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1 510 Capítulo 10Capítulo 10 CINÉTICA QUÍMICACINÉTICA QUÍMICA 511 Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Conceito de Velocidade Média VELOCIDADE DE REACÇÃO (geralmente expressa em unidades de concentração por unidade de tempo, mol dm-3s-1) A cinética química estuda as velocidades das reacções químicas e os factores que as influenciam procurando explicá-los, à escala molecular, em termos de mecanismos de reacção. 2 512 Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Considerando a reacção aA + bB →→→→ cC + dD para o reagente A, por exemplo, a VELOCIDADE MÉDIA num certo intervalo de tempo será dada por ∆t A∆ a 1 1t2t 1 tA 2 tA a 1 médiav ×−=− − ×−= o sinal – aparece sempre que a velocidade é referida em relação aos reagentes, pois convencio- nou-se serem sempre positivas as velocidades da reacção. 513 Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Conceito de Velocidade Instantâneade Velocidade Instantânea É definida como a derivada das concentrações dos reagentes ou produtos em ordem ao tempo. Então relativamente à equação anterior ter-se-ia, dt Dd d 1 dt Cd c 1 dt Bd b 1 dt Ad a 1v ×=×=×−=×−= Esta pode ser medida pela tangente, em cada ponto, à curva de variação da concentração de qualquer reagente ou produto, com o tempo. 3 514 Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s A velocidade de uma reacção depende das concentrações dos componentes do sistema químico. A expressão matemática que exprime esta dependência é conhecida como LEI DA VELOCIDADE DE REACÇÃO ou LEI CINÉTICA e expressa matematicamente por δγβα= DCBAkv onde α, β, γ e δ representam as ordens parciais da reacção em relação a cada uma das substâncias. ordem total = α + β + γ + δ k é uma constante em relação às concentrações moleculares, designada por constante específica de velocidade de reacção ou constante cinética (as unidades dependem da ordem total da reacção). 515 Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Técnicas Experimentais para determinar a Velocidade A lei cinética ou velocidade de uma reacção tem de ser sempre determinada experimentalmente, não podendo ser estabelecida a partir da estequiometria da reacção: 1. Pode obter-se através do estudo da variação da velocidade com a concentração de um dos componentes do sistema, mantendo a dos outros constante. Com efeito, aplicando logaritmos à equação anterior obtém-se onde C é uma constante. E repetindo esse estudo em relação a todos os componentes, um de cada vez, obtém-se a LEI DA VELOCIDADE DA REACÇÃO. C0Alog0logv +×α= 4 516 Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s Le is d e V el oc id ad es d e R ea cç õe s 2. Pode obter-se a ordem em relação a um componente estudando logv em função da concentração desse componente, mantendo os outros componentes em excesso (Método de Ostwald) As ordens de uma reacção são números determinados experimentalmente e como tal: podem ter qualquer valor, mesmo fraccionário ou negativo. 517F ac to re s qu e In flu en ci am a V el oc id ad e da R ea cç ão F ac to re s qu e In flu en ci am a V el oc id ad e da R ea cç ão •• Frequentemente,Frequentemente, aa velocidadevelocidade éé tantotanto maiormaior quantoquanto maiormaior forfor aa concentraçãoconcentração dosdos reagentesreagentes.. •• EEmm regra,regra, aa velocidadevelocidade éé tantotanto maiormaior quantoquanto maiormaior forfor aa temperaturatemperatura,, jájá queque maioresmaiores temperaturastemperaturas significasignifica colisõescolisões molecularesmoleculares maismais frequentesfrequentes ee maismais energéticasenergéticas.. •• UmUm catalisadorcatalisador éé umauma substânciasubstância queque podepode aumentaraumentar aa velocidadevelocidade dede umauma reacçãoreacção química,química, semsem serser consumidaconsumida.. •• …………………… 5 518 Integração de Equações Cinéticas As leis de velocidade são em geral estudadas só no início, ou numa pequena fracção do curso da reacção. Para verificarmos se a lei cinética inicial é válida durante todo o curso da reacção há que passar da lei diferencial (lei de velocidade) para a forma integrada da lei de velocidade, que nos dá a variação das concentrações dos reagentes e produtos em função do tempo. D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l 519 Reacção de 1ªordem por integração =− Ak dt Ad 1 tkeAA ou AlntkAln 1001 −=+−= onde é a concentração inicial de A (instante t=0). ou D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l ou 6 520 Reacção de 2ªordem 2 2 Ak dt Ad =− tk A 1 A 1 2 0 += ⇒⇒⇒⇒ integração ×=− BAk dt Ad 2 t0 t0 00 2 BA AB ln BA 1tk × × × =×⇒⇒⇒⇒ integração D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l 521Nº de tempos de semi-transformação C on ce nt ra çã o Tempo de Meia Vida, t 1/2, ou período, T É uma indicação simples da velocidade de uma reacção e pode ser obtida pelo tempo que o reagente leva a reduzir-se a metade do valor inicial. Reacção de 1ªordem (t1/2 é independente da concentração inicial) 11 21 k 0,693 k 2 ln t == 20A 0A ln k 1 t 1 21 = ⇓⇓⇓⇓ D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l 7 522 Reacção de ordem n (t1/2 é dependente da concentração inicial) 1n 0Ank 1 t 21 −× = Pode dar também informação sobre a ordem da reacção. Tempo de Vida, ττττ É o tempo que o reagente leva a reduzir-se a 1/e da concentração inicial. Reacção de 1ªordem 1- k =τ D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l D a Le i d e V el oc id ad e à Le i I nt eg ra l 523 Te or ia s de V el oc id ad e de R ea cç ão Te or ia s de V el oc id ad e de R ea cç ão A temperatura tem em geral uma grande influência nas velocidades de reacção. Um aumento de temperatura provoca, em geral, um aumento na constante específica das velocidades de reacção. Esta dependência, para muitas reacções, pode ser expressa matematicamente pela LEI DE ARRHENIUS: RT Ea Aek − = onde A e Ea são constantes independentes da temperatura. A é o factor de frequência ou factor preexponencial e Ea a energia de activação. 8 524 Teorias de Velocidade de ReacçãoTeorias de Velocidade de Reacção 525 Teorias de Velocidade de ReacçãoTeorias de Velocidade de Reacção 9 526 Teorias de Velocidade de ReacçãoTeorias de Velocidade de Reacção E nergia de activação (E a ), tem peratura e equilíbrio 527 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 2N O 2N O 10 528 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 529 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 11 530 Como propor um mecanismo para uma Como propor um mecanismo para uma reacção em que é conhecida a lei cinética?reacção em que é conhecida a lei cinética? (para o caso das leis cinéticas estequiométricas)(para o caso das leis cinéticas estequiométricas) Regra 1. Um único produto sugere um estado de transição único, envolvendo qualquer transferência de átomos numa reacção elementar;a existência de vários produtos é comum em mecanismos que envolvem vários estados de transição e consequentemente várias reacções elementares; Regra 2. A lei cinética estequiométrica de uma reacção permite conhecer a constituição e a carga dos complexos activados no passo determinante de velocidade de reacção, mas não dá informação sobre o nº de espécies de concentração constante, como é o caso do solvente. Regra 3. Ordens negativas resultam de equilíbrios rápidos que antecedem o passo determinante. M ec an is m os d e R ea cç õe s Q uí m ic as M ec an is m os d e R ea cç õe s Q uí m ic as 531 Quando um intermediário tem constantes específicas de velocidade de reacção muito maiores para o consumo do que para a formação, após os instantes iniciais, a concentração desse intermediário é constante e atinge-se uma situação de ESTACIONARIDADE para essa espécie. No ESTADO ESTACIONÁRIO a velocidade de formação do intermediário é igual à velocidade de desaparecimento. Note-se que: a condição de estacionaridade não envolve só uma reacção e o seu inverso, pois tal corresponderia à situação de equilíbrio. M ec an is m os d e R ea cç õe s Q uí m ic as M ec an is m os d e R ea cç õe s Q uí m ic as 12 532 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 533 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 13 534 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 535 Mecanismos de Reacções QuímicasMecanismos de Reacções Químicas 14 536 Catalisador é uma substância que pode aumentar a velocidade de uma reacção química, sem nela se consumir, criando um novo mecanismo para a reacção química, mas com uma energia de activação mais baixa do que a da reacção inicial. C at ál is e C at ál is e O catalisador actua como qualquer reagente na lei de velocidade de reacção, apenas diferindo dos reagentes por ser regenerado. 537 Ao abrir um caminho alternativo para um reacção, um catalisador não suprime o mecanismo da reacção não catalisada, pelo que a velocidade da reacção pode ter uma contribuição da reacção catalisada e da reacção não catalisada. Exemplo de catalizador: -Estrutura do ZSM-5 (zeólito) Possível aplicação: C at ál is e C at ál is e 15 538 CatáliseCatálise 539 CatáliseCatálise 16 540 CatáliseCatálise 541 CatáliseCatálise 17 542 Catálise por metais O catalisador actua por um processo de absorção das moléculas do reagente à sua superfície. Estes processos de adsorção são muito utilizados na catálise das reacções químicas, particularmente para reacções entre gases, quando a reacção à superfície do catalisador tem uma energia de activação muito mais baixa (pelo menos 80 kJmol-1) do que em solução. C at ál is e C at ál is e 543 Para um processo cinética de 1ª ordem: Apb1 Apb k dt Adp - ×+ ××= com θ= ×+ × Apb1 ApbParâmetro de adsorção numa isotérmica de Langmuir (constante específica da reac- ção catalisada). Fracção da área de catalisador coberta de moléculas Quando bpA>>1 ⇒ forte absorção de reagentes. 1. Reacção de Ordem Zero tko A pAp k dt Adp - ×+=⇒= Condições de maior interesse cinético bpA>>1 ⇒ a uma pequena fracção de área de catalisador coberta (FRACA ADSORÇÃO DE REAGENTES). C at ál is e C at ál is e 18 544 2. Reacção de Primeira Ordem tbko A p ln Ap ln Apbk dt Adp - ××+=⇒××= o coeficiente b depende da temperatura × −×= TR abs∆H expCb × −−×××= TR abs∆HaE expApCA dt Adp - Por aplicação da lei de Arrhenius k, onde A e C são constantes, ∆Habs a entalpia de adsorção e Ea a energia de activação da reacção não catalisada.C at ál is e C at ál is e 545 Na catálise enzimática um reagente, normalmente designado por substrato, S, liga-se a uma enzima (catalisador biológico), E, conduzindo à formação de produtos. Segundo o mecanismo de Michaelis e Menten Catálise enzimática E + S ES E + produtos k1 k-1 k2 C at ál is e C at ál is e 19 546 C at ál is e C at ál is e 547 A lei de velocidade da reacção pode ser obtida através do método do estado estacionário. Nestas condições, a velocidade com que ES se forma é igual à do seu desaparecimento ×+ − =×× ES 2 k 1 k SE 1 k ou [ ] [ ] M k SE ES ×= 1 k 2 k 1 k M k +−= onde kM é a constante de Michaelis. ⇓⇓⇓⇓ C at ál is e C at ál is e 20 548 A velocidade de formação de produtos é: [ ] [ ] M k SE 2 kES 2 k ××=×=υ Como, em geral [E]<[S] ⇒ [S]~[S]inicial; [E]=[E]T-[ES] então, [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ]S M k S T E ES ES S T E S M k 1 ES T E S M k M k S[ES]TE ES + × =⇒ × =+⇒ −=⇒ ×− = [ ] [ ] + ××=υ S M k STE 2 k EQUAÇÃO DE MICHAELISC at ál is e C at ál is e