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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Este livro é público - está autorizada a sua reprodução total ou parcial. HISTÓRIA ENSINO MÉDIO Governo do Estado do Paraná Roberto Requião Secretaria de Estado da Educação Mauricio Requião de Mello e Silva Diretoria Geral Ricardo Fernandes Bezerra Superintendência da Educação Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde Departamento de Ensino Médio Mary Lane Hutner Coordenação do Livro Didático Público Jairo Marçal Depósito legal na Fundação Biblioteca Nacional, conforme Decreto Federal n.1825/1907, de 20 de Dezembro de 1907. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Avenida Água Verde, 2140 - Telefone: (0XX) 41 3340-1500 e-mail: dem@seed.pr.gov.br 80240-900 CURITIBA - PARANÁ Catalogação no Centro de Editoração, Documentação e Informação Técnica da SEED-PR História / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – p.400 ISBN: 85-85380-36-5 1. História. 2. Ensino médio. 3. Ensino de história. 4. Relações de trabalho. 5. Rela- ções de poder. 6. Relações culturais. I. Folhas. II. Material de apoio pedagógico. III. Mate- rial de apoio teórico. IV. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educa- ção. V. Título. CDU 93/99+373.5 2ª. Edição IMPRESSO NO BRASIL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Autores Altair Bonini Edilson Aparecido Chaves Fábio de Oliveira Cardoso Fabio Luciano Iachtechen Juraci Santos Marcelo Fronza Marli Francisco Nádia Maria Guariza Sueli Dias Vanderléia Canha Equipe técnico-pedagógica Edilson Aparecido Chaves Fabio Luciano Iachetechen Juraci Santos Marcelo Fronza Nádia Maria Guariza Vanderléia Canha Assessora do Departamento de Ensino Médio Agnes Cordeiro de Carvalho Coordenadora Administrativa do Livro Didático Público Edna Amancio de Souza Equipe Administrativa Mariema Ribeiro Sueli Tereza Szymanek Técnicos Administrativos Alexandre Oliveira Cristovam Viviane Machado Leitura Crítica Hélio Sochodolak – UNICENTRO Colaboradora Maria José Teixeira Consultor de direitos autorais Alex Sander Hostyn Branchier Revisão Textual Renata de Oliveira Projeto Gráfico e Capa Eder Lima / Ícone Audiovisual Ltda Editoração Eletrônica Ícone Audiovisual Ltda 2007 Carta do Secretário Este Livro Didático Público chega às escolas da rede como resultado do trabalho coletivo de nossos educadores. Foi elaborado para atender à carência histórica de material didático no Ensino Médio, como uma iniciativa sem precedentes de valorização da prática pedagógica e dos saberes da professora e do professor, para criar um livro público, acessível, uma fonte densa e credenciada de acesso ao conhecimento. A motivação dominante dessa experiência democrática teve origem na leitura justa das necessidades e anseios de nossos estudantes. Caminhamos fortalecidos pelo compromisso com a qualidade da educação pública e pelo reconhecimento do direito fundamental de todos os cidadãos de acesso à cultura, à informação e ao conhecimento. Nesta caminhada, aprendemos e ensinamos que o livro didático não é mercadoria e o conhecimento produzido pela humanidade não pode ser apropriado particularmente, mediante exibição de títulos privados, leis de papel mal-escritas, feitas para proteger os vendilhões de um mercado editorial absurdamente concentrado e elitista. Desafiados a abrir uma trilha própria para o estudo e a pesquisa, entregamos a vocês, professores e estudantes do Paraná, este material de ensino-aprendizagem, para suas consultas, reflexões e formação contínua. Comemoramos com vocês esta feliz e acertada realização, propondo, com este Livro Didático Público, a socialização do conhecimento e dos saberes. Apropriem-se deste livro público, transformem e multipliquem as suas leituras. Mauricio Requião de Mello e Silva Secretário de Estado da Educação Aos Estudantes Agir no sentido mais geral do termo significa tomar ini- ciativa, iniciar, imprimir movimento a alguma coisa. Por constituírem um initium, por serem recém-chegados e ini- ciadores, em virtude do fato de terem nascido, os homens tomam iniciativa, são impelidos a agir. (...) O fato de que o homem é capaz de agir significa que se pode esperar de- le o inesperado, que ele é capaz de realizar o infinitamente improvável. E isto, por sua vez, só é possível porque cada homem é singular, de sorte que, a cada nascimento, vem ao mundo algo singularmente novo. Desse alguém que é singular pode-se dizer, com certeza, que antes dele não havia ninguém. Se a ação, como início, corresponde ao fa- to do nascimento, se é a efetivação da condição humana da natalidade, o discurso corresponde ao fato da distinção e é a efetivação da condição humana da pluralidade, isto é, do viver como ser distinto e singular entre iguais. Hannah Arendt A condição humana Este é o seu livro didático público. Ele participará de sua trajetória pelo Ensino Médio e deverá ser um importante recurso para a sua formação. Se fosse apenas um simples livro já seria valioso, pois, os livros re- gistram e perpetuam nossas conquistas, conhecimentos, descobertas, so- nhos. Os livros, documentam as mudanças históricas, são arquivos dos acertos e dos erros, materializam palavras em textos que exprimem, ques- tionam e projetam a própria humanidade. Mas este é um livro didático e isto o caracteriza como um livro de en- sinar e aprender. Pelo menos esta é a idéia mais comum que se tem a res- peito de um livro didático. Porém, este livro é diferente. Ele foi escrito a partir de um conceito inovador de ensinar e de aprender. Com ele, como apoio didático, seu professor e você farão muito mais do que “seguir o li- vro”. Vocês ultrapassarão o livro. Serão convidados a interagir com ele e desafiados a estudar além do que ele traz em suas páginas. Neste livro há uma preocupação em escrever textos que valorizem o conhecimento científico, filosófico e artístico, bem como a dimensão his- tórica das disciplinas de maneira contextualizada, ou seja, numa lingua- gem que aproxime esses saberes da sua realidade. É um livro diferente porque não tem a pretensão de esgotar conteúdos, mas discutir a reali- dade em diferentes perspectivas de análise; não quer apresentar dogmas, mas questionar para compreender. Além disso, os conteúdos abordados são alguns recortes possíveis dos conteúdos mais amplos que estruturam e identificam as disciplinas escolares. O conjunto desses elementos que constituem o processo de escrita deste livro denomina cada um dos tex- tos que o compõem de “Folhas”. Em cada Folhas vocês, estudantes, e seus professores poderão cons- truir, reconstruir e atualizar conhecimentos das disciplinas e, nas veredas das outras disciplinas, entender melhor os conteúdos sobre os quais se debruçam em cada momento do aprendizado. Essa relação entre as dis- ciplinas, que está em aprimoramento, assim como deve ser todo o pro- cesso de conhecimento, mostra que os saberes específicos de cada uma delas se aproximam, e navegam por todas, ainda que com concepções e recortes diferentes. Outro aspecto diferenciador deste livro é a presença, ao longo do tex- to, de atividades que configuram a construção do conhecimento por meio do diálogo e da pesquisa, rompendo com a tradição de separar o espaço de aprendizado do espaço de fixação que, aliás, raramente é um espaço de discussão, pois, estando separado do discurso, desarticula o pensamento. Este livro também é diferente porque seu processo de elaboração e distribuição foi concretizado integralmente na esfera pública: os Folhas que o compõem foram escritos por professores da rede estadual de en- sino, que trabalharam em interação constante com os professores do De- partamento de Ensino Médio, que também escreveram Folhas para o li- vro, e com a consultoria dos professores da rede de ensino superior que acreditaram nesse projeto. Agora o livro está pronto. Você o tem nas mãos e ele é prova do valor e da capacidade de realização de uma política comprometidacom o pú- blico. Use-o com intensidade, participe, procure respostas e arrisque-se a elaborar novas perguntas. A qualidade de sua formação começa aí, na sua sala de aula, no traba- lho coletivo que envolve você, seus colegas e seus professores. Ensino Médio Apresentação ............................................................................10 Unidade Temática I: Trabalho Escravo e trabalho livre Introdução ..................................................................................18 1 – Relações de trabalho: Conceito de trabalho ..............................21 2 – Relações de trabalho: O Mundo do trabalho em diferentes sociedades ..................................................................35 3 – Relações de trabalho: A construção do trabalho assalariado ........52 4 – Relações de trabalho: Transição do trabalho escravo para o trabalho livre: a mão-de-obra no contexto de consolidação do capitalismo na sociedades: brasileira e estadunidense. ........................72 5 – Relações de trabalho: O trabalho na sociedade contemporânea ..........................................................................90 Unidade Temática II: Urbanização e Industrialização Introdução ................................................................................110 6 – Relações culturais: As cidades na História ...............................112 7 – Relações de trabalho: Urbanização e industrialização no Brasil ...130 8 – Relações culturais: Urbanização e industrialização no século XIX ..........................................................................151 9 – Relações culturais: Urbanização e industrialização na sociedade contemporânea .......................................................167 Sumário História 10 – Relações de poder: Urbanização e industrialização no Paraná .....180 11 – Relações de trabalho: O Porto de Paranaguá no contexto da expansão do capitalismo ........................................................200 Unidade Temática III: O Estado e as relações de poder Introdução ................................................................................214 12 – Relações de poder: O Estado nos mundos antigo e medieval ......217 13 – Relações de poder: O Estado e as relações de poder: formação dos Estados nacionais ..................................................234 14 – Relações de poder: Relações de poder e violência no Estado ......252 15 – Relações de poder: O Estado imperialista e sua crise ................274 Unidade Temática IV: Movimentos sociais, políticos e culturais – Relações de dominação e resistência Introdução ................................................................................294 16 – Relações culturais: Relações de dominação e resistência nas sociedades grega e romana na antigüidade: mulheres, plebeus e escravos ......................................................296 17 – Relações culturais: Relações de dominação e resistência na sociedade medieval européia: camponeses, artesãos, mulheres, hereges e doentes .......................................................314 18 – Relações culturais: Relações de dominação e resistência na socie- dade ocidental moderna .............................................................330 19 – Relações de poder: Relações de dominação e resistência no mundo do trabalho nos séculos XVIII e XIX ...................... 354 20 – Relações culturais: Movimentos sociais, políticos e culturais na sociedade contemporânea: é proibido proibir? ................................... 376 10 Apresentação Ensino Médio A p r e s e n t a ç ã o Prezados professores e estudantes, Contam as pesquisas, recentemente feitas com 32.000 estudan- tes em 26 países da Europa Ocidental e Oriental, que os jovens têm grande entusiasmo e interesse em aprender e conhecer a sua histó- ria, de sua gente e do mundo, bem como se sentem fascinados pe- los conteúdos históricos. No entanto, estas mesmas pesquisas indicam que este entusiasmo não se aplica, principalmente, aos manuais didá- ticos que têm sido adotados em suas aulas de História. O que nos per- mite afirmar que: apesar da História ser um conhecimento significati- vo e atraente aos jovens, o saber histórico escolar, isto é, a forma pela qual este conhecimento é apresentado na escola, não tem sido mui- to aprovado pelos alunos. Assim, estas pesquisas colocam a questão real e concreta de que os manuais de História sejam repensados pa- ra se tornarem mais próximos àqueles que são seus verdadeiros des- tinatários: os jovens, neste caso, os alunos das escolas públicas do es- tado do Paraná. Foi assim que um grupo de professores de História, de diferentes regiões do Estado do Paraná, assumiu o desafio proposto pela Secreta- ria de Estado da Educação para que estes professores se tornassem au- tores de livros que seriam utilizados pelos alunos do Ensino Médio, no Paraná. Assim, durante um período, estes profissionais saíram de suas salas de aula para continuar a construir suas aulas de História em ou- tros espaços, tais como nas reuniões com os companheiros, professo- res-historiadores, nas bibliotecas, nos arquivos e na internet. Acreditamos que a História é feita por todos nós, e que este livro que é fruto de sementes plantadas pelo trabalho cotidiano dos profes- sores de História e que acreditam que, acima de tudo, vale a constru- ção da mudança. Este livro foi organizado com o objetivo de colocar a disposição de vocês um material alternativo de qualidade. Para que todos os pro- Todo ser humano tem consciência do passado (definido como o período ime- diatamente anterior aos eventos registrados na memória de um indivíduo) em vir- tude de viver com pessoas mais velhas. Provavelmente todas as sociedades que interessam ao historiador tenham um passado, pois mesmo as colônias mais inova- doras são povoadas por pessoas oriundas de alguma sociedade que já conta com uma longa história. Ser membro de uma comunidade humana é situar-se em rela- ção ao seu passado (ou da comunidade), ainda que apenas para rejeitá-lo. O pas- sado é, portanto, uma dimensão permanente da consciência humana, um compo- nente inevitável das instituições, valores e outros padrões da sociedade humana. O problema para os historiadores é analisar a natureza desse “sentido do passado” na sociedade e localizar suas mudanças e transformações. Eric Hobsbawm. Sobre História. HOBSBAWM, Eric. Sobre história. Tradução Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (p.22) < <