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18/10/2017
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AGROTÓXICOS
Profa. Adriana Pavesi Arisseto Bragotto
Faculdade de Engenharia de Alimentos – UNICAMP
Departamento de Ciência de Alimentos
2017 TA-611
Agrotóxico
Pesticida
Remédio 
para planta
Veneno
Produto 
fitossanitário
Praguicida
Defensivo 
agrícola
Agroquímico
TERMINOLOGIA
Substâncias ou mistura de substâncias usadas para prevenir, 
controlar, ou diminuir o dano causado por uma praga durante a 
produção, estocagem, transporte, distribuição e processamento 
de alimentos, produtos agrícolas ou ração animal.
Insetos, patógenos de plantas, erva daninha, 
moluscos (lesmas e caracóis), pássaros, 
mamíferos, peixes, vermes (nematelmintos) 
e micro-organismos
DEFINIÇÃO
• Relatos na literatura de prejuízos causados por pragas agrícolas 
(infestação por gafanhotos, requeima da batata, ferrugem do 
cafeeiro, vassoura-de-bruxa...)
• Evidências de uso de enxofre para o controle de pragas datam de 
antes de 2500 a.C.
• Substâncias naturais: 
metais (século XV), 
sulfato de nicotina (século XVII), 
piretro e rotenona (século XIX) 
• Substâncias sintéticas (século XX): DDT, TEPP
HISTÓRICO
• Década de 1960: surgem as primeiras 
críticas em relação ao uso dos agrotóxicos
• 1963: Criação do JMPR (Joint FAO/WHO 
Meeting on Pesticide Residues) 
• Lei 7802/1989 (Lei dos Agrotóxicos) que 
dispõe sobre a regularização, o descarte e 
o uso em geral de agrotóxicos em território 
nacional
HISTÓRICO
• Revolução verde (1940-1970): Aumento da produção agrícola, 
resultante de um conjunto de ações baseadas em melhoramento 
genético, utilização de insumos industriais (fertilizantes e 
agrotóxicos sintéticos) e mecanização, entre outros.
VANTAGENS
Aumento da produção de alimentos
Redução de perdas pós-colheita
Saúde pública (ex: malária)
Qualidade e frescor de alimentos
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DESVANTAGENS
Desenvolvimento de tolerância
Contaminação ambiental
Saúde do aplicador
Resíduos em alimentos
RESÍDUOS
• Qualquer quantidade do agrotóxico ou produto derivado 
do mesmo presente nos alimentos ou ração animal. A 
presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos é 
resultante de:
– Uso intencional na produção de alimentos: aplicação direta 
do agrotóxico no alimento ou aplicação na praga (que 
contamina posteriormente o alimento)
– Contaminação ambiental: agrotóxicos que estão presentes 
no solo e na água por serem persistentes (contaminação de 
produtos de origem vegetal e animal)
REGULAMENTAÇÃO
• Por serem substâncias de uso intencional na produção de 
alimentos, os agrotóxicos precisam da obtenção de um registro 
onde são avaliados quanto aos aspectos de impactos ao meio 
ambiente, à saúde humana e à eficácia agronômica:
REGULAMENTAÇÃO
• Fica proibido o registro de agrotóxicos:
a) para os quais não estejam disponíveis métodos para desativação de 
seus componentes;
b) para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz;
c) que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou 
mutagênicas;
d) que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor;
e) que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de 
laboratório, com animais, tenham podido demonstrar;
f) cujas características causem danos ao meio ambiente.
REGULAMENTAÇÃO
• Competências da ANVISA:
– (Re)Avaliar e classificar toxicologicamente os agrotóxicos;
– Monitorar os resíduos de agrotóxicos e afins em alimentos;
– Estabelecer o Limite Máximo de Resíduos (LMR) com base na 
ingestão diária aceitável (IDA) ou dose de referência aguda (ARfD);
– Estabelecer o intervalo de segurança (período de carência) de cada 
ingrediente ativo de agrotóxico para cada cultura agrícola.
– Realizar campanhas/treinamentos de boas práticas
– Normatizar e elaborar regulamentos técnicos e monografias dos 
ingredientes ativos dos agrotóxicos
http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/agrotoxicos/produtos/monografia-de-agrotoxicos
REGULAMENTAÇÃO
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CLASSIFICAÇÃO
• Origem: naturais (piretro, rotenona), sintéticos (DDT)
• Estrutura química: inorgânicos (enxofre), orgânicos
• Persistência no ambiente: não persistentes (até 12 
semanas), moderadamente persistentes (até 18 meses), 
persistentes (2 a 5 anos)
• Modo de ação: por contato, sistêmico
CLASSIFICAÇÃO
• Toxicidade (DL50):
CLASSIFICAÇÃO
• Tipo de praga (finalidade): inseticidas, herbicidas, 
fungicidas, rodenticidas, bactericidas, acaricidas, 
moluscicidas, virucidas, nematicidas...
Inseticidas
• Perdas agrícolas pelo ataque de insetos têm sido estimadas 
em 14%
• Compostos sintéticos e de origem natural, orgânicos e 
inorgânicos
• Sintéticos/orgânicos são os mais utilizados e são divididos 
de acordo com o grupo químico em:
• Organoclorados
• Organofosforados
• Carbamatos
• Piretroides
Inseticidas
OrganocloradosOrganoclorados
DDT
DDD, dicofol, metoxicloro
Derivados de difeniletano
HCH
α, β, γ (lindano), δ
Derivados de ciclohexano
Aldrin
Heptacloro, endossulfan, 
endrin, clordano
Derivados de ciclodienos
Inseticidas
OrganocloradosOrganoclorados
Características
• Grupo pioneiro dos 
agrotóxicos sintéticos
• Auge do uso: 1940-1960 
(agrícola e domiciliar)
• Proteção contra malária, 
piolho, tifo e outras 
enfermidades transmitidas 
ao homem por insetos, 
bem como para o controle 
da enorme quantidade de 
espécies prejudiciais à 
lavoura
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Inseticidas
OrganocloradosOrganoclorados
Características
• DDT: excelente propriedades inseticidas, baixo custo, facilidade de 
síntese
• Persistentes no ambiente (acúmulo na cadeia alimentar) - POPs
• Altamente lipofílicos (tecidos adiposos de peixes, aves e mamíferos)
• Uso proibido ou severamente restringido em diversos países
• A maioria dos organoclorados destinados ao uso na agricultura teve a 
comercialização, uso e distribuição proibidos no Brasil pela Portaria nº 
329, de 02 de setembro de 1985 (exceções: endossulfan e dicofol, que 
foram posteriormente proibidos)
• Resíduos ainda são encontrados em alimentos (contaminantes)
Inseticidas
OrganocloradosOrganoclorados
Toxicidade
• Vias de absorção: oral, respiratória e dérmica
• Neurotóxicos
• Sintomas de intoxicação: náusea, vertigem, transpiração fria, dor de cabeça, 
perda de apetite, perda de peso, convulsões. Insetos apresentam tremores 
generalizados, hiperexcitação, perda de mobilidade e paralisia
• Desreguladores endócrinos
• Toxicidade aguda relativamente baixa para mamíferos (exceção: alguns 
ciclodienos)
• Fatalidades reportadas com ciclodienos (endrin, dieldrin)
• Vias de excreção: fezes, urina e leite
Inseticidas
OrganofosforadosOrganofosforados
Paraoxon etílico
Nalede, TEPP
Derivados do ácido 
fosfórico/pirofosfórico
Malation
Diazinon, paration etílico, fosmete
Derivados do ácido 
tiofosfórico/ditiofosfórico
Clorpirifós
Dipterex, diclorvós
Clorofosforados
Acefato
Fenamifós
Derivados do ácido 
fosforoso
Inseticidas
OrganofosforadosOrganofosforados
Características
• Primeiros substitutos dos organoclorados (banimento, desenvolvimento 
de tolerância)
• Alto poder inseticida e largo espectro de ação
• Baixa ação residual e curta persistência no solo (1 a 3 meses)
• Classe de inseticidas mais utilizada
Inseticidas
OrganofosforadosOrganofosforados
Toxicidade
• Variada (ex: paration é muito tóxico enquanto malation é pouco tóxico)
• Alto risco de intoxicação aguda e ocupacional
• Metabolismo rápido, não cumulativo
• Neurotóxicos: inibição da acetilcolinesterase (fosforilação)
• Sintomas: aumento de salivação, lacrimejamento, sudorese, vômito, 
diarreia, pulsação lenta, hipotensão, convulsões, morte por asfixia
• Responsável por grande número de intoxicações e mortes no país (dos 
aplicadores)
• Exposiçãocrônica (animais): câncer, efeitos teratogênicos, esterilidade, 
aborto espontâneo e deficiência cognitiva
Inseticidas
CarbamatosCarbamatos
Carbaril Carbofuran Aldicarb
“chumbinho”
Derivados do ácido carbâmico e N-metilcarbâmico
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Inseticidas
CarbamatosCarbamatos
Características e 
toxicidade
• Primeiros compostos foram sintetizados na década de 1950, para 
insetos resistentes aos organofosforados
• Alto poder inseticida, mas pequeno espectro de ação
• Baixa ação residual e curta persistência no solo 
• Neurotóxicos: inibição da acetilcolinesterase (carbamilação: mais 
facilmente revertida que a fosforilação)
• Sintomas similares aos organofosforados
Inseticidas
PiretroidesPiretroides
Análogos sintéticos das 
piretrinas (naturais)
Chrysanthemum cinerariaefolium
Cipermetrina Deltametrina
Inseticidas
PiretroidesPiretroides
Características
• Introduzidos no mercado em 1976 
• Comumente empregados em campanhas de 
saúde pública na erradicação de mosquitos, no 
armazenamento de grãos e em uso doméstico 
para a eliminação de insetos em geral
• Alta eficiência (substitutos potenciais dos organofosforados)
• Alto custo
• Efeito sinergista (aumento da eficácia)
• Baixa ação residual e curta persistência no solo 
Inseticidas
PiretroidesPiretroides
Toxicidade
• Geralmente seguros para mamíferos
• Neurotóxicos: interferência na transmissão de impulsos nervosos
• Provocam rápida/imediata paralisia muscular (efeito “knock down”)
• Podem possuir efeito repelente
• Poucas evidências sugerem toxicidade crônica
• Podem desencadear crises de asma e bronquite em crianças
Herbicidas
• Perdas agrícolas pelo ataque de ervas daninhas têm sido estimadas 
em 9-10%
• Erva daninha = toda a planta que difere da cultura específica em 
crescimento
• Mecanismo de ação: inibição de fotossíntese, da respiração e de 
síntese de proteínas, entre outros
• Podem ser seletivos ou não seletivos
• Sintéticos/orgânicos são divididos em:
• Acíclicos (glifosato, alacloro, metacloro)
• Homocíclicos (2,4-D)
• Heterocíclicos (diquate, paraquate)
Herbicidas
GlifosatoGlifosato
• Rondup (Monsanto), “mata mato”
• Herbicida não seletivo
• Um dos mais utilizados (soja)
• Toxicidade oral aguda relativamente baixa
• Incidência de linfoma e danos no DNA 
• Em reavaliação pela ANVISA
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Herbicidas
ParaquateParaquate
• Herbicida não seletivo
• DL50 em humanos é extremamente baixa = 3 a 5 mg/kg 
• Toxicidade aguda: pulmão (fibrose pulmonar)
• Morte em até 48 horas após ingestão (suicídios, assassinatos)
• Toxicidade crônica: relação com a doença de Parkinson em aplicadores 
• Reavaliado pela ANVISA (2017): com restrições de uso a partir de 
22/09/2017 e proibido a partir de 22/09/2020
Fungicidas
• Perdas agrícolas por doenças resultantes do ataque de 
fungos têm sido estimadas em 12%
• Muito utilizados em países de clima tropical
• Podem ser inorgânicos (derivados de enxofre) e orgânicos 
• Sintéticos/orgânicos são mais eficientes
• Ditiocarbamatos
• Benzimidazois
• Dicarboximidas
• Hidrocarbonetos aromáticos substituídos
Fungicidas
DitiocarbamatosDitiocarbamatos
• Toxicologicamente seguros para exposições agudas
• Para exposição crônica, alguns efeitos tem sido observados (ex: 
teratogenicidade)
• São degradados/biotransformados em etilenotiouréia, composto 
teratogênico, mutagênico e carcinogênico
• Exemplos: mancozeb, maneb, 
tiram, metiram
Fungicidas
BenzimidazoisBenzimidazois
Carbendazim
• Amplo espectro de ação
• Largamente utilizados (citrus)
• Aumento do risco de hepatocarcinomas
• Efeitos tóxicos na reprodução (câncer de ovário, infertilidade)
• Embargo das exportações de suco de laranja pelos EUA em 2012 devido 
à presença de carbendazim
OUTRAS INFORMAÇÕES
Ingrediente 
ativo
Classe IARC IDA 
(mg/kg pc)
Classificação 
toxicológica
Situação de uso no 
Brasil
DDT I-OC 2A - - Proibido
Aldrin I-OC 2A - - Proibido
Malation I-OF 2A 0,3 III Autorizado
Acefato I-OF - 0,0012 III Autorizado
Clorpirifós I-OF - 0,01 II Autorizado
Carbaril I-C 3 0,003 II Autorizado
Carbofuran I-C - 0,002 I Proibido (2017)
Aldicarb I-C 3 0,003 I Autorizado
Cipermetrina I-P - 0,05 II Autorizado
Deltametrina I-P 3 0,01 III Autorizado
Glifosato H 2A 0,042 IV Autorizado (revisão)
Paraquate H - 0,004 I Restrição de uso 
(proibido a partir de 2020)
Mancozeb F - 0,03 III Autorizado
Carbendazim F - 0,02 III Autorizado
MONITORAMENTO
• 12.051 amostras
• 25 alimentos de origem 
vegetal
• 232 ingredientes ativos
http://portal.anvisa.gov.br/documents/111215/0/Rel
at%C3%B3rio+PARA+2013-2015_VERS%C3%83O-
FINAL.pdf/494cd7c5-5408-4e6a-b0e5-5098cbf759f8
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MONITORAMENTO MONITORAMENTO
(I-OF)
(F)
(F)
(I-OF)
(F)
(I-NN)
(F)
(I-OF)
(F)
(F)
• Dos 232 IA investigados, foram encontrados resíduos de 134 moléculas.
**
*
***
MONITORAMENTO MITO OU VERDADE?
Para reduzir a ingestão 
de agrotóxicos:
• Lavar os alimentos 
em água corrente
• Retirar a casca
• Alimentos orgânicos 
(certificados)
• Alimentos de safra
PRÓXIMA AULA
Aditivos em alimentos

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