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“Aliança Cínica”, ajudando a proteger a Europa contra incêndios políticos liberais.33 Em 1821, ele até mesmo recebeu uma ameaça de morte por causa das suas conexões com governos estrangeiros, e particularmente por causa da assistência prestada à Áustria nos planos daquele governo contra as liberdades da Europa.34 O historiador liberal Jules Michelet observou em seu diário em 1842: “M. Rothschild conhece a Europa, príncipe por príncipe, e o mercado de valores, bajulador por bajulador. Ele tem todas as suas contas na cabeça, a dos cortesãos, dos bajuladores e as dos reis; fala com eles sem nem consultar os seus livros. Para um ele diz: ‘Sua conta vai cair no vermelho se indicar tal ministro’”.35 Previsivelmente, o fato de que os Rothschild eram judeus deu um novo ímpeto aos profundamente enraizados preconceitos antissemíticos. Não muito depois de os Rothschild aparecerem na América, o governador do Mississippi estava denunciando o “barão Rothschild” por ter “o sangue de Judas e de Shylock correndo em suas veias, e... por unir as qualidades de ambos os seus compatriotas”. No final do século, um escritor populista, “Coin” [Moeda] Harvey, descreveria o Banco Rothschild como um imenso polvo negro lançando os seus tentáculos em volta do mundo.36 Mas, foi a suposta capacidade dos Rothschild de permitir ou proibir guerras, ao sabor da sua vontade, que pareceu despertar a maior indignação. Já em 1828, o príncipe Pückler- Muskau se referiu aos “Rothschild... sem o qual nenhum poder na Europa atualmente parece capaz de fazer uma guerra”.37 Um analista**** do começo do século XX colocou incisivamente a questão: Alguém seriamente supõe que uma grande guerra possa ser travada por qualquer estado europeu, ou por qualquer grande subscritor de empréstimos estatais, se a casa de Rothschild e suas conexões se colocarem contra ela?38 De fato, poder-se-ia assumir que os Rothschild precisavam de guerras. Fora a guerra, afinal, que gerara o maior negócio de Nathan Rothschild. Sem guerras, os estados do século XIX teriam tido pouca necessidade de emitir títulos. Como vimos, entretanto, as guerras tinham a tendência de atingir o preço dos títulos existentes, ao aumentar o risco de que (como na Veneza do século XVI) o estado devedor não conseguiria honrar seus compromissos financeiros, ou os pagamentos dos juros no caso de derrota ou de perdas de território. Em meados do século XIX, os Rothschild haviam evoluído de comerciantes e negociadores para administradores de fundos, zelando cuidadosamente pelo seu próprio vasto portfolio de títulos governamentais. Naquele momento, tendo ganhado seu dinheiro, eles tinham muito mais a perder do que a ganhar de um conflito. Foi por essa razão que foram consistentemente hostis aos movimentos de unificação nacional na Itália e na Alemanha. E foi por essa razão que olharam com apreensão para a incursão dos Estados Unidos num conflito armado mutuamente destrutivo. Os Rothschild tinham decidido o resultado das Guerras Napoleônicas quando colocaram seu peso financeiro a favor e por trás dos britânicos. Agora eles ajudariam a decidir o resultado da Guerra Civil da América – escolhendo ficar nas linhas laterais.