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TÓPICO 2 | GERAÇÃO DA PRI. MET. DO SÉC. XX: MANNHEIM, PARSONS, ELIAS, GRAMSCI, ESC. FRANKFURT, HABERMAS E ALTHUSSER 99 Considerando a relevância do processo de socialização para o sistema social, Parsons nos mostra, ao elaborar a teoria funcionalista da estratificação social, que a sala de aula é um espaço no qual são moldadas as personalidades no âmbito técnico e motivacional para cumprirem seu papel na sociedade. A sala de aula desenvolve nos indivíduos cometimento à implementação dos valores sociais e ao desempenho de tipos específicos de papéis na estrutura social. Desenvolve também a competência ou as habilidades necessárias aos papéis individuais. Além disso, a sala de aula institucionaliza uma progressiva diferenciação de status em bases não biológicas, ou seja, fundamentada no aproveitamento dos alunos. Em consequência, a sala de aula deve ser considerada como uma agência de alocação de mão de obra (GOMES, 1983, p. 18). Essa visão corresponde à crença na educação como propulsora de uma sociedade democrática baseada na meritocracia e na competência técnica. A realização é o elemento-chave nessa sociedade: o status é conferido pela realização e não por atributos. A sociedade teria uma base justa considerando a seleção dos mais capazes. Os papéis sociais se tornam complexos e as habilidades devem ser desenvolvidas através da educação formal. Dessa forma, “os mais motivados e preparados preencherão as posições mais altas” (GOMES, 1983, p. 18). Nesse sentido, temos a função da socialização, que “pode ser resumida como o desenvolvimento dos comprometimentos e capacidades do indivíduo, que são pré-requisitos fundamentais de seu futuro desempenho de papéis” (PARSONS apud CASTRO; DIAS, 2005, p. 228). Enfatizamos aqui a contribuição de Parsons para uma análise funcionalista da sociedade compreendendo a educação como parte do sistema social responsável pela socialização. Cabe à educação moldar os sujeitos para se adequarem aos padrões sociais (técnicos e morais) no contexto de um processo de seleção social baseado na meritocracia. 2.2 NORBERT ELIAS: CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA PROCESSUAL PARA A EDUCAÇÃO A sociologia de Norbert Elias (1897-1990), conhecida como sociologia processual, nos permite desenvolver um olhar sociológico sobre os processos civilizatórios. Ao analisar o desenvolvimento desse processo, buscou a superação da polaridade entre indivíduo e sociedade presente nas abordagens clássicas. Como Elias analisou a sociedade sem fazer uso da polarização indivíduo e sociedade? Através da compreensão dos aspectos dinâmicos das relações sociais. Dedicou-se ao estudo de temas variados pela perspectiva do conjunto das relações sociais e da interdependência dessas relações. Para realizar tal tarefa ele fez uso de dois conceitos pelos quais ficou conhecido: configuração ou figuração e habitus. Esses conceitos permitiram ao autor demonstrar que há uma determinação social, porém também existem