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Rochas_Sedimentares_-_Sedimentao

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GEO-042. Rochas Sedimentares - Sedimentação 
Qualquer que seja a natureza de uma rocha, magmática, metamórfica ou sedimentar, ela 
passará por diferentes processos de intemperismo que irão originar diversos tipos de 
sedimentos. 
Intemperismo é o conjunto de transformações de origem física (desagregação) ou química 
(decomposição), atuantes nas rochas. 
Os fatores que controlam a ação do intemperismo são o clima, como por exemplo, a 
variação sazonal da chuva e da temperatura, e ainda o relevo, este último influindo no 
regime de infiltração e drenagem das águas. 
Os detritos (minerais soltos ou agregados) são retirados da rocha matriz pela ação do 
intemperismo e levados para regiões mais baixas, por meio de agentes transportadores 
como água, vento e até mesmo geleiras, sendo depositados por fim, em bacias 
sedimentares. Uma vez depositado, o material sedimentar passa a responder às condições de 
um novo ambiente, o da diagênese. 
Diagênese é o nome dado ao conjunto de transformações que o depósito sedimentar sofre 
após a deposição, consistindo em mudanças nas condições de pressão, temperatura, Eh, 
pH e pressão de água, ocorrendo dissoluções e precipitações a partir das soluções aquosas 
existentes nos poros. O processo termina na transformação do depósito sedimentar 
inconsolidado em rocha, ou litificação. 
 
Processos diagenéticos 
Os processos mais conhecidos que levam à litificação (endurecimento) de sedimentos são: 
 Compactação 
A compactação diagenética pode apresentar-se sob 
dois aspectos: o químico e o mecânico. A compactação 
química engloba a dissolução de minerais sob pressão. 
Já a compactação mecânica não engloba processos 
químicos, mas sim aspectos físicos, como mudança no 
empacotamento intergranular e a deformação ou 
quebra de grãos individuais, como mostra a figura ao 
lado modificada de Giannini (2000). 
 
 
 Dissolução 
A dissolução diagenética tem como fator principal o efeito ou 
não de pressão. Se houver ausência de pressão, ocorre 
somente a percolação de fluidos no material depositado, 
podendo ocorrer reações químicas entre a solução e os 
minerais depositados. Quando ocorre dissolução sob 
pressão, também chamada de compactação química, podem 
ocorrer vários tipos de feições, as quais dependem da escala 
do material analisado. Em escala granulométrica, conforme 
aumenta o grau de soterramento, os grãos passam a ter 
contatos pontuais (1º figura do lado esquerdo), planares, 
côncavo-convexos e suturados. A geração de poros ocorre 
devido à dissolução e fragmentação dos agregados 
sedimentares durante a diagênese, constituindo uma feição 
muito importante para o acúmulo de óleo e gás. 
 Cimentação 
Trata-se da cristalização de minerais formados a partir dos íons dissolvidos na solução intersticial. 
Ocorre em conjunto com a dissolução diagenética. 
Os tipos mais comuns de cimentos em rochas sedimentares são os compostos por minerais como 
quartzo, calcita, pirita e argilominerais. 
 Recristalização diagenética 
Neste processo, sob condições de 
soterramento, ocorrem mudanças na 
mineralogia e na textura cristalina do 
material sedimentar. Dois exemplos 
são comuns (figura ao lado, de 
Giannini, 2000). O primeiro é a 
transformação de aragonita em 
calcita, ambos compostos por 
carbonato de cálcio, porém de 
estruturas cristalinas distintas. Neste 
caso, também chamado de 
neomorfismo, há mudanças apenas 
no retículo cristalino, sendo mantida a 
composição original. O segundo é a 
mudança na composição química, 
denominada substituição, na qual 
ocorre a troca da calcita ou aragonita 
por sílica. 
 
 
 
 
 
Os componentes do arcabouço de uma rocha sedimentar são quatro: 
Grão ou 
partícula 
Corresponde à fração clástica principal, que 
dará o nome à rocha; 
Matriz 
Trata-se do material clástico fino entre os 
grãos de um arenito, como silte e/ou argila; 
Cimento 
Corresponde à parte da rocha que une os 
grãos. Trata-se de uma massa de quartzo 
ou calcita; 
Porosidade 
primária 
É uma feição efêmera, modificável pelo 
soterramento, correspondendo ao volume 
da distribuição dos poros que o agregado 
sedimentar tinha no momento da deposição. 
Genericamenete, 
rocha 
sedimentar pode 
ser 
representada da 
seguinte forma: 
 
 
Nomenclatura das rochas sedimentares 
A nomenclatura de uma rocha sedimentar é feita com base em sua descrição e possível 
identificação genética. Os termos mais descritivos permitem uma identificação mais 
completa da rocha, servindo como base nos estudos científicos. 
A classificação mais abrangente se baseia em sedimentos alóctones ou autóctones, 
respectivamente, agregados deposicionais originados fora ou dentro da área de deposição. 
Como na maioria das vezes o material sedimentado não possui uma única composição 
mineralógica, o nome da rocha é em função do material predominante. 
As rochas sedimentares possuem vários critérios de classificação. Podemos dividí-las em três 
grupos: texturais, químico-mineralógicos e geométricos, conforme tabela apresentada 
abaixo (extraída de Teixeira et al., 2000): 
 
 
Tipo de rocha Caráter do critério Critério Termos 
Siliciclástica 
Textural 
Granulação 
Rudito (psefito) 
Arenito (psamito) 
Lutito (pelito) 
Proporção de matriz 
"Arenite", 
ortoconglomerado 
"Wacke" (arenito 
argiloso) 
paraconglomerado 
Lamito 
Arredondamento 
Conglomerado 
Brecha 
Mineralógico 
Proporção QFL 
(quartzo, feldspato, 
líticos) 
Quartzo rudito, 
quartzo 
arenito/"wacke" 
Rudito feldspático, 
arenito / "wacke" 
feldspático (arcósio) 
Rudito lítico, arenito 
/ "wacke" lítico 
Diversidade ou 
pureza 
composicional 
Conglomerado 
oligomítico, 
conglomerado 
polimítico 
Folhelho, marga, 
folhelho calcífero, 
silicoso, porcelanito 
Outros 
Fissilidade Folhelho 
Ritmicidade Ritmito 
Carbonática Textural 
Granulação 
Calcirrudito 
(dolorrudito) 
Calcarenito 
(doloarenito) 
Calcilutito (dololutito) 
Tipos de grão / tipo 
de material 
intersticial 
Ooesparito, oomicrito 
Intraesparito, 
intramicrito 
Bioesparito, 
biomicrito 
Pelmicrito, pelsparito 
Mineralógico 
Relação calcita / 
dolomita 
Calcário, dolomito 
Em itálico - granulação areia 
Em negrito - granulação cascalho 
Sublinhado - granulação lama 
 No caso das rochas de origem terrígena, as estruturas estão relacionadas às propriedades 
físicas das partículas. As três propriedades clássicas da sedimentologia são a granulação, a 
forma e as feições superficiais. Outras propriedades importantes são: petrotrama (arranjo 
espacial dos grãos), porosidade (quantidade relativa de poros), permeabilidade (maior ou 
menor facilidade com que um fluido atravessa um espaço poroso), parâmetros estruturais e 
as estruturas sedimentares (arranjo de grãos quanto a qualquer uma das demais 
propriedades). 
Tipos de texturas 
 
Os tipos de texturas para 
rochas terrígenas são em 
função de sua 
granulometria. Assim 
são utilizados termos 
como rudito, arenito e 
lutito ou respectivamente 
psefito, psamito e pelito. 
Quando uma rocha 
possui mais de um tipo 
de granulação, são 
utilizados termos 
compostos, tais como 
arenito pelítico, 
referindo-se a uma rocha 
com mais areia do que 
argila. 
A textura também pode 
ser identificada pelo tipo 
de matriz, como arenito, 
ortoconglomerado e 
paraconglomerado, 
resultado direto da 
deposição de areia ou 
cascalho onde ocorre 
uma seleção 
 
granulométrica. 
Ortoconglomerado é 
quando a rocha é 
suportada pelo 
arcabouço, enquanto o 
paraconglomerado é 
suportado pela matriz, 
como mostra a figura 
abaixo de Harms et al., 
1975 (em Giannini, 
2000). Os psamitos 
terrígenos são 
classificados como " 
arenite" quando são 
limpos, e "subwacke" 
quando possuem menos 
de 10% de matriz 
verdadeira; do contrário, 
são chamados de wacke, 
onde o material fino tem 
caráter de matriz (mais 
de 10%). 
Existem ainda rochasque são classificadas de acordo com a sua mineralogia, como 
exemplo, as rochas rudáceas e lutáceas. 
As rochas rudáceas são classificadas de acordo com dois critérios: a) primeiro - consiste na 
sua classificação composicional, sendo o prefixo poli para grande variação composicional, e 
oligo para pouca; b) segundo - critério é levada em conta sua mineralogia, como por exemplo 
quartzo-rudito ou ainda rudito feldspático. 
 
Para as rochas lutáceas é utilizado o 
diagrama de Alling, 1945 (figura ao 
lado, extraída de Giannini, 2000), 
onde é levado em consideração a 
proporção relativa de três 
componentes: argilominerais, 
carbonatos e sílica; não se limitando 
apenas às rochas terrígenas e nem ao 
conjunto de rochas alóctones. 
O nome porcelanito nada mais é do 
que um silexito com textura muito 
fina. Em amarelo estão assinaladas os 
diferentes tipos de estruturas 
associadas às diversas rochas 
sedimentares. 
 
Estruturas das rochas sedimentares 
São consideradas formas de leito (vista em planta) e estruturas deposicionais (vista em corte) 
de rochas sedimentares: 
Marcas onduladas: 
São formas de leito originadas 
durante o transporte de grãos por 
agentes naturais (água e vento). 
No caso da fotografia ao lado, é 
ilustrado um exemplo de marca 
ondulada assimétrica em ambiente 
aquoso. 
 
Estratificação cruzada (mod. de 
Suguio, 1937): 
É uma estrutura na qual há 
angularidade entre o leito e a 
posição primária da formação, 
adquirida no momento da 
deposição. Ocorre em ambiente 
fluvial, litorâneo, marinho e 
eólico. 
 
Estratificação plano-paralela: 
Trata-se de uma estrutura 
originada por decantação (angular) 
ou tração (areia) do material, 
horizontalmente sobre a superfície 
deposicional. Ocorre 
principalmente em ambiente 
aquoso. 
 
Estas estruturas são importantes para compreensão dos processos de deposição. De 
modo geral, uma mesma litologia pode apresentar diferentes tipos de estruturas. 
http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/sedimentares2.html

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