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Empréstimos para Casas] já tinha sido instituído em 1932, para encorajar e supervisionar os emprestadores das hipotecas locais, conhecidos como Savings and Loans [Poupanças e Empréstimos], associações mútuas como as sociedades construtoras britânicas, que recebiam depósitos e os emprestavam para compradores de imóveis. Para garantir os depositantes, que estavam traumatizados pelas falências bancárias dos três anos anteriores, Roosevelt introduziu o seguro federal dos depósitos. A ideia era que colocar dinheiro nas hipotecas seria mais seguro do que as casas, porque, se os devedores não pagassem seus empréstimos, o governo simplesmente compensaria os poupadores.25 Na teoria, jamais haveria uma corrida aos Savings and Loans, como a que acontecera com o Bailey Building & Loan, de propriedade familiar, que George Bailey (interpretado por James Stewart) lutava para manter funcionando no clássico de Frank Capra de 1946, A felicidade não se compra. “Você sabe, George”, seu pai lhe diz, “eu acho que, de uma maneira pequena, nós estamos fazendo algo importante. Satisfazendo um anseio fundamental. Está no fundo da raça que um homem quer seu próprio telhado, e paredes e lareira, e nós o estamos ajudando a conseguir essas coisas, no nosso pequeno escritório surrado.” George entende a mensagem, como explica apaixonadamente a Potter, o vilão dono dos bairros miseráveis, depois da morte do seu pai: [Meu pai] nem uma vez pensou em si mesmo... Mas ele ajudou umas poucas pessoas a saírem dos seus bairros miseráveis, sr. Potter. E o que tem de errado nisso? Isso não os torna melhores cidadãos? Não os transforma em melhores fregueses?... O senhor disse... que eles têm que esperar e poupar seu dinheiro, antes que possam sequer pensar em comprar um lar decente. Esperar! Esperar para quê? Até seus filhos crescerem e saírem de casa? Até que eles estejam tão velhos e alquebrados que... O senhor sabe quanto tempo demora para um trabalhador poupar cinco mil dólares? Apenas lembre-se disso, sr. Potter, que essa multidão sobre quem o senhor está falando... eles fazem a maior parte do trabalho e dos pagamentos, e vivem e morrem nesta comunidade. Bem, é demais fazê-los trabalhar e pagar e viver e morrer em uns poucos aposentos decentes e um banheiro? Essa afirmação radical da virtude da posse de uma casa era nova. Mas foi a Federal Housing Administration [Administração Federal da Habitação], a FHA, que realmente fez a diferença para os americanos que queriam comprar suas casas. Ao oferecer um seguro garantido pelo governo federal para os emprestadores das hipotecas, a FHA buscou encorajar grandes empréstimos (até 80% do preço de compra), longos (vinte anos), completamente amortizados e com juros baixos. Isso fez mais do que meramente reviver o mercado de hipotecas, isso o reinventou. Ao padronizar a hipoteca de longo prazo, e criar um sistema nacional de inspeção e avaliação oficial, a FHA lançou as bases para um mercado secundário nacional. Esse mercado surgiu em 1938, quando uma nova Federal National Mortgage Association – apelidada de Fannie Mae – foi autorizada a emitir títulos e a usar a renda para comprar as hipotecas dos Savings and Loans locais; esses ficaram então restritos, por uma regulamentação, tanto geograficamente (eles não podiam emprestar para interessados a mais de 80 quilômetros dos seus escritórios), quanto em relação às taxas que podiam oferecer aos seus depositantes (o chamado Regulation Q [Regulamento Q], que impôs um teto baixo). Como essas mudanças tendiam a reduzir o pagamento mensal médio sobre uma hipoteca, a FHA