Tordesilhas</p><p>Equador</p><p>ilhas</p><p>Ilhas</p><p>Canárias</p><p>Cabo</p><p>Verde</p><p>Linhas de demarcação coloniais</p><p>entre Espanha e Portugal nos</p><p>séculos XV e XVI.</p><p>Linha do Papa Alexandre VI</p><p>(Bula Inter Caetera, 1493)</p><p>Tratado de Tordesilhas (1494)</p><p>Tratado de Zaragoza (1529)</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos>. Acesso em 23 dez. 2015.</p><p>A oposição de Portugal a essa Bula, devido à in-</p><p>significância dos territórios lusos,</p><p>levou a sua revogação</p><p>e assinatura, em 1494, do Tratado de Tordesilhas.</p><p>Pelos termos do novo Tratado, deslocava-se para 370</p><p>léguas a oeste de Cabo Verde o limite entre os domí-</p><p>nios portugueses e espanhóis.</p><p>Em 1529, os monarcas de Portugal (D. João III) e</p><p>da Espanha (Carlos I) assinaram o Tratado de Zaragoza.</p><p>Definiu-se uma linha imaginária a 297,5 léguas a leste</p><p>das Ilhas Molucas, dividindo o mundo oriental entre as</p><p>nações ibéricas.</p><p>É importante ressalvar que algumas nações eu-</p><p>ropeias não iriam respeitar a divisão territorial impos-</p><p>ta pelo Tratado de Tordesilhas, pois julgavam injusta a</p><p>partilha do mundo entre as nações ibéricas. Os países</p><p>mais contrariados foram: a Grã-Bretanha, o Reino dos</p><p>Países Baixos e a França. Ao rei francês Francisco I foi</p><p>atribuída a seguinte frase: “O Sol brilha para todos</p><p>e desconheço a cláusula do testamento de Adão que</p><p>dividiu o mundo entre portugueses e espanhóis”. Isso</p><p>deixava clara a sua posição contrária as determinações</p><p>impostas pelo Tratado de Tordesilhas.</p><p>Consequências da expansão ultramarina</p><p>Dentre as inúmeras consequências da expansão</p><p>ultramarina, podem ser destacadas:</p><p>§	mudança do eixo econômico europeu do mar</p><p>Mediterrâneo para o oceano Atlântico;</p><p>§	expansão do comércio europeu;</p><p>§	implantação do sistema colonial na América;</p><p>§	diversificação dos artigos de consumo: batata,</p><p>tabaco, cacau e o milho oriundos da América;</p><p>§	destruição das civilizações pré-colombianas as-</p><p>tecas e incas;</p><p>§	expansão do mercantilismo;</p><p>§	enriquecimento da burguesia mercantil euro-</p><p>peia;</p><p>§	fortalecimento dos Estados absolutistas;</p><p>§	adoção do trabalho escravo e consequente in-</p><p>tensificação do tráfico negreiro;</p><p>§	implantação do trabalho compulsório indígena</p><p>na América espanhola;</p><p>§	afluxo de metais preciosos para o continente eu-</p><p>ropeu, que gerou uma enorme inflação na Euro-</p><p>pa, processo conhecido como a Revolução dos</p><p>Preços, em razão da desvalorização da moeda e</p><p>do aumento geral dos preços;</p><p>§	expansão da fé cristã;</p><p>§	europeização do mundo, ou seja, a difusão da</p><p>cultura europeia (vestimentas, língua, hábitos ali-</p><p>mentares).</p><p>Sites</p><p>ACESSAR</p><p>OUVIR</p><p>Músicas</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Resumo sobre as grandes navegações</p><p>www.sohistoria.com.br/ef2/navegacoes/</p><p>tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com.br/2013/10/grandes-navegacoes-e-expansoes.html</p><p>Eduardo Bueno – A viagem do descobrimento</p><p>Em 1500, a armada chefiada por Pedro Álvares Cabral depara-</p><p>se com mantos de ervas flutuantes balançando nas águas</p><p>translúcidas do oceano.</p><p>Douglas Tufano – A Carta de Pero Vaz de Caminha</p><p>Edição comentada e ilustrada da carta de Pero Vaz de Caminha</p><p>ao rei de Portugal por ocasião do “achamento” do Brasil. Texto</p><p>integral, reescrito em português contemporâneo.</p><p>– Descobrimento do Brasil – Mussum</p><p>– Pindorama – Palavra Cantada</p><p>– O Descobrimento do Brasil – Mocidade Independente de Padre</p><p>Miguel (samba-enredo 1979)</p><p>– Por Mares Nunca Dantes Navegados – Imperatriz Leopoldinense</p><p>(samba-enredo 1976)</p><p>107</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Vídeo</p><p>Vídeo</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Novo Telecurso – Ensino Médio – História...</p><p>Novo Telecurso – Ensino Médio – História – Aula 17 (2 de 2)</p><p>1492 – A Conquista do Paraíso</p><p>A viagem de Cristóvão Colombo, que acreditava ser possível</p><p>atingir “el levante por el poniente”, ou seja, o Oriente navegando</p><p>para o Ocidente, é o cenário épico desse filme de Ridley Scott.</p><p>Cristóvão Colombo – A Aventura do Descobrimento</p><p>Totalmente convencido de que a Terra é redonda, Cristóvão Colombo</p><p>(Georges Corrafece) desejava encontrar um novo caminho marítimo</p><p>para as Índias, mas para isto precisa dobrar a resistência do inquisidor</p><p>Tomas de Torquemada (Marlon Brando).</p><p>108</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>A cartografia mundial foi redefinida a partir das viagens ultramarinas, ampliando-se os “limites” do mundo</p><p>até então conhecido. Isso levou os estudos geográficos a novas realizações, levando os mapas a definições menos</p><p>imaginárias e hipotéticas.</p><p>Também foi possível, com a utilização conjunta dos instrumentos náuticos (bússola, sextante, astrolábio,</p><p>etc.), a criação de um primeiro Sistema de Posicionamento Global (GPS), com precisão consideravelmente grande</p><p>à época. Lembrando que o GPS atual usa coordenadas num plano cartesiano global, o que é muito estudado na</p><p>Matemática.</p><p>Mapa-mundi de Martin Waldseemuller (1475-1522)</p><p>109</p><p>110</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 15 - Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou am-</p><p>bientais ao longo da história.</p><p>A Habilidade 15 impõe aos candidatos uma avaliação crítica sobre diversos conflitos sociais no</p><p>tempo e no espaço. Entende-se “conflitos” não somente pela contenda armada ou violenta,</p><p>mas também pelos choques civilizacionais presentes na história, tanto entre colonizadores e</p><p>colonizados quanto entre dominadores e dominados em geral.</p><p>As diversas sociedades interpretam e se relacionam com o seu meio físico e cultural de dife-</p><p>rentes formas, segundo suas idiossincrasias e visões de mundo. O papel do estudante é captar</p><p>como se dão esses choques culturais e as suas resoluções – sejam estas pacíficas ou não.</p><p>modelo</p><p>(Enem) Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos pa-</p><p>íses longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez</p><p>um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses</p><p>e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”</p><p>LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.</p><p>O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião</p><p>tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido:</p><p>a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.</p><p>b) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.</p><p>c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.</p><p>d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.</p><p>e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno.</p><p>análise exPositiva</p><p>Habilidade 15</p><p>Na cultura indígena, a madeira é empregada de maneira bastante específica, sendo utilizada</p><p>para acender fogueiras. Estas aqueciam os indivíduos nos períodos de frio, bem como espan-</p><p>tavam animais e serviam para cozimento de diferentes produtos. Dessa forma, o índio ancião</p><p>imaginava que os europeus atribuíam ao pau-brasil a mesma finalidade e não o seu uso na</p><p>tinturaria. Trata-se, evidentemente, de um choque cultural entre as duas populações, que</p><p>atribuíam destinos diferentes ao mesmo produto.</p><p>Alternativa A</p><p>111</p><p>estrutura ConCeitual</p><p>Guerra de Reconquista e Formação de Portugal</p><p>Feudalismo Português Revolução de Avis</p><p>Árabes X Reinos de Leão</p><p>Castela</p><p>Navarra</p><p>Aragão</p><p>Condado</p><p>Portucalense</p><p>Independência</p><p>de Leão em 1139</p><p>Afonso Henriques</p><p>(Dinastia de Borgonha)</p><p>Características Específicas</p><p>Centralismo Monárquico</p><p>Burgos Autônomos</p><p>Trabalhadores assalariados no campo</p><p>Burguesia mercantil forte na Baixa</p><p>Idade Média</p><p>D. Beatriz e D. João de Castillo</p><p>D. João, mestre de Avis</p><p>nobreza feudal</p><p>burguesia mercantil</p><p>X</p><p>vitória consolida</p><p>Independência</p><p>Centralização</p><p>monárquica</p><p>Grandes</p><p>Navegações</p><p>1</p><p>2 3</p><p>Grandes Navegações Pioneirismo Português</p><p>Fatores</p><p>Novas Rotas para o Oriente</p><p>Aliança entre reis e burguesia</p><p>Progresso Técnico</p><p>Estímulo religioso / catequização</p><p>de indígenas</p><p>Fatores</p><p>Experiência em navegação e pesca</p><p>Incentivo da nobreza e burguesia</p><p>Estudos náuticos (Escola de Sagres)</p><p>Paz no território</p><p>Revolução de Avis</p><p>Bússola</p><p>Astrolábio</p><p>Sextante</p><p>4 5</p><p>112</p><p>Guerra de Reconquista, Formação da Monarquia</p><p>e Expansão Marítima Espanhola</p><p>Tratados de Divisão de Domínios</p><p>entre Portugal e Espanha</p><p>Árabes X Espanhóis</p><p>vitória em 1492</p><p>Investimento em Navegações</p><p>Cristóvão Colombo - América (1492)</p><p>Leão</p><p>Castela</p><p>Navarra</p><p>Aragão</p><p>Unificação</p><p>em 1469</p><p>Bula Inter Coetera</p><p>(sofreu oposição portuguesa)</p><p>Tratado de</p><p>Tordesilhas (1494)</p><p>+</p><p>Tratado de</p><p>Zaragoza</p><p>(1529 - Ásia)</p><p>6</p><p>7</p><p>©</p><p>ta</p><p>to</p><p>gr</p><p>as</p><p>so</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>03 04</p><p>C H</p><p>América pré-colombiana,</p><p>mercantilismo e administração</p><p>espanhola na América</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4 e 5</p><p>Habilidades</p><p>1, 2, 5, 7, 11, 15,</p><p>16, 19 e 23</p><p>HISTÓRIA</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>115</p><p>AméricA pré-colombiAnA</p><p>América pré-colombiana</p><p>Tupis</p><p>Tupis</p><p>Jês</p><p>Guaranis</p><p>Araucanos</p><p>0 1085 km Patagões</p><p>Trópico de Capricórnio</p><p>Trópico de Câncer</p><p>Equador</p><p>OCEANO PACÍFICO</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>Aiamarás</p><p>INCAS</p><p>Caras</p><p>Caraíbas</p><p>Caraíbas</p><p>Seminolas</p><p>MAIAS</p><p>ASTECAS</p><p>Aruaques</p><p>Aruaques</p><p>Quéchuas</p><p>Musgoguis</p><p>Atabascos Esquimós</p><p>Esquimós</p><p>Algonquinos</p><p>Comanches</p><p>Sioux</p><p>Adaptado de: <http://eroneducador.blogspot.com.br/2013/08/as-ameri-</p><p>cas-pre-colombiana.html?view=classic>.</p><p>Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>Olmecas</p><p>Civilização Olmeca</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_olmeca>.</p><p>Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>A cultura olmeca, originada na costa sul do golfo</p><p>do México, é considerada a primeira cultura elaborada</p><p>da Mesoamérica e matriz de todas as culturas posterio-</p><p>res dessa área. As características marcantes do Império</p><p>olmeca, que se estendeu do México ocidental a, talvez,</p><p>à Costa Rica, foram a escultura monumental e a presen-</p><p>ça de centros cívicos religiosos a que se subordinavam</p><p>áreas periféricas.</p><p>Embora já se conheça razoavelmente bem a vida</p><p>econômica e sociopolítica dos astecas e incas, o mes-</p><p>mo não acontece com os olmecas. Recentes pesquisas</p><p>arqueológicas realizadas em San Lorenzo, um dos prin-</p><p>cipais centros olmecas e, provavelmente, o primeiro cen-</p><p>tro civilizado da Mesoamérica, dão conta da existência</p><p>de colinas artificiais com desaguamentos subterrâneos</p><p>que funcionariam como sistemas para controle da água.</p><p>A costa meridional do golfo do México é uma</p><p>área pantanosa, irrigada por numerosos rios. Nesse</p><p>ambiente tropical, os olmecas cultivaram milho, feijão e</p><p>abóbora, complementando a subsistência com os pro-</p><p>dutos obtidos da caça e da pesca. A procura do jade,</p><p>uma espécie de pedra, deve ter servido de estímulo para</p><p>o comércio, que se fazia por numerosas rotas. Acredita-</p><p>-se que a notável influência olmeca na Mesoamérica</p><p>seja em razão da extensão desse comércio.</p><p>A organização social dos olmecas era bastante</p><p>desenvolvida. A população, espalhada pelo império,</p><p>dividia-se entre uma minoria (sacerdotes, artífices de</p><p>elite), que habitava os centros cerimoniais, e a maioria</p><p>do povo (camponeses), que vivia nas aldeias.</p><p>©</p><p>Pa</p><p>ulo</p><p>Af</p><p>on</p><p>so</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Uma das quatro cabeças colossais encontradas em LaVenta,</p><p>com altura aproximada de 3 metros</p><p>Nos centros cerimoniais, como o de La Venta, ha-</p><p>viam construções em forma de pirâmide truncada, cons-</p><p>truídos sobre grandes plataformas de terra, organiza-</p><p>das ao redor de plazas, segundo um plano sistemático.</p><p>Esses montículos de argila eram rodeados de enormes</p><p>fossas, onde foram encontradas máscaras religiosas</p><p>profundamente enterradas. Ao que parece, essas cons-</p><p>truções tinham funções primordialmente funerárias.</p><p>Supõe-se a existência de chefias ou estados incipientes</p><p>116</p><p>(como em Três Zapotes), obrigados pela necessidade de</p><p>supervisão e planejamento, além de recrutamento de</p><p>numerosa mão de obra para a construção das pirâmi-</p><p>des, plataformas e aterros.</p><p>O valor dominante religioso caracterizou a arte</p><p>olmeca. A escultura era bastante desenvolvida: monu-</p><p>mentais cabeças de pedra, com rosto redondo, lábios</p><p>grossos e nariz achatado; estatuetas com formas hu-</p><p>manas; e outras apresentando uma mistura de traços</p><p>humanos e felinos. São frequentes as representações do</p><p>jaguar, a principal divindade, das quais o homem jaguar</p><p>representaria, provavelmente, o deus da chuva.</p><p>Tinham conhecimentos de astronomia – basta</p><p>observar o traçado de suas cidades, obedecendo aos</p><p>pontos cardeais e a um calendário, uma vez que foram</p><p>encontrados, em alguns monumentos, registros de datas</p><p>muito antigas. Também conheciam a escrita e sistemas</p><p>matemáticos. Muitos traços e tradições dos olmecas so-</p><p>breviveram entre as diversas culturas que os sucederam,</p><p>como é o caso das culturas dos maias e astecas.</p><p>Maias</p><p>Civilização maia</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Civilização_maia>.</p><p>Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>Os maias ocuparam as planícies da península</p><p>do Iucatã e constituíram povos que elaboraram uma</p><p>das mais complexas e influentes culturas da América.</p><p>Alguns historiadores, para quem a Europa é o centro</p><p>do mundo, chegaram a comparar a importância cultural</p><p>dos maias à dos gregos.</p><p>A economia agrícola desses “gregos do Novo</p><p>Mundo” era baseada na produção do milho, conside-</p><p>rado alimento sagrado e do qual teria se originado o</p><p>homem, segundo a mitologia maia. A terra era cultivada</p><p>coletivamente e os camponeses eram obrigados a pagar</p><p>o imposto coletivo. A caça e a pesca eram atividades</p><p>complementares, e a pecuária desconhecida.</p><p>Calendário maia</p><p>©</p><p>Vo</p><p>jte</p><p>ch</p><p>Vlk</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>A organização social dos maias ainda é relativa-</p><p>mente desconhecida. Entretanto, estudos da arte maia,</p><p>sobretudo da pintura, caracterizam essa civilização</p><p>como uma sociedade rigidamente hierarquizada, em</p><p>que a posição social era determinada pelo nascimen-</p><p>to. Uma elite (militares e sacerdotes) constituía o grupo</p><p>dominante, de caráter hereditário, que habitava os nu-</p><p>merosos centros cerimoniais circundados pelas aldeias</p><p>onde vivia a numerosa mão de obra de camponeses</p><p>submetidos ao regime de servidão coletiva.</p><p>Os centros maias não eram apenas onde a admi-</p><p>nistração e o culto se davam, mas também onde exer-</p><p>ciam funções comercias: trocas de produtos cultivados</p><p>e de artesanato (objetos de ouro e cobre, tecidos de</p><p>algodão, cerâmica), uma vez que o ofício de mercador</p><p>era muito importante. Havia ainda os escravos, cujas</p><p>figuras apareciam em numerosos monumentos da ci-</p><p>vilização maia.</p><p>Politicamente, acredita-se que o governo maia</p><p>fosse uma teocracia de caráter hereditário, incum-</p><p>bido da política interna e externa e do recolhimento do</p><p>imposto coletivo das aldeias.</p><p>©</p><p>sm</p><p>ej/</p><p>Sh</p><p>utt</p><p>ers</p><p>toc</p><p>k</p><p>Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá</p><p>117</p><p>Os maias nunca chegaram a constituir um Império: cada cidade com suas respectivas aldeias formava um</p><p>Estado independente (cidades-Estado).</p><p>Sob o ponto de vista religioso, os maias eram politeístas e acreditavam que o destino do homem era contro-</p><p>lado pelos deuses. Em razão disso, toda a produção cultural foi nitidamente influenciada pela religião, bem como a</p><p>arquitetura. Utilizando principalmente pedra e terra como materiais e o trabalho forçado da numerosa mão de obra</p><p>camponesa, construíram-se templos, de forma retangular, sobre pirâmides truncadas com escadarias que se esten-</p><p>diam ao redor de praças. Também edificaram palácios, provavelmente residência dos sacerdotes, cujos interiores,</p><p>geralmente longos e estreitos, eram cobertos por uma falsa abóbada, característica desse tipo de edificação. Todas</p><p>as dependências eram revestidas de elaborada decoração: esculturas, pinturas e murais representando cenas de</p><p>guerra ou cerimoniais (altos dignitários homenageados ou servidos por súditos). A escultura em terracota foi outro</p><p>exemplo notável da arte Maia, e a pintura, em cores vivas e intensas, alcançou alto grau de perfeição.</p><p>Os maias fizeram notáveis progressos na astronomia ao preverem eclipses solares, o movimento dos plane-</p><p>tas e o calendário cíclico, bem como na aquisição de avançadas noções de Matemática, como um símbolo para o</p><p>zero e o princípio do valor relativo.</p><p>Embora ainda não plenamente decifrada, já se sabe que a escrita maia, considerada sagrada, não ara base-</p><p>ada em um alfabeto. Sinais pictográficos e símbolos formam sílabas ou combinações de sons.</p><p>No que restou da produção literária, destaca-se o Popol Vuh, livro sagrado com numerosas lendas, con-</p><p>siderado um dos mais valiosos exemplos de literatura indígena.</p><p>Por volta do ano 900, a civilização Maia sofreu declínio de população, quando teria iniciado um processo</p><p>erroneamente confundido com decadência. Há estudiosos que atribuem o abandono dos centros Maias à guer-</p><p>ra, à insurreição, à revolta social, a invasões bárbaras etc. De fato, os grandes centros foram abandonados, mas</p><p>não de súbito. As hipóteses mais prováveis apontam para uma exploração intensiva de meios de subsistência</p><p>inadequados, que provocaram a exaustão do solo, ao lado dos intensos conflitos entre as cidades-Estado.</p><p>A cultura Maia posterior fundiu-se com a dos Toltecas e prolongou-se até a conquista definitiva pelos es-</p><p>panhóis.</p><p>Astecas</p><p>Civilização asteca</p><p>Disponível em: <ttps://pt.wikipedia.org/wiki/Astecas>.</p><p>Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>118</p><p>Também conhecidos como mexicas, os astecas</p><p>ocuparam originalmente a região noroeste do atual</p><p>México. Guerreiros e expansionistas, dominaram os tol-</p><p>tecas e outros povos da região. Em 1325, fundaram a</p><p>cidade de Tenochtitlán, capital do império, onde cons-</p><p>truíram palácios, templos, mercados e canais de irriga-</p><p>ção, comprovando grande desenvolvimento.</p><p>A economia era essencialmente agrária, com</p><p>destaque para o cultivo do milho, do algodão, do feijão</p><p>e do cacau, cuja semente era utilizada como moeda.</p><p>Os astecas desenvolveram as chinampas, um</p><p>sistema de plantio baseado nos “jardins flutuantes” fei-</p><p>tos com junco trançado, em região pantanosa produti-</p><p>va. Construíram canais de irrigação levando a água das</p><p>chuvas e dos rios para as regiões de plantio.</p><p>A terra era considerada propriedade do Estado e</p><p>trabalhada pelas comunidades camponesas ao lado de</p><p>atividades complementares, como a criação de animais,</p><p>o comércio e a mineração.</p><p>A sociedade asteca era rigidamente hierarquiza-</p><p>da. O imperador e sua família ocupavam a posição mais</p><p>elevada da pirâmide social. Em posição intermediária,</p><p>estavam os artesãos e comerciantes. Camponeses e es-</p><p>cravos ocupavam a base dessa pirâmide social. As co-</p><p>munidades camponesas conservavam pequena parcela</p><p>de terra para uso familiar, mas a maior parte dela per-</p><p>tencia aos sacerdotes e elites locais (líderes dos clãs).</p><p>©</p><p>E</p><p>l C</p><p>om</p><p>an</p><p>da</p><p>nt</p><p>e/</p><p>W</p><p>ik</p><p>im</p><p>ed</p><p>ia</p><p>co</p><p>m</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>Os astecas sacrificavam prisioneiros de guerra para alimentar seus</p><p>deuses. O capturado tinha seu coração arrancado, era decapitado e tinha</p><p>seu sangue bebido pelo captor que, depois, levava o corpo para casa,</p><p>esfolava-o, comia-o com milho e vestia sua pele.</p><p>Seja por suas conquistas, seja pelo domínio so-</p><p>bre vários povos, o imperador possuía representação re-</p><p>ligiosa, militar e política, o que tornou o Império Asteca</p><p>um Estado militarista e teocrático.</p><p>Construíram obras arquitetônicas colossais: tem-</p><p>plos e palácios com terraços em forma piramidal, ob-</p><p>jetos decorativos, obras de ourivesaria em prata, ouro</p><p>e pedras preciosas utilizadas na decoração de palácios</p><p>e templos. Os astecas também se destacaram na As-</p><p>tronomia, ao elaborarem um calendário solar que lhes</p><p>possibilitava planejar as épocas de plantio e colheita.</p><p>A religião asteca era politeísta, com prática de</p><p>sacrifícios humanos. Os deuses astecas exigiam oferen-</p><p>das do bem mais precioso que os homens possuíam, a</p><p>vida, para que o mundo fosse preservado. Essa era a</p><p>crença asteca.</p><p>Incas</p><p>Civilização Inca</p><p>Quito</p><p>Machu Picchu</p><p>Império Inca</p><p>0 1000 km</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>OCEANO</p><p>PACÍFICO</p><p>Cuzco</p><p>Disponível em: <http://historiadomundo.uol.com.br/inca/</p><p>mapa-do-imperio-inca.htm>. Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>A região ocupada pelos incas se estendia ao lon-</p><p>go da cordilheira dos Andes e ocupava parte dos atuais</p><p>territórios da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e</p><p>Argentina. Originariamente nômades, os incas faziam</p><p>parte do grupo quéchua. Entre os séculos XII e XIII, reali-</p><p>zaram várias conquistas</p><p>na região andina (civilizações de</p><p>Tiahuanaco, Huari e Chimu), impondo-se militarmente e</p><p>formando o Império Inca, que alcançara seu apogeu na</p><p>época da conquista espanhola no século XVI.</p><p>119</p><p>Entre os incas, a propriedade era divida em terras</p><p>do Estado, terras dos sacerdotes e terras comunitárias,</p><p>das quais cada família possuía um lote para cultivo pró-</p><p>prio depois de cultivar as terras do imperador e dos sa-</p><p>cerdotes. Havia ainda o Ayllu, organização social formada</p><p>por laços de parentesco entre os membros da comunida-</p><p>de e liderada pelo curaca, chefe político e administrativo</p><p>cujo poder era transmitido hereditariamente.</p><p>À medida que líderes locais e sacerdotes se for-</p><p>taleceriam, essa sociedade experimentou a formação de</p><p>classes sociais, rigidamente estratificadas, tornando-se</p><p>estamental. Abaixo do imperador havia uma elite de sa-</p><p>cerdotes e militares (nobreza); artífices do Estado, médi-</p><p>cos e contabilistas compunham o grupo intermediário; e,</p><p>na base da pirâmide social, havia uma grande massa de</p><p>camponeses e escravos responsáveis pela produção de</p><p>excedentes, que se concentravam nas mãos da elite.</p><p>Quanto às relações de trabalho, havia entre os In-</p><p>cas uma forma de trabalho compulsório chamada mita.</p><p>Tratava-se da exploração obrigatória da mão de obra</p><p>camponesa pelo Estado, empregada em obras públicas</p><p>e nas minas. A principal atividade econômica incaica era</p><p>a agricultura, sendo o milho, a batata, o feijão, o algodão</p><p>e a pimenta os principais produtos. Também criavam ani-</p><p>mais, lhamas e alpacas, que forneciam leite, lã e carne</p><p>e serviam como meio de locomoção. Para melhor apro-</p><p>veitamento das terras em relevo montanhoso, os Incas</p><p>desenvolveram terraços para conter a erosão e ampliar</p><p>a área de plantio.</p><p>©</p><p>To</p><p>ma</p><p>s S</p><p>yk</p><p>ora</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Machu Picchu foi, ao lado de Cuzco, um dos dois</p><p>mais importantes centros urbanos da civilização inca.</p><p>Os Incas desenvolveram um império centralizado</p><p>e teocrático no qual o imperador era considerado um</p><p>deus (Sapa Inca), descendente direto do Sol, supremo</p><p>legislador e comandante do exército com poder vitalício</p><p>e hereditário, suplantando a antiga unidade social. Para</p><p>facilitar o domínio das áreas afastadas da capital Cuzco</p><p>e integrar as diversas regiões do império, os Incas cons-</p><p>truíram várias estradas que permitiam tanto o serviço</p><p>de correios quanto o deslocamento do exército para o</p><p>controle de áreas rebeladas.</p><p>A religiosidade caracterizava-se pela crença em</p><p>vários deuses vinculados a elementos da natureza: sol</p><p>(Inti), chuva, fertilidade; estas influenciavam suas ma-</p><p>nifestações artísticas, notadamente na construção de</p><p>grandes templos. Faziam também sacrifícios humanos</p><p>e de lhamas.</p><p>O idioma quéchua serviu de instrumento uni-</p><p>ficador do Império Inca. Sem escrita, a cultura era</p><p>transmitida oralmente. Um conjunto de nós e barbantes</p><p>coloridos, chamados quipus, permitiu aos Incas desen-</p><p>volverem um engenhoso sistema de contabilidade. Na</p><p>matemática, utilizavam o sistema numérico decimal. Na</p><p>astronomia, foram autores de um calendário.</p><p>No altiplano Andino, os testemunhos mais im-</p><p>portantes dessa cultura encontram-se na arquitetura</p><p>monolítica e despojada de ornamentos, que revelam</p><p>tanto uma técnica impecável como uma notável frie-</p><p>za expressiva. Atribuíram também grande importância</p><p>à indústria metalúrgica, principalmente à fabricação de</p><p>armas, ao artesanato têxtil e à cerâmica de pequenas</p><p>peças e estatuetas antropozoomórficas.</p><p>o choque de civilizAções e</p><p>A conquistA espAnholA</p><p>Entre todos os povos nativos americanos, duas</p><p>civilizações foram as que mais sofreram com o contato</p><p>com os europeus, os astecas e os incas. Por se tratarem</p><p>de verdadeiros impérios, extensos a enormes áreas na</p><p>América, foram vistos pelos colonizadores espanhóis</p><p>como as principais ameaças ao projeto de exploração</p><p>do novo território.</p><p>Se os nativos contavam com maior número de</p><p>guerreiros, os espanhóis possuíam a vantagem de es-</p><p>tarem melhor equipados para um possível confronto. O</p><p>fato de terem consigo armas de fogo, canhões e cavalos,</p><p>todos elementos desconhecidos na América, foi uma</p><p>grande vantagem sobre os ameríndios, exercendo enor-</p><p>me impacto psicológico sobre estes povos. Essa vanta-</p><p>gem bélica foi apenas um dos fatores que contribuíram</p><p>para uma rápida conquista por parte dos europeus. Vale</p><p>ressaltar que as doenças trazidas pelos europeus, e até</p><p>120</p><p>então inexistentes na América (ex.: gripe), além da fome</p><p>que assolava os nativos após a dominação, foram ou-</p><p>tros grandes responsáveis pelo rápido decréscimo po-</p><p>pulacional dos ameríndios.</p><p>Em 1519, os espanhóis tiveram seu primei-</p><p>ro contato com o Império Asteca, o qual possuía um</p><p>exército estimado em torno de 500 mil homens. Sob a</p><p>liderança de Hernán Cortez, os espanhóis foram bem</p><p>recebidos pelos astecas, recebendo muitos presentes,</p><p>incluindo uma jovem escrava índia chamada Malinche,</p><p>que dominava algumas línguas falantes na América e</p><p>que auxiliou na conquista do México por parte dos co-</p><p>lonizadores europeus.</p><p>Ao perceber o tamanho do Império Asteca, Cor-</p><p>tez percebeu que a dominação seria muito complexa.</p><p>Contudo, ele acabou contando com o apoio de povos</p><p>nativos subjugados pelos astecas e que se encontravam</p><p>descontentes nessa posição. Prometendo a estes povos</p><p>a liberdade, Cortez ganhou importantes aliados na luta</p><p>contra os astecas. Os europeus ainda contaram com a</p><p>falta de resistência inicial do imperador asteca, Monte-</p><p>zuma. Muitos estudiosos acreditam que essa passivida-</p><p>de deriva de uma lenda de que os deuses iriam voltar</p><p>em algum momento e dominar a região, o que explica-</p><p>ria a inicial falta de resistência do imperador.</p><p>Aproveitando-se dessa conjuntura favorável,</p><p>Cortez orquestrou a tomada da capital asteca, Tenochti-</p><p>tlán, que em menos de três anos já se encontrava sob o</p><p>domínio dos conquistadores europeus.</p><p>Desavenças internas também ajudaram os espa-</p><p>nhóis na conquista do Império Inca, que ficou a cargo</p><p>do conquistador Francisco Pizarro, que chegou à região</p><p>do Peru em 1532. Aproveitando uma crise política cau-</p><p>sada pela disputa sucessória local, Pizarro invadiu os</p><p>domínios incaicos e prendeu o imperador Atahualpa.</p><p>Relatos apontam que no primeiro encontro en-</p><p>tre Pizarro e Atahualpa ocorreu um mal entendido, pois</p><p>na troca de presentes entre os dois líderes, Pizarro en-</p><p>tregou uma Bíblia ao imperador inca que, por viver em</p><p>uma sociedade sem escrita, não entendeu a utilidade</p><p>do presente. Em troca, Atahualpa entregou uma bebida</p><p>à base de milho, considerada sagrada para o espanhol,</p><p>que teria tomado um gole e cuspido devido ao ardor</p><p>causado pela bebida. Ao ver tamanho desrespeito, o</p><p>imperador Inca teria jogado a Bíblia no chão, o que foi</p><p>utilizado pelos europeus como pretexto para o início de</p><p>um enfrentamento bélico.</p><p>Contando com o apoio de inúmeros curacas des-</p><p>contentes com a dominação inca, e prometendo a liber-</p><p>tação de seu julgo, Pizarro conquistou a capital Cuzco,</p><p>em 1533, após inúmeras e sangrentas batalhas.</p><p>Administração colonial espanhola</p><p>Como a coroa espanhola não desejava gastar</p><p>muitos recursos com a exploração das colônias america-</p><p>nas, pessoas que tivessem interesse em investir seus re-</p><p>cursos particulares e explorar as novas terras eram bem</p><p>quistas. Esses indivíduos recebiam o título de adelan-</p><p>tados, e ganhavam uma série de prerrogativas jurídicas</p><p>e militares, tais como o direito vitalício de fundar nú-</p><p>cleos de ocupação, explorar o solo e erguer fortalezas.</p><p>Em troca, promoveriam a cristianização dos ameríndios</p><p>e entregariam um quinto de tudo que fosse explorado</p><p>na América.</p><p>Para melhor controle das terras americanas, a</p><p>Coroa espanhola criou, em 1503, as Casas de Con-</p><p>tratação, órgão responsável por fiscalizar a cobrança</p><p>do quinto; garantir o monopólio e gerir os negócios</p><p>na colônia, além de ser responsável pela nomeação de</p><p>funcionários nas terras americanas, assim como regula-</p><p>mentar a administração.</p><p>Com o passar do século XVI, a Espanha foi apri-</p><p>morando seu sistema de administração colonial e foram</p><p>criadas</p><p>as Audiências, instituições com competência</p><p>jurídica instaladas nas mais importantes regiões da</p><p>América hispânica. Também foi criado o Conselho das</p><p>Índias, em 1524, que centralizou toda a administração</p><p>da colônia espanhola, subordinando as Casas de Con-</p><p>tratação e as Audiências ao seu domínio.</p><p>Por fim, o passo final para a melhor administra-</p><p>ção das terras americanas, foi divisão sua em Vice-Rei-</p><p>nos (terras de maior valor econômico) e Capitanias</p><p>(terras de menor representatividade econômica).</p><p>121</p><p>América espanhola no século XVIII</p><p>Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique.</p><p>Paris: Larousse, 1987, p. 282.</p><p>Sociedade colonial espanhola</p><p>A sociedade que se constituiu na América hispâ-</p><p>nica era bem definida em seus grupos e na importância</p><p>dos mesmos em suas regiões.</p><p>O poder nas colônias, na prática, ficou na mão de</p><p>altos funcionários enviados pela coroa, os quais residiam</p><p>na maior parte das vezes nas capitais locais e ocupariam</p><p>os cargos mais importantes nas capitanias e vice-reinos</p><p>(ex.: o cargo de vice-rei, ou chefe das Audiências). Esses</p><p>altos funcionários, chamados chapetones (indivíduos</p><p>necessariamente nascidos na Espanha) devido à grande</p><p>dificuldade de comunicação entre os continentes, aca-</p><p>bavam adquirindo grande autonomia em relação ao rei.</p><p>Essa “desobediência velada” pode ser observada na se-</p><p>guinte sentença: “obedeço, mas não cumpro”.</p><p>Para cuidar dos problemas relacionados às vilas</p><p>e cidades, foram criados os Cabildos (espécie de pre-</p><p>feitura, ou similar às Câmaras Municipais no Brasil Co-</p><p>lônia). Esse órgão teria todo o poder local em suas mãos</p><p>e era constituído por membros da camada social dos</p><p>criollos, descendentes de espanhóis nascidos na Amé-</p><p>rica. Em geral, os criollos eram grandes proprietários de</p><p>terras e minas ou criadores de gado. Os Cabildos eram</p><p>os únicos órgãos políticos que podiam ser ocupados</p><p>pelos criollos, sendo todos os demais cargos públicos</p><p>destinados aos chapetones.</p><p>Abaixo dos chapetones e dos criollos estavam os</p><p>mestiços, filhos de espanhóis com índios ou negros, os</p><p>quais não possuíam direitos políticos e exerciam fun-</p><p>ções como artesãos, capatazes ou pequenos comercian-</p><p>tes. Abaixo deles se encontravam os índios (mão de</p><p>obra na agricultura e as minas) e os negros (utilizados</p><p>principalmente nas grandes plantações das ilhas do Ca-</p><p>ribe e Antilhas).</p><p>Trabalho compulsório</p><p>Os espanhóis adotaram o trabalho compulsório</p><p>para explorar a mão de obra dos ameríndios, já que o</p><p>número de nativos era, inicialmente, muito abundante.</p><p>Os dois métodos mais comuns utilizados pelos espa-</p><p>nhóis foram o repartimiento e a encomienda.</p><p>O repartimiento era muito similar ao trabalho</p><p>compulsório que os incas e astecas cobravam dos povos</p><p>dominados. Tal como a mita, o repartimiento era a obri-</p><p>gação que cada comunidade nativa tinha de ceder um</p><p>número determinado de trabalhadores para execução de</p><p>grandes obras públicas (normalmente de infraestrutura,</p><p>como estradas e prédios públicos) ou extração de miné-</p><p>rios nas minas. O trabalho era temporário, normalmente</p><p>em condições insalubres e com remuneração muito baixa.</p><p>Já a encomienda consistia em deixar um grupo</p><p>de nativos aos cuidados de um colono (encomiendeiro),</p><p>o qual poderia utilizar a mão de obra dos nativos em</p><p>atividades variadas, assegurando, como pagamento pe-</p><p>los serviços dos ameríndios, a instrução cristã, ou seja,</p><p>a catequese.</p><p>Com o passar dos anos e a grande diminuição da</p><p>população nativa devido aos abusos cometidos durante</p><p>a utilização do trabalho compulsório, ocorreu a troca do</p><p>repartimiento e da encomienda pelo trabalho livre. Essa</p><p>violência e os abusos sofridos pelos índios foram dura-</p><p>mente criticados por parte dos padres, sendo o crítico</p><p>mais incisivo o padre Bartolomeu de Las Casas.</p><p>Com menor importância econômica, mas não</p><p>desprezível, havia também as haciendas, o equivalen-</p><p>te espanhol ao sistema de plantation. Esse sistema</p><p>122</p><p>foi muito utilizado na produção de gêneros tropicais,</p><p>na região das Antilhas, que seriam enviados aos mer-</p><p>cados europeus. A produção das haciendas foi alimen-</p><p>tada pela mão de obra de cativos africanos, já que as</p><p>populações nativas nessa região foram as primeiras a</p><p>desaparecerem após o domínio espanhol.</p><p>Mercantilismo</p><p>A formação dos Estados nacionais coincidiu com</p><p>a estruturação do capitalismo comercial, ambas orga-</p><p>nizaram e impuseram uma série de práticas econômicas</p><p>visando a proporcionar o acúmulo de metais preciosos</p><p>como forma de dinamizar as relações comerciais e for-</p><p>talecer as moedas nacionais. Mediante essas práticas, os</p><p>Estados procuravam fortalecer suas finanças e manter</p><p>sua estrutura burocrática. Essa política econômica dos</p><p>Estados modernos ficou conhecida por mercantilismo,</p><p>expressão das práticas do capitalismo comercial.</p><p>Características</p><p>As principais bases do mercantilismo foram a in-</p><p>tervenção do Estado na economia e o metalismo.</p><p>Por metalismo entende-se a necessidade de acumular</p><p>metais preciosos para servir de lastro às moedas nacio-</p><p>nais. Quanto maior a quantidade de metais preciosos,</p><p>mais forte e com mais poder de compra seriam as moe-</p><p>das nacionais e mais estável a economia, com reduzidas</p><p>taxas inflacionárias.</p><p>O comércio seria a principal forma de obtenção e</p><p>acúmulo de metais, o que levou os governos a estimula-</p><p>rem as exportações e a inibirem, mediante protecionis-</p><p>mo marcado por altas taxas alfandegárias, as importa-</p><p>ções de artigos estrangeiros, caracterizando, assim, uma</p><p>balança comercial favorável. Eram muito fortes os</p><p>estímulos governamentais à produção de artigos manu-</p><p>faturados cujos preços eram bastante elevados no exte-</p><p>rior e nas áreas coloniais.</p><p>Outra característica do mercantilismo foi o mo-</p><p>nopólio. Concedido pelo rei mediante pagamento a</p><p>certas companhias privilegiadas, o monopólio era válido</p><p>para o comércio de alguns produtos, em determinadas</p><p>regiões e por tempo limitado.</p><p>O colonialismo, também chamado de sistema</p><p>colonial, figura como parte integrante da política mer-</p><p>cantilista. Ele correspondia ao conjunto de relações en-</p><p>tre metrópoles e colônias, quando aquelas impuseram</p><p>uma série de restrições à economia colonial. Conheci-</p><p>das por Pacto Colonial, as determinações metropo-</p><p>litanas às colônias baseavam-se no monopólio e na</p><p>complementaridade.</p><p>Colônia Pacto colonial Metrópole</p><p>Matérias-primas – gêneros tropicais</p><p>Manufaturas – escravos</p><p>Práticas mercantilistas</p><p>As práticas mercantilistas corresponderam a um</p><p>conjunto de medidas econômicas aplicadas nos diver-</p><p>sos Estados europeus sem, contudo, constituírem-se em</p><p>práticas homogêneas, que variavam de país para país</p><p>de acordo com suas peculiaridades.</p><p>Na Espanha, a atuação do Estado foi no sentido</p><p>de acumular metais preciosos explorados diretamente</p><p>de suas colônias americanas. Tal prática ficou conhecida</p><p>como bulionismo (derivado de bullion, que em inglês</p><p>significa barra de ouro).</p><p>Na Inglaterra, as práticas mercantilistas eram</p><p>chamadas de comercialismo. O governo estimulava</p><p>as trocas comerciais com o auxílio à marinha mercante.</p><p>Incentivava a comercialização das manufaturas, espe-</p><p>cialmente as do setor têxtil, mediante um rígido prote-</p><p>cionismo alfandegário.</p><p>O mercantilismo francês era denominado col-</p><p>bertismo em alusão a Jean Baptiste Colbert, seu mais</p><p>célebre incentivador, que foi ministro das finanças do rei</p><p>Luís XIV. Essa prática econômica consistia em incentivar</p><p>a produção de artigos manufaturados, principalmente</p><p>os de luxo, como tapeçaria e cristais, que, exportados,</p><p>gerariam receitas para o Estado e uma consequente ba-</p><p>lança comercial favorável.</p><p>Sites</p><p>ACESSAR</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Filme</p><p>História dos Astecas e Incas</p><p>historiadomundo.uol.com.br/asteca/</p><p>http://historiadomundo.uol.com.br/inca/</p><p>123</p><p>Os governantes de um Império Maia em declínio acreditavam que a</p><p>chave para a prosperidade seria construir mais templos e realizar mais</p><p>sacrifícios humanos.</p><p>Apocalypto</p><p>124</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>A América que os Europeus Encontraram – Enrique Y.</p><p>Peregalli</p><p>Foi construída nesta obra uma história que leva em consideração</p><p>a visão dos vencidos, e o autor busca mostrar com isso que a</p><p>América possui uma história de desenvolvimento econômico,</p><p>cultural, social e político que não precisou da tutela dos europeus.</p><p>A Conquista da América – Tzvetan Todorov</p><p>Essa pesquisa ética é, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre os</p><p>signos, sua interpretação e sua comunicação, pois o semiótico</p><p>não pode ser pensado fora da relação com o outro.</p><p>124</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>125</p><p>O choque cultural ocorrido nos primeiros encontros entre europeus e nativos americanos demonstra o es-</p><p>tranhamento com relação ao que pertence a uma outra cultura e a difícil aceitação do outro como tão “civilizado”</p><p>quanto você. O processo de destruição da cultura dos ameríndios e a imposição da cultura europeia demonstra isso</p><p>com clareza.</p><p>Também podemos observar o efeito de doenças que não eram conhecidas por uma determinada população</p><p>e seu efeito nesse novo ambiente, analisando as primeiras tentativas de combater essas moléstias, as quais agora</p><p>seriam globais.</p><p>Massacre indígena retratado por ilustração de Theodore de Bry.</p><p>126</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 7 - Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>A Habilidade 7 impõe ao aluno a compreensão, dentro dos diversos espaços e tempos, das</p><p>relações de poder entre as nações. Inserida num eixo interdisciplinar com Geografia, Sociologia,</p><p>Filosofia e História, o candidato deverá interpretar as causas e as consequências de processos de</p><p>dominação entre os povos, além de captar seu significado econômico e político.</p><p>Conflitos de diferente natureza estão inseridos nesta habilidade, mormente os de guerras, co-</p><p>lonização e escravização entre nações. O estudante deverá relacionar registros acadêmicos,</p><p>artísticos ou relatos dos participantes para fundamentar sua resposta.</p><p>modelo</p><p>(Enem) O canto triste dos conquistados: os últimos dias de Tenochtitlán</p><p>Nos caminhos jazem dardos quebrados;</p><p>os cabelos estão espalhados.</p><p>Destelhadas estão as casas,</p><p>Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém</p><p>as tivesse tingido,</p><p>Nos escudos esteve nosso resguardo,</p><p>mas os escudos não detêm a desolação…</p><p>PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).</p><p>O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à)</p><p>a) tragédia causada pela destruição da cultura desse povo.</p><p>b) tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior.</p><p>c) extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol.</p><p>d) dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados.</p><p>e) profetização das consequências da colonização da América.</p><p>Análise expositivA</p><p>Habilidade 7</p><p>Quando do desembarque dos espanhóis na América no Século XVI, o Império Asteca possuía</p><p>cerca de cinco a seis milhões de habitantes. Tenochtitlán era uma das maiores cidades do impé-</p><p>rio, mas não resistiu à dominação espanhola, que contava com cavalaria e armas de fogo – uma</p><p>tecnologia de guerra muito mais desenvolvida, portanto.</p><p>Alternativa B</p><p>127</p><p>estruturA conceituAl</p><p>sul do Golfo do México</p><p>centros cívicos religiosos</p><p>sociedade hierarquizada</p><p>Olmecas</p><p>sacerdotes e elite</p><p>camponeses sociedade hierarquizada</p><p>teocracia de caráter hereditário</p><p>América Central</p><p>servidão coletiva</p><p>politeístas</p><p>Maias</p><p>elite hereditária</p><p>camponeses</p><p>1 América Pré-colombiana</p><p>sociedade hierarquizada</p><p>estado militarista e teocrático</p><p>noroeste do México</p><p>servidão coletiva</p><p>politeístas</p><p>economia agrária</p><p>Astecas</p><p>imperador</p><p>nobreza</p><p>camponeses</p><p>comerciantes/artesãos</p><p>hierarquia rígida</p><p>divisão de terras</p><p>cordilheira dos Andes</p><p>organização familiar - curacas</p><p>politeístas</p><p>trabalho compulsório - mita</p><p>Incas</p><p>imperador</p><p>imperador</p><p>elite militar/sacerdotes</p><p>nobreza</p><p>camponeses</p><p>escravos</p><p>médicos/burocratas</p><p>comerciantes/artesãos</p><p>2 Choque de civilizações e a conquista espanhola</p><p>espanhóis x civilizações pré-colombianas astecas (1519)</p><p>incas (1532)</p><p>superioridade militar</p><p>aliança com povos subjugados pelos grandes impérios</p><p>128</p><p>5 Mercantilismo</p><p>Intervenção Estatal</p><p>Metalismo</p><p>Protecionismo</p><p>Balança comercial favorável</p><p>Colonialismo</p><p>4 Sociedade colonial espanhola</p><p>Chapetones</p><p>Mestiços</p><p>Índios</p><p>e Negros</p><p>Criollosespanhóis</p><p>filhos de espanhóis com</p><p>indígenas ou negros</p><p>mão de obra</p><p>sem direitos políticos</p><p>repartimiento</p><p>encomienda</p><p>hacienda/plantation</p><p>artesãos, capatazes e</p><p>pequenos comerciantes</p><p>descendentes de espanhóis/</p><p>nascidos na América</p><p>proprietários de</p><p>terras/mina/gado</p><p>se representam nos cabildos</p><p>(similar à Câmara Municipal)</p><p>altos funcionários</p><p>da Coroa</p><p>3 Administração colonial espanhola</p><p>Audiências Divisão</p><p>de Terras</p><p>Conselhos</p><p>das Índias</p><p>(sec.XVI)</p><p>instâncias jurídicas Vice-reino</p><p>(maior valor econômico)</p><p>Capitania</p><p>(menor valor econômico)</p><p>administração geral</p><p>Adelantados investidores</p><p>cristianização</p><p>exploração (1/5 para</p><p>a Coroa Espanhola)</p><p>direito vitalício</p><p>em núcleos de colônia</p><p>Casas de</p><p>Contratação</p><p>fiscalização</p><p>cobrança do quinto</p><p>regulamentação</p><p>administração</p><p>nomeação de</p><p>funcionários</p><p>©</p><p>Lu</p><p>is</p><p>Te</p><p>ixe</p><p>ira</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>05 06</p><p>C H</p><p>Período pré-colonial,</p><p>administração colonial e</p><p>invasões francesas</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4 e 5</p><p>Habilidades</p><p>1, 5, 7, 8, 9, 15,</p><p>16, 18 e 23</p><p>HISTÓRIA</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas</p><p>que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>131</p><p>Brasil: período pré-colonial (1500-1530)</p><p>Logo após o Descobrimento, o Brasil permaneceu relativamente abandonado pelos portugueses, que con-</p><p>tinuavam a buscar as riquezas do comércio com as Índias. Para Portugal, um Estado acima de tudo voltado para o</p><p>máximo desenvolvimento mercantilista, o Brasil nada ou quase nada poderia oferecer de imediato, se comparado</p><p>ao rico mercado de especiarias. Assim foi que, por não atender aos interesses imediatos do Estado nem da classe</p><p>mercantil portuguesa, de acordo com as exigências de sua prática mercantilista, conduzida ainda apenas no setor</p><p>de distribuição de mercadorias, o Brasil permaneceu ligado à sua Metrópole por umas poucas expedições ocasio-</p><p>nais, que aqui chegavam com o objetivo de reconhecer mais amplamente o litoral ou de explorar o pau-brasil, ma-</p><p>deira com possibilidade de comercialização, ou, ainda, de afugentar os franceses, atraídos pela mesma mercadoria</p><p>e contestadores da divisão da América entre Portugal e Espanha (Tratado de Tordesilhas – 1494).</p><p>Gaspar Lemos, em 1501, e Gonçalo Coelho, em 1503, comandaram respectivamente as primeiras expe-</p><p>dições de reconhecimento e exploração. Dessa última, organizada pelo comerciante Fernão de Noronha,</p><p>a quem o rei arrendara a “colônia” para a exploração do pau-brasil em troca da defesa da costa, participou</p><p>Américo Vespúcio.</p><p>A crescente presença de franceses, principalmente junto ao litoral, exigiu um esquema de policiamento mais</p><p>ostensivo. Para isso, foram enviadas duas expedições guarda-costas comandadas por Cristóvão Jacques, em</p><p>1516 e 1526, para combater os corsários franceses. Entretanto, esse recurso não chegou a ter bons resultados. O</p><p>litoral continuou ameaçado, o que exigiu muito mais esforço para garantir sua segurança. Por fim, exigiu a ocupa-</p><p>ção mesma do litoral, sua colonização, o que mudou radicalmente a política oficial do Estado português, bem como</p><p>o montante de investimentos por parte da burguesia lusitana.</p><p>Exploração do pau-brasil</p><p>O único produto brasileiro com algum valor comercial, embora inferior às mercadorias orientais, era o</p><p>vegetal do qual se extraía uma tinta muito usada em tinturaria: o pau-brasil. A extração dessa madeira ocorria</p><p>no litoral da Colônia, em uma área que ia do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. Os portugueses foram</p><p>os primeiros a explorá-la. Depois de algumas viagens, os espanhóis afastaram-se em respeito ao Tratado de</p><p>Tordesilhas. Os franceses, sem compromisso com o Tratado e sem poder comerciar diretamente com o Oriente,</p><p>lançaram-se ao contrabando.</p><p>A exploração era rudimentar e predatória destruía matas sem qualquer preocupação em repô-las. Sem</p><p>que houvesse qualquer intenção de ocupar o território, a concentração limitou-se exclusivamente à exploração</p><p>da madeira.</p><p>Os traficantes contavam com a mão de obra livre dos índios mediante escambo, que consistia na troca</p><p>de objetos de pouco valor – espelhos, miçangas, objetos de ferro – pelo corte e transporte do pau-brasil até locais</p><p>na costa.</p><p>Para viabilizar a exploração do pau-brasil e assegurar a posse do território contra os invasores, os portu-</p><p>gueses criaram as feitorias – estabelecimentos fundados no litoral da Colônia para armazenar o pau-brasil, que</p><p>deveria seguir para a Metrópole.</p><p>Como toda atividade ultramarina, a exploração do pau-brasil era monopólio do rei (Estanco Régio). Só</p><p>poderia se dedicar a ela quem tivesse uma concessão da Coroa, que cobrava por isso o quinto (20% do lucro</p><p>adquirido com o produto).</p><p>O Brasil continuou exportando o pau-brasil até o início do século XIX, mas o negócio deixou de ser rentoso</p><p>a partir de 1530, quando as matas do litoral já estavam esgotadas.</p><p>132</p><p>A forma predatória de exploração, com interesse</p><p>imediatista e sem preocupação com o futuro, seria de-</p><p>pois empregada a todos os recursos brasileiros.</p><p>©</p><p>W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Detalhe da exploração do pau-brasil com mão de obra indígena.</p><p>“Terra Brasilis”, mapa do Atlas Miller, 1515-1519, de Lopo homem</p><p>Brasil: início da colonização</p><p>(1530-1580)</p><p>©</p><p>Be</p><p>ne</p><p>dit</p><p>o C</p><p>ali</p><p>xto</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>Co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>Obra de Benedito Calixto, “Fundação de São Vicente”, mostra a visão do</p><p>artista sobre a chegada dos portugueses no litoral paulista.</p><p>Razões da colonização</p><p>A partir de 1530, a posição de Portugal em rela-</p><p>ção ao Brasil mudou. Os empreendimentos no Oriente</p><p>já não eram mais tão lucrativos. A distância e os custos</p><p>com a manutenção do império colonial nas Índias eram</p><p>extremamente altos e elevavam o preço das especiarias.</p><p>Além disso, havia a contestação dos tratados luso-espa-</p><p>nhóis por países excluídos da partilha colonial do Novo</p><p>Mundo. Ataques de piratas e corsários, principalmente</p><p>franceses, eram frequentes, ameaçando o próprio domí-</p><p>nio português sobre o território.</p><p>Dessa forma, as necessidades portuguesas de ga-</p><p>rantir a posse do território e obter uma nova fonte de</p><p>lucros que substituísse o decadente comércio oriental le-</p><p>varam a Coroa portuguesa à convicção de que era preciso</p><p>dar início à colonização da nova terra. O rei se convenceu</p><p>de que só poderia manter a posse da terra estabelecendo</p><p>núcleos permanentes de povoamento, colonização e de-</p><p>fesa. Mas a Coroa também tinha esperança de haver aqui</p><p>riquezas minerais em proporções semelhantes às encon-</p><p>tradas pelos espanhóis em suas possessões.</p><p>Expedição colonizadora</p><p>A colonização não estava nos planos da burgue-</p><p>sia mercantil que havia impulsionado as navegações.</p><p>Mas o rei D. João III tinha interesse em garantir o domí-</p><p>nio de suas terras brasileiras. A única possibilidade era</p><p>a colonização, apesar das dificuldades a enfrentar. Para</p><p>dar início ao empreendimento, foi organizada a expe-</p><p>dição comandada por Martim Afonso de Souza, em</p><p>1530. Seus principais objetivos eram:</p><p>1. percorrer o litoral e, quando necessário, explorar</p><p>o interior em busca de ouro e prata;</p><p>2. expulsar os franceses encontrados;</p><p>3. organizar núcleos de povoamento e defesa; e</p><p>4. aumentar o domínio português até o Rio da Pra-</p><p>ta, abrangendo, portanto, terras que não perten-</p><p>ciam a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.</p><p>Ao voltar do rio da Prata em 1532, Martin Afon-</p><p>so fundou São Vicente, no litoral do atual estado de</p><p>São Paulo. Além de ser o primeiro núcleo de colonização</p><p>no Brasil, São Vicente foi dotado de um engenho para</p><p>produzir açúcar.</p><p>Re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>Capitania de São Vicente</p><p>133</p><p>administração colonial</p><p>Iniciada a colonização do Brasil, restava a Por-</p><p>tugal montar um aparelho burocrático responsável pela</p><p>administração da Colônia. Constatou-se, porém, que</p><p>núcleos de povoamento isolados, como São Vicente,</p><p>não garantiriam a posse, pois o litoral era extenso e</p><p>continuaria desprotegido.</p><p>Portugal manteve sua atitude em relação à ter-</p><p>ra descoberta com o intuito de defesa. Como o co-</p><p>mércio das Índias já não era tão lucrativo, necessitava</p><p>encontrar novas alternativas econômicas. Além disso,</p><p>a descoberta de metais preciosos na América Espa-</p><p>nhola valorizava as terras descobertas e alimentava a</p><p>esperança portuguesa de encontrar esses metais no</p><p>seu território colonial.</p><p>Capitanias hereditárias (1534)</p><p>A ocupação do extenso território brasileiro re-</p><p>queria vultosos recursos, o Estado português tinha sé-</p><p>rios problemas econômicos, e, assim, adotou o sistema</p><p>de Capitanias Hereditárias, implantando pelo rei</p><p>D.João III. Seria um sistema através do qual o Estado</p><p>transferiria os gastos com a colonização para a iniciativa</p><p>privada.</p><p>Apesar das regalias e dos poderes oferecidos a</p><p>quem quisesse colonizar o Brasil, apenas pessoas de</p><p>pouca expressão econômica e social apresentaram-se</p><p>para a tarefa, pois a alta nobreza achava muito arrisca-</p><p>da tal empreitada.</p><p>Em 1534, a costa brasileira foi dividida em quin-</p><p>ze faixas de terra, com largura entre 200 e 650 quilô-</p><p>metros, do litoral à linha do Tratado de Tordesilhas. Cha-</p><p>mavam-se capitanias hereditárias pois passariam dos</p><p>donatários a seus herdeiros. Os donatários possuíam</p><p>grandes poderes: podiam dispor das terras e distribuí-</p><p>-las entre os colonos, nomear autoridades administrati-</p><p>vas e judiciárias, receber taxas e impostos, escravizar e</p><p>vender meios, fundar vilas, cobrar tributos pela navega-</p><p>ção dos rios etc.</p><p>A constituição político-administrativa tinha por</p><p>base jurídica a Carta de Doação e o Foral. Pela Carta</p><p>de Doação o rei concedia o direito à administração e à</p><p>posse da terra de forma perpétua e hereditária ao capitão</p><p>donatário. No Foral estavam fixados os direitos, foros e</p><p>tributos que a população pagaria ao rei e ao donatário.</p><p>Para estimular a colonização, os donatários</p><p>distribuíam sesmarias àqueles que as requeressem. As</p><p>sesmarias eram grandes porções de terra que perma-</p><p>neceriam em poder do sesmeiro e seus descendentes</p><p>desde que eles as cultivassem.</p><p>Só dois donatários tiveram sucesso (em parte</p><p>porque receberam muita ajuda do rei de Portugal e de</p><p>banqueiros flamengos): Martim Afonso de Sousa, em</p><p>São Vicente, e Duarte Coelho, em Pernambuco. Esse</p><p>sucesso estava relacionado ao plantio de cana-de-açú-</p><p>car, produto muito interessante aos mercados europeus.</p><p>As razões para o fracasso do sistema de capita-</p><p>nias hereditárias foram várias: ataques constantes de</p><p>índios hostis, falta de recursos dos donatários, a longa</p><p>distância da Metrópole, as dificuldades de comunica-</p><p>ção entre as capitanias e a descentralização político-</p><p>-administrativa.</p><p>Capitanias hereditárias do Brasil</p><p>PORTUGAL</p><p>Maranhão (2º quinhão)</p><p>Maranhão (1º quinhão)</p><p>São Vicente (2º quinhão)</p><p>Santo Amaro</p><p>São Vicente (1º quinhão)</p><p>Santana</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>Ceará</p><p>Rio Grande</p><p>Itamaracá</p><p>Pernambuco</p><p>Baia de Todos-os-Santos</p><p>Ilhéus</p><p>Porto Seguro</p><p>Espírito Santo</p><p>São Tomé</p><p>ESPANHA</p><p>M</p><p>ER</p><p>ID</p><p>IA</p><p>N</p><p>O</p><p>D</p><p>E</p><p>TO</p><p>RD</p><p>ES</p><p>IL</p><p>H</p><p>A</p><p>S</p><p>(1</p><p>49</p><p>4)</p><p>© Encyclopedia Britannica, Inc.</p><p>Governo-Geral (1548)</p><p>O fracasso do sistema de capitanias levou Por-</p><p>tugal a criar um novo sistema administrativo: o Gover-</p><p>no-Geral, que deveria corrigir as falhas das capitanias</p><p>hereditárias e não extingui-las. O novo órgão deveria</p><p>centralizar a administração colonial, sendo o Governa-</p><p>dor-Geral a maior autoridade da Colônia e representan-</p><p>te direto do rei. Os capitães-donatários perderiam parte</p><p>de sua autoridade, o que explica certa resistência deles</p><p>ao novo órgão político-administrativo. O sistema de</p><p>134</p><p>Governo-Geral foi criado por D. João III (o colonizador)</p><p>e, através do Regimento de 1548 (conhecido como Re-</p><p>gimento do Governo-Geral), determinava as principais</p><p>funções do Governo:</p><p>§ Ajudar os donatários no que fosse necessário;</p><p>§ Combater índios e piratas;</p><p>§ Fundar núcleos de povoamento;</p><p>§ Estimular a catequese e defender a fé cristã;</p><p>§ Organizar entradas em busca de metais preciosos.</p><p>NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil</p><p>para principiantes. São Paulo: África, 2003, p. 61.</p><p>O documento estabelecia, ainda, a criação de</p><p>cargos auxiliares ao Governador-Geral, que eram: o de</p><p>ouvidor-mor, responsável pela justiça; o de capitão-mor,</p><p>responsável pela segurança da costa do território; e o</p><p>de provedor-mor, que cuidaria das finanças e outros as-</p><p>suntos econômicos.</p><p>Câmaras municipais</p><p>As vilas e cidades coloniais eram administradas</p><p>pelas câmaras municipais, principais órgãos de po-</p><p>der local. As funções das câmaras municipais eram:</p><p>§ estabelecer impostos e taxas;</p><p>§ fixar o valor de moedas, salários e produtos;</p><p>§ decidir sobre as determinações reais;</p><p>§ criar leis municipais; e</p><p>§ aprovar a criação de povoados.</p><p>As câmaras municipais eram compostas por um</p><p>alcaide (“espécie” de prefeito) dois juízes, um procura-</p><p>dor, fiscais (almotaceis) e três vereadores. Os componen-</p><p>tes das câmaras municipais representavam os interesses</p><p>da aristocracia rural brasileira e eram denominados de</p><p>“homens bons”. Esses eram membros da elite que</p><p>detinham projeção social, grandes comerciantes, pro-</p><p>prietários de terras e escravos. No início eram homens</p><p>de “sangue puro” português, mas essa prática foi aban-</p><p>donado com o tempo e o aumento da mestiçagem.</p><p>Como os meios de comunicação e transporte</p><p>eram precários, por vezes as Câmaras Municipais goza-</p><p>vam de enorme autonomia, ignorando leis impostas pela</p><p>capital e apostando na ausência de qualquer punição.</p><p>Governadores-Gerais</p><p>Tomé de Sousa (1549-1553)</p><p>O primeiro Governador-Geral do Brasil che-</p><p>gou à baía de Todos os Santos, em 1549, com a incum-</p><p>bência de ali estabelecer a sede do governo. A escolha</p><p>se deveu à localização da capitania, quase no centro</p><p>das terras portuguesas, o que favoreceria a comunica-</p><p>ção com as capitanias do norte e do sul. Ainda em 1549</p><p>foi fundada a cidade de Salvador, que seria a sede do</p><p>Governo-Geral e capital do Brasil até 1763.</p><p>Junto com Tomé de Sousa vieram os primeiros</p><p>jesuítas, liderados pelo padre Manoel da Nóbrega, com</p><p>o objetivo de catequizar os nativos, garantindo-lhes o</p><p>acesso à doutrina cristã. Esse governo foi responsável</p><p>pela criação do primeiro bispado do Brasil – o de Salva-</p><p>dor, tendo sido nomeado para ocupar o cargo de bispo</p><p>D. Pero Fernandes Sardinha, que posteriormente seria</p><p>devorado por índios antropófagos da tribo Caeté.</p><p>A agricultura e a pecuária foram incentivadas,</p><p>uma vez que foram trazidas as primeiras cabeças de</p><p>gado bovino de Cabo Verde, bem como foram insta-</p><p>lados vários engenhos. Além disso, foram organizadas</p><p>expedições para o reconhecimento do território.</p><p>O governo estimulou, ainda, a vinda de moças</p><p>órfãs de Portugal com o intuito de constituir famílias</p><p>brancas e católicas na Colônia.</p><p>A carência de mulheres brancas era tamanha</p><p>que o padre Manoel da Nóbrega escreveu uma carta</p><p>ao rei, D. João III: “se El-Rei determina povoar mais esta</p><p>terra, é necessária que venham muitas mulheres órfãs e</p><p>de toda qualidade, até meretrizes, porque há aqui várias</p><p>qualidades de homens”.</p><p>Das mulheres enviadas ao Brasil, boa parte eram</p><p>órfãs abandonadas nas rodas dos conventos quando</p><p>ainda eram bebês.</p><p>135</p><p>Duarte da Costa (1553-1558)</p><p>O segundo Governo-Geral desem-</p><p>barcou no Brasil acompanhado de um novo</p><p>grupo de jesuítas, dentre os quais o padre José</p><p>de Anchieta, que, juntamente com Manuel da</p><p>Nóbrega, fundou, em 1554, o colégio de São</p><p>Paulo de Piratininga, origem do povoado que</p><p>se transformaria na cidade de São Paulo.</p><p>O governo foi marcado ainda por fatos</p><p>negativos, como a briga de Duarte da Costa</p><p>com o Bispo Sardinha, provocada pelo mau</p><p>comportamento do filho do governador,</p><p>que</p><p>promovia arruaças e desrespeitava as moças.</p><p>Um fato marcante desse governo foi</p><p>a instalação dos franceses no Rio de Janei-</p><p>ro. A invasão, em 1555, estava vinculada aos</p><p>problemas enfrentados pelos franceses na ex-</p><p>tração do pau-brasil, ao norte da costa, por</p><p>causa do maior policiamento. Além disso, pro-</p><p>blemas internos na França colaboraram para a formação de um núcleo colonial no Brasil, a França Antártica. Isso</p><p>aliviaria as tensões político-religiosas iniciadas pelo crescimento dos huguenotes (calvinistas franceses) e atenderia</p><p>aos interesses mercantilistas da Coroa francesa. Chefiados por Durand Villegaignon e protegidos militarmente por</p><p>Gaspar de Coligny, os franceses instalaram-se na baía da Guanabara, fundando o forte Coligny.</p><p>Mem de Sá (1558-1572)</p><p>Homem letrado, habilidoso e que havia recebido o título de Conselheiro do rei, o terceiro Governador-</p><p>-Geral se destacava por sua competência, o que o manteve por bem mais tempo que seus antecessores no cargo.</p><p>Mem de Sá foi responsável direto pelo crescimento da produção agrícola ao estimular a construção de</p><p>engenhos a importação de escravos africanos e, ainda, o desenvolvimento da pecuária.</p><p>A partir de 1560, iniciou a luta contra os franceses, que contavam com o apoio dos índios tamoios (Con-</p><p>federação dos Tamoios), inimigos dos tupis, aliados lusos.</p><p>Para auxiliar na luta contra os franceses da França Antártica, foi fundado pelo sobrinho do governador,</p><p>Estácio de Sá, o Forte de São Sebastião do Rio de Janeiro, que seria o núcleo inicial da cidade do Rio de Janeiro,</p><p>em 1565. Dois anos depois, os franceses foram expulsos da região e a França Antártica foi destruída, frustrando</p><p>momentaneamente o desejo francês de ter uma Colônia na América.</p><p>Nomeado como quarto Governador-Geral, D. Luís de Vasconcelos não chegou ao Brasil, pois sua esquadra</p><p>foi destroçada por corsários franceses. Também morreram nessa ocasião quarenta jesuítas que acompanhavam o</p><p>governador. Ficaram conhecidos na história como os Quarenta Mártires do Brasil.</p><p>Em 1573, o Brasil foi dividido em dois governos: o do norte, com capital em Salvador e governado por Luís</p><p>de Brito Almeida, e o do sul, com capital no Rio de Janeiro e governado por Antônio Salema.</p><p>Mais tarde, Luís de Brito Almeida ficou só no poder, mas logo foi substituído por Lourenço da Veiga. Gover-</p><p>nava Lourenço da Veiga quando, em 1580, Portugal e sua colônia passaram para o domínio espanhol, na chamada</p><p>Di</p><p>vu</p><p>lga</p><p>çã</p><p>o</p><p>Mapa francês da baía de Guanabara, 1555</p><p>136</p><p>União Ibérica. Entre os anos de 1621 e 1775 houve uma nova divisão: Estado do Brasil (capital Salvador até 1763</p><p>e depois Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão/Grão-Pará (capital São Luís até 1737 e depois Belém).</p><p>Repatirção</p><p>do Norte</p><p>Salvador</p><p>Rio de Janeiro</p><p>Repatirção</p><p>do Sul</p><p>Equador</p><p>OCEANO</p><p>ATLÂNTICO</p><p>ESTADO DO</p><p>GRÃO-PARÁ</p><p>Belém</p><p>São Luís</p><p>Porto Seguro</p><p>Vitória</p><p>Vila Real</p><p>(Cuiabá)</p><p>Vila Boa</p><p>Sabará</p><p>Vila Rica (Ouro Preto)</p><p>São Paulo</p><p>São VicenteCuritiba</p><p>Vila do Desterro2</p><p>3</p><p>45 Porto Alegre</p><p>Vila de São Pedro</p><p>Colônia do Sacramento</p><p>São João del Rei</p><p>São José do Rio Negro</p><p>(Manaus)</p><p>Salvador</p><p>(capital até 1763)</p><p>Rio de Janeiro</p><p>(capital a partir de 1763)</p><p>ESTADO DO</p><p>BRASIL</p><p>560 km</p><p>Tratado de Tordesilhas, 1494</p><p>Tratado de Utrecht, 1713-15</p><p>Tratado de Madri, 1750</p><p>Tratado de Santo Idelfonso, 1777</p><p>Área disputada por Portugal e Espanha</p><p>Áreas em litígio com os países</p><p>vizinhos no decorrer do séc. XIX</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>Tratado de Badajós, 18015</p><p>invasões francesas (séculos Xvi e Xvii)</p><p>A divisão do Novo Mundo entre Portugal e Espanha, a partir do Tratado de Tordesilhas, desagradou outras</p><p>nações, como França, Inglaterra e Países Baixos, que, por terem se atrasado no processo de expansão marítima,</p><p>foram marginalizadas na divisão das terras americanas.</p><p>Ainda no século XVI, corsários de origem francesa e inglesa atacavam constantemente a costa brasileira em</p><p>busca de pau-brasil e outras riquezas que viessem a ser encontradas nas novas terras recém-descobertas.</p><p>França Antártica (1555-1567)</p><p>A França tinha interesses nas Américas e não reconhecia a divi-</p><p>são entre Portugal e Espanha. Inicialmente, corsários franceses, com o</p><p>apoio do Estado, praticavam a pirataria na costa brasileira, praticando</p><p>escambo com os índios e explorando o pau-brasil, papagaios e algodão</p><p>nativo.</p><p>Ainda no século XVI, os franceses decidiram fundar uma colô-</p><p>nia na América, motivada por dois fatores fundamentais: o desejo de</p><p>ter uma colônia na América; e também em virtude dos conflitos po-</p><p>lítico-religiosos entre católicos e huguenotes (calvinistas franceses),</p><p>resultantes do processo da Reforma Protestante. Para os calvinistas,</p><p>essa colônia seria uma área onde poderiam viver livres das persegui-</p><p>ções movidas pelo Estado, podendo praticar seu culto com segurança</p><p>e estabilidade.</p><p>O comando da esquadra foi entregue a Nicolas Durand de Villegaignon, que a liderou pessoalmente na</p><p>ocupação da baía de Guanabara, em 1555. Dali tomaram outras ilhas, recebendo reforços da França e também dos</p><p>índios tamoios, com os quais se aliaram.</p><p>Di</p><p>vu</p><p>lga</p><p>çã</p><p>o</p><p>Nicolas Durand de Villegagnon</p><p>137</p><p>A luta pela expulsão dos franceses da baía de Guanabara foi conduzida por Mem de Sá, o terceiro Gover-</p><p>nador-Geral do Brasil, e por seu sobrinho, Estácio de Sá. Este fundou o Forte de São Sebastião do Rio de Janeiro</p><p>(1565), que viria a ser o núcleo inicial da cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de servir de base na luta contra</p><p>os invasores.</p><p>Estácio de Sá contou com a ajuda de habitantes da vila de São Vicente e dos índios termininós (tupis) do</p><p>Espírito Santo, chefiados pelo cacique Arariboia. Além disso, após meses de negociação, os padres Manuel da Nó-</p><p>brega e José de Anchieta conseguiram convencer os índios tamoios a retirar seu apoio aos franceses. Dessa forma,</p><p>os franceses foram expulsos da baía de Guanabara em 1567.</p><p>França Equinocial (1612-1615)</p><p>Expulsos do Rio de Janeiro, os franceses buscaram outra área para ocupar na América do Sul. A região es-</p><p>colhida foi o território do atual Estado do Maranhão.</p><p>Daniel de La Touche invadiu a região, fundando o Forte de São Luís, em homenagem a Luís IX, patrono</p><p>da França, e ao rei francês à época, Luís XIII.</p><p>A luta contra os franceses no Maranhão foi liderada por Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos, que</p><p>partiram de Pernambuco.</p><p>Sem condição de resistir na região, os franceses foram expulsos definitivamente em 1615. O Forte de São Luís</p><p>foi tomado pelos luso-espanhóis e dali se originou, mais tarde, a cidade de São Luís, capital do Maranhão.</p><p>Derrotados em 1615, os invasores se retiraram para a França, onde seu rei Luís XIII acabara de se casar</p><p>com a filha de Felipe III da Espanha, o que selava a paz entre as duas nações e encerrava a luta pela instauração</p><p>da França Equinocial.</p><p>conselho ultramarino</p><p>Após a restauração do trono português, em 1640, quando D. João IV se tornou rei, pondo fim a União Ibéri-</p><p>ca, foi criado o Conselho Ultramarino, regulamentado em 1642. O novo órgão nasceu subordinado à Secretaria de</p><p>Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos e estava encarregado exclusivamente da administração</p><p>colonial, sendo um passo decisivo para a centralização administrativa colonial, concluindo o processo iniciado em</p><p>1548 com a instalação do Governo-Geral.</p><p>Com o Conselho Ultramarino,</p><p>os poderes dos donatários, que já ha-</p><p>viam sido limitados com a criação do</p><p>Governo-Geral, diminuíram sensivel-</p><p>mente, ficando praticamente limitados</p><p>aos direitos tributários que estabele-</p><p>ciam os forais. Significativamente, os</p><p>Governadores-Gerais começaram a</p><p>ser chamados de vice-reis, embora tal</p><p>denominação só se oficializasse poste-</p><p>riormente no Brasil.</p><p>Rei</p><p>Co</p><p>lô</p><p>ni</p><p>a</p><p>Governador-geral</p><p>Donatário</p><p>Câmara Municipal</p><p>Estado Metropolitano</p><p>Poder Central</p><p>Poder Regional</p><p>Poder Local</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Vídeo</p><p>Vídeo</p><p>Colonizado</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Descobrimento</p><p>Fonte: Youtube</p><p>138</p><p>ASSISTIR</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Desmundo.</p><p>Uma órfã enfrenta inúmeras dificuldades, após</p><p>assassinou Osíris (o sol poente, o Nilo, deus das sementes) e lançou o corpo ao rio. Ísis</p><p>(deusa da vegetação) conseguiu encontrar o corpo, mas Set voltou a atacar Osíris e dividiu-lhe o corpo em 14 pe-</p><p>daços, que espalhou pelo Egito. Ísis, pronunciando palavras mágicas, uniu os pedaços com a ajuda de Hórus (deus</p><p>do céu, o sol levante).</p><p>Para os egípcios, a morte apenas separava o cor-</p><p>po da alma. A vida poderia durar eternamente, desde</p><p>que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a</p><p>servir-lhe de moradia. Por isso, era preciso conservar o</p><p>corpo. Com esta finalidade, os egípcios desenvolveram</p><p>técnicas de mumificação.</p><p>Eles extraíam as vísceras e imergiam o corpo numa</p><p>mistura de água e carbonato de sódio. Dentro do corpo,</p><p>punham substâncias aromáticas que evitavam a deterio-</p><p>ração, como mirra e canela. Envolviam o corpo em faixas</p><p>de pano sobre as quais passavam uma cola especial para</p><p>impedir o contato com o ar, e o colocavam num sarcófa-</p><p>go, para levá-lo a um túmulo. Os faraós tinham lugares</p><p>reservados numa câmara secreta dentro das pirâmides.</p><p>Artes e ciência</p><p>No campo das ciências, eles se destacaram na</p><p>Matemática, Astronomia e Medicina.</p><p>As grandes manifestações da arquitetura egípcia</p><p>foram os templos, as pirâmides, as mastabas e os hipo-</p><p>geus, túmulos subterrâneos cavados nas barrancas do</p><p>Nilo, como no Vale dos Reis.</p><p>A escultura também era predominantemente re-</p><p>ligiosa, e atingiu o auge com os sarcófagos, de pedra</p><p>ou madeira.</p><p>Os estudos de Matemática e Geometria tinham</p><p>finalidade prática: a construção civil. Os egípcios conhe-</p><p>ciam a raiz quadrada e as frações e chegaram a calcular</p><p>a área do círculo e a do trapézio.</p><p>A preocupação com as cheias e vazantes do Nilo</p><p>e com a natureza estimulou-os a estudar Astronomia.</p><p>Localizaram alguns planetas e constelações. Construí-</p><p>ram um relógio de água e organizaram um calendário</p><p>solar. Dividiram o dia em 24 horas e a hora em minutos,</p><p>segundos e terços de segundos. Tinham semana de dez</p><p>dias e mês de três semanas. O ano de 365 dias dividiu-</p><p>-se em estações agrárias: cheia, inverno e verão.</p><p>13</p><p>Pirâmides de Quéops, Quefren e Miquerinos</p><p>Em geral, os escritores se inspiravam em temas</p><p>morais, poéticos ou religiosos, como o Texto das Pirâmi-</p><p>des e o Livro dos Mortos.</p><p>O Egito desenvolveu três tipos de escrita. Uma</p><p>sagrada, encontrada nos túmulos e templos, a hieroglí-</p><p>fica; uma versão simplificada da primeira, a hierática,</p><p>utilizada em documentos administrativos; e a demóti-</p><p>ca, de caráter mais popular e simplificado. A decifração</p><p>da escrita egípcia foi obra de Champollion, orientalista</p><p>francês que foi o primeiro a decifrar os hieróglifos egíp-</p><p>cios, a partir de uma lápide encontrada por um soldado</p><p>de Napoleão Bonaparte na região de Rosetta (no delta),</p><p>em 1799. Na lápide, conhecida como Pedra da Roseta,</p><p>estava gravado o mesmo texto em três idiomas: grego,</p><p>hieroglífico e demócrito.</p><p>Pedra de Roseta, British Museum</p><p>MEsopotâMia</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>Crescente fértil e Mesopotâmia</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Crescente_F%C3%A9rtil>.</p><p>Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>Mesopotâmia é uma palavra de origem grega</p><p>que significa “terra entre rios”. Essa região (atual Ira-</p><p>que), onde viveram sumérios, acádios e assírios, ficava</p><p>entre os rios Tigre e Eufrates, que nasciam nas mon-</p><p>tanhas da Armênia e desaguavam no golfo Pérsico. A</p><p>neve dos montes da Armênia, quando derretia, provo-</p><p>cava na Mesopotâmia inundações anuais semelhantes</p><p>às que ocorriam no Egito, e o húmus depositado no</p><p>solo dava à terra grande fertilidade. Essa área fazia</p><p>parte de uma extensa faixa de terra conhecida como</p><p>Crescente Fértil.</p><p>A intensa fertilidade da região em meio a deser-</p><p>tos e a uma natureza essencialmente inóspita atraiu e</p><p>fixou comunidades humanas desde muito cedo. Estima-</p><p>-se que a sedentarização das primeiras comunidades</p><p>humanas na Mesopotâmia tenha ocorrido por volta de</p><p>10 000 a.C.; sendo que vários historiadores e arqueólo-</p><p>gos acreditam terem sido essas as primeiras formas de</p><p>civilização humana existentes.</p><p>14</p><p>Evolução política</p><p>Segundo a tradição suméria, Quish foi a primeira</p><p>cidade da primeira civilização mesopotâmica. Depois, sur-</p><p>giram Ur, Uruk, Lagash, Eridu e Nipur. Eram cidades-Estado,</p><p>com autonomia religiosa, política e econômica. Cada cida-</p><p>de era governada por um sacerdote, ajudado por um con-</p><p>selho de anciãos, estrutura que evoluiu para uma espécie</p><p>de autocracia, isto é, um governo pessoal, despótico.</p><p>Enquanto Lagash e Ur combatiam, os semitas</p><p>instalavam-se na Mesopotâmia. Sua cidade mais famosa</p><p>foi Acad, que deu origem ao termo acádios. O rei semita</p><p>Sargão unificou as cidades sumérias por volta de 2330</p><p>a.C., criando o Primeiro Império Mesopotâmico. Os acá-</p><p>dios estabeleceram uma organização centralizada em seu</p><p>Império, afastando a influência dos sacerdotes.</p><p>Economia e sociedade</p><p>As várias civilizações mesopotâmicas inseriram-</p><p>-se no chamado modo de produção asiático, marcado</p><p>pela agricultura de regadio e pela servidão coletiva. Da</p><p>mesma forma, terras e meios de produção, bem como</p><p>as grandes obras hidráulicas, eram diretamente con-</p><p>trolados pelo Estado, seja em um plano mais local, na</p><p>cidade-Estado, seja no nível dos grandes impérios.</p><p>A estrutura social mesopotâmica assemelhava-se</p><p>à egípcia, tendo no topo uma elite composta por reis, no-</p><p>bres e sacerdotes e, em ordem decrescente, militares e al-</p><p>tos funcionários; comerciantes e artesãos; camponeses e,</p><p>finalmente, escravos, via de regra prisioneiros de guerra.</p><p>Primeiro Império Babilônico (1800-1600 a.C.)</p><p>O enfraquecimento sumério criou condições</p><p>para a ascensão dos semitas, concentrados em torno</p><p>da Babilônia. Um dos primeiros reis babilônicos foi</p><p>Hamurábi (1728-1686 a.C.). Ele ampliou o Império,</p><p>mas foi sobretudo um legislador, responsável pelo</p><p>primeiro código de leis que se conhece: o Código de</p><p>Hamurábi. Transformou a língua acádia em língua</p><p>oficial e Marduck, deus babilônico, em primeiro deus</p><p>supremo da Mesopotâmia. O reino foi arruinado pro-</p><p>vavelmente no século XVI a.C., com as invasões de</p><p>hititas e cassitas.</p><p>O império Babilônico</p><p>100 2000</p><p>Mari</p><p>Echnuna</p><p>Lagash</p><p>Assur</p><p>Nínive</p><p>Ur</p><p>Eridu</p><p>Larsa</p><p>Nipur</p><p>Isin</p><p>Kish</p><p>Sipar</p><p>Babilônia</p><p>S</p><p>usa</p><p>E u f r a t e s</p><p>T i g r e</p><p>Malgium?</p><p>s</p><p>)</p><p>)</p><p>r</p><p>Domínio da Mesopotâmia pelos sumério</p><p>e acádios (3500 - 2000 a.C.</p><p>Primeiro Império Babilônico em sua maio</p><p>extensão no tempo de Hamurábi</p><p>(1792 - 1750 a.C.</p><p>Adaptado de: <https://pt.wikipedia.org/wiki/>. Acesso em: 25 dez. 2015.</p><p>O império Assírio</p><p>Mar Cáspio</p><p>Golfo</p><p>Pérsico</p><p>Salamis</p><p>Pafos</p><p>Chipre</p><p>Mar</p><p>Vermelho</p><p>Mar Negro</p><p>Mar</p><p>Egeu</p><p>Mar Mediterrâneo</p><p>Rodes</p><p>Creta</p><p>Esparta</p><p>Corinto Atenas</p><p>Tasos Bizâncio</p><p>Astaco</p><p>Calcedônia</p><p>Cízico</p><p>Abidos</p><p>Mileto</p><p>Trácios</p><p>Macedônia</p><p>Épiro</p><p>Ilírios Peônios</p><p>Celenas</p><p>Faselis</p><p>Biblos</p><p>Sídon</p><p>Tiro</p><p>Damasco</p><p>Jerusalém</p><p>Sela</p><p>Pelúsio</p><p>Bubástis</p><p>TânisSaís</p><p>On</p><p>Mênfis</p><p>Heracleópolis</p><p>Aquetaton</p><p>Siut</p><p>Abidos Tebas</p><p>Ráfia</p><p>Samaria</p><p>Asquelom</p><p>Amônio</p><p>Cirene</p><p>Arados</p><p>Elteque</p><p>Qarqar</p><p>Tarso</p><p>Tieu</p><p>Sinope</p><p>Trapezo</p><p>Ancira</p><p>Górdio</p><p>Sardis</p><p>Reino</p><p>Lídio</p><p>C i m é r i o sReino</p><p>Frígio</p><p>Judá</p><p>C í t a sCólquida</p><p>Hamate</p><p>Tadmor</p><p>Arpade</p><p>Carquemis</p><p>Samal</p><p>Marqash</p><p>Karum</p><p>Til Barsip</p><p>Guzana</p><p>Harrã Nísibis</p><p>Assur</p><p>Nínive Arbela</p><p>Calach</p><p>Dur Charrukin</p><p>Arrapaca</p><p>Ecbátana</p><p>Musasir</p><p>Susa</p><p>Ur</p><p>Babilônia</p><p>Sipar</p><p>NipurBorsipa</p><p>Erech</p><p>Cuta</p><p>Kish</p><p>Anato</p><p>Ópis</p><p>Líbios</p><p>Adumatu</p><p>Reino de Urartu</p><p>(antes de 712 .a.C.)</p><p>Península</p><p>do SinaiEgito</p><p>(antes de 671 a.C.)</p><p>Império Assírio - 824 a.C.</p><p>Império Assírio - 671 a.C.</p><p>Disponível em: <https: https://pt.wikipedia.org/wiki/Assíria> Acesso em: 25 Dez. 2015.</p><p>15</p><p>Império Assírio (1875-612 a.C.)</p><p>Originado por volta de 1800 a.C., o Império Assírio</p><p>encontrou seu período de maior expansão entre 883 e 612</p><p>a.C., quando conquistou a Síria e o Egito.</p><p>Dispondo de carros de combate e catapultas, o</p><p>exército assírio impunha sua dominação pelo terror, saque-</p><p>ando os territórios conquistados e massacrando as popu-</p><p>lações vencidas.</p><p>O apogeu dessa civilização</p><p>ser enviada ao Novo</p><p>Mundo pela rainha de Portugal com o propósito de se casar com um</p><p>colono.</p><p>Vermelho Brasil</p><p>Em meados de 1550, o francês Nicolas Durand de Villegaignon lidera</p><p>uma expedição ao sul. Chega ao Brasil determinado a exterminar os</p><p>índios, expulsar os portugueses e transformar a colônia em França</p><p>Antártica.</p><p>Como era gostoso o meu francês</p><p>No Brasil de 1594, um aventureiro francês fica prisioneiro dos</p><p>tupinambás. Enquanto aguarda para ser executado, o estrangeiro</p><p>aprende os hábitos dos índios e se une a uma selvagem, que tenta</p><p>ajudá-lo a fugir.</p><p>Hans Staden</p><p>Hans Staden é um imigrante alemão que naufragou no litoral de</p><p>Santa Catarina. Dois anos depois, chegou a São Vicente, concentração</p><p>da colônia portuguesa, onde trabalhou, visando juntar dinheiro para</p><p>retornar à Europa.</p><p>139</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>Vídeo</p><p>Caramuru – A invenção Do Brasil</p><p>Árvore típica do País, o pau-brasil é vital na fabricação de instrumentos</p><p>musicais de qualidade diferenciada. Não fosse sua madeira, Mozart</p><p>talvez não tivesse sido o prodígio que foi.</p><p>O jovem português Diogo Álvares é salvo de um naufrágio pelo</p><p>cacique Itaparica. Em terras brasileiras, ele passa a ser chamado de</p><p>Caramuru e vive um harmônico triângulo amoroso com as duas filhas</p><p>do cacique.</p><p>O padre José de Anchieta (Ney Latorraca) chega ao Brasil em</p><p>1553 e logo aprende a língua dos índios tupis. Ele elabora</p><p>uma gramática, observa os costumes e classifica a flora local,</p><p>evitando atritos com os colonos.</p><p>A trama acontece por volta de 1600 e explora a saga dos</p><p>bandeirantes rumo ao interior do território brasileiro. As disputas</p><p>por novas terras e riquezas eram inevitáveis. A luta dos jesuítas,</p><p>que protegiam os índios da escravidão, também.</p><p>A árvore da música</p><p>A Muralha</p><p>Anchieta, José do Brasil</p><p>140</p><p>Sites</p><p>ACESSAR</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Brasil colonial</p><p>www.estadao.com.br/noticias/geral,pau-brasil-sem-essa-madeira-nao-se-faz-boa-</p><p>musica,455603</p><p>brasilescola.uol.com.br/historiab/invasoes-francesas-no-brasil-colonial.htm</p><p>Naúfragos, traficantes e degredados – Eduardo Bueno</p><p>Eduardo Bueno fez uma pesquisa minuciosa em documentos de</p><p>época, como os diários de bordo, relatos de viagem e fragmentos</p><p>de cartas, para reconstituir com precisão e vivacidade a incrível saga</p><p>enfrentada pelos primeiros homens brancos que viveram no País.</p><p>Capitães do Brasil – Eduardo Bueno</p><p>Este livro narra a surpreendente saga dos capitães do Brasil no</p><p>período de 1530 a 1550, revelando os jogos de poder, a ambição</p><p>e o projeto da Coroa portuguesa para a colônia do outro lado do</p><p>Atlântico, virtualmente abandonada desde a expedição de Cabral.</p><p>A coroa, a cruz e a espada – Eduardo Bueno</p><p>A cidade – erguida em regime de empreitada, com licitações fraudadas</p><p>e obras superfaturadas – de fato foi construída. Mas a lei e a ordem</p><p>não fixaram residência ali. Pelo contrário: a desordem e a ilegalidade se</p><p>tornaram a regra, não a exceção. Com a substituição do rígido Tomé de</p><p>Sousa pelo corrupto Duarte da Costa, o que já estava ruim ficou pior.</p><p>141</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Músicas</p><p>OUVIR</p><p>Hans Staden</p><p>Novais intitulado ‘O Brasil de Hans Staden’. Este texto proporciona</p><p>uma preciosa contribuição ao conhecimento e aos olhares sobre</p><p>o primeiro século do país, enriquecendo a leitura de Staden com</p><p>importantes informações e reflexões.</p><p>A História do Brasil Em 50 Frases - Jaime Klintowitz</p><p>Quais os rostos, nomes, inspirações e histórias da nossa história? Um</p><p>ângulo surpreendente para observar o nosso país. Um passeio pela</p><p>ironia da linguagem, pela diversidade política e pelas descobertas de</p><p>nossa literatura.</p><p>– Índios – Legião Urbana</p><p>– Cara de Índio – Djavan</p><p>– Todo dia era dia de Índio – Baby do Brasil</p><p>– Brasil 1500 – Manduka</p><p>– Eu sou Índio, eu Também sou Imortal –</p><p>Vila Isabel (samba-enredo 2000)</p><p>142</p><p>143</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>O extrativismo vegetal e os seus efeitos nocivos ao habitat nativo do Brasil, com a exploração de toneladas</p><p>de madeira (principalmente o pau-brasil), sem nenhum cuidado referente a sua preservação, levou a uma grande</p><p>diminuição da mata nativa da costa brasileira (Mata Atlântica), além da extinção de inúmeras espécies vegetais e</p><p>animais.</p><p>144</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 4 - Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado</p><p>aspecto da cultura.</p><p>Cada vez mais o Enem lança mão de questões com fragmentos de textos acadêmicos ou</p><p>de relatos históricos. A Habilidade 4 se insere nessa perspectiva, exigindo a comparação</p><p>entre os textos fornecidos. O candidato deverá se preocupar em aguçar sua capacidade</p><p>de leitura e compreensão, pois, na maioria dos casos, a resposta do exercício está contida</p><p>explícita ou implicitamente nos textos fornecidos.</p><p>Para os estudantes de ciências humanas, conseguir relacionar pontos de vista, premissas</p><p>ideológicas e registros documentais criticamente é uma tarefa indispensável, exigida a</p><p>todos os candidatos no Enem.</p><p>modelo</p><p>(Enem)</p><p>Texto I</p><p>Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”,</p><p>ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas</p><p>as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos</p><p>“negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.</p><p>SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C.</p><p>G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).</p><p>Texto II</p><p>Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteres-</p><p>sados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de</p><p>outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da</p><p>mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.</p><p>SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.</p><p>Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o pe-</p><p>ríodo analisado, são reveladoras da</p><p>a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.</p><p>b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.</p><p>c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.</p><p>d) transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval.</p><p>e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.</p><p>145</p><p>análise eXpositiva</p><p>Habilidade 4</p><p>Ao desprezarem a diversidade cultural indígena, os europeus que chegaram ao continente</p><p>americano demonstram seu etnocentrismo, que se manifesta tanto na linguagem que utili-</p><p>zam, quanto nas atitudes que tomam nesses novos territórios.</p><p>Alternativa C</p><p>estrutura conceitual</p><p>1 Período Pré-Colonial (1500-1530)</p><p>2 Brasil no início da colonização (1530-1580)</p><p>Expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza</p><p>São Vicente (1532)</p><p>Administração Colonial</p><p>Governador Geral (1548)</p><p>Capitanias Hereditárias</p><p>representantes do rei</p><p>centralizar a administração colonial</p><p>Apenas duas</p><p>obtiveram sucesso:</p><p>São Vicente e Pernambuco</p><p>Donatários</p><p>(distribuição pelos colonos,</p><p>nomeação de autoridades, etc.)</p><p>Falta de recursos</p><p>Dificuldade de comunicação</p><p>Ataques</p><p>Descentralização política e administrativa</p><p>Carta de Doação e Foral</p><p>Fracasso</p><p>Exploração do Pau-brasil exploração predatória</p><p>mão de obra livre</p><p>escambo</p><p>feitorias</p><p>coroa fica com 1/5 do lucro (quinto)</p><p>146</p><p>Câmaras Municipais</p><p>Ataques constantes à costa brasileira</p><p>em busca de pau-brasil</p><p>“homens bons” (elite)</p><p>ocupantes da câmara</p><p>Rio de Janeiro e arredores Maranhão</p><p>órgãos de poder local</p><p>fixar valor de moedas</p><p>criar leis municipais</p><p>França Antártica</p><p>(1555 - 1567)</p><p>França Equinocial</p><p>(1612 - 1615)</p><p>estabelecer impostos</p><p>aprovar criação de povoados</p><p>decidir sobre determinações reais</p><p>3</p><p>4</p><p>Invasões Francesas (séc. XVI e XVII)</p><p>Conselho Ultramarino (1642)</p><p>Características</p><p>e Funções Centralização da</p><p>Administração Colonial</p><p>Subjugado à Secretaria de Estado</p><p>dos Negócios da Marinha e Domínios</p><p>Ultramarinos</p><p>Limita o poder dos donatários</p><p>Di</p><p>sp</p><p>on</p><p>íve</p><p>l e</p><p>m:</p><p><h</p><p>ttp</p><p>://</p><p>ww</p><p>w.</p><p>es</p><p>tu</p><p>do</p><p>kid</p><p>s.c</p><p>om</p><p>.br</p><p>></p><p>07 08</p><p>C H</p><p>Economia colonial,</p><p>sociedade e invasões</p><p>holandesas</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4 e 5</p><p>Habilidades</p><p>3, 5, 7, 8, 9, 13,</p><p>15, 18 e 23</p><p>HISTÓRIA</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>149</p><p>MercantilisMo e econoMia colonial</p><p>Quando Portugal se decidiu pela colonização do Brasil, não enfrentava uma situação econômica favorável</p><p>em virtude, principalmente, da crise do comércio com o Oriente. O Brasil seria, portanto, uma alternativa de acú-</p><p>mulo de capitais para o Estado lusitano no contexto da política Mercantilista. Dessa forma, foi implantada uma</p><p>colonização de exploração, através da qual as colônias serviriam para o sustento da economia metropolitana, ser-</p><p>vindo como áreas produtoras de gêneros tropicais, fornecedoras de metais preciosos e consumidoras de produtos</p><p>manufaturados e escravos. A colonização do Brasil deveria garantir o sustento econômico de Portugal, gerando</p><p>riquezas e permitindo a ocupação e a defesa da terra, sem gastos para a Metrópole.</p><p>Povoamento ou exploração? Eis a questão:</p><p>Colônia de povoamento Colônia de exploração</p><p>Pequena propriedade familiar Latifúndio</p><p>Policultura, artesanato e manufatura Monocultura</p><p>Possibilidade ao trabalho livre Predomínio do trabalho escravo</p><p>Mercado Interno Exportação</p><p>Relativa autonomia econômica e administrativa Submissão ao pacto colonial</p><p>A economia colonial agrícola baseada na monocultura, no latifúndio e na escravidão tinha seu funcio-</p><p>namento voltado para o mercado externo, transferindo capital da Colônia para a Metrópole, que controlava a</p><p>circulação mercantil. A natureza da produção colonial ajustava-se às necessidades do mercado europeu. Assim, a</p><p>Colônia era um instrumento de acumulação de capital para os centros dinâmicos da Europa. O eixo central desse</p><p>mecanismo era o regime do monopólio colonial. Conhecido como Pacto Colonial ou exclusivo colonial, esse</p><p>regime estabelecia a exclusividade do comércio externo da Colônia em favor da Metrópole. Procurava-se sempre,</p><p>até onde fosse possível, pagar os menores preços pelos produtos da Colônia, para vendê-los com maior lucro na</p><p>Metrópole ou revendê-los para o mercado europeu. Além disso, buscava-se conseguir maiores lucros da venda de</p><p>produtos oriundos da Metrópole, sem concorrência na Colônia. Para evitar a concorrência com a Metrópole, foi</p><p>vetada a instalação de manufaturas na Colônia. A economia colonial era, portanto, complementar em relação à</p><p>economia metropolitana.</p><p>lavoura de cana-de-açúcar (séculos Xvi e Xvii)</p><p>O produto escolhido para dar início à ocupação econômica do Brasil foi a cana-de-açúcar. Essa escolha</p><p>não foi por acaso, sendo respaldada por uma série de razões:</p><p>§ O açúcar era um produto altamente lucrativo.</p><p>§ A aceitação do produto no mercado europeu.</p><p>§ A experiência portuguesa na produção de cana na costa africana (Cabo Verde, Madeira, São Tomé).</p><p>§ Solo e clima favoráveis, especialmente o solo de massapé e o clima quente e úmido do Nordeste.</p><p>§ A possibilidade de atrair investimentos externos.</p><p>A experiência de Portugal como produtor de açúcar em suas ilhas do Atlântico (Madeira e Cabo Verde) con-</p><p>tribuiu para a escolha do produto e a forma de produção: eram semelhantes as condições ecológicas do Brasil e das</p><p>ilhas, o açúcar era das especiarias mais bem pagas e apreciadas no mercado europeu. Por seu valor, o açúcar po-</p><p>deria atrair investimentos, navios holandeses poderiam colaborar no transporte, os índios poderiam ser obrigados</p><p>a trabalhar na lavoura e, se não se adaptassem, havia os africanos, muitos deles já</p><p>escravizados pelos portugueses.</p><p>150</p><p>M</p><p>er</p><p>id</p><p>ia</p><p>no</p><p>d</p><p>e</p><p>To</p><p>rd</p><p>es</p><p>ilh</p><p>as</p><p>Vitória</p><p>Campo dos Goitacás</p><p>Rio de JaneiroSão Paulo</p><p>São Vicente Santos</p><p>Porto Seguro</p><p>Ilhéus</p><p>Salvador</p><p>Cachoeira</p><p>Penedo</p><p>Porto Calvo</p><p>Recife</p><p>Olinda</p><p>Paraíba</p><p>Natal</p><p>Ri</p><p>o</p><p>Sã</p><p>o</p><p>Francisc</p><p>o</p><p>66</p><p>engenhos</p><p>36</p><p>engenhos</p><p>4</p><p>engenhos</p><p>6</p><p>engenhos</p><p>4</p><p>engenhos</p><p>3</p><p>engenhos</p><p>Os engenhos de açúcar no Brasil</p><p>A lavoura açucareira requeria vultosos investi-</p><p>mentos iniciais, especialmente para a compra e mon-</p><p>tagem dos equipamentos dos engenhos, para o trans-</p><p>porte de mudas para o Brasil e a obtenção de mão de</p><p>obra escrava. Como já foi dito anteriormente, Portugal</p><p>enfrentava dificuldades econômicas, e por isso se asso-</p><p>ciou, em especial, ao capital holandês na montagem</p><p>da agromanufatura açucareira.</p><p>A atividade açucareira no Brasil funcionava da</p><p>seguinte maneira: os portugueses ficavam responsáveis</p><p>pela produção e os holandeses financiavam a monta-</p><p>gem dos engenhos, bem como controlavam o transpor-</p><p>te, o refino e a comercialização do açúcar, obtendo a</p><p>maior porcentagem de lucros.</p><p>A primeira grande disponibilidade de terras foi fun-</p><p>damental para determinar o modelo de colonização. Esse</p><p>modelo ficou conhecido como plantation e baseava-se</p><p>em três elementos: grande propriedade (latifúndio),</p><p>monocultura e trabalho escravo (escravismo).</p><p>O estabelecimento da agricultura no Brasil,</p><p>como em outras áreas tropicais, teve como principal</p><p>objetivo cultivar um produto de grande valor comercial</p><p>e altamente lucrativo. Era uma decorrência natural do</p><p>chamado Pacto Colonial, segundo o qual as colônias</p><p>só poderiam comerciar com suas metrópoles. Por isso,</p><p>todos os esforços deviam concentrar-se na cultura de</p><p>um só produto, isto é, na monocultura, sendo esta vol-</p><p>tada para exportação. Grandes extensões de terra eram</p><p>utilizadas para o plantio da cana e reduzidos espaços</p><p>eram destinados a uma agricultura de subsistência.</p><p>Em 1570, uma Carta Régia autorizava a escraviza-</p><p>ção de índios presos em “guerra justa”, isto é, iniciada</p><p>pelos índios ou promovida contra tribos que se negassem</p><p>a se submeter aos colonos, ou que recusassem a cateque-</p><p>se. O rei simplesmente legalizava a escravidão do índio</p><p>sob pretexto de defendê-lo. Daí por diante, para aprisio-</p><p>nar índios foram organizados as chamadas bandeiras,</p><p>expedições que se tornaram um dos principais fatores da</p><p>atual extensão do território brasileiro, principalmente na</p><p>região mais ao sul do Brasil Colônia (atual Sudeste).</p><p>Engenho e organização da produção</p><p>Os registros da alfândega de Lisboa de 1526</p><p>já acusam a entrada de açúcar vindo de Itamaracá,</p><p>em Pernambuco. Mas a grande produção só começa</p><p>oficialmente com Martim Afonso de Souza, em 1533,</p><p>em São Vicente.</p><p>As principais instalações do engenho são: moen-</p><p>da, caldeira e casa de purgar. As construções principais</p><p>são a casa-grande, a senzala, as estrebarias e as oficinas.</p><p>Havia dois tipos de engenho: o real, movido por</p><p>roda-d’água, e o trapiche, movido por tração animal. A</p><p>unidade produtora da agromanufatura açucareira era o</p><p>engenho, que se constituía basicamente de:</p><p>§ casa-grande: residência, geralmente assobra-</p><p>dada, onde viviam o senhor e sua família. Nela</p><p>também moravam os empregados de confiança</p><p>(capatazes) que cuidavam de sua segurança. Era</p><p>a central administrativa das atividades econômi-</p><p>cas do engenho;</p><p>§ senzala: habitação de um único compartimen-</p><p>to, rústica e pobre, onde viviam os escravos;</p><p>§ capela: local das cerimônias religiosas;</p><p>§ casa do engenho: formada pelas instalações</p><p>destinadas à produção de açúcar, como a mo-</p><p>enda (onde se mói a cana para extrair o caldo),</p><p>a fornalha (onde se purifica o caldo), a casa de</p><p>purgar (onde se acaba de purificar o caldo) e os</p><p>galpões (onde o açúcar era armazenado).</p><p>©</p><p>He</p><p>nry</p><p>Ko</p><p>ste</p><p>r/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>Co</p><p>mm</p><p>on</p><p>s</p><p>Engenho de açúcar movido a água</p><p>151</p><p>A escravidão negra</p><p>Na lógica mercantilista, o Pacto Colonial</p><p>obrigava a colônia a fornecer e consumir metais</p><p>preciosos e gêneros tropicais baratos para a metró-</p><p>pole, além de, manufaturas e escravos. Portanto, en-</p><p>quanto a escravidão indígena gerava um comércio</p><p>local, a escravidão negra permitia a obtenção de</p><p>grandes lucros por parte dos traficantes portugue-</p><p>ses, que dominavam áreas fornecedoras de escravos</p><p>na África, como Angola, Goa, São Tomé e, posterior-</p><p>mente, Moçambique.</p><p>Além disso, o papado reconheceu o monopó-</p><p>lio português no tráfico negreiro, determinando que</p><p>os negros escravizados fossem batizados e, através do</p><p>trabalho, pudessem salvar suas almas. Muitos clérigos</p><p>acreditavam que os negros eram descendentes de</p><p>Cam, filho de Nóe, condenado à danação eterna por</p><p>desrespeitar o pai. Muitos membros da Igreja Católi-</p><p>ca na Europa defendiam que a raça negra deveria ser</p><p>escravizada e trabalhar para, assim, tentar redimir sua</p><p>“alma amaldiçoada”.</p><p>Principais rotas do tráfico</p><p>Em 1570, o rei português D. Sebastião proibiu a</p><p>escravidão indígena, sendo a mesma permitida somente</p><p>no caso de os índios capturados em combate contra os</p><p>portugueses nas chamadas “guerras justas”.</p><p>Outro motivo que favoreceu a substituição da es-</p><p>cravidão negra pela indígena foi a questão da obtenção</p><p>de peças (escravos). Os índios brasileiros eram nômades</p><p>e seminômades e, portanto, migravam constantemente.</p><p>Além disso, a extensão do território era outro fator que</p><p>dificultava a captura de índios. Já os negros eram obti-</p><p>dos na África por meio de escambos entre os traficantes</p><p>e os próprios africanos, que capturavam negros de tri-</p><p>bos rivais e trocavam-nos por aguardente, rapadura e</p><p>fumo trazido do Brasil. Ou seja, a escravidão negra era</p><p>menos trabalhosa na aquisição do escravo e muito mais</p><p>lucrativa para a Coroa.</p><p>Durante algum tempo, sustentou-se a ideia da</p><p>substituição da escravidão indígena pela negra em vir-</p><p>tude da inabilidade do índio para a grande lavoura ou</p><p>por sua incompatibilidade com a escravidão, de acordo</p><p>com o mito da “indolência inata do indígena”. Essa</p><p>justificativa é incorreta, pois tanto o indígena como qual-</p><p>quer outro ser humano é inapto à escravidão, inclusive os</p><p>negros, que resistiram de várias formas, sempre lutando</p><p>contra seus opressores.</p><p>Ne</p><p>gr</p><p>os</p><p>n</p><p>o</p><p>fu</p><p>nd</p><p>o</p><p>do</p><p>p</p><p>or</p><p>ão</p><p>d</p><p>e</p><p>na</p><p>vio</p><p>. D</p><p>es</p><p>en</p><p>ho</p><p>: J</p><p>oh</p><p>an</p><p>n</p><p>M</p><p>or</p><p>itz</p><p>R</p><p>ug</p><p>en</p><p>da</p><p>s,</p><p>18</p><p>35</p><p>.</p><p>Negros no porão de um navio negreiro, Rugendas, 1835.</p><p>A resistência negra podia se dar por meio de fu-</p><p>gas indivíduais, fugas coletivas e a formação de quilom-</p><p>bos. Ainda havia a prática de aborto, infanticídio, suicí-</p><p>dio e o “banzo” (caracterizando por greve de fome e</p><p>depressão por conta da privação da liberdade). Menos</p><p>comum, mas ocorrente, era o ataque à casa do senhor</p><p>e a sua família.</p><p>“O tráfico negreiro provocou um dos maiores</p><p>deslocamentos populacionais da história da humanida-</p><p>de. O banco de dados coordenado pelo professor David</p><p>Eltis, da Universidade de Emory, nos Estados Unidos,</p><p>mostra que, entre os séculos XVI e XIX, mais de 12,5</p><p>milhões de africanos foram escravizados e exportados</p><p>para a América, Europa e algumas ilhas do Oceano</p><p>Atlântico. Desses, cerca de 10,7 milhões chegaram vivos</p><p>ao fim da travessia.“</p><p>A Diáspora Negra. Revista História Viva, ano VI, n. 66.</p><p>152</p><p>A sociedade dos engenhos</p><p>A sociedade colonial foi essencialmente:</p><p>§ rural – porque a vida econômica baseava-se na</p><p>agricultura. A vida urbana ainda era muito inci-</p><p>piente, com a quase totalidade da população ha-</p><p>bitando o campo. As vilas e cidades eram pouco</p><p>habitadas e eram em sua maioria litorâneas;</p><p>§ aristocrática – porque dominada pelos ricos</p><p>proprietários de terras e de escravos. Os senhores</p><p>de engenho formavam uma aristocracia de ri-</p><p>queza e poder, mas não uma nobreza hereditária</p><p>como a que existia na Europa;</p><p>§ patriarcal – porque o proprietário rural e pai de</p><p>família, ao considerar-se responsável pelo provi-</p><p>mento material do lar, impôs a obrigação de ser</p><p>respeitado e obedecido no âmbito familiar. Esse</p><p>poder sobre a família era estendido à sociedade,</p><p>já que, como dono das riquezas materiais (terra,</p><p>lavoura, gado, escravos, engenho etc.), o senhor</p><p>considerava toda a população não proprietária</p><p>dependente dele;</p><p>§ escravista – porque a força de trabalho basea-</p><p>va-se na escravidão do índio ou do negro. As re-</p><p>lações escravistas não se resumiam a um vínculo</p><p>direto entre senhor e escravo. Existiam escravos</p><p>alugados para a prestação de serviços a tercei-</p><p>ros (“escravos de ganho”). Quanto aos escra-</p><p>vos domésticos, tinham grande participação na</p><p>vida social da Colônia, pois seu contato com os</p><p>brancos da casa grande era mais intenso. Via de</p><p>regra, eram criados de quarto, amas, mucamas,</p><p>cozinheiras e costureiras;</p><p>§ sem mobilidade social – porque não havia</p><p>oportunidade para trabalhadores e escravos sa-</p><p>írem dessa condição e ascenderem socialmente;</p><p>§ inculta – pois mesmo os membros da elite só</p><p>recebiam o ensino das “letras básicas”, nor-</p><p>malmente adquiridos pelos ensinamentos dos</p><p>jesuítas e que não passavam do aprender a ler,</p><p>escrever e contar de modo primário.</p><p>outras atividades econôMicas</p><p>O principal produto produzido no território bra-</p><p>sileiro e destaque na economia colonial nos séculos XVI</p><p>e XVII foi a de cana-de-açúcar. Todavia, essa não seria</p><p>suficiente para garantir a colonização e ocupação de</p><p>todo o território; assim, outras atividades econômicas</p><p>surgiram e desenvolveram-se ao longo dos séculos de</p><p>colonização brasileira, sendo responsáveis principais</p><p>pela ocupação e expansão de nosso território.</p><p>Pecuária no Nordeste</p><p>O gado bovino não era nativo do Brasil, tendo sido</p><p>introduzidas as primeiras cabeças pelo governador Tomé</p><p>de Souza, sendo esse gado originário, principalmente, de</p><p>Cabo Verde. Inicialmente, a criação de gado serviu de ati-</p><p>vidade complementar ou acessória à lavoura de cana-de-</p><p>-açúcar como fonte de alimento, tração para os engenhos</p><p>de trapiche, meio de transporte e fornecedor do couro</p><p>utilizado na fabricação de calçados, cintos, celas, chicotes,</p><p>utensílios domésticos e também para exportação.</p><p>Muito adaptada à realidade climática e pedoló-</p><p>gica do Nordeste, a atividade criatória se desenvolveu e</p><p>cresceu, passando a ocupar um espaço economicamen-</p><p>te mais viável do que o ocupado com a lavoura de cana.</p><p>Em virtude disso, a pecuária começou a ser “empurra-</p><p>da” na direção do interior da região Nordeste.</p><p>Principal responsável pela ocupação econômica</p><p>do interior nordestino, já a partir do século XVI, a pecu-</p><p>ária se desenvolveu acompanhando o leito de grandes</p><p>rios, caminhos naturais de penetração, especialmente o</p><p>rio São Francisco, conhecido como “rio dos currais”.</p><p>A pecuária nordestina era predominantemente</p><p>extensiva, sendo o gado criado solto, alimentando-se</p><p>de pastagem natural. Como o gado vivia solto, não fazia</p><p>sentido a utilização de mão de obra escrava, pois esta</p><p>era muito cara para a realidade da pecuária.</p><p>Essa atividade utilizava mão de obra predomi-</p><p>nantemente livre, sendo os vaqueiros, em geral, mesti-</p><p>ços e brancos pobres que normalmente não recebiam</p><p>salários, e sim um rendimento relacionado à reprodução</p><p>dos animais, através do sistema de “quartiado”, ou seja,</p><p>a cada quatro reses que nasciam, uma era do vaqueiro.</p><p>153</p><p>No século XVIII, com o desenvolvimento da região Sudeste em virtude da mineração, o Nordeste passou a</p><p>fornecer gado para a região. Inicialmente, o gado se autotransportava, o que fazia com que as reses emagrecessem</p><p>e até morressem durante a viagem. Para evitar prejuízos, os nordestinos passaram a utilizar uma técnica aprendida</p><p>com os índios, que consistia em salgar a carne e colocá-la para secar ao sol, processo conhecido como charquea-</p><p>da. A partir daí, as fazendas mais próximas do litoral passaram a se destacar em virtude da maior facilidade para</p><p>obtenção de sal e da proximidade com os portos que escoariam a produção.</p><p>Ainda no século XVIII, a técnica do charque foi levada para a região Sul, que oferecia melhores condições para</p><p>a criação de gado, e tornou-se uma grande concorrente para o charque nordestino, contribuindo para sua decadência.</p><p>Mapa econômico do Brasil (século XVIII)</p><p>Disponível em: <http://cafehistoria.ning.com/photo/mapa-historico-brasil-7?context=latest>. Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>Pecuária na região Sul</p><p>A ocupação da região Sul teve início com a fundação das Missões Jesuíticas de Itatim e Guairá, nas quais</p><p>índios aldeados criavam gado bovino e plantavam erva-mate.</p><p>Durante a União Ibérica (1580-1640), os holandeses ocuparam as capitais produtoras de cana no Nordeste,</p><p>com destaque para Pernambuco (1630-1654), e também áreas fornecedoras de escravos na costa africana. O re-</p><p>sultado foi a queda no tráfico negreiro para as outras regiões do Brasil, o que favoreceu a atuação de bandeirantes</p><p>que capturavam índios para vender como escravos. Os bandeirantes passaram a atacar e destruir as missões da</p><p>região Sul, o que levou o gado a ficar solto, vagando e reproduzindo-se na região.</p><p>Interessado no comércio com a região da Bacia Platina, Portugal fundou, em 1680, a Colônia do Sacramen-</p><p>to, próxima a Buenos Aires, região que, segundo o Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha. Em 1682, jesuítas</p><p>espanhóis fundaram os Sete Povos das Missões, no atual Rio Grande do Sul, onde passaram a criar o gado captu-</p><p>rado pelos índios.</p><p>154</p><p>No final do século XVII, a cana-de-açúcar entrou em declínio e, no início do século XVIII, foram descobertas</p><p>as primeiras jazidas te minério na região de Minas Gerais. O aumento populacional e o desenvolvimento econômico</p><p>na região permitiram a formação de um grade mercado consumidor para o gado, que fornecia carne, leite e couro.</p><p>O clima e a vegetação favoreciam a atividade criatória e o desenvolvimento de grandes fazendas conhecidas como</p><p>estâncias, principais fornecedoras de charque para a região das minas.</p><p>Tabaco</p><p>A principal área produtora de tabaco no período colonial foi a região do Recôncavo Baiano. O fumo era</p><p>largamente consumido na Europa, e também era utilizado, juntamente com a aguardente e a rapadura, no escam-</p><p>bo com aldeias africanas, que os trocavam por escravos. O período de maior crescimento do comércio do tabaco é</p><p>o século XVII, que se apresenta como a fase de maior intensidade do tráfico negreiro em todo o período colonial.</p><p>A produção de tabaco só entrou em declínio na segunda metade do século XIX, já no Segundo Reinado</p><p>(1840-1889), em virtude da lei Eusébio de Queiros, de 1850, que proibia o tráfico internacional de escravos afri-</p><p>canos para o Brasil.</p><p>Drogas do sertão</p><p>Os vários produtos encontrados e coletados no interior, destacadamente na foz do rio Amazonas, eram co-</p><p>nhecidos como drogas do sertão. Dentre essas, podemos destacar as ervas aromáticas, e as plantas medicinais,</p><p>como boldo, cacau, canela, cravo, baunilha, castanha e guaraná, que tinham grande valor comercial na Europa, o</p><p>que provocava constantes incursões de piratas ingleses, franceses e holandeses na região.</p><p>Tais produtos só não representaram maior impacto na economia colonial devido à distância do litoral, já</p><p>que seriam comercializados com o mercado europeu, e aos embates com nativos não amistosos, que viviam na</p><p>região amazônica.</p><p>Algodão</p><p>O algodão servia como matéria-prima para a indústria têxtil inglesa, que era a maior consumidora do</p><p>produto. A principal área produtora de algodão do mundo era a região Sul das Treze Colônias inglesas na América</p><p>do Norte. Em virtude da crise da cotonicultura norte-americana, provocada pela Guerra de Independência dos EUA,</p><p>entre 1776 e 1783, a Inglaterra veio a consumir o algodão produzido no Brasil.</p><p>No século XVIII, a principal área de produção de algodão no Brasil Colonial e que teve um grande cresci-</p><p>mento na produção era a região do Maranhão. Ali se desenvolveu uma grande lavoura monocultora e escravista,</p><p>o que atraiu grande quantidade de negros para a região, motivo pelo qual se afirma que o algodão enegreceu o</p><p>Maranhão.</p><p>O algodão maranhense voltaria a ser muito importante para a Inglaterra no século</p><p>XIX devido à Guerra de</p><p>Secessão (1861-1865), pois o Sul dos EUA ficara destruído, arrasando a cotonicultura local.</p><p>invasões holandesas (século Xvii)</p><p>União Ibérica (1580-1640)</p><p>Antes de estudar as invasões holandesas – as mais importantes pelo tempo de permanência em nosso terri-</p><p>tório e pela área abrangida –, é necessário examinar a União Ibérica, unificação de Portugal e Espanha no período</p><p>de 1580 a 1640. Essa unificação está intimamente ligada à vinda dos holandeses para o Brasil. Em 1578, ocupa-</p><p>155</p><p>va o trono português D. Sebastião, que viria a ser o</p><p>último monarca da Dinastia de Avis. As dificuldades</p><p>socioeconômicas e o espírito cruzadista levaram-no a</p><p>lutar contra os mouros no norte da África.</p><p>©</p><p>Cr</p><p>ist</p><p>óv</p><p>ão</p><p>de</p><p>M</p><p>or</p><p>ais</p><p>/W</p><p>iki</p><p>m</p><p>ed</p><p>ia</p><p>Co</p><p>m</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>D. Sebastião, “o Desejado”</p><p>Durante a batalha de Alcácer-Quibir D. Se-</p><p>bastião desaparece, não deixando herdeiros. O velho</p><p>cardeal D. Henrique, único sobrevivente masculino da</p><p>linhagem de Avis, assumiu a regência enquanto não</p><p>se solucionava o problema da sucessão. Em 1580, o</p><p>cardeal-regente morreu. Felipe II, rei da Espanha, neto</p><p>de D. Manuel, o Venturoso (o mesmo que organizara a</p><p>esquadra de Pedro Álvares Cabral), achou-se no direito</p><p>de ocupar o trono português.</p><p>Reuniu suas tropas e invadiu Portugal, sendo</p><p>apoiado inclusive por uma parcela da classe dominante</p><p>portuguesa, que via na união a possibilidade de esten-</p><p>der o tráfico de escravos para a América espanhola.</p><p>Portugal ficou submetido à Espanha durante 60</p><p>anos. Consequentemente, nesse período o Brasil tam-</p><p>bém passou para o domínio espanhol, sofrendo altera-</p><p>ções na sua estrutura interna e no seu relacionamento</p><p>internacional.</p><p>Quando da união das Coroas Ibéricas, em 1580,</p><p>Portugal viu-se envolvido pelas rivalidades espanholas,</p><p>sobretudo com relação à Holanda. Em 1581, a Holanda</p><p>proclamava sua independência do Império Espanhol.</p><p>Rebelados desde 1567 contra os altos impostos e a</p><p>repressão religiosa do católico Felipe II contra o calvi-</p><p>nismo, os holandeses tiveram de sustentar longos anos</p><p>de lutas para preservar sua liberdade diante do pode-</p><p>rio espanhol. Visando prejudicá-los, Felipe II decretou</p><p>o fechamento dos portos do Brasil, de Portugal e de</p><p>qualquer domínio espanhol aos navios e comerciantes</p><p>flamengos. Os prejuízos dos holandeses foram muito</p><p>grandes, uma vez que haviam financiado a produção</p><p>do açúcar brasileiro, esperando distribuí-lo na Europa.</p><p>190</p><p>©</p><p>Al</p><p>on</p><p>so</p><p>S</p><p>án</p><p>ch</p><p>ez</p><p>C</p><p>oe</p><p>llo</p><p>/W</p><p>ik</p><p>im</p><p>ed</p><p>ia</p><p>Co</p><p>m</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>Felipe II</p><p>Sendo a detentora da redistribuição desses pro-</p><p>dutos para o norte da Europa e Mediterrâneo, a Holan-</p><p>da não teve outra alternativa senão lançar-se em busca</p><p>daquelas mercadorias nas áreas produtoras. Assim, já</p><p>nos últimos anos do século XVI, os holandeses tinham</p><p>atingindo o Oriente pela rota do Cabo, e, em 1602, fun-</p><p>daram a Companhia das Índias Orientais, que rece-</p><p>beu o monopólio do comércio oriental, compreendido</p><p>entre o Cabo da Boa Esperança e o Estreito de Maga-</p><p>lhães por todo o Índico e o Pacífico. Paulatinamente, a</p><p>partir desse instante, a hegemonia holandesa se firmou</p><p>no Oriente, à custa do recuo dos portugueses que, sem</p><p>autonomia, dependiam de ações espanholas na região.</p><p>A luta entre Espanha e Holanda impediu, tam-</p><p>bém, que essa última se abastecesse de produtos ame-</p><p>ricanos como o açúcar e o tabaco. Os holandeses fun-</p><p>daram, então, a Companhia das Índias Ocidentais,</p><p>também conhecida pela sigla em inglês WIC (West In-</p><p>dian Company), monopolizando comércio no Atlântico.</p><p>156</p><p>Invasão holandesa na Bahia (1624-1625)</p><p>Para os holandeses, conquistar o Nordeste brasileiro significava assegurar o controle da produção açucarei-</p><p>ra, manter o funcionamento da economia metropolitana e opor-se com eficácia ao embargo espanhol.</p><p>A Companhia das Índias Ocidentais planejou a conquista da Bahia. Atacadas de surpresa, as forças luso-</p><p>-brasileiras, comandadas pelo bispo D. Marcos Teixeira e pelo governador Mendonça Furtado, foram forçadas a</p><p>uma rápida rendição, em maio de 1624. O bispo escapou e refugiou-se no Arraial do Espírito Santo, nos arredores</p><p>de Salvador, de onde iniciou a resistência, apoiado pelo governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque.</p><p>Segunda invasão holandesa (1630-1654)</p><p>Fortaleza</p><p>BAHIA</p><p>SERGIPE</p><p>ALAGOAS</p><p>RIO GRANDE</p><p>DO NORTE</p><p>PERNAMBUCO</p><p>PARAÍBA</p><p>CEARÁ</p><p>PIAUÍ</p><p>MARANHÃO</p><p>PA</p><p>TO</p><p>GO</p><p>São Luís</p><p>Natal</p><p>João Pessoa</p><p>(Filipéia)</p><p>Igaraçu</p><p>Olinda</p><p>Recife</p><p>Porto Calvo</p><p>Maceió (Alagoas)</p><p>Penedo</p><p>São Cristóvão</p><p>Territórios ocupados pelos holandeses</p><p>Oceano</p><p>Atlântico</p><p>0 155 310 km</p><p>Oceano</p><p>Atlântico</p><p>Disponível em: <http://www.wikiwand.com/es/Felipe_II_de_Espa%C3%B1a>. Acesso em: 23 dez. 2015.</p><p>Embora tivessem obtido com certa facilidade a rendição luso-brasileira, Jacob Willekens e Johan van Dorth, os</p><p>comandantes das forças holandesas, não conseguiram consolidar a conquista. Faltou-lhes maior apoio da Holanda</p><p>que, envolvida na Guerra dos Trinta Anos, contra a Espanha, não enviou reforços, suprimentos, armas e munições.</p><p>A ocupação holandesa ficou ameaçada e não resistiu aos frequentes ataques de grupos de guerrilheiros</p><p>sediados no Arraial do Espírito Santo. Cercados por terra pela guerrilha e atacados por mar pela esquadra luso-</p><p>-espanhola, a Jornada dos Vassalos, comandada por Fradique de Toledo Osório, fez os holandeses capitularem,</p><p>em maio de 1625, sendo expulsos da Bahia.</p><p>Invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654)</p><p>Após o fracasso da invasão a Salvador, os holandeses atacaram novamente o território brasileiro. Dessa vez</p><p>o alvo foi a Capitania de Pernambuco, a maior produtora de cana-de-açúcar, que, além de mais próxima da Europa,</p><p>tinha uma defesa menos eficiente que a da Bahia.</p><p>Os flamengos não encontraram dificuldade para ocupar Olinda. A resistência foi organizada pelo Gover-</p><p>nador-Geral Matias de Albuquerque e, por meio de guerrilhas, dificultava a conquista definitiva da região pelos</p><p>flamengos.</p><p>157</p><p>O conflito era prejudicial para holandeses e co-</p><p>lonos. Os primeiros gastavam grande quantidade de</p><p>recursos no conflito, bem como acumulavam sérios</p><p>prejuízos com a crise da lavoura açucareira, pois não</p><p>podiam comercializar açúcar. Já os colonos se encon-</p><p>travam em dificuldade por não poderem comercializar</p><p>sua produção.</p><p>Os invasores contaram, ainda, com o apoio de</p><p>Domingos Fernandes Calabar, profundo conhecedor da</p><p>região e que os auxiliou em várias batalhas, inclusive</p><p>na conquista do Arraial do Bom Jesus, que consolidou a</p><p>conquista holandesa na região.</p><p>Vale lembrar que a invasão batava no Brasil foi</p><p>realizada por uma companhia privada (uma empresa), e</p><p>apesar de atuar de acordo com os interesses do gover-</p><p>no holandês, foi um raro caso de ataque a um Estado</p><p>por uma companha privada.</p><p>A resistência luso-brasileira foi liquidada e a</p><p>Companhia das Índias Ocidentais passou a organizar</p><p>a administração da região conquistada. Apesar da re-</p><p>sistência, os holandeses conquistaram novas posições,</p><p>consolidando sua ocupação de uma área que ia do Rio</p><p>Grande do Norte ao Sergipe.</p><p>Os anos de lutas tinham causado grande desor-</p><p>dem econômica. Tanto os senhores de engenho como</p><p>os holandeses queriam um ambiente de ordem e paz</p><p>para que pudessem obter lucros com a atividade açu-</p><p>careira. Para cuidar dessa tarefa, a Companhia enviou</p><p>ao Brasil o conde João Maurício de Nassau Sie-</p><p>gen, nomeado Governador-Geral do Brasil holan-</p><p>dês (Nova Holanda).</p><p>O habilidoso governo de Nassau</p><p>(1637-1644)</p><p>Maurício de Nassau chegou ao Brasil em 1637 e</p><p>aqui desenvolveu uma habilidosa política administrativa</p><p>destinada a pacificar a região e diminuir a revolta dos</p><p>luso-brasileiros contra a ocupação holandesa. Dentre</p><p>as principais medidas adotadas em seu governo, des-</p><p>tacam-se:</p><p>§ Concessão de crédito – a Companhia conce-</p><p>deu créditos aos senhores de engenho, destina-</p><p>dos ao reaparelhamento dos engenhos, à recu-</p><p>peração dos canaviais e à compra de escravos.</p><p>§ Tolerância religiosa – as diversas religiões</p><p>da população (catolicismo, protestantismo,</p><p>judaísmo etc.) foram toleradas pelo governo</p><p>de</p><p>Nassau. Deve-se notar, entretanto, que a religião</p><p>oficial era o protestantismo calvinista, sendo, por</p><p>isso, a mais defendida e difundida.</p><p>§ Obras urbanas – remodelação da cidade do</p><p>Recife, onde se construíram pontes e obras sani-</p><p>tárias e criou-se a cidade de Maurícia, hoje bair-</p><p>ro da capital pernambucana.</p><p>§ Vida cultural – o governo de Nassau promo-</p><p>veu a vinda para o Brasil de artistas, médicos,</p><p>astrônomos, naturalistas. Entre os pintores, esta-</p><p>va Franz Post, famoso autor de diversos quadros</p><p>inspirados nas paisagens brasileiras. No setor</p><p>científico, destaca-se Jorge Marcgrave, um dos</p><p>primeiros a estudar nossa natureza, e Willen</p><p>Piso, médico que pesquisou a cura das doenças</p><p>mais comuns da região.</p><p>Fr</p><p>an</p><p>s</p><p>Po</p><p>st</p><p>. D</p><p>et</p><p>al</p><p>h</p><p>e</p><p>d</p><p>e</p><p>“</p><p>En</p><p>g</p><p>en</p><p>h</p><p>o</p><p>”</p><p>, s</p><p>éc</p><p>u</p><p>lo</p><p>X</p><p>V</p><p>II.</p><p>Ó</p><p>le</p><p>o</p><p>s</p><p>o</p><p>b</p><p>re</p><p>t</p><p>el</p><p>a,</p><p>7</p><p>1</p><p>,5</p><p>x</p><p>9</p><p>1</p><p>,5</p><p>c</p><p>m</p><p>.</p><p>Franz Post. Detalhe de Engenho, século XVII.</p><p>Óleo sobre tela, 71,5 × 91,5 cm</p><p>Insurreição Pernambucana</p><p>(1645-1654)</p><p>Em 1640, Portugal se libertou do domínio espa-</p><p>nhol e o trono português foi restaurado com a ascensão</p><p>de D. João IV, dando início à Dinastia de Bragança.</p><p>Lutando contra a Espanha por sua independên-</p><p>cia, Portugal assinou, em 1641, uma trégua de dez anos</p><p>com a Holanda, segundo a qual nenhum dos dois países</p><p>atacaria o outro ao longo desse período.</p><p>A Holanda se beneficiaria com essa trégua por</p><p>estar envolvida na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)</p><p>contra a Espanha, enfrentando dificuldades econômi-</p><p>cas. Essas dificuldades provocaram mudanças na atitu-</p><p>de da Companhia das Índias Ocidentais em relação ao</p><p>158</p><p>Brasil, elevando impostos e cobrando dívidas dos senhores de engenho, incluindo aí o confisco de bens, como</p><p>terras e escravos, dos não pagadores. Essa mudança de atitude levou ao desentendimento de Nassau com a</p><p>Companhia, levando à demissão deste, e os colonos passaram a lutar pela expulsão dos holandeses, movimento</p><p>iniciado em 1645 e conhecido como Insurreição Pernambucana.</p><p>A Insurreição foi liderada pelos senhores de engenho, os quais não haviam apoiado os holandeses na inva-</p><p>são e, por isso, não haviam recebido apoio financeiro batavo. Entre os líderes destacou-se André Vidal de Negreiros,</p><p>e contou com grande participação popular, com destaque para os negros, liderados por Henrique Dias, e os índios,</p><p>liderados por Filipe Camarão.</p><p>Portugal inicialmente deu um discreto apoio aos insurretos, passando a lutar abertamente a partir de 1651,</p><p>com o fim da trégua dos dez anos assinada em 1641. Após batalhas decisivas, como a do Monte das Tabocas</p><p>(1645) e as duas Batalhas de Guararapes (1648 e 1649), os holandeses passaram à defensiva, rendendo-se em</p><p>definitivo em 1654.</p><p>Consequências das invasões holandesas</p><p>Podemos apontar como principal consequência da expulsão dos holandeses do Brasil a decadência da la-</p><p>voura de cana-de-açúcar. Durante sua estada no Brasil, os flamengos puderam entrar em contato com a cultura</p><p>do açúcar, aprendendo e dominando as técnicas de produção de cana-de-açúcar (plantation), passando a utilizá-las</p><p>na região das Antilhas, onde se estabeleceram. Como já dominavam o refino, o transporte e a comercialização do</p><p>açúcar, puderam controlar todo o processo açucareiro, voltando a dominar completamente o mercado, mas sem</p><p>depender de Portugal e da produção brasileira, que não tinha como vencer a concorrência.</p><p>Diante da crise econômica provocada pela crise da lavoura açucareira e ameaçado externamente por Espa-</p><p>nha e Holanda, restou a Portugal se aproximar da Inglaterra, que viria a se aproveitar dessa situação para colocar</p><p>Portugal sob sua esfera de influência, gerando uma tutela econômica e política que penduraria por quase dois</p><p>séculos.</p><p>Ainda vale a ressalva de que, durante o domínio holandês no Nordeste brasileiro, o número de fugas de</p><p>escravos aumentou, devido à falta de controle dos seus senhores nesse momento conturbado. Com isso, ocorreu a</p><p>ampliação do número de quilombos e o aumento populacional dos já existentes, principalmente Palmares.</p><p>ASSISTIR</p><p>Vídeo</p><p>Vídeo</p><p>Filme</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Invasões holandesas 2</p><p>Invasões holandesas 3</p><p>Doce Brasil holandês</p><p>O filme “Doce Brasil Holandês”, de Monica Schmiedt, com</p><p>classificação 14 anos, é um documentário nacional que investiga</p><p>o legado e o contorno mitológico dos 24 anos de dominação</p><p>holandesa no Nordeste do Brasil, de 1630 a 1654.</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Fonte: Youtube</p><p>159</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>ASSISTIR</p><p>Vídeo</p><p>Vídeo</p><p>OUVIR</p><p>Músicas</p><p>Navio negreiro – Tráfico de africanos para as américas</p><p>Invasões holandesas 1</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Fonte: Youtube</p><p>– Cana-de-Açúcar, o Doce Sabor do Prazer –</p><p>Barroca Zona Sul (samba-enredo 2007)</p><p>– Brasil Holandês, Homenagem a Maurício de Nassau –</p><p>Império Serrano (samba-enredo 1959)</p><p>– Casa-Grande e Senzala – Mangueira (samba-enredo 1962)</p><p>– Chocolate – Tim Maia</p><p>– Algodão – Luiz Gonzaga</p><p>– Brasil e Holanda – Moacyr Luz</p><p>160</p><p>161</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Sites</p><p>ACESSAR</p><p>educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/invasao-holandesa-portugal-perde-</p><p>pernambuco-para-holanda.htm</p><p>www.historiadobrasil.net/brasil_colonial/engenho_colonial.htm</p><p>mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/atividades-complementares-economia-</p><p>colonial.htm</p><p>Invasão Holandesa e Economia Colonial</p><p>Evaldo Cabral de Mello – O Brasil holandês</p><p>A presença do conde Maurício de Nassau no Nordeste brasileiro, no</p><p>início do século XVII, transformou Recife na cidade mais desenvolvida</p><p>do Brasil. Em poucos anos, o que era um pequeno povoado de</p><p>pescadores virou um centro cosmopolita.</p><p>Evaldo Cabral de Mello – O bagaço da cana</p><p>Depois de O Brasil holandês, em que Evaldo Cabral de Mello contextualiza</p><p>trechos dos documentos mais importantes sobre a presença batava no</p><p>Nordeste, o autor publica obra sobre os engenhos de açúcar na região,</p><p>que complementa o livro anterior e constitui um instrumento valioso</p><p>para o estudo da história socioeconômica do período.</p><p>Gilberto Freyre – Casa Grande & Senzala</p><p>Abordagens inovadoras de vida familiar, dos costumes públicos e</p><p>privados, das mentalidades e das inter-relações étnicas revelam um</p><p>painel envolvente e deliciosamente instigante da formação brasileira</p><p>no período colonial</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>161</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil</p><p>Raízes do Brasil é uma das obras fundadoras do pensamento sobre</p><p>a sociedade brasileira. No método de análise e estilo da escrita, na</p><p>sensibilidade para a escolha dos temas e erudição exposta de forma</p><p>concisa, revela-se o historiador da cultura e ensaísta crítico com</p><p>talentos de grande escritor.</p><p>Alencastro, Luiz Felipe de – O Trato dos Viventes</p><p>Nossa história colonial não se confunde com a continuidade do nosso</p><p>território colonial. Sempre se pensou o Brasil fora do Brasil, mas de</p><p>maneira incompleta: o país aparece no prolongamento da Europa.</p><p>Ora, a ideia exposta neste livro é diferente e relativamente simples:</p><p>a colonização portuguesa, fundada no escravismo, deu lugar a um</p><p>espaço econômico e social bipolar, englobando uma zona de produção</p><p>escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução</p><p>de escravos centrada em Angola.</p><p>162</p><p>163</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>Uma prática realizada durante o período colonial brasileiro foi a plantation, o qual, principalmente durante</p><p>o ciclo canavieiro, impôs uma agricultura monocultora e geradora de ostensivo desgaste do solo, diminuindo a</p><p>fertilidade de algumas regiões e a transformação do meio ambiente original.</p><p>Também é importante lembrar a adoção da mão de obra escrava africana pelos portugueses, o que era</p><p>extremamente lucrativo para a Coroa, mas que transformava todo um continente em mero fornecedor de “peças”</p><p>de trabalho. Esse foi um dos maiores exemplos de desumanização que já ocorreram na História, perdurando até os</p><p>anos finais do século XIX.</p><p>J.Baptiste Debret, O jantar, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, 1834-1839</p><p>164</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 4 - Comparar pontos de vista expressos em diferentes</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>169</p><p>Bandeirismo e expansão territorial</p><p>Durante o primeiro século do domínio europeu, o mapa da colônia portuguesa manteve-se, em linhas gerais,</p><p>mais ou menos o mesmo. No entanto, ao longo do início do século XVII até meados do século XVIII, a expansão da</p><p>pecuária pelo sertão nordestino possibilitou o povoamento de terras até então desconhecidas.</p><p>Aos poucos, as fronteiras foram sendo ampliadas em direção ao interior, ultrapassando o Meridiano de Torde-</p><p>silhas. O bandeirismo completou esse processo, o qual resultou no espaço continental que caracteriza o Brasil de hoje.</p><p>Em 1532, com a chegada da expedição de Martim Afonso de Sousa, teve início a colonização de São Vicente.</p><p>Instalaram-se, então, alguns engenhos na região litorânea, mas a produção açucareira local não progrediu por dois mo-</p><p>tivos: a reduzida quantidade de terras para o plantio da cana e as enormes distâncias entre a capitania e os mercados</p><p>europeus. Logo, alguns dos primeiros colonizadores optaram por abandonar o clima quente e úmido da Baixada Santista</p><p>para fixarem residência no planalto de Piratininga, onde as condições climáticas eram mais favoráveis aos europeus.</p><p>Em janeiro de 1554, os jesuítas fundaram o colégio que deu origem à vila de São Paulo de Piratininga. Se, por</p><p>um lado, a localização geográfica de São Paulo dificultava o contato com a região litorânea, por outro facilitava o</p><p>acesso ao interior, denominado de sertão, por caminhos terrestres e pelos rios, sendo o Tietê o mais importante deles,</p><p>e o acesso ao rio Paraná, à bacia do Prata e à região de Mato Grosso.</p><p>A economia da vila baseava-se em algumas plantações, na criação de gado e na extração de um pouco de</p><p>ouro de lavagem na região de Paranaguá, todas atividades de pequenas proporções. A pobreza da vila de Piratininga</p><p>revelava-se nas habitações, quase sempre de taipa e algumas com tetos de palha. A alimentação baseava-se no milho,</p><p>na mandioca e no que a floresta oferecia: caça, peixe, raízes, mel-de-pau e frutas.</p><p>Os europeus que habitavam a região eram em pequeno número e, em geral, miscigenaram-se com a popula-</p><p>ção indígena, passando a contar com um grande número de mamelucos. A língua falada era principalmente o tupi-</p><p>-guarani, pois o português era pouco útil na região.</p><p>Na virada do século XX, o que era sugestão virou</p><p>política pública. A partir de 1903, o governo paulista</p><p>começou a destinar verba pública para obras de arte</p><p>que apoiassem a concepção mítica dos bandeirantes –</p><p>naquele ano surgiram quadros como o de Calixto, por</p><p>exemplo. Como boa parte dos historiadores “comprou”</p><p>essa visão engrandecedora dos desbravadores, foi as-</p><p>sim que eles figuraram nos livros por muito tempo.</p><p>Nas últimas duas décadas, a análise cuidadosa</p><p>dos registros de época ajudou a contar outra versão</p><p>dos fatos. Já há consenso entre os historiadores, por</p><p>exemplo, sobre os objetivos principais das bandeiras</p><p>dos séculos XVII e XVIII. Longe de buscar consciente-</p><p>mente a ampliação do território em nome de um su-</p><p>posto nacionalismo, o que os desbravadores tinham</p><p>como meta era buscar metais preciosos e aprisionar</p><p>índios. Depois de capturados, os nativos eram vendidos</p><p>para trabalhar nos canaviais do Nordeste ou usados</p><p>como mão de obra particular dos paulistas. No seu en-</p><p>calço, os sertanistas andavam enormes distâncias mata</p><p>adentro – Raposo Tavares, por exemplo, percorreu 12</p><p>mil quilômetros durante três anos.</p><p>Disponível em: <revistaescola.abril.com.br>.</p><p>Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>©</p><p>B</p><p>en</p><p>ed</p><p>ito</p><p>C</p><p>ali</p><p>xto</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Domingos “Jorge Velho” de Benedito Calixto</p><p>170</p><p>A capitania apresentava, assim, uma econo-</p><p>mia sem importância para os propósitos da coloni-</p><p>zação e das necessidades do capital comercial. A</p><p>pequena importância econômica somada ao isola-</p><p>mento geográfico resultou num reduzido controle</p><p>administrativo por parte do governo português, o</p><p>que levou os paulistas a assumirem um forte senso</p><p>de autonomia. Não à toa, o brasão da cidade de São</p><p>Paulo traz os dizeres latinos: “non ducor duco”, que</p><p>significa: “não sou conduzido, conduzo”.</p><p>Essa situação criava condições favoráveis para</p><p>que os indivíduos perseguidos pelas autoridades portu-</p><p>guesas buscassem refúgio em São Paulo.</p><p>No entanto, não é correta a crença do desprezo</p><p>de Portugal por essa região. Pelo contrário, desde cedo</p><p>a Coroa portuguesa esteve alerta para a região que</p><p>mais tarde se tornaria a capitania de São Paulo, pois</p><p>compreendiam que sua posição geográfica privilegiada</p><p>conferia-lhe o atributo de “boca do sertão”.</p><p>Desse modo, em vez de ver São Paulo à margem</p><p>do sistema colonial, hoje está claro para os estudiosos</p><p>sua participação e integração ao sistema colonial de ex-</p><p>ploração, em constante interação com outras regiões do</p><p>Brasil e com a Metrópole.</p><p>E foi em São Paulo onde, na maior parte dos ca-</p><p>sos, as bandeiras eram organizadas e partiam para o</p><p>interior. Essa prática comum na região acabou por dar a</p><p>São Paulo a alcunha futura de “terra dos bandeirantes”.</p><p>De acordo com seus objetivos, as bandeiras po-</p><p>deriam ser classificadas de três formas ou ciclos: ciclo</p><p>de caça ou ouro ou sertanismo de prospecção;</p><p>sertanismo de apresamento; sertanismo de con-</p><p>trato.</p><p>Diferenças entre</p><p>bandeiras e entradas</p><p>Muito embora os estudos mais recentes não es-</p><p>tabeleçam diferenças entre bandeiras e entradas serta-</p><p>nistas, nem entre bandeirantes e sertanistas, há distin-</p><p>ções entre ambas.</p><p>As bandeiras eram expedições particulares,</p><p>que podiam, eventualmente, receber financiamento das</p><p>autoridades; partiam, geralmente, de São Vicente ou</p><p>São Paulo em direção ao interior em busca de metais</p><p>preciosos, índios e quilombos, ultrapassando o Meridia-</p><p>no de Tordesilhas.</p><p>As entradas eram expedições organizadas</p><p>pelo governo, que penetravam o interior partindo</p><p>de vários pontos do território colonial, como Olinda ou</p><p>Salvador (geralmente do nordeste), em busca de metais</p><p>preciosos, sem ultrapassar a linha de Tordesilhas.</p><p>Na Colônia, as expedições que utilizavam as vias</p><p>fluviais foram chamadas de monções, por se submete-</p><p>rem ao regime dos rios, partindo sempre na época das</p><p>cheias (março e abril), quando os rios eram facilmente</p><p>navegáveis, tornando a viagem menos difícil e arriscada.</p><p>Entradas Bandeiras</p><p>Organizadas pelo governo.</p><p>Organizadas geralmente</p><p>por particulares.</p><p>Respeitavam o</p><p>Tratado de Tordesilhas.</p><p>Não respeitavam o Tratado</p><p>de Tordesilhas.</p><p>Partiam de vários</p><p>pontos do litoral.</p><p>Partiam geralmente de São</p><p>Vicente ou São Paulo.</p><p>©</p><p>Jo</p><p>sé</p><p>Fe</p><p>rra</p><p>z d</p><p>e A</p><p>lm</p><p>eid</p><p>a J</p><p>ún</p><p>ior</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Estudo da Partida da Monção. Pintura de Almeida Júnior (1897)</p><p>171</p><p>Os ciclos do bandeirismo</p><p>“Porto dos escravos” foi como São Vicente ficou</p><p>conhecida em virtude do grande aprisionamento e es-</p><p>cravização de índios pelos habitantes da região, que ti-</p><p>ravam proveito das animosidades entre os índios locais.</p><p>Dominavam-nos com mais facilidade e vendiam-nos</p><p>como escravos para o Nordeste. Esse comércio incenti-</p><p>vava os colonos a se embrenharam cada vez mais pelo</p><p>sertão em busca de mão de obra escrava. Duas grandes</p><p>tribos ofereceram bastante resistência à penetração do</p><p>homem branco: os Tamoios e os Carijós.</p><p>Os filmes americanos que tratam da conquista</p><p>do Oeste americano mostram, em geral, colonos bran-</p><p>cos enfrentando índios, como se eles fossem bandidos.</p><p>Da mesma forma, a historiografia oficial no Brasil</p><p>cons-</p><p>truiu a representação dos nossos índios como ferozes,</p><p>prontos para atacar o homem branco sem nenhum mo-</p><p>tivo, e a dos brancos como civilizados que só queriam</p><p>proteger os índios. Ora, sabe-se que foram os bandei-</p><p>rantes que atacaram os índios para lhes tomar as terras</p><p>e submetê-los ao regime de trabalho escravo, com toda</p><p>a violência que envolviam essas atitudes.</p><p>A iconografia busca representar um paulista “heroicizado”, bem</p><p>vestido, com botas de couro e munido de armas de fogo, muito</p><p>diferente do homem que habitava o planalto de Piratininga, afei-</p><p>to à influência indígena.</p><p>Disponível em: <multirio.rj.gov.br/historia>. Acesso em: 8</p><p>Mai. 2015</p><p>A iconografia busca representar um paulista “heroicizado”, bem vestido,</p><p>com botas de couro e munido de armas, muito diferente do homem que</p><p>habitava o planalto de Piratininga, afeito à influência indígena.</p><p>Disponível em: <multirio.rj.gov.br/historia>.</p><p>Acesso em: 8 maio 2015.</p><p>No século XVII, o movimento bandeirante ga-</p><p>nhou um novo impulso, revestindo-se de melhor organi-</p><p>zação e novas características.</p><p>Bandeirismo de apresamento</p><p>A atividade de apresamento do indígena, com o</p><p>objetivo de escravizá-lo, remonta ao início da coloniza-</p><p>ção, em meados do século XVI. Ela faz parte da lógica</p><p>de exploração colonial numa região sem condições eco-</p><p>nômicas de utilizar o escravo africano em virtude do seu</p><p>alto custo, ao mesmo tempo que era uma alternativa</p><p>econômica para o povoamento vicentino, dadas suas</p><p>dificuldades financeiras.</p><p>Essa empreitada de captura dos índios pode ser</p><p>dividida em duas fases. A primeira vai de meados do</p><p>século XVI ao início do século XVII. Nesse período, os</p><p>grupos de apresamento, os sertanistas, mal preparados</p><p>e inexperientes, saíam de São Vicente, alcançavam o po-</p><p>voado de São Paulo e, de lá, partiam para capturar os</p><p>índios no interior da mata inexplorada e desconhecida.</p><p>Di</p><p>sp</p><p>on</p><p>íve</p><p>l e</p><p>m:</p><p><h</p><p>ttp</p><p>://</p><p>ww</p><p>w.</p><p>re</p><p>vis</p><p>ta</p><p>de</p><p>his</p><p>to</p><p>ria</p><p>.co</p><p>m.</p><p>br</p><p>></p><p>Base para a formação da economia colonial, a captura e a escravização</p><p>indígena na litogravura de Jean-Baptiste Debret, do século XIX.</p><p>(Fundação Biblioteca Nacional)</p><p>No final do século XVII, essas expedições, de-</p><p>nominadas bandeiras, tornaram-se grandes negócios,</p><p>verdadeiras empresas que envolviam centenas de ho-</p><p>mens e muitos recursos. Dois fatores foram responsá-</p><p>veis por essa transformação.</p><p>O primeiro foi a organização das missões. Os</p><p>índios missionados encontravam-se aculturados e reu-</p><p>nidos em grande quantidade, o que facilitava muito o</p><p>trabalho das bandeiras, que não precisavam procurar</p><p>os índios espalhados pelo sertão nem ter o trabalho de</p><p>aculturá-los. Nas primeiras décadas do século XVII, vá-</p><p>rias expedições saíram de São Paulo em direção ao sul</p><p>do Mato Grosso (Itatim), Paraguai (Guairá) e Rio Grande</p><p>do Sul (Tape), visando atacar as missões.</p><p>O segundo fator foi o controle do tráfico negreiro</p><p>e dos centros de abastecimento de escravos, na África,</p><p>que passou para o domínio dos holandeses, após 1637,</p><p>172</p><p>quando o apresamento dos indígenas tornou-se muito cobiçado em razão dos grandes lucros que rendia. Por isso,</p><p>os índios brasileiros passaram a ser perseguidos de forma intensa.</p><p>Nesse período, os jesuítas de São Paulo tentaram impedir a saída das expedições, despertando uma reação</p><p>imediata dos colonos paulistas. Em 1641, tentaram expulsar os jesuítas de São Paulo, fato conhecido como a bo-</p><p>tada dos padres para fora.</p><p>Percorrendo extensas regiões à procura de índios para escravizar, os bandeirantes, simultaneamente, abri-</p><p>ram caminho para a integração e ocupação do interior.</p><p>A rivalidade entre jesuítas e bandeirantes se estendeu por entre os séculos XVII e XVIII, ficando muito</p><p>violenta por vezes, levando ambos os lados a recorrerem à Coroa. A contenda entre eles só foi resolvida durante</p><p>o governo do Marquês de Pombal, o qual, por não concordar com as práticas jesuítas, expulsou-os do Brasil, mas</p><p>acabou também proibindo a escravização de índios.</p><p>Esquema geral das expedições de apresamento (1550-1720)</p><p>Rio Amazonas</p><p>Belém</p><p>Rio Par</p><p>naíba</p><p>Ri</p><p>o</p><p>To</p><p>ca</p><p>nt</p><p>in</p><p>s</p><p>Ri</p><p>o</p><p>Ar</p><p>ag</p><p>ui</p><p>a</p><p>Ri</p><p>o</p><p>Xi</p><p>ng</p><p>u</p><p>Ri</p><p>o</p><p>ta</p><p>pa</p><p>jós</p><p>Rio</p><p>M</p><p>ad</p><p>eir</p><p>a</p><p>Sertão</p><p>do Mato Grosso</p><p>Sertão</p><p>do Paraupaba</p><p>Sertão</p><p>do Piauí</p><p>Ri</p><p>o S</p><p>ão</p><p>Fr</p><p>an</p><p>cis</p><p>co</p><p>Sertão</p><p>do Açu Natal</p><p>Recife</p><p>Salvador</p><p>Rio Paraguaçu</p><p>Sertão</p><p>dos Cataguases</p><p>Rio das Velhas</p><p>Rio Doce</p><p>Rio Paraíba</p><p>São Paulo Rio de Janeiro</p><p>Santos</p><p>Rio Tietê</p><p>Rio Grande</p><p>Rio Par</p><p>anaíba</p><p>Sertão</p><p>do Goiazes</p><p>Rio Taquari</p><p>Rio Pardo</p><p>Rio Paranapanema Missões</p><p>do Guaira</p><p>Missões</p><p>do Paraguai Rio Iguaçu</p><p>Sertões</p><p>dos Patos</p><p>LagunaRi</p><p>o U</p><p>ru</p><p>gu</p><p>ai</p><p>Rio Par</p><p>aná</p><p>Assunção</p><p>Ri</p><p>o</p><p>Pa</p><p>ra</p><p>gu</p><p>ai</p><p>Rio da Prata</p><p>Ri</p><p>o</p><p>Cu</p><p>ia</p><p>bá</p><p>Legenda</p><p>Expedições de resgate</p><p>e apresamento dos Guaranis,</p><p>1585-1641 (por terra)</p><p>Expedições de resgate</p><p>e apresamento dos Guaranis,</p><p>1550-1635 (por mar)</p><p>Expedições de apresamento</p><p>de outros grupos,</p><p>sobretudo pós-1640</p><p>Expedições de mercenários</p><p>paulistas nas Guerras do</p><p>Nordeste, 1658-1720</p><p>Rota aproximada da expedição</p><p>de Raposo Tavares, 1648-51</p><p>Rota da expedição</p><p>de Sebastião Pais de Barros,</p><p>1671-1674</p><p>Disponível em: <revista.vestibular.uerj.br>. Acesso em: 8 Mai. 2015.</p><p>N</p><p>S</p><p>Disponível em: <revista.vestibular.uerj.br>. Acesso em: 8 maio 2015.</p><p>173</p><p>Sertanismo de contrato</p><p>O bandeirismo, ou sertanismo de contrato, era</p><p>formado por expedições de caráter militar, contratadas</p><p>por governantes, donatários e proprietários rurais para</p><p>capturar escravos fugidos das lavouras, arrasar quilom-</p><p>bos e submeter populações indígenas hostis.</p><p>Desse bandeirismo resultaram o aniquilamento</p><p>de milhares de índios, que resistiam ao avanço da pecu-</p><p>ária no sertão nordestino – Ceará, Piauí e Maranhão –,</p><p>e a destruição dos negros aquilombados em Palmares.</p><p>O sertanismo de contrato assegurou aos grandes</p><p>proprietários de engenhos e plantações do litoral e aos</p><p>criadores de gado do sertão a posse de largas extensões</p><p>de terras, em detrimento dos despossuídos – índios ex-</p><p>pulsos de suas terras, negros e mestiços sobreviventes</p><p>do massacre.</p><p>Ataques contra Palmares</p><p>Os quilombos eram agrupamentos de escravos</p><p>fugidos que existiram em várias partes do sertão, desde</p><p>o século XVI, e uma das muitas formas de rebelião dos</p><p>cativos. Palmares foi um dos quilombos mais importan-</p><p>tes, situado ao sul de Pernambuco, no atual estado de</p><p>Alagoas, numa região caracterizada pela abundância de</p><p>palmeiras, relevo acidentado e mata tropical fechada.</p><p>Sua organização data aproximadamente de 1630, du-</p><p>rou 65 anos e, segundo algumas estimativas, chegou a</p><p>agrupar 30 mil fugitivos da escravidão.</p><p>Palmares atraiu também para os seus domínios</p><p>índios e brancos pobres. Os primeiros eram atraídos</p><p>pelo fato de não terem que aceitar a catequese; já os</p><p>segundos buscavam terras e melhores condições de</p><p>vida. Ainda vale ressalvar que Palmares se organizou</p><p>como um Estado, tendo como seu líder Zumbi, e repro-</p><p>duzindo a escravidão entre os próprios negros, prática</p><p>comum na África.</p><p>Para os brancos, a existência de um “Estado ne-</p><p>gro”, onde não havia escravidão, em meio ao sistema</p><p>colonial escravista, era um incentivo à rebelião e à fuga,</p><p>um exemplo de que era possível escapar da escravidão,</p><p>por isso a urgência de fazê-lo desaparecer. O quilombo</p><p>era uma ameaça real à escravidão, logo, ao sistema co-</p><p>lonial.</p><p>Os holandeses foram os primeiros a tentar des-</p><p>truir Palmares, atacando alguns mocambos nos anos de</p><p>1644 e 1645. Em face da força armada superior à dos</p><p>quilombolas, os negros limitaram-se a mudar suas al-</p><p>deias de lugar, embrenhando-se ainda mais pelo sertão.</p><p>Quando os brancos partiam, os mocambos – choças</p><p>que serviam de moradia para os escravos fugidos – vol-</p><p>tavam a aparecer nos lugares anteriores.</p><p>Após a expulsão dos holandeses, várias expedi-</p><p>ções foram organizadas pelos governantes portugueses</p><p>contra os quilombolas, sem sucesso. Um governador de</p><p>Pernambuco, desanimado com os fracassos, chegou a</p><p>propor paz aos negros, oferecendo-lhes em troca fa-</p><p>zendas e engenhos. Em Lisboa,</p><p>o Conselho Ultramari-</p><p>no não concordou com tal decisão, aconselhando que</p><p>fosse tentada mais uma vez a destruição dos rebeldes,</p><p>contratando, para isso, os bandeirantes paulistas, em</p><p>virtude da grande experiência adquirida nas andanças</p><p>pelos sertões e no apresamento dos índios.</p><p>©</p><p>/A</p><p>Br</p><p>A Coroa contratou, então, um grupo de sertanis-</p><p>tas já fixados em fazendas de gados no sertão da Bahia.</p><p>Formavam um bando de quase mil homens, mamelucos</p><p>e índios, liderados por Domingos Jorge Velho, cuja má</p><p>fama corria por todo o Nordeste. Eram famosos pela</p><p>violência e por roubos e crimes sem conta, mas serviram</p><p>para a luta dos senhores de terras e do governo contra</p><p>os palmarinos.</p><p>Os fazendeiros e o governo português firmaram</p><p>um acordo com Domingos Jorge Velho, pelo qual ele e</p><p>seus homens destruiriam o quilombo em troca de ar-</p><p>mas, munições, alimentos, escravos, terras em sesma-</p><p>rias, títulos de comendadores para os chefes, além do</p><p>perdão para todos os crimes cometidos até então.</p><p>174</p><p>Onde ficava o Quilombo dos Palmares</p><p>Após uma campanha contra os índios Janduís, rebelados no Rio Grande do Norte, em dezembro de 1692, os</p><p>sertanistas realizaram o primeiro ataque contra Palmares. Foram derrotados depois de surpreendidos por uma cerca</p><p>tríplice de 5500 metros, feita com um trançado de vegetação repleto de armadilhas com estrepes e paus afiados.</p><p>Os sertanistas organizaram nova expedição com a ajuda governamental, contando com três mil homens e artilha-</p><p>ria, e um novo ataque iniciou-se em janeiro de 1694.</p><p>Comandados por Zumbi e entricheirados na serra da Barriga, os palmarinos resistiram até a morte. Zumbi</p><p>e alguns companheiros ainda conseguiram romper o cerco e fugir, mas foram capturados e mortos algum tempo</p><p>depois. O grande chefe negro foi decapitado e sua cabeça exposta na praça principal de Recife para servir de exem-</p><p>plo. O dia 20 de novembro – data em que se comemora o Dia da Consciência Negra – relembra a morte de Zumbi</p><p>dos Palmares, que aconteceu em 1695.</p><p>Bandeirismo de caça ao ouro ou</p><p>sertanismo de prospecção</p><p>A expulsão dos holandeses do Nordeste abalou</p><p>profundamente a economia agrícola colonial. A partir</p><p>do que haviam aprendido em Pernambuco, os holan-</p><p>deses implantaram a plantation produtora de açúcar e</p><p>de tabaco nas Antilhas, criando empreendimentos colo-</p><p>niais de tão competitivos que Portugal não podia acom-</p><p>panhar seus preços no mercado externo. A concorrência</p><p>antilhana e a baixa competitividade dos produtores</p><p>coloniais portugueses levaram a economia nordestina</p><p>à estagnação. Enquanto esperavam uma eventual revi-</p><p>talização, os engenhos nordestinos sobreviviam contan-</p><p>do apenas com a mão de obra escrava remanescente,</p><p>obrigados a se privarem da aquisição de novos escravos,</p><p>fossem eles africanos ou indígenas.</p><p>A perda do grande mercado comprador de mão</p><p>de obra indígena abrigou o bandeirismo apresador a</p><p>transferir seus esforços para outro objetivo: a procura de</p><p>metais preciosos. Portugal, por sua vez, necessitando de</p><p>outra fonte de renda que compensasse a perda de mer-</p><p>cado para seus produtos coloniais, e para os lucros com</p><p>o tráfico de escravos, incentivou o bandeirismo prospec-</p><p>tor, oferecendo prêmios, privilégios e honrarias àqueles</p><p>que descobrissem metais preciosos. Na verdade, tanto</p><p>o governo metropolitano como a população colonial</p><p>sempre mantiveram a expectativa de encontrar riquezas</p><p>minerais na América portuguesa. Como não acreditar</p><p>nessa possibilidade, se ali em Potosi, Alto Peru, a Espa-</p><p>nha explorava toneladas de ouro e prata?</p><p>175</p><p>Já no século XVI, expedições, como as de Pero</p><p>Lobo (1531) e de Gabriel Soares de Sousa (1592),</p><p>tinham avançado para o sertão em busca de metais</p><p>preciosos.</p><p>Deixando o tronco Tietê-Paraná, os bandeirantes</p><p>desceram o rio Paraíba do Sul, alcançando a região do</p><p>Rio das Velhas, onde, no final do século XVII, seriam</p><p>descobertas as tão esperadas minas de ouro. Depois de</p><p>longa tentativa de Fernão Dias e Borba Gato, desco-</p><p>briram as minas de Caeté, Sabará, Vila Rica e Ribeirão</p><p>do Carmo. Multiplicaram-se a seguir as expedições para</p><p>a região das “Gerais”, que se povoou rapidamente e</p><p>constituiu-se no mais importante centro econômico da</p><p>Colônia no século XVIII.</p><p>A partir das Minas Gerais, anos mais tarde, a</p><p>penetração bandeirante encaminhou-se para o Cen-</p><p>tro-Oeste, em direção a Goiás e Mato Grosso. Lá foram</p><p>descobertas minas de ouro (menos abundantes que</p><p>em Minas Gerais) por Bartolomeu Bueno da Silva, o</p><p>Anhanguera. Nova corrente migratória e exploradora</p><p>foi atraída de São Paulo para aquela região, consti-</p><p>tuindo pelas monções, que saíam de Porto Feliz (SP)</p><p>pelo rio Tietê até o Mato Grosso a última grande etapa</p><p>da penetração bandeirante.</p><p>Expansão territorial: ocupação</p><p>do sertão e conquista do Sul</p><p>Pecuária e povoamento do sertão</p><p>A pecuária nordestina foi diretamente respon-</p><p>sável pelo início da expansão territorial brasileira para</p><p>além dos limites do Tratado de Tordesilhas.</p><p>A criação do gado tinha dois objetivos: atender</p><p>as necessidades do engenho circunscritas aos seus limi-</p><p>tes e fornecer alimentos e couro, utilizados na fabrica-</p><p>ção dos instrumentos de trabalho.</p><p>As terras disponíveis eram destinadas com ex-</p><p>clusividade à indústria açucareira, para que houvesse</p><p>aumento da produção e, consequentemente, crescimen-</p><p>to e incremento do comércio. Em razão disso, o gado</p><p>foi expulso do engenho para o interior, dando lugar à</p><p>cultura da cana-de-açúcar.</p><p>Conquista do Sul</p><p>Na Região Sul, a pecuária esteve diretamente</p><p>ligada à atividade mineradora, que acabou determinan-</p><p>do um grande fluxo populacional para a Região Centro-</p><p>-Oeste e aumentando o mercado consumidor interno.</p><p>Além disso, houve melhoria dos transportes, vinculada</p><p>ao abastecimento da região central, bem como necessi-</p><p>dade de abrir caminhos que levassem o minério para o</p><p>litoral, de onde seria transportado para a Europa.</p><p>O sucesso do rebanho bovino na região Sul veio</p><p>em virtude da fertilidade do solo e das grandes pasta-</p><p>gens. Esse gado se reproduzia naturalmente e crescia</p><p>selvagem, desde a época da destruição das missões je-</p><p>suíticas no século XVII. Havia um grande rebanho muar</p><p>e bovino, que até o século da mineração (século XVIII)</p><p>não despertou quase nenhuma atenção, uma vez que</p><p>não tinha valor econômico algum.</p><p>Quase no século XVIII, em razão da necessidade</p><p>de alimentação e transporte, os rebanhos sulinos passa-</p><p>ram a se destacar como solução. As mulas adequavam-</p><p>-se ao transporte, e a carne dos bois, à alimentação.</p><p>Os colonos criaram várias estâncias, que deram origem</p><p>a várias cidades (Laguna, Vacaria etc.). Surgiram novos</p><p>tipos sociais na região, como os estancieiros e os peões</p><p>boiadeiros. No século XVIII, na região gaúcha, a carne</p><p>de charque passou a ter enorme importância no cenário</p><p>econômico do Rio Grande do Sul. Por isso, a conquista</p><p>do Sul, consolidou-se com além da presença dos jesuí-</p><p>tas a atividade agropecuária.</p><p>Formação de missões jesuíticas</p><p>O Governador-Geral Tomé de Sousa trouxe para</p><p>o Brasil, em 1549, o primeiro grupo de jesuítas, lide-</p><p>rados por Manuel da Nóbrega. O principal motivo de</p><p>sua presença na América era promover a catequese dos</p><p>nativos. Com esse intuito, fundaram vários aldeamentos</p><p>conhecidos como missões ou reduções, onde educavam</p><p>e catequisavam os nativos, e deram origem a vários nú-</p><p>cleos de povoamento de Norte a Sul do Brasil.</p><p>Constantemente, os jesuítas entraram em atrito</p><p>com os colonos, pois não aceitavam a escravidão indí-</p><p>gena. Apesar disso, eram constantes os ataques de co-</p><p>lonos, especialmente bandeirantes, aos aldeados, com o</p><p>176</p><p>objetivo de capturar índios para utilizar como escravos.</p><p>O fato de os índios das missões já serem “amansados,</p><p>ou seja, aculturados, tornava-os mais cobiçados, em vir-</p><p>tude dos melhores preços que atingiam.</p><p>As primeiras reduções (missões) de espanhóis</p><p>atacadas pelos bandeirantes ficavam na região do Guai-</p><p>rá, no atual estado do Paraná.</p><p>ocorreu durante os</p><p>reinados de Sargão II, Senaqueribe e, principalmente, As-</p><p>surbanipal, que conquistou o Egito. Em 612 a.C., o Impé-</p><p>rio Assírio chegou ao fim com a invasão e o domínio dos</p><p>Medos.</p><p>Segundo Império Babilônico ou</p><p>Novo Império (612-539 a.C.)</p><p>O domínio babilônico voltou a impor-se com os</p><p>caldeus, um dos povos que haviam se aliado aos medos</p><p>para combater os assírios.</p><p>Nabopolassar fundou a nova dinastia, que teve</p><p>como principal soberano seu filho Nabucodonosor</p><p>(605 a 563 a.C.), que tomou Jerusalém em 587 a.C.,</p><p>levou numerosos israelitas cativos para a Babilônia (epi-</p><p>sódio conhecido como “Cativeiro da Babilônia”), con-</p><p>quistou a Síria, a Fenícia e construiu grandiosas obras,</p><p>como os Jardins Suspensos da Babilônia e a Torre de Ba-</p><p>bel, com 215 metros de altura. Não deixou sucessores</p><p>capazes, e o Segundo Império Babilônico foi tomado</p><p>pelos persas, liderados por Ciro I, em 539 a.C.</p><p>Religião e cultura</p><p>©</p><p>Ev</p><p>ere</p><p>tt</p><p>His</p><p>tor</p><p>ica</p><p>l/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Zigurate</p><p>A religião mesopotâmica tinha caráter politeísta</p><p>e estava ligada ao Estado teocrático. Destacam-se entre</p><p>os deuses Anu (rei do céu), Enlil (rei da terra), Shamash</p><p>(deus Sol) e Marduk, deus de Babilônia, que tornou-se a</p><p>principal divindade da Mesopotâmia.</p><p>©</p><p>K</p><p>am</p><p>ira</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Relevo assírio de Nimrud, a partir de 728 a.C.</p><p>Os mesopotâmicos desenvolveram a escrita</p><p>cuneiforme (em forma de cunha), feita com um estilete</p><p>para gravar em tabuletas de argilas traços verticais, hori-</p><p>zontais e oblíquos. Na literatura, as principais obras foram</p><p>o Poema da Criação e a Epopeia de Gilgamesh.</p><p>O homem da Mesopotâmia também fez avanços</p><p>na Matemática, criando tábuas de multiplicação e divi-</p><p>são, inclusive de raízes cúbicas. Na astronomia, os Me-</p><p>sopotâmicos desenvolveram um calendário baseado nos</p><p>ciclos da Lua.</p><p>A arquitetura da Mesopotâmia se destacou pela</p><p>construção de palácios e zigurates, torres de vários an-</p><p>dares sobre as quais havia uma capela, usada para ob-</p><p>servar o céu. Na escultura, destaque para as figuras em</p><p>baixo-relevo que ornamentavam as paredes dos palácios,</p><p>geralmente retratando a guerra e a caça.</p><p>O Código de Hamurábi foi o maior legado me-</p><p>sopotâmico, uma vez que é o primeiro código escrito do</p><p>qual se tem conhecimento na história do Oriente Antigo.</p><p>O código tinha como princípio a “Lei de Talião” resumida</p><p>na expressão “olho por olho, dente por dente”, ou seja, a</p><p>punição deveria ser equivalente ao crime cometido. Além</p><p>disso, a aplicação da lei se dava de acordo com o esta-</p><p>mento do indivíduo.</p><p>HEbrEus</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>Localizada no Oriente Próximo, a Palestina era</p><p>um território formado pelo vale do rio Jordão, pelas ári-</p><p>das terras da Judeia e pela planície costeira, delimitado</p><p>a nordeste pela Síria, ao norte pela Fenícia, a sudeste pelo</p><p>deserto da Arábia e a oeste pelo mar Mediterrâneo.</p><p>16</p><p>Habitada, inicialmente, por vários povos (cana-</p><p>neus, filisteus e arameus), a Palestina foi povoada por vol-</p><p>ta de 2000 a.C. pelos hebreus1, povo de origem semita2.</p><p>Os hebreus</p><p>DESERTO DA ARABIA</p><p>EGITO</p><p>Reino de</p><p>Israel</p><p>Reino de</p><p>Judá</p><p>Fenicios</p><p>Tiro</p><p>Jerusálem</p><p>Arameus</p><p>Gaza</p><p>Jafa</p><p>Filisteus</p><p>Amalequitas</p><p>Edomitas</p><p>Moabitas</p><p>Amonitas</p><p>MAR MEDITERRÂNEO</p><p>Territórios progressivamente ocupados</p><p>pelas tribos de Israel ao fim do II milênio</p><p>Territórios mantidos como tributários</p><p>pelo rei Davi e perdidos depois por Salomão</p><p>DESERTO DA ARÁBIA</p><p>Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.</p><p>aspx?codigo=85>.</p><p>(Adaptado). Acesso em: 25 dez. 2015.</p><p>Evolução política</p><p>Período dos patriarcas (2000-1200 a.C.)</p><p>No Primeiro Império Babilônico, os hebreus vi-</p><p>viam perto de Ur. Organizavam-se em grupos familiares</p><p>patriarcais, seminômades, sob a liderança de chefes de-</p><p>nominados patriarcas. Nessa fase não havia unidade po-</p><p>lítica e os hebreus estavam divididos em tribos. Segundo</p><p>a Bíblia, Abraão foi o primeiro patriarca, tendo conduzido</p><p>seu povo à terra prometida por Deus, Canaã, ou Palesti-</p><p>na. De seu neto, Jacó, originaram-se as 12 tribos de Israel.</p><p>Cerca de 1800 a.C. as secas obrigaram os he-</p><p>breus a emigrarem para o Egito. Talvez tenham sido afu-</p><p>gentados pelos hicsos.</p><p>Depois da expulsão dos hicsos (1580 a.C.), a vida</p><p>tornou-se difícil e os hebreus, perseguidos, deixaram o</p><p>Egito por volta de 1250 a.C. Foi o Êxodo, ou fuga, sob</p><p>a liderança de Moisés. Ele tinha sido criado pela filha de</p><p>um faraó, que o encontrou boiando em uma cesta no rio.</p><p>1. A palavra hebreu significa, de maneira literal, “povo do outro lado do rio”,</p><p>referindo-se ao rio Eufrates, uma vez que a base de seu povoado deu-se após</p><p>realizarem a travessia do rio e fixarem-se na chamada “terra de Canaã”.</p><p>2. Semita (do hebraico sem, nome do filho de Noé); nome dado aos mem-</p><p>bros de um grupo de povos do Oriente Próximo, que falam atualmente, ou</p><p>que falaram na antiguidade, línguas originárias do norte da África e da Ásia</p><p>Médio-Oriental.</p><p>Segundo a Bíblia, os israelitas atravessaram o mar Verme-</p><p>lho, atingiram a península do Sinai e vagaram quarenta</p><p>anos pelo deserto antes de chegar à Palestina.</p><p>No deserto, Deus se revelou através de Moisés.</p><p>No alto do Monte Sinai, ele recebeu as Tábuas da Lei,</p><p>que apresentou ao povo. Apesar da crença no único</p><p>Deus, Iavé (Aquele que é), os hebreus se desviaram do</p><p>monoteísmo várias vezes, como quando adoraram um</p><p>bezerro de ouro. Moisés morreu antes de ver seu povo</p><p>entrar na Terra Prometida.</p><p>Período dos juízes (1200-1010 a.C.)</p><p>Logo após a morte de Moisés, os hebreus chegaram</p><p>à Palestina (Terra Prometida) e, sob a liderança de Josué,</p><p>deram início a intensas lutas contra os antigos habitantes</p><p>da região (cananeus e filisteus). A partir daí, as necessida-</p><p>des bélicas impuseram uma maior unidade às tribos he-</p><p>braicas, que passaram a ser lideradas por chefes guerreiros,</p><p>que recebiam o título de juízes. Segundo a Bíblia, os mais</p><p>importantes foram Josué, que tomou a cidade de Jericó;</p><p>Gedeão; Sansão, que lutou contra os filisteus, e Samuel,</p><p>que foi o articulador da centralização política.</p><p>Período dos reis (1010-587 a.C.)</p><p>Reino dividido</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Judá>.</p><p>Acesso em: 25 dez 2015.</p><p>17</p><p>A unificação das tribos hebraicas durante a luta</p><p>pela reconquista da Palestina desencadeara um proces-</p><p>so de centralização política cujo desfecho foi a funda-</p><p>ção do reino de Israel.</p><p>O primeiro rei dos hebreus foi Saul, que coman-</p><p>dou uma ofensiva contra os filisteus, mas acabou derro-</p><p>tado. Seu sucessor, Davi, derrotou os inimigos e ampliou</p><p>os territórios sob seu domínio conquistando Jerusalém,</p><p>onde estabeleceu a capital do reino.</p><p>Com a morte de Davi, o trono foi ocupado por</p><p>seu filho Salomão. O reinado de Salomão ficou mar-</p><p>cado por realizações em várias áreas. Na área religiosa,</p><p>mandou construir o Templo de Jerusalém, onde foi de-</p><p>positada a Arca da Aliança, urna que continha as Tábuas</p><p>da Lei, onde estão gravados os Dez Mandamentos. No</p><p>campo da economia, o comércio dos hebreus atingiu</p><p>seu apogeu. As relações comerciais com a Fenícia foram</p><p>intensificadas com destaque para o comércio de madei-</p><p>ras, óleos e tecidos. O reinado de Salomão foi marcado</p><p>pela ostentação e pela abundância de palácios luxuosos</p><p>que exigiram o constante aumento dos impostos, empo-</p><p>brecendo cada vez mais o trabalhador do campo, para</p><p>sustentar o luxo de seu reinado, criando um clima de</p><p>insatisfação entre o povo hebreu.</p><p>Quando da morte de Salomão, em 933 a.C.,</p><p>ocorreu uma crise política conhecida como o Cisma</p><p>hebraico, resultando na divisão do reino em duas par-</p><p>tes: o Reino de Judá (duas tribos), situado ao sul e com</p><p>capital em Jerusalém, e o Reino de Israel (dez tribos),</p><p>localizado no norte e com capital em Samaria. Em 722</p><p>a.C., o Reino de Israel foi conquistado por Sargão II e</p><p>transformado em província do Império Assírio. O Reino</p><p>de Judá foi conquistado por Nabucodonosor em 587</p><p>a.C. O Templo de Jerusalém foi destruído e os hebreus</p><p>foram levados como escravos para a Babilônia (Cati-</p><p>veiro da Babilônia).</p><p>Diáspora</p><p>Chefiadas por Raposo</p><p>Tavares, contaram com a atuação de Manuel Preto, co-</p><p>nhecido como “Herói do Guairá”.</p><p>Os padres espanhóis abandonaram a região e</p><p>foram estabelecer-se em Tape, no centro do Rio Gran-</p><p>de do Sul, e em Itatim, no sul do Mato Grosso. Essas</p><p>aldeias jesuítas também foram atacadas e destruídas</p><p>por Raposo Tavares. Destaque-se que os jesuítas foram</p><p>os principais responsáveis pela educação colonial até</p><p>sua expulsão, em 1759, de Portugal e do Brasil, por</p><p>ordem do Marquês de Pombal, primeiro-ministro do</p><p>rei D. José I.</p><p>Outro famoso bandeirante foi Borba Gato</p><p>(genro de Fernão Dias), que atuou ativamente na</p><p>busca por ouro e no ataque a missões jesuíticas, es-</p><p>cravizando e matando inúmeros nativos. Daí, a razão</p><p>da estátua com 10 metros de altura em sua home-</p><p>nagem na região de Santo Amaro (zona sul de São</p><p>Paulo) ser tão contestada.</p><p>Dis</p><p>po</p><p>nív</p><p>el</p><p>em</p><p>: <</p><p>ht</p><p>tp:</p><p>//w</p><p>ww</p><p>.pa</p><p>no</p><p>ram</p><p>io.</p><p>co</p><p>m></p><p>Borba Gato</p><p>mineração</p><p>A descoberta de metais preciosos na América</p><p>espanhola alimentou o desejo dos portugueses, desde</p><p>o início da colonização do Brasil, de também encontrar</p><p>metais preciosos na porção que lhes coube do Novo</p><p>Mundo. Em razão disso, cedo os portugueses procura-</p><p>ram a tão sonhada riqueza, procura essa que se tornou</p><p>uma das funções do Governo-Geral.</p><p>As primeiras jazidas só foram descobertas na úl-</p><p>tima década do século XVII, por volta de 1693, por ban-</p><p>deirantes paulistas, no território do atual estado de Mi-</p><p>nas Gerais. Eram jazidas superficiais, e o ouro de aluvião</p><p>era encontrado inicialmente nas margens de rios, razão</p><p>pela qual se esgotavam rapidamente. Depois do ouro</p><p>de Minas Gerais, foram realizadas descobertas menos</p><p>importantes em Mato Grosso (1718) e Goiás (1725).</p><p>Dessa forma, a atividade mineradora deu impulso à</p><p>ocupação do interior do Brasil.</p><p>Multidões de pessoas foram atraídas para a re-</p><p>gião atrás do sonho de enriquecimento rápido e fácil.</p><p>Aventureiros em busca do eldorado cruzavam os sertões</p><p>e os mares em direção às Minas, que foram rapidamen-</p><p>te povoadas. Em curto período de tempo, multiplicaram-</p><p>-se vilas e arraiais, bem como diversificaram-se as ati-</p><p>vidades: comércio, artesanato, ourivesaria, marcenaria,</p><p>bares, entre outros.</p><p>A descoberta das minas, em fins do século XVII</p><p>e início do século XVIII, além de realizar o antigo sonho</p><p>lusitano, foi como a salvação para a grave crise da eco-</p><p>nomia portuguesa, estrangulada pela concorrência anti-</p><p>lhana na economia açucareira imposta pelos flamengos</p><p>(holandeses).</p><p>Naquela oportunidade, Portugal encontrava-se</p><p>ainda asfixiado pela intervenção da Inglaterra, ocorrida</p><p>depois da expulsão holandesa do Brasil. Em razão disso,</p><p>Portugal era obrigado a pagar, com ouro brasileiro, o</p><p>déficit de sua balança comercial frente aos britânicos.</p><p>Esse déficit se agravou com a assinatura do Tratado de</p><p>Methuen (1703), pelo qual Portugal vendia vinho sem</p><p>impostos aos britânicos e estes vendiam tecidos aos lu-</p><p>sos nas mesmas condições. Isso fez com que esse tra-</p><p>tado fosse conhecido popularmente como “Tratado de</p><p>Panos e Vinhos”. O problema para os cofres lusitanos</p><p>era que se consumia muito mais “panos” do que “vi-</p><p>nhos”, o que deixou a balança comercial portuguesa</p><p>desfavorável e enriqueceu a Grã-Bretanha.</p><p>177</p><p>As regiões mineradoras (1711-1798)</p><p>Fonte: blogdoenem.com.br/guerra-emboabas-disputa-ouro-brasil/Fonte: <blogdoenem.com.br/guerra-emboabas-disputa-ouro-brasil>.</p><p>Tipos de mina</p><p>Na região mineradora existiam basicamente dois</p><p>tipos de áreas de extração: lavras e faisqueiras.</p><p>As lavras eram grandes áreas de extração, onde</p><p>as jazidas eram mais profundas e a produção era maior.</p><p>Nessas minas, empregava-se mão de obra escrava em</p><p>grande quantidade com o intuito de evitar o contrabando.</p><p>Os escravos eram obrigados a trabalhar nus ou usando</p><p>máscaras com pequenos orifícios nos olhos e nas narinas.</p><p>As faisqueiras eram áreas menores de explo-</p><p>ração, onde a extração era feita geralmente por ga-</p><p>rimpeiros livres ou mineradores pobres, que utilizavam</p><p>instrumentos rudimentares, como peneiras de madeira</p><p>conhecidas como bateias e pequenas escavadeiras cha-</p><p>madas almocafres.</p><p>Organização das minas</p><p>Com o objetivo de fiscalizar a extração mineral,</p><p>controlar a arrecadação de impostos e combater o con-</p><p>trabando de ouro no Brasil, o Estado português criou</p><p>a Intendência das Minas, em 1702, com a publicação</p><p>do Regime dos superintendentes, guardas-mores e ofi-</p><p>ciais deputados para as minas de ouro. Cada capitania</p><p>aurífera deveria ter uma intendência, cujos funcionários</p><p>eram o superintendente, os guardas-mores, os guardas-</p><p>-menores e o escrivão. Quando uma jazida era desco-</p><p>berta, o fato deveria ser imediatamente comunicado à</p><p>Intendência, que deveria organizar a exploração, divi-</p><p>dindo a mina em lotes (datas) a serem distribuídas me-</p><p>diante sorteio aos mineradores previamente inscritos,</p><p>com prioridade para os que possuíssem mais escravos.</p><p>O descobridor da jazida tinha o direito de escolher o</p><p>primeiro lote, e o segundo era destinado à Coroa, que</p><p>posteriormente o leiloava.</p><p>Caso a descoberta de uma jazida não fosse co-</p><p>municada às autoridades, o descobridor seria punido</p><p>por crime de lesa-majestade (traição), com pena de de-</p><p>gredo para a África, a mais utilizada como punição aos</p><p>condenados, além, obviamente, de perder o direito de</p><p>exploração da mina descoberta.</p><p>Di</p><p>sp</p><p>on</p><p>íve</p><p>l e</p><p>m:</p><p><h</p><p>ttp</p><p>://</p><p>ww</p><p>w.</p><p>re</p><p>vis</p><p>ta</p><p>de</p><p>his</p><p>to</p><p>ria</p><p>.co</p><p>m.</p><p>br</p><p>></p><p>Lavagem de ouro em uma mina,</p><p>gravura de Johann Moritz Rugendas (século XIX).</p><p>178</p><p>Impostos</p><p>O principal imposto cobrado na região minerado-</p><p>ra era o quinto, que correspondia a 1/5 ou 20% de todo</p><p>o ouro extraído. Merece destaque ainda a capitação,</p><p>que correspondia a uma taxa – 17 g de ouro por cabeça</p><p>de escravo ao ano – paga pelos mineradores de acordo</p><p>com a quantidade de escravos que empregava.</p><p>O ouro arrecadado no quinto deveria ser enviado</p><p>para Portugal. Seu transporte, assim como todo o ouro na</p><p>região das “gerais”, deveria ser realizado, exclusivamen-</p><p>te, pela Estrada Real. Tal estrada tinha início em Diaman-</p><p>tina, cortava a região mineira, se bifurcava e chegava nos</p><p>dois portos que tinham autorização para enviar o ouro</p><p>para Europa, os portos de Paraty e Rio de Janeiro.</p><p>Disponível em: <http://trembaumdeminas.blogspot.com.</p><p>br/p/estrada-real.html>. Acesso em: 18 jan. 2017.</p><p>Como o ouro circulava em pó ou pepitas e a car-</p><p>ga tributária era muito alta, eram constantes a sonegação</p><p>de impostos e o contrabando na região de minas. O ouro</p><p>era escondido em imagens de santo – que deu origem à</p><p>expressão “santo do pau oco” –, nas roupas, em paredes</p><p>ou pisos com fundo falso e até mesmo era engolido ou en-</p><p>fiado nas partes íntimas pelos negros que sonhavam em</p><p>acumular quantidade suficiente para comprar sua alforria.</p><p>As Casas de Fundição foram criadas por Portu-</p><p>gal com o objetivo de combater o contrabando e a sone-</p><p>gação fiscal, determinando, ainda, que apenas o ouro nela</p><p>fundido em barras quintadas e seladas poderia circular.</p><p>Aos mineradores cabia a tarefa de entregar sua produ-</p><p>ção nas Casas de Fundição, onde o ouro seria fundido</p><p>e transformado em barras, já descontado o quinto, que</p><p>receberiam um selo real, antes de serem devolvidas. Os</p><p>que desobedecessem essa determinação poderiam ser</p><p>punidos com o confisco de seus bens ou o degredo para</p><p>a África, ou os dois.</p><p>Disponível em: <http://aulasonlinedehistoria.blogspot.com.</p><p>br/2015/10/inconfidencia-mineira-em-construcao-o.html>.</p><p>Acesso em: 18 jan. 2017.</p><p>Na segunda metade do século XVIII, a produção</p><p>aurífera começou a entrar em declínio, com quedas cada</p><p>vez mais acentuadas, provocando reduções na arrecada-</p><p>ção tributária da Metrópole.</p><p>Para a administração portuguesa, cujo primeiro-</p><p>-ministro do rei D. José I era o Marquês de Pombal, a</p><p>queda na arrecadação de impostos era resultado do con-</p><p>trabando e da sonegação praticados no Brasil. De fato, o</p><p>declínio era devido principalmente à superficialidade das</p><p>jazidas, bem como às técnicas de exploração ultrapassa-</p><p>das e predatórias.</p><p>A</p><p>(70 a.C.)</p><p>O Cativeiro da Babilônia terminou em 539 a.C.,</p><p>com a derrota do Império Babilônico diante das forças</p><p>de Ciro, rei dos persas. Os hebreus puderam retornar à</p><p>Palestina, onde reconstruíram o Templo de Jerusalém e</p><p>tornaram-se parte integrante do Império Persa. Como</p><p>ficava situado nos territórios da antiga tribo de Judá,</p><p>os habitantes dessa região passaram a ser chamados, a</p><p>partir de então, de judeus.</p><p>A partir daí, os judeus foram dominados por vá-</p><p>rios povos em expansão. Ao domínio persa sucedeu o</p><p>jugo dos macedônios (332 a.C.); e a este a dominação</p><p>de Antíoco, filho de Seleuco, general que ficou com a</p><p>Ásia por ocasião da partilha do Império de Alexandre.</p><p>Em 63 a.C., a Palestina foi conquistada por Pompeu e</p><p>transformada em província do Império Romano. Com o</p><p>estabelecimento da figura do imperador como divino,</p><p>no ano 70 d.C., os judeus se recusaram a reconhecer</p><p>o imperador dos romanos como um verdadeiro deus,</p><p>rebelando-se contra o domínio romano. Em resposta, as</p><p>autoridades romanas, lideradas pelo general Tito, des-</p><p>truíram Jerusalém, inclusive o Templo, e expulsaram os</p><p>judeus da Palestina, que dispersaram-se pelo mundo.</p><p>Esse acontecimento ficou conhecido como Diáspora.</p><p>O retorno dos judeus à Palestina só voltou a ocorrer</p><p>a partir de 1918 e culminou com a fundação do atual</p><p>Estado de Israel, em 1948.</p><p>Fra</p><p>nc</p><p>es</p><p>co</p><p>H</p><p>ay</p><p>ez/</p><p>Wi</p><p>kip</p><p>ed</p><p>ia</p><p>Destruição do Templo de Jerusalém (1867), por Francesco Hayez</p><p>Economia e sociedade</p><p>A economia hebraica foi predominantemente</p><p>agropastoril, desenvolvida nas terras férteis do vale do</p><p>rio Jordão. Os hebreus também estabeleceram intensas</p><p>relações comerciais com o Egito, a Fenícia, a Síria, a Ásia</p><p>Menor, a Mesopotâmia, a Arábia e o reino de Sabá (atu-</p><p>al Etiópia). Os principais gêneros agrícolas eram a oliva,</p><p>a uva e diversos cereais.</p><p>A estrutura tribal de posse da terra foi substi-</p><p>tuída pela propriedade privada durante o Período dos</p><p>Reis. A terra passou a estar concentrada nas mãos de</p><p>uma aristocracia ligada ao Estado. Camponeses, pas-</p><p>tores e uma pequena parcela de escravos estavam</p><p>subordinados a essa aristocracia por meio de vários</p><p>18</p><p>impostos, incluindo a exigência de parte da produção,</p><p>a sujeição ao trabalho compulsório e a obrigatorieda-</p><p>de do serviço militar.</p><p>Uma rica camada de comerciantes surgiu duran-</p><p>te o reinado de Salomão. Esses comerciantes possuíam</p><p>a mesma condição social que a camada de funcionários</p><p>reais. Acima desses, havia uma elite de aristocratas, os</p><p>sacerdotes (rabinos) e a família real.</p><p>Religião e cultura</p><p>Os hebreus não se destacaram nas ciências ou</p><p>nas artes (seu Deus não podia ser representado por es-</p><p>tátuas ou pinturas). No Direito, produziram o Código</p><p>Deuteronômio e sua literatura está contida no Antigo</p><p>Testamento, onde destacam-se os Salmos de Davi, os</p><p>Cânticos e Provérbios de Salomão e o Livro de Jó.</p><p>Quanto à religião, os hebreus constituíram a</p><p>única civilização monoteísta da antiguidade oriental.</p><p>Essa religião ensinava que Deus fez uma aliança com</p><p>o povo de Israel. De acordo com essa aliança, o povo</p><p>receberia a proteção divina em troca da obediência aos</p><p>Dez Mandamentos (Decálogo), gravados nas Tábuas da</p><p>Lei, depositadas numa urna (Arca da Aliança) guardada</p><p>no templo. A Bíblia contém todos os ensinamentos que</p><p>o povo deveria seguir. Vale dizer que o monoteísmo</p><p>judaico exerceu grande influência sobre o cristianismo</p><p>e o islamismo.</p><p>FEnícios</p><p>Os fenícios</p><p>Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Fenícia>.</p><p>Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>Os fenícios habitavam a região do atual Líbano,</p><p>numa faixa de 200 quilômetros de comprimento, entre as</p><p>montanhas e o mar Mediterrâneo. Essa estreita faixa de</p><p>terra localizada ao sul da Palestina começou a ser ocu-</p><p>pada por povos de origem semita, originários das costas</p><p>setentrionais do mar Vermelho, por volta de 3000 a.C.</p><p>Economia e sociedade</p><p>O solo pobre aliado à configuração geográfica</p><p>da região determinaram a ligação dos fenícios com o</p><p>mar. Na Fenícia, a agricultura cedeu lugar ao comércio, à</p><p>pesca e a um rico artesanato, voltado para a comerciali-</p><p>zação com os povos vizinhos. Aproveitando a existência</p><p>de vastas florestas de cedros (madeira excelente para a</p><p>construção naval) e os bons portos naturais, os fenícios</p><p>voltaram-se para a atividade marítimo-comercial, des-</p><p>tacando-se na comercialização de vinho, azeite, objetos</p><p>de cerâmica, metal, vidro colorido e, especialmente, o</p><p>corante de púrpura, obtido de molusco chamado múri-</p><p>ce, que permitia o tingimento de tecidos.</p><p>A intensa atividade fenícia fez deles os principais</p><p>navegantes e comerciantes da antiguidade, desenvol-</p><p>vendo técnicas navais e conhecimentos geográficos que</p><p>só foram recuperados no início dos tempos modernos.</p><p>A sociedade era de castas e constituída por sacerdotes,</p><p>aristocratas, comerciantes, homens livres e escravos.</p><p>Organização política</p><p>Diferentemente dos demais povos da antiguidade</p><p>oriental, durante toda sua história, a Fenícia não teve uma</p><p>unidade política, ou seja, não constituíram um Estado uni-</p><p>ficado com um governo centralizado. Os fenícios agrupa-</p><p>vam-se em cidades-Estado, cada uma com um governo</p><p>autônomo e soberano. Entre essas cidades-Estado desta-</p><p>caram-se Ugarit, Aradus, Trípoli, Biblos, Sídon e Tiro todas</p><p>elas importantes centros manufatureiros e comerciais.</p><p>Nessas cidades, um rei exercia o poder, assistido</p><p>por um conselho escolhido entre os grandes comercian-</p><p>tes e proprietários agrícolas. Assim, a oligarquia de co-</p><p>merciantes e proprietários controlava o governo.</p><p>19</p><p>Para ampliar os benefícios de seu comércio marítimo, os fenícios fundaram feitorias, pontos de apoio loca-</p><p>lizados no litoral das regiões com as quais comerciavam, para facilitar o escoamento das mercadorias vindas do</p><p>interior. Uma dessas feitorias deu origem à cidade de Cartago, no litoral da atual Tunísia, que se transformou no</p><p>mais sério rival de Roma pelo controle do Mediterrâneo ocidental no século III a. C.</p><p>Religião e cultura</p><p>A religião fenícia era politeísta, com divindades associadas às forças da natureza, como Baal, o deus do sol,</p><p>ou que garantiam a fecundidade da terra, como Astarte, representada pela lua.</p><p>A principal contribuição dos fenícios para a História da civilização foi a invenção do alfabeto fonético.</p><p>Para facilitar as transações comerciais com os povos da região, os fenícios criaram 22 sinais para representar os</p><p>sons das palavras, alfabeto adotado por arameus e judeus. Completado pelas vogais, tornou-se o alfabeto grego.</p><p>iMpério pErsa</p><p>©</p><p>An</p><p>ton</p><p>G</p><p>ut</p><p>su</p><p>na</p><p>ev</p><p>/W</p><p>iki</p><p>me</p><p>dia</p><p>C</p><p>om</p><p>mo</p><p>ns</p><p>Aspectos geográficos e povoamento</p><p>A região hoje conhecida como Planalto Iraniano está situada a leste do Crescente Fértil, entre a Mesopo-</p><p>tâmia e a Índia, e compreende áreas montanhosas e desérticas.</p><p>A partir de 2000 a.C., essa região foi povoada por tribos nômade-pastoris de origem indo-europeia, os arianos. Dois</p><p>grupos arianos ocuparam o Irã: os medos e os persas. Os primeiros fixaram-se ao sul do mar Cáspio; os persas instalaram-</p><p>-se a leste do golfo Pérsico. No século VIII a.C., essas tribos se organizaram em pequenos reinos rivais. Entre esses Estados</p><p>monárquicos, o Reino da Média, ou dos medos, organizou-se antes do Reino dos Persas, e exerceu sua hegemonia na região</p><p>estendendo seus domínios pela Mesopotâmia e participando da destruição do Império Assírio. Entretanto, declinaram no</p><p>século VI a.C., quando Ciro I, rei dos persas, conquistou o Reino da Média, provocando a unificação política dos povos do</p><p>Planalto Iraniano, em 550 a.C.</p><p>20</p><p>Organização política</p><p>Com Ciro I (559-529 a.C.), houve um rápido expan-</p><p>sionismo territorial com a construção de um enorme impé-</p><p>rio. Quando de sua morte, o Império Persa se estendia dos</p><p>atuais Paquistão e Afeganistão, a leste, até o litoral dos ma-</p><p>res Negro e Mediterrâneo, a oeste. Em 525 a.C., Cambises,</p><p>filho de Ciro, conquistou o Egito e estendeu</p><p>seus domínios</p><p>até a Líbia. O auge do império ocorreu no reinado de Dario I</p><p>(512-484 a.C.), a quem coube organizar a administração</p><p>desse vasto território. Dario manteve a tradição de Ciro de</p><p>integrar a elite dos povos submetidos e de respeitar as di-</p><p>ferenças religiosas e culturais locais. O império foi dividido</p><p>em províncias denominadas satrápias, dirigidas por go-</p><p>vernadores que recebiam o título de sátrapas. Esses eram</p><p>vigiados e fiscalizados por funcionários reais, os “olhos e</p><p>ouvidos do rei”. A integração econômica das regiões e dos</p><p>povos do império foi facilitada pela criação de uma moe-</p><p>da-padrão, o dárico, cunhada em ouro e prata. Durante o</p><p>reinado de Dario, os grandes centros do império – Susa,</p><p>Sardes, Persépolis, Ecbátana e Babilônia – foram integra-</p><p>dos por uma ampla rede de estradas e por um eficiente</p><p>sistema de correios.</p><p>Sob o governo de Dario inicia-se a tentativa de</p><p>submeter completamente as cidades gregas da Ásia</p><p>Menor (litoral da atual Turquia) – origem das Guerras</p><p>Médicas (490-479 a.C.) que se opôs às cidades-Estado</p><p>gregas – ao Império Persa. Em 480 a.C., Xerxes, suces-</p><p>sor de Dario, foi derrotado na Segunda Guerra Médica,</p><p>na Batalha Naval de Salamina. Com a derrota, houve o</p><p>enfraquecimento e a progressiva desintegração do Im-</p><p>pério Persa, facilitando a total conquista greco-macedô-</p><p>nica de Alexandre Magno, em 330 a.C.</p><p>Economia e sociedade</p><p>A unificação política facilitou o comércio dentro</p><p>do Império ao reduzir os obstáculos e oferecer maior</p><p>segurança às viagens dos mercadores. A construção de</p><p>uma rede de estradas reais, a instituição de uma moeda-</p><p>-padrão cunhada com uma liga metálica de ouro e prata</p><p>(o dárico) e a padronização dos pesos e medidas possi-</p><p>bilitaram o desenvolvimento das atividades comerciais.</p><p>A elite da sociedade persa era composta pelo</p><p>imperador e sua família e por altos burocratas, coman-</p><p>dantes militares e sacerdotes. A massa da população do</p><p>império estava sujeita ao trabalho compulsório nos sis-</p><p>temas de regadio e/ou nas obras públicas, e ainda tinha</p><p>que pagar uma pesada tributação.</p><p>Religião e cultura</p><p>Os persas desenvolveram a escultura, sobressain-</p><p>do-se os baixos-relevos, e a arquitetura monumental,</p><p>cujos melhores exemplos são os palácios reais de Susa e</p><p>Persépolis. No entanto, o maior legado da civilização per-</p><p>sa foi no plano religioso. Os persas tinham uma religião</p><p>dualista, em que o deus do bem, Ahura-Mazda (ou Or-</p><p>muz), opunha-se ao deus do mal, Arimã. O dualismo re-</p><p>ligioso persa fundamentava-se na crença do Juízo Final,</p><p>quando, ao cabo de 12 mil anos de existência da terra,</p><p>o bem triunfaria sobre o mal. Os fundamentos dessa</p><p>crença estavam no livro sagrado Zend Avesta, escrito</p><p>pelo lendário Zoroastro ou Zaratustra, que deu à reli-</p><p>gião dos persas a denominação de zoroastrismo (ou</p><p>mazdeísmo, em alusão à divindade Ahura-Mazda).</p><p>Os princípios religiosos da religião persa exer-</p><p>ceram grande influência sobre o judaísmo e, por meio</p><p>desse, sobre o cristianismo e o islamismo.</p><p>Herança cultural do Oriente Médio</p><p>Na época em que floresceram as civilizações do</p><p>Oriente Médio, os homens aprenderam a depender me-</p><p>nos da natureza e a usar melhor os instrumentos e a</p><p>técnica para dominá-la. Introduziram o arado, canais de</p><p>irrigação, domesticação de animais para tração e cons-</p><p>trução de silos para armazenar produtos. A indústria</p><p>evoluiu com a técnica artesanal. Passou-se a fabricar</p><p>tijolos e a usar planos inclinados para elevar blocos de</p><p>pedra ao alto das construções. Os homens tornaram-se</p><p>sedentários e aprimoraram as técnicas de construção,</p><p>com o uso de metalurgia, a cerâmica e o preparo dos</p><p>papiros e placas de barro para a escrita. Os frígios in-</p><p>ventaram a moeda.</p><p>No campo da cultura, uma das maiores contri-</p><p>buições foi a invenção da escrita, assinalando a passa-</p><p>21</p><p>gem da Pré-História para a História. Os fenícios criaram o alfabeto fonético. Surgiram o cálculo matemático, a geo-</p><p>metria, as unidades de peso e medida, o calendário lunar e o solar, os estudos de Astronomia, Medicina e Farmácia.</p><p>Apareceram as primeiras obras de literatura, como a Epopeia de Gilgamesh. Os grandes códigos religiosos e morais,</p><p>como os de Moisés e Hamurabi. As ideias de organização burocráticas do Estado. Houve notáveis progressos na</p><p>arte da guerra, em que se destacaram os assírios.</p><p>No domínio moral e religioso, é preciso destacar a tolerância religiosa dos persas e a ideia de um único Deus</p><p>dos hebreus.</p><p>ASSISTIR</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>Vídeo</p><p>Vídeo</p><p>Vídeo</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Já entendi - História - Mesopotâmia</p><p>Se liga nessa História - Egito Antigo</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Hebreus - Mundo História - ENEM</p><p>Fonte: Youtube</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>ASSISTIR</p><p>22</p><p>Filme</p><p>Filme</p><p>ASSISTIR</p><p>A vida de Moisés (Charlton Heston) é retratada neste longa desde de</p><p>seu nascimento, quando é colocado em um cesto nas águas do rio Nilo,</p><p>até quando a princesa egípcia Bithiah o encontra e resolve criá-lo como</p><p>príncipe. Quando Moisés descobre tudo sobre sua origem, ele dedicará</p><p>sua vida a libertar escravos e conduzí-los à Terra Prometida.</p><p>Uma fantástica história de poder e traição, com a lendária Cleópatra,</p><p>rainha do Nilo, que conquistou Júlio César e Marco Antônio, dois dos</p><p>maiores soldados de Roma, e mudou o curso da História.</p><p>Cleópatra (1963)</p><p>Os dez mandamentos (1956)</p><p>23</p><p>INTERATIVIAA DADE</p><p>LER</p><p>tt Livros</p><p>Músicas</p><p>OUVIR</p><p>A epopeia de Gilgamesh (séc. XX a.C.)</p><p>A epopeia de Gilgamesh, ou épico de Gilgamesh, é um antigo</p><p>poema épico da Mesopotâmia (atual Iraque), uma das primeiras</p><p>obras conhecidas da literatura mundial. Acredita-se que sua origem</p><p>sejam diversas lendas e poemas sumérios sobre o mitológico deus-</p><p>-herói Gilgamesh, que foram reunidos e compilados no século VII</p><p>a.C. pelo rei Assurbanípal.</p><p>Os persas (séc. V a.C.)</p><p>Encenada em 472 a.C., Os persas, de Ésquilo (525-455 a.C.), é a</p><p>peça mais antiga que se conhece. Representada para os vencedores,</p><p>a ação se desenrola em Susa, capital da Pérsia, e coloca em cena a</p><p>angústia da rainha Atossa e a derrocada de seu filho, o grande rei</p><p>Xerxes, responsável pela invasão à Grécia.</p><p>- Faraó, divindade do Egito – Margareth Menezes</p><p>- Vovó e o rei da Saturnália na corte egipciana – Samba-</p><p>-enredo da Beija Flor (1977)</p><p>24</p><p>25</p><p>INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>Vê-se que tanto as civilizações mesopotâmicas quanto a egípcia se assentaram em torno de grandes rios</p><p>– o Tigre e o Eufrates, no caso dos primeiros, e o Nilo, no caso dos egípcios. A explicação para isso é evidente: a</p><p>escassez de água no norte da África e no Oriente Médio, mesmo até os dias atuais, é um empecilho muito grande</p><p>ao sedentarismo. Tais povos só conseguiram desenvolver a agricultura a partir do uso da água desses rios.</p><p>Com isso, há uma densidade demográfica muito maior nas regiões adjacentes às suas margens.</p><p>A imagem abaixo, do Iraque atual, mostra que as principais cidades do país, ainda hoje, concentram-se na</p><p>região mesopotâmica.</p><p>26</p><p>CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES</p><p>Habilidade 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço</p><p>Todas as sociedades registram suas práticas por meio de documentos escritos, pela arte</p><p>ou pela arquitetura. A habilidade 11 impõe ao aluno a compreensão de como as institui-</p><p>ções sociais, políticas e econômicas regem a criação de tais registros.</p><p>O aluno deve interpretar as informações passadas, por meio de imagens e textos, junta-</p><p>mente com seus conhecimentos teóricos, relacionando-os conforme a exigência de cada</p><p>exercício em particular.</p><p>ModElo</p><p>(Enem) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, de-</p><p>sejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pi-</p><p>râmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo.</p><p>O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito dife-</p><p>rente, pois:</p><p>a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham</p><p>para escravizar grandes contingentes</p><p>populacionais que trabalhavam nesses monumentos.</p><p>b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho</p><p>nos canteiros faraônicos.</p><p>c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas</p><p>riquezas, construindo templos.</p><p>d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em</p><p>obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.</p><p>e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em</p><p>crenças e superstições.</p><p>análisE Expositiva</p><p>Habilidade 11</p><p>O poder teocrático do faraó era representado pela arquitetura e pelas pirâmides e templos. A</p><p>alternativa A é a correta, embora diga que houvesse escravidão de grandes contingentes no</p><p>Egito antigo. Na realidade, muitas das obras públicas eram realizadas pela servidão coletiva.</p><p>Alternativa A</p><p>27</p><p>Estrutura concEitual</p><p>Estado</p><p>Religião</p><p>Escrita</p><p>Grandes obras</p><p>Transição:</p><p>Pré-história -> História</p><p>1</p><p>→ Nordeste da África → Desertos / Rio Nilo</p><p>→ Politeísmo / Mumificação</p><p>→ Modo de produção asiático</p><p>→ Teocrática → Faraó (Deus) / Nobreza / Comerciantes</p><p>camponeses / escravos</p><p>Egito</p><p>2</p><p>→ Região fértil entre os rios Tigres e Eufrates</p><p>→ Politeísmo / Código Hamurabi</p><p>Escrita Cuneiforme</p><p>→ Modo de produção asiático</p><p>→ Teocrática → Reis / Nobreza / Comerciantes</p><p>camponeses / escravos</p><p>Mesopotâmia</p><p>4</p><p>→ Atual Líbano</p><p>→ Politeísmo / Alfabeto fonético</p><p>→ Marítimo-Comercial</p><p>→ Cidade → Estado → Rei</p><p>Conselheiros comerciantes</p><p>Fenícios</p><p>3</p><p>→ Atual Israel / Palestina</p><p>→ Monoteísmo</p><p>→ Agropastoril e Comercial</p><p>→ Estrutura tribal → Propriedade Privada →</p><p>Nobreza / Comerciantes</p><p>camponeses / escravos</p><p>Hebreus</p><p>Império Persa5</p><p>→ Entre a Mesopotâmia e a Índia → Desertos</p><p>Montanhas</p><p>→ Religião Dualista / Arquitetura Moderna</p><p>→ Comércio / Modo de produção asiático</p><p>→ Império → Nobreza → Burocratas</p><p>Militares / Sacerdotes</p><p>— Geografia — Economia — Sociedade — Religião</p><p>Antiguidade Oriental</p><p>©</p><p>H</p><p>ari</p><p>s v</p><p>yth</p><p>ou</p><p>lka</p><p>s/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>03 04</p><p>C</p><p>HISTÓRIA</p><p>H</p><p>Grécia</p><p>Competências</p><p>1, 2, 3, 4, 5 e 6</p><p>Habilidades</p><p>1, 4, 5, 9, 11, 14,</p><p>18, 19, 22, 23,</p><p>24, 27 e 29</p><p>Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.</p><p>H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.</p><p>H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.</p><p>H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos</p><p>H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.</p><p>H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.</p><p>Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de</p><p>poder.</p><p>H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.</p><p>H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.</p><p>H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.</p><p>H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial</p><p>H10</p><p>Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade</p><p>histórico-geográfica.</p><p>Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes</p><p>grupos, conflitos e movimentos sociais.</p><p>H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.</p><p>H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.</p><p>H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.</p><p>H14</p><p>Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca</p><p>das instituições sociais, políticas e econômicas.</p><p>H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.</p><p>Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do</p><p>conhecimento e na vida social.</p><p>H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.</p><p>H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.</p><p>H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.</p><p>H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.</p><p>H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.</p><p>Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-</p><p>recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.</p><p>H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.</p><p>H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.</p><p>H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.</p><p>H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.</p><p>H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.</p><p>Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e</p><p>geográficos.</p><p>H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.</p><p>H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.</p><p>H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.</p><p>H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.</p><p>H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.</p><p>31</p><p>Aspectos geográficos</p><p>A Grécia antiga ocupava o sul da península Balcânica, as ilhas do mar Egeu e a costa da Ásia Menor. Com a</p><p>expansão colonial, ela ocupou também a costa egeia da Ásia Menor e o sul da península Itálica. O território grego era</p><p>composto por duas regiões distintas: a parte continental, ao sul da península dos Balcãs, e a Grécia insular, que ocupava</p><p>as ilhas do mar Egeu.</p><p>Banhada pelos mares Jônico e Egeu, a Grécia era, por sua posição geográfica, um elo entre a Europa e o Oriente</p><p>Próximo. Seu relevo montanhoso e seu solo árido e rochoso dificultavam as comunicações terrestres. Seu litoral, no entan-</p><p>to, com excelentes portos e salpicado de ilhas, facilitava as comunicações marítimas. A dificuldade de contatos internos</p><p>contribuiu para impedir a unidade política da Grécia Antiga e, ao mesmo tempo, favoreceu a formação de cidades-Estado.</p><p>A Grécia antiga</p><p>Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_Grecia_Antigua.svg>. Acesso em: 05 jun. 2018.</p><p>periodizAção</p><p>Período Pré-homérico (2000-1200 a.C.)</p><p>Os gregos ou helenos, de Hélade, nome primitivo da Grécia, são de origem indo-europeia – os indo-euro-</p><p>peus ou arianos chegaram à Grécia em cerca de 2000 a.C.</p><p>Antes</p><p>deles que chegaram os aqueus, povo pastoril, e ocuparam as melhores terras. Tornaram-se sedentários</p><p>e assimilaram povos mais antigos, como os pelágios ou pelasgos, provavelmente de origem mediterrânea, do Período</p><p>Neolítico. Foram obra dos aqueus a formação dos núcleos urbanos de Micenas, Tirinto e Argos. Os habitantes de Mi-</p><p>cenas, por sua vez, em contato com a Ilha de Creta, cuja civilização era bastante avançada – povo marítimo-comercial</p><p>que dominava as rotas do Mediterrâneo Oriental (talassocracia1) – integraram sua cultura à dos cretenses, o que</p><p>deu origem à civilização creto-micênica.</p><p>1. Talassocracia = poderio econômico de um Estado baseado no domínio de rotas marítimas comerciais.</p><p>32</p><p>Por volta de 1700 a.C., os núcleos arianos instala-</p><p>dos na Grécia foram fortalecidos com a chegada de novos</p><p>grupos indo-europeus, os jônios e os eólios. Integraram-</p><p>-se pacificamente com os já habitantes da Grécia, en-</p><p>quanto a civilização creto-micênica chegava ao seu auge.</p><p>Outra importante civilização pré-helênica desenvolveu-se</p><p>ao norte da Anatólia – os troianos. Erguida por volta de</p><p>1900 a.C., Troia tinha uma população aparentada com os</p><p>primeiros gregos. Sua prosperidade econômica baseava-</p><p>-se na exploração de terras ricas e na pecuária.</p><p>No início do século XII a.C., os gregos destruíram</p><p>Troia (Ílion, em grego), cidade que ocupava posição estra-</p><p>tégica nos estreitos entre os mares Egeu e Negro, o que</p><p>lhe conferiu o controle do tráfego marítimo na região.</p><p>Enquanto a civilização micênica se expandia</p><p>em direção à Ásia, chegaram os dórios, último grupo</p><p>de povos arianos a penetrar na Grécia. Mais aguerri-</p><p>dos, nômades ainda e conhecedores de armas de ferro,</p><p>os dórios arrasaram as cidades gregas. As populações</p><p>fugiram para o interior ou para o exterior. Numerosas</p><p>colônias gregas formaram-se na costa da Ásia Menor</p><p>e nas ilhas do mar Egeu. Foi a Primeira Diáspora</p><p>(dispersão) Grega.</p><p>Primeira Diáspora Grega</p><p>MAR</p><p>JÔNICO</p><p>MAR</p><p>EGEU</p><p>Jônios e aqueus</p><p>Eólion</p><p>Dórios 0 120 km</p><p>Tróia</p><p>ÁSIA MENOR</p><p>Esparta</p><p>Atenas</p><p>Creta</p><p>TróiaTróia</p><p>Adaptado de: <http://slideplayer.com.br/slide/1758745/>.</p><p>Acesso em: 22 dez. 2015.</p><p>Período Homérico (séc. XII-VIII a.C.)</p><p>O nome Homérico deve-se ao estudo desse pe-</p><p>ríodo baseado em dois poemas épicos atribuídos a Ho-</p><p>mero: a Ilíada e a Odisseia.</p><p>A Ilíada narra a tomada de Troia pelos gregos.</p><p>O autor concentra-se na figura do herói Aquiles, des-</p><p>crevendo sua cólera contra Agamenon, que lhe roubou</p><p>a escrava Briseida. A princípio, Aquiles nega-se a parti-</p><p>cipar dos combates. No entanto, a morte de seu amigo</p><p>Pátroclo o leva ao engajamento. Parte importante da</p><p>Ilíada descreve o cavalo de madeira com o qual os gre-</p><p>gos “presenteiam” os troianos para tomar sua cidade.</p><p>A Odisseia descreve o retorno do guerreiro Ulis-</p><p>ses, Odisseus, ao Reino de Ítaca. A obra ocupa-se de três</p><p>temas fundamentais: a viagem de Telêmaco, as viagens</p><p>de Ulisses e o massacre dos pretendentes de sua mu-</p><p>lher, Penélope. Após o século XII a.C., a célula básica</p><p>da sociedade grega era o genos (comunidade gentílica),</p><p>uma grande família. Os descendentes de um mesmo an-</p><p>tepassado viviam no mesmo lar. Cada membro (gens)</p><p>dependia da unidade da família cujo chefe era o páter-</p><p>-famílias – o mais velho dos membros do genos, um</p><p>líder de clã, que era juiz, comandante militar e chefe</p><p>religioso. Seu poder era passado para o filho mais velho.</p><p>Tanto os meios de produção, terras, sementes,</p><p>implementos, como o resultado da produção, alimentos,</p><p>utensílios, pertenciam a todos os indivíduos da comu-</p><p>nidade, inexistindo a propriedade privada. A sociedade</p><p>era igualitária e caracteristicamente sem classes sociais.</p><p>Economicamente coletivista e socialmente igua-</p><p>litário, o genos não deixava de levar em conta diferen-</p><p>ças individuais, uma vez que o status pessoal na família</p><p>dependia do parentesco com o páter-famílias. No plano</p><p>político, o poder patriarcal baseava-se no monopólio de</p><p>fórmulas secretas, que permitiam ao chefe o contato</p><p>com os deuses protetores da família.</p><p>33</p><p>No fim do Período Homérico, a falta de terras férteis associada ao crescimento demográfico levou as comu-</p><p>nidades gentílicas a um quadro de profunda tensão e lutas internas que acabaram por conduzi-las à desagregação.</p><p>As consequências da desintegração do sistema gentílico foram complexas. A luta entre os membros</p><p>do genos por um pedaço de terra que lhe garantisse a subsistência fez com que aquela civilização passasse</p><p>do sistema de propriedade coletiva para o de propriedade privada. A terra, o bem econômico mais precioso</p><p>daquele período, foi dividida de forma desigual entre os membros da comunidade, o que deu origem a diver-</p><p>sas categorias sociais. As áreas mais férteis ficaram com os parentes mais próximos do pater, os eupátridas;</p><p>as restantes foram para seus parentes mais distantes, os georgóis (agricultores). Os que ficaram sem terra</p><p>foram denominados thetas (marginais). Uma parte desses despossuídos (demiurgos) passou a se dedicar ao</p><p>comércio e ao artesanato. Os demais deixaram a Grécia e fundaram numerosas colônias nos mares Negro e</p><p>Mediterrâneo, processo conhecido como Segunda Diáspora Grega (século VIII a.C.). Nas proximidades do</p><p>mar Negro, destacaram-se as colônias gregas de Bizâncio e Abidos. No Mediterrâneo Ocidental, mais precisa-</p><p>mente ao sul da península Itálica, foi criada a Magna Grécia, cujos núcleos mais importantes foram Tarento,</p><p>Siracusa e Nápoles. A colonização grega teve um caráter marcadamente agrário, o que não a impediu de</p><p>desenvolver as atividades industriais e comerciais. Nessas condições, o mundo grego apresentava dimensões</p><p>quase mediterrâneas.</p><p>Colonização grega</p><p>Denia</p><p>Marselha</p><p>Alalia</p><p>Siracusa</p><p>Agrigento</p><p>TRÁCIA</p><p>Mainake</p><p>Nápoles</p><p>Cumas</p><p>Catânia</p><p>Bizâncio</p><p>Esparta</p><p>Calcedônia</p><p>Sinopa</p><p>Trebizonda</p><p>Creta</p><p>Cirene</p><p>Náucratis</p><p>Mileto</p><p>Foceia</p><p>JÔNIACorinto</p><p>Eritreia</p><p>Atenas</p><p>Olbia</p><p>Tanais</p><p>Grécia Regiões colonizadas pelos gregos Cidades gregas Colônias gregas</p><p>Adaptado de: <http://disciplina-de-historia.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.htm>. Acesso em: 25 dez 2015.</p><p>A desintegração política gerou a passagem do poder do páter-famílias para os parentes mais próximos, os</p><p>eupátridas, os bem-nascidos. Eles monopolizavam os equipamentos de guerra, a justiça, o poder religioso, todo o</p><p>poder político. Graças a essas camadas originou-se a aristocracia grega, cujo poder resultava da posse da riqueza</p><p>fundamental: a terra.</p><p>Os aristocratas uniam-se em irmandades, as frantrias que, por sua vez, em tribos. Da reunião de várias tribos</p><p>e da aglutinação de seus vilarejos (cinesismo), surgiu a organização política da antiga Grécia: a cidade-Estado</p><p>(pólis). Para alcançar esse estágio de civilização, foi fundamental o rompimento da unidade do genos, uma vez</p><p>que, até então, as cidades não passavam de associações políticas temporárias.</p><p>Marcadas pela autonomia política, as pólis constituíram a base da sociedade grega e seu elemento de</p><p>união, cuja organização apresentava necessariamente estas características: a Acrópole – templo construído sobre</p><p>uma elevação; a Ágora – praça central onde ocorriam debates e decisões políticas; e o astil – mercado de trocas.</p><p>A economia passou de gentílica à urbana, se bem que ainda impregnada de elementos da economia familiar, bem</p><p>como gestando sinais da futura economia internacional grega.</p><p>34</p><p>Período Arcaico (séc. VIII-VI a.C.)</p><p>O Período Arcaico grego foi marcado pela evolução e consolidação das cidades-Estado. Isoladas geografi-</p><p>camente, bem como povoadas de forma bastante particular, a evolução daquelas cidades deu-se também de modo</p><p>muito particular e diferenciado, gerando modelos por vezes antagônicos e rivais: divisão social, conflitos internos,</p><p>expansionismo marcaram a maioria das cidades-Estado gregas. Lembre-se de que essa evolução foi resultado</p><p>direto do processo de desagregação das comunidades gentílicas.</p><p>Esparta: a cidade-Estado militarista</p><p>CABO TÉNARO</p><p>Ténaro</p><p>Teutrone</p><p>Étilo</p><p>Las</p><p>Gitio</p><p>CABO</p>Chefiadas por Raposo 
Tavares, contaram com a atuação de Manuel Preto, co-
nhecido como “Herói do Guairá”.
Os padres espanhóis abandonaram a região e 
foram estabelecer-se em Tape, no centro do Rio Gran-
de do Sul, e em Itatim, no sul do Mato Grosso. Essas 
aldeias jesuítas também foram atacadas e destruídas 
por Raposo Tavares. Destaque-se que os jesuítas foram 
os principais responsáveis pela educação colonial até 
sua expulsão, em 1759, de Portugal e do Brasil, por 
ordem do Marquês de Pombal, primeiro-ministro do 
rei D. José I.
Outro famoso bandeirante foi Borba Gato 
(genro de Fernão Dias), que atuou ativamente na 
busca por ouro e no ataque a missões jesuíticas, es-
cravizando e matando inúmeros nativos. Daí, a razão 
da estátua com 10 metros de altura em sua home-
nagem na região de Santo Amaro (zona sul de São 
Paulo) ser tão contestada.
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Borba Gato
mineração
A descoberta de metais preciosos na América 
espanhola alimentou o desejo dos portugueses, desde 
o início da colonização do Brasil, de também encontrar 
metais preciosos na porção que lhes coube do Novo 
Mundo. Em razão disso, cedo os portugueses procura-
ram a tão sonhada riqueza, procura essa que se tornou 
uma das funções do Governo-Geral.
As primeiras jazidas só foram descobertas na úl-
tima década do século XVII, por volta de 1693, por ban-
deirantes paulistas, no território do atual estado de Mi-
nas Gerais. Eram jazidas superficiais, e o ouro de aluvião 
era encontrado inicialmente nas margens de rios, razão 
pela qual se esgotavam rapidamente. Depois do ouro 
de Minas Gerais, foram realizadas descobertas menos 
importantes em Mato Grosso (1718) e Goiás (1725). 
Dessa forma, a atividade mineradora deu impulso à 
ocupação do interior do Brasil.
Multidões de pessoas foram atraídas para a re-
gião atrás do sonho de enriquecimento rápido e fácil. 
Aventureiros em busca do eldorado cruzavam os sertões 
e os mares em direção às Minas, que foram rapidamen-
te povoadas. Em curto período de tempo, multiplicaram-
-se vilas e arraiais, bem como diversificaram-se as ati-
vidades: comércio, artesanato, ourivesaria, marcenaria, 
bares, entre outros.
A descoberta das minas, em fins do século XVII 
e início do século XVIII, além de realizar o antigo sonho 
lusitano, foi como a salvação para a grave crise da eco-
nomia portuguesa, estrangulada pela concorrência anti-
lhana na economia açucareira imposta pelos flamengos 
(holandeses).
Naquela oportunidade, Portugal encontrava-se 
ainda asfixiado pela intervenção da Inglaterra, ocorrida 
depois da expulsão holandesa do Brasil. Em razão disso, 
Portugal era obrigado a pagar, com ouro brasileiro, o 
déficit de sua balança comercial frente aos britânicos. 
Esse déficit se agravou com a assinatura do Tratado de 
Methuen (1703), pelo qual Portugal vendia vinho sem 
impostos aos britânicos e estes vendiam tecidos aos lu-
sos nas mesmas condições. Isso fez com que esse tra-
tado fosse conhecido popularmente como “Tratado de 
Panos e Vinhos”. O problema para os cofres lusitanos 
era que se consumia muito mais “panos” do que “vi-
nhos”, o que deixou a balança comercial portuguesa 
desfavorável e enriqueceu a Grã-Bretanha.
177
As regiões mineradoras (1711-1798)
Fonte: blogdoenem.com.br/guerra-emboabas-disputa-ouro-brasil/Fonte: <blogdoenem.com.br/guerra-emboabas-disputa-ouro-brasil>.
Tipos de mina
Na região mineradora existiam basicamente dois 
tipos de áreas de extração: lavras e faisqueiras. 
As lavras eram grandes áreas de extração, onde 
as jazidas eram mais profundas e a produção era maior. 
Nessas minas, empregava-se mão de obra escrava em 
grande quantidade com o intuito de evitar o contrabando. 
Os escravos eram obrigados a trabalhar nus ou usando 
máscaras com pequenos orifícios nos olhos e nas narinas. 
As faisqueiras eram áreas menores de explo-
ração, onde a extração era feita geralmente por ga-
rimpeiros livres ou mineradores pobres, que utilizavam 
instrumentos rudimentares, como peneiras de madeira 
conhecidas como bateias e pequenas escavadeiras cha-
madas almocafres.
Organização das minas
Com o objetivo de fiscalizar a extração mineral, 
controlar a arrecadação de impostos e combater o con-
trabando de ouro no Brasil, o Estado português criou 
a Intendência das Minas, em 1702, com a publicação 
do Regime dos superintendentes, guardas-mores e ofi-
ciais deputados para as minas de ouro. Cada capitania 
aurífera deveria ter uma intendência, cujos funcionários 
eram o superintendente, os guardas-mores, os guardas-
-menores e o escrivão. Quando uma jazida era desco-
berta, o fato deveria ser imediatamente comunicado à 
Intendência, que deveria organizar a exploração, divi-
dindo a mina em lotes (datas) a serem distribuídas me-
diante sorteio aos mineradores previamente inscritos, 
com prioridade para os que possuíssem mais escravos. 
O descobridor da jazida tinha o direito de escolher o 
primeiro lote, e o segundo era destinado à Coroa, que 
posteriormente o leiloava.
Caso a descoberta de uma jazida não fosse co-
municada às autoridades, o descobridor seria punido 
por crime de lesa-majestade (traição), com pena de de-
gredo para a África, a mais utilizada como punição aos 
condenados, além, obviamente, de perder o direito de 
exploração da mina descoberta.
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Lavagem de ouro em uma mina, 
gravura de Johann Moritz Rugendas (século XIX).
178
Impostos
O principal imposto cobrado na região minerado-
ra era o quinto, que correspondia a 1/5 ou 20% de todo 
o ouro extraído. Merece destaque ainda a capitação, 
que correspondia a uma taxa – 17 g de ouro por cabeça 
de escravo ao ano – paga pelos mineradores de acordo 
com a quantidade de escravos que empregava.
O ouro arrecadado no quinto deveria ser enviado 
para Portugal. Seu transporte, assim como todo o ouro na 
região das “gerais”, deveria ser realizado, exclusivamen-
te, pela Estrada Real. Tal estrada tinha início em Diaman-
tina, cortava a região mineira, se bifurcava e chegava nos 
dois portos que tinham autorização para enviar o ouro 
para Europa, os portos de Paraty e Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://trembaumdeminas.blogspot.com.
br/p/estrada-real.html>. Acesso em: 18 jan. 2017.
Como o ouro circulava em pó ou pepitas e a car-
ga tributária era muito alta, eram constantes a sonegação 
de impostos e o contrabando na região de minas. O ouro 
era escondido em imagens de santo – que deu origem à 
expressão “santo do pau oco” –, nas roupas, em paredes 
ou pisos com fundo falso e até mesmo era engolido ou en-
fiado nas partes íntimas pelos negros que sonhavam em 
acumular quantidade suficiente para comprar sua alforria.
As Casas de Fundição foram criadas por Portu-
gal com o objetivo de combater o contrabando e a sone-
gação fiscal, determinando, ainda, que apenas o ouro nela 
fundido em barras quintadas e seladas poderia circular. 
Aos mineradores cabia a tarefa de entregar sua produ-
ção nas Casas de Fundição, onde o ouro seria fundido 
e transformado em barras, já descontado o quinto, que 
receberiam um selo real, antes de serem devolvidas. Os 
que desobedecessem essa determinação poderiam ser 
punidos com o confisco de seus bens ou o degredo para 
a África, ou os dois.
Disponível em: <http://aulasonlinedehistoria.blogspot.com.
br/2015/10/inconfidencia-mineira-em-construcao-o.html>. 
Acesso em: 18 jan. 2017.
Na segunda metade do século XVIII, a produção 
aurífera começou a entrar em declínio, com quedas cada 
vez mais acentuadas, provocando reduções na arrecada-
ção tributária da Metrópole.
Para a administração portuguesa, cujo primeiro-
-ministro do rei D. José I era o Marquês de Pombal, a 
queda na arrecadação de impostos era resultado do con-
trabando e da sonegação praticados no Brasil. De fato, o 
declínio era devido principalmente à superficialidade das 
jazidas, bem como às técnicas de exploração ultrapassa-
das e predatórias.
A

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