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Tribunal Regional do Trabalho
Legislação
Lei nº 8.112
 
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LEI 8.112 – REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES 
PÚBLICOS 
1. Regime Jurídico dos Servidores Públicos 
1.1 Ausências do servidor 
1.1.1 Férias 
O servidor público tem 30 dias de férias por ano. Para gozar o primeiro período de 
férias, o período aquisitivo será de 12 meses de trabalho. 
 
 
Apenas para o primeiro período é que se exige o período aquisitivo de 12 meses. 
 
As férias podem ser parceladas em até 3x, desde que requeridos pelo servidor e 
autorizado pela Administração. Lembrando que nenhum período pode ser inferior a 10 dias. 
A remuneração das férias deve ser paga de forma adiantada, até dois dias antes do 
início do período. 
As férias podem ser acumuladas em até 2 períodos – no interesse da Administração 
– o que não gera direito à indenização. Além disso, as férias podem ser interrompidas por 
calamidade pública ou comoção interna; convocação para júri, para serviço militar ou eleitoral; 
ou por necessidade do serviço, desde que demonstrada pela autoridade máxima do órgão. 
 
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Aos servidores que operam Raio-X concede-se o direito de 20 dias de férias a cada 
6 meses de trabalho e não se admite a acumulação. Nesse caso, o gozo das férias não deve 
ser parcelado. 
1.1.2 Licenças 
Como regra, as licenças não remuneradas pela Administração Pública não contam 
como tempo de serviço, mas contam para fins de aposentadoria, eis que o servidor poderá 
continuar contribuindo para a Previdência. 
É importante destacar que as licenças são temporárias e se do término de uma até o 
início de outra da mesma natureza não decorrer mais de 60 dias, essa segunda licença será 
considerada como uma prorrogação da primeira. 
As licenças são: 
• Por motivo de doença familiar: tal licença pode ser concedida no estágio 
probatório, mas suspende a sua contagem. Durante essa licença é vedado 
o exercício de atividade remunerada. Para que o servidor tenha direito a essa 
licença por até 60 dias com remuneração precisa comprovar 3 requisitos: 1) 
demonstrar – por laudo médico – que a pessoa da família está doente; 2) que 
a pessoa doente depende de assistência direta do servidor; e 3) que o servidor 
não pode conciliar a prestação da assistência com a prestação do serviço. 
Passados os 60 dias, é possível prorrogar por até 90 dias, sem remuneração. 
Nova licença pelo mesmo motivo só poderá ser requerida após 12 meses de 
prestação de serviços. 
• Por motivo de afastamento do cônjuge: tal licença pode ser concedida no 
estágio probatório, mas suspende a sua contagem. É possível desde que o 
cônjuge – ainda que não seja servidor – tenha sido afastado a trabalho para 
qualquer lugar do território nacional ou exterior. A licença não tem prazo e 
não tem remuneração. No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou 
companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos 
 
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Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá 
haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal 
direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade 
compatível com o seu cargo. O STJ entende que não se trata de uma licença 
discricionária, e sim vinculada. 
• Por motivo de Serviço Militar: tal licença pode ser concedida no estágio 
probatório e não suspende a sua contagem. É remunerada e possui prazo 
que coincide com o tempo de serviço militar. Terminada a licença, o servidor 
terá até 30 dias, sem remuneração, para voltar ao serviço. 
• Por motivo de Atividade Política: tal licença pode ser concedida no estágio 
probatório, mas suspende a sua contagem. Essa licença é para quem 
pretende se candidatar. No momento em que o servidor é escolhido na 
convenção do partido até a véspera do registro da candidatura tem direito à 
licença sem remuneração. Após o registro e até 10 dias após as eleições tem 
direito à licença com remuneração, entretanto, a remuneração só poderá durar 
3 meses. 
• Por motivo de capacitação: não pode ser concedida no estágio probatório. 
A cada 5 anos de efetivo exercício (ininterruptos ou não) no serviço público, 
o servidor tem direito de até 3 meses de licença para fazer curso de 
capacitação profissional no interesse da Administração. É licença remunerada 
e discricionária. Não pode ser acumulada, ou seja, não se admite que não 
sendo admitido que, após 10 (dez) anos de exercício, a licença chegue a seis 
meses. 
• Por interesse particular: não pode ser concedida no estágio probatório. 
Não depende de motivação especifica, podendo o servidor requerer tal licença 
para qualquer atividade no interesse dele. É discricionária e precária, 
podendo a Administração revogá-la por necessidade do serviço. Não é 
remunerada e pode ser concedida por até 3 anos improrrogáveis. Para que 
possa ser requerida nova licença de mesma natureza tem que passar mais de 
60 dias. Apenas os servidores titulares de cargo de provimento efetivo têm 
 
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direito a essa licença. Não é contada como tempo de serviço, nem para fins 
de aposentadoria e disponibilidade. 
• Para Mandado Classista: não pode ser concedida no estágio probatório. 
Somente serão licenciados os servidores eleitos para os cargos de direção ou 
representação em entidades de classe dos servidores, assim considerado o 
desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe 
de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade 
fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou 
administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos 
para prestar serviços a seus membros A licença não é remunerada e dura o 
tempo do mandato classista, sendo que a lei permite prorrogação se houver 
reeleição (uma única vez). Esta licença, embora não seja remunerada, é 
computada como tempo de serviço para todos os efeitos, menos para fins de 
promoção por merecimento. 
 
1.2 Afastamento 
São hipóteses em que o servidor se afasta do exercício do serviço público para 
execução de outras atividades de interesse da coletividade ou de cunho social. 
1.2.1 Serviço em outro órgão 
O servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade 
dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios ou em serviço social 
autônomo instituído pela União que exerça atividades de cooperação com a administração 
pública federal, para exercício de cargo em comissão ou função de confiança, ou de direção ou 
gerência no caso dos serviços sociais autônomos, além de situações previstas em lei específica. 
Principais características: 
a) intuitu personae; 
 
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b) não definitiva; 
c) é uma forma de deslocamento apenas do servidor (não do cargo); 
d) pode se dar para qualquer órgão ou entidade de qualquer dos Poderes dos entes 
federativos. 
O ônus de pagar ao servidor pode ser definido no ato de cessão, mas se o ato 
não mencionar nada, tem-se que: se o servidor for cedido para outro órgão ou entidade da 
União quem pagará será o cedente; já se o servidor for cedido para órgão ou entidade dos 
estados, DF, ou municípios o pagamento ficará a cargo do cessionário. Em se tratando de cessão 
para a empresa pública ou sociedade de economia mista federais, o servidor tem a faculdade 
de optar pela remuneração do cargo de origem, somada à parcela relativa ao cargo em 
comissão, ou pela remuneração integral do emprego de origem, na empresa. 
Acrescenta-se que o servidor, em estágio probatório, somente poderá ser cedido a 
outro órgão público para o exercício de cargos em comissão de DAS 4, 5 ou 6 ou, ainda, cargos 
de natureza especial. 
 
1.2.2 Mandato Eletivo 
Não se confunde com a licença para exercício de atividade política, eis que esta é 
concedia aos servidores que querem se eleger. Já este afastamento é para o servidor exercer o 
mandato popular. Vai da posse (não se conta a partir da diplomação) até o fim do mandatoeletivo. 
Se o servidor for eleito para cargo no âmbito da União, Estado ou DF será afastado 
sem remuneração do cargo efetivo. Se for eleito no âmbito do município para Prefeito, será 
afastado mas poderá optar pela remuneração. Se eleito vereador e tiver compatibilidade de 
horários, poderá acumular os cargos e as remunerações. Se não houver compatibilidade de 
horários, será afastado e poderá optar pela remuneração. 
 
7 
Esse afastamento conta como tempo de serviço para todos os efeitos, exceto para 
promoção por merecimento. 
 
1.2.3 Estudo ou missão de interesse público no exterior 
Esse afastamento é remunerado e pode ser concedido por até 4 anos. Quando o 
servidor volta ao exercício da atividade fica impedido de ser exonerado – a pedido – pelo mesmo 
prazo que passou afastado. Também não poderá ser concedida licença para interesse particular, 
salvo se fizer o reembolso do período correspondente à Administração. 
Pode ser concedida no estágio probatório e o tempo de afastamento não 
suspenderá a contagem deste. 
É ato discricionário da Administração, dependendo de autorização do Presidente da 
República, do Presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, de cada Tribunal ou 
do Procurador Geral da República. 
 
 
Se o afastamento for para servir em organismo internacional que o Brasil participa ou coopera 
será sem remuneração, eis que será remunerado pelo organismo e o período de afastamento 
irá suspender a contagem do estágio probatório. 
 
1.2.4 Pós-Graduação strictu sensu no país 
Terá que ser demonstrada a impossibilidade de conciliar a prestação do servido com 
a pós-graduação, eis que se for possível conciliar não haverá necessidade do afastamento. 
 
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O servidor que queira fazer mestrado tem que ter 3 anos de exercício na função; para 
os casos de doutorado e pós-doutorado exige-se 4 anos. Para a pós-graduação latu sensu não 
se pode pedir tal afastamento. 
Ainda para o afastamento em caso de mestrado e doutorado é necessário comprovar 
que nos últimos 2 anos não foi concedida licença para interesse particular, licença para 
capacitação e nem afastamento para pós-graduação. 
Depois que o servidor voltar, não poderá sair da função pelo mesmo prazo que ficou 
afastado, salvo se reembolsar a Administração. 
 
 
Se o servidor voltar sem o título terá que ressarcir o erário. 
1.3 Concessões 
São situações na qual o servidor pode se ausentar e o tempo de ausência será contado 
efetivamente para todos os casos e não ocorrerá prejuízo da remuneração. Divide-se em: 
• Gerais: concedidos a quaisquer servidores, esteja em estágio probatório ou 
não: 
a) 1 dia para doação de sangue – será o dia em que ele irá fazer a doação; 
b) Até 2 dias para fins de alistamento eleitoral, realistamento e mudança 
de domicilio eleitoral; 
c) 8 dias para casamento – licença gala – e para luto – licença nojo. 
 
• Especiais: 
 
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a) Estudantes: tem direito à horário especial para conciliar o serviço com 
os estudos, com compensação de horários; 
b) Pessoas com deficiência: o servidor tem direito à horário especial 
sem necessidade de compensação de horários; 
c) Familiar com deficiência ou doença: o servidor tem direito à horário 
especial com compensação de horários. 
 
1.4 Regime Disciplinar 
É o regime que estabelece as sanções administrativas. A responsabilidade do servidor 
tem a possibilidade de ser transmitida em várias instâncias, podendo ser punido nas esferas 
administrativa, civil e penal. 
Via de regra, essas instâncias são independentes entre si e não se comunicam, 
exceto se o servidor for absolvido na esfera penal por inexistência de fato ou por negativa 
de autoria. Nesses casos, ele não poderá ser responsabilizado em nenhuma outra esfera. 
Aluno, observe esse julgado1 de março de 2020 sobre o tema: “A sentença proferida 
no âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida: a) a 
inexistência material do fato; ou b) a negativa de sua autoria. Assim, se a absolvição ocorreu 
por ausência de provas, a administração pública não está vinculada à decisão proferida na esfera 
penal”. 
O regime disciplinar, portanto, é o regime que estabelece o processo de 
responsabilização do servidor público que cometer um ilícito administrativo e as respectivas 
sanções administrativas. 
As penalidades legalmente previstas são: 
 
1 STF. 2ª Turma. RMS 32357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970). 
 
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1.4.1 Advertência: 
É aplicada em hipóteses de infrações mais leves, especificamente nos casos do artigo 
17, incisos I a VII e XIX da Lei 8.112/90. 
A competência para aplicar tal penalidade é do próprio chefe da repartição. O prazo 
de prescrição é de 180 dias, contado da data em que a Administração tomou conhecimento do 
fato. Depois de aplicada, essa penalidade é registrada no assentamento pessoal do servidor e 
será cancelado o registro após 3 anos, desde que o servidor não comenta nenhuma outra 
infração punível com advertência. 
Deve ser necessariamente aplicada por escrito e prescreve em 180 dias. 
1.4.2 Suspensão: 
Regra geral, o prazo máximo da suspensão e de até 90 dias. Há situações em que 
o administrador não poderá abrir mão da prestação do serviço, nesses casos a penalidade de 
suspensão poderá ser substituída por uma multa de 50% do valor da remuneração. 
O prazo de prescrição é de 2 anos contados da data em que a Administração tomou 
conhecimento do fato. 
A competência varia de acordo com o prazo da penalidade. Se a suspensão for de 
até 30 dias, o próprio chefe da repartição poderá aplica-la; se for mais de 30 dias, quem aplica 
é a autoridade imediatamente inferior àquela competente para aplicar a pena de demissão. 
O prazo de cancelamento de registro da penalidade de suspensão é de 5 anos. 
A lei estabelece quatro hipóteses para aplicação da suspensão: 
1) Quando o servidor cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo 
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; 
2) Quando o servidor exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com 
o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; 
 
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3) Reincidência em infração punível com advertência: se o agente cometer 
infrações puníveis com advertência em menos de 3 anos de diferença – prazo 
em que o registro do servidor que foi punível com advertência é limpo – será 
considerado reincidente. 
4) Recusa de inspeção médica quando solicitado: nesse caso a suspensão não 
pode ultrapassar 15 dias. Porém, se o servidor se submeter a inspeção, a pena 
de suspensão será cessada automaticamente. 
 
 
Para aplicação de advertência e suspensão por até 30 dias, a lei permite que seja instaurada 
apenas uma sindicância, sem necessidade do PAD propriamente dito. A sindicância é um 
procedimento administrativo simplificado que deve durar no máximo 30 dias – prorrogável 
por igual período. Da sindicância pode ocorrer 3 resultados: (i) arquivamento: se não houver 
infração ou se não foi aquele servidor o autor da infração; (ii) sanção de advertência ou 
suspensão por até 30 dias: nos casos em que for confirmada o cometimento; e (iii) verificação 
de infração mais grave: nesse caso da sindicância vai decorrer a instauração do PAD. É 
importante destacar que a instauração do PAD, em regra, não depende de prévia sindicância. 
 
1.4.3 Destituição de cargo em comissão ou função de 
confiança: 
Se o servidor ocupante de cargo em comissão ou função de confiança cometer 
qualquer infração que enseja demissão ou suspensão, será destituído. 
 
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A exoneração é livre e não precisa de processo administrativo para tal, mas a 
destituição é penalidade e só pode ser aplicada mediante processo administrativo. 
A prescrição é de 5 anos contados da data em que a Administração tomou 
conhecimento do fato. E a competência é da autoridade que nomeou. 
 
1.4.4 Demissão 
Enseja a perda do cargo do servidor efetivoe ativo em caráter punitivo, nas hipóteses 
do artigo 132 da Lei 8.112/90. A competência para aplicação dessa penalidade é do chefe 
máximo do Poder ao qual o servidor está vinculado, porém tal competência é delegável2. 
A prescrição é em 5 anos contados da data em que a Administração tomou 
conhecimento do fato. 
1.4.5 Cassação de aposentadoria e disponibilidade: 
As hipóteses, competência e prescrição são igual as hipóteses da demissão, o que 
muda é a situação funcional do servidor. Se ele estiver aposentado, será cassada sua 
aposentadoria e, se for caso de disponibilidade, esta será cassada. 
Para aplicação desta penalidade, o servidor deve ter praticado um dos atos que 
ensejam a demissão durante a atividade. 
Porém, é possível a cassação da disponibilidade fora das hipóteses de demissão, no 
caso de o servidor em disponibilidade requisitado para aproveitamento, não comparecer. 
 
2 O art. 141, I, da Lei nº 8.112/90 prevê que as penalidades disciplinares de demissão e cassação de aposentadoria 
ou disponibilidade de servidores públicos ligados ao Poder Executivo federal devem ser aplicadas pelo Presidente 
da República. Por meio do Decreto nº 3.035/99, o Presidente da República delegou aos Ministros de Estado e ao 
Advogado-Geral da União a atribuição para aplicar tais penalidades. Assim, o Advogado-Geral da União, com base 
no Decreto nº 3.035/99, possui competência para, em processo administrativo disciplinar, aplicar pena de demissão 
a Procurador da Fazenda Nacional, que é membro integrantes da carreira da AGU. Vale ressaltar, contudo, que 
cabe recurso hierárquico próprio ao Presidente da República contra a aplicação dessa penalidade. STJ. 1ª Seção. 
MS 17449-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14/08/2019 (Info 657). 
 
13 
Muito recentemente, em abril de 2020, o STF ratificou a constitucionalidade dessa 
sanção. Observe em que termos se deu esse julgado3: 
“Não há inconstitucionalidade na previsão da penalidade de cassação de aposentadoria 
de servidores públicos, disposta nos arts. 127, IV, e 134 da Lei nº 8.112/90. A aplicação da 
penalidade de cassação de aposentadoria ou disponibilidade é compatível com o caráter 
contributivo e solidário do regime próprio de previdência dos servidores públicos. A perda 
do cargo público foi prevista no texto constitucional como uma sanção que integra o 
poder disciplinar da Administração. É medida extrema aplicável ao servidor que apresentar 
conduta contrária aos princípios básicos e deveres funcionais que fundamentam a atuação 
da Administração Pública. A impossibilidade de aplicação de sanção administrativa a 
servidor aposentado, a quem a penalidade de cassação de aposentadoria se mostra como 
única sanção à disposição da Administração, resultaria em tratamento diverso entre 
servidores ativos e inativos, para o sancionamento dos mesmos ilícitos, em prejuízo do 
princípio isonômico e da moralidade administrativa, e representaria indevida restrição ao 
poder disciplinar da Administração em relação a servidores aposentados que cometeram 
faltas graves enquanto em atividade, favorecendo a impunidade”. 
 
1.5 Processo Administrativo Disciplinar 
O processo administrativo disciplinar – PAD - serve para aplicar sanções aos servidores 
que comentem infrações no serviço público, deve durar 60 dias, mas pode ser prorrogado por 
igual período. 
Quem está respondendo processo administrativo disciplinar não pode ser exonerado 
a pedido e nem aposentado voluntariamente. Primeiro responde ao PAD, cumpre a pena, se for 
o caso, e, só após, poderá ser concedida a exoneração ou aposentadoria. 
A instauração do PAD interrompe o prazo de prescrição para aplicação da pena. 
Com a instauração é possível conceder medida cautelar administrativa, ou seja, o afastamento 
preventivo do servidor sem prejuízo da remuneração, por no máximo 60 dias prorrogáveis por 
igual período. Esse prazo não é impróprio e, sim, peremptório. Para aplicação de tal medida, o 
 
3 STF. Plenário. ADPF 418, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020. 
 
 
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administrador deve provar que a manutenção do servidor no cargo poderá atrapalhar o 
andamento regular do processo, ou dificultar a instrução probatória. 
O PAD é instaurado por uma portaria que também designa uma comissão 
processante composta de 3 servidores estáveis. Os servidores – tanto o acusado quanto os da 
comissão – não podem ser parentes até o 3º grau, ne cônjuge/companheiro. Além disso, o 
presidente da comissão deve ter cargo ou nível de escolaridade igual ou superior ao do acusado. 
Em razão de ter sido objeto de discussão recente no Superior Tribunal de Justiça, os 
dois entendimentos sumulados45 que se seguem são de conhecimento obrigatório para sua 
prova de concurso. Observe o que dizem sobre a instauração do PAD: 
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar 
prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. 
Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação 
ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em 
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. 
Após a instauração, inicia-se o inquérito que se divide em 3 subfases: 
• Instrução: necessária para a produção ampla de provas – busca pela verdade 
real. 
• Defesa: após a instrução, abre-se o prazo de 10 dias para a defesa. Se o 
servidor não for encontrado para intimação será intimado por edital e nesse 
caso o prazo de defesa será 15 dias. Se tiver mais de um acusado no mesmo 
processo, o prazo será de 20 dias. Se o servidor for revel será designado um 
defensor dativo que irá apresentar defesa no lugar do acusado. Esse defensor 
dativo deve ter nível de escolaridade e igual ou superior ao acusado e não 
precisa ser advogado. 
 
4 STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020. 
5 STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624). 
 
 
15 
• Relatório da comissão processante: após apresentação de defesa, o 
processo volta para a comissão que irá elaborar um relatório. O relatório tem 
natureza jurídica de parecer, eis que irá opinar, ou seja, será um relatório 
conclusivo. O julgador do PAD deverá seguir a conclusão apresentada no 
relatório, salvo se ela for manifestamente contrária à prova dos autos. 
Após o inquérito, a autoridade competente deve proferir o julgamento em, no máximo, 20 
dias, devendo ser motivado. 
Sendo assim, entende-se que o PAD pode durar no máximo 140 dias (60 + 60 + 20 do 
julgamento), podendo inclusive, ocorrer prescrição intercorrente se não acabar nesse prazo. 
O servidor pode insurgir-se contra a decisão proferida por meio de 3 formas: 
• Pedido de reconsideração: tem prazo de 30 dias. É interposto perante a 
própria autoridade que proferiu a decisão. 
• Recurso: também tem prazo de 30 dias. É interposto perante a autoridade 
superior e é cabível a reformatio in pejus. 
• Revisão: o pedido de revisão pode ser feito a qualquer tempo desde tenha 
fatos novos. É, em verdade, um novo processo. Ocorre de ofício ou mediante 
pedido do interessado (ou da família, em caso de falecimento, ausência ou 
desaparecimento do servidor). A comissão revisora tem 60 dias para 
conclusão. Veda-se a reformatio in pejus. 
 
É possível um processo diferenciado no caso de abandono de cargo e inassiduidade habitual, a 
lei prevê um processo sumário de no máximo 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. A comissão 
será formada por apenas 2 servidores estáveis. O prazo de defesa é de 5 dias. Esse mesmo 
processo é o aplicado na acumulação ilegal de cargos. 
 
	CAPA TRT 9
	a24a7c18f5a56defdfd803bae88609f8720ae402aafbe965ffeda823d0d29ac6.pdf

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