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Arquitetura Inca e Sociedade

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41O	Mundo	do	Trabalho	em	Diferentes	Sociedades
História
A arquitetura é também um dos aspectos sur-
preendentes da cultura Inca. Possuía simplicidade 
e imponência em suas portas ornamentais em for-
ma de trapézio. A cidade de Machu Pichu é que 
melhor documenta a concepção arquitetônica e ur-
banística dos Incas. Existem várias hipóteses para 
explicar o significado da construção desta cidade 
perdida, até a década de 1940, nos Andes peruano. 
Mas, pouca coisa se sabe sobre os motivos que le-
varam os Incas a transportar, com árduo trabalho, 
pedras e água para construir uma cidade atualmen-
te muito visitada, cujas eternas testemunhas foram 
antes apenas o sol, as estrelas e o vento.
Cidade de Machu Picchu. In: 
BOND, Rosana. A civilização Inca. 
São Paulo: Ática, 2003, p. 39. 
n
Procure assistir ao documentário sobre a cidade de Machu Picchu. Relate sobre os contextos só-
cio-históricos que determinaram as transformações e permanências em relação aos respectivos modos 
de vidas dos Incas pré-colombianos e de seus descendentes nos séculos XX e XXI. 
 ATIVIDADE
 Em livros de História da Arte, de História, na Internet e em revistas como National Geografic, so-
bre a arte dos Maias, Incas e Astecas. Procure perceber em que se aproximam e em que se distanciam 
quanto à forma, à temática, aos materiais e à função. Apresente suas conclusões para a classe.
 PESQUISA
Documentário em vídeo: 
Machu Picchu: na trilha dos Incas, 1990, Coordenação de Silvio Martins. 
O documentário relata uma viagem pelas antigas cidades incas. 
Sugestão de leitura
Livros: 
MILLARD, Ane. O mais belo livro das Pirâmides. São Paulo: Melhoramentos, 1999.
PORTELA, Fernado; MINDLIN, Betty. Viagem pela Geografia. A questão do índio. São Paulo: Ática, 1991.
Revistas:
AZEVEDO, Cristina. O Egito muito além das Pirâmides. Geográfica universal. Rio de Janeiro: Blo-
ch Editores. n. 274, p. 4-19, nov. 1997. 
CANTO, Rachel; SCHLEIFER, Steve. Nos Pueblos da Guatemala. Geográfica Universal. Rio de 
Janeiro: Bloch Editores. n. 274, p. 60-71, nov. 1997.
Documento 3
42 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
	 O	mundo	do	trabalho	nas	sociedades	da	
antigüidade	clássica:	Grécia	e	Roma
Algumas das civilizações da antigüidade baseavam-se em sistemas 
escravistas, apesar da existência de outras formas de trabalho. Em ca-
da sociedade essa relação de trabalho foi instituída visando a objetivos 
e a justificativas diferenciadas. 
	 Grécia	antiga
Para os gregos dos séculos VI a IV a.C., a condição de escravo es-
tava ligada à concepção de política que a sua sociedade desenvolveu, 
principalmente em Atenas.
Na Grécia, o cidadão, para participar ativamente das discussões dos 
problemas da pólis (cidades-estado), bem como se dedicar à elabora-
ção de leis e aos cargos públicos, necessitava do ócio - tempo livre - 
para exercer essas funções. Leia o texto do filósofo Will Durant (1885-
1981) e analise a visão dele em relação ao trabalho. 
Texto 4
Aristóteles o olhava com desprezo do alto da filosofia, como próprio de homens sem inteligência, co-
mo indicado apenas para escravos e como apenas preparador de homens para a escravidão. O traba-
lho manual, acreditava ele, entorpece e deteriora a mente, não deixando tempo nem energia para a in-
teligência, para a política.
(Adaptado de DURANT, 2001. p. 80)
Apesar da sociedade grega ser voltada para as cidades e à vida ur-
bana, a agricultura constituía-se na principal atividade econômica, ou 
seja, eram livres os camponeses que retiravam da terra seus próprios 
meios de subsistência. Por isso, possuir terra tinha grande importân-
cia para esta sociedade. Na maioria das cidades gregas dos séculos VI 
e V a.C., só os cidadãos podiam ser proprietários. No entanto, em suas 
poucas faixas de terras férteis, os homens gregos tentavam subtrair do 
solo fraco: frutas, leguminosas, trigo, cevada e, em maior escala, azei-
te de oliva e vinho. A escassez de terras facilitou a formação de núcle-
os urbanos independentes.
Mas, para manter a estrutura das cidades, conseguir tempo livre pa-
ra dedicar-se a sua administração e produzir riqueza, foi necessário 
que generalizasse o trabalho escravo. Portanto, o escravismo tornou-
se o modo de exploração econômico que sustentava a cidade e o cam-
po e que proporcionava privilégios às elites gregas.
A escravidão na antigüidade originou-se, principalmente, da guer-
ra ou das dívidas, sendo esta última forma abolida na Grécia por vol-
Periodização histórica 
da Grécia antiga:
 Pré-Homérico
 (séculos XX – XII a.C.);
 Homérico
 (séculos XII – VIII a.C.);
 Arcaico
 ( séculos VIII – VI a.C.);
 Clássico
 ( séculos V – IV a.C.). 
43O	Mundo	do	Trabalho	em	Diferentes	Sociedades
História
Texto 5
Para um escravo tornar-se adulto não implicava um salto qualitativo ou uma preparação gradual, co-
mo acontecia com os filhos dos cidadãos livres. Se o adjetivo andrápodon, homem-pré, usado para de-
signar o escravo, tendia a identificá-lo com a condição dos quadrúpledes, tetrapoda, o termo pais (rela-
tivo a criança), pelo qual era freqüentemente chamado, realçava a sua eterna condição de menoridade. 
Como diz Aristófones nas Vespas ‘é justo chamar pais a quem apanha pancada, mesmo que seja ve-
lho’. Em Atenas, só se podia aplicar castigos físicos a escravos e a crianças, não a adultos livres. Talvez 
só os escravos pedagogos, que acompanhavam os filhos do senhor à casa do mestre, é que podiam 
aprender indiretamente a ler e a escrever, assistindo às lições. Mas, por princípio, a única instrução que 
um escravo podia receber estava associada ao tipo de trabalho que desempenhava na casa do patrão, 
numa gama que ia dos menos duros serviços domésticos ao trabalho duríssimo nas minas, reservado 
exclusivamente aos escravos e em que também se utilizavam crianças, não só nas minas da Núbia, de 
que nos fala Diodoro Sículo, mas também, nas minas atenienses do Láurio.
(CAMBIANO apud BORGEAUD et al., 1994, p. 79)
Analise os textos 4 e 5 e construa sua narrativa histórica sobre como era a condição da escra-
vidão grega.
 ATIVIDADE
ta do século V a.C. A grande maioria dos escravos destinava-se ao tra-
balho agrário, no entanto, realizavam todo o tipo de trabalho, seja nas 
minas, nas oficinas, nas residências e para o Estado. 
Mas o que era ser escravo na Grécia Clássica?
Ser escravo nas pólis significava não poder participar da vida políti-
ca, ser excluído de parte das festas religiosas, ser desprovido de direi-
tos e da educação para jovens cidadãos. 
Assim, o que restava ao escravo?
	 Roma	Antiga
Assim como na Grécia, em Roma a escravidão foi praticada por 
vários séculos. Na Península Itálica, no final do século III a.C., havia 
grandes massas de escravos, mas foi a partir do século I a.C. que ge-
neralizou-se a escravidão.
A escravidão provinha principalmente dos prisioneiros de guerras, 
resultado das conquistas realizadas por Roma a partir de meados do 
século III a.C., como as Guerra Púnicas (Roma contra Cartago).
Os romanos diferenciavam os escravos de acordo com o traba-
lho que realizavam. Os escravos destinados ao trabalho no campo in-
44 Relações	de	trabalho
Aristóteles (384-322 a.C.), juntamente com Platão, é o filósofo mais in-
fluente da tradição filosófica ocidental. Aristóteles nasceu em Estagira, na 
Macedônia, filho de Nicômaco, médico da corte do rei Macedônio Amin-
tas II. Aos 17 anos entrou para a Academia, em Atenas, onde permane-
ceu até a morte de Platão, quando na Academia se voltou para os estudos 
matemáticos e especulativos. Entre as principais obras de interesse filo-
sófico estão: obras da lógica (que constituem o Órganon): Categorias; 
Da interpretação; Primeiros analíticos; Segundos analíticos; Tó-
picos; Refutações sofísticas; e obras sobre ética: Ética a Nicôma-
co; Ética a Eudemo; Magna moralia; Política; Retórica e Poética. 
(BLACKBURN, 1997, P.94-95)
Fonte: roman.mainer.de/elysion/
aristoteles.jpeg
n
tegravam à família rústica, pesava sobre eles severa disciplina, sub-
metidos às ordens do vilicus (feitor, arrendatário).No ano 160 a.C., 
Marcus Porcius Cato, também chamado de Catão, o Velho (243-143 
a.C.), recomendava que sobrecarregasse os escravos com os ser-
viços, sem importar-se com o tempo ou dias de feriado, pois a 
produção agrícola constituía-se na base econômica da socieda-
de romana. 
Nas cidades romanas, os escravos pertencentes aos ri-
cos senadores ou plebeus faziam parte da “família urba-
na”, dependendo diretamente dos seus senhores ou de 
outros escravos. Esses escravos desempenhavam serviços 
domésticos e profissionais, como: arquitetos, músicos e 
gramáticos. Os escravos também desenvolviam serviços 
como: nas pedreiras, fábricas de tijolos e nos moinhos.
Sendo assim, os romanos distinguiam os escravos en-
tre especializados em determinados ofícios e os escravos 
de serviços mais penosos.
Merecem destaque alguns aspectos do direito ro-
mano, em relação à condição dos escravos. Estes não 
tinham direito de contrair matrimônio legítimo, a união 
entre escravo e escrava era o contubernium, ou seja, 
não reconhecida legalmente. Os filhos de escravos per-
tenciam ao senhor. Portanto, os escravos eram vistos co-
mo “coisa”, ou um instrumento – instrumentum vocale, 
um grau acima do gado, considerados instrumentum se-
mi-vocale –, isto é, propriedades de um senhor. 
O escravo romano podia adquirir sua liberdade pela 
concessão de seu dono, vontade do príncipe ou pelo bene-
fício da lei, como no caso da venda de um escravo com a 
cláusula de ser manumitido (liberto) em determinado pra-
zo, quando vencido esse prazo, o escravo estava livre.
Ensino	Médio
www.sxc.hun
45O	Mundo	do	Trabalho	em	Diferentes	Sociedades
História
	 Filosofia	e	escravidão
Por volta dos séculos VI e V a.C., a filosofia teve início na Grécia. 
Esta dimensão do conhecimento humano possui grande importância 
para a sociedade contemporânea, pois tem contribuído na discussão 
de temas relacionados à política, à ética, à moral, à liberdade e outros. 
O conhecimento da filosofia só foi possível para os cidadãos gregos 
porque possuíram tempo reservado para dedicarem-se a reflexão, a ci-
dadania e ao governo. Enquanto os escravos realizavam atividades não 
reflexivas, de transformação da natureza, consideradas inferiores pela 
sociedade grega. Portanto, a diferença social entre os homens era con-
siderada “natural”, não havia, para os gregos, contradição entre a divi-
são do trabalho manual e intelectual, sendo assim, o comando de uma 
parte e a obediência de outra. 
Na época de Aristóteles (século IV a.C.), discutia-se que havia ho-
mens feitos para liberdade e outros para a escravidão, isto significava 
que, todo aquele que não tinha nada de melhor para oferecer do que 
o uso de seu corpo e a força física, estavam condenados à escravidão 
por natureza. 
Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.). Estadista romano e vigoroso divulgador 
do estoicismo. Seus principais escritos éticos são as Epistolae morales (Cartas 
morais), uma das primeiras explorações literárias da forma epistolar. Teve uma 
carreira turbulenta, que incluiu sua expulsão para a Córsega por adultério com Júlia 
Lívia, sobrinha do imperador Cláudio. Seu suicídio forçado constituiu um modelo 
influente de estoicismo na prática.” (BLACKBURN, 1997, P.355)
FONTE: http://www.stoics.
com/why_stoics.html
n
Leia os documentos que contém fragmentos produzidos pelos filósofos Aristóteles (Grécia) e Sêne-
ca (4 a.C.- 65 d.C.) (Roma) e analise como eles pensavam sobre a escravidão.
 ATIVIDADES
Documento 4
Os instrumentos podem ser animados ou inanimados, por exemplo: o timão do piloto é inanimado, 
o vigia é animado (pois o subordinado faz às vezes de instrumento nas artes). Assim também os bens 
que se possui são um instrumento para a vida, a propriedade, em geral, uma multidão de instrumentos, 
o escravo um bem animado e algo assim como o instrumento prévio aos outros instrumentos. Se to-
dos os instrumentos pudessem cumprir seu dever obedecendo às ordens de outro ou antecipando-se 
46 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
Documento 5
É louvável mandar em seus escravos com moderação. Mesmo no que diz respeito às nossas pos-
ses humanas, cumpre perguntar-se constantemente, não apenas tudo aquilo que podemos fazê-los 
sofrer sem sermos punidos, mas também o que permite a natureza da eqüidade e de bem, a qual or-
dena poupar mesmo os cativos e aqueles que se compra com dinheiro. Quando se trata de homens li-
vres de nascença, honrados, é mais justo tratá-los não como material humano, mas como pessoas que 
estão sob tua autoridade e que te foram confiadas, não como escravos, mas como pupilos. Aos escra-
vos, é permitido refugiarem-se junto a uma estátua. Embora tudo seja permitido para com um escravo, 
existem coisas que não podem ser autorizadas em nome do direito comum dos seres animados. Quem 
podia ter para com Védio Pólio um ódio maior que seus escravos? Ele engordava moréias com sangue 
humano e mandava jogar quem o ofendia num lugar que não era senão um viveiro de serpentes. 
(SÊNECA apud PINSKY, 2000, p.12).
a) Depois de analisar os documentos 4 e 5 sobre como os filósofos pensavam a escravidão, indique 
as permanências e as mudanças em relação aos respectivos contextos sócio-históricos da produ-
ção dos mesmos.
b) Faça um quadro comparativo, caracterizando o trabalho para os gregos e romanos. Depois discuta 
em equipe e apresente para a classe suas conclusões.
c) Depois da apresentação deste quadro comparativo, construa uma narrativa histórica levando em 
conta as especificidades das relações de trabalho na Grécia e em Roma. 
 ATIVIDADE
a elas, como contam das estátuas de Décalo ou dos tridentes de Hefesto, dos que diz o poeta que en-
travam por si só na assembléia dos deuses, se as lançadeiras tecessem sós e os plectos tocassem sozi-
nhos a cítara, os maestros não necessitariam de ajuda, nem de escravos os amos.
O que é chamado habitualmente de instrumento, o é de produção, enquanto que os bens são instru-
mentos de ação; a lançadeira produz algo à parte de seu funcionamento, enquanto que a roupa ou o lei-
to produzem apenas seu uso. Além disso, como a produção e a ação diferem essencialmente e ambas 
necessitam de instrumentos, estes apresentam necessariamente as mesmas diferenças. A vida é ação, 
não produção, e por isso o escravo é um subordinado para a ação. Do termo propriedade pode-se falar 
no mesmo sentido que se fala de parte: a parte não somente é parte de outra coisa, senão que perten-
ce totalmente a esta, assim como a propriedade. Por isso o amo não é do escravo outra coisa que amo, 
porém não lhe pertence, enquanto que o escravo não só é escravo do amo, como lhe pertence por com-
pleto. Daqui deduz-se claramente qual é a natureza e a função do escravo: aquele que, por natureza, não 
pertence a si mesmo, senão a outro, sendo homem, esse é naturalmente escravo; é coisa de outro, aque-
le homem que, a despeito da sua condição de homem, é uma propriedade e uma propriedade sendo, de 
outra, apenas instrumento de ação, bem distinta do proprietário. 
(Adaptado de ARISTÓTELES apud PINSKY, 2000, p.14).
47O	Mundo	do	Trabalho	em	Diferentes	Sociedades
História
	 O	mundo	do	trabalho	na	sociedade	feudal
Na Europa Ocidental, durante o feudalismo (séculos 
IX – XII), o setor predominante da economia era a produ-
ção agrícola. As classes governantes eram constituídas pe-
lo clero e nobreza, que controlavam as terras, a produção 
e o poder político. A Igreja Católica detinha o monopó-
lio espiritual, enquanto a nobreza encarregava-se da pro-
teção militar. Mas quem realizava o trabalho na sociedade 
feudal para manter estas classes?
Havia os artesãos que andavam de uma região para 
outra, produzindo o artesanato, em troca de casa, comida 
e algumas moedas, pois quase todo senhorio possuía sua 
produção de artesanato.
A imagem presente no documento 6 é um calendário 
que representa os camponeses que trabalhavam extrain-
do da terra o sustento para viver, ainda que, de forma miserável. Cerca 
de dois ou três dias por semana, exerciam seus serviçosnas terras do 
senhor, sem serem pagos pelo trabalho, sendo uma obrigação feudal a 
corvéia. Os camponeses estavam obrigados a realizar o cultivo primei-
ramente nos campos do senhor, depois cuidavam dos seus. Entrega-
vam parte do que produziam ao senhor do manso, a talha. Pagava tam-
bém as banalidades para utilizar o moinho, o forno e o lagar.
Lagar: Espécie de tanque 
onde se espremem e se re-
duzem a líquido certos frutos, 
especialmente as uvas.
(Dicionário Aurélio Bási-
co da Língua Portuguesa, 
1994-1995, p. 383)
Observe a imagem do documento e descreva o trabalho realizado pelos servos. Procure relacioná-
lo com a economia feudal.
 ATIVIDADE
O camponês servil era um escravo?
O escravo podia ser comprado ou vendido em qualquer tempo, co-
mo ocorreu na antigüidade e na África da época moderna. O servo ti-
nha o status legal de homem livre, embora os senhores procurassem 
mantê-los presos às suas terras por meio de obrigações feudais. Por-
tanto, os servos não eram escravos, nem trabalhadores livres.
A servidão era uma relação de trabalho no qual uma pessoa (servo) 
devia obrigações a outra (senhor). Estas obrigações geralmente eram 
pagas em forma de tributos, em troca de um pedaço de terra para pro-
duzir, de proteção e de segurança militar fornecidas por seus senho-
res feudais. Como os escravos, os servos deviam obediência e lealda-
de ao seu senhor.
Mas o que caracterizava um servo?
Calendário camponês, miniatura de um manuscrito fran-
cês do século XV. Você pode observar as diversas tare-
fas dos servos realizadas ao longo do ano. São algumas 
delas: plantar e colher, fabricar vinhos. FONTE: Muy his-
toria, n. 1, p. 7, set.-out. 2005.
n
Documento 6
48 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
Texto 6
Por mais pesadas que estas obrigações pudessem parecer, num certo sentido, eram a antítese da 
escravatura, pois supunham a existência de um verdadeiro patrimônio nas mãos do devedor. Na sua 
qualidade de foreiro, o servo tinha os mesmos direitos que qualquer outro, a sua posse já não era pre-
cária e o seu trabalho, uma vez satisfeitos os tributos e os serviços, só a ele pertencia. 
(Adaptado de BLOCH, 1987 p. 273-279).
Texto 7
Havia os ‘servos dos domínios’, que viviam permanentemente ligados à casa do senhor e trabalhavam 
em seus campos durante todo o tempo, não apenas por dois ou três dias na semana. Havia camponeses 
muito pobres, chamados ‘fronteiriços’, que mantinham pequenos arrendamentos de um hectare, mais ou 
menos, à orla da aldeia, e os ‘aldeães’, que nem mesmo possuíam um pequeno arrendamento, mas ape-
nas uma cabana, e deviam trabalhar para o senhor como braços contratados, em troca de comida.
Havia os ‘vilãos’ que, ao que parece, eram servos com maiores privilégios pessoais e econômicos. 
Distanciavam-se muito dos servos na estrada que conduz à liberdade, gozavam de maiores privilégios e 
menores deveres para com o senhor. Uma diferença importante, também, está no fato de que os deve-
res que realmente assumiam eram mais preciosos que os dos servos. Isso constituía grande vantagem, 
porque, então, os vilãos sabiam qual a sua exata situação. Alguns vilãos estavam dispensados dos ‘dias 
de dádiva’ e realizavam apenas as tarefas normais de cultivo. Outros simplesmente não desempenha-
vam qualquer tarefa, mas pagavam ao senhor uma parcela de sua produção. Ainda outros não trabalha-
vam, mas faziam seu pagamento em dinheiro. Alguns vilãos eram quase tão abastados como homens 
livres, e podiam alugar parte da propriedade do senhor, além de seus próprios arrendamentos. Assim, 
havia alguns cidadãos que eram proprietários independentes e nunca se viram obrigados às tarefas do 
cultivo, mas pura e simplesmente pagavam uma taxa a seu senhorio. 
(Adaptado de HUBERMAN, 1986, P. 7)
E o escravo, desapareceu do cenário feudal?
A escravidão reduziu, na Europa ocidental, à medida que aumen-
tava a servidão. Na Inglaterra do século XII, os escravos realizavam 
trabalhos domésticos, na França, ao norte do Loire, quase não ti-
nham importância numérica. Então, os escravos não desapareceram 
na época feudal; gregos e muçulmanos capturados por mercadores, 
ao longo da costa do mar Negro, Ásia ocidental, África do Norte, fo-
ram vendidos e utilizados no trabalho do campo, doméstico seja co-
mo eunucos, concubinas ou prostitutas. A escravidão adquiriu certa 
importância na Itália, devido a proximidade com os países muçulma-
nos, o que possibilitou o comércio de escravos da região do mediter-
râneo e da África continental.
Entretanto, predominava na sociedade feudal três ordens definidas: 
clero, nobreza e servos. Esses grupos sociais deveriam conviver em 
harmonia, cada um desempenhava funções determinadas. 
O servo não podia entrar para ordens religiosas, não podia denun-
ciar homens livres na justiça, nem dispor livremente de seus bens, não 
participava do exército (defesa), nem podia deslocar-se livremente. 
Havia, entretanto, diferenças nas condições de servo?
História
Pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, 
no deserto de Gizé (século XXVII – XXVI a.C.
n
Ruínas do Coliseu. Iniciado no reinado de Vespasiano 
e terminado em 82 d.C. pelo imperador Domiciano. O 
grande anfiteatro tinha capacidade para 40 mil pesso-
as sentadas e mais 5 mil em pé.
n
Documento 7
O domínio da fé é uno, mas há um triplo estatuto na Or-
dem. A lei humana impõe duas condições: o nobre e o servo 
não estão submetidos ao mesmo regime. Os guerreiros são 
protetores das igrejas. Eles defendem os poderosos e os fra-
cos, protegem todo mundo, inclusive a si próprios. Os ser-
vos por sua vez têm outra condição. Esta raça de infelizes não 
tem nada sem sofrimento. Quem poderia reconstituir o esfor-
ço dos servos, o curso de sua vida e seus inumeráveis traba-
lhos? Fornecer a todos alimento e vestimenta: eis a função de 
servo. Nenhum homem livre pode viver sem eles. Quando um 
trabalho se apresenta e é preciso encher a despensa, o rei e 
os bispos parecem se colocar sob a dependência de seus 
servos. O Senhor é alimentado pelo servo que ele diz alimen-
tar. Não há fim ao lamento e às lágrimas dos servos. A casa 
de Deus que parece una é, portanto, tripla: uns rezam, outros 
combatem e outros trabalham. Todos os três formam um con-
junto e não se separam: a obra de um permite o trabalho dos 
outros dois e cada qual por sua vez presta seu apoio aos ou-
tros. 
(ADALBERON apud FRANCO JUNIOR, 1985, p. 34)
O bispo Adalberon de Laon ( –1031/1031 ), do século 
XI, relata que:
49O	Mundo	do	Trabalho	em	Diferentes	Sociedades
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w.
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c.
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Castelo medieval. n
Documento 10.
Documento 9
Documento 8
ww
w.
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ad
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om
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50 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
 Utilizando-se dos textos 6 e 7, você irá construir um quadro destacando as diferenças entre as ca-
tegorias de servos feudais. Depois construa uma narrativa histórica sobre as relações de trabalho 
medievais.
 Caracterize e compare o trabalho nas sociedades escravista e feudal. Analise como as relações de 
trabalho nestas sociedades fundamentam diferenças sócio-econômicas. 
 Em diferentes sociedades, os seres humanos construíram monumentos de magnífica arquitetura, 
que ainda hoje encantam pessoas do mundo inteiro. Destacam-se, entre estes, as construções das 
Pirâmides egípcias, o Coliseu de Roma e também os Castelos Medievais. Observe as imagens re-
presentadas nos documentos 8, 9 e 10. Depois produza uma narrativa histórica destacando como 
foi possível a construção destes monumentos, considerando a tecnologia dos períodos expressos, 
bem como o trabalho empregado na construção destes monumentos.
 ATIVIDADE
	 Referências	Bibliográficas
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p.94-
355.
BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1987
BOBBIO, Norberto e outros. Dicionário de política. Brasília: Universidade de Brasília. 1986, p. 
1237. 
BOND, Rosana. A civilização Inca. São Paulo: Ática, 2003, p. 39.
CAMBIANO, Giusseppe. Tornar-se Homem. IN: BORGEAUD, F. et al.O homem grego. Lisboa: Presença, 
1994. Dir. de Jean-Pierre Vernant, p. 79.
CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito Antigo. São Paulo: Brasiliense, 1982. 
______. América pré-colombiana. São Paulo: Brasiliense, 1986. 
DURANT, Will. A Idade da fé. V.3. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1957. (Col. História da 
Civilização).
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, out. 94 a fev.95, p. 383. 
FRANCO JUNIOR, Hilário. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1985. 
Sugestão de leitura
MacDONALD, Fiona. Co-
mo seria sua vida na 
Idade Média? São Pau-
lo: Scipione, 1996.
Dê sua opinião sobre o relato do bispo Adalberon de Laon presen-
te no documento 7, em relação à harmonia das três ordens: clero, no-
breza e servo. Escreva sua argumentação e debata com a sala.
 DEBATE

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