Restrições a homens gays doando sangue nos EUA levantados pela FDA

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Restrições a homens gays doando sangue nos EUA
levantados pela FDA
(Vladimir Vladimirov/Getty Images)
A Food and Drug Administration dos EUA anunciou em 11 de maio de 2023 que retirou oficialmente as
restrições que proíbem homens gays e bissexuais de doar sangue em muitas circunstâncias em 11 de
maio de 2023.
A proibição foi inicialmente posta em prática nos primeiros dias da epidemia de AIDS, mas por anos
profissionais médicos e defensores dos direitos dos homossexuais argumentaram que a proibição não
era mais medicamente justificável e que discrimina desnecessariamente os homens que fazem sexo
com homens.
Ayako Miyashita é pesquisador de políticas de saúde da Universidade da Califórnia, em Los Angeles,
que estuda o tratamento e a prevenção do HIV. Ela explica a história da proibição e o raciocínio por trás
de sua tão esperada reversão.
1. Quando e por que a proibição começou?
Quando a FDA implementou pela primeira vez a proibição de doação de sangue em 1983 para homens
que fazem sexo com homens, havia boas razões para regulamentos amplos para garantir a segurança
do suprimento de sangue.
No início da epidemia de AIDS, as autoridades de saúde pública estavam lidando com um vírus
desconhecido que se espalhou por meios desconhecidos. Os pesquisadores identificaram formalmente o
HIV como a causa da AIDS um ano depois, em 1984, e levou mais um ano para aprovar o primeiro teste
para rastrear doações de sangue para o HIV, em 1985.
Apesar da proibição de doações de sangue de homens que fazem sexo com homens, houve algum
pequeno risco de que falhas na triagem de doadores e protocolos de rastreio de sangue possam levar à
https://www.npr.org/2023/05/11/1175622785/fda-blood-donations-gay-bisexual-men
https://doi.org/10.1111/1468-0009.12114
https://www.sciencealert.com/pandemic
https://www.sciencealert.com/hiv
https://theconversation.com/men-who-have-sex-with-men-originated-during-the-hiv-pandemic-to-focus-on-behavior-rather-than-identity-but-not-everyone-thinks-the-term-helps-189619
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https://www.federalregister.gov/documents/2011/07/19/2011-18093/quarantine-release-errors-in-blood-establishments-public-workshop
https://www.federalregister.gov/documents/2011/07/19/2011-18093/quarantine-release-errors-in-blood-establishments-public-workshop
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transmissão do HIV ou outras doenças da transfusão de sangue.
Mas ao longo dos anos, os avanços científicos e os protocolos rigorosos ajudaram a quase eliminar a
transmissão do HIV através do sangue. Na verdade, a última transmissão documentada do HIV através
do produto sanguíneo de um doador dos EUA ocorreu há quase 15 anos.
A partir de 2013, o governo dos EUA começou a implementar um sistema nacional para monitorar a
segurança do suprimento de sangue dos EUA para uma variedade de patógenos diferentes, incluindo o
HIV.
2. Por que levantar a proibição agora?
Embora a proibição da doação de sangue – assim como muitas outras leis aprovadas na década de
1980 em relação à exposição ao HIV e disseminação – fosse razoável na época, a ciência mudou.
Pesquisadores e autoridades de saúde pública ganharam uma melhor compreensão de como o HIV é
transmitido e os riscos associados a diferentes atividades.
Dado o conhecimento de hoje, muitos especialistas médicos acreditam que os benefícios da proibição
não superam mais o impacto no fornecimento de sangue ou o dano causado pelo que é uma regra
discriminatória.
A FDA tem trabalhado lentamente para essa mudança. Em dezembro de 2015, a organização deu um
grande passo ao permitir que os homens que fazem sexo com homens doassem sangue se não
tivessem tido contato sexual em um ano. Esse período foi reduzido para três meses em abril de 2020,
durante o auge da pandemia de COVID-19, para ajudar a combater a escassez crítica de sangue.
Embora um passo na direção certa, essas atualizações não mudaram a avaliação contundente da FDA
de que os homens que fazem sexo com homens estão realizando comportamentos sexuais de alto risco
e são eles próprios doadores de alto risco.
Pesquisadores e defensores dos direitos dos homossexuais há muito argumentam que os adiamentos
baseados no tempo não têm nuances e não consideram realisticamente as diferenças de risco
associadas ao tipo de sexo, tipo de relacionamento, número de parceiros e frequência de encontros
sexuais.
O mais recente rascunho das recomendações da FDA é um longo caminho para melhorar a clareza
sobre o que faz de uma pessoa um doador de alto risco e remove a categorização geral de possíveis
doadores com base apenas em seu gênero e orientação sexual.
Sob as novas diretrizes, há uma maneira de diferenciar entre indivíduos que são monogâmicos e
aqueles que não são, bem como entre aqueles que não se envolveram em sexo anal nos três meses
anteriores e aqueles que têm.
A recomendação agora sugere que os questionários de história do doador de sangue sejam usados para
avaliar o risco de um indivíduo, em vez de uma dependência de categorizações amplas. Se a avaliação
achar que um indivíduo é de alto risco, as diretrizes recomendam que a pessoa seja impedida de doar
sangue por três meses.
https://doi.org/10.1111/trf.12423
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https://www.redcross.org/about-us/news-and-events/press-release/2020/american-red-cross-faces-severe-blood-shortage-as-coronavirus-outbreak-threatens-availability-of-nations-supply.html
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https://www.fda.gov/regulatory-information/search-fda-guidance-documents/recommendations-evaluating-donor-eligibility-using-individual-risk-based-questions-reduce-risk-human
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3. Que efeito isso poderia ter no suprimento de sangue?
O último movimento da FDA representa uma mudança sísmica para os homens que fazem sexo com
homens, bem como para o suprimento de sangue criticamente baixo dos EUA.
De acordo com pesquisas recentes, uma estimativa conservadora sugere que o levantamento da
proibição levará a um aumento de 2% a 4% no suprimento de sangue. Com a contínua escassez de
sangue, esse aumento pode ajudar a salvar mais de um milhão de vidas.
Além disso, a remoção de gênero e orientação sexual da avaliação de risco para a doação de sangue
levará os EUA um passo adiante para abordar o estigma e a discriminação contra homens que fazem
sexo com homens.
Ayako Miyashita, Professor Adjunto de Políticas Públicas e Bem-Estar Social, Universidade da
Califórnia, Los Angeles
Este artigo é republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo
original.
https://theconversation.com/heading-into-the-third-year-of-the-pandemic-the-us-blood-supply-is-at-a-10-year-low-175906
https://williamsinstitute.law.ucla.edu/publications/blood-donation-ban-msm/
https://theconversation.com/profiles/ayako-miyashita-1439592
https://theconversation.com/institutions/university-of-california-los-angeles-1301
https://theconversation.com/
https://theconversation.com/gay-men-can-now-donate-blood-after-fda-changes-decades-old-rule-a-health-policy-researcher-explains-the-benefits-205544