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Normas Administrativas Aduaneiras

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NORMAS 
ADMINISTRATIVAS 
E ADUANEIRAS
Lúcio Rangel Alves Ortiz
Processo administrativo 
nas penas de perdimento e 
na sanção administrativa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever o processo administrativo na pena de perdimento.
  Detalhar o processo nas sanções administrativas.
  Identificar a competência para julgamento e eventuais instâncias 
recursais.
Introdução
O processo administrativo aduaneiro é tipicamente tributário, burocrá-
tico e logístico. Com base nisso é que as infrações administrativas são 
tipificadas de forma objetiva. Tais sanções independem da intenção do 
agente ou do responsável e da efetividade, da natureza e da extensão 
dos efeitos do ato. No geral, definem-se inúmeros responsáveis solidários, 
que arcam com as penalidades cabíveis de forma conjunta ou isolada. 
Entre os responsáveis, podem estar o proprietário e o consignatário 
do veículo, o comandante ou condutor do veículo, o importador e o 
adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, o importador e 
o encomendante que adquirem mercadoria de procedência estrangeira 
de pessoa jurídica importadora.
Os responsáveis são taxados de modo extenso. Ao aplicar sanções, o 
Estado age no intuito de combater e desestimular os ilícitos aduaneiros. 
A partir desse objetivo, as consequências administrativas são os perdi-
mentos e sanções administrativas, com primeira e segunda instância 
administrativa, de primeira decisão e recursal.
Neste capítulo, você vai conhecer as penas de perdimento de veículos, 
de mercadorias e de moeda, além de verificar como ocorre o procedi-
mento administrativo aduaneiro. Em seguida, você vai estudar a adver-
tência, a suspensão e o cancelamento de registro, licença, autorização, 
credenciamento ou habilitação para utilização de regime aduaneiro ou 
de procedimento simplificado. Por fim, vai ver como ocorre o procedi-
mento administrativo e quais são as competências dos órgãos federais 
que julgam em primeira e segunda instância administrativa.
1 Processo administrativo na pena de 
perdimento
Os processos administrativos aduaneiros de pena de perdimento se dividem 
em cinco grandes grupos de penalidades: 
1. perdimento do veículo;
2. perdimento da mercadoria;
3. perdimento de moeda;
4. multa;
5. sanção administrativa. 
Em qualquer hipótese das penalidades, os auditores fiscais da Receita 
Federal são os responsáveis pela apuração do crédito tributário correspondente. 
Nesse sentido, a autoridade julgadora no processo administrativo é o auditor 
fiscal (CAPARROZ, 2018). Esse profissional determina a pena aplicável ao 
infrator ou ao responsável e fixa a sua dosimetria (quantidade). Em segunda 
instância, os processos administrativos de natureza aduaneira são submetidos 
à Terceira Seção do Conselho de Contribuintes, em Brasília. As regras das 
multas são fixadas minimamente de acordo com a infração, pois a majoração 
ou minoração da sanção decorre de prova da conduta do agente e de como é 
possível aplicar a multa qualificada com possibilidade de representação fiscal 
para fins penais.
Se verificar-se responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a 
cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido. Contudo, não 
se aplica penalidade administrativa quando o sujeito passivo atua conforme 
interpretação fiscal na decisão administrativa. Também não se aplica a multa 
de ofício quando houver suspensão de crédito por tutela antecipada (art. 151 
do Código Tributário) (BRASIL, 1966).
Em termos tributários, a denúncia espontânea da infração é acompanhada 
de pagamento dos tributos e dos acréscimos legais e exclui imposição da pe-
nalidade correspondente. É importante você notar que a denúncia espontânea 
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa2
só exclui penalidades aplicadas de natureza tributária, sem prejuízo de outras 
sanções. Além disso, não se considera espontânea a denúncia no despacho 
aduaneiro até o desembaraço da mercadoria ou após o início de qualquer 
outro procedimento fiscal. A seguir, você vai conhecer cada tipo de pena de 
perdimento.
Pena de perdimento
A pena de perdimento possui natureza jurídica expropriatória, o que implica 
a perda da propriedade de determinado bem em favor do Estado. Na prática, 
trata-se da sanção de natureza administrativa aduaneira mais grave do Direito 
brasileiro. O direito de propriedade, no caso, é afetado, apesar de isso contra-
riar o art. 5º, LIV, da Constituição Federal de 1988, que afi rma que ninguém 
será privado de seus bens sem o devido processo legal, ou seja, sem processo 
judicial (BRASIL, 1988).
Há uma enorme discussão jurídica acerca do processo administrativo de 
perdimento. Agora, analise as modalidades de pena de perdimento conforme 
Caparroz (2018).
Pena de perdimento de veículos
No caso de veículos, a pena de perdimento se aplica nas seguintes hipóteses, 
conforme o art. 688 do Decreto nº. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009 (BRASIL, 
2009, documento on-line):
Art. 688 [...]
I — quando o veículo transportador estiver em situação ilegal quanto às 
normas habilitadoras de navegação ou transporte internacional;
II — quando o veículo transportador efetuar operação de descarga de merca-
doria estrangeira ou de carga de mercadoria nacional ou nacionalizada fora 
do porto, aeroporto ou outro local habilitado;
III — quando a embarcação atracar a navio ou quando qualquer veículo, na 
zona primária, se colocar nas proximidades do local em que pode acontecer 
o transbordo de pessoa ou de carga sem observância das normas legais e 
regulamentares;
IV — quando a embarcação navegar dentro do porto sem trazer escrito nome 
de registro no casco;
V — quando o veículo conduzir mercadoria sujeita a perdimento, se pertencer 
ao responsável punível com essa penalidade pela infração;
VI — quando o veículo terrestre utilizado no trânsito de mercadoria estrangeira 
for desviado de sua rota legal de forma injustificada;
VII — quando o veículo for considerado abandonado [...].
3Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
A Receita Federal propõe o perdimento de veículos de enorme valor com 
frequência. Por isso, os tribunais têm aplicado os princípios da razoabilidade 
e da proporcionalidade a fim de dosar a intensidade da medida concreta. Não 
seria razoável aplicar a pena de perdimento a um avião, que custa milhões de 
dólares, devido a uma mercadoria irregular de valor menor até se verificar que 
o transportador concorreu com a ilicitude de modo comprovado.
O Código Aduaneiro, Decreto nº. 6.759/2009, prevê limites para a aplicação 
do perdimento de veículos ao estabelecer o seguinte:
Art. 699. Nos casos de dano ao Erário, se ficar provada a responsabilidade 
do operador de transporte multimodal, sem prejuízo da responsabilidade que 
possa ser imputável ao transportador, as penas de perdimento referidas neste 
Decreto serão convertidas em multas, aplicáveis ao operador de transporte 
multimodal, de valor equivalente ao do bem passível de aplicação da pena 
de perdimento.
Parágrafo único. No caso de perdimento de veículo, a conversão em multa não 
poderá ultrapassar em três vezes o valor da mercadoria transportada, à qual 
se vincule a infração. [...] (BRASIL, 2009, documento on-line).
Pena de perdimento de mercadorias
A aplicação da pena de perdimento para mercadoria é muito recorrente. De 
acordo com o art. 689 do Decreto nº. 6.759/2009, ocorre perdimento da mer-
cadoria (BRASIL, 2009, documento on-line):
Art. 689 [...]
I — em operação de carga ou carregada em qualquer veículo, ou descarregada 
ou em descarga, sem ordem, despacho ou licença, formalmente, de autoridade 
aduaneira, ou quando há descumprimento de outra formalidade essencial 
estabelecida em texto normativo;
II — incluída em listas de provisões de bordo quando em desacordo, quanti-
tativo ou qualitativo, com as necessidades do serviço, do custeio do veículo 
e da manutenção de sua tripulação e de seuspassageiros;
III — oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o 
processo utilizado;
IV — sem registro existente a bordo do veículo em manifesto, em documento 
de efeito equivalente ou em outras declarações;
V — nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso valor, 
encontrada na zona de vigilância aduaneira, em circunstâncias que tornem 
evidente destinar-se a exportação clandestina;
VI — estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer 
documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado 
ou adulterado, material ou ideologicamente;
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa4
VII — com documentação falsificada ou adulterada, possuída a qualquer 
título ou para qualquer fim;
VIII — estrangeira, que apresente característica essencial falsificada ou adul-
terada, que impeça ou dificulte sua identificação, ainda que a falsificação ou 
a adulteração não influa no seu tratamento tributário ou cambial;
IX — estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de prova do 
pagamento dos tributos aduaneiros;
X — estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no 
País, se não for feita prova de sua importação regular;
XI — estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido 
pagos apenas em parte, mediante artifício doloso;
XII — estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo;
XIII — transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de 
outros gravames, quando desembaraçada com isenção;
XIV — encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada, 
tratando-se de papel com linha ou marca d’água, inclusive aparas;
XV — constante de remessa postal internacional com falsa declaração de 
conteúdo;
XVI — fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas aéreas 
internacionais visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamento dos tributos 
aduaneiros ou quaisquer normas estabelecidas para o controle das importações 
ou, ainda, a beneficiar-se de regime de tributação simplificada;
XVII — estrangeira, em trânsito no território aduaneiro, quando o veí-
culo terrestre que a conduzir for desviado de sua rota legal sem motivo 
justificado;
XVIII — estrangeira acondicionada sob fundo falso ou de qualquer modo 
oculta;
XIX — estrangeira atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à 
ordem públicas;
XX — importada ao desamparo de licença de importação ou documento 
de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na 
forma da legislação específica;
XXI — importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo 
de permanência em recinto alfandegado;
XXII — estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese 
de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de respon-
sável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição 
fraudulenta de terceiros. [...].
Quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou 
revendida, no caso de importação, a pena de perdimento converte-se em 
multa equivalente ao valor aduaneiro. Já no caso de exportação, a pena 
converte-se em multa equivalente ao preço constante da respectiva nota 
fiscal ou documento equivalente. Isso é definido pelo art. 689, § 1º, do 
Decreto nº. 6.759/2009. Observe o que determina o dispositivo (BRASIL, 
2009, documento on-line):
5Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
§ 1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente 
ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da 
respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a 
mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, obser-
vados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº. 70.235, de 1972.
Conforme o art. 690 do Decreto nº. 6.759/2009, a pena de perdimento também 
é aplicada no caso de mercadoria de procedência estrangeira encontrada na zona 
secundária e introduzida clandestinamente no País, ou importada irregular ou 
fraudulentamente (BRASIL, 2009). É o caso de produtos vendidos por ambu-
lantes sem documentação legal. Ainda serão objeto da pena de perdimento as 
mercadorias de exportação proibida, quando detectada a tentativa. No mesmo 
sentido, as mercadorias de importação proibida serão apreendidas liminarmente, 
em nome do ministro da Fazenda, para fins de aplicação da pena de perdimento, 
no intuito de impedir a sua circulação pelo território aduaneiro fronteiriço, con-
forme o art. 26 do Decreto-Lei nº. 1.455, de 7 de abril de 1976 (BRASIL, 2009).
A pena de perdimento da mercadoria será aplicada nas infrações relativas ao 
desembaraço aduaneiro, à circulação, à posse e ao consumo de cigarro e fumo 
de procedência estrangeira que forem adquiridos, transportados, vendidos, 
depositados, possuídos ou consumidos de forma irregular, pois isso configura 
crime de contrabando ou descaminho.
Também são passíveis de perdimento os diamantes encontrados em zona 
primária em desacordo com as regras do processo de certificação de Kimber-
ley. Convém ressaltar que mesmo mercadorias já introduzidas no território 
aduaneiro podem ser objeto da pena de perdimento quando irregularmente 
transacionadas, em desrespeito de regimes especiais.
O perdimento de bens, após devido procedimento aduaneiro, é realizado por auditores 
fiscais aduaneiros da Receita Federal.
Pena de perdimento de moeda
O art. 700 do Decreto nº. 6.759/2009 estabelece a pena de perdimento da mo-
eda nacional ou estrangeira, em espécie, no valor excedente a R$ 10 mil ou o 
equivalente em moeda estrangeira (somente o papel-moeda), que ingresse no 
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa6
território aduaneiro ou dele saia sem o cumprimento das formalidades legais. 
Para tais formalidades, existe uma declaração específi ca, chamada Declaração 
Eletrônica de Porte de Valores (eDPV), que pode ser feita pela internet. Veja 
o que afi rma o artigo:
Art. 700. Aplica-se a pena de perdimento da moeda nacional ou estran-
geira, em espécie, no valor excedente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou o 
equivalente em moeda estrangeira, que ingresse no território aduaneiro 
ou dele saia. 
§ 1º. Para fins de aplicação do disposto neste artigo, considera-se moeda na-
cional ou estrangeira, em espécie, somente o papel-moeda, não compreendidos 
os títulos de crédito, cheques ou cheques de viagem. 
§ 2º Na hipótese de moeda encontrada em zona secundária, o perdimento re-
ferido no caput somente se aplica quando as circunstâncias tornarem evidente 
a tentativa de saída do País ou o ingresso no País, da moeda, por qualquer 
forma não autorizada pela legislação específica. 
§ 3º Aplica-se o perdimento à totalidade da moeda que ingressar no território 
aduaneiro ou dele sair não portada por viajante. 
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica na hipótese em que o ingresso ou a 
saída de moeda esteja autorizado em legislação específica. 
§ 5º O perdimento de moeda não exclui a aplicação das sanções penais previstas 
para a hipótese (BRASIL, 2009, documento on-line).
Portanto, o perdimento de moeda é sempre decorrente do descumpri-
mento de formalidades legais, ou seja, de tentativa de entrada e saída sem 
autorização por legislação específica. Tal perdimento funciona como pena 
administrativa. Além disso, pode haver processo penal por esse tipo de 
procedimento irregular.
Processo de perdimento
O processo administrativo de perdimento será conduzido pelo auto de infração 
lavrado por auditor fi scal e acompanhado do respectivo termo de apreensão. 
Segundo Costa (2018), na prática, existem inúmeras situações em que se faz 
a retenção das mercadorias a fi m de que o interessado comprove a regulari-
dade da operação. Se isso ocorrer, não haverá auto de infração nem pena de 
perdimento, pois a apreensão é apenas uma medida acautelatória, destinada 
a preservar os interesses da Fazenda Nacional.
Quandohouver processo, a intimação regular do interessado exige impug-
nação no prazo de 20 dias, sob pena de revelia, com a aplicação da pena de 
perdimento e a disponibilidade dos bens para destinação. Se for apresentada 
impugnação, o processo administrativo será julgado em instância única, cuja 
7Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
competência originária é do ministro da Fazenda (contudo, na prática, quem 
decide é o titular da unidade aduaneira).
O processo de perdimento de moeda, após a retenção, será aplicado pela 
Receita Federal, de acordo com a legislação, que prevê liberação do montante 
de até R$ 10 mil com a retenção apenas do excedente. Na óptica do processo 
administrativo aduaneiro, a imparcialidade do julgador deve ser confiada e 
observada na prática, pois o Supremo Tribunal Federal, em reiteradas de-
cisões de acórdãos, convalidou o procedimento aduaneiro administrativo, 
considerando-o com plena legalidade.
Existe um procedimento simplificado de perdimento para as mercadorias de valor 
inferior a US$ 500, limite que pode ser dobrado pelo ministro da Fazenda.
2 O processo das sanções administrativas
As sanções administrativas têm os seus processos administrativos conforme 
os intervenientes nas operações de comércio exterior, que são todos os 
agentes responsáveis pela logística e pela administração das operações de 
importação e exportação. A seguir, você vai conhecer as sanções adminis-
trativas que a legislação aduaneira prevê para os intervenientes que des-
cumprirem as respectivas obrigações acessórias ou difi cultarem o controle 
aduaneiro.
Advertência
Acontece a penalidade administrativa de advertência nas seguintes hipóteses, 
conforme o art. 735 do Decreto nº. 6.759/2009 (BRASIL, 2009, documento 
on-line):
Art. 735 [...]
a) descumprimento de norma de segurança fiscal em local alfandegado;
b) falta de registro ou registro de forma irregular dos documentos relativos a 
entrada ou saída de veículo ou mercadoria em recinto alfandegado;
c) atraso, de forma contumaz, na chegada ao destino de veículo conduzindo 
mercadoria submetida ao regime de trânsito aduaneiro;
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa8
d) emissão de documento de identificação ou quantificação de mercadoria 
em desacordo com sua efetiva qualidade ou quantidade;
e) prática de ato que prejudique o procedimento de identificação ou quanti-
ficação de mercadoria sob controle aduaneiro;
f) atraso na tradução de manifesto de carga, ou erro na tradução que altere o 
tratamento tributário ou aduaneiro da mercadoria;
g) consolidação ou desconsolidação de carga efetuada com incorreção que 
altere o tratamento tributário ou aduaneiro da mercadoria;
h) atraso, por mais de três vezes em um mesmo mês, na prestação de infor-
mações sobre carga e descarga de veículos ou movimentação e armazenagem 
de mercadorias sob controle aduaneiro;
i)descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar-
-se ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou 
para habilitar-se ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados; [...]
i2) descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento 
aduaneiro simplificado;
j) não comunicação à Receita Federal de qualquer alteração das informações 
prestadas para inscrição no registro de despachante aduaneiro ou de ajudante;
k) descumprimento de outras normas, obrigações ou ordens legais não pre-
vistas nas hipóteses anteriores.
A advertência, por sua vez, é feita por escrito. Ela é entregue ao infrator ad-
ministrativo aduaneiro, que tem um prazo para oferecer defesa ou impugnação.
Suspensão
Pode ocorrer suspensão de até 12 meses de registro, licença, autorização, 
credenciamento ou habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de 
procedimento simplifi cado. Também pode ocorrer a suspensão do exercício 
de atividades relacionadas com o despacho aduaneiro ou com a movimenta-
ção e a armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, bem como de 
serviços conexos. Conforme o art. 735 do Decreto nº. 6.759/2009 (BRASIL, 
2009, documento on-line), a suspensão ocorre na hipótese de:
Art. 735 [...]
a) reincidência em conduta já sancionada com advertência;
b) atuação em nome de pessoa que esteja cumprindo suspensão ou no inte-
resse dela;
c) descumprimento da obrigação de apresentar à fiscalização, em boa ordem, 
os documentos relativos à operação que realizar ou em que intervier, bem 
como outros documentos exigidos pela Receita Federal;
d) delegação de atribuição privativa a pessoa não credenciada ou habilitada, 
inclusive na hipótese de cessão de senha de acesso a sistema informatizado;
9Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
e) realização, por despachante aduaneiro ou ajudante, em nome próprio ou 
em nome de terceiro, de exportação ou importação de quaisquer mercado-
rias, exceto para uso próprio, ou exercício, por estes, de comércio interno de 
mercadorias estrangeiras;
f) descumprimento, pelo importador, depositário ou transportador, da de-
terminação efetuada pela autoridade aduaneira para destruir mercadoria 
ou devolvê-la ao exterior quando nociva à saúde, ao meio ambiente ou à 
segurança pública;
g) prática de qualquer outra conduta sancionada com suspensão de registro, 
licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos de legislação 
específica.
Cancelamento de registro, licença, autorização, 
credenciamento ou habilitação
Pode ocorrer cancelamento ou cassação de registro, licença, autorização, 
credenciamento ou habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de 
procedimento simplifi cado. Também pode ocorrer cancelamento ou cassação 
de modo a impedir o exercício de atividades relacionadas com o despacho 
aduaneiro ou com a movimentação e a armazenagem de mercadorias sob 
controle aduaneiro, além de serviços conexos. Conforme o art. 735 do Decreto 
nº. 6.759/2009 (BRASIL, 2009, documento on-line), o cancelamento ocorre 
na hipótese de:
Art. 735 [...]
a) acúmulo, em período de três anos, de suspensão cujo prazo total supere 
12 meses;
b) atuação em nome ou no interesse de pessoa cujo registro, licença, auto-
rização, credenciamento ou habilitação tenha sido objeto de cancelamento 
ou cassação;
c) exercício, por pessoa credenciada ou habilitada, de atividade ou cargo 
vedado na legislação específica;
d) prática de ato que embarace, dificulte ou impeça a ação da fiscalização 
aduaneira, inclusive a prestação dolosa de informação falsa ou o uso 
doloso de documento falso nas atividades relacionadas com o despacho 
aduaneiro;
e) agressão ou desacato à autoridade aduaneira no exercício da função;
f) sentença condenatória, transitada em julgado, por participação, direta 
ou indireta, na prática de crime contra a administração pública ou contra a 
ordem tributária;
g) sentença condenatória, transitada em julgado, à pena privativa de liberdade;
h) descumprimento das obrigações eleitorais;
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa10
i) ação ou omissão dolosa tendente a subtrair ao controle aduaneiro ou dele 
ocultar a importação ou a exportação de bens ou de mercadorias;
j) prática de qualquer outra conduta sancionada com cancelamento ou cassação 
de registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação, nos termos 
de legislação específica.
Considera-se interveniente o importador, o exportador, o beneficiário 
de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, o despachante adu-
aneiro e seus ajudantes, o transportador, o agente de carga, o operador de 
transporte multimodal, o operador portuário, o depositário, o administrador 
de recinto alfandegado, o perito, o assistente técnico, ou qualquer outra 
pessoa que tenha relação, direta ou indireta, com a operação de comércio 
exterior.
Considera-se a sanção administrativa definitivamente aplicada após a notificação 
(pessoal ou mediante publicação) do infrator acerca de decisão administrativaà qual 
não cabe recurso.
3 Competência para julgamentos e recursos 
aduaneiros
O processo administrativo aduaneiro tem procedimento próprio, que segue as 
regras contidas no Decreto nº. 6.759/2009 (BRASIL, 2009), o Código Aduaneiro 
do Brasil. Esse processo ocorre da seguinte forma:
1. retenção da mercadoria;
2. início do procedimento de fiscalização;
3. lavratura de auto de infração para aplicação da pena de perdimento;
4. intimação para apresentar defesa em 20 dias;
5. apresentação da defesa;
6. julgamento do processo por autoridade integrante da inspetoria da 
alfândega da qual se originou o auto de infração.
11Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
Como você já sabe, o poder da polícia aduaneira tem como atributos a dis-
cricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade. No processo admi-
nistrativo aduaneiro, destaca-se o atributo da autoexecutoriedade, dentro dos 
limites legais ou em caso de urgência, quando a polícia decide pela apreensão 
de mercadorias e pela restrição de direitos visando à regulação do fluxo do 
comércio exterior do País. Veja o que determina o art. 673 do Código Aduaneiro:
Art. 673. Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, 
que importe inobservância, por parte de pessoa física ou jurídica, de norma 
estabelecida ou disciplinada neste Decreto ou em ato administrativo de caráter 
normativo destinado a completá-lo.
Parágrafo único. Salvo disposição expressa em contrário, a responsabili-
dade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da 
efetividade, da natureza e da extensão dos efeitos do ato (BRASIL, 2009, 
documento on-line).
O referido dispositivo considera infração administrativa todo ato comissivo 
ou omissivo, seja doloso ou culposo, que pode ser pessoa física ou jurídica, 
que é disciplinado no Decreto nº. 6.759/2009 (BRASIL, 2009). Tal decreto tem 
força normativa administrativa e deve ser seguido nas aduanas e alfândegas. 
Os julgamentos, quando determinam a condenação, seja por ação ou omissão, 
podem ser recorridos administrativamente em procedimento aduaneiro.
Aduana é todo órgão governamental oficial que controla entradas e saídas de mer-
cadorias para exportação e importação, sendo responsável pelos tributos pertinentes. 
A alfândega equivale à aduana, mas nela o controle ocorre por meio de medidas de 
fiscalização e regulação de mercadorias nas fronteiras do País.
Aqui, você vai conhecer melhor a atuação do despachante aduaneiro no 
processo administrativo aduaneiro. Assim, considere o despachante adua-
neiro como modelo representativo dos demais intervenientes em operações 
de comércio exterior. O Decreto-Lei nº. 2.472, de 1º de setembro de 1988, 
estabelece, em seu art. 5º, os preceitos vigentes para o exercício da função 
de despachante aduaneiro. A regulamentação da investidura na atividade é 
determinada pelo Decreto nº. 646, de 9 de setembro de 1992.
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa12
O rito processual para a aplicação das sanções administrativas se baseia 
na Lei nº. 10.833, de 29 de dezembro de 2003. As sanções aplicadas aos 
intervenientes nas operações de comércio exterior passaram a ser regidas 
por rito específico, diferenciado do art. 31 do Decreto nº. 646/1992. O novo 
rito se aplica inclusive aos processos ainda não conclusos para julgamento 
em primeira instância administrativa, conforme o art. 76, § 14, da Lei nº. 
10.833/2003, e tem como suporte subsidiário a Lei nº. 9.784, de 29 de janeiro 
de 1999. Veja:
Art. 76 [...]
§ 14. O rito processual a que se referem os §§ 9º a 13 aplica-se também aos pro-
cessos ainda não conclusos para julgamento em 1ª (primeira) instância julgados 
na esfera administrativa, relativos a sanções administrativas de advertência, 
suspensão, cassação ou cancelamento (BRASIL, 1999, documento on-line).
Ante o processo no qual as infrações são apuradas, não concluso para 
julgamento em primeira instância como processo administrativo disciplinar, 
adota-se o novo procedimento, com a lavratura de um auto de infração, acom-
panhado de termo de constatação.
O art. 76, § 10, do Decreto nº. 646/1992 dispõe ainda que, depois de trans-
corrido o prazo de 20 dias sem apresentação de impugnação pelo autuado, cabe 
imediata aplicação da sanção pela autoridade competente. Cumpre ressaltar 
uma suposta situação factível de um auto de infração. Considere que há uma 
proposta de aplicação da pena de cancelamento ou cassação com base na Lei 
nº. 10.833/2003 e, ao mesmo tempo, uma proposta para aplicação da pena de 
suspensão pelo período de até 30 dias, prevista no Decreto-Lei nº. 646/1992. 
Este último decreto, para a mesma conduta praticada em data anterior à vigência 
da Lei nº. 10.833/2003 (como o embaraço à fiscalização), prevê a aplicação de 
sanção mais branda, suspensão. Em respeito ao princípio da irretroatividade 
da norma penal, caso o órgão julgador conclua, após a instrução processual 
cabível, pela aplicação da penalidade, deve-se manter somente a sanção de 
suspensão como sanção aplicável (BRASIL, 2003).
O art. 76, § 1º, traz uma sanção secundária: serão anotadas no registro do 
infrator, pela Administração Pública Aduaneira, as infrações cometidas pelo 
interveniente, e a anotação deve ser cancelada após o decurso de cinco anos da 
aplicação da sanção. Entre outros proveitos, o registro é salutar para a aplicação 
da sanção de suspensão prevista no art. 76, II, a, da Lei nº. 10.833/2003, bem 
como para a aplicação da sanção de cancelamento ou cassação do credencia-
mento com base no art. 76, III, a, da mesma lei. Veja:
13Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
Art. 76 [...]
II — suspensão, pelo prazo de até 12 (doze) meses, do registro, licença, auto-
rização, credenciamento ou habilitação para utilização de regime aduaneiro 
ou de procedimento simplificado, exercício de atividades relacionadas com o 
despacho aduaneiro, ou com a movimentação e armazenagem de mercadorias 
sob controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de: reincidência em 
conduta já sancionada com advertência;
III — cancelamento ou cassação do registro, licença, autorização, credencia-
mento ou habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de procedimento 
simplificado, exercício de atividades relacionadas com o despacho aduaneiro, 
ou com a movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle adu-
aneiro, e serviços conexos, na hipótese de: acúmulo, em período de 3 (três) 
anos, de suspensão cujo prazo total supere 12 (doze) meses; [...]
§ 5º Para os fins do disposto na alínea a do inciso II do caput, será conside-
rado reincidente o infrator sancionado com advertência que, no período de 5 
(cinco) anos da data da aplicação da sanção, cometer nova infração sujeita à 
mesma sanção (BRASIL, 2003, documento on-line).
Após tais apontamentos, é interessante verificar como ocorre a prática 
processual para a aplicação das penalidades aos intervenientes em operações 
de comércio exterior. A Lei nº. 10.833/2003 determina a competência para a 
aplicação das sanções no mesmo art. 76, § 8º (BRASIL, 2003, documento 
on-line):
Art. 76 [...]
§ 8º Compete a aplicação das sanções:
I — ao titular da unidade da Secretaria da Receita Federal responsável pela 
apuração da infração, nos casos de advertência ou suspensão; ou
II — à autoridade competente para habilitar ou autorizar a utilização de pro-
cedimento simplificado, de regime aduaneiro, ou o exercício de atividades 
relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a movimentação e armaze-
nagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, nos casos 
de cancelamento ou cassação.
Depois de o auto de infração ser lavrado com a proposta da aplicação da 
penalidade de advertência ou de suspensão do credenciamento de despachante 
aduaneiro, e após o autuado ser intimado por edital ou pessoalmente, é aberto 
o prazo de 20 dias para impugnação. Quando a impugnação dirigida ao chefe 
da unidade forapresentada, ocorrerá, em primeira instância, o julgamento dela 
pela unidade da Secretaria da Receita Federal na qual foi apurada a infração.
Caso se mantenha a proposta da aplicação da penalidade e o interveniente 
esteja ciente da decisão, é aberto o prazo de 30 dias para o recurso, a ser julgado 
em instância final administrativa pela divisão aduaneira da região fiscal. Se 
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa14
a decisão da esfera recursal for pela aplicação da penalidade, os autos do 
processo administrativo aduaneiro retornam à unidade para a efetivação do 
proposto pelo auditor fiscal, autor do auto de infração. Então, será julgada a 
impugnação ao auto de infração com a proposta de aplicação da penalidade de 
cancelamento ou cassação de credenciamento de despachante aduaneiro, em 
primeira instância, pela autoridade competente para a concessão de habilita-
ção. No caso, tal autoridade é o superintendente da Receita Federal da região 
fiscal onde foi apurada a infração, já que ele é o responsável pela habilitação 
do despachante ou ajudante de despachante.
Caso a decisão seja pela manutenção do auto de infração, os autos são reme-
tidos à unidade para a ciência do interessado, retornando ao superintendente, no 
aguardo para recurso. Por conseguinte, se apresentado, o recurso será julgado 
pela Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana), por delegação 
de competência do Secretariado da Receita Federal, desde que tempestivo. Se 
a Coana decidir pela aplicação da penalidade, esta deverá ser efetivada pela 
divisão aduaneira, que é titular da competência para a habilitação do despachante, 
conforme o art. 76, § 8º, II, da Lei nº. 10.833/2003 (BRASIL, 2003).
Assim, pode-se concluir que o recurso dos julgamentos aduaneiros é in-
terposto por meio de requerimento. Nesse requerimento, o recorrente deve 
expor os fundamentos do pedido de reexame e pode juntar documentos que 
julgar convenientes, conforme o art. 60 da Lei nº. 9.784/1999 (BRASIL, 1999). 
O recorrente pode solicitar a juntada do recurso e da documentação que faz 
instrução do dossiê digital de atendimento e que controla o regime de admissão 
temporária para o qual a decisão recorrida foi proferida.
No caso das decisões improcedentes relativas à aplicação ou extinção do 
regime, em questão de legalidade e mérito, cabe prazo de 10 dias contados da 
ciência da decisão e da apresentação de recurso voluntário dirigido ao auditor 
fiscal da Receita Federal, o qual não reconsiderou no prazo de cinco dias. O 
auditor, então, encaminhará o documento ao titular da respectiva unidade da 
Receita Federal, conforme o art. 56, § 1º, da Lei nº. 9.784/1999.
O trâmite do recurso estabelecido pela Receita Federal no âmbito da 
aplicação da admissão temporária ocorre em três instâncias. Veja a seguir 
(BRASIL, 2019).
1. Juízo de reconsideração — precedido de juízo de admissão — pelo 
auditor fiscal da Receita Federal que proferiu decisão denegatória.
2. Julgamento proferido pelo titular da unidade da Receita Federal caso 
a autoridade aduaneira tenha indeferido e não tenha reconsiderado a 
sua decisão.
15Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa
3. Julgamento em instância final realizado pelo superintendente regional 
da Receita Federal com jurisdição sobre a unidade da Receita Federal 
que proferiu a decisão denegatória.
Antes de encaminhar o recurso ao titular da sua unidade, o auditor deve 
analisar a possibilidade de reconsideração de sua decisão de indeferimento. 
Inclusive, deve sanear o dossiê digital de atendimento caso sejam apresen-
tadas novas provas documentais para convicção de julgamento. Da mesma 
forma, o titular da unidade da Receita Federal deve avaliar a possibilidade 
de reconsideração de sua decisão de indeferimento caso sejam apresentados 
novos documentos.
O auditor fiscal da Receita Federal é competente para decidir o recurso 
contra decisão denegatória de pedido de concessão, prorrogação ou extinção 
do regime de admissão temporária que pode confirmar, modificar, anular ou 
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, conforme o art. 64 da Lei nº. 
9.784/1999 (BRASIL, 1999). Se a decisão for agravar a situação do recorrente, 
este deverá ser cientificado para que formule novas alegações antes da decisão.
O auditor fiscal poderá requerer, nessa fase, ante as argumentações apre-
sentadas pelo recorrente, outros documentos que julgar necessários, com o 
intuito de formar sua convicção. Assim, o recurso não será conhecido quando 
interposto: a) fora do prazo; b) perante órgão incompetente; c) por quem não 
seja legitimado; d) após exaurida a esfera administrativa.
A hipótese de não admissibilidade de recurso voluntário ou final não tem efeito sus-
pensivo. Portanto, o recorrente não poderá alegar proteção legal do instituto recursal 
para efeito de aplicação de penalidades, em face de sua inércia, nos termos do art. 
61 da Lei nº. 9.784/1999.
O não conhecimento do recurso não impede a administração pública de 
rever de ofício o ato ilegal, desde que não aconteça a decisão administrativa 
definitiva. Os prazos para a apresentação de recurso começam a correr a 
partir da data da ciência oficial — exclui-se da contagem o dia do começo e 
inclui-se o do vencimento.
Processo administrativo nas penas de perdimento e na sanção administrativa16
Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo, conforme dispõe 
o art. 66, § 1º, da Lei nº. 9.784/1999. Considera-se prorrogado o prazo até o 
primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver 
expediente ou este for encerrado antes da hora normal. Salvo disposição em 
contrário, o recurso voluntário não possui efeito suspensivo e não afasta o 
cumprimento das obrigações exigidas pela autoridade aduaneira pelo recorrente 
(BRASIL, 1999). No entanto, havendo justo receio de prejuízo de difícil ou 
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade julgadora poderá, de 
ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso, conforme dispõe o art. 
61 da Lei nº. 9.784/1999.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
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das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de 
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm. Acesso em: 
31 mar. fev. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 1.455 de 7 de abril de 1976. Dispõe sobre bagagem de passa-
geiro procedente do exterior, disciplina o regime de entreposto aduaneiro, estabelece 
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Oficial da União, Brasília, 8 abr. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acesso em: 1 
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CAPARROZ, R. Comércio internacional e legislação aduaneira esquematizado. 6. ed. São 
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