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GESTÃO DO DESPACHO ADUANEIRO Deisi Luana Diel Weber Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar o novo fluxo no despacho aduaneiro nas importações. Definir a documentação necessária para o novo processo de importação. Construir um fluxograma integrando as etapas com a documentação necessária. Introdução A atividade de importação representa toda a troca de mercadorias, bens ou serviços de outro país com o mercado interno; ao chegar em território nacional, o importador precisa declarar à Receita Federal do Brasil (RFB) o que está trazendo. Esse processo de declaração, ao qual chamamos de despacho ou desembaraço de importação, vem sendo reestruturado para ser mais ágil e menos burocrático, facilitando às empresas compradoras o acesso aos bens comprados. Além do processo de prospecção e desenvolvimento de produtos e fornecedores no exterior e de administração da questão logística de trazer mercadorias de mercados muitas vezes distantes, é necessário gerir a correta nacionalização dos bens importados. Isso significa pagar os impostos devidos e ter a aprovação da RFB de que todas as informações prestadas estão de acordo e de que o bem tem autorização para entrar legalmente no Brasil. Neste capítulo, você vai estudar as transformações às quais os pro- cessos de importação estão sendo submetidas e os grandes ganhos que serão percebidos tanto pelas empresas importadoras quanto pelo governo. Na sequência, você vai verificar um comparativo entre o pro- cesso atual e as melhorias em andamento, com o intuito de mapear os documentos necessários para trazer um bem do exterior para o Brasil e conhecer o fluxo ideal do processo de importação. 1 Despacho aduaneiro de importações Para iniciar a discussão sobre o despacho aduaneiro de importação, parte-se da ideia de que a empresa já está devidamente cadastrada junto à RFB e habi- litada no Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (Radar), bem como possui despachante aduaneiro autorizado a representar a empresa nas tramitações de comércio exterior. A partir disso, o processo de importação se inicia, com o desenvolvimento de produtos e fornecedores no exterior que estejam aptos a atuar internacionalmente. O fornecedor tem a obrigação de fornecer o documento chamado de fatura Proforma, contendo as informações sobre produtos, valores, pesos, origem e classificação fiscal. Essa classificação fiscal, chamada no Brasil de Nomencla- tura Comum do Mercado Comum do Sul (Mercosul), ou NCM, tem a função de identificar o tratamento fiscal que será aplicado ao produto importado, se ele exige alguma restrição de entrada ou licença prévia ao embarque, bem como qual tributação incidirá sobre o seu valor aduaneiro. Com a NCM definida, verifica-se o tratamento, as restrições e as licenças. Pode ser necessária a anuência de algum órgão anuente previamente ao em- barque. Grande parte das mercadorias possui licenciamento automático, mas as que tiverem licenciamento não automático requerem solicitação prévia, via Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), antes de seu embarque no exterior, segundo Werneck (2012). Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)2 A NCM é, segundo Werneck (2012), uma lista hierárquica de mercadorias que está dividida em capítulos e subcapítulos, agrupados em seções e posições. O código da NCM é composto de oito dígitos, seis dos quais são comuns ao Harmonized System Code (Sistema de Código Harmonizado internacional), e dois são adicionados pelos países membros do Mercosul. Esse sistema harmonizado foi criado para promover o desenvolvimento do comércio internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Ele também facilita as negociações comerciais internacionais e a elaboração das estatísticas relativas aos meios de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional. Ao todo, 96 capítulos formam uma lista ordenada de posições, subposições, itens e subitens. Exemplo: 0104.10.11 — Animais reprodutores de raça pura, da espécie ovina, prenhe ou com cria ao pé. Seção I — Animais vivos e produtos do reino animal Capítulo 01 — Animais vivos Posição 0104 — Animais vivos, da espécie ovina e caprina Subposição 0104.10 — Ovinos Item 0104.10.1 — Reprodutores de raça pura Subitem 0104.10.11 — Prenhe ou com cria ao pé O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai adotam, desde janeiro de 1995, a NCM, que tem por base o Sistema Harmonizado. Por meio da NCM, é possível saber se os produtos em questão têm alguma restrição de entrada no país e se possuem alguma medida de proteção, como dumping, salvaguarda ou medida compensatória. A NCM também viabiliza a simulação de viabilidade de importar determinado item, já que a ela estarão atribuídos os impostos que serão pagos pelo importador para nacionalizar a carga. Então, com base no valor do item, no frete e no seguro e considerando a taxa de câmbio da moeda de compra, é possível estimar a base de cálculo e, assim, calcular os impostos. Já a nomenclatura aduaneira aprovada pela Associação Latino-Americana de Integração é adotada como base para as negociações, bem como para expressar as concessões outorgadas por meio de qualquer um de seus mecanismos e para a apresentação das estatísticas de comércio exterior dos países-membros. Para verificar a NCM de variados produtos e a alíquota de impostos, recomenda-se a busca no simulador fornecido pela Receita Federal, no seu site. Dependendo da condição comercial predefinida entre as partes, o próximo passo é organizar o embarque. Quando de responsabilidade do importador, é prudente contratar um agente de cargas internacional capaz de intermediar o procedimento entre o embarcador (marítimo, aéreo ou rodoviário), o exportador 3Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) e o importador, buscando datas e prazos que atendam a todas as necessidades. Ao exportador, compete a emissão da commercial invoice e da packing list, e, ao agente de cargas ou transportador, cabe a emissão do conhecimento de transporte. Outros documentos podem ser necessários, dependendo das negociações e da legislação. Após o deslocamento, e quando confirmada a chegada da mercadoria em território nacional, inicia-se o procedimento de desembaraço. Esse processo está sob reestruturação e requer especial atenção para as modificações sugeri- das e as melhorias previstas. Isso porque o processo de importação está sendo modernizado e desburocratizado pela RFB, a partir de acordos de facilitação da Organização Mundial das Aduanas. O novo processo de importação se propõe a unir todas as informações solicitadas aos importadores em um único documento, com ligação ao Portal Único Siscomex, de modo a evitar redundâncias. Esse novo processo é com- posto de seis módulos: 1. Declaração Única de Importação (Duimp); 2. catálogo de produtos; 3. operador estrangeiro; 4. pagamento centralizado; 5. licenças, procedimentos, certificados e outros documentos (LPCO); 6. controle de carga e trânsito (CCT). O registro da Duimp, documento eletrônico que reúne todas as informa- ções de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira, tributária e fiscal da importação, está sendo liberado de forma gradual para uso dos importadores. A Duimp é utilizada de forma conjunta à Declaração de Im- portação (DI). Atualmente, as empresas chamadas de operadores econômicos autorizados (OEAs) têm usado o novo documento, e espera-se, muito em breve, o uso por todos os importadores e a consequente extinção da DI e da Declaração Simplificada de Importação (DSI). A Duimp, assim como a DI, é registrada no Siscomex após a confirmação da chegada da mercadoria em território brasileiro (nos casos de empresas OEA, o registro pode acontecer de forma prévia à chegada). Há perspectivas de que seja permitido o registro sobre águas, ou seja, com a mercadoria ainda em trânsito, mas este ainda é um ponto em discussão. Nesse registro, são infor- mados todos os dados da carga, como: dados do importador, do exportador e do fabricante; valor da mercadoria na moeda comercializada, do frete e do seguro; descrição da mercadoria, seu NCM, seu descritivo e seus impostos; Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)4 alíquotas e valores já calculados, com base no valor aduaneiro e na taxa de câmbio utilizada (normalmente taxa Ptax de dois dias anteriores ao registro da Duimp). No momento do registro, também ocorrerá o débito dos impostos federais (imposto de importação, imposto sobre produto industrializado, contribuição para o Programa de Integração Social e para o Financiamento da Seguridade Social). Posterior ao registro, procede-se o despacho aduaneiro, mediante atribui- ção de canal de conferência, atribuído pela RFB. No intuito de definir quão profunda será a conferência aduaneira realizada pela RFB, foram criados diferentes canais de parametrização. A Instrução Normativa da Secretaria da RF nº. 680, de 02 de outubro de 2006, apresenta as diretrizes para a para- metrização no § 1º do art. 21 (BRASIL, 2006): Canal verde: determina o desembaraço imediato do processo. Canal amarelo: determina a conferência documental do processo; não sendo constatada irregularidade, é efetuado o desembaraço da mercadoria. Canal vermelho: exige a conferência física e documental da mercadoria, para posterior liberação. Canal cinza: além do exame documental e físico e da aplicação de procedimento especial de controle de fraudes, obriga o preenchimento da Declaração do Valor Aduaneiro (para verificar a validade do valor declarado da mercadoria). Em caso de parametrização diferente de verde, aguarda-se conferência e o registro de eventuais exigências, que precisam ser cumpridas para que a liberação da carga ocorra. O catálogo de produtos é integrado à Duimp e, como o próprio nome diz, trata-se de um catálogo em que o importador realiza o cadastro de todos os produtos importados, mantendo descrições mais completas e organizadas em atributos. Pode-se anexar imagens e documentos que auxiliem o tratamento administrativo, a fiscalização e a análise de riscos, além de colaborar na classificação fiscal, informando os dados dos produtos uma única vez para todos os órgãos envolvidos. Alterações no cadastro não serão permitidas, exigindo-se o registro de um novo cadastro (BUENO, 2020a). O operador estrangeiro é o módulo de cadastro dos dados de exportador e fabricante do exterior, incluindo o código TIN (equivalente ao Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica — CNPJ — nacional), feito de forma prévia à 5Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) Duimp, vinculado ao CNPJ do importador. O cadastro do operador poderá ser vinculado ao catálogo de produtos. O pagamento centralizado visa a unir em um único módulo todos os pagamentos pertinentes ao processo de importação, para conferência e pa- gamento, evitando, assim, a geração de várias guias, várias transferências/ pagamentos e múltiplos comprovantes. É possível conferir maior simplificação, efetividade e segurança nas metodologias de pagamento. Esse módulo permite pagamento de tributos, de tarifas dos operadores, como de terminais marítimos e despachantes, e inclusive do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), com visualização rápida e simples dos pagamentos efetuados Já no caso do LPCO, as licenças, os procedimentos, os certificados e outros documentos passam a ser emitidos por esse módulo; os órgãos anuentes já migraram seus sistemas de anuências. Após emissão, o órgão tem prazo de 30 dias para se manifestar. Um dos grandes benefícios do novo processo foi a implementação de LPCOs que podem ser usados em mais de uma Duimp, desde que dentro de seu prazo de validade e enquanto houver saldo de operação de exportação. É possível que uma licença emitida no início do ano acompanhe todos os embarques previstos para o ano, evitando atrasos nos embarques e dando mais previsibilidade para todos os agentes da cadeia, sem necessitar da emissão de uma Licença de Importação (LI) para cada embarque. É importante destacar aqui que, com as novas normas do novo processo de impor- tação, as licenças deixam de exigir a sequência de emissão > anuência > embarque e passam a acontecer de forma paralela, não sendo mais sua liberação pré-requisito para embarque ou registro da Duimp, mas, sim, para o desembaraço. O módulo CCT controla a localização da carga entre os recintos alfande- gados. Assim, nos casos de transferência entre zonas primária e secundária, o operador deverá informar assim que a carga deixar suas instalações, e o próximo, assim que a receber. Isso permite reduzir os tempos de permanência para apenas o mínimo necessário para que o desembaraço ocorra e o importador retire sua mercadoria. O novo processo de importação, quando aplicado em sua totalidade, gerará ganhos significativos na celeridade do desembaraço. Espera-se redução de Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)6 40% nos prazos médios de liberação, reduzindo de 17 para 10 o tempo médio para nacionalização de cargas importadas. Assim, se constatada a necessidade de alguma anuência, o importador pode emitir a licença no módulo LPCO, embarcar a mercadoria, solicitar os documentos do exportador e alimentar o cadastro de produtos, enquanto o fornecedor deve registrar a Duimp e, após liberação, remover a carga para sua empresa. 2 Documentos para importação Os documentos de importação são determinantes para a nacionalização das mercadorias importadas. Nos documentos internacionais, tem-se como prin- cipal objetivo descrever o produto ou serviço que está sendo comercializado e as suas condições comerciais e de apresentação, bem como de transporte. Tais documentos são emitidos com a fi nalidade de registrar a saída da mercadoria de um país e acompanhar a carga até a chegada em seu país de destino. Como exemplos de documentos utilizados nas transações internacionais, podemos citar (KEEDI, 2010): fatura Proforma; commercial invoice; packing list; certificado de origem; e conhecimento de transporte. A fatura Proforma pode ser facilmente interpretada como um orçamento, em que a empresa vendedora (exportadora) formaliza as condições comer- ciais do seu produto ou serviço, no intuito de unir em um único documento informações como: dados completos do vendedor e do comprador; data e descritivo do produto/serviço, como quantidade, valores, moeda, peso, embalagem, cubagem (espaço medido em metros cúbicos que aquela mercadoria ocupará); condição de pagamento e dados bancários necessários para a operação de venda; Incoterm (informações sobre a transferência da responsabilidade sobre a carga, bem como do pagamento dos fretes nacional e internacional e do seguro); 7Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) prazo de entrega; locais de embarque e de entrega; prazo de validade da proposta; local para assinatura do importador, que, com ela, expressa sua con- cordância com a proposta. Enfim, deve-se informar todos os detalhes necessários para concretizar a venda. Com as informações formalizadas nesse documento, cabe ao comprador (importador) avaliar e, se de acordo, assinar e retornar a proposta ao exportador, como sinal de aceite dos termos e condições propostos, para, assim, iniciar o processo de exportação de forma prática (CASTRO, 2001). A commercial invoice, também emitida pelo exportador, pode ser equi- parada à nota fiscal em território nacional, pois ela formaliza as condições efetivas da venda realizada. Esse documento contém basicamente as mesmas informações da fatura Proforma, limitando-se a informar apenas os dados do produto ou serviço efetivamente embarcado/vendido. As alterações de quantidade e do descritivo de produto são comuns nesse processo, já que, por vezes, prevê-se carregar uma quantidade maior do que a realizada, ou alguns defeitos podem fazer com que partes ou peças sejam descartadas, alterando, assim, a previsão informada na fatura Proforma. Nesse documento, devem constar todos os detalhes da mercadoria carregada, além da classificação fiscal, dos países de origem, da procedência e da aquisição da mercadoria. A invoice é documento obrigatório e de vital importância para concretizar qualquer processo de exportação ou importação, inclusive sendo necessária nas operações de importação de amostras (KEEDI, 2010). Já a packing list ou lista de embarque — equivalente ao romaneio, com ampla utilização em território nacional — concentra informações acerca de embalagens das mercadorias, tipo, material e dimensões e da forma como os produtos foram acondicionadas para o envio, como a quantidade de volumes em que a mercadoria foi agrupada, as dimensões e os pesos dessas embalagens. Ou seja, descreve-se de forma detalhada como foi acondicionada a mercadoria descrita na commercial invoice. Por isso, é importante que as informações de descrição, pesos e quantidades sejam rigorosamente as mesmas. A finalidade desse documento é permitir a identificação das mercadorias embarcadas, de forma ágil, tanto para eventual conferência por parte da RFB quanto para o importador no momento do recebimento. Informações de valores não devem ser mencionadas. O certificado de origem deve ser providenciado pelo exportador, compro- vando a origem da mercadoria, sendo normalmente exigido pelo importador Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)8 para atender a acordos comerciais ou de preferências tarifárias, ou ainda para o controle de mercadorias provenientes de determinada origem. Ele permite a isenção ou a redução tributária, decorrente de acordos, tanto ao exportador quanto ao importador (VAZQUEZ, 2007). Já o CT visa a formalizar o contrato de transporte entre o transportador e o embarcador, como um recibo de carga entregue ao transportador, contendo dados do embarcador, do consignatário, do notificador, bem como dados de origem, destino, descritivo da carga (quantidade, volume, peso, cubagem e classificação fiscal), valor do frete e pagador responsável, além da assinatura do emitente. Em muitos casos, o importador não pode iniciar qualquer pro- cedimento de desembaraço sem a posse desse documento original. Alguns casos são usados como garantia do exportador, que só enviará o original após receber o pagamento da operação. O CT possui denominações distintas, de acordo com o modal de embarque: bill of lading — para transporte marítimo; air waybill — para transporte aéreo; roadwaybill — para transporte ferroviário; conhecimento rodoviário de transporte — para transporte rodoviário. Os documentos que foram descritos de forma mais detalhada são os prin- cipais documentos que o importador precisa para dar início ao desembaraço de importação. Entretanto, alguns outros podem ser requisitados, a depender do tipo de mercadoria ou origem. Também, dependendo da condição de pa- gamento pactuada entre as partes, poderão ser exigidos outros documentos financeiros ou bancários. Contudo, além dos documentos exigidos em âmbito internacional, precisa- mos atentar também para os documentos relacionados às exigências nacionais para liberação da entrada da mercadoria no Brasil, como os descritos a seguir. Duimp: documento eletrônico que informa para a RFB o que está sendo importado. Deve estar alinhada aos documentos que acompanharam a carga, como commercial invoice, packing list e CT, e com o conteúdo físico da carga, para que, em caso de conferência por parte dos fiscais da RFB, todas as informações estejam alinhadas. 9Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) A Receita Federal oferece uma página em seu site com informações completas sobre o status da Duimp, quem pode utilizá-la e o passo a passo para preencher o documento. Nota fiscal eletrônica (NF-e): documento digital que registra as ope- rações de circulação de mercadorias ou serviços entre duas partes em território nacional. A NF-e será emitida de acordo com a Duimp e somente após a liberação da carga pela RFB, no intuito de acompanhar a carga em sua circulação entre o recinto alfandegado e o seu destino. 3 Fluxograma de importação O desenvolvimento de fornecedores no exterior não é tarefa simples: requer verifi car padrões de qualidade, preço e entrega; por vezes, é necessário solicitar amostra ou mesmo fazer uma viagem internacional para conferir pessoalmente o processo produtivo dos possíveis parceiros de negócios. Algumas empresas terceirizam esse desenvolvimento e preferem pagar um percentual sobre as transações a agentes que intermedeiam esse serviço, auxiliando os compra- dores nacionais. Com o produto e o fornecedor adequados, a empresa precisa estar habilitada junto à RFB para atuar internacionalmente e cadastrar um representante no Radar, chamado de despachante aduaneiro. O fluxograma do Quadro 1 a seguir detalha o passo a passo para realizar uma importação, segundo o novo processo de importação. Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)10 1º — Classificação da mercadoria Definir a classificação fiscal do produto a ser importado é determinante para verificar a viabilidade financeira da importação, pois, com ela, será possível verificar a tributação envolvida, as eventuais restrições, a existência de medidas antidumping, salvaguarda e subsídios e a necessidade de LIs e anuência dos órgãos envolvidos. 2º — Aprovação da fatura Proforma Com as condições de viabilidade e restrições verificadas, é possível aprovar a fatura Proforma, para dar início à produção dos produtos importados. 3º — LPCO Se a NCM utilizada exigir licenças, convém solicitá-las neste momento, via Portal Único, no módulo LPCO. Como o prazo para análise é de 30 dias, o restante do processo de importação pode ocorrer em paralelo (lembrando que não existe mais restrição de embarque, apenas de liberação). Se existe a pretensão de importar novos pedidos do mesmo produto, a licença pode ser emitida com a quantidade total prevista; assim, a cada importação, será descontada a quantidade já importada. 4º — Providenciar pagamento Se a condição de pagamento acordada for antecipada, o que é muito comum nas primeiras transações, é necessário providenciar o pagamento do valor e enviar o comprovante para o fornecedor. Outra condição muito utilizada é a carta de crédito, sendo, assim, necessário solicitar abertura da letter of credit ao banco e, assim que emitida, solicitar o draft (rascunho da carta), para enviar ao fornecedor e, assim, dar início à produção da ordem aprovada. Quadro 1. Passo a passo da importação (Continua) 11Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) 5º — Logística Dependendo da condição comercial (Incoterm) acordada entre as partes, o importador precisará organizar a coleta da importação na empresa do fabricante; uma forma de conduzir isso é contratar os serviços de um agente de cargas. Esse agente fará a coleta na origem e os trâmites de liberação portuários/aeroportuários; pode ser necessário providenciar embalagens, etiquetar e conferir os produtos. Ele também providenciará o CT. 6º — Documentos Após o carregamento, o exportador já possui os documentos commercial invoice e packing list; assim, é prudente solicitar uma cópia desses documentos por e-mail, para ver se estão de acordo com as exigências. Alguns países são menos exigentes com a documentação, então, ela pode estar incompleta ou em discordância — convém verificar e, se necessário, solicitar adequações. Após conferidos os documentos, deve-se solicitar o envio dos originais aos seus cuidados. 7º — Envio dos documentos Assim que aprovados, os documentos originais da carga devem ser enviados via courier diretamente ao importador ou seu despachante (em caso de pagamentos já realizados), ou ao banco indicado (em caso de pagamentos a prazo com cobrança bancária ou com carta de crédito). Os documentos originais serão necessários para apresentar à RFB, em caso de conferência aduaneira, documental ou física. Quadro 1. Passo a passo da importação (Continuação) (Continua) Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)12 8º — Cadastro do produto Os produtos que estão sendo importados devem ser cadastrados no módulo catálogo de produtos, que é integrado à Duimp. Uma descrição completa do item deve ser providenciada, e imagens e documentos que auxiliem o tratamento administrativo podem ser anexados. O cadastro deve ser preenchido com cautela e de posse de todas as informações, já que não serão permitidos ajustes. 9º — Cadastro do fornecedor Os dados do fornecedor e ou fabricante deverão ser previamente cadastrados e vinculados ao CNPJ do importador e ao catálogo de produtos. 10º — Presença de carga Geralmente, a nacionalização da mercadoria só terá início após confirmação da presença de carga pelo depositário, no módulo CCT do Portal Único. Após a chegada da embarcação, o depositário deverá recepcionar em seu estoque a carga submetida a despacho por meio da Duimp, no CCT. 11º — Registro da Duimp Com a presença de carga registrada, é possível iniciar o registro da Duimp, que caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação. O declarante ou o próprio importador devem informar os dados da operação de importação a partir dos dados do conhecimento eletrônico. 12º — Pagamento centralizado No módulo pagamento centralizado, constará o resumo dos impostos gerados. É necessário cadastrar uma conta bancária para depósito dos impostos, que serão debitados de forma imediata ao registro. Os demais custos do processo, como custos portuários ou aeroportuários, também constarão nessa tela para pagamento. Quadro 1. Passo a passo da importação (Continuação) (Continua) 13Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) 13º — Desembaraço de importação Mediante o gerenciamento de riscos conduzido pela RFB, os processos de importação podem ser conduzidos por diferentes níveis de conferência. Se canal verde, o processo será liberado; se amarelo, exigirá conferência documental; se vermelho, a conferência realizada será documental e física; se cinza, exigirá a verificação da valoração aduaneira. Nos casos de canal diferente de verde, o fiscal da RFB informará as exigências, e o importador deverá atendê-las, para ter sua carga liberada. Nesse momento, a licença emitida no módulo LPCO precisará estar liberada, para que o desembaraço seja autorizado. 14º — NF-e de importação Após a mercadoria ser liberada, é possível emitir a NF-e, com base nas informações da Duimp, para transporte da mercadoria em território nacional. Ela também gerará a guia para pagamento de ICMS (algumas empresas possuem ofício e poderão realizar o pagamento posteriormente). Feito isso, a mercadoria poderá ser removida. 15º — CCT O depositário informará as movimentações da carga e a sua retirada definitiva do terminal. 16º — Transporte O transporte do recinto alfandegado até o importador será feito após sua efetiva conferência. Quadro 1. Passo a passo da importação (Continuação) Com a análise cautelosa do passo a passo sugerido, será mais fácil dar início ao processo de importação, com as informações necessárias para um processo exitoso. Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)14 BRASIL. Ministério da Economia. Receita Federal do Brasil. Instrução Normativa RFB no. 680, de 2 de outubro de 2006. Disciplina o despacho aduaneiro de importação. Diário Oficial da União, 5 out. 2006. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov. br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=15618. Acesso em: 3 mar. 2020. BUENO, S. DUIMP: quais os Objetivos do Catálogo de Produto? Blog Fazcomex, 2020. Dis- ponível em: https://www.fazcomex.com.br/blog/duimp-objetivo-catalogo-produto/. Acesso em: 3 mar. 2020. CASTRO, J. A. Exportação: aspectos práticos e operacionais. 4. ed. São Paulo: Adua- neiras, 2001. KEEDI, S. Documentos no comércio exterior: a carta de crédito e a publicação 600 da CCI. São Paulo: Aduaneiras, 2010. VAZQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. WERNECK, P. Comércio exterior & despacho aduaneiro. 4. ed. Curitiba: Juruá Editora, 2012. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Economia. Receita Federal do Brasil. Elaboração da DUIMP. 2018. Disponível em: http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despa- cho-de-importacao/sistemas/duimp/elaboracao-da-duimp. Acesso em: 3 mar. 2020. BUENO, S. DUIMP: 2019 o que muda no seu dia a dia da importação. Blog Fazcomex, 2020. Disponível em: https://www.fazcomex.com.br/blog/duimp-2019-o-que-muda- -no-seu-dia-a-dia-da-importacao/. Acesso em: 3 mar. 2020. BUENO, S. DUIMP: 7 novidades sobre a DUIMP e o novo processo de importação. Blog Fazcomex, 2020. Disponível em: https://www.fazcomex.com.br/blog/duimp-7-novi- dades-sobre-a-duimp-e-o-novo-processo-de-importacao/. Acesso em: 3 mar. 2020. DAMIAN, T. Comércio exterior: fundamentos jurídicos de comércio exterior e tópicos especiais em negócios internacionais. Jundiaí: Paco Editorial, 2017. FAZCOMEX. Novo processo de importação. Blog Fazcomex, 2020. Disponível em: https:// www.fazcomex.com.br/blog/novo-processo-importacao/. Acesso em: 3 mar. 2020. 15Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp) Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Novo processo de importação: Declaração Única de Importação (Duimp)16