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1 GESTÃO CONTEMPORÂNEA: Estudo de Casos & Reflexões Alexandra Mastella (org.) Geisse Martins (org.) Ana Lucia Rocha Soares Camila Julien Reginato Débora Ornellas de Almeida Thiago Paulo da Silva Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida sem a expressa autorização dos organizadores e autores. copyright©2022. Divulgação gratuita. Venda proibida. Administração Contemporânea: Estudo de Casos & Reflexões Organizadores: Dra. Alexandra Mastella e Me. Geisse Martins Autores Ma. Ana Lucia Rocha Soares Ma. Camila Julien Reginato Ma. Débora Ornellas de Almeida Me. Thiago Paulo Silva Produção/Direção Editorial/Preparação Geisse Martins e Ilda Cristina de Borba Zakovicz Capa/Projeto Gráfico/Diagramação Geisse Martins Revisão Ilda Cristina de Borba Zakovicz Ilustrações Os autores Editora Letra e Forma. CNPJ 36.247.686/0001-67. Contato: (41)999148163. E-mail: letraeforma.editora@gmail.com mailto:letraeforma.editora@gmail.com Breve currículo dos organizadores1 ¹ O breve currículo dos autores foi elaborado a partir das informações coletadas no currículo Lattes na data de 30 de dezembro de 2021. Doutora em Administração pela USP, São Paulo, mestre em Engenharia de Produção pela UFSC/SC, Administradora pela UDESC/SC. Experiência de 28 anos no mundo corporativo e gestão educacional, atuando em Instituição de Ensino como Superintendente Regional, Pró-Reitora Acadêmica e Diretora de Unidades da Anhanguera Educacional; Coordenadora de Cursos de Graduação e Pós-Graduação na Área de Administração em Instituições como: FACAMP(SP), UNIBERO (SP) e UNIVALI(SC. Atualmente é Professora e Coordenadora dos Programas de Mestrado em International Business e Business Administration da MUST University. Professora. Dra. Alexandra Silveira Mastella Dedicatória Dedico a organização deste livro a todos os meus alunos orientandos, que através do despertar para a investigação científica, me fazem aprender todos os dias, com seus temas de pesquisa. Dedico também ao meu filho Lucas, que está no início da sua caminhada escolar, empolgado com a leitura de livros. Agradecimentos Agradeço à Deus pelo dom da vida, meu esposo Sérgio e meu filho Lucas, por serem a base da minha caminhada e a MUST University, nas figuras do Prof. Antônio Carbonari Neto, Profa. Maria Elisa Carbonari e Giuliana Carbonari, por serem inspiração e incentivo na minha caminhada acadêmica. Doutorando em Educação pela Eikon University. Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação. Especialista em Neurociência e Aprendizagem, Psicopedagogia, Coordenação/Supervisão Escolar, Inspeção Escolar com Doutorando em Educação. Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação. Especialista em Neurociência e Aprendizagem, Psicopedagogia, Coordenação/Supervisão Escolar, Inspeção Escolar com ênfase em Educação Especial Inclusiva e Pedagogia Empresarial. É graduado em Pedagogia e Telecomunicações. Atuou como professor em disciplinas na graduação e na pós-graduação entre os anos de 2010 e 2015. Dispõe de trabalhos desenvolvidos no Brasil e no Exterior. Atua como consultor de projetos de tecnologia educacional e tecnologia assistiva, premiados em países como EUA, Canadá, China, Chile e Emirados Árabes Unidos. Autor de livros e artigos científicos publicados nos EUA e no Brasil, foco de pesquisas é Educação e Tecnologia Professor Me. Geisse Martins Dedicatória Dedico a organização deste livro a todas as pessoas que me ajudaram a alcançar meus objetivos pessoais e profissionais. Em especial aos meus pais Moacir Martins (in memoriam) e a minha mãe Helena Martins mulher guerreira e lutadora pessoa pela qual eu tenho profunda admiração, respeito e amor infinito. Aos meus filhos pelo amor incondicional que tenho por eles. Agradecimentos Agradeço a Professora Alexandra pela oportunidade em fazer parte dessa jornada sensacional em reunir trabalhos de incomensurável valor científico, produzidos por autores que são verdadeiros expoentes na atualidade; também a Must University, através das pessoas que integram toda a direção e coordenação pela acolhida e desafios propostos, que cada vez me engrandecem como pessoa e profissional. Não poderia deixar de agradecer a Ilda da Editora Letra e Forma pela parceria em realizar esse projeto. GESTÃO CONTEMPORÂNEA: Estudo de Casos & Reflexões Breve currículo dos Autores1 ¹ O breve currículo dos autores foi elaborado a partir das informações coletadas no currículo Lattes na data de 30 de dezembro de 2021. Publicitária, especialista em Gestão de Negócios Digitais e Mestre em Business International pela Must University, Camila Julien Reginato é CEO da Franquia de lingerie Frida Underwear. A marca é franqueadora de lingeries, presentes em todas regiões do Brasil e está iniciando a internacionalização para expansão ainda maior a partir de 2022. A empresa se originou para ajudar mulheres no empoderamento feminino, valorizando-as como são, suas marcas, seu corpo e sua história; ainda dar espaço e construir sua carreira empreendedora, conquistando a tão sonhada independência financeira. Camila Julien Reginato Dedicatória Dedico a todas as mulheres que buscam o empoderamento feminino, que se colocam à disposição de serem ajudadas para conseguirem liderarem suas vidas. A todas que já foram subestimadas, rebaixadas e abusadas, seja no aspecto físico ou moral. A todas que não deixaram de acreditar, que tiveram esperanças de um mundo mais justo e igualitário para todas nós. As que não se adaptam aos modelos antigos e querem fazer diferente. A todas que já foram caladas. A todas que se sentiram culpadas por ir atrás dos seus sonhos. São tantas mulheres, tantas de nós que precisam do empoderamento e este capítulo da Frida é para vocês se sentirem representadas. Agradecimentos Agradeço aos meus pais que investiram no meu conhecimento e apostaram nos meus projetos mesmo sem entender a maioria deles, aos meus avós por todo amor e acolhimento, meus amigos que acreditaram em mim, meu sócio por me impulsionar, minha equipe por dar todo o suporte com dedicação e a todas franqueadas e clientes da Frida Underwear que fazem a história acontecer. Administradora com habilitação em Comércio Exterior (PUC Campinas), Especialista em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas (UMESP) e Mestre em Administração (UNIMEP). Atuação na área administrativa e gestão a 9 anos nos setores da indústria de Varejo, Química e Educação. Atuação como professora nos Grupos Anhanguera/Kroton, PUC Campinas e como tutora na Must University Atualmente atua como coordenadora de relacionamento assistente no curso de International Business na MUST University, e como docente na PUC de Campinas. Débora Ornellas de Almeida Dedicatória Para Deus, “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez”. (João 1. 3) Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, pois Ele é o dono da minha vida, e tudo o que eu faço, não é por mim nem para mim, e sim para honra e Glória do Senhor. Agradeço ao meu esposo Dallas por sua dedicação incondicional, por estar sempre do meu lado me dando total suporte em todas as ocasiões, por compreender meus momentos de dificuldades e me apoiar independentemente de qualquer coisa. À minha família, minha avó Zeti e meu avô Benigno por investirem e acreditarem tanto em mim, meus pais Wallace e Simone por sempre me destinar apoio, confiança e motivação. E à minha irmã Ana Clara, que sempre me incentiva com todo seu amor. Agradeço à minha amiga Eduarla, que me inspirou a seguir a área acadêmica e sempre me ajudouquando eu mais precisei. Agradeço à prefeitura objeto de estudo, em especial ao Prefeito, ao Wagner, ao Nicola e a Juliana por acreditarem no projeto e permitirem que a pesquisa fosse feita, além de ajudarem de todas as maneiras imagináveis que esse projeto pudesse ser concluído. Agradeço aos merendeiros que com toda alegria e disponibilidade responderam à pesquisa dessa dissertação. Foi um prazer enorme estar com cada um. Mestre em International Business pela Must University e Mestre em Administração pela Universidade da Amazônia, MBA em Negócios Financeiros pela UNISINOS/FIA e Graduação em Administração de Empresas pela Universidade Paulista Objetivo. Há 16 anos trabalhando no Banco do Brasil S.A., sendo os últimos 4 focados em agronegócio e títulos verdes, sociais e sustentáveis. Ana Lucia Rocha Soares Dedicatória Dedico este trabalho a todos que se preocupam com o mundo em que vivemos e qual legado deixar para as futuras gerações. Agradecimentos A meu bom Deus e Nossa Senhora de Fátima, que nunca me desampararam. A meus pais Antônio Augusto dos Santos Soares e Maria José Rocha Soares, e minha irmã Maria Cecilia Rocha Soares por todo amor, incentivo e apoio incondicional. Graduado em Administração de Empresas com ênfase em Sistemas de Informação pelo Centro Universitário Uninassau (2008). Especialista em Gestão de TI (2010), Gestão de Projetos (2016) e em Alta Gestão de IES (2020), ambas pelo Centro Universitário Uninassau. Mestrado Profissional em Negócios Internacionais pela MUST University (2020). Ingressou em 2020 simultaneamente em duas graduações tecnológicas: CST em Data Science e Inteligência Artificial. Atualmente é Gerente de Operações no Grupo Ser Educacional, com carreira desenvolvida na área de Tecnologia da Informação e Gestão Empresarial Thiago Paulo Silva Dedicatória Dedico esta obra primeiramente a Deus, que me presenteia todos os dias com a energia da vida, que provê força e determinação para o atingimento das minhas metas e objetivos, e principalmente àquele que, em todos os momentos, foi a minha base incondicional para a superação, ao meu filho amado Guilherme Koblitz, minha fonte de inspiração diária, minha motivação e acima de qualquer coisa, o meu verdadeiro amor e propósito de existência. Agradecimentos Meu agradecimento especial às inúmeras pessoas que, direta ou indiretamente, participaram da realização desse projeto: família, amigos, profissionais da MUST e colegas de mestrado. À minha professora e orientadora Alexandra Mastella, pela dedicação, disponibilidade, confiança e paciência ao longo de um processo de dissertação, ao qual conduziu com teor de maestria admirável, e nos presenteou com a oportunidade de participar desse projeto fantástico. Por fim, agradeço a todos que contribuíram para o meu processo de desenvolvimento e formação. Certamente seriam muitos os nomes daqueles que deixaram contribuições inenarráveis e significativas na biografia da minha vida. Apresentação Este livro foi idealizado a partir das pesquisas realizadas por estudantes, nos seus trabalhos de conclusão final de Mestrado Internacional na Must University. O despertar do pesquisador, o aprendizado e a curiosidade, fizeram parte desta jornada e impulsionaram a organização desta obra. Trata-se da realização de um sonho coletivo, no qual cada autor colocou suas investigações e vivências, através da proposição de um determinado tema. Diante da riqueza de informações e da motivação de cada autor, foi realizada a organização deste livro, que traz em cada capítulo, a pesquisa de um tema atual e diferenciado. A ideia de Gestão Contemporânea está refletida em cada um dos casos estudados, explicitando a amplitude do tema e suas possibilidades, a partir de diferentes perspectivas e abordagens. Um dos temas importantes da Gestão Contemporânea diz respeito à economia circular e aos negócios de impacto social, pois, a sustentabilidade econômica evidencia a necessidade de criação de novas cadeias produtivas, em que possam ser promovidas ações de uso mais efetivo dos recursos disponíveis ao mesmo tempo em que se promove um combate frontal à pobreza e a divisão mais equânime de riqueza. Neste livro, também será abordado o tema da gestão estratégica de uma franquia digital, desenvolvida ao longo do período de pandemia. E que está trazendo possibilidades para novas empreendedoras, no ramo de lingeries, trabalhando de forma diferenciada o conceito de empoderamento feminino. Também será abordado o tema do impacto do conflito intragrupal sobre as dimensões da síndrome de burnout, um estudo de caso realizado com merendeiras de escolas públicas do interior do estado de São Paulo. Que traz importantes reflexões a respeito desta síndrome, de fundo psicológico, que se dá a partir da exaustão relacionada ao trabalho do indivíduo. Por fim, o tema tratará da importância do Big Data, como tecnologia da Informação, a ser utilizado para identificar o comportamento do consumidor, de uma instituição de ensino, visando auxiliar o processo de tomada de decisão dos gestores. Desejamos que desfrutem da leitura, a partir dos diferentes prismas e suas abordagens que os autores propõem, através do eixo central do tema Gestão Contemporânea e, que os estudos de casos e pesquisas aqui presentes, possam suscitar a curiosidade do leitor, na busca de mais informações a respeito. Profa. Dra. Alexandra Mastella (org.) Prof. Me. Geisse Martins (org.) Prefácio Gestão Contemporânea Esta obra foi realizada por alunos dos cursos de mestrado, a partir do resultado de suas investigações sobre temas relacionados às disciplinas do seu curso e, principalmente, temas de interesse pessoal. Cada um dos autores juntou as suas experiências através da realização de um sonho: a publicação de um livro. Trata-se de uma publicação com o objetivo de deixar um legado, uma contribuição a todos os profissionais que consideram importante o compartilhamento de pesquisas para o aperfeiçoamento das melhores práticas. Sabemos que o tempo de validade do conhecimento e das inovações tecnológicas, que hoje fazem parte de qualquer área profissional, está sendo reduzido à medida que os avanços tecnológicos impõem novas maneiras de se fazer as mesmas coisas. A partir dessas considerações, é imprescindível, em todas as áreas do desenvolvimento social, a leitura de trabalhos recentes, sobre inovações tecnológicas, voltados para a Gestão Contemporânea, cuja concepção aparece refletida em todos os artigos aqui apresentados. Esses artigos contemplam vários temas e suas possibilidades, de acordo com a vivência e pesquisa de cada um dos autores, que vão desde tecnologia, comportamento do consumidor, tomada de decisão de gestores, economia e os negócios de impacto social, sustentabilidade, até as novas cadeias produtivas, propondo ações a partir da utilização dos modernos recursos disponíveis. É importante apontar também, os temas de destaque na atualidade, como: Big Data, Franquia Digital e a tão temida e silenciosa Síndrome de Burnout. Sabemos que quem se antecipa na busca do conhecimento, está preparado para superar, com mais facilidade, os grandes desafios do atual mercado de trabalho. Este livro vem contribuir com conteúdo atual e rico em insights, facilmente aplicáveis por gestores e profissionais em geral. Por fim, vale também ressaltar que a leitura desse livro com foco na Gestão Contemporânea, engloba desde o pequeno negócio até uma multinacional. Apresentando uma governança que consegue mudar a direção de um negócio, a partir de um objetivo ou meta que promovam ações capazes de concretizar resultados. “Quem compartilha o quesabe transforma a vida de quem aprende” Boa Leitura! Giulianna Meneghello Carbonari MUST University – Florida USA Boca Raton, novembro/2021 Sumário Capítulo 1 ................................................................................................................ 28 ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL .. 29 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 29 Metodologia ........................................................................................................ 35 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 37 Economia Linear x Economia Circular ......................................................... 41 Indicadores de Economia Circular ................................................................. 47 Economia Circular no Mundo e no Brasil .................................................... 49 Barreiras à economia circular ...................................................................... 54 Environmental, Social and Governance (ESG) e Os Investimentos Focados em Sustentabilidade .................................................................................................. 55 Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável.................................. 57 Negócios de Impacto Positivo .................................................................... 59 Modelos de Financiamento – Títulos de Impacto Social ....................... 62 Um Novo Foco – Negócios Inclusivos ......................................................... 65 Exemplo Ilustrativo da Economia Circular – na Vertente Social ............. 67 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EXEMPLO: INSTITUTO JÔ CLEMENTE – SÃO PAULO ...................................................................... 68 Novas Formas de Captação de Recursos para a Organização: Exemplos da Empresa Social Finance Ltda ..................................................................... 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 85 Capítulo 2 ................................................................................................................ 93 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908694 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908715 A GESTÃO E AS ESTRATÉGIAS DE UMA FRANQUIA: ESTUDO DE CASO FRIDA UNDERWEAR .................................................................. 94 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 94 Metodologia da Pesquisa ................................................................................ 101 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 104 Funções da Administração ............................................................................. 104 Áreas Funcionais de uma Organização ........................................................ 109 Planejamento e Gestão Estratégica............................................................... 116 Marketing Digital ............................................................................................... 124 Áreas Funcionais de uma Franquia ............................................................... 131 Planejamento estratégico ............................................................................ 132 Capacitação da rede..................................................................................... 134 Treinamentos em gestão ............................................................................ 135 Padrões comerciais ...................................................................................... 136 Canais de vendas ......................................................................................... 137 O Franchising no Mundo .................................................................................. 139 O Franchising no Brasil ..................................................................................... 142 ESTUDO DE CASO: O CONCEITO FRIDA UNDERWEAR ............. 145 A Organização do Negócio ............................................................................ 153 O surgimento do negócio .......................................................................... 153 As áreas funcionais da Frida Underwear ................................................. 157 Liderança da Frida Underwear .................................................................. 158 Monitoramento dos resultados e plano de crescimento ....................... 160 Análise estratégica da Frida Underwear................................................... 161 A gestão estratégica ..................................................................................... 163 Entrevista com Franqueadas .......................................................................... 171 ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA ......................................... 181 Elaboração de Checklist simplificado para Auxiliar novos Empreendedores ............................................................................................................................ 186 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 189 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 193 Capítulo 3 .............................................................................................................. 197 O IMPACTO DO CONFLITO INTRAGRUPAL NA SÍNDROME DE BURNOUT EM MERENDEIROS(AS) DE ESCOLAS PÚBLICAS DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ............................................. 197 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 198 Metodologia ...................................................................................................... 206 Estrutura do Trabalho .................................................................................... 207 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 208 Modalidades de Conflitos ............................................................................... 221 Conflito intragrupal ..................................................................................... 225 Estresse ......................................................................................................... 235 Estresse laboral ............................................................................................ 245 Síndrome de Burnout.................................................................................... 253 ORGANIZAÇÃO ENVOLVIDA NO ESTUDO ...................................... 266 METODOLOGIA .............................................................................................. 267 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 275 Confiabilidade dos Instrumentos .................................................................. 276 Análise Descritiva das Variáveis .................................................................... 278 Análise e descrição das dimensões da MBI ................................................. 283 Sobre a Correlação das Variáveis .................................................................. 288 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 293 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................301 Capítulo 4 .............................................................................................................. 313 A IMPORTÂNICA DO BIG DATA COMO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DO file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908745 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908746 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908746 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908747 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908747 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908748 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908769 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908768 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908768 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR PARA TOMADA DE DECISÕES EMPRESARIAIS ......................................................................... 313 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 314 Big Data: Conceitos e Definições ................................................................. 319 Os 5V’s do Big Data ................................................................................... 321 As visualizações de dados promovidos pelo Big Data .......................... 323 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 329 Breve Histórico da Evolução da Análise de Dados ................................... 329 O BI e ERP no Processo Decisório ............................................................. 332 O Business Intelligence como oportunidade de inovação organizacional.... 335 Marketing digital e redes sociais ................................................................ 339 Comportamento do consumidor e seu poder de influência ................ 341 Estratégias de marketing e seus fatores de influência: pessoais, sociais, culturais e psicológicos ............................................................................... 343 METODOLOGIA .............................................................................................. 346 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................................... 351 Resultados da Pesquisa e Estudo das Informações ................................... 352 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 365 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 375 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908768 file:///C:/Users/crisd/OneDrive/Documentos/Editora%20Letra%20e%20Forma/Alexandra/Miolo_%20Gestão%20Contemporânea_Completo_22012022_capa%20e%20contracapa.doc%23_Toc93908768 ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL Capítulo 1 ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL Capítulo 1 ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL 29 ECONOMIA CIRCULAR: OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL Ma. Ana Lucia Rocha Soares Colaboradora: Profª. Dra. Alexandra Mastella INTRODUÇÃO pós a Revolução Industrial, ocorrida no período de 1760 a 1840, a economia global seguiu em crescimento acentuado, iniciando sua trajetória por uma série de avanços tecnológicos (HIEMINGA, 2015). Essa trajetória de negócios era pautada exclusivamente na extração, produção, consumo e descarte. A utilização, principalmente, de combustíveis fósseis no processo produtivo impactou de forma bastante expressiva o meio ambiente, já que apesar de fornecer uma maior quantidade de insumos, trouxe por outro lado, uma geração de resíduos nocivos para a sobrevivência humana, como por exemplo os resíduos industriais e o aumento de dejetos humanos. Logo em seguida, após a Segunda Guerra Mundial, o movimento ambientalista ganhou novo impulso em 1962 com a publicação do livro “A Primavera Silenciosa” de Rachel Carson A 30 (1962). Que trouxe debates em saúde pública, médicos, cientistas ambientais e agentes de saúde, alertando sobre as ameaças que os poluentes químicos orgânicos causam ao ambiente e à população. Segundo a autora, havia uma necessidade de respeitar o ecossistema em que se vive, para proteger a saúde humana e o meio ambiente. Efetivamente, no fim da década de 60, alguns ideais e visões ambientais começaram a ser colocados em prática, e em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano. O evento foi um marco das discussões sobre o meio ambiente e em sua Declaração Final constam 19 princípios, que abordam a necessidade de guiar a população mundial para a preservação e melhoria do ambiente humano. Em 1992, durante a “Cúpula da Terra” foi elaborado um diagrama para a proteção do planeta e seu desenvolvimento sustentável, conhecido como “Agenda 21” (ONU, 1992). Nesse documento, os governos delinearam um programa detalhado para migrar do então modelo insustentável de crescimento econômico, para novas atividades que protejam e renovem os recursos ambientais. O ano de 2015, apresentou-se uma oportunidade histórica de reunir os países para decidir sobre os novos caminhos, visando 31 melhorar a vida das pessoas ao redor do mundo. Essas decisões nortearam ações para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas. Não obstante as ações tomadas em 2015 resultaram nos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, baseados em Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que visavam o combate à pobreza. Figura 1 | Objetivos de desenvolvimento sustentável Fonte: Nações Unidas (2019). 32 Conforme figura acima, são eles: 1) Erradicação da Pobreza; 2) Fome Zero; 3) Boa Saúde e Bem-Estar; 4) Educação de Qualidade; 5) Igualdade de Gênero; 6) Água Limpa e Saneamento; 7) Energia Acessível e Limpa; 8) Emprego Digno e Crescimento Econômico; 9) Indústria, Inovação e Infraestrutura; 10) Redução das Desigualdades; 11) Cidades e Comunidades Sustentáveis; 12) Consumo e Produção Responsáveis; 13) Combate às Alterações Climáticas; 14) Vida Debaixo D’Água; 15) Vida Sobre a Terra; 16) Paz, Justiça e Instituições Fortes e; 17) Parcerias em Prol das Metas. Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC, 2009), em Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança de clima e de reforçar a capacidade dos países de lidar com os impactos promovidos por essas mudanças. O acordo aprovado pelos 195 países participantes da UNFCCC, teve como meta a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). O Brasil, em 2016, aprovou o processo de ratificação do Acordo de Paris, em que se comprometeu areduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005; até 2025, e 43% abaixo dos níveis de 2005 até 2030. 33 Espera-se que em 2030, cerca de 3 bilhões de pessoas façam parte da classe média, e, como consequência, haja uma maior utilização de recursos naturais (SALTERBAXTER, 2014). Uma maior pressão pública, através de órgãos governamentais, ou até mesmo do mercado, fará com que as empresas melhorem o desempenho no fornecimento de bens de consumo, expandindo sua gestão ambiental para toda a cadeia do negócio (DARNALL; JOLLEY; HANDFIELD, 2008). A minimização dos impactos ambientais pode ser integrada em diferentes práticas, nas diversas áreas do negócio (GROSSMANN, 2004). Para 2050, estima-se que a população mundial chegue a nove bilhões de pessoas (ONU, 2019), e isso deve representar um aumento de aproximadamente 110% na demanda por alimentos (MEYFROIDT, 2018). A competição global por recursos e a concentração da oferta tem aumentado, o que torna a indústria e a sociedade dependentes de um modelo de abastecimento vulneráveis à volatilidade do mercado e instabilidades políticas. A relevância da sustentabilidade para a sobrevivência do planeta faz com que, a partir da perspectiva circular, se tenha a intersecção entre os negócios, o meio ambiente e a sociedade com a conscientização de que os recursos naturais são finitos, e é necessário ter sistemas produtivos de forma mais eficientes. 34 A economia circular não pode ser confundida somente com reciclagem, o conceito é mais amplo e envolve uma série de estratégias, como o design de métodos de produção, sistemas de logística reversa, desenvolvimento de tecnologias para transformar resíduos em novas matérias primas, parcerias entre diferentes setores econômicos, impacto socioambiental onde a empresa está inserida e a saúde da comunidade impactada pelo modelo econômico. Os sistemas econômicos são a principal fonte de pressão sobre o meio ambiente. E são esses sistemas que necessitam de uma análise mais profunda, de modo a apresentarem propostas para sua relação com os recursos naturais; um novo modelo estimula novas práticas em busca de alternativas ao atual modelo linear. O objetivo deste estudo é desenvolver uma visão abrangente do conceito da economia circular e identificar iniciativas que permitirão o desenvolvimento sustentável para as futuras gerações. Para o atingimento deste objetivo, além da pesquisa bibliográfica, foi demonstrada a aplicabilidade do conceito de economia circular, através da pesquisa em uma Instituição que 35 apoia pessoas com deficiência intelectual, a partir de novas fontes de recursos para seus projetos. Metodologia O método utilizado para a realização deste trabalho é a pesquisa exploratória, com foco na análise de textos, coleta de dados e trabalhos anteriormente elaborados nacional e internacionalmente. De acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema e pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas e estudos de caso. Uma pesquisa é considerada de cunho exploratório quando visa proporcionar uma visão geral de determinado tema ou fato. O objetivo deste tipo de estudo é realizar descobertas a partir da investigação de várias fontes de informações. Numa primeira etapa, foram analisadas as literaturas existentes, através de livros, artigos e pesquisas a sites como método de ampliar o entendimento sobre economia circular e o desenvolvimento sustentável. Dessa forma, foi possível avaliar os benefícios da transição do modelo econômico atual linear, para o modelo circular. 36 De acordo com Chiara (2008), a pesquisa bibliográfica visa levantar um conhecimento disponível sobre as várias teorias, para analisar ou explicar um objeto que está sendo investigado A pesquisa bibliográfica analisa as principais teoria do tema e pode ser realizada com diferentes finalidades. Após a análise das publicações, identificou-se no referencial teórico uma forma de descrever o conceito estudado, explorando situações em que possa ser aplicado. Partiu-se então, para a análise de um exemplo prático, utilizando o conceito da economia circular, no contexto de uma instituição que trabalha a inclusão social. Para a pesquisa do exemplo prático, identificou-se as principais características da economia circular e como a mesma poderia ser analisada contrapondo a teoria estudada e a prática de uma organização social. A organização, objeto deste estudo, é o Instituto Jô Clemente, reconhecido por desenvolver estudos e pesquisas sobre a deficiência intelectual, inserida em um contexto social que atinge toda a comunidade ao seu redor. Com a aplicabilidade da economia circular, empresas como a estudada, podem se beneficiar com a ampliação de suas pesquisas, internacionalização de conhecimento e abrangência de atendimento aos que necessitam 37 de apoio. Para a realização da pesquisa no Instituto Jô Clemente, foi utilizada a análise documental, além da revisão de bibliografias sobre o tema. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Ao longo de sua história, o ser humano progrediu para sanar suas necessidades, buscando melhorar a economia e o bem- estar social (O’SULLIVAN; SHEFFRIN, 2003). A abundância de recursos naturais, até agora existentes, para a produção de bens de consumo produzidos pelo sistema industrial passou a ser vista de forma negativa, pois alguns grupos representativos da sociedade passaram a avaliar, além do impacto ambiental pela extração, o modelo de descarte de forma incorreta. A partir do século XX, os impactos ambientais começaram a ser percebidos pelas diferentes classes sociais, entendendo-se que os recursos eram finitos e fundamentais para a manutenção do planeta, impactando na qualidade de vida da sociedade. Com esse novo olhar, surgiram dentro da economia do meio ambiente duas formas de pensamento, a economia ambiental e a economia ecológica. A primeira tem influência da economia neoclássica, onde o meio ambiente é o fornecedor de recursos e receptor de resíduos. 38 O sistema econômico é visto como a principal fonte de pressão sobre o meio ambiente, não o vislumbrando como um fator limitador do crescimento econômico. Segundo Mueller (2007), sistema econômico, considerado como um organismo vivo e complexo, não atua independentemente do sistema natural que lhe sustenta. Ao contrário, o sistema econômico interage com o meio ambiente, extraindo recursos naturais e devolvendo resíduos. Já a economia ecológica lança um novo olhar sobre o processo econômico e ambiental. Este pensamento entende que os problemas ambientais estão na forma como está desenvolvida a sociedade. Um olhar crítico sobre a ótica da economia ambiental, entende a importância dos mercados, defendendo a necessidade de regulamentação para alocação melhor dos bens e serviços ambientais. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir do entendimento que o crescimento econômico não pode ser conduzido nos moldes de destruição dos ambientes naturais, exclusão social, concentração de renda nem dilemas socioculturais (SOIBERT; OLIVEIRA, 2011). Em 1972, foi publicado o relatório “Limites do Crescimento” onde foi apresentado um cenário de esgotamento dos recursos naturais decorrente do modelo de desenvolvimento 39 tradicional (MEADOW et al., 1978). A proposta central do relatório era para o crescimento econômico e populacional (RATTNER, 1979), norteando o conceito de desenvolvimento sustentável por anos. Em 1979, durante a Conferência de Estocolmo, foi construído o Relatório de Brundtland intitulado “Nosso Futuro Comum”. O relatório apontava o momento em que o planeta se encontrava em termos socioeconômicos e ambientais, apresentado uma proposta hegemônica entre o desenvolvimentosustentável e o neoliberalismo econômico. No final dos anos 80, começou a circular o termo globalização, como uma ideia de unificação do mundo (HOBSBAWAN, 1995). A nominação como globalização foi a partir de um olhar sobre um processo de intensificação das relações entre os países do mundo, podendo acontecer nos setores econômico, social, cultural ou político. Resultado de uma política, implementada por governos nacionais e instituições internacionais, a globalização trouxe uma abertura do mercado de capitais e de bens e serviços. A abertura das fronteiras fez expandir negócios para mercados ainda emergentes, fazendo expandir o sistema do capitalismo, 40 Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2005), a globalização traz algumas desvantagens que devem ser levadas em consideração: • Concentração de riqueza: as nações com melhores condições financeiras e produção de bens e serviços em maior escala se beneficiariam com a globalização em relação aos países em desenvolvimento. • Exploração de países mais pobres: países desenvolvidos se instalam em países mais pobres poderiam explorar da matéria prima e mão de obra mais baratas. • Especulação financeira: a abertura dos mercados mundiais fez com que o fluxo de capital aumentasse, com isso a especulação financeira também cresceu. • Crises financeiras mundiais: com uma economia interligada, problemas financeiros de países podem acabar se tornando globais. Um exemplo foi a crise de 2008, que iniciou com problemas nos financiamentos imobiliários dos Estados Unidos, e acabou atingindo a economia global. O mercado financeiro é o mais globalizado dos mercados. Com a liberação dos fluxos de capitais, aliada a inovação tecnológica nas telecomunicações, ocorreu o deslocamento de 41 grandes somas de capital, sendo considerado o centro da globalização. Na década de 90, com advento da globalização, ocorreu um crescimento da produtividade econômica. Por conseguinte, as sociedades construíram grandes abismos sociais e tecnológicos, o que exigiu do planeta um consumo ainda maior dos bens naturais. Surgiram problemas ambientais globais como a destruição da camada de ozônio, contaminação radioativa, mudanças climáticas, perda da biodiversidade, poluição dos oceanos, dentre outros. O primeiro país a implantar o conceito de economia circular foi a Alemanha, em 1996, quando sancionou a lei de gestão de substâncias tóxicas, e a gestão de resíduos em ciclo fechado. O Japão foi o segundo a promover a economia circular em 2000 (SEHNEM; PEREIRA, 2019). Em 2008, a China institui a Lei de Promoção da Economia Circular e a adota como modelo de desenvolvimento nacional (SUÁREZ-EIROA et al., 2019). Economia Linear x Economia Circular A economia linear vem sendo considerada uma forma de organização inviável, já que, no longo prazo, os limites do planeta terão chegado a um nível insustentável. 42 Figura 2 | Economia linear Fonte: Elaborada pela autora (2021). Para exemplificar, são algumas desvantagens do modelo linear: a) Limitação de Recursos: a incerteza sobre a disponibilidade de recursos naturais para a manutenção do sistema é cada vez mais crescente. b) Volatilidade de Preços: a flutuação nos preços das commodities aumenta significativamente os preços médios. Essa flutuação impacta não somente os produtores e compradores de matérias primas, mas aumenta o risco do mercado fazendo com que os investimentos se tornem menos atraentes. 43 c) Materiais Críticos: a dependência de materiais críticos faz com que empresas como indústrias metalúrgicas, automotivas e de componentes eletrônicos, fiquem dependentes das flutuações de preços dos materiais, e consequentemente podem se tornar menos competitivas. d) Interdependência: atualmente, a produção de muitos produtos depende de água e combustíveis. Essa interdependência pode gerar um impacto generalizado pela escassez de matéria prima, podendo gerar ainda a indisponibilidade de bens de consumo. e) Aumento de Externalidades: as externalidades são efeitos sociais, econômicos e ambientais indiretamente causados pela venda de produtos ou serviços. Elas incluem danos aos ecossistemas, redução de vida útil do produto e uma elevação na demanda por produtos. Figura 3 | Modelo da economia linear Fonte: Luz e Echevengua (2015). 44 Na figura acima, podemos ilustrar melhor o modelo de economia linear e suas características. Já a economia circular, é restaurativa e regenerativa por princípio (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2017), parte do pressuposto que não haja fim, nem do produto, nem de seus componentes. A ideia de fim é substituída pelo conceito de restauração e menor geração de impacto, utilizando-se de energia renovável, evitando o uso de produtos químicos nocivos, eliminação da geração de resíduos e uma melhoria dos negócios e das indústrias. O modelo circular propõe fechar o ciclo (extrair, transformar, produzir, utilizar e descartar), no qual as práticas econômicas e sociais são repensadas de forma a aproximar o funcionamento do sistema, que seja capaz de reduzir a quantidade de novos recursos necessários para a produção, assim como a quantidade de resíduos descartados (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2012). A economia circular está sustentada em três princípios: o primeiro tem o objetivo de preservar e aumentar o capital natural, monitorando e equilibrando os recursos renováveis. O segundo princípio, baseia-se em otimizar a produção de recursos, fazendo com que os produtos, componentes e materiais circulem com alta 45 utilidade, tanto no ciclo técnico quanto no biológico. Por fim, o terceiro princípio tem o objetivo de fomentar a eficácia do sistema, revelando os projetos negativos e excluindo-os. Baseando-se nesses princípios, pode-se destacar outras cinco características que trazem o conceito de economia circular à prática (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2013): a) Diversidade Valorizada: a economia circular valoriza economias, em que negócios de diferentes portes coexistam com ambientes naturais biodiversos e resilientes. b) Utilização de Fontes Renováveis: com o uso de fontes renováveis, principalmente as de fontes energéticas, aumentam a resiliência e reduzem a dependência de recursos que podem ser influenciados por crises. c) Exclusão de Perdas: em uma economia circular, não há geração de resíduos, sendo os produtos projetados especialmente. Os nutrientes biológicos são biodegradáveis e facilmente retornam ao ecossistema. d) Visão Sistêmica: a economia circular traz uma visão ampla sobre o mercado, empresas, consumidores e recursos naturais. e) Preços que Refletem a Realidade: os movimentos do mercado, tanto positivo quanto negativamente são 46 internalizados, além dos custos dos serviços ambientais prestados, refletindo assim o custo real dos produtos e serviços. Há dois ciclos importantes que fundamentam o conceito de economia circular, os biológicos e os técnicos. Os ciclos biológicos são os regenerativos e acontecem quando as matérias primas são projetadas para retornar ao sistema por meio de processos como compostagem e digestão anaeróbica. Por esses ciclos regenerarem os sistemas vivos, como o solo, são responsáveis por fornecer recursos renováveis para a economia. Já os ciclos técnicos são responsáveis por restaurar produtos, componentes e materiais por meio de estratégias como reutilização, reparo, remanufatura e, em último caso, a reciclagem. Para que o reuso de recursos e maior produtividade se tornem algo comum, alguns mecanismos de mercado deverão desempenhar um papel de apoio a políticas públicas, instituições de ensino e formadores de opinião. A fim de viabilizar esse modelo, algumas condições devem surgir, como a colaboração,incentivos, estabelecimento de regras ambientais internacionais adequadas e acesso a financiamentos. Além dessas condições, habilidades adicionais serão necessárias para o aproveitamento dos ciclos até o retorno final 47 dos materiais ao solo, ou ao sistema de produção industrial. Para isso, estão envolvidas as cadeias de entrega, separação, armazenamento, gestão de risco e geração de energia. Com sistemas de coleta e tratamento melhores, o descarte de materiais para fora do sistema será reduzido, reforçando o racional econômico da economia circular. Indicadores de Economia Circular Os indicadores devem ser um caminho para se atingir um mundo mais sustentável. Na literatura, os pesquisadores têm buscado questionar esses indicadores de sustentabilidade. Para a obtenção dos dados é necessário um procedimento específico de medição (GALLOPIN, 1996), e devem ser fáceis de usar. Os indicadores de economia circular ainda são escassos, não existe uma padronização mundialmente usada para mensurar os ciclos dos produtos e serviços (LINDER; SARASINI; LOON, 2017). Atualmente, para auxiliar as organizações na transição para a economia circular, há duas frentes que estão cada vez mais conhecidas. A primeira delas, elaborada pela Ellen MacArthur Foundation (2010), traz o escopo dos indicadores, avaliando os 48 materiais reutilizados, reciclados, origem e destino da matéria prima. A segunda frente é representada por empresas de certificação, consultoria e pesquisa, que têm buscado desenvolver práticas e métricas mensuráveis da economia circular. Uma dessas empresas é a Climate Bonds Initiative, organização que trabalha para mobilizar o mercado de capitais, promovendo investimentos em projetos e ativos necessários para a transição rápida e efetiva para a economia circular. A Climate Bonds Initiative, vem elaborando indicadores e padrões para a certificação de títulos com rotulagem sustentável. A ferramenta é de fácil acesso tanto para investidores, quanto para governos, e auxilia na priorização de investimentos que realmente contribuem para enfrentar as mudanças climáticas. Outra empresa que elaborou normas para a economia circular foi o BSI Group, que realizou uma pesquisa em meados de 2013 com áreas correlatas da gestão e prevenção de resíduos. Em 2017, o BSI Group elaborou um guia, chamado BS 8001, com princípios, estratégias, aplicação e controle de questões sobre a economia circular, podendo ser aplicado em qualquer tipo, tamanho e localização da organização (BSI, 2017). 49 Economia Circular no Mundo e no Brasil Segundo a ONU (2014), até 2050, 66% da população mundial residirá em centros urbanos. Esse percentual representa 2,5 bilhões de pessoas que necessitarão de serviços que tendem a impactar de forma expressiva o meio ambiente. Apesar do tema economia circular estar muito ligado à sustentabilidade, na proposta do desenvolvimento ambiental e propor ações em consonância com as demandas ambientais, não existe um único caminho, já que se entende que uma série de iniciativas vem sendo criadas para que o conceito seja implantado, principalmente dentro dos negócios das empresas, complexos industriais, cidades e cadeias globais de abastecimento. O modelo predominante europeu ainda é a economia linear. Segundo estudos da Ellen MacArthur Foundation (2015), em conjunto com as consultorias SUN e McKinsey, demonstram os impactos positivos do modelo de economia circular na União Europeia, criando enormes oportunidades de renovação, regeneração e inovação na indústria. A inserção do modelo de economia circular pode, ainda, trazer uma revolução tecnológica gerando um benefício líquido de € 1,8 trilhão até 2030. Esse valor é superior ao estimado na 50 economia linear, de € 0,9 trilhão. Ainda segundo o estudo, a transição da Europa para a economia circular poderia contribuir € 900 bilhões adicionais ao PIB europeu até 2030, aumentar a renda domiciliar em € 3.000 por ano e cortar as emissões de CO2 pela metade em comparação aos níveis atuais. Já nos países asiáticos, responsáveis por 60% da população mundial, a China e a Índia experimentaram um crescimento, urbanização e industrialização acelerados, produzindo impactos ambientais negativos. Porém, a China percebendo esses impactos, desde 2003 vem desenvolvendo políticas públicas promulgando leis como a Lei de Produção Limpa e, em 2009 implementou a Lei de Promoção da Economia Circular com o objetivo de, nos próximos 50 anos, sejam resolvidos problemas como tratamento de resíduos domésticos, eficiência energética e redução de emissões atmosféricas (WORLD ECONOMIC FORUM, 2014). No início dos anos 2000, o Japão iniciou um processo de circularização econômica, apoiado em políticas públicas de gestão de resíduos e suprimentos, e mudanças no sistema educacional. Para essa região, há grandes oportunidades de geração de valor e crescimento, quando da transição para uma economia linear. Na América do Norte, tanto o Canadá como os Estados Unidos são grandes vetores da economia circular por meio das 51 empresas de tecnologia, principalmente nas áreas de finanças e inovação. O continente africano assinou durante a 17ª. Conferência dos Ministros Africanos do Ambiente, ocorrida em novembro de 2019, um documento para a implantação da economia circular. Um projeto que chama atenção é o Desenvolvimento Econômico e Reciclagem da África do Sul criado em 2012 para resolver o problema crescente de pneus usados. Essa iniciativa se mostra como o principal exemplo de economia circular em ação na África. A América Latina é rica em recursos naturais, biodiversidade e inovação social. O continente possui elementos regionais únicos, como as reservas naturais abundantes, além de ser uma região grande exportadora de recursos, tendo um papel importante na transição global para a economia circular. Em relação ao Brasil, percebe-se uma série de ações sendo traçadas com o objetivo de difundir o conceito nos negócios. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria – CNI (2018), 76,4% das indústrias do país desenvolvem algum tipo de economia circular, como reuso de água, reciclagem de materiais e logística reversa. Ainda segundo a pesquisa, 60% das indústrias entendem que as práticas que envolvem a economia circular podem contribuir para a geração de emprego. 52 Em 2018, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) desenvolveu o Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, onde a economia circular é vista como uma oportunidade para o uso mais eficiente dos recursos podendo gerar um aumento da competitividade da indústria. Dentre os objetivos centrais do documento está a gestão de resíduos como recursos de valor, como exemplo a cadeia do plástico que teve um aumento na proporção de reciclagem de 9,8% para 12,5% até 2022. Na figura abaixo, podemos ver a proporção de material reciclado em atividades selecionadas no Brasil. Figura 4| Proporção de material reciclado em atividades selecionadas no Brasil Fonte: CNI (2018, apud IBGE 2017). 53 Segundo pesquisa da Ellen McArthur Foundation (2017), há várias oportunidades no país, que podem auxiliar a transição para a economia circular: • Agricultura e Biodiversidade: a aplicação de modelos regenerativos na agricultura poderia restaurar as reservas naturais, aumentar a diversidade biológica, fechar ciclos de nutrientes, aumentar a produção agrícola concentrando esforços para aumentar o conteúdo nutricional dos alimentos. O uso sistemático de resíduos orgânicos disponíveis por meio do processo de compostagem, devolve ao solo os nutrientes necessários, reduzindo a necessidade de reposição através de fertilizantes químicos. • Construção e Edificações: integrar conceitos como da flexibilidade e modularidade para dar mais eficiênciano uso dos recursos e reduzir o desperdício estrutural. • Equipamentos Eletroeletrônicos: unir a eficiência e a capacidade operacional com a agilidade e escala. Uma vez estabelecidas as condições sistêmicas adequadas, os modelos de serviços e produtos podem oferecer um custo mais acessível ao consumidor, porém com mais valor e mais modernos. 54 • Responsabilidade Social: ações de responsabilidade social mostram que a empresa está preocupada com o impacto que ela causa no ambiente em que ela está inserida, e suas ações podem diminuir os danos que podem ter causado. Barreiras à economia circular Não está claro se a economia circular pode de fato promover o crescimento econômico sem degradar o meio ambiente, e melhorar a equidade social para esta e para as futuras gerações (MILLAR; MCLAUGHLIN; BÖRGER, 2018). Em um estudo feito por Ritzén e Sandstrom (2017), levantaram-se cinco tipos de barreiras para a adoção da economia circular, que são financeira, estrutural, operacional, comportamental e tecnológica. Em relação a barreira financeira, o desconhecimento dos benefícios econômicos proporcionados pela transição para a economia circular, como exemplo a redução da extração de matéria prima pela incorporação de resíduos pela reciclagem. A barreira estrutural está relacionada com a falta de clareza na distribuição da responsabilidade entre os setores das empresas. 55 Na barreira operacional, as particularidades que envolvem a infraestrutura e a cadeia de suprimento de cada tipo de produto e sua rede de fornecedores. A barreira comportamental refere-se a baixa percepção da sustentabilidade e o não conhecimento dos riscos ambientais por parte de todos os envolvidos. Já na barreira tecnológica, o desenvolvimento de produtos e processos de produção alinhados a economia circular tem pouca clareza na integração com o conceito. O desenvolvimento da economia circular é um resultado de políticas governamentais e da atuação de outros agentes, como as agências de desenvolvimento de negócios (KORHONEN et al., 2018). No campo do desenvolvimento de novas tecnologias, os governos têm papel essencial, financiando pesquisas nas áreas chave para promover o consumo e a produção sustentável, como reciclagem, economia de energia, entre outras. Environmental, Social and Governance (ESG) e Os Investimentos Focados em Sustentabilidade A crescente preocupação com a sustentabilidade faz com que informações sobre práticas ambientais, sociais e de governança 56 das empresas (ESG), passem a ser levadas, cada vez mais, em consideração no mundo dos investimentos (BARBOSA, 2019). Segundo uma pesquisa realizada em 2016 pela Cone Communications, 75% dos millenials estão dispostos a ter um corte no salário para trabalhar em uma empresa socialmente responsável. Outra pesquisa realizada em 2016 pela Nielsen (2016), 73% dos millenials pagariam mais por produtos ou soluções sustentáveis. Para o mundo dos investimentos, abriu-se uma nova rota, a dos investimentos que levam em conta critérios de sustentabilidade. É possível ver, cada vez mais, as companhias e fundos estrangeiros se posicionando para definir seus critérios de investimentos. A empresa do mercado financeiro BlackRock, maior gestora de índices comercializados como ações do mundo, passou a considerar indicadores de sustentabilidade na hora de divulgar informações sobre seus fundos de investimentos (BLACKROCK, 2020). Também informou que selecionará seus futuros investimentos em companhias adeptas ao ESG. Para entender melhor, o ESG é um índice que avalia as melhores práticas nos três eixos da sustentabilidade: (BARBOSA, 2019). 57 Figura 5|Pilares do ESG Fonte: Elaborada pela autora (2021). Pelo lado do investidor, o interesse em ESG geralmente é impulsionado por objetivos como alinhar investimentos com valores pessoais, impacto na sociedade e melhora no perfil de risco dos investimentos. Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável Os recursos disponíveis para o financiamento do desenvolvimento sustentável disponível, são insuficientes para que os objetivos da comunidade sejam alcançados. Canalizar os recursos necessários por meio da combinação de medidas, como 58 atrair financiamento privado, mobilizar receitas públicas e apoiar o desenvolvimento do setor financeiro, podem tornar possível o atingimento dos ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (IPEA, 2018). Em seu sentindo amplo, o financiamento sustentável apoia direta ou indiretamente, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com arranjos de mercado que contribuem para um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo da sociedade. Em 2018, os membros do G20 durante encontro realizado na Argentina, identificaram opções voluntárias para expandir o investimento privado em atividades sustentáveis, que obtenham impacto ambiental positivo e benefícios sociais e econômicos, como criação de emprego, desenvolvimento tecnológico, redução da pobreza e inclusão social. Segundo estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizado em 2019, estima-se que seriam gastos até 2030 US$ 2,6 trilhões para que os mercados emergentes e de baixa renda ofereçam às populações cada vez mais educação, saúde, energia, estradas, água e saneamento (FMI, 2019). O capital privado é, muitas vezes, uma importante fonte de financiamento sustentável, já que o financiamento público pode não ser suficiente, para atender as demandas de uma economia 59 global em crescimento. Empresas em fase inicial, ou de pequeno e médio porte, que tenham como foco impactos ambientais, sociais e econômicos positivos são cruciais para o desenvolvimento do crescimento sustentável, porém enfrentam dificuldades para obter o capital de investimento para seus projetos. O crescimento das estratégias de investimento sustentável oferece uma oportunidade para endereçar as captações, para modelos de negócio e tecnologias que visam a sustentabilidade. Negócios de Impacto Positivo O empreendedorismo focado em negócios de impacto pode gerar transformações profundas em áreas fundamentais como cidadania, educação, finanças, saúde, tecnologia verde, entre outros. Segundo a Força Tarefa de Finanças Sociais1, em sua Carta de Princípios para Negócios de Impacto no Brasil (2015), os empreendedores possuem a missão de impactar com resultado financeiro de forma sustentável a sociedade como um todo. 1 A Força Tarefa de Finanças Sociais (FTFS) foi lançada em 2013 e seu propósito é ampliar o capital privado e público para o desenvolvimento de mecanismos e negócios de impacto que contribuam para a solução de problemas sociais brasileiros. 60 Acredita-se na ideia de que o alcance dos Negócios de Impacto, pode contribuir para a conquista de uma série de realizações, dentre elas: Figura 6|Conquistas possibilitadas por negócios de impactos Fonte: Elaborada pela autora baseada na FTFS (2015). Para ilustrar, a Carta de Princípios para Negócios de Impacto, traz uma composição básica do ecossistema, conforme figura a seguir. 61 Figura 7|Composição Básica do Ecossistema de Finanças Sociais Fonte: FTFS (2015). No Brasil, não há uma estrutura jurídica específica voltada para os Negócios de Impacto. Dessa forma, para que uma empresa, com ou sem fins lucrativos, seja enquadrada como Negócio de Impacto, deve possuir quatro princípios (FTFS, 2015): • missão social e ambiental: com o propósito de gerar impacto socioambiental positivo; 62 • impacto social e ambiental monitorado: em que o impacto é periodicamente mensurado e avaliado; • lógica econômica: com o desenvolvimento de mecanismos para gerar receita própria; • governança: levando em consideração os interesses de investidores, clientes e comunidade.Modelos de Financiamento – Títulos de Impacto Social Os títulos sociais se referem a uma estrutura desenvolvida por um Comitê Executivo da Associação Internacional do Mercado de Capitais (ICMA, sigla em inglês) que visa a captação de recursos para a conclusão de projetos com objetivo social. Esses títulos exigem que os emissores demonstrem, com o maior grau de transparência, a sua aplicabilidade para os investidores e público em geral (ICMA, 2018). A IMCA é uma associação que reúne emissores, investidores, subscritores e outras partes interessadas do mercado de capitais, promovendo a harmonização dos mercados globais de títulos de dívida, incentivando a colaboração e o diálogo entre as partes. Para isso, a IMCA publica informações sobre práticas e estruturas de mercado para padronização. 63 Em 2014, a associação publicou os Green Bonds Principles (GBP) com diretrizes para o processo de emissão de títulos verdes, voltados, principalmente, à agricultura de baixo carbono e o uso da terra. Em 2017, foi publicado os Social Bonds Principles (SBP) para regulamentar a emissão de obrigações visando projetos de impacto social (ICMA, 2018). Os Títulos Sociais, também conhecidos como Títulos de Impacto Social, são uma nova maneira de impulsionar a inovação para a solução de problemas sociais que ainda hoje trazem impacto na vida da população. Os Social Bonds Principles propõem algumas categorias de projetos que podem ser apoiadas: • Infraestrutura básica acessível: água potável, esgoto, saneamento, transporte etc. • Acesso à serviços básicos: saúde, educação, assistência médica, financiamentos etc. • Habitação a preços acessíveis. • Criação de emprego. • Comida Segura. • Avanço socioeconômico e empoderamento. Podem ser beneficiários os projetos sociais ligados a: • Pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. 64 • Populações, comunidades excluídas e/ou marginalizadas. • Grupos vulneráveis, inclusive em decorrência de desastres naturais. • Pessoas com deficiência. • Imigrantes e migrantes. • População sub educada. • População carente, devido à falta de acesso à serviços essenciais de qualidade. • Pessoas desempregadas. Uma amostra da importância desses títulos, segundo levantamento da Natixis, Green & Sustainable Hub, Market Data (2018), em 2018, o volume global de emissões aumentou para 16,5 bilhões de dólares em maio de 2018. O grande destaque para as emissões foram os setores públicos com 77%. Do ponto de vista financeiro dos investidores, os títulos sociais oferecem um retorno semelhante à um título convencional de renda fixa. Segundo Simon Bond (2010), da European Social Bond Fund, não é preciso comprometer o lucro dos investidores para se ter um impacto social, e com isso não há motivos para relutar em investir nesse tipo de título. Os títulos sociais reúnem o retorno social e o retorno financeiro, além de representar uma oportunidade de diversificação de portfólio. 65 O mercado dos investimentos de impacto tem ganhado notoriedade, com o maior número de investimentos nos setores de tecnologia da informação e comunicação, saúde, educação e conservação da biodiversidade. Um Novo Foco – Negócios Inclusivos A luta para acabar com a pobreza não é fácil. Criar modelos inovadores, apoiar empresas de grande e pequeno porte, podem beneficiar suas comunidades, enquanto todos podem aumentar seus resultados. Os negócios inclusivos têm um papel significativo na implementação da Agenda 2030, com ações como a redução da pobreza, diminuição das desigualdades e o crescimento econômico sustentável. Podem, ainda, contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os negócios inclusivos impulsionam as forças do mercado de maneira a integrar a “base da pirâmide” econômica. Segundo o International Finance Corporation (2014), 4,5 bilhões de pessoas na “base da pirâmide” gastam cerca de 5 trilhões de dólares, o que representa mais da metade de tudo que é consumido nos países em desenvolvimento e mercados emergentes. Na América Latina, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (2013) a “base da pirâmide” 66 tem mais de 400 milhões de pessoas com menos de 10 dólares por dia. Segundo o Relatório do G20 para a Cúpula de 2016, sobre negócios inclusivos, o Brasil tem cerca de 100 milhões de pessoas vivendo na base da pirâmide. Existem grandes desafios para superar as barreiras dos negócios inclusivos, como a ampliação da oferta de capital e a promoção de um ambiente favorável à disseminação e incentivo do ecossistema. Os negócios inclusivos podem criar oportunidades de emprego e empreendedorismo para essas pessoas que vivem na “base da pirâmide”, sendo direta ou indiretamente, como as cadeias de valor das empresas, sendo fornecedores, distribuidores ou parceiros de negócio. Os negócios inclusivos podem promover o desenvolvimento sustentável nos três pilares: econômico, social e ambiental. Segundo Hart e Milstein (2004), a melhoria das condições de vida é alcançada através do acesso a bens e serviços que anteriormente estavam disponíveis apenas para a classe privilegiada. Segundo Sen (2000), o problema da pobreza extrema é que priva as pessoas da liberdade e que, para reverter isso, é necessário estabelecer condições de acesso à educação, saúde, habitação e geração de renda. 67 Em 2013, foi formada pelos países do G7 e pela Austrália uma Força Tarefa de Finanças Sociais (FTFS), com o intuito de envolver profissionais como catalizadores e articuladores para levar os temas mais críticos sobre negócios inclusivos, à campo. O propósito dessa ação é disseminar e mobilizar as pessoas para a crença de modelos de negócios que envolvam problemas sociais. (FTFS, 2015) Em 2015, essa Força Tarefa foi sucedida pela organização Global Social Impact Investment Steering Group (GSG), onde o Brasil passou a fazer parte, e essa organização passou a ser uma referência global para as melhores práticas e na construção das finanças sociais nos países membros. Pode-se perceber que há inúmeras formas de se aplicar a economia circular dentro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, principalmente no campo de negócios inclusivos, como o melhor acesso à assistência médica e ampliação da rede de atendimento. Exemplo Ilustrativo da Economia Circular – na Vertente Social Segundo Ricardo Abromovai (FTFS, 2015), “Não é possível haver transformação social, se não houver transformação 68 nos modelos de negócios das empresas. Por isso é fundamental que os movimentos sociais cobrem das empresas os valores que queremos ver em toda a sociedade”. Ainda segundo o autor, a economia circular somente terá impacto, caso consiga se apoiar em muita ciência e tecnologia. O relacionamento é essencial para qualquer organização. Se relacionar com apoiadores, fornecedores, financiadores, governo, parceiros e outras organizações é uma necessidade permanente, principalmente nos casos de negócios de impacto social. É importante se lembrar que os negócios de impacto social, por serem uma inovação disruptiva, estão inseridos em mercados ainda não estruturados. Tendo como ponto de partida esses elementos, o estudo que se segue tem como objetivo central dar concretude a uma ideia genérica, como o financiamento de estudos e pesquisas, em negócios de impacto social. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EXEMPLO: INSTITUTO JÔ CLEMENTE – SÃO PAULO No Brasil, a primeira instituição voltada a deficiência intelectual foi criada em 1926, chamada Sociedade Pestalozzi. Em 69 1954 surgia a primeira APAE, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a APAE foi fundada em 1961, com o intuito de promover a prevenção e a inclusão da pessoa com Deficiência Intelectual, disseminando conhecimento do diagnóstico no nascimento,até o envelhecimento, e o desenvolvimento de habilidades que favoreçam o aprendizado, a empregabilidade, a inclusão social e a defesa dos direitos. Em 1976, a APAE de São Paulo trouxe para o Brasil o Teste do Pesinho, que a partir de gotas de sangue coletadas do calcanhar do recém-nascido, consegue detectar doenças e dá a chance do tratamento correto ao paciente. Atualmente, o teste é credenciado pelo Ministério da Saúde como Serviço de Referência em Triagem Neonatal. Romper o ciclo do desconhecimento e cessar a falta de perspectivas e oportunidades, é a maior motivação da APAE de São Paulo, uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que encontra apoio em programas públicos de assistência e nas diretrizes da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Programa Nacional de Direitos Humanos, Plano Viver Sem Limites e Relatório Mundial sobre a Deficiência, por exemplo. 70 Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), a pessoa com deficiência intelectual deve viver na comunidade, nos mesmos ambientes escolares e profissionais que qualquer outra pessoa, mesmo que necessite de suporte. Em 2010, a APAE de São Paulo fechou uma das maiores escolas do Brasil, a Escola Especial, e em 2013 fechou suas oficinas de trabalho. Adotou então, a Metodologia do Emprego Apoiado, criado nos Estados Unidos no final dos anos 70. O novo modelo de trabalho trazia um novo conceito, de que todas as pessoas, independente do grau de severidade de sua deficiência, podem trabalhar, desde que sejam oferecidos os apoios necessários. Esse movimento fez com que centenas de pessoas com deficiência intelectual fossem incluídas em empresas públicas e privadas. Em novembro de 2019, o Instituto Jô Clemente passou a ser responsável pelas atividades da APAE São Paulo, e do Instituto de Ensino e Pesquisa APAE DE SÃO PAULO. O nome foi inspirado na dona Jô Clemente, uma das principais defensoras dos direitos das pessoas com deficiência intelectual no Brasil. O Instituto Jô Clemente atua do nascimento ao processo de envelhecimento, desenvolvendo habilidades e potencialidades que favoreçam a escolaridade, o Emprego Apoiado e assessoria 71 jurídica às famílias sobre os direitos das pessoas com deficiência intelectual. Segundo informações do Instituto Jô Clemente, o projeto Emprego Apoiado incluiu oito jovens com síndrome de down em empresas parceiras no ano de 2019. No mesmo ano, o Instituto incluiu 507 pessoas com deficiência intelectual em 50 empresas e órgãos públicos em São Paulo. Ainda, no sentido de fortalecer a Causa da Deficiência Intelectual, foi criado o Instituto de Ensino e Pesquisa com o intuito de produzir e disseminar conhecimento que permitam estimular discussões, e possam evoluir e compartilhar as práticas de atendimento entre as demais instituições que trabalham com Deficiência Intelectual, ampliando seu impacto social. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2014, o custo estimado para criar uma criança, do nascimento aos 18 anos, seria cerca de US$13.333,00 por ano. Quando se trata de uma criança com deficiência intelectual, esse custo pode chegar a US$ 17.000,00 por ano, com terapias ocupacionais, comportamentais e de habilidades, dentre outras despesas. 72 Novas Formas de Captação de Recursos para a Organização: Exemplos da Empresa Social Finance Ltda A dependência financeira do Instituto Jô Clemente por recursos do governo, tem sido reduzida com a criação de novas formas de captação e sustentabilidade. O instituto conta com diversos parceiros e bem feitores que todos os meses aportam recursos na instituição, com o intuito de financiar as pesquisas no campo da Deficiência Intelectual. Mas é possível ajudar mais, o Instituto possui diversas frentes de pesquisa que, ao evoluírem, podem trazer grandes benefícios não só para a comunidade onde está inserida, mas gerar um grande impacto social global. Diversas poderiam ser as respostas de como ajudar mais, e neste trabalho serão apresentados os instrumentos dos Títulos de Impacto Social, como forma de ampliar a atuação do Instituto Jô Clemente. Para demonstrar como utilizar esses recursos no Instituto Jô Clemente, utilizou-se informações da empresa Social Finance Ltd., uma organização sem fins lucrativos, baseada em Londres, que possui parcerias com o governo, o setor social e a comunidade financeira, e tem como objetivo encontrar melhores maneiras de lidar com problemas sociais no Reino Unido. 73 A Social Finance Ltd. definiu seis áreas para ajudar pessoas com problemas graves de saúde mental a voltar ao trabalho. Em 2015, foi criada uma Parceria de Saúde e Emprego visando inserir pessoas com problemas de saúde mental e outros grupos com condições de deficiências, em empregos apoiados de qualidade. Essa parceria é suportada por um conjunto de capital de investimento com motivação social, com contratos flexíveis e baixo risco. Segundo levantamento da Social Finance Ltd. (2017), apenas 37% das pessoas com problemas de saúde mental possuem emprego remunerado. Para pessoas com doenças mentais mais graves, esse percentual cai para 7%. A Parceria de Saúde e Emprego visa ampliar o modelo de empregos de qualidade, combinados com financiamento nacional e privado. Apoiado por investimentos socialmente motivados, baseiam-se em resultados para ampliar os serviços de emprego apoiados. Segundo a Social Finance Ltd. (2017) já foram captados 2,2 milhões de libras em financiamento, com fundos provenientes do Big Lottery Fund e do Social Outcomes Fund do governo. Uma abordagem baseada em resultados, onde se pagam apenas por resultados demonstráveis, está se tornando, cada vez mais, atraente no campo dos Títulos de Impacto Social. Nessas 74 operações, o governo, ou empresa que necessite de financiamento, concordam em recompensar os investidores, caso os objetivos definidos sejam alcançados e apresentem resultados sociais. Pelo lado dos investidores, ajudam a supervisionar as atividades propostas na emissão dos títulos. Os investidores sociais buscam retorno financeiro e social, e podem ser fundos de caridade, fundações, indivíduos e fundos de investimento social. Nesse desafio, o governo do Reino Unido lançou em 2012 o Social Outcomes Fund, com capital inicial de £20 milhões, com o intuito de fornecer fundos adicionais ao desenvolvimento de Títulos de Impacto Social. Em 2013, lançou um novo fundo chamado de Big Lottery Fund com capital de £40 milhões. Seguindo o modelo do governo do Reino Unido, surgiu em 2012 o Big Society Capital, uma instituição financeira independente, que tem como missão conectar capital, ferramentas e ideias para melhorar a qualidade de vida das pessoas no Reino Unido. Trata-se de um investidor social com intuito de investir em fundos e apoiar o crescimento do mercado de investimento de impacto social. Um dos seus projetos é a prevenção de problemas de saúde mental. Com a combinação de pesquisas acadêmicas, inovação tecnológica e investimento, acreditam que há um grande 75 potencial para abrir novas oportunidades na prevenção de problemas de saúde mental e poder ajudar muitas pessoas. A colaboração levou a um projeto piloto, cujo financiamento subsidiou 12 pesquisas para testar o impacto dos produtos e serviços que poderiam ser oferecidos. Essas pesquisas trabalham com ferramentas digitais e podem ajudar a resolver problemas de saúde mental desde o nascimento à infância, e durante a vida laboral, com soluções como o bem-estar dos funcionários. Os Títulos de Impacto Social foram desenvolvidos como uma resposta aos desafios impostos pela falta de cultura de rentabilidade em projetos e programas preventivos. O financiamento de risco e o capital de giro são fornecidos por investidores socialmentemotivados, que receberão seu investimento de volta se os resultados forem alcançados. Todo esse processo de financiamento precisa levar em conta algumas questões, como a previsão e o planejamento de cenários. É necessário se ter processos orçamentários coerentes, que permitam planejar e demonstrar o impacto de suas ações em comparação ao cenário base existente. 76 Outra questão é o desenvolvimento de um sistema robusto de gestão de desempenho, focado em resultados, que possam ser aplicados a investimentos em serviços sociais. Com base nesta experiência do Reino Unido, é possível pensar em outras estruturas de investimentos, capazes de dar suporte as atividades do Instituto Jô Clemente e ampliar sua atuação na comunidade. Algumas estruturas de investimentos que podem ser adotadas no Instituto Jô Clemente. Quadro 1| Estruturas de investimentos Estruturas de Investimentos 1) Investimento governamental: a estrutura de financiamento apoiada por uma autoridade local pode ser ampliada através da constituição de um fundo para captar recursos, público ou privado, aos moldes do Fundo 157 – espécie de fundo de ações, onde os investidores aplicavam em cotas de uma carteira de companhias abertas e tinham o benefício fiscal de descontar de 2% a 4% do Imposto de Renda a pagar. Outra forma é o direcionamento dos prêmios de loteria não resgatados para essa finalidade. 2) Investimento privado: as empresas parceiras do instituto já se beneficiam dos incentivos fiscais, conforme legislação vigente. Com a emissão de um Título de Impacto Social, pode-se captar mais recurso, além dos que já recebem, e os investidores poderiam receber uma remuneração pelo capital. 3) Financiamento Misto (Blended Finance): esse tipo de 77 investimento pode ser entendido quando algum órgão de desenvolvimento oferece um capital mais paciente, ou em alguns casos, a fundo perdido para projetos considerados de alto impacto. O objetivo desse tipo de investimento é dar a oportunidade da empresa de se desenvolver até que consiga receber investimentos de outras fontes do mercado. 4) Empréstimos por Crowdfunding: os financiamentos coletivos, permitem que a empresa capte com um grupo de pessoas através de plataformas de crowdfunding, não necessitando ficar presas a instituições financeiras, ou investidores qualificados ou profissionais. 5) Investidores internacionais: pessoas ou empresas que residem no exterior, com interesse em aplicar recursos em projetos de impacto social, podem aplicar em títulos de impacto social emitidos pela instituição, e receber uma remuneração pelo capital aportado. Fonte: Elaborado pela autora (2021). Pensar em negócios de impacto social como elementos estruturadores de ecossistemas e novos mercados, significa entender como a política de relacionamentos é um tema tão essencial quanto as parcerias propostas pela inovação. O próprio ecossistema onde a empresa está inserida vai “entender” que essa mudança é necessária, criando condições necessárias para o nascimento de novas soluções e novos modelos de negócio. 78 Os negócios de impacto social precisam entregar à sociedade soluções inovadoras, com custo aderente, para problemas sociais reais, demonstrando a habilidade em aproveitar lacunas no mercado e ainda pouco exploradas. Neste ponto, a economia circular e os negócios de impacto social se interligam em ações de responsabilidade social, demonstrando que a empresa está preocupada com o impacto de sua presença na sociedade. As estruturas propostas de investimento, não são únicas, mas podem auxiliar o Instituto Jô Clemente nos seus objetivos, trazendo grandes resultados à sociedade e às pessoas assistidas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O ano de 2020 deixará grandes transformações na humanidade, não só pela quantidade de pessoas infectadas e mortas, mas pela união dos países ao redor do mundo no compartilhamento de informações, suprimentos e profissionais. A disseminação da Covid-19 pelo mundo tem causado impacto no mercado global, impactando do pequeno ao grande país, e pessoas de todas as classes sociais. 79 Desde março de 2020, quando a pandemia se intensificou nos Estados Unidos, as Bolsas de Valores do mundo afundaram diante do medo crescente das consequências econômicas das medidas de contenção. Estima-se que o impacto gerado pela pandemia chegue aos US$ 5 trilhões ao redor do mundo, segundo a economista-chefe do Citigroup, Catherine Mann (2020). O impacto causado pelas medidas de restrição de circulação, fechamento de comércio e empresas, além de obrigar os cidadãos a ficar em casa, poderá trazer à tona a recessão de 1930 e a crise do Subprime de 2008, nos Estados Unidos. Segundo Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (2020) “Calculamos que, para cada mês de quarentena, haverá uma perda de dois pontos percentuais no crescimento anual do PIB. Somente o setor do turismo enfrenta uma diminuição da produção entre 50% a 70% nesse período. Muitas economias cairão em recessão”. No mercado de capitais, o impacto é direto, já que a grande maioria das empresas negociadas nas bolsas de valores, também estão sendo afetadas pelas decisões de contenção. Mas a pandemia também nos trouxe uma nova forma de pensar e viver, dando à humanidade a oportunidade de redefinir 80 seus valores e se planejar para próximos desafios. Com a reclusão, pudemos rever nossos hábitos de consumo, o volume de lixo gerado, a quantidade de roupas que não precisamos etc. Outro ponto que se pode observar é a forma de transporte e comércio de animais, seja para medicamento, como animal de estimação ou para consumo como alimento. Durante anos os habitats foram destruídos para se tornarem paisagens, cidades ou lavoura. Hoje em dia, o efeito “transbordamento zoonótico” pode trazer problemas globais em muito pouco tempo. Os danos causados ao planeta anualmente, é um sinal de alerta às mudanças climáticas, que podem ser graduais e durarem gerações. É impossível transformar florestas em pasto, sem perceber o impacto que essa ação tem sobre o clima ou no ecossistema. A economia linear de forma exploratória, tem gerado a perda da capacidade de armazenamento de carbono, levando ao aquecimento da temperatura global. Não pensar no ecossistema aumenta os riscos de inundações, incêndios, faz aparecer novas doenças, das quais não saberemos lidar e causarão grande impacto na vida de todos. Diante desses cenários adversos, cresce o número de ações coletivas e solidárias, apoiando os mais vulneráveis e que precisam de ajuda imediata. A pandemia trouxe à tona a discussão de como, 81 governos e sociedade civil, pode ajudar uns aos outros, independente de fronteiras. O governo da Alemanha, atendendo a pedido dos países mediterrâneos, começou a discutir a emissão de um “Corona Bond” para socorrer esses países e ajudá-los a enfrentar os efeitos da pandemia. No Brasil, uma parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas – CMB e outras empresas privadas fundaram o Fundo Filantrópico Salvando Vidas, voltado para o enfrentamento da Covid-19. O principal objetivo do fundo é unir esforços, recursos e inteligência para apoiar hospitais filantrópicos brasileiros. O presente trabalho considerou alguns dos principais aspectos da Economia Circular como a solução prática para o esgotamento de recursos do planeta. Manter os recursos nas cadeias produtivas pelo maior tempo possível, estendendo a vida útil dos produtos por meio de reparos e reciclagem de materiais é uma das principais frentes da Economia Circular. O modelo constrói uma mudança sistêmica que, a longo prazo, gera oportunidades de negócios, proporcionando benefícios ambientais e sociais.82 A partir dos autores pesquisados, é possível afirmar que a Economia Circular é um conceito estratégico baseado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem, tornando-se um elemento chave para promover o crescimento econômico sem que isso represente um aumento no consumo de recursos.Com base na pesquisa exploratória do tema (Economia Circular), é possível concluir que ele ultrapassa o foco nas ações de gestão de resíduos e reciclagem, é uma nova forma de pensar o nosso futuro e como nos relacionamos com o planeta. A inovação disruptiva pode se tornar um dos principais elementos para a transição do modelo econômico. Podemos caminhar, cada vez mais, para a economia circular, com menos consumo, cidades e indústrias mais sustentáveis, que promovam a regeneração dos ecossistemas em que estão inseridas. A população tem papel chave nesse processo de migração para a economia circular, focando no coletivo e se dedicando ao próximo. O exemplo do Instituto Jô Clemente foi fundamental para mostrar a aplicabilidade dos conceitos pesquisados, e permitiu indicar a adoção de medidas da economia circular no contexto social brasileiro, onde os Negócios de Impacto Social podem se 83 tornar grandes vetores para a mudança de finanças sustentáveis imprimindo esforço positivo na vida de milhões de pessoas. Como o tema ainda é muito novo, no cenário das organizações brasileiras, a própria proposta de novas fontes de financiamentos, com títulos sociais, para o Instituto Jô Clemente, configura uma inovação e por isso foram utilizados dois exemplos do Reino Unido, do Social Finance Ltd. e do Big Society Capital. Empresas que possuem como prerrogativa a inovação social, com o desenvolvimento de soluções efetivas para questões sociais e ambientais, disseminando a cultura da doação e investimento com perspectiva de impacto positivo. Acredita-se que as indicações e proposições deste estudo sejam implementadas pelo Instituto Jô Clemente, dado o comprometimento dos gestores em aumentar o impacto de suas pesquisas e projetos na sociedade. Os títulos sociais trarão ao Instituto uma visibilidade ao mercado financeiro, podendo atrair um novo pool de investidores preocupados com a aplicação de seus recursos em empresas com alto grau de governança e projetos de impacto social. Enfim, foi possível verificar que o conceito de Economia Circular se aplica à diferentes realidades, permitindo a mudança de visão e principalmente causando impactos visíveis para a sociedade 84 e organizações. No caso do Instituto Jô Clemente, os impactos perante a comunidade e pessoas assistidas, pode tomar uma dimensão estratégica a partir de uma visão ampla, em que todos os envolvidos passam a se beneficiar. 85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. OCDE avalia impactos do confinamento nas grandes economias. 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-03/ocde- avalia-impactos-do-confinamento-nas-grandes-economias. Acesso em: 01 mai. 2020. BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. BID promove negócios socialmente inclusivos na América Latina. 2013. Disponível em: https://www.iadb.org/pt/noticias/comunicados-de- imprensa/2013-06-06/mercado-da-base-da-piramide-na-america- latina%2C10474.html. Acesso em: 02 mai. 2020. BARBOSA, S. ESG: conheça o critério que guia investimentos com foco em sustentabilidade. 2019. Disponível em: https://www.napratica.org.br/esg-investimento-foco-em- sustentabilidade/. 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Passou do conceito de ser uma tentativa de negócio para um modelo bem estruturado, organizado e cada vez mais promissor. Enquanto solução estratégica, o franchising2 se tornou popular entre as organizações. Também é entendido como forma de contribuir com o crescimento 2 Franquia ou franchising é o contrato pelo qual uma das partes (franqueador ou franchisor) concede por certo tempo, à outra (franqueado ou franchisee) o direito de comercializar com exclusividade, em determinada área geográfica, serviços, nome comercial, título de estabelecimento, marca de indústria ou produto que lhe pertence, com assistência técnica permanente, recebendo em troca, certa remuneração (DINIZ, 1996). N 95 econômico da região em que é praticado, estimulando o consumo e gerando novos postos de trabalho. Conforme o Portal SEBRAE (2020), o modelo de franquias é caracterizado pela existência de um contrato, no qual uma empresa, detentora de uma marca ou patente (franqueador), utiliza o Sistema de Franquias visando a expansão de seus negócios, através da concessão a outros (franqueados,) do direito de uso de sua marca ou patente e a exploração comercial de seus produtos ou serviços. Uma vez que o franqueador simular os valores a serem pagos e os resultados a serem obtidos pelos franqueados, o candidato poderá verificar com ele qual o investimento total necessário, incluindo o capital de giro e o ponto comercial em seus cálculos. Figura 1|Processo de franquia Fonte: Sebrae (2020). 96 De acordo com a Franquia de Marketing Digital (2020), um novo conceito de franquias surgiu, devido as novas tecnologias e a necessidade de atrair consumidores no meio digital. Trata-se das franquias digitais, que são modelos de negócios que oferecem produtos e serviços para o ambiente digital, e não dependem de estrutura física. A forma de gestão também pode ser realizada pelo home office e de qualquer lugar do mundo, garantindo flexibilidade e liberdade geográfica. Figura 2|Franquia Digital Fonte: Gpointstudio, Freepik (2021). 97 Este novo modelo de negócios também propicia a competitividade devido ao baixo custo de implantação e rápido retorno sobre o investimento inicial, tornando muito acessível e atrativo para quem deseja abrir seu próprio negócio. Neste contexto de crescimento do mercado digital e do avanço da franchising digital, surge a Frida Underwear, que possui um modelo de negócio inovador e será abordado neste trabalho. A empresa Frida Underwear, comercializa roupas íntimas, iniciou com foco no público feminino, trazendo em sua essência o propósito do empoderamento feminino a partir da valorização do corpo da mulher de forma real como se observa na figura a seguir. Figura 3|Editorial Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). 98 O objetivo deste trabalho é analisar a gestão estratégica da Empresa Frida Underwear, seu modelo de negócios de franquia digital e suas perspectivas futuras. Como objetivos específicos, tem-se: 1) apresentar a gestão estratégica da empresa; 2) analisar como a empresa se comporta nos meios digitais; e, 3) apresentar o processo de franchising utilizado para crescimento da empresa. A proposta de franquia voltada para o público feminino vem ao encontro de uma série de políticas econômicas e sociais que, nos últimosanos, estão mostrando o avanço das mulheres brasileiras e também da modalidade de comercialização digital, em que a compra e venda dos produtos é focada no mercado on-line. O crescimento do mercado digital aumentou durante a pandemia da Covid-19, em decorrência da mudança de hábitos de compra dos consumidores. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM, 2020), de janeiro a novembro de 2020, as vendas pela internet movimentaram R$115,33 bilhões no Brasil. O fechamento do comércio físico e as restrições impostas à circulação de pessoas durante a pandemia de coronavírus alavancaram o volume de vendas na internet. Foram realizados, até novembro de 2020, 274,4 milhões de pedidos on- 99 line, acréscimo de 70,3% frente ao ano anterior. A Abcomm estima que, desde o início da crise sanitária, mais de 11,5 milhões de brasileiros fizeram a primeira compra pela internet, ou seja, o volume de negócios é recorde (SOARES, 2020). Figura 4|Compras on-line Fonte: Senivpetro, Freepik (2021). Neste contexto de crescimento do mercado digital, do avanço da franchising e da valorização da mulher no mundo dos negócios, este estudo abordará a estratégia da empresa Frida Underwear no atual mercado. A seguir, podemos ver um exemplo das campanhas da marca que aborda modelo descontextualizando o cenário atual, já 100 que está lendo o jornal da manhã com sua lingerie, colocando a mulher assim, com perfil inteligente, que procura estar antenada as notícias e não só as revistas de moda. Além de ser sexy e gostar de se cuidar. Figura 5|Editorial Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). Este trabalho se justifica pela relevância do tema e a necessidade de fazer uma análise estratégica da empresa Frida Underwear a partir da visão tanto dos franqueados, quanto da própria franqueadora. Como se trata de um negócio em crescimento e inovador, entende-se ser de suma importância esta pesquisa, que trará subsídios teóricos ao tema de gestão, bem como a verificação da prática organizacional, a partir do estudo de caso da empresa. 101 Metodologia da Pesquisa Conforme Lakatos & Marconi (2002, p. 15), “a pesquisa trata de uma questão minuciosa ou um exame exaustivo que visa procurar os fatos e princípios. Pesquisar não é apenas buscar a verdade, mas também encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos”. Conforme Yin (2001), o estudo de caso se caracteriza pelo estudo profundo dos fatos de investigação, possibilitando amplo conhecimento da realidade e dos fenômenos pesquisados. “Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2001, p. 33). Para Triviños (1987), o estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Nesse sentido, Schramn (apud YIN 2001, p. 31), complementa afirmando que essa estratégia “tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados”. O estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que possui uma vantagem específica quando: “faz-se uma questão tipo ‘como’ 102 ou ‘por que’ sobre um conjunto contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle” (YIN, 2001, p. 28). Laville e Dionne (1999) também apontam as conclusões dificilmente generalizáveis como a principal censura feita ao método de estudo de caso, porém, defendem a ideia de que a vantagem mais marcante dessa estratégia de pesquisa repousa, na possibilidade de aprofundamento que oferece, pois os recursos se veem concentrados no caso visado, não estando o estudo submetido às restrições ligadas à comparação do caso com outros casos (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 156). A empresa estudada foi a franqueadora da marca Frida Underwear, com sede em Dois Irmãos/RS. Foram realizadas entrevistas com as franqueadas, sendo utilizado questionário de perguntas semiestruturados, de caráter qualitativo. A amostragem contou com as 10 franqueadas da marca (número total de franqueadas até o período da entrevista), que receberam o formulário por e-mail através da ferramenta google docs. O formulário foi encaminhado no mês de dezembro de 2020 de forma restrita. As franqueadas não precisaram se identificar, e foi criado de forma privada para elas não terem acesso as respostas das demais, e não se influenciarem umas com as outras. 103 Após a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos indicados por Lakatos & Marconi (2013), os questionários foram elaborados e classificados de forma sistemática. Antes da análise e interpretação, os dados seguiram os seguintes passos: seleção, codificação e tabulação, que se encontram nesta pesquisa como mostra o mapa conceitual da pesquisa. Figura 6|Mapa conceitual metodologia de pesquisa Fonte: Elaborada pela autora (2021). 104 Ainda de acordo com Lakatos e Marconi (2013), a interpretação é a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Em geral, a interpretação significa a exposição do verdadeiro significado do material apresentado, em relação aos objetivos propostos e ao tema. Esclarece não só o significado do material, mas também faz ilações mais amplas dos dados discutidos. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Funções da Administração Conforme Magretta (2002), as organizações são criadas para atingir objetivos que sozinhos não seriam possíveis. Envolve o desempenho conjunto de custo, tempo e satisfação. Ou seja, no tempo certo e melhor possível, a um custo conveniente e menor possível, visando a satisfação dos consumidores, clientes, proprietários, acionistas e investidores. Como a gestão significa alcançar os objetivos organizacionais, o que representam os objetivos são os valores. Atualmente a gestão está vinculada a criar, desenvolver ou agregar 105 valor a uma organização. De acordo com Porter (2004) e a sua teoria de Vantagem Competitiva, a cadeia de valor é a sequência de atividades e fluxos de informações que uma empresa e seus fornecedores devem executar para projetar, produzir, comercializar e entregar seus produtos e serviços. Conforme Kotler (2012), o valor é a razão entre o que o cliente, consumidor, proprietário ou acionista recebe e o que ele dá em troca (qualidade, preço, conveniência, lucro). As organizações modernas apresentam cenários cada vez mais conscientes da necessidade de organização de seus processos de gestão, porque o alcance de resultados está diretamente associado à definição de indicadores e caminhos mais enxutos possíveis, com maior produtividade e menor custo. Neste sentido, para instituições que já atuam no mercado, compreender suas dificuldades e gargalos pode oportunizar de maneira assertiva correção de processos e melhoria no alcance de objetivos organizacionais. Toda organização possui operações ou procedimentos que agregam valor a seus clientes. Em indústrias, esses procedimentos são bem visíveis e costuma-se utilizar o nome de produção ou administração de produção. Assim, mediante uma série de atividades é natural que o resultado obtido seja mais valioso que os 106 insumos iniciais. A ideia de produção ou operações, também se estende a serviços. Estes métodos em geral, estão associados a alguma expertise técnica. Um aspecto essencial são as pessoas que constituem, que fazem parte da organização e que lhe dão vida. Essas pessoas têm suas expectativas, seus sonhos e ambições, e é necessário que os objetivos propostos pela organização de alguma maneira,respondam a seus projetos pessoais. Ou seja, a organização deve desenvolver mecanismos para alinhar o comportamento das pessoas a seus objetivos e, ao mesmo tempo, ser instrumento para seu desenvolvimento pessoal (ROCHA, 2012). Ainda de acordo com o autor, a área financeira constitui elemento crítico, em organizações privadas, essa área representa um dos principais objetivos, que é gerar lucro para que possa ser reinvestido no negócio e trazer retorno aos proprietários. Sendo a tarefa mais importante de um administrador: criar valor para a empresa com as atividades de orçamento de capital, estrutura de capital e capital de giro da mesma. A noção hoje, talvez mais difundida das funções de administração, é a de Schumpeter (1961), que propõe ao empreendimento a tarefa de reformar ou revolucionar os padrões de produção pela exploração de invenções ou, mais geralmente, de 107 possibilidades tecnológicas ainda não tentadas na produção de uma nova mercadoria, ou de mercadorias conhecidas por métodos novos; tentando novas fontes de matéria-prima; abrindo novas vias de distribuição para seu produto; reorganizando sua indústria; e assim por diante. O atual contexto veio a acrescentar novos desafios, tornando demasiado exigente a gestão de recursos e posicionamento das instituições nos mercados altamente competitivos, antecipou a emergência e avanços em diversos domínios, e alterações expressivas nas organizações e mercado de trabalho. Num ápice, a Covid-19 pôs em causa a economia, a produção e prestação de serviços. As empresas terão de optar por modelos mais colaborativos e em rede, ancoradas em estruturas flexíveis e suportadas numa liderança caracterizada pela vontade de aprender, adaptar-se e desafiar os seus próprios modelos conceituais e operacionais. Emerge a necessidade de uma liderança visionária, de exemplo, de proximidade, de coragem, autêntica, sensível às necessidades dos liderados e a (re)humanização da gestão de pessoas (GONÇALVES; PASSOS, 2020). 108 Figura 7|Liderança colaborativa Fonte: Senvpetro, Freepik (2021). Liderança, organização e inovação são objetivos que se deseja reconhecer nos administradores, públicos e de empresas. Entre os administradores de empresas estas características são tanto mais necessárias quanto estejam eles expostos a situações de concorrência agressiva, em que a linha divisória que separa o sucesso do fracasso se desenha ao longo da medida em que sejam capazes de liderar, organizar e inovar. 109 Áreas Funcionais de uma Organização Conforme Maximiano (2006), uma organização é um sistema que visa realizar algum tipo de objetivo ou conjunto de objetivos. Além dos objetivos, precisa de recursos, processos de trabalho e divisão das atividades. Toda organização precisa de recursos humanos, materiais, financeiros, informacionais, espaciais e temporais. Além dos recursos necessita transformá-los através dos processos e divisão do trabalho para obter ao final, os produtos e serviços. Figura 8|O pensamento da empresa Fonte: https://fridaunderwear.com.br/ 110 Para Maximiano (2006), dentro das organizações existem as funções organizacionais, que são as tarefas especializadas que as pessoas e os grupos precisam executar para atingimento dos objetivos propostos. As principais funções de uma organização são: produção (ou operações), marketing, pesquisa e desenvolvimento, finanças e recursos humanos. Na função de produção, o objetivo é transformar recursos em produtos ou serviços, que serão entregues aos clientes, usuários e público-alvo da organização. Para a elaboração de produtos, as matérias-primas são transformadas pela aplicação do esforço das pessoas e uso de máquinas. Na prestação de serviços, os próprios clientes estão envolvidos no processamento. Na função do marketing, o objetivo é estabelecer e manter a ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários e público-alvo. A função de marketing é muito ampla e abrange atividades como: • Pesquisa de mercado: para identificar as necessidades e desejos dos futuros consumidores; • Desenvolvimento de produtos e serviços: que envolve a criação, incluindo marcas, embalagens, preços e o fornecimento de informações para o desenvolvimento e criação. 111 • Distribuição: envolve o desenvolvimento de canais de distribuição e também a gestão dos pontos de vendas. • Preço: envolve as estratégias de definição de preços no mercado e as políticas comerciais. • Promoção: envolve a comunicação com o público-alvo, através de atividades como propaganda, publicidade, promoção e pontos de vendas. • Vendas: diz respeito a todas a ações voltadas a comercialização dos produtos e serviços de uma organização. Como vemos na figura a seguir um exemplo de anúncio de venda de franquias da marca. De acordo com Kotler e Keller (2012), as empresas estão sendo atingidas por uma concorrência jamais registrada em décadas passadas. Para competir com essa concorrência e melhorar o desempenho da organização, é necessário estudar o mercado e ter um parâmetro de todas as inovações executadas na concorrência, e assim construir um plano de ação para ganhar da concorrência. 112 Figura 9|Anúncios Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). No departamento financeiro, o objetivo é a proteção e utilização eficaz dos recursos financeiros de uma organização. O financeiro precisa manter um grau de liquidez para que a organização consiga cumprir seus compromissos. A função financeira abrange decisões de investimentos, financiamento, destinação de recursos, controle e organização financeira Na função de Recursos Humanos ou gestão de pessoas, o objetivo é atrair, desenvolver e manter as pessoas que a organização precisa. É uma função muito ampla e envolve: • planejamento de pessoas: definição da quantidade e qualidade das pessoas que devem trabalhar na organização e as competências que elas devem ter; • recrutamento e seleção de pessoas: envolve a busca e escolha das pessoas com as habilidades e competências adequadas para cada função da organização; 113 • treinamento e desenvolvimento: envolve os cursos e capacitações para desenvolver as pessoas internamente; • avaliação de desempenho: envolve um conjunto de ferramentas para mensurar o desempenho das pessoas e encaminhar para o desenvolvimento adequado; • remuneração: definição dos mecanismos de recompensa das pessoas no trabalho. As organizações precisam estar estruturadas com suas funções, de forma a conseguir obter os resultados almejados. Cada área precisa trabalhar integrada com as demais, para que se tenha uma visão sistêmica tanto interna quanto externa. Figura 10|Consultora expansão Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). 114 A busca por gestão de desempenho pode estar associada a diversos aspectos de uma empresa, tais como: Gestão Operacional, Gestão Financeira, Gestão de Pessoas e Gestão de Marketing. No que se refere à gestão operacional, que é responsável pelo gerenciamento de uma organização, no que se refere a todas as ações que executa, tem-se a concepção da necessidade de compreender o processo produtivo e os processos de suporte da empresa, assim como suas formas de relação, seus organogramas e fluxogramas de ações essenciais e complementares. Bem como, as diretrizes organizacionais que permeiam todas as atividades da empresa. Esta compreensão detalhada oportuniza visão holística da identidade da organização, e mapeamento de possíveis oportunidades de melhoria. É fundamental que seja de conhecimento de todos os níveis da empresa, sejam eles estratégico, técnico ou operacional, bem como sejam monitorados e de responsabilidade compartilhada, na busca por melhoria contínua.A gestão financeira está associada a análise de todas as ações que visam planejamento, execução e controle de indicadores financeiros. É através dela que se verifica rotineiramente a 115 viabilidade de qualquer empreendimento, onde são levantadas informações semanais, mensais, trimestrais, semestrais ou ainda anuais de desempenho financeiro. Este segmento da organização se encarrega de avaliar e enxugar custos, mensurar receita, buscar investimento através da utilização de recursos e ferramentas de controle de entrada e saída, prazos e valores exato, controle de estoque e movimentação, contas a pagar e receber, despesas fixas e variáveis etc. Assim, os dados assertivos são de fundamental importância para alcance de resultados efetivos. A gestão de pessoas é responsável pela definição das estratégias de captação e desenvolvimento do capital humano nas organizações. Não se resumem somente às rotinas de departamentos de recursos humanos, e sim, incluem quaisquer práticas que visem desenvolvimento organizacional humano. Atualmente, apresenta grande relevância nos estudos e práticas relacionadas à gestão de desempenho, já que os processos que são essenciais em qualquer empresa, são conduzidos por pessoas, e quanto mais motivados, engajados e especializados os profissionais, mais garantia de efetividade nos resultados a organização possui. 116 A gestão de marketing ou mercadológica é responsável pelas ações estratégicas de pesquisa, planejamento, definição de metas, objetivos e indicadores, execução e ajustes de processos que visam trazer resultados através das relações com o mercado. O bom gerenciamento destes aspectos é fundamental, e garante que a empresa agregue valor ao que oferece e desempenhe os melhores resultados possíveis. Planejamento e Gestão Estratégica Diversas forças que atuam nos ambientes das organizações impõem mudanças que exigem planejamento, administração e controle. O mundo dos negócios precisa antecipar possíveis surpresas, daí a necessidade de as organizações otimizarem recursos (pessoas, tempo, recursos financeiros e outros recursos materiais), e utilizarem processos que possam determinar objetivos e como atingi-los. 117 Figura 11|Planejamento de estratégias Fonte: StartupStockPhotos, Pixabay (2021). Até a segunda fase da Revolução Industrial, que começou na segunda metade do século XIX, e só decolou no século XX, o termo estratégia não estava associado aos negócios, mas sim ao conceito criado pelos gregos, de magistrado ou comandante/chefe militar. Pode -se concluir então, que até 1850 o termo estratégia foi associado apenas a interpretações militares, e mesmo na Revolução Industrial, pouca importância teve para os negócios, tendo em vista que, apesar da concorrência da época, os mercados estavam em formação e a demanda era crescente (DECOURT, 2012). 118 Figura 12|Plano Schlieffen Fonte: Wikipedia, disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Schlieffen. Nessa fase de maturação dos mercados, pouco se pensou em estratégia associada aos negócios. A escassez de compreensão do funcionamento e das leis de mercado, também em formação, não demandava o conhecimento estratégico (DECOURT, 2012). Ainda de acordo com Decourt (2012), nas últimas três décadas, a busca incessante do aumento da produtividade, da maior qualidade e do melhor uso do tempo fez com que uma enorme quantidade de ferramentas e técnicas dominasse o ambiente gerencial nas empresas. Historicamente essa evolução, apresentou-se após a II Guerra Mundial, em que o pensamento https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Schlieffen 119 estratégico, tanto no âmbito empresarial quanto no militar, foi essencial, porque tornou decisiva a questão de alocação de recursos, nem sempre disponíveis com facilidade no momento necessário. O ambiente turbulento que tem caracterizado recentemente a economia mundial e brasileira, traz como consequência descrença em desenvolver planos estruturados de negócios e usar a gestão estratégica como ferramenta de administração, seja para o empreendedor ou para o administrador. O século XXI trouxe novos horizontes como a globalização, a revolução tecnológica, a inovação em diversos setores econômicos, a explosão de novos produtos e serviços que utilizam recursos organizacionais, e, a velocidade com que as decisões precisam ser tomadas. Um importante tema que trata das mudanças no ambiente competitivo e que pode afetar o futuro dos negócios, são os avanços tecnológicos. Pois, trazem impacto na natureza da concorrência e no contexto de atuação da organização ou indústria. Assim, o uso da tecnologia, a era de informação e a gestão do conhecimento podem ser consideradas as tendências principais que operam nas mudanças dos modelos de negócio em ambiente concorrencial (FILHO, LUDOVICO, 2018). 120 O processo de gestão estratégica, analisa a importância das empresas considerarem frequentemente as forças causadoras de mudanças, suas tendências e impactos, que exigirão formulação de estratégias e competências para adicionar valor no negócio. Dentro do conceito de gestão estratégica, surge a ideia de análise do ambiente interno e externo das organizações. A análise SWOT (Strengths - Forças, Weaknesses x Oppotunities o Oportunidades e Threats - Ameaças), é uma ferramenta muito utilizada desde a década de sessenta e muito debatida pelas escolas de administração, por representar um diagnóstico simples, de avaliação dos principais pontos estratégicos de uma organização, permitindo que ela faça uma análise olhando para dentro e para fora (FAGUNDES, 2010). Atualmente, diante do mercado competitivo, é muito importante para as organizações, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, fazer uma avaliação de suas principais forças e fraquezas internas e também diagnosticar as ameaças e oportunidades do mercado. Na concepção de Oliveira (2007, p. 37) a análise SWOT significa: 121 1. Ponto forte é a diferenciação conseguida pela empresa, que lhe proporciona uma vantagem operacional no ambiente empresarial. 2. Ponto Fraco é a situação inadequada da empresa, que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente empresarial. 3. Oportunidade é a força ambiental incontrolável pela empresa, que pode favorecer sua ação estratégica, desde que conhecida e aproveitada. 4. Ameaça é a força ambiental incontrolável pela empresa, que cria obstáculos à sua ação estratégica, mas que poderá ou não ser evitada, desde que reconhecida em tempo hábil. De acordo com Filho (2018), dados de empresas norte- americanas que levantam e analisam estatísticas de atividades de negócios naquela economia, concluem que a má administração é responsável por 90% dos fracassos nos negócios. Quase metade desses fracassos é atribuída à tomada inadequada de decisões, e a outra metade se deve a diferentes fatores que se encontram listados a seguir. 122 Quadro 1| Fatores ligados aos fracassos nos negócios Fonte: Filho (2013). 123 Pode-se perceber que esses motivos estão associados com a ausência dos processos estruturados de gestão estratégica, e de seu domínio pelos tomadores de decisão das organizações. A dificuldade de tornar o planejamento um processo sistemático em toda a rede de franquia, está diretamente relacionado com a cultura empresarial, que durante anos existiu no empresário brasileiro, de falta de métodos e disciplina na gestão dos negócios. Dessa forma, criar processos e métricas de avaliações de desempenho pela franqueadora, torna-se fundamental para a perenidade do negócio e, por consequência, para o sucesso de toda rede de Franquias. Além disso, criar ambientes de confiança facilita essa troca de ideias e ampliação do conhecimento, pois onde há confiançahá mais tolerância no relacionamento (FILHO, 2013). Buscar alinhamento entre as relações de franquia em sua visão, negócios, missão e valores, pode ser o diferencial de permanência da marca no mercado, em que a experiência de consumo oferecida pelos franqueados tende a ser alinhada com a promessa de marca da franqueadora. Assim, o planejamento e a gestão estratégica precisam corresponder à execução correta na ponta da missão, visão e valores, para gerar a mesma experiência de consumo em todas as unidades. 124 Marketing Digital De acordo com Kotler (2000), houve mudança dos hábitos de consumo de forma muito rápida, e os novos consumidores procuram facilidades nas suas compras na internet, até mesmo para roupas íntimas. Os consumidores, começaram a utilizar comportamento cauteloso, tendo mais consciência e exigência quanto a suas compras e onde comprar, tendo em vista que conseguem pesquisar diferentes marcas a partir de um único clique. Antes as propagandas tentavam convencer o público-alvo a qualquer custo, atualmente, isso se transformou em estratégias de marketing de conteúdo, agregando valor aos consumidores. A cada dia os clientes estão mais interessados, não somente nos produtos da empresa, mas também na imagem que ela defende. As empresas que desejam ser apreciadas e seguidas, necessitam mostrar que estão se importando com as condições de vida de seus consumidores e seus sonhos. Antigamente, era suficiente fabricar o produto a preços razoáveis, depois se tornou importante incorporar emoções aos produtos e não só funcionalidade. Atualmente, é necessário entender o espírito do ser humano (KOTLER, 2010). 125 Um exemplo é trabalhar o conceito da marca em todo o contexto de dentro e fora da empresa. Na pandemia da covid-19, a Frida Underwear doou lingeries para aumentar a autoestima das profissionais de saúde da região, ressaltando assim o conceito de empoderamento feminino na realidade atual. Na figura a seguir, profissionais da saúde da Prefeitura Municipal de Araricá recebendo doações da marca Frida, em meio a pandemia da covid- 19. Figura 13|Doações para profissionais da saúde Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). Profissionais de marketing do novo milênio reconhecem a necessidade de uma abordagem completa e coesa que transcenda 126 as aplicações tradicionais da orientação de marketing. Ao invés de convencer, o objetivo passou a ser o de conquistar os clientes, entregando para eles informações úteis, que os acompanham durante toda a sua jornada de consumo (KOTLER, 2010). As empresas precisam refletir profundamente sobre como operar e competir em um novo ambiente de negócio. Figura 14|Produção de produto para veiculação em Redes Sociais Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). De acordo com Faustino (2019,) o marketing digital consiste no desenvolvimento de estratégias de marketing com vistas à promoção de produtos ou serviços através de canais digitais, e de https://marketingdeconteudo.com/a-jornada-do-cliente/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost 127 aparelhos eletrônicos, tais como computadores, notebooks, smartphones ou tablets. Em teoria o marketing digital não existe. O que existe é a aplicação dos conceitos de marketing tradicionais e de marketing de relacionamento aos meios digitais disponíveis hoje em dia. É comum confundir o marketing digital com o domínio de uma ferramenta digital, como os anúncios do Facebook Ads ou de Google Ads. Na realidade o marketing digital é muito mais que isso, pois exige conhecimentos técnicos que até então não eram necessários dominar. Para o autor um profissional de marketing digital deverá conseguir conciliar os conceitos de marketing tradicionais com a tecnologia, criando estratégias de comunicação eficazes, aliada ao domínio da tecnologia e dos meios digitais ao seu dispor. Figura 15|Ação Dia da Mulher 2021 Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). 128 Nesse contexto, na figura acima, a ação de Dia da Mulher, em que foi trabalhado nos canais de comunicação da marca, gerações diferentes usando os produtos, procurando conciliar os conceitos de marketing e estratégias de vendas eficazes com objetivos da marca em questão. Este tem sido o contexto dos discursos publicitários de diversas marcas no cenário internacional e nacional. Figura 16|Diagrama Marketing Digital Fonte: Elaborada pela autora (2021). 129 Gabriel (2009) define Marketing de Busca, como um conjunto de estratégias que visam atingir o cliente em potencial, no momento em que ele busca um produto, serviço ou qualquer informação na Internet. As estratégias englobam os links patrocinados e a otimização para sites de busca. A Era da Busca inaugura o crescimento e a disseminação exponencial de conteúdo. Assim, a proposta da Frida Underwear é que o público consiga buscar identificação com o empoderamento feminino e passe a fazer parte deste propósito, alinhado com o marketing 3.0 que segundo Kotler (2010) é centrado em valores. Além da venda que satisfaça o consumidor, o negócio precisa ter um propósito maior: o de transformar o mundo em um lugar melhor. As marcas que estão procurando disponibilizar valor na vida dos consumidores e é isso que a comunicação da marca assim como todo posicionamento vai trabalhar no produto, preço, praça e promoção. A seguir, exemplificado os 4P’s de marketing da marca. 130 Figura 17|4P’s de marketing Fonte: Elaborada pela autora, conforme Kotler (2010). McKenna (2006) destaca que todas as mudanças de paradigmas tecnológicos formaram um diferencial no aumento da comunicação, o que levou à desmassificação dos mercados, à segmentação e ao aumento da individualidade. Portanto, é cada vez mais importante entender as atitudes do consumidor que faz uso de mais tecnologias, tais como o acesso móvel à web, convergência digital, e-commerce, blogs, páginas na Internet e conectividade em redes sociais. O empoderamento feminino faz com que as mulheres busquem engajar a marcas, que “lutem por elas”. A Frida Underwear busca inovação em sua comunicação e conceito de produtos com tamanhos diferenciados, modelos reais e linhas especiais, alinhado à design e conforto, para que mulheres se sintam poderosas também no dia a dia. 131 Figura 18|Editorial Dia dos Namorados Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). A seguir vamos abordar as áreas funcionais de uma franquia. Áreas Funcionais de uma Franquia As áreas funcionais de uma franquia têm que estar alinhadas e conectadas uma com as outras, para crescimento do negócio de franchising. Filho (2013) exemplifica os aspectos e características das franquias. Com uma estrutura organizacional bem desenvolvida, a franqueadora se torna mais eficiente, tanto entre colaboradores, quanto com o mercado. Uma divisão operacional bem definida passa uma credibilidade de organização e boa gestão perante o mercado. 132 Na estrutura organizacional adequada ao modelo de negócio da franquia faz com que a análise de alocação de recursos seja bem-feita. Assim, consegue-se identificar em que ponto há escassez ou desperdício dos recursos da rede, facilitando o controle orçamentário e a tomada de decisão. Assim, é possível desenvolver estratégias de incentivo e motivação, trazendo maior satisfação de colaboradores e resultados no desempenho de cada um. Planejamento estratégico Os objetivos da franquia precisam estar claros a todos os colaboradores. Assim, todos trabalharão para que a visão do negócio esteja sendo aplicada na operação. No planejamento estratégico deverá estar claro os alvos que a franquia deseja atingir para comunicar toda rede. Dessa forma, todas as ações desenvolvidas na organização serão pensadas de acordo com a visão dos gestores.E conforme a estrutura for definida, ela será repassada aos colaboradores progressivamente, até que toda rede compartilhe da mesma visão. 133 Figura19|Planejamento estratégico Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). De acordo com Sebrae (2020), é fundamental definir e compartilhar a missão, a visão e os valores da empresa, para a compreensão e a manutenção do modelo. O Sistema de Franchising requer uma visão de longo prazo, com monitoramento e inovação constantes para adequação da sua estratégia aos desafios do mercado. 134 Capacitação da rede Está cada vez mais clara a necessidade de buscar maior preparo da rede de franqueados, uma vez que representam as marcas perante o mercado consumidor, que está cada vez mais exigente e informado. Transformar franqueados em empresários se torna imperativo, e fazer os mesmos agirem com mais empenho na condução de seus negócios, mas sempre alinhados com a premissa e diretrizes da marca franqueadora. Entender a capacitação como um processo estratégico e não ações pontuais de treinamento e esporádicas, faz a relação a longo prazo se manter saudável. A estratégia e objetivos gerais precisam estar claros para todos os envolvidos, e os programas de capacitação alinhados com essas premissas, com frequência e duração definidas no começo do ano, para permitir maior programação de todos na rede, e uma melhor alocação de custos para a franqueadora, que cada vez mais deve arcar parte desses custos dentro de seus negócios, para poder viabilizar o crescimento que se espera do negócio. Para isso, os treinamentos em franquias cumprem dois objetivos principais: capacitar o empresário para a gestão de sua empresa, e para que ele aprenda os aspectos operacionais da 135 franquia, reproduzindo o modelo e mantendo a padronização dos processos (SEBRAE, 2020). Treinamentos em gestão As franquias têm um índice de mortalidade inferior aos negócios próprios. Esse resultado é devido a alguns fatores, como transmissão de know-how, modelo testado e aprovado, qualidade dos produtos e serviços e o treinamento operacional recebido pelos franqueados. Ainda assim, apesar de ser um negócio com menores riscos, algumas franquias enfrentam problemas que chegam a levar ao fechamento de unidades. As franqueadoras têm percebido que um melhor acompanhamento feito pela consultoria de campo, um diagnóstico detalhado e o treinamento em gestão, têm permitido que suas unidades alcancem melhores resultados (SEBRAE, 2020). Bons treinamentos focados em melhoria na gestão, com bons exemplos, geram resultados evidentes na qualidade de toda a rede, uma vez que desenvolvem competências e aumentam a motivação das equipes para executar as atividades com maior segurança e produtividade. 136 Figura 20|Treinamentos On-line Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). Vamos conhecer os padrões comerciais a seguir. Padrões comerciais De acordo com Sebrae (2020), uma das dificuldades enfrentadas pelas franqueadoras, é a manutenção dos padrões que espera ver preservados nas unidades de negócio que ela comercializa. Mesmo que inicialmente o franqueado queira 137 aprender, e até escolha uma franquia para não precisar iniciar sem experiência própria, com o passar do tempo, com experiência adquirida e por estar em contato direto com os clientes, é comum que ele se sinta capaz de desenvolver ações independentes e que acredite já saber tudo o que o cliente deseja. Muitas vezes, essa percepção difere das determinações da franquia e a manutenção dos padrões fica em risco. Nesta hora, colaboradores da franqueadora terão um papel importante na comunicação com os franqueados e no cuidado para que essas sugestões não afetem a identidade da marca, e continuem a ser replicados por todas as unidades, prezando pela produtividade do negócio em rede. Canais de vendas Equipe Própria: é um canal de vendas diretas, sem o emprego de intermediários. Também podem ser consideradas unidades próprias cujo controle de operações e gestão são da própria empresa, entre elas, filiais, escritórios de negócios ou equipe própria de vendedores. Outro formato de equipe própria pode ser considerados os Key Account Managers (gerente de contas chave), que são responsáveis por grandes clientes estratégicos para 138 a empresa e que demandam um nível de atenção, suporte e relacionamento mais efetivos. E-commerce: é um modelo de canal de vendas a distância que emprega tecnologias de telecomunicações e de processamento de informações para realizar vendas, sem necessariamente precisar haver contato direto com comprador ou vendedor. Pode ser empregado nas relações comerciais entre empresas (business to business), ou para vendas diretamente ao consumidor final, no caso de bens ou produtos de consumo. Atualmente, os sites e os dispositivos móveis conectados, são as tecnologias mais empregadas neste modelo de canais de vendas. Figura 21|Ecommerce Frida Underwear Fonte: www. https://loja.fridaunderwear.com.br/. A seguir, vamos abordar o tema franquias no mundo. 139 O Franchising no Mundo Na década de 50, surgiram grandes redes de franquia nos Estados Unidos que são conhecidas internacionalmente, como é o caso do McDonalds, Burger King e Dunking Donuts. Esta modalidade mercantil foi impulsionada em todo o mundo com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando muitas pessoas procuravam novas oportunidades para se reerguer economicamente (FILHO, 2013). Figura 21|Franchising no mundo Fonte: Rawpixel, Pixabay (2021). 140 A IFA é o órgão internacional de regularização das franquias. Segundo IFA (2020), o Código de Ética da International Franchise Association, tem o objetivo de estabelecer uma estrutura para a implementação das melhores práticas nas relações de franquia dos membros da IFA. O Código representa os ideais que todos os membros da IFA concordam em assinar em seus relacionamentos de franquia. O Código é um componente do programa de autorregulação da IFA, que também inclui revisões dos estatutos da IFA que irão agilizar o mecanismo de aplicação do Código. O Código não tem como objetivo antecipar a solução para todos os desafios que podem surgir em um relacionamento de franquia, mas sim, fornecer um conjunto de valores essenciais que são a base para a resolução dos desafios, que podem surgir em relacionamentos de franquia. Além disso, o Código não se destina a estabelecer normas a serem aplicadas por terceiros, como os tribunais, mas a criar uma estrutura sob a qual a IFA e seus membros se governarão. Os membros da IFA acreditam que a adesão aos valores expressos no Código da IFA, resultará em relacionamentos de franquia saudáveis, produtivos e mutuamente benéficos. O Código, assim como a franquia, é dinâmico e pode ser revisado para refletir os desenvolvimentos mais atuais na estruturação e manutenção de relacionamentos de franquia. 141 Quando se observa marcas mais icônicas, com forte foco e internacionalização, o número de unidades entre implantadas e em processo de abertura chega a quase três por dia, no caso da Seven Eleven – a maior do mundo em número de unidades. Esse apetite por negócios pede um arcabouço jurídico forte, e impressiona como as informações disponibilizadas são transparentes, completas e corretas, principalmente nos processos de expansão – o que nem sempre é a prática das redes franqueadoras do Brasil (IFA, 2020). Entrando no universo de marketing das franquias internacionais, proporcionar uma boa experiência para o consumidor é vital, ainda mais em época pós Coronavírus. De acordo com a IFA(2020), no que tange à conveniência, as franquias saem na frente das demais, atualmente 65% das vendasda Domino´s Pizza já são digitais e por isso a empresa conta com 15 formas de se pedir uma redonda, incluindo WhatsApp, SMS, InBox, criação de Emoji e até um Non-Click App, que basta você abrir e não fazer nada que, em 10 segundos, ele pede sua pizza favorita. https://www.portaldofranchising.com.br/franquia-dominos-pizza-alimentacao/ 142 O Franchising no Brasil O franchising vem provocando uma revolução na realidade social e econômica do Brasil. Nosso país é o terceiro maior mercado de franquias do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e China, com uma tendência de expansão promissória. Figura 22|Franchising planejamento Fonte: Snowing, Pixabay (2021). Há mais de uma década, o seu crescimento, sempre na casa dos dois dígitos, supera o do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, consagrando-se como um setor fundamental para a economia do país, gerando emprego e renda para um número cada 143 vez maior de brasileiros. O negócio de franchising atingiu a maturidade, com centenas e centenas de redes bem-estruturadas, mostrando o Brasil como um país empreendedor e multicultural. A cada momento surgem novos e atraentes segmentos que são robustez ao sistema, temos ainda uma única legislação, o regime simplificado, que favorece ao franqueado e ao franqueador na maioria dos casos e à ascensão das classes sociais C e D no Brasil. Tudo isso garante o desenvolvimento do país. Assim, franchising é um perseguidor de tendências e demandas e está atento ao novo perfil de consumidor (FILHO, 2013). Figura 23|Franchising no Brasil – Principais Marcas Fonte: UOL Economia (2021). Cada vez mais transformar sua empresa em franquia, é a forma mais eficaz, rápida e de menor investimento para fazer 144 crescer sua marca, principalmente se ela estiver consolidada e estruturada. Muitas marcas brasileiras consagradas atuam em diversos países mundo a fora, gerando cases de sucesso sem precedentes em termos de internacionalização. A participação cada vez mais intensa das franquias brasileiras no exterior contribui para consolidar a percepção que o Brasil ampla diversidade produtiva e capacidade de desenvolver produtos e serviços de excelente qualidade, além de credenciar o sistema de franquias brasileiro como um importante patrimônio empresarial, representando uma forma totalmente eficiente e bem sucedida de gestão (FILHO, 2013). A tendência pós crise econômica provocada pela pandemia do covid-19 somada aos mais de 13 milhões de desempregados, pode empurrar muitas pessoas com menos experiência para o empreendedorismo, segundo a discussão da comissão de franquias realizado pela ABF. A micro franquia pode ser um período transitório na vida do empreendedor e pode, ainda, ser uma segunda fonte de renda. Todos esses formatos são legítimos e podem ser lucrativos. Porém, o franqueador deve estar preparado para um turnover maior e para a necessidade de treinamento constante. O modelo de micro franquias cresceu 8% de 2017 para 145 2018, passando de 545 marcas nessa modalidade para 589. Com a realidade financeira recrudescida que se anuncia para os próximos anos, a tendência é que os negócios que exigem menor investimento apresentem um crescimento ainda mais expressivo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA FRANCHISING, 2021). De acordo com dados de 2019 da Associação Brasileira de Franchising (ABF), há mais de 2700 redes de franquias e mais de 160 mil unidades franqueadas. Outro movimento que passou a ocorrer, sobretudo a partir dos anos 2000, foi a internacionalização d franchising brasileiro. Se, antigamente, a novidade ficava por conta da operação de empresas estrangeiras em território nacional, em 2019, o Brasil já contava com pelo menos 163 marcas atuando em 107 países. ESTUDO DE CASO: O CONCEITO FRIDA UNDERWEAR A moda íntima feminina sempre foi projetada com base nos padrões de beleza ressaltados pela mídia. Um exemplo é procurar na ferramenta de busca do Google a palavra ‘lingerie’, clicar em ‘imagem’ e ver os resultados que aparecem. https://www.abf.com.br/ https://www.abf.com.br/ 146 Como se pode ver na imagem a seguir, o algoritmo do Google determina um padrão de imagens com mulheres estereotipadas para fazer referência a palavra ‘lingerie’ e todas suas associações. Porém, com o crescimento do empoderamento feminino disseminado pelas redes sociais, as marcas estão percebendo que é preciso incluir um mix de diversidade em seus produtos. Figura 24|Resultados da palavra ‘lingerie’ na busca Google Fonte: Google, pesquisa realizada no dia 02/11/2021. A Frida Underwear traz esse público, por meio de peças plus size e para lactantes, sem perder a qualidade e a elegância. Sendo assim, a proposta da marca é disponibilizar lingeries de todos os estilos e tamanhos, e empoderar tanto as franqueadas, possibilitando independência financeira, quanto as consumidoras, 147 inovando na comunicação e tamanhos mais diversos, de tal forma que o público se identifique com a marca. A marca é representada pelo ícone do pássaro, queo remete a total liberdade da mulher, seja na área social ou econômica. A força está na tipografia em letra caixa alta na palavra ‘FRIDA’, e toda sua feminilidade é disposta nas letras do ‘underwer’ que significa na língua inglesa: roupas de baixo, sendo assim de entendimento internacional. Figura 25|Significado da Marca Frida Fonte: Elaborada pela autora (2021). 148 A crise da covid-19 trouxe um repensar dos negócios, e a Frida Underwear nasceu da ideia de trazer uma moda de lingeries mais democrática, focada no marketing digital e propiciando a independência financeira de muitas mulheres. De acordo com AYARZA (2018), a desigualdade de gênero ainda existe e cria vários obstáculos para as mulheres no mercado de trabalho. Ela recorda que as mulheres são maioria da população no Brasil, vivem mais tempo, têm mais educação formal e ocupam 44% das vagas de emprego registradas no país. No entanto, o número de mulheres desempregadas é 29% maior que o de homens. E quando se aborda as posições de liderança, embora a porcentagem de mulheres CEOs no Brasil tenha crescido de 5% em 2015 para 16% em 2017, elas ainda representam apenas 2,8% dos cargos mais altos. Uma pesquisa realizada pela ABF mostra que a maior parte dos interessados em comprar franquia são homens (63% homens x 37% mulheres), e com idade entre 35 anos e 44 anos (35,6%), seguido pela faixa etária de 25 a 34 anos (30,3%), 45 a 54 anos (18,8%), mais de 55 anos (8,9%) e abaixo de 25 anos, 6,4%. A entrevista contou com mais de 42% dos visitantes da região Sudeste e com representantes de dez países (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING, 2020). 149 Esses dados revelam que a maior procura por empreender neste setor ainda é masculino, uma vez que entre 2013 e 2017, as buscas no Google por "desigualdade de gênero no mercado de trabalho" cresceram 451% e por “mulher ganha menos” aumentaram 298%. Isso sugere que apesar do caminho em direção à equidade de gênero ainda ser longo, as mulheres estão cada dia mais interessadas pelo assunto e conscientes dessa urgência (AYARZA, 2018). Na Franquia Frida, há um interesse constante para ajudar mulheres a descobrir essa transição de se tornar uma empreendedora, com a ajuda dos conhecimentos da Franqueadora. Os produtos vendidos pelas franqueadas Frida Underwear têm apelo sensual, mas não erótico, para reforçar a autoestima das mulheres a se sentir bem com elas mesmas, como na imagem a seguir, apreciando um drink em casa com robe da marca Frida. Figura 26|Editorial Frida Underwear Acervo Frida Underwear (2021). 150 Figura 27|Editorial Frida Underwear com modelo 3ª idade Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). Entre os produtos produzidosestão conjuntos, bodys e camisolas com diferentes tipos de malhas. Entre elas estão a renda, microfibra e tule. De cores variadas de acordo com a estação do ano. Em relação aos tamanhos, os modelos são disponíveis do P (pequeno) ao EGG (pluz size), para assim não diferenciar os modelos do público plus size, que usam acima do tamanho GG (extra grande). 151 Figura 28|Peça Plus Size Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). A linhas especiais de sutiãs são: de amamentação, que conta com fecho para que as mães tenham facilidade de amamentar os filhos em qualquer lugar, está sendo implantada a linha mastectomia, que terá um modelo sem bojo, feito especialmente para mulheres mastectomizadas, com espaço para colocação da prótese. Esta contém forro interno, com recorte na lateral para acomodar a prótese e proporcionar um aspecto natural. 152 Figura 29|Sutiã amamentação com fecho click e renda Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). Os produtos da Frida Underwear estão de acordo com os modernos conceitos de moda e marketing. Conforme Cobra (2007), a moda é um fenômeno sociocultural que expressa valores da sociedade e das pessoas, através de seus vestuários e outros adornos. É uma forma de comunicação não-verbal, para indicar posição social, ocupação, afiliação, disponibilidade sexual, localidade. Sendo composta de diversos estilos que se transformam em uma tendência de consumo. 153 Figura 30| Produtos Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). A seguir, vamos entender a organização do negócio. A Organização do Negócio O surgimento do negócio A Frida Underwear surgiu em 2017, com a elaboração do plano de negócios para o trabalho de conclusão de especialização em Gestão de Negócios Digitais, da Universidade Feevale em Novo Hamburgo/RS, com a proposta de abrir um negócio focado no mercado digital. A ideia do projeto era disponibilizar lingeries focadas no empoderamento feminino com diversas linhas e tamanhos diferenciados em e-commerce. 154 Figura 31| Banca Frida Underwear: Modelo de Negócio na Universidade Feevale Fonte: Acervo pessoal da autora (2017). Após a conclusão do trabalho em 2017, foi iniciada a plataforma de vendas on-line e participação em feiras locais, até 155 virar franquia em 2020, com a entrada do Grupo Wichmann, em meio a pandemia da covid-19. O Grupo Wichmann é um grupo de franquias com 30 anos de mercado e atuação em diversos segmentos, como seguros, crédito e imobiliárias digitais, e já dispõe de mais de 300 franquias home based em todo Brasil. A atuação em home office permite que os parceiros trabalhem em casa – o que permite mais economia e comodidade e tem aumentado a procura após a pandemia da covid-19. Figura 32| Valores da marca Fonte: elaborada pela autora (2021). 156 A expansão da Frida Underwear se dá de uma forma muito rápida, pois as vendas começaram em setembro de 2020 e até novembro de 2021 já contava com 33 franquias distribuídas em todo Brasil, com apoio e suporte do Grupo Wichmann e todo seu know-how de mercado de franquia. Figura 33| Linha do tempo da Frida Underwear Fonte: Elaborada pela autora (2021). Confira na figura acima, a tragetória da Frida Underwear. 157 As áreas funcionais da Frida Underwear Atualmente a Frida Underwear está dividida de acordo com as principais áreas funcionais, que são: Marketing, Vendas, Expansão, Financeiro, Gestão e administrativo. Área de Marketing: nesta área a empresa conta com uma publicitária que é a sócia da empresa e faz a gestão das campanhas off-line e on-line e produção de editoriais, um Mídia Social, pessoa responsável para gestão de redes sociais e gestão de tráfego. Também conta com uma designer para criar as artes e atender as solicitações de franqueadas, além de uma pessoa responsável pelas Relações Públicas, que faz atendimento com franqueadas e atende os canais de mídia. Expansão: para expansão de franquias temos um Gerente de Expansão e Consultores de Vendas que fazem contato com interessados na aquisição deste modelo de negócios. É feito reuniões para identificação do público com o interesse da marca e assim que aceito por ambas as partes, providenciado os contratos e início dos treinamentos. Comercial: contamos com uma equipe responsável que administra os pedidos de produtos e faz contato com 158 transportadoras/logística para cuidar do pedido dos(as) franqueados(as) até a entrega final. Financeiro: temos uma gestora financeira que cuida das entradas e saídas da empresa. Ela tem respaldo do consultor geral do Grupo Wichmann, que já participou do projeto de franquias do Grupo Arezzo e tem conhecimento no mercado como um todo. Área de Gestão e Administrativa: A área de gestão fica aos cuidados da sócia proprietária, que atua junto no time e organiza a gestão com as rotinas do dia a dia. Já a parte administrativa, fica aos cuidados do sócio proprietário que é CEO também de todo o grupo, e já tem experiência na parte administrativa das empresas. Liderança da Frida Underwear A liderança da Frida Underwear é bastante participativa, e dá autonomia para os colaboradores da equipe tomarem decisões baseadas no planejamento estratégico da empresa. Também procura entender, responder e antecipar mudanças, ouvir e respeitar as ideias dos colaboradores, estimular a criatividade e o conhecimento, a conciliação de pontos concorrentes, delegar, 159 comunicar, exercendo o diálogo, aplicando princípios holísticos e democráticos. Neste sentido, são necessárias reuniões semanais para definições das próximas ações e análises das ações do time, e também reuniões mensais com franqueadas para passar know how sobre vendas, moda, marketing digital e empreendedorismo, além de falar sobre o futuro da empresa. Figura 34| Gravação de treinamento Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). 160 Monitoramento dos resultados e plano de crescimento O monitoramento dos resultados é feito de forma on-line, através do sistema de gestão de ERP da empresa, juntamente com o sistema de CRM. Então, consegue-se analisar os resultados financeiros, de vendas e prospects com facilidade e agilidade para eventuais mudanças necessárias. O plano de crescimento da Frida Underwear contempla a abertura de novos escritórios administrativos para facilitar a logística, franquias internacionais e abertura de lojas físicas em cidades estratégicas. A missão é empoderar o máximo de mulheres possíveis, através do empreendedorismo para as franqueadas, e de lingeries para as consumidoras. Pretende-se implementar veículos de comunicação on-line/off-line, para divulgação da empresa em conteúdo de negócios, entrada na Associação Brasileira de Franchising (ABF), e consolidar a empresa no mercado de franquias nacional. 161 Análise estratégica da Frida Underwear Com base em algumas ferramentas de gestão estratégica, é possível analisar o negócio da Frida e apontar algumas perspectivas. Iniciando pela Análise SWOT, pode-se verificar os principais fatores internos (forças e fraquezas) e os principais fatores externos (oportunidades e ameaças), conforme quadro a seguir. Figura 35| Matriz Swot Fonte: elaborada pela autora (2021). 162 Com base nas forças e fraquezas apontadas, é possível fazer correções e buscar aproveitar os pontos positivos e minimizar os negativos. Ainda com base nas oportunidades e ameaças é possível buscar atitudes proativas para se tornar mais competitivo frente a concorrência. Uma outra ferramenta bastante utilizada são as 5 forças competitivas de Porter, que possibilitam fazer uma análise diante da concorrência. Figura 36| Modelo das cinco forçascompetitivas de Porter Fonte: Elaborada pela autora (2021), conforme Porter (2004). 163 Figura 37| Análise Swot Fonte: Elaborada pela autora (2021). A gestão estratégica Na visão estratégica, a empresa Frida foca em tornar mulheres empreendedoras. Nos anúncios são trabalhadas chamadas, para um convite as mulheres a empreender com a ajuda da franqueadora. Assim que as interessadas entram em contato, é discutido todo o plano de negócio para que elas possam lucrar de 30% a 100% do valor investido nos produtos. A marca também disponibiliza treinamentos mensais de vendas, contabilidade, moda, marketing e empreendedorismo. As franqueadas podem 164 começar na modalidade digital e de acordo com seus resultados, virem a adquirir a modalidade loja. A franquia dispõe de três modalidades, sendo estas a franquia digital, home based e loja física, que variam de um investimento inicial de R$5.00,000 a R$159.000,00, dependendo da modalidade e da necessidade de estrutura do(a) franqueado(a). Figura 38| Franqueado home office Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). A franquia digital foi criada para possibilitar a expansão por meio de unidades virtuais e sem estoque, sendo que o produto sai diretamente da franqueadora e repassa os royalties para a 165 franquia, que atua 100% no mercado digital. Segundo Amendoeira (2020), as franquias virtuais funcionam exatamente como uma unidade de loja física – assinam contrato de franquia, precisam de um endereço (digital), recebem treinamentos e manuais, e pagam taxa de sistema de franquia. É um negócio no qual o franqueado pode atuar home based, identificando-se com a marca do franqueador, com um custo bem mais baixo que uma franquia física. Figura 39| Franquia Frida Digital Fonte: Elaborada pela autora (2021). 166 Já na franquia home based, a franqueada recebe produtos para vender tanto presencialmente, quanto on-line. Ainda para Amendoeira (2020), a franquia home based ou “instalado em casa”, em português, traduz o modelo de negócio em que o franqueado pode operar dentro da sua própria casa ou escritório, sem a necessidade de um ponto comercial específico ou externo para isso. Nos dias de hoje, atendendo à mobilidade urbana e ao interesse de vários franqueados, em conciliar as obrigações de uma franquia com outros interesses pessoais ou profissionais, essa modalidade passou a ser um dos modelos de maior interesse na busca por franquias, e, pelas suas características, é um modelo de franquia em conta, por não ter custo de ocupação, montagem, instalação e manutenções. Figura 40| Franquia home based Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). 167 Estes formatos de modalidades facilitam para os novos empreendedores começarem seu negócio próprio um investimento inicial viável e conseguirem aumentar sua franquia, de acordo com seus próprios resultados. Até para conseguirem abrir sua loja física. Nesta modalidade é feito um projeto de acordo com o local selecionado pelo franqueado junto com a franqueadora. Figura 41| Projeto Loja Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). Imagem a seguir demonstra o interior da loja Frida. 168 Figura 42| Projeto Loja Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). As franqueadas recebem, além dos treinamentos, as redes sociais Facebook e Instagram da franquia, bem como o gerenciamento das redes. Assim a empresa padroniza as redes sociais, e possibilita cada uma trabalhar com seus produtos disponíveis no momento. A franqueadora disponibiliza as embalagens e aroma, junto com os produtos, para padronizar as entregas à todas as clientes da marca, em qualquer estado do Brasil. 169 Figura 43| Redes Sociais do(a) Franqueado(a) Fonte: elaborada pela autora (2021). A Frida Underwear era um e-commerce de moda, criado pela CEO da empresa para um plano de negócios de especialização de Gestão de Negócios Digitais da Universidade Feevale. O negócio virou franquia partindo da iniciativa do Grupo Wichmann (grupo especializado na área de franquia se seguros com mais de 300 unidades em todo o Brasil), em 2020, em meio a pandemia do Coronavírus. 170 Figura 44| Logotipo Grupo Wichmann Fonte: Grupo Wichmann. As tendências de compra na pandemia potencializaram as vendas de home based, já que muitas pessoas perderam seus empregos fixos, migrando para o empreendedorismo, focado no digital. Assim aconteceu com as franquias de seguro do Grupo Wichmann, que aumentaram em 310% o faturamento no ano de 2020, em comparação ao ano anterior. Figura 45| Cliente Frida Underwear Fonte: Acervo Frida Underwear (2021). 171 Uma das estratégias adotada é o encaminhamento de produtos para influenciadores do Brasil, como forma de fomentar as vendas e posicionar a marca no mercado. O conceito da Frida Underwear é trabalhar todos os tipos de corpos reais, sem uso de ferramentas de edição de imagem, e modelos contratadas por agências. Um exemplo que foi trabalhado é a influenciadora do Rio de Janeiro: a Ninna Gabriela, que fala sobre empoderamento feminino em suas redes sociais, e a importância de amar o seu corpo do jeito que é. Quando a digital influencer postou fotos usando os produtos da marca Frida, a empresa não vendeu somente os produtos que ela usou, mas também franquias, trazendo pessoas que pensam conforme o posicionamento da marca. Essas influenciadoras fazem a negociação direto com a franqueadora, e toda a rede se beneficia com os resultados. Desta forma, trabalha-se o marketing digital e se percebe a importância de trabalhar em rede, o que fortalece a marca e todas as franqueadas. Entrevista com Franqueadas A fim de cumprir o objetivo desta pesquisa, foi aplicado um questionário, enviado através de Google Forms em novembro 172 de 2020, para as franqueadas da marca, com algumas perguntas a respeito da estratégia de negócios da Frida Underwear e seu relacionamento com as franqueadas. O questionário contempla perguntas abertas, de caráter qualitativo. Para Prodanov e Freitas (2013, p. 113) “a análise qualitativa é menos formal que a quantitativa, podendo definir esse processo como uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a sua categorização e a interpretação do relatório”. As perguntas presentes no instrumento de pesquisa foram: 1. Como conheceu a marca? 2. Já trabalhou com lingerie anteriormente a compra da Franquia? 3. Tem ou já teve negócio próprio? 4. Pretende abrir uma Franquia Loja? 5. Por que você decidiu investir no modelo de negócios de franquia da empresa Frida? 6. Quais os diferenciais do modelo de negócios da Frida? 7. Você se sente bem amparada pela gestão estratégica da Frida? 8. Quais são os pontos fortes e fracos do negócio? 9. Quais as principais oportunidades e ameaças do negócio? 10. Você conhece a estratégia da Frida e acredita no seu crescimento? Por quê? 11. Na sua visão, quais os benefícios do Marketing Digital da Frida? 173 12. Como você se sente como franqueada e quais os benefícios que você percebe no sistema de franquia. O resultado obtido a partir do questionário respondido pelas dez franqueadas, será apresentado, seguindo sua ordem de aplicação. Gráfico 1| Como conheceu a marca? Fonte: Elaborado pela autora (2021). Na análise das respostas, percebe-se que a maioria das franqueadas conheceram a marca através do Instagram, 60% delas. Em segundo lugar ficou o Google, com 20% das repostas, seguido de empate entre Facebook e Youtube. Todas as respostas mostram que o conhecimento da marca se deu através das redes sociais, e ressalta a importância do marketing digital na divulgação da empresa. 174 Gráfico 2| Játrabalhou com lingerie anteriormente a compra da Franquia? Fonte: Elaborado pela autora (2021). Referente a pergunta sobre: se as Franqueadas já haviam trabalhado com lingerie anteriormente a compra da franquia, 55,6% informaram que sim e 44,4% informaram que nunca haviam trabalhado neste segmento. O que demonstra a confiança na estratégia da marca Frida Underwear, pois algumas nunca tinham vendido lingerie anteriormente. Gráfico 3| Tem ou já teve negócio próprio? Fonte: Elaborado pela autora (2021). 175 Quando questionado se as franqueadas já haviam empreendido antes de obter a Franquia, 66,7% informou que nunca teve negócio próprio, em contrapartida, 33,3% informou que já teve algum negócio. O resultado mostra como a franquia incentiva mulheres a iniciar a sua jornada empreendedora, pois, a maioria está empreendendo pela primeira vez. Gráfico 4| Pretende abrir uma Franquia Loja? Fonte: Elaborado pela autora (2021). Quando perguntado se as franqueadas têm interesse em abrir uma Franquia Loja, 55,6% diz que sim, enquanto 44,4 % estão divididas de forma igualitária nas respostas, talvez sim (11,1%), projeto futuro (11,1%), não (11,1%) e não no momento (11,1%). Esses dados mostram que a maioria tem interesse em aumentar suas modalidades para uma unidade física e as demais ainda precisam amadurecer o tema, algo muito natural, tendo em vista que a Frida Underwear nasceu em 2020. 176 Tabela 1| Por que você decidiu investir no modelo de negócios de franquia da empresa Frida? Fonte: Elaborada pela autora (2021). Na quinta pergunta, as respostas para os motivos delas abrirem franquias da Frida Underwear foram: 40% para ter um negócio próprio, 30% para ajudar a empoderar mulheres, 20% para ter uma renda extra e 10% porque gostou do produto. As respostas foram totalmente alinhadas com o propósito da marca, mostrando que a comunicação está de acordo com os princípios da empresa. Uma resposta se destacou entre as demais, trazendo o reconhecimento da marca perante as franqueadas, segue a descrição de alguns trechos: “porque tenho a possibilidade de ter meu próprio negócio e equipe, recebo todo o sistema de marketing, acompanhamento, treinamentos e suporte da franqueadora. Sem contar nos produtos diferenciados, podendo levar a diante o empoderamento, resgatando autoestima, levando 177 conforto, e reconstruindo vidas, quebrando os padrões impostos pela sociedade!!” Neste caso, a franqueada mostra que além de acreditar no modelo de negócio e suporte da Frida Underwear, ela acredita no propósito da marca e na transformação que ela pode fazer na vida das mulheres que são seu público-alvo. Ela continua seu relato dizendo: “A Frida me mostra o quanto nós mulheres somos incríveis e maravilhosas, que podemos ser o que queremos, ter liberdade de ser exatamente como somos, de nos aceitarmos, e foi isso que fez eu me reinventar e ajudar outras mulheres que passaram por processos assim como eu, sobre a aceitação. É libertador ser mais uma Frida!!” Com esse relato é possível perceber o quanto o propósito da Frida Underwear está diretamente ligado à vida destas pessoas que estão franqueando a marca. E ela complementa: “Outros modelos de negócios não me deram esse arrepio que senti quando conheci a Frida Underwear, outras empresas não oferecem acompanhamentos e não visam a liberdade de nós mulheres sermos como somos, fazendo edições e fazendo com que tenhamos de ser perfeitas. A Frida é isso, mulheres reais, mulheres ajudando e reerguendo outras mulheres!!” 178 Tabela 2| Quais os diferenciais do modelo de negócios da Frida? Fonte: Elaborada pela autora (2021). Na sexta pergunta, a respeito dos diferenciais da Frida Underwear, apareceram respostas como: facilidade de aquisição da franquia (30%), possibilidade de renda extra (30%), produtos de qualidade (20%) e, que a empresa consegue atender todos os tipos de público (20%), como diferenciais da marca. O que mostra um equilíbrio das respostas em torno de todos os principais diferenciais da marca. Tabela 3| Você se sente bem amparada pela gestão estratégica da Frida? Fonte: Elaborada pela autora (2021). Quando perguntado se as franqueadas se sentem amparadas pela gestão estratégica da Frida Underwear, 100% das respostas tiveram afirmações positivas e ainda tiveram respostas 179 com o descritivo: “Totalmente! Já trabalhei para outras empresas de lingerie e nenhuma delas me amparou de tal forma como a Frida vem fazendo, cada vez mais.” Na pergunta de número oito, quando questionado sobre os pontos fortes e fracos do negócio, as respostas foram: os pontos fortes são sistema de gestão, acompanhamento, marketing, atendimento e produtos diferenciados. Já como ponto fraco, foi elencado somente que a marca ainda é muito nova no mercado. Na questão de número nove, quando perguntado sobre as oportunidades e ameaças do negócio, a maior parte das repostas foi a independência financeira como oportunidade, ter seu negócio próprio, produtos sempre em alta no mercado e como ameaça, a possibilidade de algum produto ficar parado, ou seja, gerar estoque por falta de vendas. Tabela 4| Você conhece a estratégia da Frida e acredita no seu crescimento? Fonte: Elaborado pela autora Na resposta de número dez, 100% das franqueadas responderam que conhecem a estratégia da Frida e acreditam no 180 seu crescimento. Este número é consequência do treinamento que a empresa faz com todas as franqueadas, que entram para trabalhar com a marca, em que são elencados os objetivos e visão da empresa. Ainda apareceram respostas como: “Não só conheço, como pratico todos os dias empoderando muitas mulheres a minha volta, o que é o real propósito. Além de exaltar a beleza e autoestima de cada mulher ao meu redor”. Outras responderam que acreditam muito no crescimento da Frida e complementaram: “Pois, nós mulheres, queremos conquistar cada vez mais nosso espaço no mercado, mostrando que podemos realizar tudo o que queremos e ter a liberdade de ser quem somos, quebrando padrões impostos”. “Sim, eu acredito no crescimento da Frida, porque a gestão cuida dos colaboradores e resgata as mulheres para o mercado de trabalho de forma simples e objetiva, quebrando padrões e elevando a autoestima e qualidade de vida das suas colaboradoras e clientes”. Nas respostas da pergunta de número onze, a respeito dos benefícios do marketing digital da Frida, destacou-se a importância de a franqueadora proporcionar o marketing junto do negócio da franquia. A maioria das franqueadas informou que se tivessem que 181 pagar sozinha pelo marketing não seria viável, pelo alto custo de começar um negócio próprio. Para finalizar, quando perguntado sobre como elas se sentem como franqueadas e quais os benefícios que elas percebem no sistema de franquias, obteve-se respostas como: “Sinto que me encontrei e que os benefícios farão meu negócio crescer, tendo apenas que fazer postagens e vendas”; “sinto que posso crescer”; “sinto que tenho ajuda da franqueadora”; “sinto que foi o momento certo de investir no meu negócio”; “o sistema de franquia me dá muitas possibilidades”, entre outras. Enfim, foi possível perceber a motivação das franqueadas e o desejo de crescer, financeiramente, junto com a empresa. ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA A análise das respostas, permitiu entender a aplicabilidade da estratégia e suas limitações, de uma forma geral. Também permitiu compreender a natureza do negócio de franquias, seus pontos fortes e fracos, a partir da perspectiva das franqueadas. No indicador de respostas da pergunta número um, “Como conheceu a marca?”, os percentuais demonstram a importância dos canais digitais e do marketing digital, pois 100% 182 das franqueadas conheceram a marcaatravés das redes sociais. Este resultado reforça o pensamento de Faustino (2018), que ressalta a vantagem do marketing digital, pois o custo é menor e mais assertivo, alcançando diretamente um segmento de público específico. No indicador de respostas da pergunta número dois): “Já trabalhou com lingerie anteriormente a compra da franquia?”, os percentuais demonstram que não é um dado relevante, visto que quase a metade das repostas foi negativa, isso mostra que as mulheres estão interessadas em empreender, seja o segmento que for, pois, não estão focando nas experiências anteriores. De acordo com o Sebrae (2019), em parceria com o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), atualmente existem 24 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil, conforme a pesquisa sobre Empreendedorismo Feminino. O que mostra uma tendência de mercado a ser explorada por novos modelos, como o da Frida Underwear. A análise é reforçada pela pergunta de número: “Tem ou já teve negócio próprio?”, em que a maioria das respostas foi negativa. Sendo então, a franquia como primeiro negócio para a maioria das mulheres. 183 No indicador da pergunta de número quatro: “Pretende abrir uma Franquia Loja?”, 88,9% respondeu que sim, mostrando a projeção de aumento do investimento do seu próprio negócio. Esse interesse reforça a nova maneira de fazer negócios, baseada na crescente velocidade da informação e na necessidade de se trabalhar coletivamente: parcerias e alianças estratégicas. Referente a resposta da pergunta cinco: “Por que você decidiu investir no modelo de negócios de franquia da empresa Frida?”, as respostas foram sobre independência financeira alinhada ao propósito da marca. As respostas confirmam a teoria de Reiman (2018), que mostra o conceito de propósito como uma promessa para os negócios. A simples busca de lucro, não pode mais ser a única razão para criação dos negócios. Ele afirma ainda, que o capitalismo precisa de uma redefinição e de propósito como catalisador, que pode revigorar e empoderar o capitalismo, pois o mundo não tolera mais o excesso de comoditização sem significado, de produtos ou serviços. O indicador da pergunta número seis: “Quais os diferenciais do modelo de negócios da Frida?”, mostra a aquisição da franquia, abrangência de todos os públicos, produtos de qualidade e renda extra, sendo os mesmos, valores da empresa. 184 Assim, percebe-se que o alinhamento estratégico vem sendo reconhecido. De acordo com Chirouse (1985), uma vez estabelecidos tais clientes, que devem representar o foco da organização, esta deve entender as suas necessidades, de modo que possa identificar que valores agregar aos seus clientes, através do fornecimento de produtos e/ou da prestação de serviços. O foco da organização deve estar nos valores que pretende agregar aos seus clientes e não apenas nos produtos e/ou serviços oferecem. O indicador da pergunta de número sete: “Você se sente bem amparada pela gestão estratégica da Frida?”, mostra que 100% das franqueadas se sentem seguras, pois, conhecem a parte estratégica da empresa e acreditam no seu crescimento, através de franquias, bem como da marca como um todo. Nos pontos fortes da pergunta de número oito: “Quais são os pontos fortes e fracos do negócio?”, foram apontados o sistema de gestão, acompanhamento e marketing, atendimento e produtos diferenciados, validando assim, o modelo de negócio da empresa Frida Underwear e mostrando a importância da gestão de forma estruturada e do acompanhamento da rede de franqueadas através do merketing digital e do oferecimento de produtos de qualidade. 185 Como ameaça nas respostas da pergunta de número nove: “Quais as principais oportunidades e ameaças do negócio?”, apareceu que a marca ainda é nova no mercado e a possibilidade de alguns produtos não serem vendidos. Neste sentido, a franqueadora procura estar bem próxima das franqueadas para mostrar o potencial de crescimento da marca e auxiliar em qualquer dificuldade de vendas. Enfim, a direção da empresa busca controlar o ambiente interno, potencializando os pontos fortes e minimizando algum ponto fraco apresentado pelas franqueadas, que estão diretamente em contato com o público-alvo. Quanto ao ambiente externo, a Frida Underwear também busca monitorar a concorrência, as novas tecnologias e novos processos de negócios, potencializando as oportunidades de mercado e minimizando alguma ameaça. Através da análise dos pontos fortes e fracos, os gestores e suas equipes poderão determinar com mais clareza as prioridades em termos de ameaças e oportunidades, existentes no ambiente externo (ANDION; FAVA, 2003). No indicador de número dez) da pergunta: “Você conhece a estratégia da Frida e acredita no seu crescimento?”, 100% responderam que sim, em decorrência dos treinamentos e reuniões que a marca faz antes e durante a aquisição da franquia. Com isso, 186 é possível ter um resultado superpositivo e trazer às franqueadas a segurança necessária para a operação do negócio. Nas respostas da pergunta de número onze: “Na sua visão, quais os benefícios do Marketing Digital da Frida?”, 100% respondeu que o marketing digital da franquia é que torna o negócio viável e atrativo, pois, muitas empreendedoras não poderiam dispor de valores para a divulgação dos produtos. A proposta de trabalhar o marketing digital para a rede, corrobora com as ideias de Faustino (2019), que aborda a mudança intensa da tecnologia ao longo dos últimos vinte anos, trazendo a necessidade de aliança estratégica, com empresas experientes no mercado digital. Na análise de indicador da resposta 12: “Como você se sente como franqueada, e quais os benefícios que você percebe no sistema de franquia?”, mostra que as franqueadas se sentem seguras, e podem contar com toda a estrutura de apoio da empresa franqueadora. Elaboração de Checklist simplificado para Auxiliar novos Empreendedores Visando auxiliar outros empreendedores que queiram trabalhar com franquias no modelo digital, o checklist acima contém 187 alguns pontos estratégicos do negócio da Frida que permite contribuir com o tema na prática. A partir da revisão da bibliografia, percebeu-se que existem muitos outros pontos importantes para o sucesso de um negócio de franquias, no entanto, a intenção desde checklist é apenas alertar para alguns pontos que estão sendo cruciais no sucesso da franquia Frida Underwear, que se propõe a ser um tipo de franquia diferenciado a partir do modelo on-line e com foco totalmente no marketing digital. Esses são alguns pontos estratégicos do negócio, que devem ser observados para o sucesso entre franqueadores e franqueados. 188 Figura 46| Checklist novos empreendedores Fonte: elaborada pela autora (2021). 189 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o objetivo geral deste trabalho, de analisar a gestão estratégica da Empresa Frida Underwear, seu modelo de negócios de franquia digital e suas perspectivas futuras, foi possível concluir que o negócio possui um propósito e estratégia bastante claros, tanto para o franqueador, quanto para o franqueado. E, sua gestão estratégica tem sido implementada no dia-a-dia, a partir de um modelo de negócios inovador, pois, alia as vantagens de padronização das franquias com os benefícios do marketing digital. Quanto as perspectivas futuras, tem-se um cenário muito positivo, pois, o negócio está estruturado em bases sólidas de gestão e apresenta um modelo muito enxuto e moderno, focado no meio digital. Além disso, as franqueadas estão muito motivadas e, visualizam o potencial de mercado da marca e também o excelente suporte que recebem da franqueadora. Um outro aspecto muito importante a serdestacado no caso da Frida Underwear, diz respeito ao propósito da marca, que tem atraído muitas mulheres que visam a independência financeira e se identificam com o propósito de empoderamento feminino. 190 Importante ressaltar também que, além da preocupação com a qualidade dos produtos oferecidos, há um grande comprometimento com o marketing digital e todas as ferramentas de divulgação on-line que propiciam o engajamento da marca junto ao público-alvo. Os resultados evidenciam que os aspectos determinantes da aquisição de franquia são o suporte e a estrutura da empresa franqueadora, mostrando-se imprescindível para a consolidação da unidade franqueada. Quanto às vantagens, do ponto de vista do franqueador, estão a possiblidade de uma rápida expansão da marca e para o franqueado, a inserção no mercado com custos e riscos mais baixos, comparados com a abertura de um negócio de forma tradicional. Quanto às desvantagens, tanto do ponto de vista do franqueador, quanto do franqueado, são os possíveis problemas de relacionamento entre as partes. Apesar do sistema de franchising ser uma estratégia segura para empreendimento, existem restrições estabelecidas no contrato que promovem a limitação da franqueada quanto às atividades de seu negócio. A padronização promovida pela franqueadora estimula essa limitação, restringindo quaisquer iniciativas individuais da franqueada. Além disso, também existem restrições na venda do negócio, reflexos da própria manutenção do perfil 191 que a franqueadora busca, pois a escolha é crucial para manter o fortalecimento da marca e a harmonia da rede de franquias. Verificou-se que na Franquia Frida Underwear, o negócio já nasce completo, com um forte suporte de gestão e marketing digital, enquanto na operação independente, o negócio começa pequeno e requer tempo para desenvolver. Na franquia, a divulgação da marca é feita nacionalmente pelo franqueador com recursos próprios, na operação independente é o proprietário quem patrocina tudo, desde a compra do produto até a criação e produção de material de divulgação, visando criar uma marca reconhecida, tendo que, muitas vezes, terceirar os serviços de marketing com contratações de agências e consultorias externas. O sistema de franchising se tornou um mecanismo eficaz de expansão das pequenas e médias empresas, dadas as oportunidades que o sistema oferece para pessoas que queiram iniciar sua carreira empreendedora e ainda que não tenham expertise no ramo, pois contam com apoio e estrutura da marca franqueadora. O modelo de negócios se mostrou inovador, tendo em vista que a maioria das marcas oferece franquias com lojas físicas e grandes investimentos. No caso da Frida Underwear, a marca foca no home office, modalidade que além de ser muito interessante no 192 atual cenário da pandemia do Coronavírus, também possibilita baixo investimento por parte do franqueado. Constitui-se numa das mais promissoras formas de parceria empresarial, cujos riscos, incertezas e experiências são compartilhados entre as franqueadas e franqueadora de diversos Estados do Brasil, tornando a marca mais forte como um todo. Enfim, esta pesquisa permitiu analisar estrategicamente o negócio Frida Underwear e seu potencial de mercado, a partir da visão tanto da franqueadora quanto das franqueadas, e possibilitou fazer algumas sugestões para quem pretende ingressar num negócio de franquias on-line. No entanto, há muito a ser pesquisado e aperfeiçoado neste setor, e este trabalho visa ser um início para outras pesquisas sobre o tema, dado o potencial e as perspectivas futuras deste tipo de negócio. Aqui me despeço querido leitor e querida leitora), agradeço muito por acompanhar essa trajetória que só está começando. Para continuar vendo nossas novidades e obter mais informações, siga- nos através do link a seguir: https://www.instagram.com/frida_underwear. 193 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABCOMM - Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. 2020. Disponível em: https://abcomm.org/noticias/category/numeros-do-e- commerce/. Acesso em: 04 dez. 2020. ABF - Associação Brasileira de Franchising. 2020. Disponível em: http://www.abf.com.br/numeros-do-franchising. Acesso em: 04 dez. 2020. ANDION, M.; FAVA, R. Gestão empresarial / Fae School. Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Bom Jesus, 2003. AYARZA, S. Mulheres e o mercado de trabalho: os desafios da igualdade, 2018. 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Débora Ornellas de Almeida Colaboradora: Profª. Dra. Yeda Oswaldo INTRODUÇÃO ambiente organizacional recentemente, tem sido caracterizado pelas mutações de mercado, alta competitividade, cobranças extremas de qualidade e aperfeiçoamento constante de processos, serviços e produtos. Face ao exposto, as empresas, para se adequarem a esse cenário, buscam constantemente adotar medidas mais arrojadas para conquistarem melhores resultados. Sendo assim, os empregados são cada vez mais sobrecarregados de tarefas e responsabilidades, dependem cada dia mais uns dos outros, ficam estressados e desmotivados com maior frequência, perdendo o interesse que tinham no seu trabalho (SILVA, 2017; ROSA, 2015; ROCHA et al., 2016). O 199 De acordo com Ayoko et al. (2014), pode-se entender que os estudos dos pesquisadores atuais são mais concentrados em grupos, justamente devido a essa dependência originada na organização, pelo aumento da concorrência. Os autores afirmam que as empresas estão cada vez mais sujeitas as equipes, que trabalhando em conjunto podem alavancar a produtividade e atingir determinado sucesso. Entretanto, como os integrantes da equipe precisam ser extremamente colaborativos em suas funções, a possibilidade de existir conflitos nessa equipe é potencializada. Esses conflitos que surgem nas equipes de trabalho, são chamados intragrupais, que segundo Bowditch e Buono (2004), são as incompatibilidades e diferenças incidentes entre indivíduos que integram um mesmo grupo, e que geralmente se agravam em empresas que possuem como base, o trabalho em conjunto em prol de um mesmo objetivo. Além dos conflitos intragrupais, outra consequência supracitada do atual cenário organizacional é o estresse, que tem acometido os trabalhadores. Segundo Prado (2015), o estresse laboral se caracteriza principalmente, pela reação do trabalhador aos estímulos recebidos na empresa. A resposta de cada indivíduo é diferente, mesmo que os agentes estressores sejam iguais. 200 Em alguns casos, o indivíduo pode desenvolver um estresse laboral crônico, que de acordo com Maslach e Jackson (1981), também é chamado de Síndrome de Burnout. De acordo com Pacheco et al. (2008), o burnout é uma situação de esgotamento emocional, físico e mental causado pelo longo envolvimento em condições ou situações desgastantes emocionalmente. A Síndrome de Burnout, pode ser definida como uma das consequências mais acentuadas do estresse laboral, e possui três dimensões, são elas: Exaustão Emocional (absoluta falta de energia e ânimo); Despersonalização (Impessoalidade no tratamento com o cliente/paciente); e Reduzida Realização Profissional (Sensação de total incompetência) (BENEVIDES-PEREIRA, 2002; BARROS; MORAES, 2014). Neste sentido, a presente pesquisa buscará avaliar o quanto que os conflitos intragrupais impactam na síndrome de burnout em merendeiros de escolas públicas de um município3 do interior do estado de São Paulo, uma vez que a literatura aponta essas variáveis como importantes na compreensão de fatores que prejudicam a saúde do trabalhador e já correlaciona esses temas. 201 Segundo Araujo et al. (2009), a Síndrome de Burnout está diretamente ligada ao conflito intragrupal. O conflito intragrupal é citado pelos autores como um dos fatores de ordem primária na composição do Burnout em professores, dando assim precedente para tal correlação. Dada a importância dessas variáveis no contexto organizacional, este trabalho pretende diagnosticar o impacto do Conflito Intragrupal no desenvolvimento da Síndrome de Burnout. As variáveis serão melhores explicadas individualmente a seguir. Para tanto, esta pesquisa busca responder a seguinte problemática: O conflito intragrupal tem relação no desenvolvimento da síndrome de burnout, também em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo? O objetivo geral buscará diagnosticar e relacionar a escala de Conflito Intragrupal e as dimensões da Síndrome de Burnout, em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo. Para responder o objetivo proposto, foram definidos os seguintes objetivos específicos: 1) Diagnosticar os principais 3 A amostra deste estudo incluiu todas as escolas de um dos municípios do interior do estado de São Paulo. O nome do município e das respectivas escolas será preservado a pedido da prefeitura. 202 conflitos intragrupais (tarefa e relacionamento) em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo; 2) Diagnosticar as dimensões da síndrome de burnout (exaustão emocional, desumanização e decepção no trabalho) na amostra pesquisada. E, 3) Levantar por meio de questionário sociodemográfico: idade, escolaridade, estado civil, gênero, tempo na empresa e na função, e relacionar com os principais conflitos intragrupais e as dimensões do burnout. Este estudo se justifica devido à grande importância que as variáveis aqui colocadas possuem para a compreensão da saúde do trabalhador e o impacto que elas têm na produtividade, e melhor performance no ambiente de trabalho. A literatura aponta que o conflito em demasia no ambiente de trabalho, pode gerar pontos negativos para a produtividade, pois, a resolução deles pode tomar muito tempo, e o bom relacionamento entre os participantes daquele grupo pode ser afetado, pois, mesmo após a solução do conflito, sentimentos de mágoa podem permanecer (ROBBINS et al., 2010; MEDINA et al., 2005; JEHN; BENDERSKY, 2003). Ayoko et al. (2014), afirmam que hoje em dia, os estudos se concentram mais em equipes e grupos, pois, as organizações com o aumento da concorrência, dependem cada vez mais dos times de trabalho, que se consolidados, alcançam sucesso e 203 produtividade com maestria. Porém, como as equipes precisam trabalhar com estreita colaboração, o potencial para a ocorrência do conflito se eleva consideravelmente. Por isso, o presente trabalho aborda como uma das variáveis de estudo, o conflito intragrupal que segundo Bowditch e Buono (2004), são as incompatibilidades que ocorrem entre indivíduos de um mesmo grupo. e que se intensificam quando organizações desenvolvem suas atividades tendo por base e necessidade o trabalho conjunto entre os profissionais. Já a variável Síndrome de Burnout, que é caracterizada por sentimentos e atitudes negativas no relacionamento entre o trabalhador e seu local de trabalho, se concretiza no baixo desempenho do empregado e consequentemente da empresa (BARROS; MORAES, 2014; BENEVIDES-PEREIRA,2002). Além disso, o burnout é uma das decorrências mais acentuadas do estresse laboral, e se caracteriza pela exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade (BARROS; MORAES, 2014). Pode-se inferir então, a grande importância que essas variáveis possuem para a qualidade de vida, e saúde psicológica do trabalhador, tanto no ambiente de trabalho, quando no seu dia a dia. Neste sentido, justifica-se o presente estudo também, para o 204 desenvolvimento de novas pesquisas que correlacionam o conflito intragrupal e a síndrome de burnout. Principalmente por que não há na literatura, muitas pesquisas com essas características tendo o setor de merenda como objeto de estudo. A pesquisa em merendeiros 4se justifica, uma vez que a alimentação é uma necessidade básica da humanidade (HESKETH; COSTA, 1980). E de acordo com Ribas et al. (1999), uma alimentação de qualidade colabora grandemente na saúde e na educação da sociedade, desse modo, quanto mais os trabalhadores desse ramo estão satisfeitos e felizes com seu trabalho, melhor será a qualidade do alimento disponibilizado para as crianças que estudam nessas escolas. Costa et al. (2002), corroborando com os autores supracitados, afirma que os manipuladores de alimentos das escolas públicas ou privadas, têm influência direta na saúde dos alunos. Além disso, em conversa com a administração do setor de projetos e programas educacionais, e os responsáveis pelo setor da merenda da prefeitura da cidade onde foi desenvolvido o estudo, houve o relato de que alguns profissionais que atuam no setor de alimentação das escolas municipais, aparentam apresentar 205 comportamentos conflituosos no ambiente de trabalho. Além disso, é uma pesquisa de grande valia para a área, pois a literatura sobre o assunto é bastante escassa, e a partir deste trabalho poderão surgir contribuições não somente para a prefeitura de, mas também para a GEOGEP (Gestão de Pessoas e Estudos Organizacionais). Os pressupostos levantados para a pesquisa são: • P1: Dimensões do conflito intragrupal estão presentes nos colaboradores estudados. • P2: As dimensões da síndrome de burnout nos colabores tem relação com o conflito intragrupal. • P3: Pressupõe-se que o conflito intragrupal influencia no desenvolvimento do burnout. 4 Merendeiros: profissionais de serviços gerais, que são responsáveis pela preparação da alimentação, e que servem essa alimentação nos ambientes escolares 206 Figura 1| Diagrama - Pressuposto Fonte: Elaborada pela autora (2017). Metodologia O trabalho se deu por meio de pesquisa diagnóstica, com uma amostra de 60 merendeiros de escolas públicas localizadas no interior de São Paulo. Os instrumentos de coletas de dados utilizados se constituíram de três partes, sendo elas, a) Escala de Conflitos Intragrupais – ECI (Anexo A) construída e validada por Martins, Guimarães e Oliveira (2005), b) Escala Maslach Burnout 207 Inventory – MBI (Anexo B) construída e validada por Maslach e Jackson (1996), c) Questionário sociodemográfico (Anexo C). Além disso, os voluntários receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo D), que foi lido e assinado, permanecendo uma via com os sujeitos da pesquisa e a segunda arquivada com a pesquisadora. Estrutura do Trabalho O presente trabalho foi estruturado por meio de capítulos. No primeiro capítulo, abordou-se a introdução da dissertação, definindo o problema de pesquisa, os objetivos de estudo: geral e específicos, a justificativa do estudo, pressupostos, metodologia e estrutura do trabalho. No segundo capítulo, inicia-se o referencial teórico do presente trabalho, acerca do tema Conflitos, subdividindo-se ainda em Modalidades do Conflito e Conflitos Intragrupais. O terceiro capítulo, ainda desenvolvendo o referencial teórico, aborda o Estresse – Conceitos/Fases/Sintomas, subdividindo-se em Estresse Laboral, e Síndrome de Burnout”. Em seguida, o quarto capítulo aborda a organização envolvida no estudo, e o quinto aborda a metodologia de estudo, 208 subdividindo-se em Tipologia da Pesquisa, Participantes da Pesquisa, Instrumentos de Coleta de Dados e Matriz da Amarração da Pesquisa. No sexto capítulo, foram mostrados os resultados da pesquisa e as discussões aplicadas a ela, e o sétimo capítulo apresenta a conclusão do trabalho. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Conflitos - Conceitos De acordo com Pereira (2014), toda instituição é formada por um conjunto de indivíduos. Cada um com seu pensamento, comportamento e valores, gerando ações que influenciam na conjuntura da organização. Esses pensamentos e comportamentos diferentes, são o ponto chave para o início do conflito. Emilio e Martins (2012), apontam que o conflito é um fator inevitável na sociedade, e consequentemente está sempre presente dentro da organização. Bowditch e Buono (2004), afirmam que o conflito pode acontecer por diversos fatores, como por exemplo: carência de recursos, disputa de cargos ou papéis, falha de 209 comunicação, orientações falhas em relação ao tempo, relações interpessoais e estrutura. Corroborando a isso, Pereira e Gomes (2007), afirmam que as organizações são formadas por diferentes grupos de pessoas, que no seu dia a dia, interagem entre si, concordam e discordam sobre ideias e opiniões. Para Bowditch e Buono (2004), até certo ponto, os conflitos são inevitáveis dentro dos grupos organizacionais, principalmente devido à diversidade de pensamentos e comportamentos. Contudo, a inevitabilidade do conflito não é vista como comum desde o início dos estudos sobre o tema. Segundo Robbins et al. (2010), o conflito pode ser definido como um processo que se inicia no momento que um indivíduo ou grupo percebe algo que pode afeta-lo negativamente, vindo de outro indivíduo ou grupo. Os autores afirmam que esse conceito é propositalmente amplo, e delineia o ponto em qualquer atividade onde a interação passa dos limites, manifestando um conflito entre as partes envolvidas. Os autores ainda concordam que há uma transição histórica na conceituação do conflito. Existem na literatura três escolas de pensamento que argumentam sobre seus benefícios e malefícios, 210 são elas: i) a visão tradicional, ii) a visão interacionista e iii) a visão de resolução de conflitos. A visão tradicional afirma que o conflito deve ser evitado de qualquer maneira, pois ele é entendido como uma sinalização de que algo vai mal dentro da equipe ou grupo. Essa é a abordagem mais antiga do tema, onde o conflito era visto de forma negativa e até comparado a termos como violência, destruição e irracionalidade. Nessa visão, o conflito era entendido como uma disfunção devido à comunicação falha, falta de confiança, falta de abertura entre as pessoas, e o fracasso dos líderes no atendimento das necessidades e anseios dos seus liderados (ROBBINS et al., 2010; DIMAS; LOURENÇO; MIGUEZ, 2007; MOREIRA; CUNHA, 2007). Fachada (2013), analisando a visão tradicional acima citada, afirma que os conflitos organizacionais eram negativos e destrutivos, na perspectiva das empresas, pois, davam oportunidade para discordâncias e disputas periódicas, prejudicando a motivação nos relacionamentos e desempenho interpessoal. A visão tradicional que defende que o conflito deve ser evitado a qualquer custo, foi perdendo partidários com o decorrer dos anos, a medida que os estudiosos começaram a perceber que 211 certo nível de conflito é inevitável. Esse entendimento abre espaço para a visão interacionista (ROBBINS et al., 2010; DIMAS; LOURENÇO; MIGUEZ, 2007; MOREIRA; CUNHA, 2007). A visão interacionista afirma que o conflito não só é uma força positiva, mas também, em certo grau, definitivamente necessário paraa eficiência do grupo. Estudiosos sugerem que o conflito ajuda a estimular a criatividade e comprometimento das equipes, e se torna indispensável e fundamental no processo de tomada de decisão e na evolução das organizações. Fachada (2013), afirma que um certo nível de conflito pode ter como consequência, a origem de ideias e conceitos inovadores. Sendo assim, o conflito pode ter seu lado positivo, se bem administrado. Essa linha de estudo encoraja o conflito, com base no ideal de que um grupo harmonioso, pacífico e cooperativo está próximo a se tornar apático e indiferente à necessidade de transformação e inovação (ROBBINS et al., 2010; GUIMARÃES, 2007). Apesar das afirmações acima, recentemente, pesquisadores afirmam que ao invés de encorajar conflitos, como afirma a visão interacionista, é mais importante e sadio resolver de forma produtiva os que surgem de maneira natural, pois de modo geral, os conflitos no ambiente de trabalho tomam muito tempo e a produtividade cai, além dos sentimentos de mágoa ou raiva que 212 podem permanecer mesmo após a resolução. Essa perspectiva é chamada de visão de resolução de conflitos (ROBBINS et al., 2010; MEDINA et al., 2005; JEHN; BENDERSKY, 2003). De acordo com Moreira, Silva e Cunha (2003), o conflito é um motor de desenvolvimento social, e desde que seja bem gerido, as consequências são, em sua maioria, positivas, e tendem a construir relações organizacionais baseadas no cooperativismo. De acordo com Robbins et al. (2010), em resumo, a visão tradicional é limitada, pois para essa linha todos os conflitos devem ser eliminados; a visão interacionista de que o conflito pode ser estimulado sem trazer consequências negativas é incompleta, mas caracteriza, a visão de resolução de conflitos como equilibrada, pois assume que o conflito pode ser positivo, se administrado de maneira correta, com métodos de resolução construtivos. Bacal (2004) afirma que existem duas linhas de avaliação para o processo de conflito, a negativa e a positiva. A visão negativa indica que o conflito pode produzir divergência de reações no interior das empresas, que pode afetar o conceito de uma meta e um objetivo único para todos os indivíduos que compõem a organização. Neste caso, a definição das 213 responsabilidades, tarefas, processos e autoridades podem ser manchadas com o surgimento de conflitos. Já a visão positiva, ainda conforme Bacal (2014), enxerga o lado questionador que surge junto com um conflito, como um incentivo à inovação e à capacidade criadora, melhora a qualidade das decisões, encorajam interesses, nascem ideias para resoluções de problemas, os membros do grupo saem da zona de conforto e constroem um ambiente de auto avaliação e transformação. Ayoko et al. (2014), utilizam-se de explicação comum, que é muito usada para explanar os prós e os contras do conflito dentro da organização, afirmando que existem distintos conflitos que influenciam diferencialmente diversos resultados (como desempenho, satisfação, viabilidade da equipe). Eles afirmam que pesquisas recentes sobre conflitos e metanálises, sugeriram que os conflitos relacionais baseados em conflitos de personalidade e antagonismo interpessoal, são prejudiciais ao desempenho e ao moral do grupo, enquanto os conflitos de tarefas podem ser benéficos sob certas circunstâncias. Robbins et al. (2010) afirmam que o processo do conflito é composto por cinco estágios, sendo eles incompatibilidade (ou oposição potencial), personalização e cognição, estratégia, comportamento e consequências. 214 Figura 2| O processo do conflito Fonte: Robbins et al. (2010). O primeiro estágio, que é a oposição potencial ou incompatibilidade, segundo Robbins et al. (2010), pode surgir devido às condições do ambiente. Essas condições que também podem ser chamadas de fontes ou causas são: comunicação, estrutura e variáveis pessoais. De acordo com Robbins et al. (2010), o segundo estágio é o de cognição e personalização, e é onde os assuntos conflitantes costumam ser materializados. Esta fase apresenta dois momentos, o conflito percebido (que é a consciência da existência de condições que podem gerar conflitos) e o conflito sentido (momento em que uma ou mais partes se envolve emocionalmente em um conflito, causando tensão, frustração, aflição ou inimizade). O fato de um conflito ser percebido não garante que ele será 215 sentido ou personalizado, porém para que o conflito seja sentido ele precisa ser percebido primeiro. O estágio três é denominado definição das estratégias de resolução de conflitos de acordo com Robbins et al. (2010) existem dois coeficientes de preocupações que podem influenciar de modo direto a definição das estratégias de resolução de conflitos, são eles, a preocupação com os interesses individuais e a preocupação com os interesses de outras partes. Robbins et al. (2010), em estudo realizado cruzando esses coeficientes de preocupações, identificou cinco estratégias de resolução de conflitos, conforme quadro a seguir. Quadro 1| Estratégias de resolução de conflitos ESTRATÉGIAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Competição Busca de satisfação dos próprios interesses independente do impacto nas demais partes. Colaboração Partes conflitantes procuram agradar os interesses de todos as partes envolvidas. Evitamento Quando uma parte ou mais, mesmo ciente do conflito o evita, ou tenta ignora-lo. Acomodação Uma das partes abre mão dos seus interesses em detrimento dos interesses das demais partes. 216 Compromisso Todas as partes se disponibilizam a abrir mão de algum dos seus interesses em detrimento da resolução do problema. Fonte: Robbins et al. (2010). O quarto estágio é o comportamento, e é nesse ponto que os conflitos se tornam visíveis, são as reações dos indivíduos ou grupos envolvidos no conflito, geralmente explicitando as tentativas de pôr em prática estratégias de resolução (ROBBINS et al., 2010). O estágio cinco, segundo Robbins et al. (2010), são as consequências, podendo essas serem funcionais (resultando em melhoria de desempenho no grupo) ou disfuncionais (quando atrapalham o desempenho do grupo). As consequências são produto do jogo de ação e reação entre as partes envolvidas em um conflito, para administrar as consequências de maneira assertiva, veremos o modelo de técnicas de administração de conflitos (ROBBINS et al., 2010). 217 Quadro 2| Técnicas de administração de conflitos Técnicas de Resolução de Conflitos Resolução de problemas Encontros entre as partes conflitantes com o propósito de identificar o problema e resolvê-lo por meio de uma discussão aberta. Metas super ponderadas Criação de uma meta compartilhada que não possa ser atingida sem a cooperação das partes conflitantes. Expansão de recursos Quando o conflito é causado pela escassez de um recurso - por exemplo, dinheiro, oportunidades de promoção ou espaço físico de trabalho - a expansão desse recurso pode criar uma solução ganha-ganha. Não enfrentamento Suprimir o conflito ou evadir-se dele. Suavização Minimizar as diferenças entre as partes conflitantes ao enfatizar seus interesses comuns. Concessão Cada uma das partes abre mão de algo valioso. Comando autoritário A administração usa sua autoridade formal para resolver o conflito e, depois, comunica seu desejo às partes envolvidas. Alteração de variáveis humanas Utilização de técnicas de modelagem comportamental para alterar atitudes e comportamentos que causam conflitos. Alteração de variáveis estruturais organização e nos padrões de interação entre partes conflitantes por meio de redesenho de atribuições, transferências, criação de posições coordenadas, etc. Fonte: Robbins et al. (2010). 218 Quadro 3| Técnicasde estímulo de conflitos Técnicas de estímulo de conflitos Comunicação Usar mensagens ambíguas ou ameaçadoras para aumentar os níveis de conflito. Inclusão de estranhos Incluir nos grupos de trabalho funcionários com históricos, valores, atitudes ou estilos gerenciais diferentes daqueles de seus membros. Reestrutura da organização Realinhamento dos grupos de trabalho, alteração de regras e regulamentos, aumento da interdependência e outras mudanças estruturais similares que rompam o status quo. Nomear um advogado do diabo Designar uma pessoa para o papel de crítico que discuta, propositalmente, as posições defendidas pela maioria do grupo. Fonte: Robbins et al. (2010). O quadro acima apresenta os principais procedimentos que a liderança pode utilizar para administrar, estimular e controlar os níveis de conflito nas organizações. Para Almeida (2015), a ocorrência de conflitos nas díspares áreas existentes na sociedade atual, é uma constante, devido a fatores como nível elevado de tensão intra e interpessoal, grande competitividade das carreiras, complexidade da rede de personalidades em constante interação, entre outros. Para Bowditch e Buono (2004), a resposta individual dos funcionários é divergente frente à determinadas atividades, sendo assim, o indivíduo pode reagir de forma a criar fatores conflituosos 219 em suas relações interpessoais dentro do ambiente de trabalho. Pereira (2014) afirma que esse contexto é facilmente aplicado em ambiente empresarial, pois muitas vezes funcionários com a mesma função, porém com pensamentos diferentes, podem entrar em conflito. Por isso, é extremamente necessário que haja ferramentas para lidar como o conflito organizacional. De acordo com Spagnol (2006), existem algumas estratégias de resolução de conflitos, das quais os líderes e gestores dispõem em seu dia a dia laboral. Quadro 4| Ferramentas para resolução de conflitos ESTRATÉGIAS CONCEITOS Confrontação Tentativa de resolver problemas por meio de uma abordagem frontal entre as partes envolvidas. Compromisso Método clássico de resolução que consiste em estabelecer um acordo por meio de um terceiro que conduz uma negociação. Abrandamento Enfatiza os interesses comuns, procurando minimizar as diferenças entre os membros conflitantes. Competição Utilizada quando uma das partes busca o que deseja a custas dos demais. Colaboração Todos os envolvidos colocam de lado suas metas originais e trabalham em conjunto para estabelecer uma meta comum. Negociação Cada uma das partes abre mão de alguma coisa, conciliando as diferenças entre as partes envolvidas. 220 Evitar o conflito O gerente procura constituir equipes mais homogêneas, com maior afinidade de pontos de vista, metas, objetivos, valores, etc.; controla as relações interpessoais, separando os indivíduos agressivos, evitando assuntos polêmicos em reuniões, enfim, manipulando as condições ambientais, físicas e emocionais. Reprimir o conflito O gerente mantém as diferenças individuais encobertas sob o ideal do trabalho em equipe, não propicia um ambiente em que as divergências possam ser expressadas, ao contrário, cria um clima de repressão, utilizando recompensas para aqueles que aceitam as normas vigentes e punições para aqueles que tentam quebrar a harmonia da equipe. Aguçar as divergências O gerente reconhece e aceita as divergências e procura criar situações para se expressar o conflito abertamente, de maneira que possa ser visto e entendido como tal pela equipe. Transformar as diferenças em resolução de problemas As divergências individuais ou grupais devem ser compreendidas como enriquecedoras ao invés de se estabelecer um clima de competição do tipo certo- errado, assim, as situações conflitivas passarão a ser problemas que podem ser resolvidos de forma criativa e cooperativa. Retirada Demorar para responder a uma questão, esquecer-se do problema, deixar que os problemas se resolvam com o tempo e não ter compromisso com as questões problemáticas, são algumas atitudes dos gerentes que utilizam essa técnica, quando querem simplesmente evitar o conflito ao invés de enfrentá- lo. Mudanças comportamentais Pretende-se atingir as causas do conflito, procurando solucioná-lo definitivamente, na perspectiva de mudar atitudes e comportamentos pessoais. 221 Mudanças organizacionais Geralmente, os conflitos internos são resolvidos por meio de mudanças estruturais como: criação de novos cargos, transferência de funcionários, descentralização da decisão, delegação de autoridade e outros. Peso da autoridade A última palavra decisória é dada por uma autoridade competente. Fonte: Spagnol (2006). O quadro acima apresenta as principais estratégias de resolução de conflitos de acordo com Spagnol (2006). Pode-se averiguar que os líderes podem tomar vários tipos de ações para amenizar ou até dissolver conflitos, desde o confronto até a total retirada (esquecimento do problema). Essa variação de métodos de resolução podem ser melhor aplicadas a partir do conhecimento que o líder tem de sua equipe, e dos comportamentos individuais dos seus liderados. O tópico a seguir discorrerá sore as modalidades de conflitos. Modalidades de Conflitos De acordo com Ferreira (2007), as empresas criam as descrições de cargos; dividem as equipes por especialidades de 222 trabalho; hierarquizam os relacionamentos; tudo isso com intenção de facilitar a comunicação organizacional. Porém, ao invés de ajudar na comunicação, essas rotulações potencializam o conflito. O autor ainda afirma que para se tratar o conflito, primeiramente ele precisa ser percebido. E para facilitar o entendimento do mesmo, é necessário saber os tipos de conflitos organizacionais que existem. Para Bowditch e Buono (2004), o conflito é uma constante no decorrer das interações humanas, podendo ser apenas em relação ao indivíduo, ou em relação a equipes ou grupos. Os tipos de conflito relacionados ao indivíduo são os intrapsíquicos e os psicossociais. O conflito intrapsíquico, também chamado de intrapessoal, pode ocorrer quando: a) o indivíduo possui anseios adversos; b) toma atitudes contraditórias; ou, c) quando precisa escolher uma opção entre outras aprazíveis de igual forma. É aquele que acontece dentro do indivíduo e pode ocorrer devido à conflito de ideias pessoais, emoções, pensamentos, valores e pré-disposições. (BOWDITCH; BUONO, 2004; CUNHA et al., 2006). Marquis e Huston (1999), corroborando os autores supracitados, afirmam que o conflito intrapessoal acontece na esfera do indivíduo, e abrange valores e/ou anseios conflitantes. 223 Exemplos de situações onde o empregado passa por um conflito intrapsíquico são: quando surge dúvida se a profissão escolhida foi a correta, ou quando o empregado é obrigado pela sua função a realizar algo que vai contra seus valores pessoais. O conflito interpessoal, conhecido também como psicossocial, acontece geralmente quando existem desacordos entre dois indivíduos; uma pessoa e um grupo; ou dois grupos. Essas discordâncias podem acontecer por diversos fatores, como por exemplo, as duas partes possuem interesses, objetivos, crenças, valores ou metas diferentes (BOWDITCH; BUONO, 2004; MARQUES; HOUSTON, 1999). Já os tipos de conflitos relacionados aos grupos, de acordo com Bowditch e Buono (2004), são o conflito intergrupal e o intragrupal. O conflito intergrupal se refere aos conflitos experimentados entre dois grupos, departamentos e organizações, e geralmente ocorre por motivos de diferenças, desavenças, gestão e cultura, entre os dois grupos envolvidos (BOWDITCH; BUONO, 2004; MARQUiS; HUSTON, 1999). Já o intragrupal, remete-se aos conflitos vivenciados por pessoas integrantes de um mesmo grupo. Esses conflitos podem 224 ser devido a valores,interesses ou opiniões divergentes entre os indivíduos daquele grupo. No quadro a seguir, pode-se enxergar de maneira clara as diferenças entre as modalidades de conflitos. Quadro 5| Diferenças entre as modalidades de conflitos CATEGORIA MODALIDADE CARACTERÍSTICAS Relacionados ao Indivíduo Conflito Intrapsíquico ou Intrapessoal Ocorre dentro do indivíduo, quando o mesmo possui dúvidas, conflito de ideias pessoais, emoções, pensamentos, valores, anseios e pré-disposições. Conflito Psicossocial ou Interpessoal Ocorre quando existem desacordos entre dois elementos, sendo eles dois indivíduos, uma pessoa e um grupo, ou dois grupos. Os desacordos podem ser por vários motivos, como, por possuírem interesses, objetivos crenças ou metas diferentes. Relacionados ao Grupo Conflito Intergrupal Ocorre quando há conflitos experimentados entre dois grupos, departamentos e organizações, por diferenças de opiniões, gestão, cultura, etc. 225 Conflito Intragrupal Ocorre quando há conflitos experimentados por pessoas integrantes de um mesmo grupo, por possuírem valores, interesses, opiniões divergentes. Fonte: Bowditch; Buono (2004); Marquis; Huston (1999). Como o presente trabalho tem como tema o impacto do conflito intragrupal na síndrome de burnout, em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo, a próxima sessão discorrerá mais afundo sobre o conflito intragrupal, para melhor fundamentação teórica do estudo. Conflito intragrupal Guimarães (2007) define conflito como incompatibilidade expressada, percepção de opiniões, objetivos ou emoções divergentes entre pessoas ou grupos. Para Bowditch e Buono (2004), o conflito pode ocorrer em dimensões intergrupal e intragrupal. A diferença entre essas dimensões, segundo os autores, é mínima, pois ambos se referem às desavenças ou desacordos entre indivíduos. Apesar disso, os autores diferenciam as dimensões supracitadas expondo que o 226 conflito intergrupal, caracteriza-se por apresentar desavenças entre dois ou mais grupos de indivíduos; já no conflito intragrupal, essas incompatibilidades se dão entre indivíduos do mesmo grupo. Wagner e Hollenbeck (2012), conceituam o grupo como um conjunto de pessoas que vivem em interação e influenciam umas às outras como fruto desse convívio. Já para Bowditch e Buono (2004), um grupo é bem mais que um ajuntamento de pessoas, mas é formado por dois ou mais indivíduos psicologicamente conscientes uns dos outros, e que trabalham em conjunto em busca de um objetivo comum. Para Robbins et al. (2010), os grupos podem ser formais ou informais, os formais são delimitados pela estrutura organizacional, possuem atribuições muito bem definidas e especificadas, e realizam as tarefas pré-determinadas e necessárias para o andamento de determinado trabalho. Os grupos informais, oposto a isso, não são pré- determinados por uma instituição ou uma estrutura de trabalho, são formações naturais que surgem no ambiente laboral como resposta a uma necessidade social de interação. Pode-se exemplificar isso como três funcionários de departamentos diferentes que sempre se encontram para almoçarem juntos. 227 Os grupos considerados nesse trabalho serão os grupos formais. Pois o estudo se dará nos conflitos existentes intragrupos de escolas públicas. O processo de desenvolvimento dos grupos é um tópico que exige cautela quando se trata de averiguar como esses grupos desempenham suas funções, solucionam os problemas de relacionamento interpessoal e chegam ao desenvolvimento bem- sucedido das tarefas (BEM, 2015). Robbins et al. (2010), colaboram com o entendimento desse processo de desenvolvimento de grupos e apresentam cinco estágios para isso. São eles: formação, tormenta/conflito, normatização, desempenho e interrupção/desintegração. Já Bowditch e Buono (2004), sintetizam o desenvolvimento dos grupos em quatro estágios: formação, erupção, normalização e realização. Os estágios supracitados serão descritos a seguir. O estágio de formação é conceituado como a fase da experimentação e da dúvida. É uma fase de reconhecimento de terreno e somente estará concluído quando os indivíduos começarem a se enxergar como parte do grupo. A tormenta/ erupção, ocorre após os indivíduos aceitarem o fato de serem pertencentes àquela equipe, porém, apresentarem resistência aos 228 limites impostos pelo grupo. Nesse estágio se inicia o processo de ajuste ou negociação. No estágio de normalização/normatização, a resistência dos indivíduos participantes é superada a partir da criação de normas, desenvolve-se assim, a coesão intragrupal. É nesse estágio que começam a surgir relacionamentos próximos. No estágio de desempenho/realização, o grupo se apresenta funcional no desempenho das tarefas e os assuntos pertinentes a relações interpessoais. Nessa fase o status dos participantes e a divisão das tarefas estão equacionados, de maneira que o ponto focal seja direcionado para a execução do trabalho (BOWDITCH; BUONO, 2004; ROBBINS et al., 2010). Para os grupos permanentes na organização, o desempenho/realização é o último estágio do desenvolvimento de um grupo, porém Robbins et al. (2010), salientam que em casos onde o grupo é formado para um trabalho temporário, ou similares, existe o estágio da interrupção/desintegração, que encaminha e prepara os indivíduos daquele grupo para sua dissolução. O desempenho deixa de ser primordial, e todas as atividades se voltam para a finalização das tarefas (BOWDITCH; BUONO, 2004; ROBBINS et al., 2010). 229 De acordo com Ayoko et al. (2014), muitas equipes em organizações experimentam conflitos em seu cotidiano. Os autores exemplificam essa afirmação, citando o comportamento de equipes de alta gerência que debatem frequentemente sobre a natureza e a composição de sua hierarquia. Nessa abordagem uma estrutura de recompensa competitiva muitas vezes, instiga conflitos e desentendimentos entre os membros da equipe que apoiam diferentes cursos de ação, como resultado de seus valores e experiências pessoais. Ayoko et al. (2014) ainda definem o conflito intragrupal como a incompatibilidade percebida, ou visões discrepantes entre membros de uma equipe. O conflito intragrupal, é diferenciado, desde 1954, por Guetzkow e Gir em dois tipos: Conflito Substantivo: ligado às tarefas do grupo, sendo mais comum acontecer quando há uma meta conjunta a ser cumprida, porém há divergência de opiniões com relação ao modo de atingir esse objetivo. Geralmente os integrantes do grupo são mais disponíveis à novas ideias neste tipo de conflito. E, Conflito Afetivo: que é ligado ao aspecto emocional dos relacionamentos interpessoais, e geralmente acontecem quando os indivíduos que formam o grupo estão mais preocupados com seu status ou satisfação pessoal do que com a 230 equipe (GUETZKOW; GIR, 1954 apud JEHN; BENDERSKY, 2003). Conforme Marques et al. (2014), entre as definições organizacionais de conflitos intragrupais existem o conflito de tarefa e o conflito de relacionamento, sendo o primeiro, as discordâncias entre as decisões dos indivíduos que formam o grupo e divergências entre ideias e opiniões. Já o conflito de relacionamento, é a sensação da incompatibilidade, ou diferença de personalidade entre os membros do grupo. Usualmente nesse tipo de conflito existe impaciência e exaltação no ambiente de convívio. Para Ayoko et al. (2014), o conflito de tarefa acontece quando os membros do grupo não concordam sobre o conteúdo das tarefas, ou como elas são realizadas. Nesse sentido ele (conflito), muitas vezes se manifesta quando há diferença de ideias, opiniões ou até mesmo pontos de vista. Já o conflito de relacionamento acontece quando há incompatibilidade interpessoais entre os indivíduos participantesdo grupo, geralmente, quando há esse tipo de conflito, tem-se bastante tensão e resistência. Muitas vezes essas diferenças podem ser de personalidade, opiniões, ou simples preferências em relação a questões polêmicas, como política e religião. 231 Em resumo, Ayoko et al. (2014) afirmam que os conflitos de tarefa têm foco no trabalho, na tarefa em si, e os conflitos de relacionamento, por outro lado, abrangem questões interpessoais. Pode-se encontrar na literatura várias rotulações para o conflito de tarefas, entre elas, conflito cognitivo, de conteúdo ou realistas, porém todos são conceituados como conflitos focados nas atividades desenvolvidas pelos profissionais em seus ambientes de trabalho. Figura 3| Conflito de relacionamento e conflito de tarefa Fonte: Elaborada pela autora (2017). 232 Dessa maneira, enquanto o conflito de tarefa compreende divergências de opiniões sobre questões relacionadas à tarefa, distribuição de recursos, procedimentos e interpretação dos fatos, o conflito de relacionamento compreende divergências de valores, opiniões, gostos pessoais, preferências políticas, estilos e até de personalidade. Em resumo, questões não ligadas à tarefa (non-task) (AYOKO et al., 2014; DE DREU; WEINGART, 2003). Conforme Ayoko et al. (2014), há um terceiro tipo de conflito que ocorre na modalidade do conflito intragrupal, este é chamado conflito de processo. Apesar de muito parecido com o conflito de tarefa, ele se difere por envolver não apenas o conteúdo e a substancia da tarefa em si, pois abrange as estratégias indispensáveis para o cumprimento da mesma. Ainda de acordo com Ayoko et al. (2014), o conflito de processo pode ser conceituado como os desacordos que remetem aos meios para a realização da tarefa. Para melhor compreensão da diferença entre conflitos de tarefa e conflitos de processo, os autores apresentam o seguinte exemplo: quando há desacordo entre pesquisadores sobre a interpretação dos dados obtidos em suas pesquisas, há um conflito de tarefa, agora, quando há desacordo sobre qual instrumento de coleta de dados utilizar, há um conflito de processo. 233 Na literatura, porém, pode-se perceber que a maioria dos pesquisadores que estudam conflito intragrupal, subdividem-no apenas em conflito de tarefa e de relacionamento, visto que o respaldo teórico e empírico é maior nesses dois tipos (DE DREU; WEINGART, 2003; AYOKO et al., 2014; MARQUES et al., 2014; GUIMARAES, 2007). As consequências do conflito de tarefa, geralmente são favoráveis, pois em maioria, os grupos que passam por este tipo de conflito, tendem a tomar decisões mais acertadas após longas discussões e melhor compreensão sobre o assunto em pauta, e sobretudo, este tipo de conflito pode melhorar a satisfação geral dos indivíduos que integram o grupo, pois eles se sentem participantes daquela tomada de decisão. Além disso, o conflito de tarefa estimula a criatividade dos participantes do grupo, tornando a tomada de decisão potencialmente inovadora (SIMONS; PETERSON, 2000; YONG et al., 2014). Já as consequências do conflito de relacionamento, geralmente não são favoráveis, esse tipo de conflito costuma apontar efeitos negativos sobre o comprometimento e satisfação dos indivíduos pertencentes ao grupo, já que os esforços são dispensados em discussões de caráter pessoal, devido as divergências interpessoais. Surge uma competição não sadia, que 234 prejudica a produtividade, a criatividade, a construção de consensos e a satisfação dos participantes do grupo. Os membros ficam envolvidos em questões pessoais, e não focam na realização da tarefa. Além disso, o conflito de relacionamento pode gerar intolerância às opiniões de outros membros do grupo, além de perda de tempo para solução de problemas não relacionados à tarefa (SIMONS; PETERSON, 2000; AYOKO et al., 2014). De acordo com Ferreira (2007), o conflito de tarefa (que envolve o desempenho e performance da equipe) tende a evoluir com o tempo, e se tornar um conflito de relacionamento entre os participantes da equipe. Corroborando a isso, Simons e Peterson (2000) e Cosier et al. (1991 apud SILVA; PALACIOS, 2010), identificaram correlações positivas entre o conflito de tarefa e o conflito de relacionamento. Esses autores afirmaram com base neste resultado que quando há um conflito de tarefa, que é voltado para execuções e decisões no ambiente de trabalho, pode haver também uma incompatibilidade pessoal, que pode posteriormente originar o conflito de relacionamento. Em síntese, o conflito intragrupal é caracterizado por desavenças entre integrantes de um mesmo grupo existentes nos 235 mais variados ambientes sociais. Essas desavenças podem se concretizar principalmente quando os indivíduos desses grupos desenvolvem tarefas e relacionamentos discordantes entre si. Em outras palavras, os principais conflitos intragupais ocorrem devido a dois fatores: • Desacordo nas tarefas: quando as funções de um ou mais indivíduos de um mesmo grupo interferem no desempenho das funções de outros integrantes. • Desacordo de relacionamentos: quando existem incompatibilidades nas relações interpessoais dos integrantes do grupo. Estresse O termo estresse, está presente em diversas áreas da atualidade, e é associado a sensações de desconforto. Tem-se hoje em dia, um número cada vez maior de pessoas se auto diagnosticando como estressados (STACCIARINI; TROCCOLO, 2001; OLIVEIRA, 2013). Oswaldo (2011) afirma que o estresse tem chamado tanta atenção nos dias atuais, que o tempo em que vivemos é chamado por alguns como a era do estresse. 236 Estresse, palavra adaptada do termo em inglês stress, era inicialmente utilizada pela engenharia como o efeito da força física aplicada sobre estruturas metálicas. Posteriormente, no início do século XX, o estresse foi relacionado pelo fisiologista Walter Cannon às reações de animais a estímulos ameaçadores. Nas explicações das consequências destes estímulos ameaçadores, foi agregado o termo homeostasis (do grego, homonios que significa similar, e stasis que significa posição). Estes esclarecimentos geraram estudos que sobretudo dizem respeito aos mecanismos de proteção fisiológicos do organismo contra agressores, também chamados de estressores, podendo estes serem coisas do cotidiano, como fome e sede, até estágios de hemorragia ou dor profunda, entre outros (BAPTISTA et al., 2007; CARLSON, 1995). Ressalta-se como precursor da pesquisa sobre o estresse que conhecemos hoje, o fisiologista Hans Selye, que em 1936 dizia que o corpo possuía mecanismos de auto recuperação bem definidos quando expostos à algum tipo de patogenia (BAPTISTA et al., 2007). Hans Selye foi o primeiro médico que utilizou o termo estresse na área da saúde. Ele era endocrinologista e começou a perceber que muitos pacientes possuíam doenças físicas e 237 reclamavam de sintomas em comum. Essas observações levaram- no a realizar pesquisas com animais em laboratório, e a definir estresse em 1936, como uma consequência inespecífica de qualquer ação sobre o organismo, seja de efeito mental ou somático, e ‘estressor’, como todo agente ou demanda que evoca reação de estresse, sendo esta de natureza física, mental ou emocional. Selye observou em seus estudos, que o estresse gerava reações de defesa e adaptação do organismo frente ao agente estressor (CAMELO; ANGERAMI, 2004). Selye (1976) definia estresse como uma síndrome de adaptação (SGA), em consequência de uma demanda superior ao que o organismo pode aguentar, gerando assim implicações cognitivas e somáticas ao indivíduo. Não é o fator que atinge o organismo que é chamado de estresse, e sim a maneira que o organismo reage a esse fator. Para Marques (2016), cognição é a percepção que o ser humano possui de tudo o que o envolve,é o processo de conhecer. E abrange a atenção, a memória, o raciocínio, o juízo, a reflexão, a imaginação e a linguagem. A psicologia cognitiva afirma que as ações do indivíduo são baseadas a partir do processamento e registro das informações recebidas no ambiente. Já o termo 238 somático, de acordo com Ferreira (2017) significa aquilo que é relativo ao corpo. Sendo assim, pode-se afirmar que a Síndrome Geral de Adaptação, gera consequências tanto na mente quanto no corpo físico do indivíduo. Ainda conforme Selye (1976), o estresse é o grau de deterioração ocasionado pelos fatores da vida, e também, uma somatória de reações desenvolvidas pelo organismo, quando este é exposto a situações que demandam empenho para a adaptação. O estresse ficou conhecido então, como uma síndrome geral de adaptação, que para o autor pode ser mencionada como o conceito de estresse. É o conjunto de sinais que ocorrem em uma situação de apropriação, quando alguém precisa se tornar apto para algo novo. Selye (1976) relacionou o estresse a três premissas, são elas: a) qualquer tipo de estresse desencadeia em uma síndrome de manifestações gerais; b) esta síndrome desencadeada conduz à uma adaptação; e c) a adaptação pode gerar uma patologia. Estudiosos posteriores a Hans Selye, começaram também a conceituar e caracterizar o estresse, surgindo assim, opiniões distintas e mais modernas às do fisiologista sobre a definição de estresse. 239 Resistência Fase C Exaustão Fases do Processo de Estresse segundo Selye São as reações apresentadas pelo corpo no momento de reconhecimento do estressor. O organismo se prontifica para lutar ou fugir. É o esforço feito pelo organismo para resistir os efeitos de alarme, e encontrar equilibrio em caso de permanecia do fato estressor. Acontece quando o fato estressor permanece por mais tempo que o organismo suporta, gerando em maioria dos casos, falha no mecanismo de adptação. Fase A Alarme Fase B De acordo com Ayres et al. (2004), o estresse pode ser entendido como um conjunto de reações fisiológicas e comportamentais apresentadas como resposta à fatos ocorridos que geram ameaça ou desafio ao indivíduo. Os sintomas desse processo podem ser físicos, psicológicos e comportamentais, e de acordo com Selye, possui três fases. Quadro 6| Sintomas do processo de estresse segundo Selye Fonte: Ayres et al. (2004). Pode-se enxergar as fases de alarme, resistência e exaustão no cotidiano, como exemplificado no caso a seguir. Um profissional dedicado ao trabalho, assiste um corte de funcionários em sua área devido a uma crise financeira da empresa, seu subconsciente entra em estado de alerta, “preciso dar o meu melhor para não ser demitido”. 240 Logo após, com menos pessoal e a mesma carga de trabalho, este funcionário precisa fazer muitas horas extras para compensar a ausência de empregados, esta fase é a fase de resistência, “faço horas extras para entregar meu trabalho”. Porém com o tempo, seu organismo não suporta mais trabalhar tantas horas por dia, seu corpo está esgotado, sua família sente pela sua ausência, e não tem mais qualidade de vida, esta é a fase da exaustão (o organismo pode responder com doenças psicossomáticas ao estresse). Segundo Florentino et al. (2015), a literatura aponta vários sintomas físicos, psicológicos, emocionais e comportamentais que podem se manifestar em indivíduos que sofrem de estresse. Entre os exemplos de sintomas físicos, os mais recorrentes são: perda de peso/apetite, tensão muscular e insônia. Figura 3| Processo de estresse Fonte: Elaborada pela autora (2017). 241 Os sintomas psicológicos mais frequentes são: atitudes rígidas, perda de concentração, esquecimento, maior sensibilidade a críticas, maior autocrítica e indecisão. Os sintomas emocionais mais presentes são: maior ansiedade, maior irritabilidade, medo desnecessário, tensão acima do normal, resistência, agitação, nervosismo, raiva, tristeza, timidez, mau humor, isolamento, ciúme, sentimento de descontentamento e falta de interesse. Já as reações comportamentais, são demonstradas, geralmente pelo exagero de ações do dia-a-dia, como por exemplo: tom de voz elevado, falar de maneira abrupta, comportamento agressivo, mais severo ou de reclusão. Não se pode definir uma lista assertiva e fechada sobre os sintomas originados pelo estresse, pois, a reação individual aos agentes estressores é diferente de pessoa para pessoa. O estresse pode ter origem tanto por fatores internos (características pessoais), quanto por fatores externos (diversas áreas da vida de um indivíduo, como social, familiar e laboral) (FLORENTINO et al., 2015). Além de todos os sintomas supracitados, o estresse também pode causar diversas consequências. De acordo com Oswaldo (2011), o estresse pode afetar a família e trabalho do indivíduo, assim como a sociedade em que o mesmo vive. Além 242 disso, pode trazer dificuldades de concentração e perdas de memória no trabalho, fazendo o empregado sofrer com a queda na produtividade e criatividade. Assim, corroborando os autores acima citados, todas essas recorrências podem afetar o sistema imunológico do indivíduo, deixando-o mais vulnerável a doenças (OSWALDO, 2011). Segundo Melquiades e Leite (2014), se nada for feito para minimizar a tensão, o estresse pode dar origem a doenças, tanto físicas, quanto psicológicas. De acordo com Lima et al. (2014), o mecanismo utilizado para tratar agentes estressores é denominado estratégia defensiva, ou método de enfrentamento. O termo mais utilizado, porém, para definir esta estratégia é o coping, que segundo Antoniazzi et al. (1998), foi traduzido com o sentido de processo de enfrentamento, ou apenas enfrentamento, e significa “lidar com”. Essa estratégia se resume no esforço cognitivo e comportamental, que é direcionado para a administração do ambiente, das demandas internas e dos conflitos que de alguma maneira afetam o indivíduo (LIMA et al., 2014). Compas (2006) afirma que o estudo do coping em circunstâncias adversas é essencial e de grande valia, pois, ele permite a explicação dos mecanismos psicológicos envolvidos na 243 superação das dificuldades e no processo de construção de percursos saudáveis de desenvolvimento, embasando-se na literatura das áreas de resiliência, do bem-estar e de qualidade de vida. O coping não é exercido de maneira igual em todos os indivíduos. Os recursos que cada pessoa possui influenciam diretamente na aplicação do coping. Esses recursos podem ser: saúde, energia, crenças, compromissos, aptidões na solução de problemas, capacidades sociais de comunicação, comportamento social adequado e eficaz, apoio social e recursos materiais (LAZARUS; FOLKMAN, 1984). Para Lazarus e Folkman (1984), o termo coping se refere ao método de enfrentamento de demandas que geram sobrecarga ou extrapolam os recursos do indivíduo, não importando se são internas e/ou externas. Esta definição configura o coping reativo. De acordo com Fontes e Guimarães (2004), o coping reativo é aquele em que a pessoa se encontra em uma situação de estresse, avalia esta condição e a caracteriza como ameaça, perda ou necessidade de mudança, e esta avaliação pode gerar reações emocionais ou fisiológicas no indivíduo. Já coping pró-ativo, por outro lado, enxerga as situações de estresse como oportunidades de crescimento e desenvolvimento 244 pessoal. Para minimizar as implicações do estresse, o indivíduo emprega recursos psicológicos como por exemplo, auto estima positiva, senso de controle pessoal, otimismo e competência para encontrar significados na vida (GREENGLASS, 2001). O quadro abaixo exemplifica de maneira simples, quais são as diferenças entre o coping reativo e o coping pró-ativo. Quadro 7| Diferençasentre coping reativo e proativo Fonte: Fontes; Guimarães (2004). Conforme o quadro acima, verifica-se que existem grandes diferenças entre coping reativo e proativo, o reativo está sempre lidando com eventos estressantes que já aconteceram, e gerenciando as consequências, o proativo em contrapartida, se direciona para a busca de objetivos e crescimento pessoal, assim, o fator de estresse deixa de ser ameaçador e passa a ser uma oportunidade de melhora e mudança, fazendo os indivíduos adquirirem novas competências como planejamento, 245 estabelecimento de metas, organização e simulação intelectual (FONTES; GUIMARÃES, 2004). Estresse laboral Tem-se hoje em dia, no ambiente organizacional, mudanças constantes causadas pela busca por inovação, conquista de mercado e concorrências globais. Essa situação força as empresas a aumentarem ainda mais seu nível de competitividade organizacional, e para tanto, muitas vezes, estabelecem ações de sobrevivência e adaptabilidade, que se traduzem em cortes de funcionários, enxugamento de departamentos e redução de custos. Este cenário tem gerado um fenômeno de instabilidade emocional e física nos trabalhadores, através de agentes estressores diretamente ligados ao ambiente laboral, e que em consequência afetam a saúde do trabalhador (FLORENTINO et al., 2015). Para Souza e Souza (2016), um dos adoecimentos psicólogos presentes do trabalho que são mais ocorrentes atualmente, é o estresse, principalmente por ele ser uma reação normal do organismo nos momentos de necessidade de adaptação frente a uma situação de desconforto. 246 De acordo com Schimidt (2013), o estresse ocupacional está cada vez mais presente tanto em países desenvolvidos quanto em países emergentes, e tem afetado não só a saúde dos trabalhadores, mas também a economia desses países. Vários pesquisadores tem estudado o impacto do estresse nas organizações e o consequente adoecimento do trabalhador. Segundo Prado (2015), o estresse laboral é caracterizado pelo tipo de resposta que o indivíduo ou grupo de pessoas dão aos estímulos recebidos do ambiente organizacional. Em outras palavras, cada indivíduo reage de forma diferente aos agentes potencialmente estressores de um ambiente organizacional. Apesar dessa afirmativa, existem estímulos estressores que causam maiores danos físicos e psicológicos para um maior número de indivíduos quando esses são a eles expostos. Diante disso, o que determina o estresse ou não estresse laboral são as consequências negativas físicas e ou psicológicas que um indivíduo ou grupo de profissionais sofrem ao serem expostos a esses agentes estressores. O estresse laboral, pode ser caracterizado como um fenômeno onde o estado psicológico e físico do empregado entram em colapso, pois, os recursos que ele dispõe para 247 administrar as pressões do trabalho e suas consequências se esgotam (KAZMI et al., 2008). O estresse ocupacional de acordo com Rossi (2009, p. 3-4) é conceituado como: [...] reação prolongada a estressores interpessoais crônicos no trabalho. E destaca três dimensões mais importantes do estresse ocupacional [...] a exaustão, o ceticismo e um sentimento de ineficácia profissional. Essas três dimensões tem uma inter-relação estruturada no sentido de a exaustão, que ocorre em relação às exigências do meio ambiente, leva ao ceticismo, que por sua vez, diminui a eficácia profissional (ROSSI, 2009 p. 3- 4). Paiva et al. (2015), apresentam o tema do estresse laboral numa perspectiva não necessariamente negativa, mas consideram que as respostas que os indivíduos dão a estímulos estressores podem melhorar suas capacidades de adaptação, crescimento e desenvolvimento no ambiente profissional. Segundo esses autores o estresse é um conjunto de respostas que o organismo dá aos diversos estímulos, e o que os torna nocivos ou não à saúde do trabalhador é a não observação dos limites que os mesmos têm ao darem essas respostas. Silva e Salles (2015) defendem a especificidade do estresse laboral pelo desequilíbrio existente entre as exigências 248 organizacionais e os recursos que os profissionais dispõem para as atenderem. Nesse sentido as atividades profissionais passam a ter um papel estressor no trabalhador, pois tornam as probabilidades de fracasso maiores, levando os profissionais a aumentarem a carga de trabalho sacrificando muitas vezes a saúde física, mental e sentimental. De acordo com Santos et al. (2014), tem-se no ambiente laboral diversos fatores que põem em risco a natureza física, química, biológica e organizacional do trabalhador. Logo, é de suma importância entender as organizações presentes no dia a dia do trabalho e suas consequências na qualidade de vida e na saúde dos empregados, sendo esse entendimento essencial para compreensão e intervenção em casos onde o trabalho esteja gerando agravos à saúde, e diminuição da qualidade de vida do trabalhador. Florentino et al. (2015) em concordância com os estudos de Cooper et al. (1988), consideram que existe uma categorização dos agentes ocupacionais que são potenciais estressores no ambiente laboral, os quais são descritos e explorados abaixo: • Fatores Intrínsecos ao Trabalho: esses fatores estão especificamente e diretamente relacionados às atividades desempenhadas pelo trabalhador e as condições em que as 249 mesmas são desenvolvidas na organização. Esses fatores abordam as condições estruturais da empresa e as exigências do produto e ou serviço por ela oferecidos (condições de higiene, saúde e segurança do local de trabalho, recursos disponibilizados, tempo, carga de trabalho, tipo de produto ou serviço, rotinas, dinâmicas adaptativas, etc.). • Papel Organizacional: esse fator se caracteriza como estressante quando não existe bem claro e definido no ambiente organizacional os limites de autoridade, responsabilidade e competência dos trabalhadores. Uma vez que essas demarcações não estão bem estabelecidas existe uma grande probabilidade de surgir um ambiente de funções ambíguas e conflituosas entre os profissionais. • Relacionamento Interpessoal: esse fator aborda a capacidade do trabalhador de se relacionar com os indivíduos dispostos nos diferentes níveis hierárquicos na organização. Nessa perspectiva podem-se encontrar diversas situações com potencial de desencadear o estresse laboral pela incompatibilidade relacional recíproca entre funcionários de mesmo nível hierárquico, na relação 250 superior e subordinado e também no relacionamento entre subordinado e superior. • Carreira: a carreira se torna um agente potencial de estresse por gerar no trabalhador a expectativa de alcançar no trabalho sua ascensão profissional, a busca pela segurança profissional e financeira e também a autoestima de se estar em um cargo de status elevado. • Clima Organizacional: no contexto de agente estressor, os autores abordam o clima organizacional como um fator que pode ameaçar a integridade pessoal do trabalhador pelas funções laborais. Em outras palavras o clima organizacional tem o potencial de interferir na autonomia do indivíduo e sua identidade pessoal a partir do momento em que o profissional se vê “obrigado” a fazer algo que normalmente não faria para atender uma demanda de trabalho. • Interface Casa/Trabalho: Esse fator explora a capacidade do profissional conseguir equilibrar sua vida social com sua vida profissional. As expectativas sociais podem interferir negativamente nas expectativas laborais e vice-versa. 251 De acordo Prado (2015), o diagnóstico do estresse laboral é essencialmente clínico, e a sua compreensão só é possível quando o julgamento este fundamentado em três principais análises que apesar de serem distintas, são interligadas e se completam: • Biológicas:estímulos estressores no ambiente laboral que causaram desgaste no corpo do trabalhador ou afetaram sua saúde física (desgaste ósseo, perda de sentidos, doenças crônicas, etc.) • Psicológicas: o grau de interferência que um agente estressor do ambiente profissional pode proporcionar a um trabalhador em suas relações afetivas, emocionais e intelectuais. • Sociológica: a capacidade de um estímulo estressor ocupacional se estabelecer no contexto da sociedade. Paiva et al. (2015), acreditam que as manifestações negativas do estresse podem ser observadas em pelo menos dois níveis: individual e organizacional. No nível individual, essas manifestações ocorrem no âmbito psicológico (desânimo, irritabilidade, depressão, ansiedade, afastamento social, etc.) e físico (aumento da pressão arterial, dores nos ombros e coluna, alcoolismo, dependência química e/ou física etc.). 252 No nível organizacional a manifestação do estresse laboral pode ser observada quando existem aumentos nos indicadores organizacionais de absenteísmo e rotatividade de funcionários e também quando são verificados queda na qualidade e produtividade organizacional. Outro fator ainda que pode caracterizar um quadro de estresse laboral é o nível de desgaste nos relacionamentos hierárquicos. Silva (2014) defende que, uma vez que agentes estressores tem o potencial de interferir na saúde do trabalhador deve haver um comprometimento da organização em buscar formas preventivas de enfrentamento a esse mal real. O autor ainda sugere que empresas façam um rodízio de funções entre os profissionais, proporcionando uma constante mudança de ambientes laborais que minimizariam o tempo de exposição dos profissionais ao mesmo tipo de agente estressor. A Próxima sessão discorrerá sobre a Síndrome de Burnout, que de acordo com alguns estudiosos, é uma das principais consequências negativas do Estresse Laboral (BARROS; MORAES, 2014; BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Pode-se então, considerar que o estresse laboral é um desgaste do organismo humano proveniente do trabalho por ele desenvolvido. Esse desgaste ocorre quando o trabalhador é 253 submetido e exposto sistematicamente a diversos fatores estressores, como atividades insalubres, clima organizacional desfavorável, frustação quanto a carreira, entre outros. Por serem muitas as fontes potenciais de stress os sintomas do desgaste laboral podem ser percebidos tanto no físico, quanto psicológico do trabalhador. Síndrome de Burnout A síndrome de burnout é conceituada por alguns estudiosos como uma das maiores sequelas do estresse laboral. E é caracterizada por sentimentos e atitudes negativas no relacionamento entre o trabalhador e seu local de trabalho, se concretizando assim no baixo desempenho do empregado, e consequentemente da empresa (BARROS; MORAES, 2014; BENEVIDES-PEREIRA, 2002). De acordo com Alonso (2014), diferentemente do estresse, em casos de síndrome de burnout, o indivíduo se percebe vazio, desmotivado e isolado. Trabalhadores que sofrem de burnout, em maioria não enxergam mais esperança de melhora nas situações do dia a dia. Se o estresse em demasia pode ser exemplificado como 254 um afogamento em responsabilidades, a síndrome se caracteriza como uma completa seca. Smith et al. (2017) compara as características do estresse e da síndrome de burnout. Figura 4|Comparação entre estresse e síndrome de burnout Fonte: Smith et al. (2017). Conforme Santini (2004) o burnout, também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico que começou a ser estudado por um médico americano chamado Freudenberger em 1974. 255 A expressão burnout se origina na língua inglesa a partir da junção de dois termos: burn que significa queimar, e out que significa fora. Burnout, pode ser melhor traduzido como ser consumido pelo fogo e faz alusão a algo ou alguém que parou de funcionar, simples e absolutamente por que perdeu o vigor e a energia. Faz menção a um objeto ou pessoa que chegou ao extremo das condições físicas ou mentais (BENEVIDES - PEREIRA, 2002; FERRARI, 2014). Maslach e Jackson (1981) definem a síndrome de burnout como uma reação ao crônico conflito emocional, que é causado a partir do exagerado contato com outras pessoas, sobretudo quando estas estão passando por momentos de dificuldade, de problemas e preocupações. Segundo os autores, o cuidado exige constante tensão emocional, atenção perene, e grandes responsabilidades a cada gesto de trabalho. O envolvimento do trabalhador com seu cliente se torna efetivo, de modo que o primeiro se desgasta imensamente e passa a ter a síndrome de burnout. Conforme Barros e Moraes (2014), a síndrome de burnout é uma das implicações mais marcantes do estresse no trabalho e pode ser caracterizada pela exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade. O autor também sugere, 256 corroborando Maslach e Jackson (1981), que a síndrome de burnout é uma doença emocional crônica, que pode ser gerada a partir do constante, excessivo e estressante contato com o trabalho. As pessoas que sofrem da síndrome têm uma perda muito grande do seu interesse no trabalho e muitas coisas que antes tinham valor no seu dia-a-dia, passam a ser irrelevantes e inúteis na visão do trabalhador. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), a síndrome está registrada no Grupo V (transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho) da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), segundo consta na Portaria nº 1399/99. Melquiades e Leite (2014), afirmam que a avaliação do fator estressor como positivo ou negativo é realizada pelo indivíduo, de acordo com os recursos de enfrentamento que ele tem sobre os estressores, e o estresse está sempre presente, não só no ambiente laboral, mas também, na vida cotidiana. Porém, se a pessoa não consegue enfrentar o fator estressor, e ele se torna crônico, e associado ao trabalho, o mesmo passa a ser chamado de síndrome de burnout, que de acordo com Trindade et al. (2010) é ratificada pelo desgaste emocional, despersonalização, e sensação de incompetência, ocorrendo 257 quando o recurso para enfrentar a situação de conflito dentro do trabalho, por parte do trabalhador se esgota. A fundamentação principal do conceito de burnout, hoje em dia, em concordância com todos os autores supracitados, se dá na perspectiva social psicológica. Este ponto de vista avalia a síndrome como uma reação ao estresse emocional crônico que acontece pela excessiva relação interpessoal no trabalho. Este construto é constituído por três dimensões independentes, porém, conexionais. Sendo elas, a Exaustão Emocional (EE), a Desumanização ou Despersonalização (DE) e a Baixa Realização no Trabalho, também chamada de reduzida Realização Profissional (rRP) (TRINDADE et al., 2010; MELQUIADES; LEITE, 2014; MASLACH; JACKSON, 1981). Para Benevides-Pereira (2002), corroborando os autores supracitados, a síndrome de burnout envolve três componentes: a Exaustão Emocional, a Despersonalização e a reduzida Realização Profissional. Pode-se definir a Exaustão Emocional (EE), como sensação de absoluta falta de energia ou entusiasmo, de total esgotamento físico e mental, de chegar ao estremo de qualquer possibilidade, colapso total de recursos, é caracterizada como o ponto máximo do estresse profissional (BENEVIDES-PEREIRA, 258 2002; TRINDADE et al., 2010; MELQUIADES; LEITE, 2014; CODO; VASQUES-MENEZES, 2014). A despersonalização (DE), por sua vez, é o processo de impessoalidade do profissional, que começa a ter um contato frio e indiferente com seu público (alunos, pacientes, clientes, etc.), tendo atitudes de ironia e cinismo e os tratando de forma distantee impessoal, endurecimento afetivo, coisificação do relacionamento (BENEVIDES-PEREIRA, 2002; TRINDADE et al., 2010; MELQUIADES; LEITE, 2014; CODO; VASQUES- MENEZES, 2014). Já a reduzida Realização Profissional (rRP), dá-se pelo sentimento de insatisfação, incapacidade, baixa autoestima, incompetência profissional e desmotivação, levando o funcionário à vontade de desistir da profissão e se auto avaliando de maneira negativa (BENEVIDES-PEREIRA, 2002; TRINDADE et al., 2010; MELQUIADES; LEITE, 2014). Conforme Barros e Moraes (2014), alguns fatores influenciam no desenvolvimento da síndrome de burnout, são eles: a escassa ou nenhuma autonomia na performance profissional, dificuldade de relacionamento com colegas clientes, pacientes, líderes e alunos, falta de colaboração na equipe, sentimento de 259 inferioridade e desqualificação profissional, e conflitos entre família e o trabalho. Outras particularidades que podem estimular o burnout são o elevado idealismo, a dedicação e motivação excessivas, severidade, perfeccionismo, entre outros. Inicialmente, o principal atributo que indica de que a pessoa pode sofrer da síndrome, é a dedicação sem limites à sua atividade laboral, podendo ser caracterizada em sua maioria, por horas extras excessivas, descuidando da vida pessoal, do convívio familiar, e de qualquer outro tipo de hobbie, passando a ter uma dedicação quase que exclusiva à sua ocupação laboral (ALONSO, 2014). De acordo com Ferrari (2014), a síndrome de burnout é causada por uma série de fatores individuais e ambientais, diretamente relacionados à uma percepção de desvalorização profissional. Em um mundo ideal, o trabalho deveria ser um lugar de realização pessoal e alegria, e ao invés disso, ele vem se tornando a cada dia mais um ambiente de estresse. Sendo assim, não se pode afirmar que a causa do burnout está única e exclusivamente ligada à personalidade ou genética do indivíduo, apesar destas terem influência para o culmino da doença. O autor também afirma, que o ambiente laboral e as 260 condições nele apresentadas podem ser determinantes para o adoecimento ou não do trabalhador. Figura 5|Burnout Elaborada pela autora (2017). Para Albrecht (1988 apud CAMELO; ANGERAMI, 2004), outros fatores que geram alto nível de estresse em trabalhadores são, problemas interpessoais com colegas de trabalho, clientes e liderança, ausência de cooperação entre a equipe, falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e falta de autonomia para realização das suas funções. Os profissionais mais propensos a sofrer da síndrome são os chamados workaholics. A definição de workaholics para Serva e Ferreira (2006), tem relação com a busca descomedida por resultados, gerando 261 consequentemente, longas jornadas, excesso de carga e ritmo acelerado, podendo suscitar indivíduos viciados em trabalho. Os tipos de comportamento padrão dos chamados workaholic, são: compulsivo-dependente (caracterizado pela compulsão ou dependência do trabalho); perfeccionista (caracterizado pela necessidade de estar no controle, e a preocupação exagerada com detalhes, regras e relatórios); e o orientado para a realização (caracterizado por possuir forte identidade com a carreira e anseio por crescimento profissional e financeiro dentro dela) (SERVA; FERREIRA, 2006) Para Alonso (2014), existem vários fatores que podem influenciar no aumento da probabilidade de incidência do burnout. Deve-se levar em conta a idade do indivíduo, o sexo e a variedade de papéis que cada um desempenha na sociedade. Porém, segundo Smith et al. (2017), qualquer empregado que se vê desvalorizado e sobrecarregado em seu ambiente de trabalho, corre grande risco de esgotamento, independente do cargo ocupado. É muito raro encontrar pessoas que amam o que fazem para se sustentar, sentem alegria e não se permitem dominar pelo trabalho compulsório. Muitos trabalhadores, como maneira de fugir de conflitos internos e da ansiedade, trabalham de forma exaustiva e acelerada, como uma compulsão (TELES, 1993). 262 Os estudiosos Melquiades e Leite (2014), afirmam que essa síndrome pode assolar qualquer trabalhador, independentemente de sua categoria profissional ou idade, porém, corroborando Araujo et al. (2009), os autores consideram que as profissões que mais são afetadas pelo burnout são as que exigem um contato interpessoal mais intenso em seu ambiente laboral. Desta maneira, Araujo et al. (2009) afirmam que essa síndrome pode ser definida como estresse laboral crônico, causado pelo cansaço físico e emocional do trabalhador, que desenvolve suas atividades laborais através do contato humano. Isso ocorre quando o empregado não suporta mais enfrentar os conflitos e situações difíceis no ambiente laboral. Já de acordo com Araujo et al. (2009), a síndrome de burnout, também é conhecida como estafa profissional, ou síndrome do esgotamento profissional, e começou a ser estudada em pesquisas relacionadas à sentimentos e às maneiras de confronto desses sentimentos, sendo assim, esses estudos se deram principalmente com profissionais que lidam diretamente, em seu dia-a-dia com as emoções dos seus clientes, pacientes e colegas de trabalho. É importante destacar, que a síndrome de burnout afeta em específico trabalhadores, principalmente os profissionais de 263 áreas onde o contato próximo com outros indivíduos é obrigatório e uma postura de compaixão é indispensável (ALONSO, 2014; SMITH et al., 2017). Cuidar de outras pessoas é bastante desgastante emocionalmente, requer atenção a todo momento, e é uma grande responsabilidade para o profissional atuante, este tende a se envolver de maneira afetiva com seus clientes/pacientes, e chega a um ponto de extremo estresse, levando-o a desistir (MASLACH; JACKSON, 1981). Na literatura sobre Burnout, existem muitos estudos que falam sobre essa síndrome em trabalhadores da área de saúde, pois os mesmos estão sempre envolvidos em atividades de grande complexidade, e constantemente podem passar por desgastes psicoemocionais, que acabam afetando a sua saúde, e em consequência, a qualidade do seu trabalho (ARAUJO et al., 2009). Para que haja um tratamento da síndrome de burnout, é necessário além do conhecimento das causas, conhecer os sintomas dessa doença. De acordo com Frazão (2014), existem em média 130 sintomas do burnout, porém eles podem variar de pessoa para pessoa. Os sintomas mais comuns, no entanto, estão relacionados à sensação de total esgotamento físico e emocional o que gera 264 atitudes negativas, como agressividade, ausências, isolamento, mudanças repentinas de humor, irritabilidade, ansiedade, lapsos de memória, dificuldade para se concentrar, pessimismo, baixa autoestima e depressão. Além de completa ausência de motivação, energia, interesse, satisfação, alegria e autoconfiança (FRAZÃO, 2014). Conforme Ferrari (2014), as manifestações físicas da síndrome são, cansaço extremo, dor de cabeça e enxaqueca, pressão alta, palpitação, sudorese, distúrbios gastrointestinais, insônia, dores musculares, crises de asma. E como complementação, em mulheres, um sintoma físico que pode ser presente é a alteração do ciclo menstrual. Os principais sintomas disfuncionais são: sono (falta ou excesso de sono); sexualidade (perda de interesse ou insatisfação); apetite (perda de apetite ou alimentação compulsiva). Geralmente, a pessoa se torna arredia, irônica e petulante, e a produtividade cai muito. É de grande importância saber reconhecer os sintomas do burnout, para conte-los antes que as consequências sejam mais graves (ALONSO, 2014; FERRARI, 2014). 265 Figura 6|Síndrome Burnout Fonte: Elaborada pela autora (2017). De acordo com Melquiades e Leite (2014), pode-se perceber que mesmo a síndrome de burnoutsendo muito presente na atualidade, ainda é desconhecida para muitos trabalhadores, e não é comum, associar os problemas de saúde ou estresse ao ambiente laboral. Este fato valida o estudo que será realizado no presente trabalho. 266 ORGANIZAÇÃO ENVOLVIDA NO ESTUDO A organização onde se desenvolveu a pesquisa é a prefeitura de uma cidade localizada no interior do estado de São Paulo. A referida cidade tem suas origens datadas desde o século XVIII, porém, consolidou-se como município apenas no século XX. O referido município tem aproximadamente 73 mil km² de extensão territorial e abriga pouco mais de 58.000 habitantes. As atividades econômicas desenvolvidas no município estão distribuídas nas indústrias têxtil, metalúrgica, de plástico, química e laboratórios. Na prefeitura do supracitado município, já foram cumpridos 13 mandatos de prefeitos, em que sete políticos ocuparam o cargo máximo de gestão pública da cidade. Atualmente a prefeitura pesquisada tem estruturadas diversas áreas, tais como: • Segurança Púbica: Guarda Municipal. • Promoção Social: Atendimento de 1.800 famílias em diversos programas sociais. • Lazer: Praças, playgrounds e parques municipais • Esporte: Atendimento de 1.800 crianças em mais de 16 modalidades de esportes. 267 • Saúde: Hospital e maternidade municipal com laboratório de imagens e ambulatório de especialidades, 4 unidades básicas de saúde e farmácia central que oferece medicamentos gratuitos à população. O estudo desenvolvido pela pesquisadora ocorreu no setor de educação do município, que segundo dados do IBGE (BRASIL, 2017), conta atualmente com 22 escolas municipais que atendem aproximadamente 6.700 alunos do ensino fundamental. A prefeitura destina 27% de seu orçamento para a educação, o que permite que todas as escolas tenham laboratórios de informática e passem por reformas periódicas. Toda essa estrutura garantiu à cidade 98,4% de escolarização da faixa etária 6 a 14 anos e faz com que o município ocupe a posição dois de 16 em sua microrregião, 220 de 645 em seu estado e 1.440 de 5.770 no país. METODOLOGIA A pesquisa do presente trabalho se deu em forma de diagnóstico, que segundo Garces (2010), consiste em um levantamento de dados, e se caracteriza principalmente pelo questionamento direto dos indivíduos participantes da amostra 268 cujo comportamento se deseja conhecer, e, dá-se geralmente pela aplicação de questionários, formulários ou entrevistas individuais. O universo da pesquisa, envolveu 98 trabalhadores do setor de alimentação da educação infantil de escolas municipais. Especificamente merendeiros, e a amostra para o presente estudo foi de 60 (n=60). Sendo a maioria do sexo feminino (98,33%), com idade entre 50 e 59 anos (38,33%) e estado civil casados (60%). A formação escolar que predominou foi o ensino médio completo (58,33%), e a maioria dos trabalhadores da amostra, possuem mais de 15 anos de trabalho nesta organização (31,67%); seguidos de 6 a 9 anos (21,67%); 10 a 15 anos (18,33%); três a cinco anos (13,33%); um a dois anos (8,33%); e até um ano (6,67%). A tabela abaixo apresenta os dados descritivos da amostra de forma mais detalhada. Tabela 1|Descrição da amostra de estudo Dados de Identificação Variações Frequência Percentual Sexo Masculino 1 1,67 Feminino 59 98,33 Idade <=30 1 1,67 30-39 12 20,00 40-49 16 26,67 269 50-59 23 38,33 >=60 8 13,33 Estado Civil Casado 36 60,00 Solteiro 8 13,33 Viúvo 2 3,33 Amasiado 11 18,33 Divorciado 3 5,00 Formação Escolar Fundamental Incompleto 2 3,33 Fundamental Completo 4 6,67 Médio Incompleto 5 8,33 Médio Completo 35 58,33 Superior Incompleto 7 11,67 Superior Completo 7 11,67 Tempo de Trabalho Nesta Empresa Até 1 ano 4 6,67 1-2 anos 5 8,33 Dados de Identificação Variações Frequência Percentual 3-5 anos 8 13,33 6-9 anos 13 21,67 10-15 anos 11 18,33 Acima de 15 anos 19 31,67 Fonte: Elaborada pela autora (2017). É importante destacar, que este número de participantes se justifica a partir do que Bisquerra et al. (2007) propõem para 270 estudos correlacionais. Segundo o autor, as amostras devem ser grandes (n>30). A coleta de dados se deu em escolas públicas municipais, localizada no em cidade do interior do estado de São Paulo. Os instrumentos utilizados para a pesquisa foram: Escala de Conflitos Intragrupais (ECI) - construída e validada por Martins, Guimarães e Oliveira (2005). Esta escala é constituída por nove itens e composta por dois fatores, sendo eles: conflito de relacionamento (α=81) composto por 5 itens e conflito de tarefa (α=77) composto por quatro ítens. Os resultados são determinados numa escala tipo Likert, com quatro opções de respostas que variam de 1 (nenhum) a 4 (muito) (Anexo A). Escala MASLACH BURNOUT INVENTORY (MBI) - construída e validada por Maslach e Jackson (1996). É constituída por 16 itens e é composta por três fatores, sendo eles: exaustão emocional (α=0,88); desumanização (α=0,58); e decepção no trabalho (α=0,82). Os resultados são determinados numa escala Likert de 0 a 6 pontos (0= nunca; 1= algumas vezes ao ano ou menos; 2= uma vez ao mês ou menos; 3= algumas vezes durante o mês; 4 = uma vez por semana; 5 = algumas vezes durante a semana; 6 = todo dia) (Anexo B). Para análise dos dados, é necessário fazer uma somatória de cada dimensão, uma vez 271 apurado o resultado, os valores obtidos devem ser comparados com o quadro abaixo. Quadro 8| Pontos de corte das dimensões do burnout Dimensões Pontos de Corte Baixo Médio Alto Exaustão Emocional 0-15 16-25 26-54 Despersonalização 0-02 03-09 09-30 Realização Profissional 0-33 34-42 43-48 Fonte: Benevides-Pereira (2001). O enquadramento do trabalhador nos três fatores, indica a manifestação da síndrome (JODAS; HADDAD, 2009). Além dos instrumentos supracitados, os trabalhadores também responderam ao questionário sociodemográfico (Apêndice A). A pesquisadora entrou em contato com a diretoria de projetos e programas educacionais da prefeitura, com a finalidade de expor os objetivos do estudo, e obter a autorização para a realização da pesquisa e divulgação para fins acadêmicos. No momento de contato com os merendeiros das escolas, foram apresentados os objetivos do projeto, do qual eles foram convidados a participar de forma voluntária. O sigilo de suas respostas foi assegurado, e foram feitos os esclarecimentos quanto 272 à ausência de riscos, assim como a possibilidade de se recusar a responder aos questionários. A aplicação dos questionários foi realizada no ambiente de trabalho com a aprovação e consentimento não só do diretor de projetos de programas educacionais da prefeitura, como da nutricionista responsável por todas as cozinhas, e dos diretores de cada escola. Os voluntários receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), que foram lidos e assinados, sendo que uma via permaneceu com eles e a segunda foi arquivada com a pesquisadora. O instrumento de coleta de dados foi constituído por três partes, sendo elas: Escala de Conflito Intragrupal (ECI), Burnout Maslach Inventory (MBI), e o questionário sociodemográfico. Testes de normalidade foram usados para decidir que tipo de análise de dados seria adotada: testes paramétricos (quando há distribuição normal) ou testes não-paramétricos (quando não há distribuição normal). A seguir, a tabela apresenta os resultados dos testes de normalidade de Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov, para os escores das escalas e variáveis numéricas. As variáveis com valor de P menor que 5% têm desvio significativo de uma distribuição 273 Normal. Pelos resultados, verificou-se que a maioria das variáveis não apresentou distribuição Normal.Tabela 1|Resultados dos testes de normalidade Variável Teste de Shapiro-Wilk Teste de Kolmogorov- Smirnov Idade P=0.191 P=0.140 ECI Conflito de relacionamento P<0.001 P<0.010 ECI Conflito de tarefa P<0.001 P<0.010 MBI Exaustão emocional P<0.001 P<0.010 MBI Desumanização P<0.001 P<0.010 MBI Decepção no trabalho P<0.001 P<0.010 (n=60) Fonte: Elaborada pela autora (2017). Por isso, a direção e o grau de associação entre as variáveis investigadas foram analisados através da correlação bivariada ρ de Spearman, que é considerado um teste não paramétrico. Destaca- se ainda, que não se pode indicar causalidade entre as correlações, apenas definir a direção do relacionamento (se é zero, positivo ou negativo), e a sua magnitude ou intensidade. O teste estatístico, que é denominado coeficiente de correlação, varia entre zero (nenhuma correlação) a um (correlação perfeita). Quando altos 274 valores de x tendem a se relacionar com altos valores de y, tem-se um relacionamento positivo, por sua vez, quando altos valores de x tendem a se relacionar com baixos valores de y, tem-se um relacionamento negativo. Sobre a intensidade do relacionamento, os valores entre 0,9 e 0,7 são considerados altos; entre 0,6 e 0,4, entende-se como moderados, e entre 0,3 e 0,1 como fracos (DANCEY; REIDY, 2006) Em resumo, tratou-se de um estudo quantitativo, cujas as análises foram efetuadas com a utilização do programa SAS System – Statistical Analysis System – versão 9.2 para Windows. Inicialmente foram efetuadas análises descritivas das variáveis da amostra (frequência e porcentagens). Em seguida, análises descritivas (médias e desvio padrão) das dimensões das variáveis estudadas, a saber, conflito intragrupal e síndrome de burnout. Por fim, o banco de dados foi submetido às análises correlacionais (correlação bivariada – ρ de Spearman). 275 Quadro 9|Matriz de amarração da pesquisa Fonte: Elaborada pela autora (2017). RESULTADOS E DISCUSSÃO A discussão e resultados deste estudo, foram organizados a partir dos seus objetivos gerais e específicos com o almejo de atingi-los, explicita-los e interpreta-los conforme a literatura. Deste modo, inicialmente serão apresentadas as médias das variáveis, respondendo aos seguintes objetivo específico: diagnosticar os principais conflitos intragrupais (tarefa e relacionamento) em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo. 276 Em seguida, diagnosticar as dimensões da síndrome de burnout (exaustão emocional, desumanização e decepção no trabalho) na amostra pesquisada, e levantar por meio de questionário sociodemográfico: idade, escolaridade, estado civil, gênero, tempo na empresa e na função, relacionando com os principais conflitos intragrupais e as dimensões do burnout. Por fim, os resultados obtidos nas escalas, serão discutidos com o intuito de responder ao objetivo geral da presente pesquisa que é: diagnosticar e relacionar a escala de Conflito Intragrupal e as dimensões da Síndrome de Burnout em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo. Contudo, o resultado do teste de confiabilidade dos instrumentos será considerado inicialmente, pois, este é um procedimento importante para verificar como se comportaram os valores do Alfa de Cronbach, de cada fator das escalas utilizadas na amostra estudada. Confiabilidade dos Instrumentos A confiabilidade das escalas para a amostra deste estudo foi validada pelo cálculo do Alfa de Cronbach, que Segundo Hair 277 et al. (2009), é um indicador consistente para a análise da confiabilidade de escalas, que pode ser conferida na tabela a seguir. Tabela 2 |Análise de consistência interna das escalas. Escala / Domínio No de Itens Coeficiente de Cronbach Itens com menor consis- tência Cor- relação com o total* Coefici- ente (após retirada) ** ECI / Total (n=60) 9 0.893 --- --- --- ECI /Conflito de Relacioname nto (n=60) 5 0.815 --- --- --- ECI /Conflito de Tarefa (n=60) 4 0.830 --- --- --- MBI / Total (n=60) 16 0.871 --- --- --- MBI / Exaustão emocional (n=60) 6 0.909 --- --- --- MBI / Desumaniza ção (n=60) 4 0.845 --- --- --- MBI / Decepção no trabalho (n=60) 6 0.846 --- --- --- 278 * Correlação do item com o total do respectivo domínio, sem considerar o item no escore total. ** Coeficiente de Cronbach após retirada consecutiva dos itens com menor consistência. Fonte: Elaborada pela autora (2018). De acordo com Murphy e DavidShofer (1988), a consistência interna dos fatores é baixa quando varia entre de 0,60 e 0,70, e segundo Hair et al. (2009) a consistência é satisfatória quando possui valores superiores a 0,80. Neste caso, verificou-se alta consistência interna (alfa>0.80) para as escalas da amostra deste estudo. Análise Descritiva das Variáveis Análise e descrição das dimensões da ECI. A tabela a seguir, mostra os resultados da análise descritiva da Escala de Conflito Intragrupal (ECI), considerando o número mínimo e máximo de resposta, a mediana, a média e o desvio padrão de cada um dos itens que compõem a escala. Destaca-se que a escala de resposta do ECI varia de um (nenhum) a quatro pontos (muito), de modo que escores elevados indicam que maiores são os comportamentos de conflito intragrupal, e valores 279 baixos indicam que estes comportamentos são menos frequentes. O ECI apresenta dois fatores (dimensões), sendo eles, conflito de tarefa e conflito de relacionamento. Na amostra, a média do conflito de relacionamento foi de 1,52 (DP=0,49) e a média do conflito de tarefa foi de 1,78 (DP=0,63). O resultado indica que os participantes possuem de nenhum a pouco conflito de relacionamento no ambiente de trabalho, e pouco conflito de tarefa. Tabela 3 |Análise descritiva das variáveis numéricas do conflito intragrupal Itens Mín. Máx. Mediana Média Desvio Padrão 01. Quanto conflito emocional existe entre os membros do seu grupo de trabalho? 1 3 1 1,52 0,68 02. Quanta discordância de opinião sobre as tarefas há entre membros do seu grupo de trabalho? 1 4 2 1,63 0,69 03. Quanta raiva há entre os membros do seu grupo de trabalho? 1 3 1 1,23 0,50 04. Quanta diferença de ideias sobre a realização das tarefas existe entre membros do seu grupo 1 4 2 1,85 0,78 280 de trabalho? 05. Quanto atrito pessoal há em sua equipe durante as decisões? 1 3 1 1,35 0,55 06. Quanta diferença sobre as decisões de trabalho seu grupo enfrenta? 1 4 2 1,65 0,69 07. O quanto é evidente o choque de personalidade entre os membros do seu grupo de trabalho? 1 4 2 1,95 0,85 08. Quanta tensão emocional há entre os membros do grupo? 1 4 2 1,75 0,77 09. Quanta diferença de opinião existe no seu grupo em relação à maneira de realizar as tarefas? 1 4 2 1,77 0,77 ECI Conflito de Relacionamento 1 3 1,4 1,52 0,49 ECI Conflito de Tarefa 1 3,5 1,75 1,78 0,63 Fonte: Elaborada pela autora (2018). Não há nas bases de dados utilizadas como fontes de informação, estudos anteriores que aplicam escalas que medem o conflito intragrupal em merendeiros. Porém, conforme foi visto no referencial teórico do presente trabalho, os estudiosos preveem 281 que é mais comum acontecer o conflito de tarefas quando existe uma meta conjunta a ser cumprida. Mas há discordância de opiniões na hora de decidir como atingir essa meta, e como as tarefas serão realizadas. Já o conflito de relacionamento geralmente ocorre quando a satisfação individual e o status social estão acima da equipe, e há incompatibilidade interpessoal entre os participantes do grupo (GUETZKOW; GIR, 1954 apud JEHN; BENDERSKY, 2003; AYOKO et al., 2014). Marques (2014), corroborando com os autores supracitados, afirma que o conflito de relacionamentoexiste quando há incompatibilidade entre os indivíduos de um grupo, e o conflito de tarefa acontece quando esses mesmos indivíduos discordam entre si sobre como o processo do trabalho será realizado. Em síntese, pode-se assumir como correta a conclusão de Ayoko et al. (2014), que afirmam ter o conflito de tarefa, abrangência no trabalho em si, e o conflito de relacionamento ser pertinente a questões interpessoais. Observando essas colocações na literatura, podemos entender após a análise dos participantes, que os resultados estão de acordo com o que os autores supracitados estão afirmando. No caso do conflito de relacionamento, que ficou entre nenhum e pouco (1,52), não há muita divergência de características na 282 amostra, pois, todos sem exceção são merendeiros, 98,33% são mulheres, 78,33% tem mais de 40 anos, 78,33% possuem companheiros, e 81,67% possuem pelo menos o ensino médio completo. Ou seja, a amostra da pesquisa é bastante homogênea. Sendo assim, as incompatibilidades interpessoais do grupo, de modo geral, são baixas. Já o resultado da análise do conflito de tarefa, que foi pouco (1,78), justifica-se também pela homogeneidade da amostra. Pois, o conflito sobre como fazer algo para atingir um objetivo se dá quando há muitas divergências de opiniões. Além disso, pelo fato de a amostra ter em sua maioria pessoas antigas na organização (71,67% possuem mais de 6 anos na empresa), infere-se que os problemas processuais no dia a dia do trabalho, que são os principais causadores do conflito de tarefa, tenham sido superados a muito tempo. Principalmente devido às atividades dos merendeiros serem de caráter rotineiro em sua maioria, por isso, esse fato pode colaborar com a pouca incidência desta dimensão nos indivíduos pesquisados. Pauli et al. (2017) aplicou o ECI, porém com escala Likert de sete pontos, em uma amostra de professores de ensino médio, e podemos comparar seus resultados à presente amostra, pois, além destes professores darem aulas em escolas públicas, algumas 283 características das variáveis categóricas são bem parecidas com as do presente estudo. Por exemplo, a grande maioria dos indivíduos pesquisados foi de mulheres (82,6%), com mais de 41 anos (64,5%), e que atuam na escola a mais de dez anos (43,8%). Além disso, o resultado obtido no presente estudo apoia os resultados dos estudos de Pauli et al. (2017), pois, todas as médias ficaram abaixo de 4,5 que é o índice considerado por Martins, Guimarães e Oliveira (2005), como necessário para que haja a caracterização do conflito intragrupal para esta escala em específico. Na pesquisa de Pauli et al. (2017), o conflito de tarefa teve média 3,85 e o conflito de relacionamento teve média 3,52. Análise e descrição das dimensões da MBI Os resultados da análise descritiva da Maslach Burnout Invontory (MBI) estão demonstrados na tabela abaixo, considerando o número mínimo e máximo de resposta, a mediana, a média, desvio padrão de cada componente da escala e somatória de cada dimensão. Salienta-se que a escala de resposta do MBI varia de zero (nunca) a seis pontos (todo dia), de modo que para as dimensões Exaustão Emocional e Desumanização, os escores 284 elevados indicam que maior é o Burnout, já na dimensão Decepção no Trabalho, quanto maior o escore, menor o Burnout, conforme quadro apresentado na Metodologia. Na amostragem pesquisada, a somatória da Exaustão Emocional foi de 13,17 (DP=10,47), a somatória da desumanização foi de 3,47 (DP=5,27) e a somatória da Decepção no Trabalho foi de 30,6 (DP=7,11). Os resultados indicam que os participantes possuem baixo indício de exaustão emocional, médio indício de desumanização e baixo indício de decepção no trabalho. Tabela 4|Análise descritiva das variáveis numéricas da síndrome de burnout Itens Mín. Máx. Mediana Média Desvio Padrão 1- Sinto-me emocionalmente esgotado com o meu trabalho. 0 6 1 2,13 1,98 2- Sinto-me esgotado no final de um dia de trabalho. 0 6 3 2,95 2,17 3- Sinto-me cansado quando me levanto pela manhã e preciso encarar outro dia de trabalho. 0 6 1 2,35 2,08 4- Trabalhar o dia todo é realmente motivo de tensão para mim. 0 6 1 1,60 1,92 5- Sinto-me acabado por causa do meu trabalho. 0 6 1 1,70 2,06 6- Só desejo fazer meu trabalho e não ser incomodado. 0 6 1 2,43 2,61 285 7- Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que assumi esse cargo. 0 6 0 0,62 1,35 8- Tornei-me menos entusiasmado com meu trabalho. 0 6 0,5 1,07 1,57 9- Tornei-me mais descrente sobre se o meu trabalho contribui para algo. 0 6 0 0,90 1,64 10- Duvido da importância d meu trabalho. 0 6 0 0,88 1,83 11- Sinto-me entusiasmado quando realizo meu algo no meu trabalho. 0 6 6 4,45 2,13 12- Realizei muitas coisas valiosas no meu trabalho. 1 6 6 4,83 1,77 13- Posso efetivamente solucionar os problemas que surgem no meu trabalho. 1 6 6 4,87 1,77 Itens Mín. Máx. Mediana Média Desvio Padrão 14- Sinto que estou dando uma contribuição efetiva para essa organização. 1 6 6 5,30 1,44 15- Na minha opnião, sou bom no que faço. 0 6 6 5,55 1,24 16- No meu trabalho, me sinto confiança de que sou eficiente e capaz de fazer com que as coisas aconteçam. 1 6 6 5,60 1,14 MBI Exaustão Emocional 0 36 10 13,17 10,47 MBI Desumanização 0 24 1 3,47 5,27 MBI Decepção no Trabalho 6 36 33 30,6 7,11 Fonte: Elaborada pela autora (2018). 286 Conforme resultados da tabela acima, não há nas bases de dados utilizadas, estudos que aplicam a escala MBI em merendeiros, entretanto, a literatura aponta alguns fatores que podem influenciar no desenvolvimento do burnout, como por exemplo, a falta de autonomia no processo laboral, dificuldade de relacionamento entre pares, falta de colaboração na equipe, perfeccionismo, sentimento de inferioridade, dedicação excessiva, conflitos entre vida pessoal e profissional, etc. (ALONSO, 2014; BARROS; MORAES, 2014). Da mesma maneira que a homogeneidade e o tempo de empresa da amostragem infere na diminuição da possibilidade do conflito intragrupal, estes podem ajudar também no combate ao burnout no ambiente de trabalho dos merendeiros. Pois, não deve haver tanta dificuldade de relacionamento, falta de colaboração ou sentimentos de inferioridade em um ambiente laboral tão uniforme. Além disso, mais uma vez, pelo fato de a atividade dos merendeiros ser de caráter rotineiro, entende-se que não é necessária uma dedicação excessiva, principalmente que prejudique a relação entre a vida pessoal e profissional destes trabalhadores. 287 Na amostra pesquisada, vê-se que não há resultados altos para nenhuma das dimensões. Este resultado não vai de encontro com a pesquisa de Bonomo (2014), que apesar de não ter sido feita com merendeiros, teve como objeto de estudo servidores públicos, com maioria acima de 36 anos de idade (75%) e com companheiros (59%). Sendo assim, algumas características sociais das duas pesquisas são parecidas, pois 78% da amostragem do presente estudo possui mais de 40 anos de idade, e 78,33% possuem companheiros. Em seu estudo, as análises e resultados do MBI indicaram que 16% da amostragem apresentam um quadro de burnout; 39% apresentou pelo menos duas das três dimensões da síndrome de burnout, 32% dos participantes indicaram uma das dimensões e apenas 13% dos indivíduos não obtiveram alta pontuação em nenhum dos fatores (BONOMO, 2014). A análise dos dados da presente pesquisa, entretanto, demonstrou resultados de baixa exaustão emocional, média despersonalização e baixa decepção no trabalho, ou seja, nenhuma das dimensões está fortemente presente nos merendeiros deste estudo (conforme tabela anterior). 288 Sobre a Correlação das Variáveis Para avaliar a relação entre as dimensões do conflito intragrupale da síndrome de burnout, foi realizada uma análise de correlação. Entende-se que essa análise não esquadrinha relações de causa e efeito, pois duas variáveis podem estar relacionadas sem que haja ligação de causalidade entre elas. Os resultados e a análise descritiva das correlações entre as variáveis se deram entre as dimensões da Escala de Confito Intragrupal (ECI) e as dimensões da Maslach Burnout Invontory (MBI). Estão evidenciados na tabela abaixo (As correlações significativas estão sublinhadas). Tabela 5 |Correlações entre escores das escalas e variáveis numéricas ECI ECI MBI MBI Conflito de Relacion amento Conflit o de Tarefa Exaustã o Emocio nal Desuma nização ECI - Conflito de Tarefa* r= 0,68801 p= < 000,1 MBI - Exaustão 0,5982 0,21577 289 Emocional 0,6498 0,0978 MBI – Desumanizaçã o 0,24083 0,29484 0,45396 0,0638 0,0222 0,0003 MBI - Decepção no Trabalho -1,5056 - 0,16402 -0,26271 -0,36468 0,2509 0,2105 0,0426 0,0042 * r=coeficiente de correlação de Spearman; P=Valor-P; n=número de sujeitos (n=60). Fonte: Elaborada pela autora (2018). Conforme tabela acima, apesar dos resultados da pesquisa não terem demonstrado indicações de conflito intragrupal e burnout, o estudo correlacional mostra cinco correspondências significativas entre as dimensões das escalas estudadas. Os resultados indicaram que existe uma correlação estatisticamente significativa, forte e direta (r = 0,68801; p < 0,001) entre o conflito de tarefa e o conflito de relacionamento. Deste modo, quanto mais os merendeiros apresentaram indícios de conflito de tarefa, maior foi o indicio do conflito de relacionamento. 290 A literatura já previa essa correlação entre o conflito de tarefa e de relacionamento, por isso, esse resultado vai de encontro com o que Simons, Peterson (2000 apud GUIMARÃES, 2007) e França e Lourenço, (2010), chegaram em conclusão. Alguns autores citados do referencial teórico deste estudo também corroboram com este resultado, pois, para eles, o conflito de tarefa pode gerar incompatibilidades pessoais que auxiliem no surgimento do conflito de relacionamento (FERREIRA, 2007; SIMONS; PETERSON, 2000; COSIER et al. 1991 apud SILVA; PALACIOS, 2010). Outra correlação estatisticamente significativa, fraca e direta (r= 0,29484; p=0,0222) se deu entre o conflito de tarefa e a desumanização. Esta foi a única correlação significativa entre duas dimensões de escalas diferentes, e indica que quando mais alta a despersonalização, mais alto é o conflito de tarefa. Os autores Leon-Perez et al. (2016) correlacionaram as dimensões do conflito intragrupal com o burnout de modo geral, e seu resultado foi oposto ao concluído neste trabalho. Os estudiosos encontraram uma correlação fraca entre o conflito de relacionamento e o burnout, porém, não encontraram significância na correlação entre o conflito de tarefas e a síndrome, por outro lado, a pesquisa destes autores corrobora com a afirmativa 291 supracitada de Araujo et al. (2009), de que o burnout tem ligação direta com o conflito intragrupal. A correlação entre a desumanização e a exaustão emocional foi significativa, moderada e direta (r=0,45396; p=0,0003). Sendo assim, quanto maior é o índice de despersonalização, maior é a manifestação da exaustão emocional. Já as correlações entre Decepção no Trabalho e Exaustão Emocional e a Decepção no Trabalho e a Desumanização se mostraram significativas, fracas e indiretas (DT/EE – r=-0,26271; p=0,0426) (DT/D – r= -0,36468; p=0,0042). O relacionamento entre as dimensões da síndrome de burnout são inevitáveis. De acordo com Schaufeli e Taris, (2005), o burnout pode ser considerado como a somatória de um estado individual (Exaustão Emocional), uma estratégia de enfrentamento (Desumanização), e uma consequência (Decepção no Trabalho). A análise dos resultados do presente trabalho, também contou com a comparação dos escores das escalas entre as variáveis categóricas estudadas. A única correlação que teve significância foi para estado civil. Houve maior índice de despersonalização para os sem companheiros. 292 Tabela 6 |Comparação de escores de escalas entre variáveis categóricas. Estado Civil Variável Mínimo Máximo Mediana Média Desvio Padrão Valor P* Com Companheiro ECI - Conflito de Relacionamento 1 3 1,4 1,54 0,51 0,523 ECI - Conflito de Tarefa 1 3,5 2 1,73 0,61 0,373 MBI - Exautão Emocional 0 33 21 12,68 10,18 0,584 MBI - Desumanização 0 18 3 2,72 4,6 0,014 MBI - Decepção no Trabalho 6 36 36 30,3 7,66 0,934 Sem Companheiro ECI - Conflito de Relacionamento 1 2 1,8 1,43 0,41 ECI - Conflito de Tarefa 1 3,25 2,5 1,92 0,7 MBI - Exautão Emocional 2 36 23 14,92 11,74 MBI - Desumanização 0 24 8 6,15 6,76 MBI - Decepção no Trabalho 21 36 35 31,69 4,7 * Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação das variáveis entre 2 grupos. Estado civíl: (Agrupado em: com companheiro (casado ou amasiado) e sem companheiro (solteiro, viúvo ou divorciado) Fonte: Elaborada pela autora (2018). Esse resultado está de acordo com a literatura, que afirma que os profissionais que não mantem um relacionamento afetivo estável possuem maior pré-disposição à manifestação do burnout (BURKE; GREENGLASS, 1989; MASLACH et al., 2011). Pereira (2002) fez a correlação de cada dimensão em uma amostragem de médicos para os agrupamentos com e sem companheiros. Em sua análise, foi encontrada uma pré-disposição maior para a Exaustão Emocional naqueles que não possuem companheiros, e maior Desumanização naqueles que são casados ou possuem um relacionamento afetivo estável. Portanto, os resultados desta pesquisa são inversos aos da pesquisa pela autora. 293 Em suma, os resultados do presente estudo apontaram uma correlação estatisticamente significativa e direta entre conflito de tarefa e relacionamento, conflito de tarefa e desumanização, exaustão emocional e desumanização, exaustão emocional e decepção no trabalho, e por fim desumanização e decepção no trabalho. Em contrapartida, não foi possível observar uma correlação significativa entre exaustão emocional e as dimensões do conflito, desumanização e conflito de tarefa, e decepção no trabalho com os fatores, tarefa e relacionamento. No mais, notou- se que a dimensão desumanização da síndrome de burnout está mais presente de modo significante em indivíduos que não possuem companheiros estáveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS A alimentação é uma indigência básica do ser humano. Abraham Maslow considera que atender e suprir tal necessidade proporciona ao indivíduo a sustentação necessária para motivá-lo na busca de novas conquistas e sonhos (HESKETH; COSTA, 1980). Ribas et al. (1999), consideram que a qualidade da alimentação contribui imensamente para a melhora dos indicadores sociais de saúde e educação, desse modo, deve-se 294 dispensar considerável atenção ao tema. Sob essa perspectiva é imprescindível que se analise as condições psicológicas de trabalho e a motivação laboral dos profissionais que atuam no preparo e distribuição de refeições na rede pública. Compreende-se que há muito tempo, as divergências de opiniões, os embates e oposições devido à interesses contrários estão presentes em toda e qualquer relação interpessoal. Sendo assim, o conflito é parte integrante do processo de desenvolvimento do ser humano. Esses conflitos estão presentes em todo e qualquer momento onde há a interação de pessoas, sendo também percebidos no ambiente laboral (CUELLAR et al., 2015). Considerando que o ambiente de trabalho, é marcado por interesses organizacionais que nem sempre estão alinhados com os almejos e sonhos dos empregados, o mesmo se torna um campo fértil para o surgimento não só de conflitos, mas também de situaçõesestressoras, que podem afetar a saúde do trabalhador. Entender as divergências, a raiz dos conflitos e os agentes potencialmente estressores é o primeiro passo para se estabelecer um ambiente laboral mais agradável e menos hostil diante de tantas incompatibilidades (COLETA; COLETA, 2008). 295 Como estudado na revisão bibliográfica do presente trabalho, a síndrome de burnout é considerada na literatura como uma das maiores sequelas do estresse no trabalho, também sendo conhecida como estresse crônico (BARROS; MORAES, 2014; BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Conforme já supracitado, pesquisadores apontam que existe uma ligação direta entre o conflito intragrupal e a síndrome de burnout (ARAUJO et al., 2009). Dada a relevância de todos esses tópicos, o presente trabalho almejou colaborar para a ampliação do conhecimento sobre conflito intragrupal e burnout visando diagnosticar e relacionar a ECI e as dimensões da Síndrome de Burnout, além de diagnosticar os principais conflitos intragrupais (tarefa e relacionamento), as dimensões da síndrome (exaustão emocional, desumanização e decepção no trabalho), e levantar por meio de questionário sóciodemográfico: idade, escolaridade, estado civil, gênero, tempo na empresa e na função dos merendeiros da amostragem, e relacionar com os principais conflitos intragrupais e as dimensões do burnout. De fato, os resultados da pesquisa demonstraram que apesar da presença do conflito intragrupal e da síndrome de burnout serem insignificantes, há uma correlação positiva entre os fatores desumanização e conflito de tarefa, nos levando à conclusão de 296 que na amostra pesquisada, quanto mais alto é o conflito de tarefa mais alta é a desumanização dos trabalhadores. Quanto ao diagnóstico dos fatores dos conflitos intragrupal, a análise estatística dos resultados indica que os participantes possuem de nenhum a pouco conflito de relacionamento, e pouco conflito de tarefa, comprovando assim o primeiro pressuposto que supunha haver indícios da presença das dimensões do conflito intragrupal entre os trabalhadores da amostra. Sobre o diagnóstico das dimensões do burnout, os resultados indicam que os participantes possuem baixo indício de exaustão emocional, médio indício de desumanização e baixo indício de decepção no trabalho, sendo assim, o segundo pressuposto também é comprovado, pois há indicativos, mesmo que poucos, da presença das dimensões de burnout nos merendeiros. Sobre a correlação entre as variáveis categóricas e as dimensões do conflito intragrupal e do burnout, apenas uma foi significativa, havendo maior índice de desumanização para os indivíduos sem companheiros (agrupamento de solteiros, viúvos e divorciados). 297 Com base em todos esses fatos, conclui-se que o conflito intragrupal não tem relação no desenvolvimento da síndrome de burnout, também em merendeiros de escolas públicas do interior do estado de São Paulo. Pois para que haja o diagnóstico de burnout, o trabalhador deve estar enquadrado nas três dimensões da síndrome. Sendo assim, o terceiro pressuposto não foi comprovado. Não há fortes indícios de conflito intragrupal, e não há manifestação de burnout para que haja comparação no presente estudo. Ainda que este estudo tenha promovido contribuições teóricas e práticas, sabe-se que existem limitações, uma destas está relacionada ao fato de se ter realizado a coleta de dados em apenas uma cidade do interior de São Paulo, o que implica em uma restrição na generalização dos resultados. Outra limitação foi a recusa dos diretores de algumas escolas de que seus merendeiros participassem da pesquisa, o que não permitiu uma amostragem maior com mais informações que pudessem enriquecer a análise dos dados. Ademais, não houveram maiores limitações para a presente pesquisa Além de ser senão o primeiro no Brasil, um dos pioneiros na análise e correlação entre conflito intragupal e a síndrome de burnout em merendeiros, contribuindo assim para a literatura desses 298 temas, pôde-se aferir que apesar de haver a aparência do conflito intragrupal para os responsáveis, não há grandes indícios de suas dimensões na amostragem. Outra contribuição prática que pode auxiliar na gestão desses trabalhadores, foi saber que existe mais desumanização e conflito de tarefa do que as outras dimensões, e que há correlação entre estas, ou seja, quanto maior o conflito de tarefa, maior a desumanização. Sendo assim, se o processo do trabalho melhorar, poderá haver menos conflito de tarefa e por conseguinte menos despersonalização. Além das contribuições que a pesquisa estatística trouxe, ao longo da aplicação das escalas em campo, houve relatos de como os merendeiros estavam se sentindo valorizados por serem ouvidos. E isso pode auxiliar na motivação no dia a dia desses trabalhadores. Costa et al. (2002), afirma que é necessário ter um olhar mais crítico para com os manipuladores de alimentos das instituições públicas, pois esses profissionais podem ter uma participação direta na saúde de seus clientes (alunos). A autora ainda afirma, que apesar da importância e relevância do trabalho desses profissionais, de modo geral a sociedade tende a desvalorizar esse ofício, pois para exercê-lo não é necessário um nível elevado de formação. As afirmativas acima 299 constatam ainda mais, a necessidade de os gestores da alimentação das escolas da rede pública terem um olhar mais apurado para esses trabalhadores. Sendo assim o registro do sentimento de valorização que esses profissionais testemunharam no desenvolvimento desse trabalho se torna indispensável. Por fim, pode-se considerar base a todo acervo de dados e literatura expostos nesse trabalho, que os conflitos quando gerenciáveis, podem suscitar grandes avanços no ambiente laboral. Apesar disso, se esses conflitos não forem devidamente administrados, podem ser a causa de grandes e graves problemas na saúde dos trabalhadores como o estresse e a síndrome de burnout. É possível também considerar que os problemas provenientes dos conflitos não são percebidos ou evidenciado em todas as atividades laborais. Pode-se ainda inferir que é papel da gestão, buscar avaliar as condições emocionais e psicológicas de seus funcionários no ambiente de trabalho para que os conflitos estejam em níveis controláveis. Além disso, diante das constantes mudanças globais, é fundamental que as organizações estejam sempre atentas nos impactos que essas transformações causam no ambiente laboral, buscando sempre o aprimoramento dos processos com o objetivo 300 de evitar que os profissionais sejam negativamente influenciados por essas transformações. 301 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A, K, V. Gestão Construtiva de Conflitos em Contexto de Saúde: estudo numa Unidade de Saúde Familiar da Zona Centro de Portugal. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Dissertação de Mestrado– Universidade Fernando Pessoa – Porto, 2015. ALONSO, F. G. Síndrome de burnout: manual de medidas preventivas e identificativas para aplicação pelo engenheiro de segurança do trabalho. 37p Monografia de Especialização em Engenharia de Segurança no Trabalho - Universidade tecnológica federal do Paraná, Curitiba, 2014. ARAUJO, A. P; SEVERO, C; SIMON, M. S; CALLEGARI, R. 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Alexandra Mastella INTRODUÇÃO contemporaneidade faz com que as inovações tecnológicas revolucionem as práticas econômicas. A exigibilidade da adaptação aos novos modelos de negócios, passou a ser presente no cotidiano da gestão das empresas de modo a mantê-las diferenciadas no mercado atuante, mediante a uma reestruturação estratégica. Diante dessa transformação, a sociedade percebeu uma grande mudança e um elevado privilégio nos acessos dos novos meios de comunicaçãocom um novo formato de conhecimento (OLSON, 1994; POZO, 2004). A 315 A utilização da tecnologia e suas ferramentas digitais estão alinhadas ao processo de gestão que contribuem para as deliberações, e naturalmente proporciona resultados importantes para o direcionamento inteligente do negócio. A direção deste gerenciamento está pautada em metas e objetivos definidos pela organização, porém, os fluxos desses processos atravessam, pelos níveis operacionais, táticos e estratégicos, que devem estar envolvidos e engajados para que o alinhamento das informações atenda, de forma estratégica e através de recursos inteligentes, os resultados esperados da empresa. Sabe-se que as empresas possuem problemas entre as áreas corporativas, devido à concorrência gerada entre os colaboradores, fazendo com que, muitas vezes, os resultados não sejam satisfatórios, devido à competitividade entre eles. Os avanços tecnológicos e suas ferramentas mudaram a maneira das pessoas lidarem com os processos. De acordo com Vianna, Dutra e Frazzon (2016, p. 193), deve-se entender a importância de uma gestão eficaz e a “necessidade de mudança de dados em informações, a serem usufruídas para orientar de forma estratégica as empresas, minimizando riscos e apoiando o processo para uma melhor deliberação”. 316 De acordo com Davenport (2000, p. 18), a definição de dados “é uma observação simplificada da condição do mundo”. O dado pode ser o ponto de largada, sendo primordial que seja relevante e significativo para que se torne uma informação, uma vez que o dado é um componente que por si só, além de não proporcionar compreensão, não estabelece direcionamentos estratégicos. Para uma melhor compreensão, segundo Orna (2008, p. 551) “a informação é um meio para um fim; um recurso a ser manipulado para propósitos”. Com a utilização da tecnologia, percebeu-se um aumento nos dados de forma constante e a uma velocidade sem precedentes (CAI; ZHU, 2015). Os dados por si só não significam absolutamente nada. Conforme a imagem abaixo, é transformando-os em informação, seja estruturadas ou não- estruturadas, que se obtêm o conhecimento acerca das informações fundamentais que determinam os insights (termo que se refere ao descobrimento de algo que eleva o resultado do negócio) mais assertivos, e que por sua vez, tendencia o direcionamento das melhores estratégias de aperfeiçoamento do negócio. 317 Figura 1|Evolução e transformação dos dados em informações Fonte: Sudoers (2018). No entanto, diante das necessidades de análise frente ao aumento dos dados, surge o Big Data, com um novo formato de aproximação com a sociedade, selecionando e concentrando estes grandes volumes de dados (CAI; ZHU, 2015). O Big Data, BI (Business Intelligence) e ERP (Planejamento de Recursos Empresariais), surgem para fazer uma averiguação nos dados, que facilitam a tomada de decisões por parte dos colaboradores. Entende-se que o Big Data é uma estrutura complexa de análise, que permite que plataformas como BI e ERP se tornem capazes de processar e analisar grandes volumes de dados, transformando-os em informações gerenciais. As tomadas de decisões são fundamentais para as organizações, pois, permite identificar e definir ações para 318 solucionar situações específicas ou criar vantagens e oportunidades (CHIAVENATO, 2004). Diante do exposto, pretende-se entender como a utilização do Big Data promove domínio e interferência no comportamento do consumidor, mediante insights estratégicos dessa área do conhecimento. Nesse sentido, outras tecnologias analíticas como o CRM (Customer Relationship Management), podem incrementar a estruturação do Big Data no que diz respeito à busca pela inteligência de mercado e agilidade operacional. Existem muitos dados disponíveis em bases e plataformas, com a capacidade de prever tendências e transformações do mercado atual. É possível mapear as percepções do consumidor a partir das várias formas de navegação, do seu comportamento e atuação na internet e nas redes sociais, potencializando os negócios. Frente a essa realidade, o objetivo geral da pesquisa é examinar o comportamento do consumidor através do Big Data, permitindo assim a gestão estratégica dos processos decisórios. Entendendo que o Big Data precisará de tecnologias analíticas como BI, ERP e CRM por exemplo. Pensando nisso, percebe-se que o consumidor se apresenta cada vez mais rigoroso, pois, as evidências são diagnosticadas nos 319 momentos em que assume decisões no que tange as relações de consumo, seja de aquisição de produtos e/ou adesão de serviços. Essas interações, desenvolvidas no universo digital, geram dados que permitem que as inteligências dos processos abarcados no Big Data, estabeleçam cruzamentos desses dados que direcionam e norteiam os tomadores de decisões a se anteciparem aos seus concorrentes. Big Data: Conceitos e Definições Apesar do surgimento, na primeira metade dos anos 90, essa tecnologia ainda é considerada algo recente e, em decorrência disso, não há um conceito único e exato que defina o que é de fato o Big Data. Assim sendo, é possível encontrar inúmeras definições e conceitos que sobre essa tendência, cuja observância gira acerca das mesmas ideias. Para Kenneth Laudon e Jane Laudon (2014), há pouco tempo a maioria dos dados coletados pelas organizações consistia em dados transacionais que poderiam facilmente ser organizados e relacionados em programas de gestão, entretanto, ultimamente ocorreu uma explosão de dados devido ao enorme tráfego da Web 320 através de e-mails e de conteúdo de redes sociais. Ainda sobre os autores, o Big Data não se refere a qualquer quantidade específica de informação, mas sim de dados na faixa de petabytes e exabytes, sendo de bilhões a trilhões de registros, todos de fontes diversas. Segundo Enomura (2014), definir o termo “Big Data” é muito complicado, e sua primeira definição de maneira conhecida hoje foi em 2001, com Doug Laney da empresa Gartner Group, os famosos Três V’s (volume, velocidade e variedade). São bancos de dados, cuja capacidade exigem formas inovadoras de processamento de informação, para uma melhor percepção e tomada de decisão. De acordo com Mayer-Schonberger e Cukier (2013, p. 4) trazem a seguinte ideia sobre o termo: Não há uma definição rigorosa para o termo. A princípio, a ideia era a de que o volume de informação cresceria tanto que a quantidade examinada já não cabia na memória de processamento dos computadores, por isso os engenheiros tiveram de aprimorar os instrumentos que utilizavam para a análise. Essa é a origem de novas tecnologias de processamento, como a MapReduce da Google e sua equivalente de código aberto, Hadoop, lançada pela Yahoo. Elas permitem que se gerenciem muito mais dados que antes, e os dados – isto é importante – não precisavam ser alocados em fileiras ou nas clássicas 321 tabelas (MAYER-SCHONBERGER; CUKIER, 2013, p. 4). Reforçando a conceituação de big data, Taurion (2013), declara que indiscutivelmente, estamos falando de um volume de dados expressivo. E, que, além de volumes abissais, existem a variedade de dados, a velocidade e complementa com outras duas variáveis que são: veracidade dos dados e valor para o negócio. Os 5V’s do Big Data Dentre todas os conceitos, normalmente é citado sobre volume, variedade e velocidade dos dados. Em alguns casos, muitas vezes nas definições mais recentes, há também o valor e veracidade dos dados. Sendo assim, é importante também a definição e entendimento do que são e porque impactam no conceito de Big Data. Segundo Intel (2012), os Três V’s caracterizam sobre o que o Big Data é como um todo, mas também definem as principais questões e necessidades a abordar, sendo eles: • Volume:a escala maciça e crescimento de dados não estruturados superar o armazenamento tradicional e soluções analíticas. 322 • Variedade: Big Data é coletado a partir de novas fontes que não foram minadas no passado. Processos tradicionais de gestão de dados não podem lidar com a diversidade e variação dos dados do Big Data, que vem em formatos tão diferentes como e-mail, redes sociais, vídeos, imagens, blogs, e sensores de dados. • Velocidade: os dados são gerados em tempo real, com as exigências de informação útil a ser servida. Ainda para Taurion (2013), há duas outras variáveis a serem consideradas, que são: • Veracidade: porque precisamos ter certeza de que os dados fazem sentido e são autênticos. • Valor: porque é absolutamente necessário que a organização que implementa projetos de Big Data, obtenha retorno destes investimentos. 323 Figura 2|Os 5 V’s do Big Data Fonte: Elaborada pelo autor (2021). As visualizações de dados promovidos pelo Big Data Um dos principais poderes que a tecnologia do Big Data proporciona aos tomadores de decisões, são as várias possibilidades de visualização dos dados, bem como dos cruzamentos que podem ser estruturados em prol da semântica dos processos de gestão. Essa é uma das fases mais importantes, tanto nos projetos em implementação em Big Data, como nos processos de parametrização e ajustes das plataformas em 324 decorrência das transformações nos negócios e comportamento dos consumidores. Nessa etapa, o tipo de visualização escolhido influencia e determina o entendimento dos resultados apresentados aos stakeholders, ou seja, amplia o raio de compreensão daqueles para quem a apresentação foi realizada. Os templates demonstrados abaixo representam as várias possibilidades de exemplificações de layouts ou formatos que podem ser aplicados às visualizações orientadas à finalidade de apresentação dos dados. Para comparar: Gráfico de colunas, barras, áreas circulares, linhas. Exemplo: Estabelecer a relação entre número de usuários do WhatsApp X Tempo. Gráfico 1|Gráfico de Colunas Fonte: Statistics (2020). 325 Para mostrar a distribuição: Gráfico de dispersão, histograma, 3D. Exemplo: Estabelecer a relação entre número de usuários do Facebook X País. Gráfico 2|Gráfico de Barras Fonte: Statista (2021). Para mostrar a composição: Gráfico de pizza, barras empilhadas e colunas empilhadas. Exemplo: Estabelecer a relação populacional de cada país do mundo. 326 Gráfico 3|Gráfico de Pizza Fonte: Statista (2021). Para mostrar relacionamentos: gráfico de bolha, linha ou dispersão. Abaixo um exemplo com gráfico de dispersão. 327 Gráfico 4|Gráfico de Dispersão Fonte: Statista (2021). Para mostrar localizações geográficas, pode-se usar o Gráfico de mapa. Gráfico 5|Gráfico de Mapa Fonte: DataViva (2020). 328 Exemplo de utilização do gráfico de mapa: estabelecer a relação de matrículas no Ensino Superior X Estados Brasileiros em 2014. Para mostrar ocorrências de termos ou palavras: Gráfico nuvem de palavras. Gráfico 6|Gráfico de Nuvem de Palavras Fonte: Hernandez, Multicursos (2019). https://www.multicursos.com.br/blog/o-que-e-big-data-e-como-tirar-proveito-dessa-tecnologia 329 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Breve Histórico da Evolução da Análise de Dados O ERP (Enterprise Resource Planning), se destacou nos anos 90, como base para as empresas no processo de estruturação de informações que poderiam agilizar dados na tomada de decisão nas organizações. “A base estruturada, favoreceu, positivamente, para uma melhor formatação da gestão”, segundo Agrawal (2014). Nos anos 2000, Davenport (2012), Chen et al. (2012), afirmam que a internet surge como uma proposta de mudança mundial, no mundo dos negócios. Este contexto de transformação nas tecnologias da informação mudaria o mundo corporativo, de maneira significativa, indicando um novo paradigma corporativo. Da mesma forma, o Big Data, ainda em 2010, surge de forma tímida, provendo de diversas fontes, designando para uma tendência tecnológica na geração de grandes quantidades de dados, sejam elas fontes estruturadas, semiestruturadas e não-estruturadas (CHEN, et al., 2014), contribuindo para a reestruturação na gestão das organizações. Ainda Chen, Chiang & Storey (2012); Davenport (2014), mostram como foi a evolução na uma linha do tempo do BI, para 330 que as decisões fossem assertivas, conforme apresentado na imagem a seguir. Figura 3|Linha do tempo da evolução dos sistemas de informação nas empresas Fonte: Adaptado de Chen et al. (2012); Agrawal (2014); Davenport (2014). Mcafee e Brynjolfsson (2012), descrevem que o Big Data se refere a significativo número de informações, com características diferentes, cujas fontes se originam de controles descentralizados. Vianna, Dutra e Frazzon (2016, p. 193), destacam que “uma gestão efetiva busca transformar dados em informações de extrema relevância(volume), direcionando para negócios 331 estratégicos das organizações, minimizando riscos e apoiando a melhor decisão”. A procura por um valor ou resultado está na aplicabilidade do Big Data, proveniente da gestão de um volume de dados que advém de fontes variadas e que demandam de alta velocidade de processamento (TAURION, 2013). Conforme Lima Junior (2011, p. 48): A expressão Big Data se refere ao complexo de dados gerados atualmente no mundo, cuja massa está além dos parâmetros e da capacidade das aplicações manuseadas por bancos de dados para capturá-los, analisá-los e gerenciá-los. Mas não se pode afirmar que Big Data seja meramente um extenso volume de dados (LIMA JUNIOR, 2011, p. 48). Portanto, o Big Data é um massivo volume de dados que justifica e necessita do uso de recursos tecnológicos para organizar informação de forma a facilitar a tomada de decisão em tempo hábil e célere, “transmitindo ao universo com Inteligência” (INTEL, 2013, p. 3). Este tipo de resposta inteligente, ágil e extremamente exata é o que interessa às corporações atualmente. Mayer-Schonberg e Cukier (2013) definem ainda, como sendo o processo de mineração da informação qualitativa, que dar- se-á a partir de um imenso volume de informações. 332 Afinal, a partir de uma tomada de decisão inteligentemente ágil, uma organização pode definir o sucesso ou a derrota de trabalho de anos a fio, em poucos segundos. Os riscos são grandes, mas, necessários em um mercado, cada dia mais competitivo. O BI e ERP no Processo Decisório Ter um negócio ou ter vontade de empreender, faz com que os empresários comecem a entender que o método utilizado na gestão precisa ser integrado, ampliando seus conhecimentos, oportunizando novos mercados e gerando novas oportunidades. Automatizar os processos possibilita às empresas desenvolverem fatores competitivos de mercado que permitam estar em evidência. Segundo Oliveira (2011), planejar é fundamental para as empresas, pois qualquer decisão exige o conhecimento do mercado, suas mudanças e possibilidades de crescimento de áreas. Estas fontes de informação facilitam o acesso a números que podem fornecer o caminho a seguir, com menos riscos e maior possibilidade de acertos. O que não significa dizer que garanta que todas as decisões possam ser acertadas. 333 Os riscos são inerentes às tomadas de decisões cotidianas nas organizações, Laudon e Laudon (2004, p. 7) destacam ainda que: Conceitua-se tecnicamente um sistema de informação como um complexo de elementos integrados que coleta (ou recupera), processa, memoriza e compartilha informações designadas à assistêncianos processos decisório, a coordenação e o gerenciamento de uma organização. Além de prover estrutura à gestão de decisões, à coordenação e ao controle, esses sistemas também auxiliam os gerentes e colaboradores a analisar problemas, conceber assuntos complexos e desenvolver novos produtos (LAUDON E LAUDON, 2004, p. 7). A tecnologia da informação, conforme Rezende (2005, p. 62), “é compreendida como o conjunto de equipamentos que acumulam e organizam dados, conhecimentos, gerando outros dados e informações de maneira mais compactada e objetiva. O que facilita o manuseio ágil das mesmas”. Assim, conforme Laudon e Laudon (2004, p. 61-62): O sistema integrado apura dados relevantes dos processos de negócios e os armazena em um arquivo exclusivo de dados abrangentes, podendo ser utilizado por outros departamentos da organização. Ocorre que os gerentes obtêm em tempo hábil informações mais precisas e 334 apropriadas para gerenciar as atividades operacionais da empresa e uma perspectiva dilatada das metodologias de negócios e fluxos das informações (LAUDON E LAUDON, 2004, p. 61 - 62). Como um pacote de produtos e serviços, o ERP, no entendimento de Souza e Saccol (2003, p. 19), “são fornecidos em blocos comerciais, por parte, de software que consolida a junção de dados dos sistemas de informação logicamente sistemáticas e dos processos organizacionais”. Segundo Evangelista e Assis (2008), é importante que as organizações assimilem que a informação se transformou no recurso mais imprescindível para a sobrevivência próspera das empresas e um capital poderoso, equivalente aos recursos de produção, fator estrutural e instrumento de gestão. Assim, para Bazzotti e Garcia (2007), o sucesso das corporações dependem da celeridade de informações conectadas, onde decisões e sistemas possibilitem a organização de dados. Neste contexto, Bruzarosco (2005, p. 107) reconhece que a inovação no uso de informações amplia as vantagens em relação aos concorrentes. Muitas empresas buscam estes caminhos como diferencial, e outras ainda não utilizam as informações. 335 O Business Intelligence como oportunidade de inovação organizacional Novas ferramentas surgem a partir das ideias de reestruturação de formas rígidas de administração, em que o potencial humano era exclusivamente demandado na entrada e saída de produtos ou na implementação de serviços. Com as novas tecnologias implantadas para minimizar os esforços humanos, surgem novas ferramentas como é o caso Business Intelligence (BI), que nada mais é que a organização de dados para agilizar e facilitar a tomada de decisão. O BI pode ser utilizado, desde o mais simples controle de estoques até mesmo decisões que podem colocar em risco toda a carreira de sucesso de gestores e de empresas, como por exemplo a aplicação de capital em determinadas áreas de negócios, ampliação de distintos negócios em corporações que se especializaram em um único produto. De acordo com Angeloni e Reis (2006, p. 3), Business Intelligence é “Inteligência de Negócios ou Inteligência Empresarial, que se compõe de um conjunto de métodos gerenciais implementados através de ferramentas de software”. Sua principal função é proporcionar ganhos em processos decisórios gerenciais 336 e da alta administração nas organizações, baseado na capacidade analítica de forma integrada reunindo um só lugar, todas as informações fundamentais para decisão do negócio. Reforça-se que a finalidade do Business Intelligence é alterar dados em conhecimento, que possam dar suporte ao processo decisório, gerando competitividade no mercado. Portanto, é uma metodologia que auxilia as organizações a decidirem de forma sábia, diante dos dados, e da transformação deles em informações ricas e relevantes, para a melhoria contínua de seus negócios. De acordo com Primark (2008, p. 23): Atualmente organizações de pequeno, médio e grande porte carecem do BI para apoiá-las nas mais distintas circunstâncias acerca dos procedimentos decisórios, otimizar o trabalho, limitar custos, suprimir as tarefas redundantes, possibilitar previsões de ascensão da empresa como um todo e subsidiar na elaboração de estratégia (PRIMARK, 2008, p. 23). Qualquer empresa pode implantar o Business Intelligence objetivando vantagens que permitem a inovação no resultado operacional através de indicadores de performance, para a tomada de decisão. Segundo Primark (2008, p.14): 337 É imprescindível que o gestor possua de forma ágil e fácil as informações apropriadas para que fique claro as decisões. Sem ela, o gestor decidirá às cegas. Ou seja, sem as informações corretas não teremos como avaliar com qualidade da decisão assumida por intermédio da alimentação de um processo de feedback (PRIMARK, 2008, p. 14). Entretanto, com a mudança na gestão das empresas se faz urgente e necessário encontrar pessoal habilitado para seguir ampliando e treinando colaboradores que identifiquem pontos críticos e assumam as mudanças que se colocam como centrais. “Assim sendo, é extremamente relevante que o responsável pela gestão obtenha a certeza desses dados, pois o processo decisório deve direcionar a organização à potencialização de seus recursos, redução dos custos, alavancagem de desempenho e atingimento de resultados” (MAXIMIANO, 1995, p. 83). Nos anos 90, surge outra ferramenta que garantirá maior competitividade às empresas, uma vez que passam a trabalhar com Enterprise Resource Planning (ERP). Laudon e Laudon (2004, p. 61- 62) afirmam que “esta nova ferramenta integra informações em poucos arquivos e que facilitam o uso destas informações no cotidiano das empresas”. 338 Figura 4|Mapa Conceitual da evolução do Business Intelligence Fonte: Elaborado pelo autor com base nos teóricos em, 2 Fonte: Elaborada pelo autor com base nos autores citados (2021). 339 Hypolito (2000) diz que são muitos e distintos os benefícios e até mesmo incontáveis, quando se faz uso destes processos e sistemas. Norris e outros (2000), apresentam os benefícios em termos quantitativos e qualitativos; Souza (2000) e Lucas (2001), chamam atenção para as dimensões de coerência, pois estimulam a confiança dos gestores nas decisões com mais celeridade e eficiência, a custos bem menores. Entretanto, não são encontrados apenas elogios e benefícios no uso de processos e sistemas de gestão de informação: riscos, problemas e desvantagens, preocupações, barreiras e dificuldades também existem (O’LEARY, 2000; SOUZA, 2000; LUCAS, 2001; MENDES & ESCRIVÃO FILHO, 2002). Marketing digital e redes sociais No período da Revolução Industrial, o marketing era focado apenas no produto; mas com o advento da tecnologia na era da informação, percebe-se a mudança estratégica do marketing, passando a ter como foco principal, o consumidor. “Vivemos agora a fase do marketing 4.0, que representa a evolução do 3.0, 340 com prevalecimento das emoções humanas e interações em rede” (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2017). Para Kotler e Armstrong (2007), o marketing transformou, colocando o consumidor no centro das discussões empresariais, uma vez que produtos e serviços são pensados e produzidos para estimular desejos e atender as demandas deste desejo criado. Vaz (2010), afirma que as organizações “que desenvolve uma comunicação mais próxima com seu público conseguem com assertividade apresentar o que eles buscam em promoções, serviços e vantagens, lançando-se na frente dos concorrentes”. Com o forte crescimento da rede e suas interações, o marketing digital ganha forças e atrai fortemente o consumidor. Limeira (2010, p. 10), compreende o marketing digital ou e- marketing diferentes ações concatenadas a canais virtuais, cujo controle de informações, seriado consumidor. Inúmeros estudiosos da área, dentre eles Okada e Souza (2011), Solomon (2011), Oliveira (2000), são unânimes em reconhecer a contribuição do marketing digital, suas ferramentas, processos e sistemas, na otimização das atividades centrais das corporações, no que diz respeito à produtividade destas. 341 Okada e Souza (2011), salientam que as inovações tecnológicas transformam radicalmente a perspectiva de profissionais das tecnologias de informação e de marketing; Já Solomon (2011), chama a atenção para a fragmentação de processos, comunicação personalizada e custos bem abaixo das experiências consideradas mais tradicionais; e, Oliveira (2000), está atento às dimensões do marketing digital que proporcionam uma maior interação com o consumidor, ampliando suas expectativas. Comportamento do consumidor e seu poder de influência O Big Data, como proposta de reestruturação da gestão do mundo do trabalho, possibilitou uma ampla gama de transformações que atingiu, não apenas a implantação de novos processos na agilização das atividades cotidianas. É possível perceber transformações radicais na organização de equipes de trabalho, nas novas demandas exigidas dos colaboradores, impactando também nas expectativas dos clientes, aproximando- os, cada vez mais, do processo interativo entre estes e as organizações. Desta mudança geral de comportamentos, interessa discutir o comportamento do consumidor, que é compreendido 342 “como esta movimentação comportamental produzida pelos clientes na relação bens de consumação industrial que sucedem em decisões e ações, como obter e usufruir de produtos e serviços, bem como custear por eles”, na compreensão de Sheth; Mittal e Newman, (2001). Dixon e Gellman (2014, p. 6), afirmam que cada consumidor possui um atributo e que as formas e sistemas conseguem captar, transformando-as em pontuação de forma categorizada para serem interpretadas na previsão de ações que motivem os clientes a consumirem produtos identificados com seu perfil, em muitos casos, próximos a personalização de cada indivíduo. Autores como Torres (2009), conseguiram captar, inclusive, transformações nas ações de consumo de clientes que não possuem o hábito de frequentar redes sociais. Isto se deve aos comentários e indicações de consumidores habituados aos ambientes virtuais, em que não apenas consomem produtos e serviços, mas também usufruem de outros serviços como pagamentos on-line, serviços de delivery dentre outros. Estas mudanças, no comportamento dos consumidores ampliaram, significativamente, transformações em todos os 343 espectros envolvidos no consumo, ou seja, aqueles convencionalmente denominados stakeholders. Solomon (2016), discuti também a esfera do atendimento dos desejos de clientes, a partir de estímulos ao consumo. No que Kotler (1993, p. 33), arrebata afirmando se tratar de motivar desejos mais profundos que o simples consumo. A empresa consegue entender que a análise do comportamento é estabelecida através dos desejos e necessidades dos clientes e que esses insights são mapeados pela internet, baseados em seus comportamentos. As empresas através dos recursos tecnológicos e da relação do marketing procuram atender suas demandas customizando e personalizando os serviços ofertados. Para Kotler (2007, p. 26), a individualização nada mais é, que o atendimento profundo dos desejos dos indivíduos, quando buscam se diferenciar através de um produto exclusivo, lançando moda, ao mesmo tempo em que associados à ideia de inovação, de pós-modernidade, ao influenciar também outros comportamentos. Estratégias de marketing e seus fatores de influência: pessoais, sociais, culturais e psicológicos No contexto de globalização do mercado, as empresas muitas vezes oscilam diante de faturamento financeiro, por uma 344 série de fatores, sejam internos ou externos. Os impactos, geralmente, são imprevisíveis, podendo ocasionar dificuldades para corporações e países. Por isso, o maior desafio é seguir frente à tantas tendências e comportamentos sociais, retratados no mercado. Consequentemente, o planejamento se torna central e deve ser considerado em momentos decisivos, atingindo um foco institucional, considerando as estratégias mercadológicas. Por estratégias competitivas, Porter (1980, p. 50), entende que são ações agressivas ou preventivas para desenvolver um posicionamento defensável numa indústria, para combater com sucesso as competitividades exercidas pelas forças e assim alcançar um retorno superior sobre o investimento. Para que isso aconteça, torna-se necessário o estabelecimento de um sistema de inteligência de marketing que pode auxiliar no acompanhamento de mudanças necessárias, identificando o perfil do consumidor e tendências do mercado. Quadro 2|Perfil do Consumidor Fator Pessoal “As definições do consumidor também são controladas por aspectos pessoais, como faixa etária e fases do ciclo de vida, ocupação, na economia, peculiaridades, 345 atributos, como se posiciona no cotidiano e valores” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 179). Fator Social Conforme os autores Kotler e Keller (2006, p.177): Os grupos de referência são àquelas que efetivam alguma influência direta (face a face) ou indireta acerca das práticas no comportamento de um indivíduo. Os grupos que efetuam influência direta são denominadas grupos de afinidade. Alguns grupos de afinidade são primários, como família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, com os quais dialoga continuamente e informalmente. As pessoas também pertencem a grupos secundários, como grupos religiosos e profissionais ou associações de classe, que geralmente são formais e requerem interação contínua reduzida. Fator Cultural Segundo Kotler e Keller (2006, p.173): A cultura é o determinante que mais influência nas tendências e nos desejos dos indivíduos. Ao passo em que cresce, a criança absorve certos valores, percepções, inclinações e atitudes do seu círculo familiar e de outras organizações. Subcultura é o que compõe cada cultura, que provém identificação e socialização mais específica para seus membros. Subculturas pode ser denominada a partir dos grupos raciais, da nacionalidade, das regiões geográficas e religião. 346 Fator Psicológico Segundo Kotler e Keller (2006, p. 191): “Um estilo de vida é o modelo como as pessoas vivem manifestado por práticas, interesses e pontos de vistas. Fica claro que a transformação do ser advém por influência do seu ambiente. Fonte: Kotler (2006). Estes elementos, associados aos dados dos consumidores, viabilizam a constatação de desejos a ponto de organizar demandas, customizando não apenas produtos, mas também desejos, ideias, comportamentos e novas demandas por produtos. De acordo com a imagem abaixo, é possível perceber a dimensão do quanto os usuários de dados geram valor através das redes sociais e serviços on-line. METODOLOGIA A metodologia adotada neste trabalho foi dividida em duas etapas. Inicialmente, utilizou-se uma pesquisa de revisão bibliográfica e na sequência uma pesquisa de campo, cujo universo de aplicação se restringiu a alunos atuantes no mercado e que possuíssem as atribuições e competências de gestores, de um Grupo Universitário localizado no Nordeste do Brasil, na Cidade 347 de Recife, Estado de Pernambuco, conforme destacado na imagem a seguir. Figura 4|Pernambuco e seu posicionamento no Mapa do Brasil Fonte: Prefeitura do Recife (http://www2.recife.pe.gov.br/pagina/caracterizacao-do-territorio) O gráfico abaixo aponta que em Pernambuco existem um total de 73 Instituições de Ensino Supeior (IES)privadas, contabilizadas para o ano de 2012, “caracterizadas, organizadas e distribuídas administrativamente comoprivadas, ou como instituições sem fins lucrativos” segundo Maziero (2015, p. 66). Segundo esta autora, a “grande parcela das IES privadas do Estado, 95,9% (70) possuem a organização acadêmica de Faculdade, uma IES era Universidade (1,4%), duas eram Centros Universitários (2,7%)” (MAZIERO, 2015, p. 68). http://www2.recife.pe.gov.br/pagina/caracterizacao-do-territorio 348 Gráfico 7|Organização acadêmica das IES Privadas com fins lucrativos Fonte: Maziero (2015, p. 68). ‘De acordo com o local das IES, destaca-se a grande polarização na Região Metropolitana do Recife (RMR). Aproximadamente 47,9% se concentravam na capital Recife, 12,3% em Olinda, 5,5% em Jaboatão dos Guararapes, 5,5% de Caruaru, 4,1% em Paulista, 4,1% em Santa Cruz do Capibaribe e 20,6% de outras cidades, conforme pesquisa de Maziero (2015, p. 69). Pela imagem a seguir, é possível vislumbrar a localização destas IES. 349 Gráfico 8|Polarização das IES na Região Metropolitana do Recife (RMR) Fonte: Maziero (2015, p. 69). Figura 5|Mapa do Estado de Pernambuco Fonte: (http://www.viagemdeferias.com/mapa/pernambuco.gif). 350 Segundo Gil (1989), uma pesquisa exploratória é aquela que objetiva selecionar suas melhores ideias ou a descobrir percepções, cercando-se de um arcabouço bibliográfico e entrevistas com seres que passaram por experiências com a situação trabalhada. Para a organização deste trabalho a pesquisa de revisão bibliográfica, permitiu a investigação dos principais autores a respeito do tema e a pesquisa empírica, em que foram coletados e analisados os dados, permitiu confrontar a realidade exposta com os postulados teóricos apresentados. Para atingir as finalidades propostas, optou-se pela exploração de campo que é aquela realizada in loco, ou seja, em contato com o universo de pesquisa, ou seja: os alunos gestores. O trabalho se desenvolveu com caráter descritivo de abordagem quantitativa, a partir de uma pesquisa aplicada a um conjunto de 84 alunos profissionais, que exercem suas funções na área de gestão, cujos critérios de inclusão foram: • graduação na área de humanas; • atuação na área de gestão e decisão estratégica; • utilização de ferramentas de Big Data. 351 Foi realizada a coleta de dados entre os dias dezesseis a vinte de março de 2020, com a aplicação de questionário estruturado, para um grupo de 84 alunos, profissionais das áreas de gestão que estudam na instituição de ensino superior mencionada. O questionário foi estruturado com seis perguntas fechadas de múltipla escolha e resposta única. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa foi realizada num grupo educacional em que o autor exerce um cargo profissional no BackOffice operacional, há 17 anos. Atua na área de educação, desenvolvendo procedimentos gerenciais focados na melhoria contínua dos processos, proporcionando a otimização dos indicadores de gestão operacional da companhia, através da análise inteligente e consolidação dos dados provenientes do Big Data. Aproveita-se a pertinente condição para estudar e abordar o tema, aplicando os questionários nesta IES. Para estabelecer o perfil do consumidor foi pensado em mapear o gênero (feminino e masculino), a fim de entender se este critério poderia impactar ou não, nos resultados apresentados. 352 O perfil apresentado é de 84 estudantes profissionais que atuam em sua jornada de trabalho e que estudam nas áreas de humanas. Deve-se ressaltar que não foram aplicados os questionários aos alunos de cursos voltados para sistemas de informação, para que não houvesse tendência de interferência nas respostas da pesquisa. Resultados da Pesquisa e Estudo das Informações A partir da pesquisa desenvolvida é possível apresentar as análises das respostas dos alunos gestores, pesquisados. Gráfico 9|Qual seu gênero? Fonte: Elaborado pelo autor (2020). 353 Para Lauretis (1994, p. 210): Falar sobre o “gênero” nos remete a uma atuação com mais particularidade, permanecendo uma correlação entre classe, um grupo ou uma camada selecionada. Gênero é a representação de um rol (...) estruturado entre uma entidade e outras entidades previamente compostas como uma classe, uma conexão de pertencimento (...) portanto esta representatividade não só por um indivíduo e sim uma ligação relacional, em outras palavras, corresponde um indivíduo por intermédio de uma classe (LAURETIS, 1994, p. 210). Essa pergunta esteve na composição da pesquisa, uma vez que foi oportuno aproveitar a ocasião para coletar esse dado, que poderia ser relevante na estruturação das análises conclusivas. Como a consolidação desse dado não estabeleceu influência significativa, a manutenção dessa informação caracteriza-se como um fator incremental do estudo. 354 Gráfico 10|Qual a regularidade em que você utiliza a internet? Fonte: Elaborado pelo autor (2020). De acordo como Rezende (2005, p. 62), “a tecnologia da informação e suas ferramentas alinhadas ao processo de gestão, agregam assertivamente nas decisões e em consequência proporciona resultados fundamentais para o gerenciamento do negócio”. Nota-se que entre o grupo de entrevistados existe uma forte tendência, influência e adesão digital, com 92% dos alunos que fazem uso contínuo da internet, bem como dos recursos que esse ambiente web proporciona em seus respectivos cotidianos. Para Freese, Rivas e Hargittai (2006), a utilização da internet previne o desgaste cerebral, mantendo o cérebro cognitivamente ativo e dinâmico, neste sentido, percebe-se uma 355 alta adesão dos alunos da IES no que tange a frequência no uso da internet. Gráfico 11|Quais as plataformas aplicadas no processo decisório? Fonte: Elaborado pelo autor (2020). Fica claro que os avanços tecnológicos e suas ferramentas, mudaram a maneira das pessoas lidarem com os processos. Nota- se que entre os alunos da IES, que responderam à pesquisa, existe uma adesão equivalente entre àqueles que utilizam o Microsoft Excel (35% alunos) e os que fazem uso de plataformas de BI (35% alunos), nas ações de gestão e tomadas de decisão. No caso dos sistemas ERP o percentual é de 31% também bastante equilibrado em relação às demais ferramentas. Isso mostra que independente 356 do potencial e condição financeira da organização, todos estão buscando formas de tratamento dos dados para a tomada de decisões. Vianna, Dutra e Frazzon (2016, p.193), mostram como é “fundamental promover uma gestão eficiente, transformando dados em informações de extrema relevância, direcionando assim os negócios estratégicos das organizações, minimizando riscos, e apoiando a melhor decisão”. É perceptível que os 35% dos alunos que ainda utilizam o Microsoft Excel, precisam adquirir novas competências relacionadas à otimização na gestão dos dados, para que se tenha uma melhor tomada de decisão. Conforme Oliveira (2011), planejar é fundamental para as empresas pois qualquer decisão exige o conhecimento do mercado, suas mudanças e possibilidades de crescimento de áreas e recuo de outras. A organização deve se posicionar a fim de coibir erros e gerar resultados, e os sistemas de informação são as ferramentas fundamentais no que tange a operacionalização das melhores práticas. Outra informação importante, diz respeito aos 66% de alunos gestores que fazem uso dos sistemas de inteligência de dados, proporcionadas pelos sistemas ERP e BI, nos processos de 357 gestão e tomada de decisões. A procura por um valor ou resultado está na aplicabilidade do Big Data, proveniente da gestão de um volume de dados que advém de fontes variadas e que demandam de alta velocidade de processamento (TAURION, 2013). Gráfico 12|As informações extraídas das ferramentas gerenciais servem comoinstrumento para a tomada de decisão do gestor? Fonte: Elaborado pelo autor (2020). De acordo com Bazzotti e Garcia (2007), quanto maior a organização, melhor deverá ser a ligação entre a rapidez dos sistemas de informação e a tomada de decisões. 358 Neste sentido, existe uma forte concordância entre os alunos da IES no que tange a aceitação das informações extraídas das ferramentas gerenciais como dados eficazes na assertividade das tomadas de decisão. Essa alta concordância é refletida nesse quesito quando se percebe que 82% de alunos optaram pelas assertivas: "Concordo Totalmente e Concordo Parcialmente”, em detrimento de uma disparidade absoluta, onde a minoria dos entrevistados não enxergam a força das ferramentas gerencias na busca pela assertividade e eficiências operacionais. Conforme Angeloni e Reis (2006, p.3), a concepção de Business Intelligence, ou Inteligência de Negócios é “um agrupamento de metodologias de gestão implementadas por intermédio de recursos de software, cuja função é oportunizar vantagens nos processos decisórios gerenciais e da alta gestão nas organizações”. Neste sentido, é possível verificar que os alunos gestores pesquisados, entendem a importância da informação dos sistemas de inteligência de negócios, para a tomada de decisão estratégica das empresas. Complementando a análise, percebe-se que os alunos usufruem da inteligência de dados, através da disponibilização dos sistemas de ERP e BI. 359 Toda empresa pode utilizar o Business Inteligence e trazer vantagens, permitindo a inovação no resultado de sua performance através de indicadores de desempenho, informações internas e externas no que tange a gestão dos processos decisórios. Mesmo assim, de acordo com o gráfico, ainda existem 18% de entrevistados que sinalizaram discordar totalmente, discordar parcialmente ou ainda serem indiferentes. Ou seja, existe um grupo de pessoas que não acreditam na eficácia do tratamento analítico dos dados e no valor estratégico da gestão da informação, para uma assertiva tomada de decisão. Não sendo a condição posta no parágrafo acima, pode-se concluir também, que esse mesmo grupo de 18% pode estar sendo afetado negativamente nos aspectos de desenvolvimento profissional dessas competências gerenciais em decorrência da falta de investimentos em plataformas de análise de dados e inteligência de negócios, seja pela descrença e /ou desconhecimento acerca das ferramentas gerencias, ou ainda pela escassez de recursos financeiros previstos em orçamentos a serem aplicados em infraestrutura de tecnologia. 360 Gráfico 13|Após observar uma ação de marketing na web, você costuma pesquisar informações adicionais relativas ao produto ou serviço anunciado? Fonte: Elaborado pelo autor (2020) De acordo com a pesquisa, 77% dos alunos gestores, concordam total ou parcialmente com a ideia de que após uma ação de marketing na web, buscam informações adicionais dos produtos ou serviços anunciados. Nota-se, assim, que existe entre os alunos pesquisados, uma busca ordenada por informações que giram em torno das campanhas de marketing, desenvolvidas na Web, para divulgação de produtos e/ou serviços. Com isso criar o perfil para alavancar o crescimento das empresas pode ser o diferencial competitivo de mercado. 361 Solomon (2016), evidencia que o hábito do consumidor está concatenado ao método no qual as pessoas adquirem produtos e aderem à serviços, ideias ou experiências que excedem aos seus desejos. De acordo com Torrres (2009), conectar-se com indivíduos via Web, faz com que exista um elo entre empresas e consumidores, mesmo estes que não estão presentes ativamente na internet, são atraídos para o poder da compra. O mesmo comportamento não é reflito entre os 23% de alunos que trafegam entre “discordo totalmente, discordo parcialmente e indiferentes” demonstrando um distanciamento nativo e característico desse público, validado nas questões como usuários não-capacitados e/ou não-desenvolvidos nas práticas de uso de sistemas gerenciais. Portanto reforça Kotler (2000, p.98) onde diz que “Observar como reage as tendências do mercado global, de forma inteligente, faz com que o marketing consiga absorver, acompanhar e inovando com novos projetos.” Também Porter (1980, p. 50) afirma que “estratégia competitiva são ações inusitadas que desenvolvem um posicionamento resguardável numa indústria, para concorrer com êxito as potências competitivas e assim obter retornos elevados sobre o investimento para a empresa”. Estratégia refere-se aos 362 propósitos da alta gestão para atingir resultados sólidos e consistentes com o compromisso e os objetivos globais da organização (WRIGHT et al., 2009). Gráfico 14|Você muda sua opinião ao analisar os " comentários" de um produto ou serviço ofertados pela internet? Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Percebe-se diante do gráfico, existir uma alta adesão, ou seja, 82% (que trafegam entre “concordo totalmente e concordo parcialmente”) de alunos que desenvolvem uma capacidade analítica e flexibilidade decisória no que tange a mudança de opinião após análise dos comentários dos produtos e serviços ofertados na Internet. 363 Por isso reforça Kotler e Armstrong (2007), que a missão fundamental do marketing é ofertar valor ao seu público-alvo, interligar relacionamentos sólidos e atender os desejos e necessidades distintas. Porém o perfil do consumidor vem mudando e o marketing precisa entender esse perfil e apostar na inovação. De acordo com Pereira (2014), o marketing estratégico em seu estudo, contempla o planejamento e o acompanhamento de tendências do mercado e da concorrência. Neste novo modelo de tendência, os consumidores entendem que as empresas precisam se reinventar para atrair o poder de compra dos consumidores e consequentemente uma fidelização perene. Vaz (2010), afirma que manter um elo de aproximação entre as organizações e os indivíduos, faz com que exista uma proximidade entre ambos e afeta o poder de compra, permitindo que a empresa saia na frente dos concorrentes. No entanto, 18% dos alunos pesquisados neste tema discordam total ou parcialmente, de que a análise dos comentários de um produto ou serviço ofertado na Internet, altera a opinião deles. Isso mostra que ainda há alguma resistência ou distanciamento, por parte deste público. 364 As avaliações e os comentários no e-commerce são determinados pelo potencial de venda de um produto ou serviço que funcionam por meio de um gatilho mental ou técnicas de persuasão que auxiliam no aumento da taxa de conversão. Entender o comportamento desse público que se abstém das análises dos comentários é fundamental uma vez que pode estar nesse grupo os indícios de que a credibilidade e a confiabilidade dos produtos e serviços ofertados podem estar em situação exponencial de risco desconhecido. Conquistar esse público num processo de monitoramento e acompanhamento, trazendo-os de forma eficiente para prova social. Eleva o sentimento de aceitação positiva dos consumidores, proporcionando-os uma experiência diferenciada, potencializando a percepção de confiança e consequentemente, ampliando as possibilidades de compra dos produtos e/ou adesão dos serviços ofertados nos canais digitais. É essa experiência do consumidor que será cada vez mais interligada ao conceito de data-driven, por meio do qual as empresas irão traçar um melhor mapeamento nas transformações do comportamento, preferências e do histórico de engajamento de seus clientes e potenciais compradores. 365 CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebe-se diante da análise dos resultados, que a estrutura que compõe o Big Data é extremamente relevante para o papel de mudança empresarial, tornando os processos mais inteligentes,objetivando assertividade na gestão dos processos decisórios. Portanto, reconhece-se a contribuição do mercado nas transformações que hoje são possíveis observar, seja na própria gestão de empresas em âmbito mundial, ou ainda nas tendências de consumo dos indivíduos. É perceptível também, que as organizações que apresentarem dificuldades para se adequar às novas exigências do mercado, terão que buscar estratégias criativas e inovadoras, capazes de seduzir clientes com perfis mais tradicionais. Embora, estas organizações utilizem alguns sistemas, ainda que, sejam aplicações menos robustas e amplas em seus diferenciais e potenciais estratégicos, são de extrema importância para se manterem produtivas e viáveis. É compreensível que o mundo e não apenas os consumidores, tenham apresentado novos comportamentos de consumo, tornando-se mais interativos, conectados e consequentemente mais rigorosos acerca do padrão qualitativo dos 366 produtos. Fato que leva à transformação, concomitante, de todos os processos, compilação dos dados, valor e ideias, como apresentados. Assim, a contribuição de sistemas como o Big Data fica nítida, pois, é possível a análise de dados envolvendo e agrupando todas as ferramentas que usam algum tipo de algoritmo para gerar modelos de relatórios, capazes de possibilitar ao gestor a tomada de decisões assertivas e com menor risco para as empresas. De acordo com os resultados da pesquisa, é possível enfatizar que a compilação dos dados através do Big Data se consolidou em uma realidade e já faz parte do cotidiano das grandes empresas, auxiliando nas tomadas de decisões estratégicas. Fica evidente a importância do uso destas ferramentas para o sucesso das organizações, tornando-se difícil qualquer decisão sem considerar a relevância dos dados e informações oriundos destes sistemas. É possível entender o envolvimento dos novos gestores e a proximidade da sua linguagem com os novos sistemas e ferramentas tecnológicas. Não há mais a possibilidade de utilizar apenas o instinto para a tomada de decisões, é preciso ter tido acesso à leitura do mercado, suas oscilações, tendências, investimentos e outros critérios relevantes a serem considerados. 367 Percebe-se, no geral, que as organizações entendem a importância da análise do comportamento e que este é estabelecido através dos desejos e necessidades dos clientes, propagados através dos veículos de comunicação digital, sendo seus insights mapeados pela internet, com base nos comportamentos. Assim, as empresas precisam estar alinhadas a estas novas tendências ao vender seus produtos e serviços, adequando-os às demandas do mercado interno e externo. “A informação é a gasolina do século XXI e a análise de dados, o motor de combustão”. A frase de Peter Sonderdaard, conselheiro executivo e vice-presidente do Grupo Gartner é crucial no que tange a relevância no potencial de análise do Big Data com foco no entendimento do consumidor, tecnologia essa, responsável por proporcionar diferenciais de ponta para os negócios. Entende-se que um Big Data bem estruturado e com grande volume de dados minerados, gera informações fundamentais para a otimização das estratégias de comunicação e relacionamento com os clientes, de criação, transformação e inovação dos produtos e serviços, e principalmente como base primária para a compreensão volátil e dinâmica dos anseios e necessidades dos consumidores. 368 Antenado a experiência dos consumidores, as organizações poderão traçar a partir dessa inteligência estruturada, um melhor mapeamento do comportamento, preferências, tendências, históricos de engajamento de seus clientes e potenciais compradores. Com toda massa de dados gerada pelos usuários seria impossível que o tratamento desse volume nos moldes artesanais, o que chancela o Big Data não mais como uma tendência, e sim como uma realidade. A demanda que esse conjunto de tecnologias supre é a possibilidade de lidar com o tratamento de grandes volumes de dados provenientes de históricos, daqueles gerados em tempo real e principalmente lidar preditivamente com àqueles que estão por vir nos anos posteriores. Conforme se pode observar na figura a seguir, o Big Data é um conceito que exercerá uma função amplamente estratégica nas empresas que buscam diferenciais competitivos, visto que seu potencial de negócio abrange desde gerenciamento de áreas voltadas para o consumidor até a melhoria dos processos internos de gestão. As oportunidades geradas pelo Big Data no universo dos negócios são significativas, bem como desafiadoras. As empresas que dominam essa tecnologia emergente com profundidade e em prol da inteligência estratégica poderão obter recompensas 369 significativas e extremamente representativas no que tange a diferenciação contínua dos seus concorrentes. Nesse sentido, uma pesquisa realizada pelo Erik Brynjolfsson, economista da Sloan School of Management do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), evidenciou que as empresas que utilizam a “tomada de decisão com base em dados” obtêm um aumento de cinco a seis por cento em produtividade. O uso adequado de Big Data vai muito além de coletar e analisar grandes massas de dados. Exige principalmente a compreensão de como e quando usar os dados ao tomar decisões cruciais. Figura 6|Analisando os insights comerciais específicos da empresa. Fonte: ISACA® (2013b, p. 07). 370 Sem uma visão otimizada e alinhada com as definições de negócios é impossível ter uma solução ou mesmo um projeto de Big Data. Saber explorar as questões adequadas para um problema de Big Data e vincular estas questões em conformidade com as necessidades reais dos negócios das empresas, é fundamental para o desenvolvimento bem estruturado deste tipo de projeto. Identificar oportunidades competitivas envolve dominar com mais propriedade os comportamentos e exigências dos clientes, dos produtos, da cadeia de distribuição ou produção, dos fornecedores e dos competidores. O Big Data pode ser uma excelente ferramenta para atender este objetivo, desde que se tenha em mente clareza e precisão de onde se pretende chegar. Do contrário, fatalmente esse este tipo de projeto será conduzido ao fracasso. No mapa apresentado abaixo, estão grafados os principais elementos, preocupações e necessidades que compõe um ambiente de Big Data. Por ser um mapa mental, não há um ponto de partida para a análise geral. Entretanto, utilizando uma ordem arbitrária, a imagem exibe a ramificação que translada acerca dos negócios e suas subdivisões de Competição Analítica, CRM, Marketing e Redes Sociais. 371 Figura 7|Mapa Mental da composição do Big Data Fonte: Fiap (2014). Constata-se então que o crescimento exponencial dos dados globais, que por sua vez, há uma década não apresentaram quaisquer evidências de desaceleração, é fortemente impulsionado pelo tráfego da internet, sobretudo através das redes sociais, pesquisas na web, mensagens de textos e arquivos de mídias em inúmeros formatos, além dos compartilhamentos gigantescos promovidos pelos dispositivos e sensores IoT. 372 É possível afirmar então, que “dados é novo petróleo digital”, exercendo sobre as empresas a busca cirúrgica por especialistas em Big Date capazes de extrair o máximo do processamento de dados complexos a serviço da busca pela inovação e diferenciação nos mercados atuantes. A ilustração referente a imagem a seguir, demonstra a forma extraordinária com a qual as transformações no futuro da análise do Big Data, exercerão mudanças nos modelos operacionais praticados nos setores de finanças, saúde, manufatura, saúde, entre outros, incluindo a agregação de valor dessa tendência dará origem a novas categorias de formação e de trabalho, bem como novas estruturas regulatóriase novos padrões de conduta. Figura 8|Cenários de uso do Big Data no Futuro Fonte: Fontes et al. (2016). 373 Por fim, conclui-se que o Big Data, assim como a massa de dados e informações que são geradas pelos usuários e que trafegam dinamicamente na Web, já não são mais prospecções, e sim realidade. Com a consolidação dessa tendência tecnológica contemporânea, entende-se que as empresas irão aderir fortemente as ferramentas que compõe esse complexo de inteligência, objetivando a busca pela inovação com foco nas otimizações e assertividades nas tomadas de decisões estratégicas e principalmente, a diferenciarão entre os competidores de mercado, escalabilidade e perenidade dos seus resultados operacionais. Diante dessa condição, é fato que os investimentos a serem aplicados no uso Big Data é um processo irreversível, e que sacramentará àquelas empresas que permanecerão operando na busca pela sobrevivência, seguida pelas estratégias de crescimento orgânico. E àquelas que serão extintas em decorrência de uma obsolescência estruturalmente letal. Vale salientar também, que a camada de investimentos se aplica não somente às infraestruturas complexas orientadas à clusterização, mineração, análise e inteligência de dados. Investir na formação de profissionais capacitados que desenvolvam tais competências é imprescindível para que as melhores estratégias 374 sejam projetadas, que habilitará as empresas a seguirem fortes na concorrência pelos clientes e consumidores. 375 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRAWAL, D. Analytics based decision making. Journal of Indian Business Research, 6(4), 332–340, 2014. Disponível em: https://www.abcdacomunicacao.com.br/88-dos-consumidores- brasileiros-buscam-informacoes-de-produtos-antes-de-comprar/. Acesso em: 01 jul. 2019. ANGELONI, M. T.; REIS, E. S. Business Intelligence como Tecnologia de Suporte a Definição de estratégias para melhoria da qualidade do ensino. In: Encontro da ANPAD, Salvador. XXX Encontro Nacional de Pós-Graduação em Administração, 2006. v. 1. p. 16. BAZZOTTI, C.; GARCIA, E. A importância do sistema de informação gerencial para tomada de decisões. VI Seminário Unioeste – 2008. 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