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Boa (ou boas), em próclise, transforma a vogal o em semivogal, que chega, na língua popular, a desaparecer: “Outros suas terras em boa paz regeram Armando-as com boas leis, e bons preceitos.” [AF.1] “bas noite nhozinho.” [L. Cardoso] 14 b) o desaparecimento da vogal da primeira sílaba de um dissílabo; para > pra: Isto é pra mim. c) o desaparecimento da sílaba final de um dissílabo: 1) santo > são (diante dos nomes começados por consoante): São Paulo, São Pedro; 2) cento > cem: cem páginas; 3) grande > grã, grão: grã-Bretanha, grão-vizir; 4) tanto > tão: tão grande; 5) quanto > quão: quão belo d) outras reduções como senhor > seu: seu João. Palavras que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica Palavras que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica – Silabada é o erro de prosódia que consiste na deslocação do acento tônico de uma palavra. Ignorar qual é a sílaba tônica de uma palavra, diz Gonçalves Viana, é ficar na impossibilidade de proferi-la. Numerosas palavras existem que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica. São oxítonas: aloés, cateter, Cister, harém, Gibraltar, Gulbenkian, masseter, faz-se mister (= necessário), Nobel, novel, recém, refém, ruim, sutil, ureter. São paroxítonas: acórdão, âmbar, ambrosia, avaro, aziago, barbaria, cânon, caracteres, cartomancia, ciclope, edito (lei, decreto), Epifania 15, exegese, filantropo, fluido (ui ditongo), fortuito (ui ditongo), gratuito (ui ditongo), ibero, impio (cruel), inaudito, látex, maquinaria, misantropo, necropsia, Normandia, onagro (tb. ônagro), oximoro (tb. oximóron), Pandora, Pólux, pudico, quiromancia, simulacro. São proparoxítonas (incluindo-se os vocábulos terminados por ditongo crescente): aeródromo, aerólito, álcali, álcool, alcoólatra, alibi (lat.), alvíssaras, âmago, amálgama, ambrósia, anátema, andrógino, antídoto, arquétipo, autóctone, barbárie, boêmia, brâmane, cáfila, condômino, crisântemo, década, díptero, écloga, édito (ordem judicial), Éfeso, êmbolo, epíteto, épsilon, escâncaras (às), êxodo, fac-símile, fíbula, idólatra, ímpio (sem fé), ímprobo, ínclito, iníquo, ínterim, máxime ou maxime (lat.), ômega, Pégaso, Péricles, Ésquilo, périplo, plêiade (-a), protótipo, Tâmisa, trânsfuga, vândalo. Palavras que admitem dupla prosódia Palavras que admitem dupla prosódia acróbata ou acrobata; alópata ou alopata; ambrósia ou ambrosia; crisântemo ou crisantemo; hieróglifo ou hieroglifo; nefelíbata ou nefelibata; Oceânia ou Oceania; ortoépia ou ortoepia; projétil ou projetil; réptil ou reptil; reseda (ê) ou resedá; sóror ou soror; homília ou homilia; geodésia ou geodesia; zângão ou zangão. D) Ortografia Alfabeto I – Alfabeto 1) O alfabeto português consta fundamentalmente de vinte e seis letras: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z. K, W, Y II – K, W, Y 2) Empregam-se em abreviaturas e símbolos, bem como em palavras estrangeiras de uso internacional: K = potássio; Kr = criptônio; kg = quilograma; km = quilômetro; kw = quilowatt; kwh = quilowatt-hora; W = oeste ou wolfrâmio (tungstênio); w = watt; ws = watt- segundo; Y = ítrio; yd = jarda (yard, inglês), etc. 3) Os derivados portugueses de nomes próprios estrangeiros devem escrever-se de acordo com as formas primitivas: frankliniano, kantismo, darwinismo, wagneriano, zwinglianista, byroniano, taylorista, etc. 4) O k é substituído por qu antes de e e i e por c antes de outra qualquer letra: breque, caqui, faquir, níquel, caulim, etc. 5) O w substitui-se, em palavras portuguesas ou aportuguesadas, por u ou v, conforme o seu valor fonético: sanduíche, talvegue, visigodo, etc. 6) O k é uma consoante, tal como o c antes de a, o, u e o dígrafo qu de quero. O w é uma vogal ou semivogal pronunciado como /u/ em palavras de origem inglesa: watt-hora, whisky, waffle, Wallace, show. E é consoante como o nosso /v/ em palavras de origem alemã: Walter, Wagner, wagneriano. No nome do célebre naturalista inglês Darwin soa como /v/, pronúncia mais geral, ou como /u/. O y é um som vocálico pronunciado como /i/ com função de vogal ou semivogal: yacht (= certo tipo de embarcação), yard (= jarda), yaki-mono (= cerâmica japonesa), yen (= unidade monetária, e moeda, do Japão), yenita (= certo mineral). H III – H 7) Esta letra não é propriamente consoante, mas um símbolo que, em razão da etimologia e da tradição escrita do nosso idioma, se conserva no princípio de várias palavras no fim de algumas interjeições: haver, hélice, hidrogênio, hóstia, humildade; hã!, hem?, puh!, ah!, ih!, oh!, etc. Observação: Não se escreve com h final a interjeição de chamamento ou apelo ó: Ó José, vem aqui!; Ó Laura, pare com isso! 8) No interior do vocábulo, só se emprega em dois casos: quando faz parte do ch, do lh e do nh, que representam fonemas palatais, e nos compostos em que o segundo elemento, com h inicial etimológico, se une ao primeiro por meio do hífen: chave, malho, rebanho, anti- higiênico, contra-haste, pré-histórico, sobre-humano, etc. Observações: a) Nos compostos sem hífen, elimina-se o h do segundo elemento: anarmônico, coabitar, coonestar, desarmonia, exausto, inabilitar, lobisomem, reaver, etc. b) Nos casos em que não houver perda do som da vogal final do 1.º elemento, e o elemento seguinte começar com h, serão usadas as duas formas gráficas: bi-hebdomadário e biebdomadário; carbo-hidrato e carboidrato; zoo-hematina e zooematina; geo-história e geoistória. Já quando houver perda do som da vogal final do 1.º elemento, consideraremos que a grafia consagrada deve ser mantida: cloridrato, cloridria, clorídrico, quinidrona, sulfidrila, xilarmônica, xilarmônico . Devem ficar como estão as palavras que já são de uso consagrado, como reidratar, reumanizar, reabituar, reabitar, reabilitar e reaver. 9) No futuro do indicativo e no condicional, não se usa o h no último elemento, quando há pronome intercalado: amá-lo-ei, dir-se-ia, etc. 10) Quando a etimologia o não justifica, não se emprega: arpejo (substantivo), ombro, ontem, etc. E mesmo que o justifique, não se escreve no fim de substantivos nem no começo de alguns vocábulos que o uso consagrou sem este símbolo, andorinha, erva, felá, inverno, etc. 11) Não se escreve h depois de c (salvo o disposto no n.º 8) nem depois de p, r e t: o ph é substituído por f, o ch (gutural) por qu antes de e ou i e por c antes de outra qualquer letra: corografia, cristão; querubim, química; farmácia, fósforo; retórica, ruibarbo; teatro, turíbulo, etc. Consoantes mudas IV – Consoantes mudas 12) Não se escrevem as consoantes que se não proferem: asma, assinatura, ciência, diretor, ginásio, inibir, inovação, ofício, e não asthma, assignatura, sciencia, director, gymnasio, inhibir, innovação, officio. E conservam-se as consoantes nos casos em que são invariavelmente proferidas nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, ficção; adepto, apto, etc. Observação: Escreve-se, porém, o s em palavras como descer, florescer, nascer, etc., e o x em vocábulos como exceto, excerto, etc., apesar de nem sempre se pronunciarem essas consoantes. 13) Em sendo mudo o p no grupo mpc ou mpt, escreve-se nc ou nt: assuncionista, assunto, presunção, prontificar, etc. 14) Em vocábulos cujas consoantes facultativamente se pronunciam, escreve-se preferencialmente o de uso mais generalizado. Assim, serão consignados, além de outros, estes: aspecto e aspeto, característico e caraterístico, circunspecto e circunspeto, contacto e contato, corrupção e corrução, corruptela e corrutela, dactilografia e datilografia, expectativa e expetativa, optimismo e otimismo, respectivo e respetivo, secção e seção, sinóptico e sinótico, sumptuoso e suntuoso, tacto e tato. Escreve-se Egito, mas egípcio, por ser neste último pronuciado o p. SC V – SC 15) Elimina-se o s do grupo inicial sc: cena, cenografia, ciência, etc. 16) Os compostos dessa classe de vocábulos, quando são formados em nossa língua, são escritos sem o s antes do c: anticientífico, contracenar, encenação, etc.; mas, quando vieram já formadospara o vernáculo, conservam o s: consciência, cônscio, imprescindível, prescindir, rescindir, rescisão, etc. Letras dobradas VI – Letras dobradas 17) Escrevem-se rr e ss quando, entre vogais, representam os sons simples do r e s iniciais; e cc ou cç quando o primeiro soa distintamente do segundo: carro, farra, massa, passo; convicção, occipital, etc. 18) Duplicam-se o r e o s todas as vezes que a um elemento de composição terminado em vogal se segue, sem interposição do hífen, palavra começada por uma daquelas letras: arritmia, corréu, prerrogativa, pressentir, ressentimento, sacrossanto, etc. Vogais nasais VII – Vogais nasais 19) As vogais nasais são representadas no fim dos vocábulos por ã (ãs) , im (ins) , om (ons), um (uns): afã, cãs, flautim, folhetins, semitom, tons, tutum, zum-zuns, etc. 20) O ã pode figurar na sílaba tônica, pretônica ou átona: ãatá, cristãmente, irmãmente, maçã, manhãzinha, órfã, romãzeira, etc. 21) Quando aquelas vogais são iniciais ou mediais, a nasalidade é expressa por m antes do b e p, e por n antes de outra qualquer consoante: ambos, campo; contudo, enfim, enquanto, homenzinho, nuvenzinha, vintenzinho, etc. Ditongos VIII – Ditongos 22) Os ditongos orais escrevem-se com a subjuntiva i ou u: aipo, cai, cauto, degraus, dei, fazeis, ideia, mausoléu, neurose, retorquiu, rói, sois, sou, souto, uivo, usufrui, etc. Observação: Escrevem-se com i, e não com e, a forma verbal fui, a 2.ª e 3.ª pess. do sing. do pres. do ind. e a 2.ª do sing. do imper. dos verbos terminados em uir: aflui, fruis, retribuis, etc. 23) O ditongo ou alterna, em numerosos vocábulos, com oi: balouçar e baloiçar, calouro e caloiro, dourar e doirar, etc. Escreve-se, preferencialmente, o de uso mais generalizado. 24) Escrevem-se assim os ditongos nasais: ãe, ãi, ão, am, em, en(s), õe, ui (proferido ũi): mãe, pães, cãibra, acórdão, irmão, leãozinho, amam, bem, bens, devem, põe, repões, muito, etc. Observações: a) Dispensa-se o til do ditongo nasal ui em mui e muito. b) Com o ditongo nasal ão se escrevem os monossílabos, tônicos ou não, e os polissílabos oxítonos: cão, dão, não, quão; então, irmão, viverão, etc. c) Também se escrevem com o ditongo ão os substantivos e adjetivos paroxítonos, acentuando-se, porém, a sílaba tônica: órfão, órgão, sótão, etc. d) Nas formas verbais anoxítonas se escreve am: amaram, deveram, partiram, etc. e) Com o ditongo nasal ãe se escrevem os vocábulos oxítonos e os seus derivados; e os anoxítonos primitivos grafam-se com o ditongo ãi: capitães, mães, pãezinhos; cãibo, zãibo, etc. f) O ditongo nasal e)i(s) escreve-se em ou en(s) assim nos monossílabos como nos polissílabos de qualquer categoria gramatical: bem, convém, convéns, virgem, virgens, etc. 25) Os encontros vocálicos átonos e finais que podem ser pronunciados como ditongos crescentes escrevem-se da seguinte forma: ea (áurea), eo (cetáceo), ia (colônia), ie (espécie), io (exímio), oa (nódoa), ua (contínua), ue (tênue), uo (tríduo), etc. Hiatos IX – Hiatos 26) A 1.ª, 2.ª, 3.ª pess. do sing. do pres. do subj. e a 3.ª pess. do sing. do imper. dos verbos em oar escrevem-se com oe e não oi: abençoe, amaldiçoes, perdoe, etc. 27) As três pessoas do sing. do pres. do subj. e a 3.ª do sing. do imper. dos verbos em uar escrevem-se com eu, e não ui: cultue, habitues, etc. Parônimos e vocábulos de grafia dupla X – Parônimos e vocábulos de grafia dupla 28) Deve-se fazer a mais rigorosa distinção entre os vocábulos parônimos e os de grafia dupla que se escrevem com e ou com i, com o ou com u, com c ou q, com ch ou x, com g ou j, com s, ss ou c, ç, com s ou x, com s ou z, e com os diversos valores do x: 1.°) com i ou com e: acriano, camoniano, torriense (em vez das antigas acreano, camoneano, torreense); coreano, daomeano, guineense. 2.°) com o ou com u: frágua, lugar, mágoa, manuelino, polir, tribo, urdir, veio (verbo ou substantivo), etc. 3.°) com c ou q: quatorze (seguido de catorze), cinquenta, quociente (seguido do cociente), etc. 4.°) com ch ou x: anexim, bucha, charque, chimarrão, faxina, flecha, tachar (= notar; censurar), taxar (= determinar a taxa; regular), etc. 5.°) com g ou j: estrangeiro, jenipapo, genitivo, gíria, jeira, jeito, jiboia, jirau, laranjeira, lojista, majestade, viagem (s.f.), viajem (do verbo viajar), etc. 6.°) com s, ss ou c, ç: ânsia, anticéptico, boça (= cabo de navio), bossa (= protuberância; aptidão), bolçar (= vomitar), bolsar (= fazer bolsos), caçula, censual (= relativo a censo), sensual (= lascivo), etc. Observação: Não se emprega ç em início de palavras. 7.°) com s ou x: espectador (= testemunha), expectador (= pessoa tem esperança), experto (= perito; experimentado), esperto (= ativo; acordado), esplêndido, esplendor, extremoso, flux (= na locução a flux), justafluvial, justapor, misto, etc. 8.°) com s ou z: alazão, alcaçuz (= planta), alisar (= tornar liso), alizar (s.m.), anestesiar, autorizar, bazar, coliseu, comezinho, cortês, dissensão, empresa, esfuziar, esvaziamento, frenesi (seguido de frenesim), guizo (s.m.), irisar (= dar as cores do íris a), irizar (= atacar [o iriz] o cafezeiro), narcisar-se, obséquio, prioresa, rizotônico, sacerdotisa, tapiz, trânsito, xadrez, etc. Observações: a) É sonoro o s de obséquio e seus derivados, bem como o do prefixo trans, em se lhe seguindo vogal; quando, porém, a esse prefixo se segue palavra iniciada por s, só se escreve um, que se profere como se fora dobrado: obsequiar (ze), transoceânico (zo), transecular (se), transubstanciação (su); etc. b) No final de sílaba átona, seja no interior, seja no fim do vocábulo, emprega-se o s em lugar do z: asteca, endes, mesquita, etc. 29) O x continua a escrever-se com os seus cinco valores, bem como nos casos em que pode ser mudo, como em exceto, excerto, etc. Tem, pois, o som de: 1.°) ch, no princípio e o no interior de muitas palavras: xerife, xícara, ameixa; enxoval, etc. 2.°) cs, no meio e no fim de várias palavras: anexo, látex, tórax, etc. 3.°) z, quando ocorre no prefixo exo, ou ex seguido de vogal: exame, êxito, êxodo, exosmose, exotérmico, etc. 4.°) ss: aproximar, auxiliar, máximo, proximidade, sintaxe, etc. 5.°) s final de sílaba: contexto, fênix, pretextar, sexto, textual, etc. 30) No final de sílabas iniciais e interiores se deve empregar o s em vez do x, quando não o precede a vogal e: justafluvial, justaposição, misto, sistino, etc. 31) Adotaremos a grafia que seja mais conforme à etimologia do vocábulo e à sua história, mas que esteja em harmonia com a prosódia geral dos brasileiros, nem sempre idêntica à lusitana. P.ex.: judô (no Br.) e judo (em Port.); metrô (no Br.) e metro (em Port.); pônei (no Br.) e pónei (em Port.). Nomes próprios XI – Nomes próprios 32) Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer natureza, sendo portugueses ou aportuguesados, estão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns. 33) Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritos em registro público. Observação: Não sendo o próprio que assine o nome com a grafia e a acentuação do modo como foi registrado, a indicação do seu nome obedecerá às regras estabelecidas pelo sistema ortográfico vigente: Fundação Casa de Rui Barbosa (o notável jurista baiano assinava Ruy). 34) Os topônimos de origem estrangeira devem ser usados com as formas vernáculas de uso vulgar; e quando não têm formas vernáculas, transcrevem-se consoante as normas estatuídas pela Conferência de Geografia de 1926 que não contrariarem os princípios estabelecidos aqui. 35) Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso diuturno dos brasileiros. Sirva de exemplo o topônimo Bahia, que conservará esta forma quando se aplicar em referência ao Estado e à cidade que têm esse nome. Observação: Os compostos e derivados desses topônimosobedecerão às normas gerais do vocabulário comum. Acentuação gráfica XII – Acentuação gráfica Ver Regras de acentuação. Apóstrofo XIII – Apóstrofo 36) Limita-se o emprego do apóstrofo aos seguintes casos: 1.°) Indicar a supressão de uma letra ou letras no verso, por exigência da metrificação: c’roa, esp’rança, of’recer, ’star, etc. 2.°) Reproduzir certas pronúncias populares: ’tá, ’teve, etc. 3.°) Indicar a supressão da vogal, já consagrada pelo uso, em certas palavras compostas ligadas pela preposição de: copo-d’água (= planta, lanche), galinha-d’água, mãe-d’água, pau-d’água (= árvore, ébrio), etc. Observação: Restringindo-se o emprego do apóstrofo a esses casos, cumpre não se use dele em nenhuma outra hipótese. Assim, não será empregado: a) nas contrações das preposições de e em com artigos, adjetivos ou pronomes demonstrativos, indefinidos, pessoais e com alguns advérbios: dum, duma (a par de de um, de uma), num, numa (a par de em um, em uma); dalgum, dalguma (a par de de algum, de alguma) ; doutro, noutro (a par de de outro , em outro ) ; dele, dela, nele, nela; deste, desta, neste, nesta, daquele, daquela, naquele, naquela; disto, nisto, daquilo, naquilo; daqui, daí, dacolá, donde, dantes, dentre; etc. b) nas combinações dos pronomes pessoais; mo, ma, mos, mas, to, ta, tos, tas, lho, lha, lhos, lhas, no-lo, no-los, no-la, no- las, vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las. c) nas expressões vocabulares que se tornaram unidades fonéticas e semânticas: dessarte, destarte, homessa, tarrenego, tesconjuro, vivalma, etc. d) nas expressões de uso constante e geral na linguagem vulgar: co, coa, ca, cos, cas, coas (= com o, com a, com os, com as), plo, pla, plos, plas (= pelo, pela, pelos, pelas), pra (= para), pro, pra, pros, pras (= para o, para a, para os, para as), etc. Hífen XIV – Hífen 37) Nos compostos 1.º) Emprega-se o hífen nos compostos sem elemento de ligação quando o 1.º termo, por extenso ou reduzido, está representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal: ano-luz, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, joão-ninguém, médico-cirurgião, mesa-redonda, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, zé-povinho, afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, amor-perfeito, boa-fé, forma-piloto, uarda-noturno, luso-brasileiro, má-fé, mato-grossense, norte-americano, seu-vizinho (dedo anelar), social-democracia, sul- africano, verbo-nominal, primeiro-ministro, segunda-feira, conta-gotas, finca-pé, guarda- chuva, vaga-lume, porta-aviões, porta-retrato. Observações: a) As formas empregadas adjetivamente do tipo afro-, anglo-, euro-, franco-, indo-, luso-, sino- e assemelhadas continuarão a ser grafadas sem hífen em empregos em que só há uma etnia: afrodescendente, anglofalante, anglomania, eurocêntrico, eurodeputado, lusofonia, sinologia , etc. Porém escreve-se com hífen quando houver mais de uma etnia: afro-brasileiro, anglo-saxão, euro-asiático, etc. b) Com o passar do tempo, alguns compostos perderam a noção de composição, e passaram a se escrever aglutinadamente, como é o caso de: girassol, madressilva, pontapé, etc. Já se escrevem aglutinados: paraquedas, paraquedistas (e afins, paraquedismo, paraquedístico) e mandachuva. Os outros compostos com a forma verbal para- seguirão sendo separados por hífen conforme a tradição lexicográfica: para-brisa(s), para-choque, para-lama(s), etc. Os outros compostos com a forma verbal manda- seguirão sendo separados por hífen conforme a tradição lexicográfica: manda-lua, manda-tudo. A tradição ortográfica também usa o hífen em outras combinações vocabulares: abaixo- assinado, assim-assim, ante-à-ré, ave-maria, salve-rainha. Os compostos formados com elementos repetidos, com ou sem alternância vocálica ou consonântica, por serem compostos representados por formas substantivas sem elemento de ligação, ficarão: blá-blá-blá, lenga-lenga, reco-reco, tico-tico, zum-zum-zum, pingue- pongue, tique-taque, trouxe-mouxe, xique-xique (= chocalho; cf. xiquexique = planta), zás- trás, zigue-zague, etc. Os derivados, entretanto, não serão hifenados: lengalengar, ronronar, zunzunar, etc. Não se separam por hífen as palavras com sílaba reduplicativa oriundas da linguagem infantil: babá, titio, vovó, xixi, etc. Serão escritos com hífen os compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo: cobra-d’água, mãe-d’água, mestre-d’armas, olho-d’água, etc. 2.º) Emprega-se o hífen nos compostos sem elemento de ligação quando o 1.º elemento está representado pelas formas além, aquém, recém, bem e sem: além-Atlântico, além-mar, aquém-Pireneus, recém-casado, recém-nascido, bem-estar, bem-humorado, bem-dito, bem-dizer, bem-vestido, bem-vindo, sem-cerimônia, sem-vergonha, sem-terra. Observação: Em muitos compostos o advérbio bem aparece aglutinado ao segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte quando o significado dos termos é alterado: bendito (=abençoado), benfazejo, benfeito [subst.] (=benefício); cf. bem- feito [adj.] = feito com capricho, harmonioso, e bem-feito! [interj.], benfeitor, benquerença e afins: benfazer, benfeitoria, benquerer, benquisto, benquistar. 3.º) Emprega-se o hífen nos compostos sem elemento de ligação quando o 1.º elemento está representado pela forma mal e o 2.º elemento começa por vogal, h ou l: mal-afortunado, mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-informado, mal-limpo. Porém: malcriado, malgrado, malvisto, etc. Observação: Mal com o significado de ‘doença’ grafa-se com hífen: mal-caduco (= epilepsia), mal-francês (= sífilis), desde que não haja elemento de ligação. Se houver, não se usará hífen: mal de Alzheimer. 4.º) Emprega-se o hífen nos nomes geográficos compostos pelas formas grã, grão, ou por forma verbal ou, ainda, naqueles ligados por artigo: Grã-Bretanha, Abre-Campo, Passa- Quatro, Quebra-Costas, Traga-Mouro, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes. Observações: a) Os outros nomes geográficos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem o hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta , etc. Os topônimos Guiné-Bissau e Timor-Leste são, contudo, exceções consagradas. b) Serão hifenizados os adjetivos gentílicos (ou seja, adjetivos que se referem ao lugar onde se nasce) derivados de nomes geográficos compostos que contenham ou não elementos de ligação: belo-horizontino, mato-grossense-do-sul, juiz-forano, cruzeirense-do-sul, alto-rio-docense. c) Escreve-se com hífen indo-chinês, quando se referir à Índia e à China, ou aos indianos e chineses, diferentemente de indochinês (sem hífen), que se refere à Indochina. 5.º) Emprega-se o hífen nos compostos que designam espécies botânicas (planta e fruto) e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora- menina, andorinha-do-mar, andorinha-grande, bem-me-quer (mas malmequer), bem-te-vi, bênção-de-deus, cobra-capelo, couve-flor, dente-de-cão, erva-doce, erva-do-chá, ervilha- de-cheiro, feijão-verde, formiga-branca, joão-de-barro, lesma-de-conchinha. Observação: Os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas grafados com hífen pela norma acima não serão hifenizados quando tiverem aplicação diferente dessas espécies. Por exemplo: bola-de-neve (com hífen) com o significado de ‘arbusto europeu’, e bola de neve (sem hífen) significando ‘aquilo que toma vulto rapidamente’; bico-de-papagaio (com hífen) referindo-se à planta e bico de papagaio (sem hífen) com o significado de ‘nariz adunco’; mata-cobra (com hífen) referindo-se a inseto, e mata cobra (sem hífen) referindo-se a certo tipo de bastão; não-me-toques (com hífen) quando se refere a certas espécies de plantas, e não me toques (sem hífen) com o significado de ‘melindres’. 38) Nas locuções: Não se emprega o hífen nas locuções, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de- meia, ao deus-dará, à queima-roupa).Vale lembrar que, se na locução há algum elemento que já tenha hífen, será conservado este sinal: à trouxe-mouxe, cara de mamão-macho, bem- te-vi de igreja. Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: a) Locuções substantivas: cão de guarda, fim de semana, fim de século, sala de jantar; b) Locuções adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho; c) Locuções pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja; d) Locuções adverbiais: à parte (diferentemente do substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de menos; escreve-se junto demais quando é advérbio ou pronome), depois de amanhã, em cima, por isso; e) Locuções prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a; f) Locuções conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, visto que. Observações: a) Expressões com valor de substantivo, do tipo deus nos acuda, salve-se quem puder, um faz de contas, um disse me disse, um maria vai com as outras, bumba meu boi, tomara que caia, aqui del rei, devem ser grafadas sem hífen. Da mesma forma serão usadas sem hífen locuções como: à toa (adjetivo e advérbio), dia a dia (substantivo e advérbio), arco e flecha , calcanhar de aquiles, comum de dois, general de divisão, tão somente, ponto e vírgula. b) Não se emprega o hífen nas locuções latinas usadas como tais, não substantivadas ou aportuguesadas: ab initio, ab ovo, ad immortalitatem, ad hoc, data venia, de cujus, carpe diem, causa mortis, habeas corpus, in octavo, pari passu, ex libris. Mas: o ex-libris, o habeas-corpus, in-oitavo, etc. 39) Nas sequências de palavras: Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares, tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique e nas combinações históricas ou até mesmo ocasionais de topônimos, tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro , etc. 40) Nas formações com prefixos: 1.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento termina por vogal igual à que inicia o 2.º elemento: anti-infeccioso, anti-inflamatório, contra-almirante, eletro-ótica, entre-eixo, infra-axilar, micro-onda, neo-ortodoxo, semi-interno, sobre-elevar, sobre-estadia, supra- auricular. Observações: a) Incluem-se neste princípio geral todos os prefixos terminados por vogal: agro- (= terra), albi-, alfa-, ante-, anti-, ântero-, arqui-, áudio-, auto-, bi-, beta-, bio-, contra-, eletro-, euro-, ínfero-, infra-, íntero-, iso-, macro-, mega-, multi-, poli-, póstero-, pseudo-, súpero-, neuro-, orto-, sócio-, etc. Então, se o 1º elemento terminar por vogal diferente daquela que inicia o 2º elemento, escreve-se junto, sem hífen: anteaurora, antiaéreo, aeroespacial, agroindustrial, autoajuda, autoaprendizagem, autoestrada, contraescritura, contraindicação, contraofensiva, extraescolar, extraoficial, extrauterino, hidroelétrico, infraestrutura, infraordem, intrauterino, neoafricano, neoimperialista, plurianual, protoariano, pseudoalucinação, pseudoepígrafe, retroalimentação, semiárido, sobreaquecer, socioeconômico, supraesofágico, supraocular, ultraelevado. b) O encontro de vogais diferentes tem facilitado a supressão da vogal final do 1.º elemento ou da vogal inicial do 2.º: eletracústico, ao lado de eletroacústico, e arteriosclerose. Recomendamos que se evitem essas supressões, a não ser nos casos já correntes ou dicionarizados. c) O encontro de vogais iguais tem facilitado o aparecimento de formas reais ou potencialmente possíveis com a fusão dessas vogais, do tipo de alfaglutinação, ao lado de alfa-aglutinação; ovadoblongo, ao lado de ovado-oblongo. Para atender à regra geral de hifenizar o encontro de vogais iguais, é preferível evitar estas fusões no uso corrente, a não ser nos casos em que elas se mostram naturais, e não forçadas, como ocorre em telespectador (e não tele-espectador), radiouvinte (e não rádio- ouvinte). d) Nas formações com os prefixos co-, pro-, pre- e re-, estes unem-se ao segundo elemento, mesmo quando iniciado por o ou e: coabitar, coautor, coedição, coerdeiro, coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, coemitente, coenzima, cofator, cogerente, cogestão, coirmão ; comandante, proativo, procônsul, propor, proembrião, proeminente ; preeleito (ou pré-eleito), preembrião (ou pré-embrião), preeminência, preenchido, preesclerose (ou pré-esclerose), preestabelecer, preexistir; reedição, reedificar, reeducação, reelaborar, reeleição, reenovelar, reentrar, reescrita, refazer, remarcar. 2.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento termina por consoante igual à que inicia o 2.º elemento: ad-digital, inter-racial, sub-base, super-revista, etc. Observação: Formas como abbevilliano, addisoniano, addisonismo, addisonista se prendem a nomes próprios estrangeiros: Abbeville, Addison. 3.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento termina acentuado graficamente, pós-, pré-, pró-: pós-graduação, pós-tônico; pré-datado, pré-escolar, pré-história, pré-natal, pré- requisito; pró-africano, pró-europeu. Observação: Pode haver, em certos usos, alternância entre pre- e pré-, pos- e pós-; neste último caso, deve-se usar o hífen: preesclerótico ou pré-esclerótico, postônico ou pós-tônico. 4.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento termina por m ou n e o 2.º elemento começa por vogal, h, m ou n: circum-escolar, circum-hospitalar, circum-murado, circum- navegação, pan-africano, pan-americano, pan-harmônico, pan-hispânico, pan-mágico, pan-negritude. 5.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento é um dos prefixos ex- (anterioridade ou cessação), sota-, soto-, vice-, vizo-: ex-almirante, ex-diretor, ex-presidente, sota- almirante, sota-capitão, sota-vento, soto-almirante, soto-pôr (mas sobrepor), vice- presidente, vice-reitor, vizo-rei. Observação: Vimos que o verbo pôr não perde o acento gráfico (para se distinguir da preposição por). E mesmo em formas compostas como soto-pôr, ele continuará acentuado. 6.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento termina por vogal, r ou b e o 2.º elemento se inicia por h: adeno-hipófise, abdômino-histerotomia, anti-herói, anti-hemorrágico, arqui- hipérbole, auto-hipnose, beta-hemolítico, bi-hidroquinona, bio-histórico, contra-haste, di- hibridismo, entre-hostil, foto-heliografia, geo-história, giga-hertz, hétero-hemorragia, hiper-hidrose, infra-hepático, inter-hemisférico, poli-hídrico, semi-histórico, sobre- humano, sub-hepático, sub-humano, super-homem, tri-hídrico. Observações: a) Nos casos em que não houver perda do som da vogal final do 1.º elemento, e o elemento seguinte começar com h, serão usadas as duas formas gráficas: carbo-hidrato e carboidrato; zoo-hematina e zooematina. Já quando houver perda do som da vogal final do 1.º elemento, consideraremos que a grafia consagrada deve ser mantida: cloridrato, cloridria, clorídrico, quinidrona, sulfidrila, xilarmônica, xilarmônico. Devem ficar como estão as palavras que, fugindo a este princípio, já são de uso consagrado, como reidratar, reumanizar, reabituar, reabitar, reabilitar e reaver. b) Não se emprega o hífen com prefixos des- e in- quando o 2.º elemento perde o h inicial: desumano, inábil, inumano, etc. c) Embora não tratado no Acordo, pode-se incluir neste caso o prefixo an- (p.ex.: anistórico, anepático, anidrido). Na sua forma reduzida a-, quando seguido de h, a tradição manda hifenizar e conservar o h (p.ex.: a-histórico, a-historicidade). d) Não se emprega o hífen com as palavras não e quase com função prefixal: não agressão, não beligerante, não fumante; quase delito, quase equilíbrio, quase domicílio, etc. e) Não há razão plausível que defenda a grafia biidroquinona ao lado de bi-iodeto, por este não ter h inicial. Foi o mesmo princípio que nos fez optar por poli-hídrico (em vez de poliídrico) e poli-hidrite (em vezde poliidrite). 7.º) Emprega-se o hífen quando o 1.º elemento termina por b (ab-, ob-, sob-, sub-) ou d (ad-) e o 2.º elemento começa por r: ab-rupto, ad-renal, ad-referendar, ob-rogar, sob-roda, sub- reitor, sub-reptício, sub-rogar. Observação: Adrenalina, adrenalite e afins já são exceções consagradas pelo uso. Ab-rupto é preferível a abrupto. 8.º) Quando o 1.º elemento termina por vogal e o 2.º elemento começa por r ou s, não se usa hífen, e estas consoantes devem duplicar-se, prática já adotada, também em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico: antessala, antirreligioso, antissocial, autorregulamentação, biorritmo, biossatélite, contrarregra, contrassenha, cosseno, ele- I – Fonética e Fonologia C� Palavras que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica Palavras que admitem dupla prosódia D� Alfabeto K, W, Y H Consoantes mudas SC Letras dobradas Vogais nasais Ditongos Hiatos Parônimos e vocábulos de grafia dupla Nomes próprios Acentuação gráfica Apóstrofo Hífen