Buscar

A ascensao do dinheiro - 2

Prévia do material em texto

bolha e a primeira explosão no mercado de ações. Foi Nathan Rothschild, tanto quanto o
duque de Wellington, quem derrotou Napoleão em Waterloo. Foi a insensatez financeira, um
ciclo autodestrutivo de infrações e de desvalorizações que transformaram a Argentina, sexto
país mais rico do mundo nos anos 1880, no país falido e devastado pela inflação dos anos
1980.
Leiam este livro e compreenderão por que, paradoxalmente, as pessoas que vivem no
país mais seguro do mundo são também as pessoas que mais fazem seguros. Vocês descobrirão
quando e por que os povos de fala inglesa desenvolveram sua peculiar obsessão de comprar e
vender casas. Talvez ainda mais importante, vocês verão como a globalização das finanças
tem, entre muitas outras coisas, obliterado a velha distinção entre mercados desenvolvidos e
emergentes, transformando a China no banqueiro da América – o credor comunista para o
devedor capitalista, uma mudança de significância memorável.
De vez em quando, a ascensão do dinheiro pareceu inexorável. Em 2006, a produção
econômica aferida do mundo inteiro estava por volta de US$ 47 trilhões. A capitalização total
do mercado das bolsas de valores do mundo era de US$ 51 trilhões, 10% maior. O valor total
das ações domésticas e internacionais era de US$ 68 trilhões. A quantidade de derivativos
pendentes era de US$ 473 trilhões, mais de dez vezes maior. O Planeta Finanças está
começando a ananicar o Planeta Terra. E o Planeta Finanças parece girar mais rápido também.
Diariamente, US$ 2 trilhões mudam de mãos em mercados de câmbio de moeda estrangeira. A
cada minuto, de cada hora, de cada dia, de cada semana, alguém, em algum lugar, está
negociando no mercado financeiro. E, durante todo o tempo, novas formas de vida financeira
estão evoluindo. Em 2006, por exemplo, o volume de aquisições alavancadas (controles de
empresas financiados por empréstimos) chegou a US$ 753 bilhões. Uma explosão da
“securitização”, pela qual as dívidas individuais, como hipotecas, são “desmembradas”,
depois “amarradas” e reempacotadas para venda, empurrou a emissão anual de valores
mobiliários garantidos por hipotecas, de valores mobiliários garantidos por ativos e de
obrigações de dívidas colateralizadas para acima de US$ 3 trilhões. O volume de derivativos
– contratos derivados de valores mobiliários, como swaps de taxa de juros (trocas) ou swaps
de inadimplência de crédito (CDS) – cresceu ainda mais rápido, de modo que o valor
especulativo de todos os derivativos “por cima do balcão” (excluindo aqueles negociados em
bolsas de valores) estava um pouco abaixo de US$ 600 trilhões, no final de 2007. Antes dos
anos 1980, essas coisas eram virtualmente desconhecidas. Novas instituições também
proliferaram. O primeiro fundo hedge foi instituído nos anos 1940 e, por volta de 1990, já
havia 610 deles, com US$ 38 bilhões sob sua administração. Agora existem mais de 7 mil,
administrando US$ 1,9 trilhão. As parcerias de patrimônio líquido – private equity – também
se multiplicaram, como também um verdadeiro sistema bancário obscuro de “condutos ou
tubulações” e de “veículos de investimento estruturado” (SIVs), destinado a manter os ativos
de risco fora dos balanços patrimoniais dos bancos. Se os últimos quatro milênios assistiram
à escalada do homem como pensador, parece que agora estamos vivendo uma escalada do

Mais conteúdos dessa disciplina