Prévia do material em texto
INDICADORES MICROBIANOS DE QUALIDADE DA ÁGUA Quais são as fontes poluidoras de água? O que e quais são os microrganismos indicadores de qualidade de água? Como detectar esses microrganismos? 3 FONTES DE CONTAMINAÇÃO Contaminação Não-fecal Contaminação Fecal Crescimento microbiano acelerado na água; Problemas na: aparência, cor e odor; Alguns organismos produzem e/ou liberam substâncias tóxicas na água. Transmissão de doenças ↓ Presença de microrganismos patógenos. Maré vermelha (Dinoflagelados) Floração de Cianobactérias Dinophysis acuminata Cylindrospermopsis sp Efluentes domésticos TRATADOS; Escoamento de áreas de agricultura... Enriquecimento excessivo das águas por nutrientes CONTAMINAÇÃO NÃO -FECAL CONTAMINAÇÃO FECAL TRANSMISSÃO DE DOENÇAS COMO: Febre tifóide (Salmonella typhi¹); Cólera (Vibrio cholerae²); Shiguelose (Shigella³), dentre outros. EFLUENTES DOMÉSTICOS SEM O TRATAMENTO ADEQUADO 1 2 3 MAU USO DOS RECURSOS POLUIÇÃO E DEGRADAÇÃO DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA De todas as doenças no Brasil, cerca de 60% têm origem hídrica, e sua transmissão acontece através da ingestão de água contaminada por microrganismos patogênicos, eliminados principalmente nas fezes dos homens e animais. 7 DADOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE • 88% das doenças diarreicas são atribuídas a fontes de água não potável, sem tratamento adequado ou condições higiênicas. • Mais de 1,1 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à água tratada de boa qualidade, e 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a qualquer tipo de saneamento básico. • Mais de 10 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência de doenças relacionadas à ingestão de água contaminada e à falta de saneamento, sendo a maioria crianças abaixo de cinco anos de idade. OS MICRORGANISMOS QUE PODEMOS ENCONTRAR NA ÁGUA: **Lembrem-se, porém, que a MAIORIA dos microrganismos que estão na água NÃO causam doença** CARACTERÍSTICAS GERAIS São bacilos Gram-negativos em forma de vírgula Anaeróbios facultativos ,Fermentadores, Oxidase (+) Móveis com um único flagelo polar Vibrio cholerae - cólera Fatores de virulência ESTRUTURAS FUNÇÃO TOXINA COLÉRICA Desequilíbrio eletrolítico celular Pilus TCP Aderência especifica à mucosa intestinal Adesinas Fixação às células intestinais Flagelo Motilidade Sideróforos Aquisição de ferro ENTEROTOXINA - MECANISMO DE AÇÃO CÓLERA FASE AGUDA DIARREIA AQUOSA ENTEROTOXINA COLÔNIAS TÍPICAS THIOSULFATO CITRATO BILE SACAROSE AGAR – TCBS V. cholerae - TCBS Sacarose (+) V. Parahaemolyticus - TCBS Sacarose (-) sac- TCBS sac+ Agar nutriente www.remelinc.com/Images/Hurricane/VparaTCBS.jpg http://www.nhlmmcgym.com/culture.htm http://www.nhlmmcgym.com/culture.htm Teste de motilidade (+) (-) TRATAMENTO • Terapia de reposição de fluidos VO e IV • Terapia antimicrobiana: tetraciclina • Antibióticos alternativos: eritromicina, cloranfenicol, furazolidona, sulfametoxazol-trimetoprim e fluoroquinolonas • Importância do antibiograma (Surgimento de multirresistência) • Transmitido pela água, normalmente disseminado por aerossóis derivados de dispositivos de refrigeração evaporativos • Sistemas de água residenciais - biofilmes na superfície dos tubos de distribuição de água Legionella pneumophila - Legionelose • Bactéria oportunista: infecções hospitalares (queimaduras); • Causa comum de otite e dermatites em banhistas; • Resistente a desinfecção; • Utilização na avaliação de águas recreacionais (piscinas) e aguas minerais e naturais (RDC 54/2000); • Encontrada em águas expostas a poluição fecal (e excretada nas fezes de 2 – 3% indivíduos sadios); • Não pode ser utilizada como indicador de contaminação fecal, pois multiplica-se no ambiente. Pseudomonas aeruginosa Salmonella enterica sorovar typhi - Febre tifoide • CARACTERÍSTICAS: Bacilo gram-negativo, móvel (flagelo peritríquio), aeróbio facultativo, • TRANSMISSÃO - ingestão de alimentos contaminados por fezes Salmonella • Habitat - intestino de animais de sangue quente e de muitos animais de sangue frio - sendo também comuns em esgotos. • SINTOMAS – 8 a 48 horas após a ingestão do alimento - cefaleia, calafrios, vômitos e diarreia, febre - 2 a 5 dias. • Em alguns casos - septicemia O que faz uma água ser considerada de boa qualidade? COMO AFERIR A QUALIDADE DA ÁGUA? • PARÂMETROS FÍSICOS: – Temperatura, sabor e odor, cor, turbidez, sólidos em suspensão, sólidos dissolvidos, condutividade elétrica, etc. • PARÂMETROS QUÍMICOS: – pH, oxigênio dissolvido, fósforo, nitrogênio, etc. • PARÂMETROS BIOLÓGICOS: – Concentração de Clorofila a , microrganismos 23 **O monitoramento de todos os microrganismos patogênicos é difícil e antieconômico: meios e metodologias diferentes, dificuldade de analisar os resultados** **Se encontrarmos o patógeno causador da Cólera, por exemplo, no sistema de águas, a descoberta já será tarde!! ** **Além disso, esses patógenos só estão presentes em pequenas Quantidades e provavelmente não estariam nas amostras testadas.** ** Qual a solução para esses impasses?? ** !!!MICRORGANISMOS INDICADORES!!! 24 POR QUE NÃO PROCURAR DIRETAMENTE OS PATÓGENOS ? WHO: CRITÉRIOS IDEAIS PARA ESCOLHA DE INDICADORES MICROBIANOS DE ORIGEM FECAL ◦ Ausente em águas limpas; ◦ Presente em efluentes residuais; ◦ Fácil e acessível para isolar, identificar e quantificar; ◦ Presente em maior número do que os patógenos; ◦ Sobrevive melhor e por mais tempo na água do que os microrganismos patogênicos; ◦ Geralmente é inofensível ao homem e a outros animais (Não são patogênicos); ◦ Presente em grandes quantidades nas fezes humanas e animais; ◦ Respondem a tratamentos e condições ambientais similarmente aos patógenos. 25 MICRORGANISMOS INDICADORES • Bactérias: Coliformes • Protozoários: – Cistos (Giardia) – Oocistos (Cryptosporidium) • Cianobactérias • Ovos de helmintos • Vírus (colifagos) http://images.google.com/imgres?imgurl=http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Giardia_cyst.JPG&imgrefurl=http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Giardia_cyst.JPG&usg=__eBvEeU-39gglYwvib-vlf2DSIA4=&h=803&w=1192&sz=64&hl=pt-BR&start=17&um=1&tbnid=C5wG1UELW2YWJM:&tbnh=101&tbnw=150&prev=/images?q=giardia&hl=pt-BR&rls=com.microsoft:pt-br:IE-SearchBox&rlz=1I7ADRA_pt-BR&sa=N&um=1 http://www.biologie.uni-hamburg.de/b-online/library/webb/BOT311/Cyanobacteria/MicrocystisLab.jpg http://images.google.com/imgres?imgurl=http://www.biologie.uni-hamburg.de/b-online/library/webb/BOT201/BOT201/Algae/Bot201Anabaena.jpg&imgrefurl=http://www.biologie.uni-hamburg.de/b-online/library/webb/BOT201/BOT201/Algae/Cyanophytalecturenotes.htm&usg=__2BUBS4akBGXga8EFhlcuWz45dOg=&h=400&w=334&sz=38&hl=pt-BR&start=1&um=1&tbnid=rdGarC1zaY5ygM:&tbnh=124&tbnw=104&prev=/images?q=anabaena&hl=pt-BR&rls=com.microsoft:pt-br:IE-SearchBox&rlz=1I7ADRA_pt-BR&um=1 http://images.google.com/imgres?imgurl=http://www.ecoliblog.com/e-coli.jpg&imgrefurl=http://www.ecoliblog.com/articles/e-coli-recalls/&usg=__y-87DEWlNlha8uX8nqLf2CedN1Q=&h=418&w=343&sz=40&hl=pt-BR&start=4&um=1&tbnid=aE8pkMFWYDLhuM:&tbnh=125&tbnw=103&prev=/images?q=e+coli&hl=pt-BR&rls=com.microsoft:pt-br:IE-SearchBox&rlz=1I7ADRA_pt-BR&sa=N&um=1 ORGANISMOS INDICADORES “O mais importante critério para classificar organismos como indicadores é que o organismo esteja consistentemente presente em números substanciais nas fezes humanas, de forma que sua detecção seja uma BOA INDICAÇÃO que resíduos humanos estão sendo introduzidos na água”; (Tortora, 8ª edição) 27 INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO NÃO-FECAL – Blooms de algas e cianobactérias – Alguns destes organismos produzem ou liberam toxinas (“marés vermelhas”, florações de Microcystis) MICRORGANISMOS INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO FECAL: COLIFORMES!!! Inclui uma grande variedade em termos de gêneros e espéciesda família Enterobacteriaceae (Oliveira & Terra 2004). 29 COLIFORMES COLIFORMES TOTAIS COLIFORMES TERMOTOLERANTES Antigos Coliformes fecais As bactérias coliformes, no geral, não causam doenças. Alguns grupos, porém, podem ser potencialmente patogênicos. COLIFORMES TOTAIS • Bactérias da família Enterobacteriaceae, capazes de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubadas a 35-37ºC, por 48 horas. • Escherichia → habitat primário é o trato intestinal do homem e animais • Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella → presentes nas fezes, vegetais e solo. • Presença não indica necessariamente contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos. COLIFORMES TERMOTOLERANTES Este grupo inclui o gênero Escherichia sp. e poucas espécies de Klebsiella sp., Enterobacter sp.e Citrobacter sp. “coliformes termotolerantes - subgrupo das bactérias do grupo coliforme que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2°C em 24 – 48 horas; tendo como principal representante a Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal”; (Ministério da saúde /2004) 33 VIII. Escherichia coli - bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2°C em 24 – 48 horas, sendo considerada o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos. “A presença de coliformes na água não representa, por si só, um perigo à saúde, mas indica a possível presença de outros organismos causadores de problemas à saúde.” Ministério da Saúde – Portaria 2914/2011 – Capítulo II – Art. 4° Escherichia coli • Único coliforme com habitat exclusivo de fezes humanas e de animais de sangue quente (comensal) • Existência de linhagens enteropatogenicas (EPEC / ETEC/ EIEC /EHEC / EAEC) • Crescimento a 44,5 °C • Possui enzimas: s - galactosidase e s - glucuronidase • Indicador preferencial de contaminação fecal no ambiente • Legislação: água mineral, balneabilidade, consumo humano Portaria MS nº 2.914/2011 (REVOGADA: Portaria 518/MS/04 Capítulo II art. 4°) 36 BACTÉRIAS GRUPO COLIFORME • Coliformes Totais • Coliformes Fecais • Geralmente não são patógenos, embora possam causar diarréias e infecções urinarias oportunistas. Muitas cepas de Enterobacter, Klebsiella e Citrobacter são encontradas em fezes, vegetais, solos e águas. Para detecção exclusivamente de contaminação fecal utiliza-se Escherichia coli. COLIFORMES TERMOTOLERANTES: Enterobacter, Klebsiella e Escherichia GRUPO COLIFORME TOTAIS COLIFORMES FECAIS: E.coli Por exemplo: gastroenterites causadas por E. coli. Algumas linhagens possuem fímbrias que se aderem a determinadas células e produzem toxinas. Portaria 2.914/MS/11 ENTEROCOCOS • Subgrupo dos estreptococos fecais aeróbicos G+ (19 espécies) • Presentes nas fezes humanas (conc. ~ 10x < E. coli) • Sobrevivem mais tempo no ambiente que coliformes • (Contaminação remota X Contaminação recente ) • Resistencia a NaCl (6,5%): indicador qualidade águas marinhas • Boa correlação com ocorrência de DVH em banhistas • Padrão Resolução CONAMA 274/2000 BACTERIÓFAGOS • Vírus que infectam bactérias • Sugeridos como indicadores da presença de vírus entéricos • Dois tipos principais: Colifagos somáticos (infectam E. coli p/ receptores somáticos) Bacteriófagos F-especificos (infectam bactéria através pili F) • Utilização avaliação complementar eficiência tratamento avaliação qualidade águas subterrâneas MÉTODOS ENUMERATIVOS PARA DETECTAR INDICADORES MICROBIANOS: MÉTODO DO NMP(TÉCNICA DOS TUBOS MÚLTIPLOS ) NMP – MÚMERO MAIS PROVÁVEL TUBOS DE DURHAN MÉTODO DA MEMBRANA FILTRANTE 10º 10-¹ 10-2 MÉTODO DO NMP (TÉCNICA DOS TUBOS MÚLTIPLOS) 100 ml de água – AMOSTRA – 10º 90 ml de água – AUTOCLAVADA – 10-¹ 90 ml de água – AUTOCLAVADA – 10-2 10 ml 10 ml COLITAG + 100 ml água autoclavada 10 ml 10 ml 10 ml 42 10 ml TESTES CROMOFLUOROGÊNICOS MEIO DE CULTURA PARA DETECÇÃO DE COLIFORMES • Composto por dois substratos: – ONPG (ortonitrofenil-galatopiranosídeo): • Coliformes totais hidrolisam o ONPG através da beta- galactosidase, dando uma coloração amarela; – MUG (4-methyl-umbelipheril- b-D-glucuronide) • Escerichia coli produz beta glucoronidase, que em presença do MUG e exposto a luz UV, produz fluorescência. 44 CÁLCULO DO NMP 45 Verificação de Coliformes – Técnica dos tubos múltiplos TESTE CONFIRMATIVO Confirmação: Fermentação com Caldo Verde Brilhante Lactose - + + GásV.B. Estufa (35 a 37°C) 24 – 48 horas E.C. Banho – Maria (44,5°) 24 – 48 horas (LACTOSE E SAIS BILIARES) Fermentação Caldo Lauril Triptose Formação de Gás TÉCNICA DA MEMBRANA FILTRANTE 1. Filtrar volume (100mL) de amostra através de membrana filtrante que retém a bactéria e inocula a membrana em meio diferencial/seletivo para crescimento; 2. Contar número ou característica de colônias de bactérias em placas de agar ou membrana filtrante e contar unidades formadoras de colônias (UFC) por unidade de volume. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA Não só a CLORAÇÃO é um processo de desinfecção em ETA's (coliformes fecais), mas também a FILTRAÇÃO já que alguns protozoários, como os cistos Giardia e oocistos de Cryptosporidium, são resistentes a cloração. RECOMENDA-SE quando possível o monitoramento destes protozoários O QUE MAIS PODEMOS FAZER PARA PREVENIR AS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA? • Conservar os nossos rios e açudes para que eles sejam sempre fonte de água de boa qualidade. • Melhorar a distribuição e oferecer, de forma contínua, água de boa qualidade para o consumo humano. • Observar se o fornecimento adequado e regular de água tratada está ocorrendo. • Promover a desinfecção adequada da água. • Oferecer sistema de esgotamento sanitário adequado. • Melhorar o saneamento diretamente nos domicílios. • Evitar o consumo de fontes opcionais de água, que possam estar contaminadas. • Coletar regularmente, acondicionar e dar um destino final adequado ao lixo e às embalagens descartáveis. • Não jogar o lixo nas ruas ou nos açudes e rios, uma vez que esse lixo pode, depois, se transformar em doenças. • Conscientizar os grupos de risco, ou seja, os grupos que consomem água em condições inadequadas. VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM: 1. O que são coliformes e porque são usados como indicadores de qualidade de água? 2. Explique porque não é factível pesquisar diretamente os patógenos na água como forma de prevenir a transmissão de doenças. 3. Explique porque a técnica dos tubos múltiplos é ideal para confirmar a presença de E. coli , distinguindo sua presença dos demais coliformes. Referências • STANDART METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER. American Public Health Association (APHA) - 20th ed., Baltimore. Maryland. USA. 1998. • PORTARIA 518, de 25 de março de 2004, publicada no Diário Oficial da União. Agência Nacional de Vigilância Sanitária: Ministério da Saúde, Brasil. • RESOLUÇÂO CONAMA n° 357 de 17 de 17 de março de 2005 • TRABULSI, L.R; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4ªEdição. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. • Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 6ªEdição. Brasília : Ministério da Saúde, 2005. (Série A - Normas e Manuais Técnicos) • MURRAY, P. R. Microbiologia medica. 3ª Edição. Editora Guanabara Koogan S/A.