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entre 1929 e 1933, o pior desastre econômico da história moderna.7 Parece que os bancos dos Estados Unidos perderam significativamente muito mais do que os US$ 225 bilhões que admitiram até agora, como resultado da crise das hipotecas subprime e do aperto do crédito; se isso aconteceu, existe um perigo real de que uma contração muito maior – talvez dez vezes maior – no crédito possa ser necessária, para depreciar os balanços patrimoniais dos bancos na proporção do declínio do seu capital. Se o sombrio sistema bancário dos títulos securitizados e das instituições fora dos balanços patrimoniais for completamente eliminado pela crise, a contração poderá ser ainda mais severa. Isso tem implicações não apenas para os Estados Unidos, mas para o mundo como um todo, já que a produção americana representa, atualmente, mais de um quarto da produção total do mundo, enquanto muitas economias europeias e asiáticas, em particular, ainda são muito dependentes dos Estados Unidos como um mercado para as suas exportações. A Europa já parece destinada a vivenciar uma desaceleração comparável à dos Estados Unidos, especialmente naqueles países (como a Grã-Bretanha e a Espanha) que passaram através de similares bolhas imobiliárias. Ainda permanece incerto como a Ásia poderá navegar durante uma recessão americana. O que é certo é que os esforços do Federal Reserve para mitigar o arrocho do crédito, cortando as taxas de juros e se concentrando na liquidez do sistema bancário americano, colocaram uma severa pressão descendente sobre o valor externo do dólar. A coincidência de um escorregão do dólar e de um continuado crescimento industrial asiático provocou um aumento nos preços das commodities, comparável não meramente com o dos anos 1970, mas com o dos anos 1940. Não é excessivo dizer que, em meados de 2008, testemunhamos os sintomas inflacionários de um mundo em guerra, sem a própria guerra. Qualquer pessoa que puder ler um parágrafo como o precedente sem se sentir muito ansiosa, não sabe o bastante sobre a história financeira. Um propósito deste livro, então, é educar. Afinal de contas, é um fato bem estabelecido que uma proporção substancial do público geral no mundo de fala inglesa é ignorante em finanças. De acordo com um levantamento de 2007, quatro entre dez americanos possuidores de cartão de crédito não pagam o total devido a cada mês do cartão que eles usam com maior frequência, a despeito das altas taxas de juros punitivos, cobrados pelas companhias de cartões de crédito. Quase um terço (29%) disse que não tinha a menor ideia de qual era a taxa de juro do seu cartão. Outros 30% afirmaram que era menos de 10%, quando na realidade a esmagadora maioria das companhias de cartão cobra substancialmente mais de 10%. Mais da metade dos pesquisados disse que “não tinha aprendido muito”, ou “não tinha aprendido nada” sobre assuntos financeiros na escola.8 Um levantamento de 2008 revelou que dois terços dos americanos não compreendiam como funcionava o sistema dos juros compostos.9 Num outro estudo realizado por pesquisadores da Escola de Administração da Universidade de Búfalo, um grupo típico de estudantes secundários veteranos conseguiu responder apenas 52% de um conjunto de perguntas sobre finanças pessoais e economia.10 Somente 14% compreendiam que as ações tendem a gerar um lucro mais elevado em dezoito anos do que um título do governo