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Resumo Direito Processual Civil

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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Obs.: Com julgados anteriores ao CPC/2015
Atualizado em 02/12/2020: novos julgados + questões de concurso + compatibilização de alguns antigos com o CPC/2015 (revisão)
Pontos atualizados: nº 12 (Info 655); nº 28 (Info 655); nº 43 (Info 655); nº 12 (Info 656); nº 28 (Info 656); nº 34 (Info 656); nº 43 (Info 656 – 2 julgados); nº 11 (Info 657); nº 25 (Info 658); nº 26 (Info 658); nº 28 (Info 658 – 2 julgados); nº 28 (Info 659 – 2 julgados); nº 22 (Info 637 e Info 660) nº 43 (Info 660 – 3 julgados); nº 43 (Info 676)
1. PRINCÍPIOS
1.1. FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS: Análise do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 – (Info 585) – IMPORTANTE!!!
	O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. 
O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Essa é a interpretação que se extrai do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015. 
Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. 
STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), j. 8/6/16 (Info 585).
	OBS:
Fundamentação das decisões judiciais: O § 1º do art. 489 do CPC 2015 traz importantes regras sobre a fundamentação da decisão judicial:
Art. 489 (...)
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Vejamos agora um julgado envolvendo o inciso IV. Imagine a seguinte situação hipotética (diferente do caso concreto apreciado pelo STJ): João propôs ação de cobrança contra Pedro. O juiz extinguiu o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC/2015, por reconhecer que a pretensão do autor estava prescrita. Além disso, o magistrado afirmou que estava provado que Pedro já pagou o débito, não havendo, portanto, mais qualquer dívida. O autor não se conformou e interpôs apelação. O Tribunal manteve a sentença, mas se manifestou apenas sobre a prescrição, reconhecendo que ela estava presente no caso concreto. O acórdão nada falou sobre o pagamento da dívida que foi reconhecido pelo juiz de 1º grau e questionado por João no recurso. Diante disso, o autor apresentou embargos de declaração alegando que o acórdão do Tribunal foi omisso porque não se pronunciou sobre o seu argumento de que o débito ainda não foi pago e que, portanto, a dívida ainda existe. Assim, para o embargante, o acórdão violou o inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015:
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
Os embargos opostos merecem ser acolhidos? Houve omissão do acórdão do Tribunal? O acórdão do Tribunal contrariou a regra do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015? NÃO. A prescrição é uma causa de extinção do processo que, sendo reconhecida, faz com que o julgador não examine mais se a dívida é ou não devida. Logo, no exemplo hipotético, o Tribunal não tinha razão para se manifestar sobre a discussão se o débito tinha sido ou não pago.
1.2. Boa-fé Objetiva e a “nulidade a algibeira: Nulidade da decisão do relator que julga o agravo de instrumento a favor do agravante sem ouvir o agravado – (Info 539) – (MPMS-2015)
	A "nulidade de algibeira" ocorre quando a parte se vale da “estratégia” de não alegar a nulidade logo depois de ela ter ocorrido, mas apenas em um momento posterior, se as suas outras teses não conseguirem ter êxito. Dessa forma, a parte fica com um trunfo, com uma “carta na manga”, escondida, para ser utilizada mais a frente, como um último artifício.
Esse nome foi cunhado pelo falecido Ministro do STJ Humberto Gomes de Barros. Algibeira = bolso. Assim, a “nulidade de algibeira” é aquela que a parte guarda no bolso (na algibeira) para ser utilizada quando ela quiser.
Tal postura viola claramente a boa-fé processual e a lealdade, que são deveres das partes e de todos aqueles que participam do processo. Por essa razão, a “nulidade de algibeira” é rechaçada pela jurisprudência do STJ.
STJ. 3ª Turma. REsp 1372802-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 11/3/14 (Info 539).
2. CURADOR ESPECIAL
2.1. O recurso interposto pela Defensoria, na qualidade de curadora especial, não precisa de preparo – (Info 641) – IMPORTANTE!!!
		Tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo.
STJ. Corte Especial. EAREsp 978895-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 18/12/18 (Info 641).
2.2. Curador especial pode apresentar reconvenção – (Info 613) – IMPORTANTE!!! – (Anal. Judic./TRF1-2017)
	O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor do réu citado por edital, cujos interesses está defendendo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.088.068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 29/8/17 (Info 613).
	OBS:
Curador especial: O CPC prevê que, em determinadas situações, o juiz terá que nomear um curador especial que irá defender, no processo civil, os interesses do réu. O curador especial também é chamado de curador à lide.
Hipóteses em que será nomeado curador especial: Estão previstas no art. 72 do CPC. São quatro situações:
a) Quando o réu for incapaz e não tiver representante legal;
b) Quando o réu for incapaz e tiver representante legal, mas os interesses deste (representante) colidirem com os interesses daquele (incapaz);
c) Quando o réu estiver preso;
d) Quando o réu tiver sido citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Veja a redação legal:
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Quais são os poderes do curador especial? O que ele faz no processo? O curador especial exerce um múnus público. Sua função é a de defender o réu em juízo naquele processo. Possui os mesmos poderes processuais que uma “parte”, podendo oferecer as diversas defesas (contestação, exceção, impugnação etc.), produzir provas e interpor recursos. Por óbvio, o curador especial não pode dispor do direito do réu (não pode, por exemplo, reconhecer a procedência do pedido), sendo nulo qualquer ato nesse sentido. Vale ressaltar que, ao fazer a defesa do réu, o curador especial pode apresentar uma defesa geral (“contestação por negação geral”), não se aplicando a ele o ônus da impugnação especificada dos fatos (§ único, art. 341 do CPC). Desse modo, o curador especial não tem o ônus de impugnar pontualmente (de forma individualizada) cada fato alegado pelo autor.
O curador especial pode apresentar reconvenção? SIM. Como já dito, o curador nomeado tem comofunção precípua defender o réu nas hipóteses legais. Por “defesa”, deve-se entender isso de forma ampla, incluindo também a possibilidade de propor reconvenção. Tal orientação é a que melhor se coaduna com o direito ao contraditório e à ampla defesa. A doutrina vai além e afirma que o curador especial pode também propor ações autônomas de impugnação, a exemplo do mandado de segurança contra ato judicial.
Este art. 72 é aplicável apenas ao processo (fase) de conhecimento? NÃO. O art. 72 deve ser aplicado em qualquer processo, inclusive no caso de execução.
Súmula 196-STJ: Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.
O que essa função de curador especial tem a ver com a Defensoria Pública? A Lei Orgânica da Defensoria Pública (LC 80/94) estabelece o seguinte:
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei;
Desse modo, o múnus público de curador especial de que trata o art. 72 do CPC deve ser exercido pelo Defensor Público. O CPC/2015 afirmou isso expressamente:
Art. 72 (...)
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
Quando o Defensor Público atua como “curador especial”, ele terá direito de receber honorários? NÃO. O Defensor Público não faz jus ao recebimento de honorários pelo exercício da curatela especial por estar no exercício das suas funções institucionais, para o que já é remunerado mediante o subsídio em parcela única. STJ. Corte Especial. REsp 1.201.674-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 6/6/2012. 
Todavia, ao final do processo, se o réu se sagrar vencedor da demanda, a instituição Defensoria Pública terá direito aos honorários sucumbenciais.
Desse modo, apenas para que fique claro, o que se está dizendo é que o Defensor Público que atua como curador especial não tem que receber honorários para atuar neste múnus público, considerando que já se trata de uma de suas atribuições previstas em lei.
O Ministério Público pode exercer a função de curador especial? NÃO.
2.3. Quando o Defensor Público atua como “curador especial”, ele terá direito de receber honorários? – (SEM INFO) – (DPEMT-2016)
	O Defensor Público não faz jus ao recebimento de honorários pelo exercício da curatela especial por estar no exercício das suas funções institucionais, para o que já é remunerado mediante o subsídio em parcela única. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.201.674-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 6/6/2012.
	(DPEMT-2016-UFMT): O Defensor Público não faz jus ao recebimento de honorários pelo múnus de curador especial, por estar no exercício das suas funções institucionais, para o que já é remunerado mediante o subsídio em parcela única.
	OBS: Em linha de princípio, a Defensoria Pública faz jus a honorários sucumbenciais. 
· Nessa hipótese, o STJ entende que os honorários sucumbenciais são devidos, salvo se a ação foi ajuizada contra o próprio ente ao qual pertence a DP (Súmula 421 do STJ: "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença"). 
· Para o STF, são devidos os honorários sucumbenciais, ainda que a ação seja contra o ente ao qual vinculada a DP ("Após as ECs 45/04, 74/13 e 80/14, passou a ser permitida a condenação do ente federativo em honorários advocatícios em demandas patrocinadas pela Defensoria Pública, diante de autonomia funcional, administrativa e orçamentária da Instituição. STF. Plenário. AR 1937).
 
Porém, a situação é outra em se tratando de honorários pelo exercício de curadoria especial, quando, então, aqueles não são devidos. Nesse sentido: "Sendo o exercício da curadoria especial função institucional da Defensoria Pública, descabe a fixação de honorários advocatícios pelo exercício do referido encargo" (REsp 1203312).
3. DEPOSITÁRIO JUDICIAL 
3.1. Possibilidade de o depositário judicial exercer direito de retenção – (Info 578)
	O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial tem o direito de reter o depósito até que sejam ressarcidas as despesas com armazenagem e conservação do bem guardado e pagos os seus honorários. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.300.584-MT, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 3/3/16 (Info 578).
4. AÇÃO DEMOLITÓRIA 
4.1. Litisconsórcio passivo necessário em ação demolitória – (Info 565)
	Na hipótese de ser proposta ação real imobiliária, o CPC determina que haja a citação não apenas do réu, mas também de seu cônjuge. Confira: 
· CPC-1973: Art. 10. (...) § 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: I - que versem sobre direitos reais imobiliários; 
· CPC 2015: Art. 73 (...) § 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; 
Como a ação de nunciação de obra nova e de ação demolitória, são ações reais imobiliárias, o réu que for casado deverá ser citado, salvo se, nos termos do novo CPC, o regime de bens for da separação absoluta (art. 73, § 1º, I, do CPC 2015).
Assim, nos casos de ação de nunciação de obra nova e a ação demolitória haverá litisconsórcio passivo necessário entre o proprietário do imóvel e seu cônjuge, salvo se eles forem casados sob o regime de separação absoluta de bens, situação na qual somente será réu o proprietário do bem. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.593-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 5/3/2015 (Info 565).
5. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ 
5.1. Para a aplicação da multa por litigância de má-fé não se exige a comprovação de dano – (Info 601) – IMPORTANTE!!!
	O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista no art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a parte adversa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 21/2/2017 (Info 601).
	OBS: Para o STJ, uma vez reconhecida a litigância de má-fé, devem ser impostas a multa e a indenização (perdas e danos), sendo, no entanto, DESNECESSÁRIA a prova do prejuízo sofrido pela parte adversa. A Corte entende que, em momento algum, o art. 18, caput e § 2º do CPC/1973 (art. 81, caput e § 3º do CPC/2015) exigem que haja prova do prejuízo para que a indenização seja fixada. Segundo pensa o STJ, para a fixação da indenização, a lei só exige que haja um prejuízo, mas este pode ser potencial ou presumido (não precisando ser demonstrado em concreto). Outro argumento do STJ é o de que se fosse exigida comprovação de prejuízo, essa demonstração seria extremamente difícil de ser feita, o que praticamente impossibilitaria a aplicação de tais sanções, comprometendo a sua eficácia.
5.2. Para a indenização decorrente de litigância de má-fé não é necessária prova do prejuízo – (Info 565)
	A indenização prevista no art. 18, caput e § 2º, do CPC/73 (art. 81, caput e § 3º do CPC/15) tem caráter reparatório (ou indenizatório), decorrendo de um ato ilícito processual. 
Apesar disso, é desnecessária a comprovação do prejuízo para que haja condenação ao pagamento da indenização prevista nesse dispositivo. 
Em outras palavras, é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao pagamento de indenização por litigância de má-fé (art. 18, caput e § 2º, do CPC/73; art. 81, caput e § 3º do CPC/15). 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.133.262-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 3/6/15 (Info 565).
6. JUROS, CORREÇÃO MONETÁRIA, CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
6.1. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA: Em regra, a instituição bancária não tem responsabilidade de entregar ao credor os valores depositados em juízo acrescidos de juros moratórios, salvo se, depois que o dinheiro tiver sido liberado pelo juízo, o banco se recusar ou demorar a fazer a restituição – (Info 653)
	Realizado pelo devedoro depósito da dívida para a garantia do juízo, cessa sua responsabilidade pela incidência de correção monetária e de juros relativamente ao valor depositado, passando a instituição financeira depositária a responder pela atualização monetária, a título de conservação da coisa, e pelos juros remuneratórios, a título de frutos e acréscimos, sendo indevida a incidência de novos juros moratórios, exceto se a instituição financeira depositária recusar-se ou demorar injustificadamente na restituição integral do valor depositado.
STJ. 4ª T. AgInt nos EDcl no REsp 1460908-PE, Rel. Min. Raul Araújo, j. 4/6/19 (Info 653).
6.2. Em caso de sentenças prolatadas a partir de 18/03/16, a condenação em honorários advocatícios deverá observar o CPC/2015 – (Info 648)
	A sentença, como ato processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos honorários advocatícios, deve ser considerada o marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015.
Assim, nos casos de sentença proferida a partir do dia 18/3/16, deverão ser utilizadas as normas do novo CPC relativas aos honorários sucumbenciais.
Isso se dá em homenagem à natureza híbrida dos honorários (processual e material) e também tem por objetivo preservar os princípios do direito adquirido, da segurança jurídica e da não surpresa, de sorte que as normas sobre honorários advocatícios de sucumbência não devem ser alcançadas pela lei processual nova.
STJ. Corte Especial. EAREsp 1255986/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 20/3/19 (Info 648).
6.3. Honorários devem seguir regra objetiva; equidade é critério subsidiário – (Info 645)
	Os honorários advocatícios só podem ser fixados com base na equidade de forma subsidiária, ou seja: 
• quando não for possível o arbitramento pela regra geral; ou 
• quando for inestimável ou irrisório o valor da causa.
Assim, o juízo de equidade na fixação dos honorários advocatícios somente pode ser utilizado de forma subsidiária, quando não presente qualquer hipótese prevista no § 2º do art. 85 do CPC.
STJ. 2ª S. REsp 1746072-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, j. 13/2/19 (Info 645).
6.4. É vedada a retenção de honorários advocatícios contratuais sobre crédito relativo a diferenças do FUNDEF – (Info 643) – IMPORTANTE!!!
	É vedada a retenção de honorários advocatícios contratuais sobre crédito relativo a diferenças do FUNDEF.
Os valores relacionados ao FUNDEF, hoje FUNDEB, encontram-se constitucional e legalmente vinculados ao custeio da educação básica e à valorização do seu magistério, sendo vedada a sua utilização em despesa diversa, tais como honorários advocatícios contratuais.
Ex: determinado Município do interior do Estado ingressou com ação contra a União com o objetivo de conseguir o repasse integral de verbas do FUNDEF. Como o Município não possuía procuradores municipais concursados, foi contratado um escritório de advocacia privado para patrocinar a causa. No contrato assinado com os advogados ficou combinado que, se o Município vencesse a demanda, pagaria 20% do valor da causa ao escritório. O pedido foi julgado procedente e transitou em julgado. O Município requereu, então, que 20% do valor da condenação (verbas do FUNDEF a serem pagas pela União) fosse separado para pagamento dos honorários contratuais dos advogados que atuaram na causa, nos termos do art. 22, § 4º da Lei 8.906/94. Esse pedido não deve ser acolhido. Não é possível a aplicação do art. 22, § 4º, da Lei 8.906/94 nas execuções contra a União em que se persigam quantias devidas ao FUNDEF/FUNDEB, devendo o advogado credor buscar a satisfação de seu crédito por outros meios.
STJ. 1ª Seção. REsp 1703697-PE, Rel. Min. Og Fernandes, j. 10/10/18 (Info 643).
6.5. Tribunal deve condenar o apelante em honorários advocatícios em caso de manutenção da sentença que indeferiu a petição inicial – (Info 640)
	Se a petição inicial é indeferida sem que tenha havido citação ou comparecimento espontâneo do réu, a sentença não deve condenar o autor ao pagamento de honorários advocatícios considerando que não há advogado constituído nos autos.
No entanto, se o autor recorre, o réu é intimado, apresenta contrarrazões e o Tribunal confirma a sentença, então, neste caso, será cabível o arbitramento de honorários em prol do advogado do réu/vencedor.
Dito de outro modo: em caso de indeferimento da petição inicial seguida de interposição de apelação e a integração do executado à relação processual, mediante a constituição de advogado e apresentação de contrarrazões, uma vez confirmada a sentença extintiva do processo, é cabível o arbitramento de honorários em prol do advogado do vencedor (art. 85, § 2º, do CPC).
STJ. 4ª Turma. REsp 1753990-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 9/10/18 (Info 640).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou execução de um contrato (título executivo extrajudicial) contra Pedro. O juiz, antes mesmo de citar Pedro, entendeu que o contrato não era líquido e, por isso, indeferiu a petição inicial, julgando extinto o processo, nos termos do art. 485, I c/c art. 924, I, do CPC/2015:
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial; (...)
 
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida;
 
O magistrado condenou o exequente a pagar as custas processuais. Por outro lado, deixou de condená-lo ao pagamento de honorários advocatícios considerando que não houve contraditório já que o executado nem sequer chegou a ser citado:
Indeferida a inicial, sem a citação ou o comparecimento espontâneo do executado, correta a sentença que não arbitrou honorários, dada a ausência de advogado constituído nos autos. STJ. 4ª Turma. REsp 1753990/DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 09/10/2018.
 
Imagine que João não se conformou e quer recorrer. Qual é o recurso cabível? Qual recurso deve ser interposto contra a decisão que indefere a petição inicial? A decisão que indefere a petição inicial é uma sentença e, contra ela, cabe, portanto, apelação.
 
Existe alguma peculiaridade nesta apelação? SIM. É possível juízo de retratação por parte do juiz, ou seja, o magistrado que indeferiu a petição inicial, ao ler os argumentos do autor/apelante, poderá voltar atrás e admitir a exordial que ele havia indeferido:
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
 
Assim, em regra, não existe juízo de retratação em apelação.
Exceção: é cabível em caso de apelação contra sentença que indefere a petição inicial. Dizemos, portanto, que a apelação interposta contra a sentença que indefere a petição inicial possui efeito regressivo (admite juízo de retração). 
 
Citação do réu: Imaginemos que João não se conformou com a sentença e interpôs apelação. O juiz, por sua vez, não exerceu o juízo de retração, ou seja, manteve a sentença. O CPC prevê que, se não houver retratação, o juiz deverá mandar citar o réu para responder ao recurso (art. 331, § 1º). Atenção para o fato de que somente agora é que o réu será citado e tomará conhecimento do que está acontecendo.
 
Voltando ao nosso exemplo: João ingressou com a execução. O juiz indeferiu a petição inicial. O exequente interpôs apelação. O juiz manteve a sentença e determinou a citação de Pedro. O executado apresentou contrarrazões à apelação. O Tribunal de Justiça manteve a sentença, julgando desprovida a apelação.
 
Decisão do Tribunal de Justiça quanto aos honorários: O Tribunal de Justiça desproveu a apelação. No entanto, o TJ deixou de condenar o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios sob o argumento de que estes não seriam devidos na fase recursal, considerando que não foram fixados em 1ª instância. O TJ utilizou como argumento a redação do art. 85, § 11 do CPC/15, que afirma que o Tribunal majorará (aumentará) os honorários que já foram fixados na fase anterior. Veja:
Art. 85 (...)
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em graurecursal (...).
 
Agiu acertadamente o Tribunal? NÃO.
 
Em regra, não há honorários recursais se não foram fixados honorários na 1ª instância: O STJ realmente afirma que os honorários recursais não têm autonomia nem existência independente da sucumbência fixada na origem e representam um acréscimo (uma “majoração”) em relação aos honorários que já foram estipulados na fase anterior. Assim, em regra, se não foram fixados honorários na fase anterior, não há que se falar em condenação em honorários recursais. Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AREsp 1.050.334/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/3/2017.
 
Não se trata, contudo, de aplicar o § 11 do art. 85: Ocorre que a hipótese em exame não trata dos honorários recursais a que se refere o §11 do art. 85 do CPC, de modo que há de se fazer a devida distinção. Aqui são devidos honorários advocatícios, não com base no § 11 do art. 85, mas sim com fundamento no caput e no § 1º deste artigo:
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
 
Não houve arbitramento de verba honorária em primeiro grau de jurisdição unicamente porque foi proferida a sentença de indeferimento da inicial, sem angularização da relação jurídica processual. Ora, sem a citação ou o comparecimento espontâneo do réu, não se completou a formação da relação jurídica processual, não houve resistência ao pedido. Logo, como o réu não constituiu advogado, não havia motivo para o autor ser condenado a pagar honorários advocatícios.
Contudo, com a apresentação do recurso de apelação do autor, foi feita a citação do executado, que constituiu advogado e apresentou contrarrazões ao recurso. A partir de então, o processo passou a ter os três polos angularizados (autor, juiz e réu) e houve, com o recurso e as respectivas contrarrazões, pretensão resistida. Com o julgamento da apelação, o Tribunal de Justiça entendeu indevido o pleito de reforma da sentença, momento a partir do qual passou a estar configurada a hipótese de estabelecimento de honorários de sucumbência em face da extinção da execução após a apresentação de defesa pelo executado. Desse modo, o mero fato de não ter havido, em primeira instância, fixação de verba honorária, não autoriza que deixe de ser aplicado o art. 85 do CPC a partir da apelação quando, extinta a relação processual, houver advogado constituído nos autos pela parte vitoriosa.
6.6. Os honorários advocatícios contratuais não se incluem nas despesas processuais do art. 82, § 2º, do CPC/2015 – (Info 636)
	O § 2º do art. 82 do CPC/2015 prevê que: “a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.”
O sucumbente deve arcar também com os honorários contratuais que foram pagos pela parte vencedora? Não. O vencido deverá pagar apenas os honorários sucumbenciais.
Os honorários advocatícios contratuais não se incluem nas despesas processuais do art. 82, § 2º, do CPC/2015 (art. 20 do CPC/1973).
STJ. 3ª Turma. REsp 1571818-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 9/10/18 (Info 636).
6.7. HONORÁRIOS PERICIAIS: Mesmo que o dispositivo da sentença mencione apenas a condenação em custas processuais, é possível incluir a cobrança dos honorários periciais – (Info 598 e Info 635) – IMPORTANTE!!!
	A sentença transitou em julgado condenando a parte a pagar "custas processuais", sem falar sobre os honorários periciais. É possível que esses honorários periciais sejam cobrados da parte sucumbente mesmo não tendo sido expressamente mencionados na sentença? 
SIM. É adequada a inclusão dos honorários periciais em conta de liquidação mesmo quando o dispositivo de sentença com trânsito em julgado condena o vencido, genericamente, ao pagamento de custas processuais. Quem tem razão não deve sofrer prejuízo pelo processo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.558.185-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 2/2/17 (Info 598). 
STJ. Corte Especial. EREsp 1519445-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, j. 19/09/2018 (Info 635).
6.8. CAUÇÃO: Não é necessária a prestação da caução do art. 83 do CPC/2015 para o ajuizamento de ação por sociedade empresarial estrangeira devidamente representada no Brasil – (Info 632)
	Se o autor da ação judicial reside no exterior ou se muda para fora do país durante a tramitação do processo, ele precisará prestar uma caução que seja suficiente para pagar as custas processuais e honorários advocatícios caso ele perca a ação (art. 83 do CPC/2015[footnoteRef:1]). [1: Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento.] 
Não é necessária a prestação de caução para o ajuizamento de ação por sociedade empresarial estrangeira devidamente representada no Brasil.
Ex: MSC Mediterranean Shipping Company S.A., empresa estrangeira, ajuizou, na justiça brasileira, uma ação de cobrança. O STJ afirmou que não se deveria exigir caução para a propositura da demanda, considerando que a autora, apesar de estrangeira, possuía uma agência de representação no Brasil (a MSC Mediterranean do Brasil Ltda.).
STJ. 3ª Turma.REsp 1584441-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, j. 21/8/2018 (Info 632).
6.9. Configura supressão de instância o STJ fixar diretamente os honorários advocatícios que haviam sido estipulados erroneamente com base no CPC/73 – (Info 617)
	Configura supressão de grau de jurisdição o arbitramento no STJ de honorários de sucumbência com base no CPC/15, na hipótese em que as instâncias ordinárias utilizaram equivocadamente o CPC/73 para a sua fixação.
Ex: TJ fixou honorários advocatícios com base no CPC/73, mesmo tendo o acórdão sido prolatado após o CPC/15; no Resp, o STJ deverá reformar o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao TJ para que esta Corte faça um novo julgamento da apelação e analise os honorários advocatícios de sucumbência com base no CPC/15.
STJ. 1ª Turma. REsp 1647246-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, j. 21/11/17 (Info 617).
6.10. Para que a cessão do precatório seja válida, é necessário que o crédito cedido esteja expressamente consignado no precatório – (Info 607)
	O cessionário de honorários advocatícios tem legitimidade para se habilitar no crédito consignado em precatório desde que comprovada a validade do ato de cessão por escritura pública e seja discriminado o valor devido a título de verba honorária no próprio requisitório, não preenchendo esse último requisito a simples apresentação de planilha de cálculo final elaborada pelo Tribunal de Justiça.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.127.228-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21/6/17 (Info 607).
6.11. Sentença proferida após o CPC/15 deverá observar as suas regras quanto aos honorários, ainda a ação tenha sido proposta antes da sua entrada em vigor – (Info 602) – (TJPR-2019)
	Os honorários advocatícios nascem contemporaneamente à sentença e não preexistem à propositura da demanda.
Assim sendo, nos casos de sentença proferida a partir do dia 18/3/2016, deverão ser aplicadas as normas do CPC/2015.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.636.124-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 6/12/16 (Info 602).
	(TJPR-2019-CESPE): Nos processos judiciais, a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais é regida pela lei vigente na data de prolação da sentença. BL: Info 602, STJ.
6.12. Honorários com cláusula ad exitum e renúncia do advogado antes do fim da demanda – (Info 601) – (TJPR-2017)
	Nos contratos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios prestados, a renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o direito imediato ao arbitramento de verba honorária proporcionalao trabalho realizado, sendo necessário aguardar o desfecho processual positivo para a apuração da quantia devida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.749-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 14/2/17 (Info 601).
6.13. Não cabem honorários recursais em recurso envolvendo processo de mandado de segurança – (Info 592) – IMPORTANTE!!!
	Não cabe a fixação de honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/15) em caso de recurso interposto no curso de processo cujo rito exclua a possibilidade de condenação em honorários. Em outras palavras, não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não preveja condenação em honorários. 
Assim, suponha que foi proposta uma ação que não admite fixação de honorários advocatícios. Imagine que uma das partes, no bojo deste processo, interponha recurso extraordinário. O STF, ao julgar este RE, não fixará honorários recursais, considerando que o rito aplicável ao processo originário não comporta condenação em honorários advocatícios. 
Como exemplo desta situação, podemos citar o mandado de segurança, que não admite condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei 12.016/09, súmula 105-STJ e súmula 512-STF). Logo, se for interposto um recurso ordinário constitucional ou um recurso extraordinário neste processo, o Tribunal não fixará honorários recursais. 
Assim, pode-se dizer que o art. 25 da Lei 12.016/09, que veda a condenação em honorários advocatícios "no processo mandamental", afasta a incidência do regime do art. 85, § 11, do CPC/2015. 
STJ. 2ª Turma. RMS 52.024-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 6/10/16 (Info 592).
STF. 1ª Turma. ARE 948578 AgR/RS, ARE 951589 AgR/PR e ARE 952384 AgR/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/6/16 (Info 831).
6.14. Advogado pode ser obrigado a restituir os honorários advocatícios de sucumbência caso a sentença seja rescindida – (Info 589)
	Advogado recebeu honorários de sucumbência decorrentes de sua atuação em um processo que transitou em julgado. Posteriormente, esta sentença é rescindida em ação rescisória. O advogado poderá ser obrigado a devolver os valores que recebeu a título de honorários. 
Em um caso concreto, o STJ entendeu que, se a decisão judicial que ensejou a fixação de honorários de sucumbência for parcialmente rescindida, é possível que o autor da rescisória, em posterior ação de cobrança, pleiteie a restituição da parte indevida da verba advocatícia, ainda que o causídico, de boa-fé, já a tenha levantado. 
Os honorários são verbas alimentares. O princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não proíbe, neste caso, a devolução? 
NÃO. O princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não é absoluto e, no caso, deve ser flexibilizado para viabilizar a restituição dos honorários de sucumbência já levantados, tendo em vista que, com o provimento parcial da ação rescisória, não mais subsiste a decisão que lhes deu causa. Devem ser aplicados os princípios da vedação ao enriquecimento sem causa, da razoabilidade e da máxima efetividade das decisões judiciais. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.549.836-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, j. 17/5/16 (Info 589).
6.15. Impossibilidade de condenação implícita em honorários advocatícios – (Info 565)
	João propôs ação de indenização por danos morais contra Pedro, tendo o juiz julgado o pedido procedente, condenando o réu ao pagamento de: a) R$ 200 mil a título de danos morais; b) honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação; c) custas e despesas processuais. Pedro interpôs apelação e o Tribunal de Justiça anulou a sentença, extinguindo o processo sem resolução do mérito. Ao final do voto, o Desembargador escreveu o seguinte: "invertidos os ônus da sucumbência". 
Contra o acórdão do TJ não houve recurso das partes, tendo havido o trânsito em julgado. O advogado de Pedro, de posse do acórdão do TJ, ingressou com execução de honorários advocatícios cobrando de João R$ 20 mil reais. Segundo o advogado, o TJ, ao inverter os ônus da sucumbência, condenou João a pagar o valor que havia sido arbitrado pelo juiz, em 1ª instância, como honorários advocatícios (10% sobre o valor da condenação). 
A execução proposta pelo advogado teve sucesso? 
NÃO. Não cabe a execução de honorários advocatícios com base na expressão "invertidos os ônus da sucumbência" empregada por acórdão que, anulando sentença de mérito que fixara a verba honorária em percentual sobre o valor da condenação, extinguiu o processo sem resolução de mérito. 
Quando o Tribunal escreve essa expressão "invertidos os ônus da sucumbência", isso não é suficiente para concluir que ele tenha condenado o vencido a pagar os honorários advocatícios do vencedor do recurso. Para o STJ, não se pode entender que os honorários advocatícios estão implicitamente incluídos. Na verdade, entende-se que, neste caso, houve omissão do Tribunal. 
Assim, para o STJ, se o Tribunal, ao anular ou reformar a sentença, omite-se quanto à condenação da parte vencida em honorários advocatícios, deve a parte vencedora opor embargos de declaração. Não o fazendo, não é possível depois voltar ao tema na fase de execução, buscando a condenação da parte vencida ao pagamento da referida verba, sob pena de ofensa à coisa julgada. 
O entendimento acima permanece o mesmo com o CPC 2015? 
NÃO. O novo CPC traz regra expressa prevendo que, mesmo que a decisão judicial seja omissa quanto aos honorários, ainda assim será possível cobrá-los mediante ação autônoma. Veja: 
Art. 85 (...) § 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. 
Diante disso, com a entrada do CPC 2015, a súmula 453 do STJ fica SUPERADA. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.285.074-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 23/6/15 (Info 565).
6.16. A execução de contrato de honorários não pode ser proposta contra pessoa jurídica que não tenha assinado o pacto, mesmo que integrante do mesmo grupo econômico – (Info 555)
	Determinado advogado assinou contrato de prestação de serviços advocatícios com a empresa “A” que, depois de alguns meses, mostrou-se inadimplente. 
O advogado ajuíza, então, execução de título extrajudicial contra a empresa “A” e também contra duas outras pessoas jurídicas “B” e “C”, que têm personalidades jurídicas distintas, mas que integram o mesmo grupo econômico da empresa “A”.
Ele poderia ter feito isso? As empresas “B” e “C” podem figurar no polo passivo dessa execução em virtude de fazerem parte do mesmo grupo econômico? 
NÃO. Não estão legitimadas a integrar o polo passivo de ação de execução de honorários advocatícios as sociedades empresárias que não figurarem no título executivo extrajudicial, ainda que sejam integrantes do mesmo grupo econômico da sociedade empresária que firmou o contrato de prestação de serviços advocatícios. 
O fato de sociedades empresárias pertencerem a um mesmo grupo econômico, por si só, não as torna automaticamente solidárias nas respectivas obrigações. 
Cada pessoa jurídica tem personalidade e patrimônio próprios, distintos, justamente para assegurar a autonomia das relações e atividades de cada sociedade empresária, ainda que integrantes de um mesmo grupo econômico. Somente em casos excepcionais essas distinções podem ser superadas, motivadamente (art. 50 do CC). 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.404.366-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 23/10/2014 (Info 555).
6.17. Inexistência de honorários ao perito que elabora os cálculos do credor na chamada “liquidação por cálculos” – (Info 541) – IMPORTANTE!!!
	Na chamada “liquidação por cálculos do credor”, o exequente não pode transferir para o executado o ônus que ele teve com o pagamento de honorários a um perito para que este elaborasse a memória de cálculos. 
Para o STJ, na liquidação por cálculos do credor, as operações aritméticas necessárias para se chegar ao quantum debeatur são elementares (soma, subtração, divisão e multiplicação). Por isso, não há necessidade de o credor contratar um profissionalpara a sua elaboração. Essa memória de cálculos deverá ser elaborada diretamente pela parte ou por seu advogado.
Se o credor contratar um expert para elaborar a planilha isso é um problema dele, ou seja, é um custo extra que o credor decidiu assumir, não havendo previsão no CPC de que esse ônus possa ser repassado ao devedor.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.274.466-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 14/5/14 (recurso repetitivo) (Info 541).
7. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA 
7.1. Ônus da sucumbência em caso de sentença de extinção do processo sem resolução do mérito – (Info 600)
	Nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito provocada pela perda do objeto da ação em razão de ato de terceiro e sem que exista a possibilidade de se saber qual dos litigantes seria sucumbente se o mérito da ação fosse julgado, o pagamento das custas e dos honorários advocatícios deve ser rateado entre as partes. 
Ex: João teve um ataque cardíaco e foi internado em um hospital particular, onde colocaram um stent no paciente. Inicialmente, o plano de saúde de João recusou-se a pagar ao hospital os valores despendidos com o stent. Diante disso, o hospital ingressou com ação cobrando este valor de João. Ocorre que João havia feito um pedido administrativo de reconsideração ao plano de saúde, que foi acolhido e, assim, o convênio transferiu espontaneamente o dinheiro do tratamento ao hospital. Neste caso, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução do mérito por perda superveniente do interesse de agir e condenar as duas partes ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios divididos entre elas. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.641.160-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16/3/17 (Info 600).
	OBS: Segundo a jurisprudência do STJ, sendo o processo extinto sem resolução do mérito, cabe ao juiz investigar, sob a égide do princípio da causalidade, qual parte deu origem à extinção do processo sem julgamento de mérito ou qual das partes seria sucumbente se o mérito da ação fosse julgado. No presente caso, a extinção do feito não foi causada por ato das partes, mas sim por ato de terceiro, que efetuou o pagamento do valor devido. Desse modo, é impossível dizer qual dos litigantes seria sucumbente se o mérito da ação fosse julgado. Assim, na situação em tela, é inviável imputar a uma ou a outra parte a responsabilidade pelos ônus sucumbenciais, mostrando-se adequado que cada uma das partes suporte os encargos relativos aos honorários advocatícios e às custas processuais, rateando o quantum estabelecido pela sentença. Vale ressaltar que o plano de saúde é considerado “terceiro” porque não participava da relação processual.
8. PRECATÓRIOS
8.1. Incidem juros da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório – (Info 645)
		Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório.
STF. Plenário.RE 579431/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 19/4/17 (repercussão geral) (Info 861).
STJ. Corte Especial. QO no REsp 1665599-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 20/3/19 (recurso repetitivo) (Info 645).
Obs: cuidado para não confundir com a SV 17: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. O período de que trata este RE 579431/RS é anterior à requisição do precatório, ou seja, anterior ao interregno tratado pela SV 17.
8.2. O limite previsto no § 2º do art. 100 da CF/88 é aplicável para cada precatório individualmente considerado (Info 570) – IMPORTANTE!!!
		O § 2º do art. 100 prevê que os débitos de natureza alimentícia que tenham como beneficiários pessoas com 60 anos de idade ou mais ou portadoras de doenças graves terão uma preferência ainda maior. É como se fosse uma “fila com superpreferência”. 
A superprioridade para créditos alimentares de idosos e portadores de doenças graves (§ 2º) só vai até 3 vezes o valor da RPV (§ 4º do art. 100). Assim, se o valor a ser recebido pelo idoso ou doente grave for superior a 3 vezes o que é considerado "pequeno valor" para fins de precatório (§ 4º), parte dele será paga com superpreferência e o restante será quitado na ordem cronológica de apresentação do precatório. 
Imagine que um idoso possua mais de um precatório para receber. Esse valor máximo para receber na fila superpreferencial do § 2º é um valor para cada precatório ou para a totalidade deles? Ex: Pedro tem dois precatórios para receber da União: um no valor de 120 salários-mínimos e outro no valor de 100 salários-mínimos. Em se tratando da União, o limite de que trata o § 2º é 180 salários-mínimos (3x60). Pedro poderá receber os dois precatórios na fila especial do § 2º? 
SIM. A limitação de valor para o direito de preferência previsto no art. 100, § 2º, da CF aplica-se para cada precatório de natureza alimentar, e não para a totalidade dos precatórios alimentares de titularidade de um mesmo credor preferencial, ainda que apresentados no mesmo exercício financeiro e perante o mesmo devedor. 
A CF/88 não proibiu que a pessoa maior de 60 anos ou doente grave participasse da listagem de credor superpreferencial do § 2º por mais de uma vez. Ela só proibiu que o precatório recebido fosse maior do que 3x o valor da RPV. Logo, não cabe ao intérprete criar novas restrições não previstas no texto constitucional. 
Assim, em nosso exemplo, Pedro poderá receber os dois precatórios na fila do § 2º do art. 100. Isso porque, se considerados individualmente, nenhum dos dois precatórios é superior a 180 salários-mínimos. 
STJ. 1ª Turma. RMS 46.155-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 22/9/15 (Info 570). 
8.3. Cobrança dos honorários por meio de RPV ainda que o crédito dito “principal” seja executado por meio do regime de precatórios – (Info 539) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!
		Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em regra, por meio de precatório. 
Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de precatório. 
É possível que a execução de honorários advocatícios devidos pela Fazenda Pública se faça mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV) na hipótese em que os honorários não excedam o valor limite a que se refere o art. 100, § 3º, da CF, ainda que o crédito dito “principal” seja executado por meio do regime de precatórios. 
Em outras palavras, é possível o fracionamento de precatório para pagamento de honorários advocatícios.
STF. Plenário. RE 564132/RS, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/10/2014 (repercussão geral) (Info 765).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.347.736-RS, Rel. Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, j. 9/10/13 (recurso repetitivo) (Info 539). 
9. DEPÓSITOS JUDICIAIS
9.1. A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários – (Info 607)
		A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários.
STJ. Corte Especial. REsp 1.131.360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 3/5/17 (recurso repetitivo) (Info 607).
10. LITISCONSÓRCIO 
10.1. O prazo em dobro dos litisconsortes com procuradores diferentes aplica-se aos processos judiciais eletrônicos? – (Info 560) – IMPORTANTE!!!
	Quando houver litisconsórcio, seja ele ativo (dois ou mais autores) ou passivo (dois ou mais réus), caso os litisconsortes tenham advogados diferentes, os seus prazos serão contados em dobro. É o que determina o art. 191 do CPC 1973. 
O art. 229 do CPC 2015 também traz regra semelhante, exigindo, contudo, que, além de serem procuradores (advogados) diferentes, os causídicos também sejam de escritórios de advocacia diferentes: “Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.” 
O benefíciodo prazo em dobro para os litisconsortes vale para processos eletrônicos?
· No CPC 1973: SIM. O objetivo do prazo em dobro é facilitar o acesso aos autos, já que, havendo advogados diferentes, eles não poderiam tirar os autos do cartório. Com base nisso, o STJ entende que não haveria justificativa para o prazo em dobro nos processos eletrônicos, contudo, como o art. 191 do CPC 1973 não faz qualquer distinção entre processos físicos e eletrônicos, o STJ afirma que não se pode excluir o prazo em dobro mesmo nos processos eletrônicos, sob pena de haver uma afronta ao princípio da legalidade. 
· No CPC 2015: NÃO. O § 2º do art. 229 do CPC 2015 “corrige” essa falha da lei e determina expressamente que não se aplica o prazo em dobro para litisconsortes diferentes se o processo for em autos eletrônicos. Desse modo, quando o CPC 2015 entrar em vigor, os litisconsortes não terão prazo em dobro no processo eletrônico mesmo que possuam procuradores diferentes. Até lá, contudo, continua sendo aplicado o prazo em dobro tanto para processos físicos como eletrônicos. 
STJ. 3ª T. REsp 1.488.590-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 14/4/2015 (Info 560).
11. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
11.1. CUSTUS VULNERABILIS: Admite-se a intervenção da DPU no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos – (Info 657) – IMPORTANTE!!! ATENÇÃO!!! DPE e DPU!!! – (MPCE-2020)
		Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”).
Enquanto o MP atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis.
Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular constituído. 
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em geral.
O STJ afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos.
STJ. 2ª S. EDcl no REsp 1712163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, j. 25/09/2019 (Info 657).
	(MPCE-2020-CESPE): Em determinada seção do STJ, durante julgamento de recurso especial repetitivo acerca de discussão referente ao custeio de medicamento por plano de saúde, questão que se reflete em diversas demandas de consumidores economicamente vulneráveis, foi admitido o ingresso da Defensoria Pública da União na qualidade de guardião dos vulneráveis (custos vulnerablis). Nessa hipótese, de acordo com a jurisprudência atual do STJ, a atuação como guardião dos vulneráveis representa uma forma interventiva da Defensoria Pública em nome próprio e em favor de seus interesses institucionais, sendo-lhe permitida a interposição de recurso. BL: Info 657, STJ.
	OBS: O custos vulnerabilis é o mesmo que amicus curiae? NÃO. Vejamos as principais diferenças:
	Amicus curiae
(“amigo do Tribunal”)
	Custos vulnerabilis
(“guardiã dos vulneráveis”)
	Pode intervir como amicus curiae qualquer pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada.
	Somente a Defensoria Pública pode intervir como custos vulnerabilis.
	Em regra, admite-se a intervenção do amicus curiae em qualquer tipo de processo, desde que:
a) a causa tenha relevância; e
b) a pessoa tenha capacidade de oferecer contribuição ao processo.
	Admite-se a intervenção do custos vulnerabilis em qualquer processo no qual estejam sendo discutidos interesses de vulneráveis.
	Em regra, o amicus curiae não pode recorrer.
Exceção 1: o amicus curiae pode opor embargos de declaração em qualquer processo que intervir (art. 138, § 1º do CPC/2015).
Exceção 2: o amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 138, § 3º do CPC/2015).
	O custos vulnerabilis pode interpor qualquer espécie de recurso.
 
11.2. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: Para que haja o redirecionamento da execução fiscal, é necessária a instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica? – (Info 643 e Info 648) – IMPORTANTE!!!
	O CPC/15, de forma inovadora, previu, em seus arts. 133 a 137, um incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Indaga-se: Esse incidente aplica-se também para a execução fiscal? Para que haja o redirecionamento da execução fiscal, é necessária a instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica? O tema ainda é polêmico no STJ:
NÃO. Julgado da 2ª Turma do STJ: É prescindível o incidente de desconsideração da personalidade jurídica para o redirecionamento da execução fiscal na sucessão de empresas com a configuração de grupo econômico de fato e em confusão patrimonial.
STJ. 2ª T. REsp 1.786.311-PR, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 09/05/2019 (Info 648).
Na ementa, consta, de forma genérica, que o incidente de desconsideração seria incompatível com a execução fiscal: 
“A previsão constante no art. 134, caput, do CPC/2015, sobre o cabimento do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, na execução fundada em título executivo extrajudicial, não implica a incidência do incidente na execução fiscal regida pela Lei n. 6.830/1980, verificando-se verdadeira incompatibilidade entre o regime geral do Código de Processo Civil e a Lei de Execuções, que diversamente da Lei geral, não comporta a apresentação de defesa sem prévia garantia do juízo, nem a automática suspensão do processo, conforme a previsão do art. 134, § 3º, do CPC/2015. Na execução fiscal a aplicação do CPC é subsidiária, ou seja, fica reservada para as situações em que as referidas leis são silentes e no que com elas compatível (...)”
“Evidenciadas as situações previstas nos arts. 124, 133 e 135, todos do CTN, não se apresenta impositiva a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, podendo o julgador determinar diretamente o redirecionamento da execução fiscal para responsabilizar a sociedade na sucessão empresarial.”
SIM, em algumas hipóteses. Julgado da 1ª Turma do STJ: Como foi divulgado no Informativo:
É necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica devedora para o redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica que integra o mesmo grupo econômico, mas que não foi identificada no ato de lançamento (Certidão de Dívida Ativa) ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN.
STJ. 1ª T. REsp 1.775.269-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 21/02/2019 (Info 643).
Para a 1ª Turma, o incidente somente é necessário em algumas situações de redirecionamento. Podemos assim resumir:
• Não é necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 do CPC/15) no processo de execução fiscal no caso em que a Fazenda Pública exequente pretende alcançar pessoa distinta daquela contra a qual, originalmente, foi ajuizada a execução, mas cujo nome consta na Certidão de Dívida Ativa, após regular procedimento administrativo, ou, mesmo o nome não estando no título executivo, o Fisco demonstre a responsabilidade, na qualidade de terceiro, em consonância com os arts. 134 e 135 do CTN.
• Por outro lado, é necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica devedora para o redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica que integra o mesmo grupo econômico, mas que não foi identificada no ato de lançamento (Certidão de Dívida Ativa) ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN.
STJ. 1ª T. REsp 1775269-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 21/02/2019 (Info 643)
11.3. DENUNCIAÇÃO DA LIDE: Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciado compareceapenas para contestar o pedido do autor – (Info 606)
	Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 6/6/17 (Info 606).
11.4. CHAMAMENTO AO PROCESSO: Chamamento ao processo e fornecimento de medicamento – (Info 539) – IMPORTANTE!!! – (MPRO-2013) (DPEPR-2017)
	Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigação ser solidária entre Municípios, Estados e União, caso o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado-membro, não cabe o chamamento ao processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa. 
STJ. 1ª S. REsp 1.203.244-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 9/4/14 (recurso repetitivo) (Info 539).
	(DPEMS-2014-VUNESP): Nas demandas de fornecimento de medicamentos, ajuizadas contra o Estado, é vedado o chamamento ao processo da União ou do Município, realizado com espeque na solidariedade. BL: Info 539, STJ.
	OBS:
Imagine a seguinte situação: Determinado paciente ingressou com ação de obrigação de entrega de coisa certa contra o Estado-membro pedindo que este forneça o remédio “X”. Em sua resposta, o Estado-membro alega que a saúde é um dever constitucional imposto não apenas ao Estado, como também à União e aos Municípios. Desse modo, formula o chamamento ao processo da União, com base no art. 130, III, do CPC/2015:
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
 
É cabível o chamamento ao processo nesse caso? NÃO. O STJ tem jurisprudência consolidada de que esse chamamento ao processo não é admitido. Argumentos:
· Este art. 130, III, é típico de obrigações solidárias de pagar quantia, o que não é o caso, uma vez que as ações para fornecimento de medicamento são para entrega de coisa certa;
· O chamamento ao processo da União por determinado Estado-membro revela-se medida protelatória, que não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para o restabelecimento da saúde do enfermo.
Atenção: não há qualquer problema se o autor enfermo optar por ajuizar a ação contra o Estado e a União como litisconsortes passivos. Nesse caso, a demanda será processada na Justiça Federal. O que não pode é o réu acionado querer impor ao autor que litigue também contra os demais entes federativos.
Atenção: esse julgado é bem possível de ser cobrado no próximo concurso da Defensoria Pública.
12. COMPETÊNCIA
12.1. Compete à 1ª Seção do STJ (que aprecia matérias de direito público) julgar recurso no qual se discute a contratação ou não de aprovado em processo seletivo realizado por entidade do Sistema S (no caso, o SEBRAE) – (Info 656)
		Compete à Primeira Seção do STJ processar e julgar feitos relativos à contratação de candidatos inscritos em processo seletivo público para preenchimento de cargos em entidades do Sistema S.
O dirigente de entidade do Sistema S, como o Sebrae, ao praticar atos em certame público para ingresso de empregados, está a desempenhar ato típico de direito público, vinculando-se ao regime jurídico administrativo.
STJ. Corte Especial. CC 157870-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 21/08/2019 (Info 656).
12.2. JUSTIÇA ESTADUAL: Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de danos materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo pretendendo a reativação de sua conta Uber para que possa voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços – (Info 655)
		Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer, cumulada com reparação de danos materiais e morais, ajuizada por motorista de aplicativo, pretendendo a reativação de sua conta UBER para que possa voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços.
As ferramentas tecnológicas disponíveis atualmente permitiram criar uma nova modalidade de interação econômica, fazendo surgir a economia compartilhada (sharing economy), em que a prestação de serviços por detentores de veículos particulares é intermediada por aplicativos geridos por empresas de tecnologia. Nesse processo, os motoristas, executores da atividade, atuam como empreendedores individuais, sem vínculo de emprego com a empresa proprietária da plataforma.
STJ. 2ª S. CC 164544-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, j. 28/08/19 (Info 655).
	OBS:
O tema está resolvido ou ainda existe possibilidade de novo entendimento? O tema parece estar resolvido no âmbito do STJ, no entanto, a polêmica ainda persistirá na Justiça do Trabalho. Isso porque o tema chegou ao STJ, neste caso, porque o autor não pedia o reconhecimento do vínculo de emprego e Juiz do Trabalho entendeu que não era competente para a causa. No entanto, existem inúmeras outras situações nas quais o motorista ajuíza a ação diretamente na Justiça do Trabalho pedindo o reconhecimento do vínculo empregatício. Nestes casos, se o Juiz do Trabalho reputar que é competente para a causa, a questão não chegará ao STJ e tramitará no âmbito da Justiça do Trabalho. Vale ressaltar que existem decisões de Tribunais Regionais do Trabalho afirmando que existe sim vínculo empregatício entre o motorista e a empresa Uber. Desse modo, o tema só estará mais consolidado quando houver uma manifestação do TST e, principalmente, do STF a respeito do assunto.
12.3. JUSTIÇA FEDERAL COMUM: Ação de empresas de telefonia contra a Anatel tratando sobre o valor de uso de rede móvel, sendo que uma das litigantes se encontra em recuperação judicial: Justiça Federal – (Info 649)
	Compete à Justiça Federal processar e julgar ação que envolva concessionárias do serviço de telefonia e a Anatel a respeito da precificação do VU-M (Valor de Uso de Rede Móvel) ainda que um dos litigantes se encontre em recuperação judicial.
É competência da Justiça Federal analisar as questões relativas aos contratos de interconexão e ao valor da interconexão propriamente dita (VU-M). 
Reserva-se ao Juízo Estadual da Falência apenas aquilo que é relacionado com a recuperação judicial (habilitação de crédito, classificação de credores, aprovação de plano). Não se pode, contudo, admitir que o Juízo da Falência decida sobre questões que são de competência da esfera federal. Assim, a fixação do VU-M é de competência da Justiça Federal.
STJ. 1ª S. CC 156.064-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Herman Benjamin, j. 14/11/18 (Info 649).
 
12.4. CONEXÃO: Para saber se há conexão entre duas medidas cautelares preparatórias propostas pelo mesmo contribuinte, deve-se analisar o pedido ou a causa de pedir das ações principais – (Info 644)
	O vínculo de conexão a justificar a reunião de medidas cautelares preparatórias está vinculado com a identidade de objeto e/ou de causa de pedir existente entre as ações principais a serem propostas e não do processo cautelar em si.
STJ. 1ª T. AREsp 832354-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 21/02/2019 (Info 644).
12.5. Demanda contra as operadoras de plano de saúde de autogestão: Justiça comum – (Info 627) 
12.6. Compete à Justiça Estadual julgar ação proposta por ex-empregado para continuar no plano de saúde de autogestão que era oferecido pela empresa – (Info 620)
	Compete à Justiça Comum Estadual o julgamento de demanda com natureza predominantemente civil entre ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa e operadoras de plano de saúde na modalidade autogestão vinculadas ao empregador.
STJ. 2ª Seção. CC 157664-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 23/5/18 (Info 627).
Compete à Justiça Comum Estadual o exame e o julgamento de feito que discute direitos de ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1695986-SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, j. 27/2/18 (Info 620).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João era empregado do Banco do Brasil e possuía plano de saúde coletivo oferecido aos funcionários da instituição. Vale ressaltar que se tratava de plano de saúde de autogestão. No ano de 2010, João foi demitido sem justa causa e pediu para continuar no plano de saúde com as mesmas condições de cobertura assistencial que gozava, pagando as mensalidades. O plano de saúde recusou o pedido. Diante disso, João ingressou com ação requerendo a permanência no plano de saúde com base no art. 30 da Lei 9.656/98 (Lei que trata sobre os planos de saúde):
Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
A relação jurídica mantida entre o usuário do plano de saúde e a entidade de autogestão empresarial não é apenas uma derivação da relação de emprego. O próprio art. 458, § 2º, IV, da CLT, incluído pela Lei 10.243/01, é expresso em dispor que a assistência médica, hospitalar e odontológica concedida pelo empregador, seja diretamente ou mediante seguro-saúde, não será considerada como salário. Isso porque o plano de saúde fornecido pela empresa empregadora, mesmo a título gratuito, não possui natureza retributiva, não constituindo salário-utilidade (salário in natura), sobretudo por não ser contraprestação ao trabalho. 
Ao contrário, referida vantagem apenas possui natureza preventiva e assistencial, sendo uma alternativa às graves deficiências do Sistema Único de Saúde (SUS), obrigação do Estado. Ademais, as entidades de autogestão são enquadradas como operadoras de planos de saúde, de modo que são reguladas e fiscalizadas pela ANS. 
Desse modo, em virtude da autonomia jurídica, as ações originadas de controvérsias entre usuário de plano de saúde coletivo e entidade de autogestão (empresarial, instituída ou associativa) não se adequam ao ramo do Direito do Trabalho, tampouco podem ser inseridas em “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho” (art. 114, IX, da CF/88), sendo, pois, predominante o caráter civil da relação entre os litigantes, mesmo porque, como visto, a assistência médica não integra o contrato de trabalho.
Assim, as ações que discutem abusividade de mensalidades, cobertura de tratamento médico, deficiência de prestação de serviços suplementares de saúde propostas pelos usuários contra as operadoras de plano de saúde, incluídas as autogestões, são de competência da Justiça comum estadual.
Com maior razão, por já ter sido encerrado o seu contrato de trabalho, a pretensão do ex-empregado de manutenção no plano de assistência à saúde fornecido pela ex-empregadora não pode ser vista como simples relação de trabalho. 
Dessa forma, conclui-se que a Justiça competente para o exame e julgamento de ação fundada nos arts. 30 e 31 da Lei 9.656/98, que discute direitos de ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão, é a Justiça Comum estadual, visto que a causa de pedir e o pedido se originam de relação autônoma nascida com a operadora de plano de saúde, a qual possui natureza eminentemente civil, envolvendo tão somente, de maneira indireta, os aspectos da relação de trabalho.
12.7. Não se aplica a regra do art. 53, V, do CPC para a ação de indenização proposta pela seguradora em caso de acidente de veículo envolvendo o locatário – (Info 604) – IMPORTANTE!!!
	A competência para julgar ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos é do foro do domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, do CPC/2015).
Contudo, essa prerrogativa de escolha do foro não beneficia a pessoa jurídica locadora de frota de veículos, em ação de reparação dos danos advindos de acidente de trânsito com o envolvimento do locatário.
STJ. 4ª Turma. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgRg no Ag 1.366.967-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, j. 27/4/17 (Info 604).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, que reside em Fortaleza (CE), estava com seu veículo no conserto e, por isso, alugou um carro para realizar suas atividades. Determinado dia, voltando do trabalho, acabou sendo atingido na traseira por outro veículo, conduzido por João, que não viu o semáforo fechar. Pedro tirou fotos da batida, fez um boletim de ocorrência pela internet e repassou tudo para a locadora. Cerca de dois meses depois, João, causador do acidente, recebeu uma citação, em sua casa, em Fortaleza, a respeito de uma ação proposta pela seguradora cobrando o conserto do veículo. O susto de João foi ainda maior quando ele viu de onde veio a citação. Isso porque a seguradora propôs a ação em Belo Horizonte (MG), local onde funciona a sua sede principal da pessoa jurídica. O argumento da seguradora para propor a ação em Belo Horizonte (MG), e não em Fortaleza (CE), foi o art. 53, V, do CPC/2015:
Art. 53. É competente o foro: (...)
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
A tese da seguradora, quanto à competência, foi acolhida pelo STJ? Aplica-se, neste caso, o art. 53, V, do CPC/2015? NÃO.
Razão de ser do art. 53, V, do CPC/2015: Em regra, a ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta no foro de domicílio do réu (art. 46). Assim, em regra, uma ação de indenização proposta por alguém que mora em São Paulo (SP) contra outra pessoa que mora em Florianópolis (SC) deverá ser ajuizada capital catarinense, domicílio do réu. Como exceção a essa regra, o art. 53, V prevê que, nas ações de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. Essa exceção foi prevista pelo legislador como uma forma de facilitar o acesso à justiça ao jurisdicionado, vítima do acidente.
Benefício do art. 53, V, do CPC/2015 não deve ser aplicado para empresas locadoras de veículos: Como a locadora de veículos pode alugar carros que irão circular por todo o país, é algo normal ao negócio que possam ocorrer acidentes em qualquer parte do território nacional. Assim, se fosse permitido que a autora propusesse a ação sempre no seu domicílio, haveria uma deturpação do objetivo da norma. Haveria um privilégio não razoável em favor de uma empresa especializada e aparelhada, em detrimento de pessoas que terão sérias dificuldades de se defender em outros Estados. A escolha dada ao autor de ajuizar a ação de reparação de dano decorrente de acidente de veículos é exceção à regra geral de competência, definida pelo foro do domicílio do réu. Não se pode dar à exceção interpretação tão extensiva a ponto de subverter o escopo da regra legal, especialmente quando importar em privilégio à pessoa jurídica cujo negócio é alugar veículos em todo território nacional em detrimento da defesa do réu pessoa física.
12.8. É de competência da Justiça Estadual a ação de restituição de indébito proposta pelo usuário contra a concessionária de energia elétrica – (Info 601)
	Não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples de ação de repetição de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
Em razão disso, essa ação é de competência da Justiça Estadual.
STJ. 1ª S. REsp 1.389.750-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 14/12/16 (recurso repetitivo) (Info 601).
	OBS:
O fato de a concessionária do serviço de energia elétricaser uma sociedade de economia mista federal não desloca a competência para a Justiça Federal? NÃO. As sociedades de economia mista, ainda que mantidas pela União, não são julgadas pela Justiça Federal. Houve uma opção do constituinte de não incluir tais empresas estatais no rol do art. 109 da CF/88. Sobre esse tema existem três enunciados de súmula do STF:
Súmula 508-STF: Compete à justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S.A.
Súmula 517-STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a União intervém como assistente ou opoente.
Súmula 556-STF: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista.
Situação parecida com as demandas propostas contra a ANATEL
Súmula vinculante 27: Compete à Justiça Estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária, assistente nem opoente.
Súmula 506-STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o usuário de telefonia decorrentes de relação contratual.
12.9. É de competência do domicílio do réu a ação pretendendo declarar a violação de direito autoral e cobrar indenização decorrente deste fato – (Info 599)
	O pedido cumulado de indenização, quando mediato e dependente do reconhecimento do pedido antecedente de declaração da autoria da obra, não afasta a regra geral de competência do foro do domicílio do réu. 
Ex: João lançou um livro. Pedro, alegando que o conteúdo da obra é uma cópia de um livro escrito por ele anos atrás, ajuíza ação de indenização contra João. A competência, neste caso, será do domicílio do réu, nos termos do art. 46 do CPC. 
A análise do pedido de reparação de danos pressupõe o anterior acolhimento do pedido declaratório de reconhecimento de autoria da obra. Este é o objeto principal da lide. Em outras palavras, não se pode condenar o réu a indenizar o autor por violação a direito autoral se, antes, não for demonstrado que o requerente é o verdadeiro autor da obra. Nesse contexto, a competência deve ser definida levando-se em conta o pedido principal, de índole declaratória, de modo que deve incidir a regra geral do art. 46 do CPC. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.138.522-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 8/2/2017 (Info 599).
	OBS: Cumulação de pedidos: O pedido de indenização decorre de uma suposta violação dos direitos autorais do requerente. Desse modo, é indispensável primeiro se reconhecer o ato ilícito para, depois, verificar a existência ou não de danos (prejuízos) a ressarcir. Portanto, nesse tipo de demanda há uma "cumulação de pedidos interligados". Essa cumulação é subsidiária sucessiva. Isso porque a apreciação do segundo pedido depende do acolhimento do primeiro.
Reconhecimento de que houve delito: Desse modo, seria prematuro estabelecer que a competência desse feito fosse definida pelas regras referentes à reparação de danos. Isso porque a própria autoria da obra intelectual é matéria controvertida. Se o autor pretende ser reconhecido como titular de obra utilizada por terceiro, não se pode afirmar – salvo após o julgamento por sentença de mérito – a existência sequer do ilícito civil, o qual seria o pressuposto para a incidência da regra especial de competência do parágrafo único do art. 53, V, do CPC.
12.10. Causas que podem produzir reflexos no processo eleitoral são de competência da Justiça Eleitoral – (Info 596) – IMPORTANTE!!! (Anal. Judic./TRETO-2017)
	Em regra, as ações tratando sobre divergências internas ocorridas no âmbito do partido político são julgadas pela Justiça Estadual. 
Exceção: se a questão interna corporis do partido político puder gerar reflexos diretos no processo eleitoral, então, neste caso a competência será da Justiça Eleitoral. 
Assim, compete à Justiça Eleitoral processar e julgar as causas em que a análise da controvérsia é capaz de produzir reflexos diretos no processo eleitoral. 
STJ. 2ª S. CC 148.693-BA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 14/12/16 (Info 596).
	(Anal. Judic./TRETO-2017-CESPE): Determinado cidadão impetrou, na justiça cível estadual, mandado de segurança contra ato do presidente do partido político ao qual é filiado, que lhe teria negado o direito de concorrer ao cargo de vereador. Na oportunidade, questionou, ainda, a validade da convenção partidária na qual foram escolhidos os candidatos do partido. Ao receber a petição inicial, o juízo declinou sua competência para a justiça eleitoral. Posteriormente, o juízo da zona eleitoral, por entender que a matéria referente a critérios do partido político para a escolha de candidatos diz respeito à validade de ato interno do partido, suscitou conflito de competência por entender que a competência seria do juízo que a havia declinado. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a legislação em vigor e com a jurisprudência dos tribunais superiores: O conflito de competência deve ser decidido pelo STJ, e a competência para exame do mandado de segurança é da justiça eleitoral. BL: art. 105, I, “d”, CF e Info 596 do STJ.
	OBS:
Quando dois juízes vinculados a “Justiças” diferentes estão divergindo acerca da competência, quem deverá julgar este conflito? Quem julga o conflito entre um juiz de direito e um juiz eleitoral? STJ, nos termos do art. 105, I, “d”, da CF/88:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente: (...)
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
O que o STJ decidiu neste caso concreto? De quem é a competência para julgar esta ação? Justiça Eleitoral.
12.11. Competência para julgar demanda indenizatória por uso de imagem de jogador de futebol – (Info 587)
	É da Justiça do Trabalho (e não da Justiça Comum) a competência para processar e julgar a ação de indenização movida por atleta de futebol em face de editora pelo suposto uso indevido de imagem em álbum de figurinhas quando, após denunciação da lide ao clube de futebol (ex-empregador), este alegar que recebeu autorização expressa do jogador para ceder o direito de uso de sua imagem no período de vigência do contrato de trabalho. 
Na ementa oficial do julgado, restou assim consignado: 
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação indenizatória movida contra editora, por suposto uso indevido de imagem de atleta de futebol, caracterizado por publicação, sem autorização, do autor de sua fotografia em álbum de figurinhas, na hipótese de denunciação da lide pela ré ao clube empregador. 
STJ. 2ª Turma. CC 128.610-RS, Rel. Min. Raul Araújo, j. 22/6/16 (Info 587).
12.12. Competência para julgar MS contra ato do chefe do MPDFT no exercício de atividade submetida à jurisdição administrativa federal – (Info 587) – IMPORTANTE!!!
	É do TRF da 1º Região (e não do TJDFT) a competência para processar e julgar mandado de segurança impetrado contra ato do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal que determinou a retenção de Imposto de Renda (IR) e de contribuição ao Plano de Seguridade Social (PSS) sobre valores decorrentes da conversão em pecúnia de licenças-prêmio. 
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de tributos federais por ocasião do pagamento de parcelas remuneratórias (conversão de licenças-prêmio em pecúnia), está no exercício de função administrativa federal, razão pela qual não se pode reconhecer a competência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal ato. 
Obs: quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição administrativa local, a competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.303.154-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 16/6/16 (Info 587).
12.13. Dever de remessa dos autos ao juízo competente

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