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movimentadas pelas bolsas de valores se tornaram possíveis. Na Citadel, Griffin reuniu matemáticos, físicos, engenheiros, analistas de investimento e uma tecnologia avançada de computadores. Alguma coisa do que eles fazem é verdadeiramente o equivalente à ciência de foguetes. Mas os princípios subjacentes são simples. Como todos eles são derivados do valor dos ativos subjacentes, todos os contratos de futuros são formas de “derivativos”. Estreitamente relacionados, embora distintos dos futuros, são os contratos financeiros conhecidos como opções. Em essência, o comprador de uma call option (chamada de opção) tem o direito, mas não a obrigação, de comprar uma quantidade acordada de uma determinada commodity, ou de um ativo financeiro do vendedor (“subscritor”) da opção num tempo especificado (a data de vencimento), por um preço específico (conhecido como strike price). É claro que o comprador de uma chamada call option espera que o preço da commodity, ou do instrumento subjacente suba no futuro. Quando o preço ultrapassa o strike price acordado, a opção está “no dinheiro” – e também o cara esperto que a comprou. Uma put option é exatamente o oposto – opção sobre a entrega de mercadorias em data e por um preço convencionado: o comprador tem o direito, mas não a obrigação, de vender uma quantidade acordada de algo ao vendedor da opção. Um terceiro tipo de derivativo é o swap, que efetivamente é uma aposta entre dois interessados, por exemplo, na trilha futura das taxas de juros. Um swap de taxa de juro permite que os dois interessados, que já estão recebendo pagamentos de juros, literalmente os permutem (swap significa permuta, troca, em inglês), permitindo que alguém receba uma taxa variável de juro para trocá-la por uma taxa fixa de juro, no caso do declínio das taxas de juros. O não pagamento de um crédito swap, contudo, oferece proteção contra o não pagamento de uma companhia de seus títulos. Talvez a forma mais intrigante de derivativo, entretanto, sejam os derivativos do clima, como os títulos de catástrofes naturais, que permitem que as seguradoras e outras companhias compensem os efeitos de temperaturas extremas ou de desastres naturais, vendendo os chamados rabos de risco para os fundos hedge, como o Fermat Capital. Com efeito, o comprador de um “cat bond” – “título gato” – está vendendo seguros; se o desastre especificado no título acontecer, o comprador tem que desembolsar uma soma acordada, ou perde seu principal por confisco. Em compensação, o vendedor paga uma atraente taxa de juros. Em 2006, o total do valor especulativo dos derivativos de risco climático andava por volta de US$ 45 bilhões. Houve um tempo quando a maioria desses derivativos era de instrumentos padronizados, produzidos por bolsas de valores como a Chicago Mercantile, que foi a pioneira dos derivativos de risco climático no mercado. Agora, entretanto, a vasta proporção é de derivativos feitos sob encomenda, vendidos “por cima do balcão” (OTC = “over-the- counter”), frequentemente por bancos que cobram comissões atraentes por seus serviços. De acordo com o Bank for International Settlements, o BIS, o total das somas especulativas pendentes de contratos derivativos OTC – combinados numa base ad hoc entre dois interessados – atingiu a assombrosa soma de US$ 596 trilhões em dezembro de 2007, com um