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TÓPICO 3 | GERAÇÃO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX: BOURDIEU, HABERMAS E GIDDENS 133 [...] a formação das identidades é um processo social que depende do contato e das características físicas, cognitivas, afetivas, sexuais, culturais e étnicas dos seres humanos envolvidos em situações educativas [...]. Assim, as diferenças expressam-se nos contatos entre identidades distintas umas das outras em circunstâncias sociais determinadas (PILETTI; PRAXEDES, 2010, p. 102). Além disso, o desenvolvimento da identidade é entendido como um processo de aprendizagem de determinadas competências: competência linguística para a comunicação; competência cognitiva para apropriação dos saberes essenciais para viver em sociedade; e a competência de interação para convívio em grupo e participação nas relações sociais. Nos processos educativos, essas três dimensões devem ser desenvolvidas igualmente (PILETTI; PRAXEDES, 2010). Por fim, trazemos a noção de agir comunicativo entendido como: [...] agir comunicativo é orientado para o acordo intersubjetivo e depende da emissão de um discurso com “pretensões de validade” do qual fazem parte, em resumo, a compreensibilidade da expressão simbólica do emissor pelo receptor, um presumido conteúdo de verdade na mensagem veiculada e a veridicidade de intenção do autor. A pretensão de validade é o que torna possível a compreensão mútua entre os sujeitos, podendo levar à formação de uma racionalidade que resulte em um agir e interagir consensual. A linguagem é o meio para o acordo intersubjetivo, uma vez que medeia o processo de interação que visa o entendimento. É a aprendizagem de convicções morais, de um saber prático e do agir comunicativo que possibilita o aprendizado e a prática da regulamentação consensual dos conflitos de ação, que, por sua vez, levam à integração social fundada na “identidade do Eu” e na identidade coletiva (PILETTI; PRAXEDES, 2010, p. 103). O agir comunicativo representa uma forma de comunicação desenvolvida a partir de um acordo intersubjetivo, isso significa que para o sucesso da comunicação é necessária a compreensão da informação compartilhada, presunção de verdade e a intenção de verdade por parte do ator que transmite essa informação. O fato de se assumir a validade permite que a interação seja bem-sucedida. A linguagem é o meio pelo qual as informações são compartilhadas e permite o acordo intersubjetivo. A aprendizagem conjunta dos valores morais, dos conhecimentos práticos e da regulação dos conflitos que levam à integração social. A grande questão é que a Modernidade criou uma disjunção entre sistema e mundo da vida e é em torno disso que Habermas constrói sua Teoria da Ação Comunicativa. Com a predominância da economia e do Estado, ocorreu que a “razão instrumental” tornou hegemônica, balizando as relações sociais. Ele fala em desengate do sistema e do mundo da vida. A eficácia torna-se um fim em si próprio, desvinculado de qualquer contexto. Desta maneira, as forças econômicas e do Estado parecem ser naturais. A razão deixa de ser instrumento de crítica para se tornar poder e acumulação de capitais.