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03/10/2017 1 Clostridium sp. deteriorantes e patogenicos Dra. Nathalia Cristina Cirone Silva - Bastonetes Gram positivos - Formadores de esporos Clostridium - Bastonetes Gram positivos - Formadores de esporos - Anaeróbios estritos Clostridium � Classificação � Sacarolíticos ou Fermentativos � degradação açúcares – ácido butírico, ac. acético, butanol, acetona, isopropanol, CO2 e H2O; �espécies importantes e emergentes na contaminação de carnes embaladas a vácuo: C.estherteticum e C.algidicarnis. � C. butyricum, C. tyobutyricum Clostridium: Metabolismo Espécies sacarolíticas • Mesófilos; • Crescem em pH 4,2 a 4,4; • Deterioram enlatado levemente ácidos (derivados de tomate e frutas pouco ácidas); • C. butyricum e C. tyrobutyricum fermentam os lactatos; podendo contaminar queijos produzindo fermentação gasosa; • Esporos pouco resistentes ao calor ; • Deterioração por contaminação pós processamento ( vazamento). • Estufamento tardio � Proteolíticos � degradação de proteínas e aa, com produção de: * Gás, Compostos sulfurados, (H2S), Compostos nitrogenados (NH3), Indol, Escatol e outros peptídeos menores; * Putrescina e Cadaverina (C.putrefaciens) Clostridium: Metabolismo 03/10/2017 2 Espécies proteolíticas • C. sporogenes, C. bifermentans, C. putrefaciens • Putrefativo: decomposição de proteínas, peptídeos com produção de compostos sulfurosos • Mesófios • Não crescem em pH 4,6 • Deterioram alimentos pH > 4,8 (enlatados de baixa acidez sub-processados) • Deterioração: estufamento e odor pútrido (as vezes sem gás) Espécies psicrófilas • Deterioração carnes embaladas a vácuo • C. estertheticum subsp. estertheticum • Temperatura ótima 6-8 °C • Fermentam carboidratos com produção de ácido butírico e acético e gás H2 e CO2 • Produzem butanol e composto sulfurosos (H2S) • C. estertheticum subsp. laramiense • Temperatura ótima 15°C • Produção de ácido láctico, acético, fórmico e etanol • C. algidicarnis • Deterioração de produtos de carne de porco estocada a 4°C Deterioração por Clostridium • T.A. – Deterioração por termófilos anaeróbicos não produtores de H2S – C. thermosaccharolyticum – Esporos muito resistentes a altas temperaturas – Alimentos enlatados com pH ≥ 4.7 – Produção de ácido e gás Deterioração por Clostridium • Gasosa – C. butyricum e C. tyobutyricum – Sacarolíticos e mesófilos – Fermentação butírica com produção de grandes quantidades de ácido butírico e gás – Queijos e produtos lácteos Deterioração por Clostridium • Turbulenta do leite – C. perfringens – Mesófilos sacarolíticos – Micro-aerófilo – Alimentos sub-processados – Fermentam açúcares com grande produção de gás Clostridium sporogenes • Anaeróbio putrefativo, altamente proteolítico; • C. sporogenes, C. putrefaciens, C. botulinum deterioradores de muitos alimentos de origem protéica, produzem H2S e amônia; • Importantes em alimentos enlatados: subprocessamento: sobreviência dos esporos � super produção de gás � rompimento das latas; • Utilizado como alvo de processo térmicos � metabolismo similar ao C.botulinum e 4 a 5 vezes mais termoresistente. • Forma coágulo no leite; 03/10/2017 3 Clostridium butyricum e C. tyobutyricum Sacarolíticos e mesófilos – Fermentação butírica com produção de grandes quantidades de ácido butírico e gás em alimentos com alto teor de substratos fermentáveis, DETERIORAÇÃO GASOSA – “ Gassy” de queijos e produtos lácteos. • Termófilo sacarolítico obrigatório; • Esporos muito resistentes a temperaturas; • Deterioração em alimentos enlatados (pH ≥4.6) : “ DETERIORAÇÃO T.A.” Deterioração por Termófilos Anaeróbios não produtores de H2S Clostridium thermossacharolyticum Desulfotomaculum sp. • Anaeróbio obrigatório , � Energia: Respiração Anaeróbica: aceptor final de elétrons SO4-- e produtos finais H2S; � Características da deterioração : aroma ovo podre e escurecimento do produto, chamado de “DETERIORAÇÃO NEGRA”, sem estufamento � Alimentos envolvidos: ervilha e milho Clostridium perfringens • Mesófilos sacarolíticos; • Anaeróbio facultativo; • Não é dos mais resistentes termicamente: D100°C 0,31min; • Presentes em alimentos sub-processados, ou expostos a condições favoráveis ao microrganismo; • Fermentam açúcares com grande produção de gás e deterioram leite “ DETERIORAÇÃO TURBULENTA DO LEITE”. (coagulação em 24h) Clostridium perfringens • Esporos ovais e subterminais • Apresenta cápsula • Imóvel • Temperatura: 15 - 51°C • pH ótimo = 6,0 - 7,0 (entre pH 5,5 a 9,0) • Aw ótimo = 0,95 e 0,97 (aw min. 0,93) • esporulação ocorre para valores de pH entre 6,0 e 8,0 • Distribuição: Microbiota do solo, poeira, intestino do homem e de muitos animais. Clostridium perfringens - Apresenta 5 tipos toxigênicos Patogenicidade: Infecção de origem alimentar: - O tipo mais comum é o A - Sintomas: cólicas, náuseas, vômitos e dores abdominais intensas. - Duração: 1-2 dias. Clostridium perfringens • Enterotoxina – proteína citotóxica com atividade no íleo – induz alteração nas moléculas envolvidas na permeabilidade das membranas – acúmulo de fluídos e perda de eletrólitos no lúmen intestinal. – liberada no intestino delgado durante a lise da célula vegetativa no processo de esporulação. – resistente a tripsina, quimiotripsina e papaína; termolresistente lábel. – Gene cpe localizado no cromossoma 03/10/2017 4 Clostridium perfringens Gastroenterite • Período de incubação: 8 – 24 horas após a ingestão do • alimento. • O alimento deve conter níveis altos (> 106 por grama) do • micro-organismo. • Sintomas: diarreia aquosa com dor abdominal. • Duração da doença: 12 a 24h. • C. perfringens tipo A. • Associado ao consumo principalmente de carnes (paté, • salame, carnes bovinas, suínas, frango). Clostridium perfringens Enterite necrótica • Nova Guiné; • Associado ao consumo de carne suína; • Sintomas: dor abdominal, diarreia (as vezes com sangue), vômitos, • necrose do intestino delgado; C. perfringens tipo C • Associado aos baixos níveis de proteases pancreáticas produzida • devido a desnutrição e dietas ricas em inibidores de produção de • protease, como batata-doce, amendoim e soja; • Geralmente fatal. Fatores que influenciam surtos - Esfriamento inadequado de alimentos pré cozidos - Demora de um dia ou mais para servir o alimento - Deixar a comida pronta sem aquecimento - Reaquecimento inadequado � Definição: * Anaeróbio estrito em geral proteolíticos são também deterioradores de alimentos. Pode haver linhagens sacarolíticas. � Importância: * produzem potente NEUROTOXINA: (tipos A, B, C1, C2, D, E, F e G), todas antigenicamente distintas com consequências altamente danosas aos organismos animais (baixa resistência térmica). Brasil: surtos mais associados à toxina tipo A: * Em conservas de carnes, frutas e vegetais caseiros; * 2005: 4 casos em Taboão da Serra � 1 morte; * 2009: 2 casos em Santos; * mais de 12 casos desde 1990 (Secretaria de Saúde de Estado de SP) Clostridium botulinum Clostridium botulinum - São conhecidos 7 tipos toxigênicos. - Os tipos A, B, E e F são as principais causadoras do botulismo humano. - Os tipos C e D estão associados a quadros de botulismo em aves e outros mamíferos. � Três tipos de enfermidades podem estar associadas: � Intoxicação Alimentar clássica:( Toxemia) Botulismo em adulto: exposição a alimentos contaminados; � Botulismo Infantil : colonização do trato gastro-intestinal após ingestão de esporos � flora microbiana + ácidos biliares: ingestão de mel e alimentos crus; � Ferimento contaminados por C. botulinum Clostridium botulinum 03/10/2017 5 � Alimentos associados � Enlatados em geral artesanais e caseiros (72% dos surtos) Sub processamento térmico Alimentos com pH acima de 4,5 Recontaminação pós-processamento Alimentos com aw maior que 0,95 Alimentos protéicos envasados em recipientes herméticos (anaerobiose) vegetais grãos, sopas, etc. � Palmito: alimentoácido e portanto não pode ser considerado como principal produto de disseminação da intoxicação, bem como o caso do Pickles, pois ambos são produtos ácidos. Clostridium botulinum - A neurotoxina bloqueia a transmissão dos nervos colinérgicos impedindo a liberação de acetilcolina, resultando em paralisia flácida. Sintomas - Náuseas, tonturas, embaçamento visual e/ou visão dupla, ressecamento da orofaringe, constipação e dor abdominal, fraqueza muscular generalizada e morte por insuficiência respiratória. Mecanismo de ação da neurotoxina Prevenção • Redução do nível de contaminação; • Refrigeração a temperaturas abaixo de 3°C; • Acidificação com pH < 4,5; • Redução do nível aw: – tipo A - aw = 0,95 – tipo B - aw = 0,94 – tipo E - aw = 0,97 • Destruição dos esporos (com calor) no alimento; • Altas concentrações de sal; • Concentração de nitrito de 150 ppm. Clostridium difficile - Causa a colite pseudomembranosa. - Fatores de virulência: enterotoxina (toxina A), citotoxi na (toxina B) e uma substância inibidora da motilidade intestinal - Maioria dos casos ligados ao uso de antibióticos (ampicilina e cefalosporinas) - Tratamento: vancomicina - Ocorre destruição tissular e toxemia. Prevenção • Desenho de processo térmico adequado: esporos resistentes • Aumento da acidez, com pH crítico de 4.6, utilização de ácidos orgânicos de cadeia curta. Ex acético, láctico, cítrico. etc. • Difusão do ácido em porções grandes do alimento, tempo suficiente e concentração adequada de ácido para acidificar todas as partes do alimento. • Atividade de água (aw) abaixo de 0,95 ( 5,5% NaCl) • Adição de sais de cura como Nitrito (200mg/kg) • Manutenção de refrigeração. Referência • Massaguer, P.R. Microbiologia dos Processos aliemntares, Varela, 2005. • Jay, J.M. Microbiologia de alimentos. 6 ed. Artmed, 2005.