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TÓPICO 3 | GERAÇÃO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX: BOURDIEU, HABERMAS E GIDDENS 127 informações coletadas traziam. A partir destas obras, voltar-se para o universo da Educação e da Escola era adentrar o terreno da reprodução das desigualdades sociais e da dominação da elite. A produção intelectual de Pierre Bourdieu dos anos 1960 representou uma crítica original e fundamentada para o problema das desigualdades escolares. Até o momento em que escreveu suas pesquisas sobre educação, as ciências sociais nesse campo se orientavam por uma visão positivista da educação e de seu papel na sociedade (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002). De acordo com Cláudio Marques Martins Nogueira e Maria Alice Nogueira, essa perspectiva dava um destaque otimista, em que a Educação e a escolarização tinham um papel “central no duplo processo de superação do atraso econômico, do autoritarismo e dos privilégios [...] e de construção de uma nova sociedade, justa (meritocrática) e democrática (fundamentada na autonomia individual” (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2002, p. 16). Em “Os herdeiros”, Pierre Bourdieu, em parceria com Passeron, desloca a discussão até então existente em torno do tema da educação. Ali foi denunciada a precariedade das políticas de democratização de acesso preconizadas pelo sistema francês de ensino. Eles colocaram em xeque os discursos de que a educação francesa oferecia bases igualitárias para todos os seus estudantes. Como resultado, a escola tratava diferentes de forma igual, onde os estudantes tinham oportunidades diferentes, a depender da sua origem familiar e pertencimento a uma classe social (VALLE, 2013). FIGURA 5 - PIERRE BOURDIEU FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/PA7Pz6>. Acesso em: 1 mar. 2018.