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FACULDADE EVANGÉLICA DE GOIANÉSIA 
CURSO BACHARELADO EM DIREITO 
 
VILMA MESSIAS BARBOZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS: O Regime Mais Justo e 
Esquecido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIANÉSIA - GO 
2020
 
Vilma Messias Barboza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS: O Regime Mais Justo e 
Esquecido 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, em 
Formato de Artigo, apresentado a Faculdade 
Evangélica de Goianésia como requisito 
parcial a obtenção do Título de Bacharel em 
Direito, sob orientação da Prof. Me. Nedson 
Ferreira Alves Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIANÉSIA - GO 
2020
 
Vilma Messias Barboza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS: O Regime Mais Justo e 
Esquecido 
 
 
Goianésia, Goiás, _____ de ____________________ de 2020 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
____________________________________________________ 
Nedson Ferreira Alves Junior (Presidente) 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________________ 
(Arguidor) 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________________ 
 (Arguidor) 
 
 
 
 
 
3 
 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS: O REGIME MAIS JUSTO E 
ESQUECIDO 
 
 
Vilma Messias Barboza 1 
Nedson Ferreira Alves Junior 2 
 
 
RESUMO 
O estudo apresentado em sequência compreende a linha do direito de família, especialmente se 
considerando os regimes patrimoniais permitidos no direito brasileiro, detendo ainda um foco no estudo 
do regime de participação final nos aquestos e seus benefícios para os cônjuges. O Objetivo geral do 
estudo é: Estudar as vantagens do regime de participação final nos aquestos, ante os demais possíveis 
regimes de união civil. Já para os objetivos específicos:1. Delimitar os regimes possíveis no direito 
brasileiro; 2. Compreender quais os regimes mais comuns no direito brasileiro; 3. Estudar intimamente 
o regime de participação final nos aquestos; 4. Observar as vantagens do regime em estudo sobre os 
demais. Método de pesquisa dialético a ser aplicado em contexto intimamente complexo que necessita 
de diversas vertentes de estudo, desde a sociedade, passando pela moral e costumes até as 
necessidades de economia e bem como as observações legais sobre o tema. Os principais autores 
utilizados foram Dias (2016); Farias (2016); Gagliano (2019); e Gonçalves (2018). Após todo o estudo 
se conclui que apesar das complexidades do regime de participação final nos aquestos, este é 
especialmente mais justo em sua partilha ao passo que permite uma melhor administração dos bens. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Direito, Família, Regime Patrimonial, Aquestos. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O estudo que se pretende desenvolver se insere no campo do direito civil, 
especificamente o campo do direito de família, estudando como as relações 
matrimoniais impactam na vida civil; especialmente estudando a complexidade dos 
regimes matrimoniais. 
O estudo tente a tentar compreender os regimes possíveis de matrimonio 
e estudar especialmente o regime de participação final nos aquestos. Compreendendo 
que o referido regime é dado por certas vertentes como o regime de maior igualdade 
e sendo até informado como o mais justo; tal qual as lições de Gagliano (2019) 
O Objetivo geral do estudo é: Estudar as vantagens do regime de 
participação final nos aquestos, ante os demais possíveis regimes de união civil. Já 
para os objetivos específicos:1. Delimitar os regimes possíveis no direito brasileiro; 2. 
Compreender quais os regimes mais comuns no direito brasileiro; 3. Estudar 
 
1 Graduanda em direito pela Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG. 
2 Orientador, advogado, Docente, Mestre em Direito pela USP - Universidade de São Paulo. 
4 
 
intimamente o regime de participação final nos aquestos; 4. Observar as vantagens 
do regime em estudo sobre os demais. 
A justificativa do estudo detém como base a falta de conhecimento da 
população comum sobre os regimes possíveis, bem como da existência do regime de 
separação parcial dos bens sendo o mais aplicado as uniões. Ocorre que a aplicação 
do regime de separação parcial se dá em razão de uma negligencia entre os nubentes 
em escolher seu próprio regime, assim sendo o aplicado o comum. 
Deste campo informado acima, fica claro que o estudo do regime referido 
é de grande necessidade, isso pois, pode ser um regime de grande benefício em 
certas situações e necessita tal regime ter mais divulgação quanto a sua possibilidade 
e benefícios. 
Método de pesquisa dialético a ser aplicado em contexto intimamente 
complexo que necessita de diversas vertentes de estudo, desde a sociedade, 
passando pela moral e costumes até as necessidades de economia e bem como as 
observações legais sobre o tema. 
Do ponto de vista da sua natureza será uma pesquisa básica gerando 
conhecimentos sobre o tema do regime da participação geral nos aquestos, os itens 
constitucionais sobre o tema e bem como todo o contexto de acordo com o tema ´de 
pesquisa proposto no projeto. 
Do ponto de vista da forma de abordagem será qualitativa, já que é o mais 
condizente com os itens abordados no método dialético, assim qualificando os 
regimes de união, seus ditames, princípios, contexto social e questões legais sobre o 
tema. 
Do ponto de vista de seus objetivos será explicativa, assim sendo 
condizente com a metodologia proposta estando de acordo com todos os itens 
anteriormente ditos e sendo condizente com a metodologia dialética, explicando a 
conclusão geral chegada ao fim da pesquisa. 
Do ponto de vista dos instrumentos técnicos utilizados serão buscados os 
itens documentais e a pesquisa bibliográfica, observando os documentos sobre a 
previdência e dados jornalísticos sobre o tema, em conjunto com a pesquisa 
bibliográfica para observar os itens constitucionais sobre todo o exposto. 
 
 
5 
 
1. REGIMES DE BENS ESTABELECIDOS NO CÓDIGO CIVIL 
 
A natureza jurídica do casamento é uma matéria de grande discussão nas 
mais diversas doutrinas, algumas como as de Venosa (2017) informando o caráter de 
sacramento do casamento e seu nascimento com a popularização dos dogmas 
cristãos. Em outras vertentes como as lições de Gonçalves (2019) informam o caráter 
contratual desta relação e até vertentes mistas que compreendem a ideia de uma 
relação jurídica contratual e nascida de dogmas cristãos que se entrelaçam com a 
natura humana de relações intimas. 
Embora não exista uma vertente doutrinária única sobre a natureza jurídica 
do casamento, é certo que no ordenamento brasileiro parece prevalecer a noção mista 
e que se importa tanto com a ideia de negócio contratual quanto com a relação de 
intimidade da natureza humana. Gonçalves (2017) informa a complexidade de se 
definir esta natureza jurídica no ordenamento brasileiro, vez que, embora o matrimonio 
perante os dogmas religiosos seja o mais almejado, é apenas a sua transformação no 
registro civil que demonstra existência de deveres jurídicos e detém clara natureza 
contratualista. 
Apesar das complexidades da natureza jurídica do matrimonio, das uniões 
e das complexidades jurídicas advindas do casamento, uma questão é plena dentro a 
doutrina, as normas que regulam o casamento são de ordem pública e não podem ser 
derrogadas; nas lições de Gonçalves (2018, p. 27): 
 
As normas que o regulamentam são de ordem pública. Ipso facto, não 
podem ser derrogadas por convenções particulares. Com efeito, o 
casamento é constituído de um conjunto de normas imperativas, cujo 
objetivo consiste em dar à família uma organização social moral 
compatível com as aspirações do Estado e a natureza permanente do 
homem, definidas em princípios insculpidos na Constituição Federal e 
nas leis civis. Por essa razão, malgrado a liberdade concedida a toda 
pessoa de escolher o seu cônjuge, não é dado aos nubentes discutir 
com o celebrante o conteúdo e a extensão dos seus direitos e deveres, 
nem impor regras sobre a dissoluçãodo vínculo ou reconhecimento 
de filho. 
 
Destas normas de ordem pública que nascem certas regras, tais como 
direitos e deveres entre os nubentes, as formalidades da celebração do matrimonio e 
os regimes de separação de bens. São tais regimes o principal ponto do estudo 
presente. 
6 
 
Os regimes jurídicos de bens são uma questão de grande importância na 
união entre dois indivíduos, especialmente considerando que na maioria das relações 
matrimoniais passa a existir uma confusão patrimonial. Essa confusão patrimonial 
pode desencadear complexidades nas obrigações civis, nas sucessões e diversas 
áreas do direito. 
Em razão desta confusão patrimonial e em vontade de sistematizar o que 
é devido a cada indivíduo em uma união, nascem os regimes de bens que servem 
como as regras para a separação ou união patrimonial dos nubentes. Farias (2016) 
informa a união decorrente do casamento é expressa no Código Civil de 2002, em seu 
artigo 1.511 “o casamento estabelece comunhão plena de vida”, tal exposição simples 
gera uma série de obrigações emocionais e patrimoniais. 
Farias (2016) expõe de seus ensinamentos que a comunhão de vida gera 
uma série de relações entre não somente os que se unem, se transpondo até os 
familiares. Estas uniões entre os indivíduos geram, em principal, uma confusão 
patrimonial e de assistência e assim se torna necessário a regulamentação destas 
confusões patrimoniais. 
Vale ressaltar a complexidade de certas uniões que podem ser fraudes 
disfarçadas de relações conjugais e assim necessita de especial atenção, tal como os 
regimes de separação obrigatória de bens que servem como uma proteção ao 
patrimônio de um dos nubentes; clara exposição disto é o descrito nos artigos 1.641 
do Código Civil de 2002. 
É necessário ainda observar cada um dos regimes de comunhão presentes 
no direito brasileiro, especialmente observando os mais comuns de comunhão parcial 
de bens e comunhão universal que são bem conhecidos por parte da população. 
Farias (2016) informa que estes regimes de comunhão é a evidencia mais notória da 
estrutura jurídica que se toma a união de dois indivíduos. 
Gagliano (2019) informa que os regimes de bens se importam não com o 
casamento em si ou em regular as relações intimas dos nubentes, a intenção dos 
regimes de bens é a já informada proteção dos bens e garantir uma confusão de bens 
controlada. 
Os regimes de comunhão presentes na no código civil brasileiro são quatro 
ao total sendo o regime de comunhão parcial, comunhão universal, regime de 
participação final nos aquestos e o regime de separação de bens. Cada um destes 
detendo complexidades próprias e regras disciplinadas por parte da legislação 
7 
 
brasileira e até com certas questões complementares das doutrinas. 
O regime de comunhão parcial é disciplinado do artigo 1.658 a 1666 do 
Código Civil, sendo o regime mais conhecido no país em razão de ser o comumente 
adotado por parte dos casais brasileiros. A adoção do regime de comunhão parcial de 
bens se dá em razão do artigo 1.640 do Código Civil, o qual expõe: 
 
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, 
vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão 
parcial. 
 
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, 
optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à 
forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-
se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. 
(BRASIL, 2002) 
 
A adoção deste regime de bens se dá com uma ideia de que os nubentes 
não se preocupam tanto com o regime de comunhão de bens por ser esta uma 
complexa decisão a se tomar próximo ao momento de celebração que normalmente 
é o casamento. Tal afirmação se extrai dos estudos de Gagliano (2019, p. 404): 
 
A esmagadora maioria dos casais, quando da celebração do 
matrimônio, não cuida de estabelecer, por meio de pacto, regime de 
bens especial. Isso talvez por conta da (quase sempre) 
constrangedora situação de, em meio ao doce encantamento do 
noivado, terem de entabular conversa desagradável a respeito de 
divisão patrimonial. Tal diálogo culmina por afigurar-se 
acentuadamente desagradável, quase anacrônico, diante da 
expectativa de eternidade que sempre acompanha o projeto de vida 
dos noivos. Ou, quem sabe, talvez não cuidem de estabelecer o 
referido pacto antenupcial, simplesmente, por não terem ainda 
patrimônio com o que se preocupar... 
 
Nas noções de Venosa (2017) o advento da legislação de divorcio tornou 
necessário alterar o regime padrão quando não há uma escolha definida por parte dos 
nubentes. Anteriormente, no período anterior a 1977 o regime de comunhão universal 
era o comum em razão da impossibilidade de separação do casal. 
Já conforme os conhecimentos de Dias (2016) além desta complexa 
questão advinda da criação da Lei nº 6.515/77 que instituiu o divorcio e criou a 
complexidade que resultou na atual adoção do regime de comunhão parcial de bens 
como padrão, existe um movimento social que buscava por uma individualização de 
bens e o que resultou em um movimento doutrinário que entendia o regime de 
comunhão parcial de bens sendo o mais justo a se aplicar em uma união que se omite 
8 
 
a escolha de um regime de bens. 
Dias (2016) ainda elenca informações essenciais sobre este regime de 
bens, o qual é aplicado não somente perante a falta de manifestação dos noivos, 
sendo também aplicado na hipótese de um pacto antenupcial ser nulo ou ineficaz, o 
que resultaria na adoção do regime de comunhão parcial. 
Para conceituar especificamente este essencial regime de bens e o qual se 
parece ser o mais importante na sociedade brasileira, em razão da imposição legal de 
adoção quando não há escolha dos nubentes, os conhecimentos da doutrina o 
definem, de forma básica, como um regime de bens que comunica os bens adquiridos 
na constância do casamento. 
O regime de comunhão parcial de bens atente a uma linha ética de “o que 
é meu é meu, o que é teu é teu e o que é nosso, metade de cada um.” Conforme 
expõe Dias (2016, p. 533), observando o início da criação do “nosso” somente após a 
comunhão. Assim o casal passa a construir um patrimônio a partir do casamento e 
dividindo-o em casos de separação, sendo ignorados na comunhão os bens 
existentes anterior ao casamento e aqueles que se excluem pelas exceções imposta 
na norma. 
Venosa (2017) informa que este regime de bens se assenta na ideia de que 
a formação da comunhão de bens se dá a partir do casamento, os bens existentes 
anterior a esta comunhão continuam sendo próprios de cada um dos cônjuges e não 
se comunica ao outro. 
Gangliano (2019) segue o mesmo sentido dos doutrinadores citados 
anteriormente, compreendendo o autor que o regime de comunhão parcial de bens 
define uma lógica de comunicabilidade dos bens a partir do casamento e se tornando 
patrimônio do casal todo aquele bem adquirido a titulo oneroso durante a constância 
desta comunhão. O Autor, Gagliano (2019), ainda informa ser este um regime 
conveniente, justo e equilibrado 
O regime de comunhão parcial de bens ainda elenca uma importante 
questão que são as exclusões da regra geral, informados nos artigos 1.659 e 1.660 
do Código Civil, sendo o primeiro o rol de exclusão dos bens e o segundo artigo o 
rolde de bens que se comunicam neste regime. Vale ressaltar ainda a igualdade 
desempenhada na administração dos bens do casal, vez que, por imposição legal do 
artigo 1.663 CC estes bens em comunhão são de igual direito de administração. 
É claro que este regime de comunhão parcial de bens parece muito bem 
9 
 
estruturado e desenvolve uma série de medidas para auxiliar na igualdade, benefícios 
mútuos e garantia de segurança do patrimônio dos nubentes, gerando outra série de 
benefícios para os herdeiros de um dos cônjuges. 
Em contraponto existem os regimes de comunhão universal de bens e o 
regime de separaçãouniversal, sendo referidos por Venosa (2017 e Gagliano (2019) 
como os extremos dos regimes de bens, enquanto um impõe a comunicação de todos 
os bens o outro impõe a separação de todos os bens. 
O regime de comunhão universal de bens é disciplinado do artigo 1.667 até 
o artigo 1.671 CC/2002, sendo este um regime com uma regra geral bem simples de 
se unirem os bens do casal, existindo poucas exceções a regra geral e sendo um 
regime bem simples que depende a anuência dos nubentes. 
Dias (2016) expõe este regime de bens como sendo uma fusão não só de 
vidas e nascimento de um relacionamento como nos demais regimes, este regime de 
comunhão universal também presume uma fusão dos bens do casal; podendo se 
presumir uma união de todas as responsabilidades do casal. 
Neste regime de comunhão universal de bens a responsabilidade de 
administração dos bens é similar a aquilo aplicado no regime de comunhão parcial, 
podendo ambos os cônjuges administrar os bens, vez que inexistem bens próprio; via 
de regra, conforme o artigo 1.670 CC/2002 
Venosa (2017) informa que este era o regime geral e padrão presente no 
Código Civil de 1916, sendo um regime de bens advindo da tradição lusitana de união 
da vida, de responsabilidades e obviamente do patrimônio do casal. É um regime que 
se comunicam todos os bens do casal, com exceção apenas do que é referido no 
artigo 1.667. 
Em outro extremo existe o regime o regime de separação de bens, 
pressupondo a incomunicabilidade dos bens, diferentes dos demais bens, neste 
regime os cônjuges não partilham de seus bens. O regime de separação de bens é 
definido no artigo 1.687 e 1.688 CC/2002, somente dois artigos que valem a 
observação literal. 
 
Do Regime de Separação de Bens 
 
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob 
a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá 
livremente alienar ou gravar de ônus real. 
 
10 
 
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as 
despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e 
de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. 
(BRASIL, 2002) 
 
Parece um regime bem simples, sendo um regime com pouca disciplina 
legal em sua exposição, porém existem diversas peculiaridades sobre tal regime que 
pode acarretar em certa complexidade deste regime. Gagliano (2019) informa que 
este regime é uma expressão da autonomia privada, sendo ainda um regime simples 
que expõe uma regra de resguardar a exclusividade e a administração do patrimônio 
pessoal. 
Existem certas peculiaridades tais como o conceito de separação 
convencional de bens e a separação obrigatória, na primeira se adota a separação de 
bens por simples vontade dos cônjuges, já na separação obrigatória de bens existe 
uma imposição legal. 
As distinções deste regime de separação de bens acarretam em uma série 
de complexidades para a herança e a divisão de espólio, vez que, conforme se 
observa no artigo 1.829, inciso I, do Código Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente, que 
foi casado em regime de separação de bens, concorre com os demais herdeiros na 
sucessão. Já a separação obrigatória de bens que disciplina o artigo 1.641 CC/2002 
exclui o cônjuge sobrevivente da sucessão. 
Existe ainda o regime de participação final nos aquestos, sendo um regime 
de grande importância no estudo atual, porém sendo abordado especificamente, a 
posterior, e com diversas peculiaridades, que são inerentes deste regime pouco 
aplicado. Neste momento convém informar apenas que se trata de um regime 
disciplinado nos artigos 1.672 a 1.686 do Código Civil de 2002, sendo um regime que 
implica regra similar com regime de comunhão parcial, porém garantindo participação 
naqueles bens com o qual contribuiu para serem adquiridos ou formados. 
 
 
2. OS REGIMES DE BENS MAIS APLICADOS NO BRASIL 
 
Os regimes de bens aplicados no país são bem diversos, conforme as 
informações desenvolvidas no tópico anterior. Com essas possibilidades de regimes 
de bens e especialmente se considerando a existência de regimes que são 
11 
 
considerados padrão em casos que os nubentes não informem sua escolha, existem 
os regimes mais aplicados no país. 
Nader (2016) informa que a imposição de um regime de bens somente 
existe nos casos especiais, tal qual o regime de separação obrigatória em razão da 
idade, porém aplicar um padrão caso os nubentes não informem é uma imposição 
velada, dadas as complexidades existentes no Brasil. 
Embora os regimes de bens sejam especialmente voltados para que os 
cônjuges escolham o formato legal de sua administração de patrimônio durante uma 
comunhão de vidas, existe a complexidade do desconhecimento da população geral 
sobre os regimes existentes no país. Nader (2016) informa que o direito de família é 
uma questão recorrente na vida do ser humano, porém existe um forte 
desconhecimento da amplitude dos regimes e seus benefícios. 
Nader (2016) ainda informa que a possibilidade de escolha do regime de 
bens é uma das poucas opções existentes nas normas de direitos de família, não 
existindo grandes possibilidades de os cônjuges escolherem seus direitos e deveres 
em geral. 
 
A autonomia da vontade se reduz a pequenos espaços, como o da 
escolha do regime de bens. Havemos de distinguir, nesta passagem, 
vida familiar e Direito de Família. Este é pleno de normas cogentes, 
que estruturam a instituição; já a vida familiar é conduzida por uma 
fórmula singular, adotada por quem possui o poder familiar. Como a 
solidariedade se desenvolve no seio da família, é uma questão interna 
do grupo, que apenas deve observar certos limites estabelecidos em 
lei. (NADER, 2016, p. 77) 
 
Em similar sentido existem os ensinamentos de Venosa (2017) que expõe 
uma complexidade dos regimes de bens existente no ordenamento brasileiro, vez que, 
embora a lei informe um regime de bens, os nubentes podem escolher o regime que 
vai dar regra a sua administração de patrimônio, porém é necessário expressar tal 
vontade por meio do pacto antenupcial que requer conhecimento jurídico especifico 
dos nubentes. 
 
Outro princípio do regime de bens já por nós acenado é a autonomia 
da vontade dos cônjuges. Os esposos têm a sua disposição 
supletivamente o regime da comunhão parcial na lei, não sendo 
obrigados a elaborar escritura antenupcial. No entanto, como vimos, 
têm ampla oportunidade de fazê-lo, adotando os demais regimes 
descritos pelo legislador ou combinando-os entre si. Os únicos 
12 
 
obstáculos serão normas de ordem pública. (VENOSA, 2017, p. 347) 
 
O desconhecimento da população sobre as formas de regimes de bens 
acarreta em uma complexidade, a existência de uma aplicação quase que geral do 
regime padrão; atualmente sendo o regime de comunhão parcial e anteriormente 
(1977) sendo o de comunhão universal. (NADER, 2016) 
Embora seja especial escolha dos nubentes o seu regime de bens, existe 
uma complexidade que é a omissão recorrente desta escolha, acarretando em 
aplicação de um regime padrão e consequentemente o desconhecimento da 
população sobre os diversos e melhores regimes de bens a serem aplicados em cada 
caso. 
É de se entender que anteriormente a 1977 o regime de bens mais aplicado 
era o de comunhão universal justamente em razão deste desconhecimento da 
população sobre os diversos regimes existentes na época, bem como existe uma 
ampla gama de aplicação do regime de comunhão parcial após 1977 e até atualmente. 
É de se corroborar tal afirmação, do regime mais aplicado no país, mediante os dados 
estatísticos do IBGE. 
 
Variável – Escrituras de divórcio 
Regime de bens do 
casamento 
ANO 
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 
Total 28164 37703 37963 63358 80184 78949 77269 
Comunhão 
universal 
7106 8773 8436 11609 13271 12132 11406 
Comunhão parcial 19763 27102 27523 47769 61446 61314 60965 
Separação 1295 1828 1960 3658 4781 4923 4615 
Sem declaração - - 44 322 686580 283 
Fonte: IBGE 2020 
 
É importante notar que tais dados expõe a variável de divórcios para os 
anos expostos, entretanto ainda é necessário informar que os dados do IBGE (2020) 
não expõem os regimes de bens em seus dados sobre os casamentos no país. Dos 
dados informados estes são os únicos que foram encontrados e que informam quais 
os regimes de bens nas relações. 
13 
 
Se observa de tais dados que existe uma forte predominância da comunhão 
parcial como sendo o regime de bens mais existentes nos dados informados por parte 
do IBGE (2020). Tais informações corroboram a compreensão de que existe uma 
grande influência da falta de escolha e da existência de um regime padrão a ser 
aplicado. 
É de se notar dos dados do IBGE (2020) que inexistem dados dos regimes 
de casamento em participação final nos aquestos, estes sendo tão irrisórios que 
adentram a parte de inexistência de declaração. O fato de não serem apresentados 
os dados específicos do regime de participação final nos aquestos se deve em razão 
da baixa recorrência de tais dados e assim não se especificando tais dados para que 
não seja existente uma absurda redundância ou poluição das estatísticas informadas; 
conforme é exposto por parte do IBGE em suas fichas de informação. 
Embora os dados do regime de bens de participação final nos aquestos não 
estejam devidamente informados nos dados do IBGE, é compreensível que tais 
valores sejam os menores de todos os demais regimes. O baixo volume do regime de 
participação final nos aquestos pode ser demasiadamente baixo por uma falta de 
conhecimento da população ou por uma similaridade aparente com o regime de 
comunhão parcial de bens. 
Ao que se referem aos períodos anteriores a 2007 e posteriores a 1977, 
existe a peculiaridade da conhecida popularmente como Lei do divórcio, LEI Nº 6.515 
de 1977, que passou a permitir o divórcio. Sobre os dados de divorcio ou regime de 
bens anteriores a 2007, inexistem dados do IBGE sobre o tema, vez que a série que 
visa tais dados apenas se iniciou em 2007. 
Em razão da falta de dados não é possivel compreender se existem 
complexidades relacionadas ao aumento de pactos antenupciais ou escolhas por 
parte dos regimes diversos. Tal fato ocorre devido aos cartórios em geral não 
informarem dados estatísticos específicos sobre tal parcela de informação, bem como 
os dados do IBGE não buscarem tal informação até o período de 2007. 
Mesmo com toda a complexidade dos dados apresentados e da volatilidade 
de dados, é certo que o regime comum ou também dito como regime legal de bens é 
o mais aplicado no país. Podendo existir uma série de possibilidades para essa 
predominância do regime de comunhão parcial. 
Uma possibilidade de predominância do regime de comunhão parcial é a 
facilidade de se casar neste regime, vez que este regime não necessita de grandes 
14 
 
procedimentos ou conhecimentos jurídicos. Sendo possivel ainda a nulidade do pacto 
antenupcial ou a complexidade de desenvolver tal pacto nupcial como uma causa da 
adoção do regime geral da comunhão parcial. 
 
O regime da comunhão parcial é o que prevalece se os consortes não 
fizerem pacto antenupcial, ou, se o fizerem, for nulo ou ineficaz (CC, 
art. 1.640, caput). Por essa razão, é chamado também de regime legal 
ou supletivo, como já mencionado. (GONÇALVES, 2018, p. 226) 
 
Entretanto o pacto nupcial pode se uma forma essencial para definir limites 
entre os nubentes além daqueles regimes de bens, podendo exprimir obrigações 
mutuas e até questões extrapatrimoniais. Conforme os conhecimentos e estudos de 
Fleischmann e Fchini (2020, p. 16) sobre o pacto antenupcial: 
 
O pacto antenupcial tem sido instrumento cada vez mais utilizado 
pelos nubentes, pois permite-lhes regrar a relação conforme seus 
interesses, garantindo segurança jurídica e evitando futuros conflitos. 
As vantagens oferecidas pelo instrumento são inúmeras, podendo-se 
citar a liberdade conferida ao casal para que regule sua relação, seja 
quanto ao regime de bens, seja disciplinando outros aspectos, a 
possibilidade de se precaver em situações futuras, o baixo custo e a 
tranquilidade proporcionada. A despeito da crescente utilização do 
pacto antenupcial, remanescem questões controvertidas e pouco 
debatidas acerca dos requisitos, conteúdo e efeitos do instrumento. O 
que se revela ainda mais alarmante é a disparidade existente entre 
prática notarial e posicionamento doutrinário, quanto a certas 
questões. 
 
Este pacto antenupcial é obrigatório para a escolha do regime que seja 
diverso da comunhão parcial, sendo também utilizado para criar obrigações e direitos 
extrapatrimoniais especiais entre os nubentes. Ocorre que este pacto antenupcial não 
é um item simples do direito brasileiro ou sequer eivada de controvérsias, valendo 
ainda ressaltar que este pacto antenupcial detém taxa cartorária e gerando ônus 
patrimonial para o casal. (FLEISCHMANN, FCHINI, 2020) 
Após toda a exposição, se caracteriza que o regime mais aplicado é, 
atualmente, o de comunhão parcial de bens, isso em razão de ser o regime legal ou 
padrão, porém tal aplicação se deve a uma complexidade existente em se optar por 
regime diverso. As barreiras de conhecimento, financeiras e processuais dos 
cartórios, existentes nesta linha de se optar por regime de bens diverso do padrão, 
acarreta em complexidade e um domínio do regime de comunhão parcial de bens no 
15 
 
país. 
 
 
3. AS VANTAGENS DO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS 
AQUESTOS 
 
Após todo o estudo, fica claro em como a escolha por um regime de bens 
diverso daquele padrão existente é uma tarefa complexa, porém é possivel que certas 
ações que visem a mudança do regime patrimonial podem vir a beneficiar o casal. 
Valendo compreender se o regime de participação final nos aquestos é mais vantajoso 
que os demais e pode ser um beneficio que supera todas as barreiras encontradas no 
processo de se alterar o regime patrimonial. 
Gagliano (2019) informa que este regime de participação final nos aquestos 
é de grande utilidade e permite uma série de benefícios para os nubentes, entretanto 
a falta de conhecimento da população faz com que sejam escolhidos outros regimes 
que podem não se adequar aos desejos dos nubentes. 
Em primeiro ponto é necessário retirar o estigma existente de que o regime 
de participação final nos aquestos é o mesmo que o regime de comunhão parcial, vez 
que se tratam de regimes patrimoniais diversos e detendo cada um destes as suas 
definições e peculiaridades. 
De antemão vale ressaltar a peculiaridade histórica do regime de 
participação final nos aquestos, vez que este trata-se de uma inovação jurídica criada 
com o Código Civil de 2002 que foi inserido sob a premissa de superar o antigo regime 
dotal. 
 
O regime de participação final nos aquestos não deverá vingar. Esse 
regime fora consagrado em substituição ao vetusto regime dotal, o 
qual, já há décadas, somente esteve presente em nossas vidas nas 
novelas vespertinas de época. 
Segundo CLÓVIS BEVILÁQUA, o regime dotal seria: 
“aquele em que os patrimônios de ambos os cônjuges se acham 
distintos, sob a propriedade e administração exclusiva de cada um, 
recaindo o ônus da sustentação da família sobre os bens do marido e 
sobre os rendimentos do dote, cuja administração é direito especial do 
marido (GAGLIANO, 2019, p. 421, apud, BEVILÁQUA, 2011, 213) 
 
16 
 
O regime dotal se tratava de regime extremamente contrario a 
compreensão de direitos de igualdade, as novas noções de poder familiar e a 
igualdade de direitos e deveres presente no matrimonio. O regime dotal se baseava 
especialmente no dote, pagamento para suporte ao casamento, sendo claramente 
incompatível com ordenamentos modernos que presem por uma igualdade de direitos 
entre os cônjuges. (GAGLIANO, 2019) 
Sobre as definições do regime de participação final nos aquestos, os 
estudos e definições de Gonçalves (2018) expõe quese trata de um regime complexo 
que é uma forma de fusão entre a forma de administração dos bens no regime de 
separação universal de bens e com o auxilio a direitos de participação durante o 
divórcio sendo aplicadas formas de separação conforme o regime de comunhão 
parcial. 
 
Trata-se de um regime híbrido, pois durante o casamento aplicam-se 
as regras da separação total e, após a sua dissolução, as da 
comunhão parcial. Nasce de convenção, dependendo, pois, de pacto 
antenupcial. Cada cônjuge possui patrimônio próprio, com direito, 
como visto, à época da dissolução da sociedade conjugal, à metade 
dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do 
casamento. 
É, na realidade, um regime de separação de bens, enquanto durar a 
sociedade conjugal, tendo cada cônjuge a exclusiva administração de 
seu patrimônio pessoal, integrado pelos que possuía ao casar e pelos 
que adquirir a qualquer título na constância do casamento, podendo 
livremente dispor dos móveis e dependendo da autorização do outro 
para os imóveis (GONÇALVES, 2018, p. 234) 
 
Se nota uma complexidade neste regime de bens, vez que se trata, em 
primeiro momento, de uma simples fusão do regime de separação universal de bens 
e o de comunhão parcial. Ocorre que o regime de participação final nos aquestos 
detém grandes peculiaridades e benefícios para os cônjuges. 
Tal regime é disciplinado nos artigos 1.672 até 1.686 do Código Civil de 
2002, porém o que detém grande importância é o artigo 1.672 que expõe o conceito 
deste regime patrimonial, bem como o artigo 1.679 que detém grande importância 
neste regime patrimonial. 
 
Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge 
possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe 
cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade 
dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do 
17 
 
casamento. 
[...] 
Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá 
cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou no crédito 
por aquele modo estabelecido. (BRASIL, 2002) 
 
Se nota que o artigo 1.672 expõe o que é o regime de participação final nos 
aquestos e suas definições em geral, considerando que este é um regime que visa 
separar os bens dos cônjuges durante a constância matrimonial, porém o momento 
da dissolução deve figurar nos moldes de uma comunhão parcial, de forma que os 
bens sejam partilhados. 
Sendo ainda importante o artigo 1679 que expõe uma forma especial de 
partilha que é uma participação conforme contribuição para a construção do bem, 
sendo uma forma de partilha extremamente justo e que visa possibilitar que cada 
parte, na dissolução conjugal, detenha o patrimônio que lhe é de direito. 
Certa parte da doutrina pátria, tal qual Dias (2016), informam que existe 
complexidades tão extremas no regime de participação final dos aquestos, o que torna 
o regime inviável em casos simples como apenas uma vontade básica dos nubentes, 
se aplicando melhor em casos em que, devido as atividades dos nubentes existe a 
necessidade de se aplicar tal regime. 
 
O regime da participação final nos aquestos é um regime misto, 
híbrido, com exaustivo regramento (CC 1.672 a 1.686). Traz normas 
539/1276 de difícil entendimento. Sua execução é complicada, sendo 
necessária a mantença de uma minuciosa contabilidade, mesmo 
durante o casamento, para viabilizar a divisão do patrimônio na 
eventualidade de sua dissolução. Em determinados casos, há a 
necessidade de realização de perícia para a identificação dos 
aquestos partilháveis e respectivas avaliações. (DIAS, 2016, p. 540) 
 
É fato que o rol de dispositivos que expõe o regime de participação final 
nos aquestos é extenso e de certa complexidade, porém isto ocorre para evitar 
lacunas neste regime e dar uma disciplina específica para um regime que visa 
melhores formas de administração e divisão de patrimônio. (GONÇALVES, 2018) 
O regime de participação final nos aquestos se trata de inovadora forma de 
desenvolvimento dos regimes patrimoniais, sendo amplamente desenvolvido no 
mundo todo, sendo um tipo de regime patrimonial que se desenvolveu fortemente no 
direito contemporâneo. (GONÇALVES, 2018) 
 
18 
 
Embora o regime em apreço constitua entre nós inovação apresentada 
pelo Código Civil de 2002, é ele previsto em vários países como 
Alemanha, França, Espanha, Portugal, Argentina e os escandinavos, 
representando mais uma opção deixada à escolha dos nubentes, 
embora com denominações diferentes. É considerado ideal para as 
pessoas que exercem atividades empresárias, pela liberdade que 
confere aos cônjuges de administrar livremente, na constância da 
sociedade conjuga. (GONÇALVES, 2018, p. 235) 
 
Se nota que este regime patrimonial não é exclusivo do ordenamento 
brasileiro, sendo bem utilizado em outros países, especialmente na Alemanha onde 
se desenvolveu com certa popularidade. Os empresários e participantes de 
multinacionais, bem como indivíduos ligados a amplas transações de imóveis, optam 
amplamente por este regime na Alemanha. A popularidade se deve ao beneficio em 
ser um regime que distingue a administração e ainda dá a proteção aos cônjuges 
conforme os regimes mais solidários existentes. (GONÇALVES, 2018) 
Entretanto existem certas vertentes que entendem este regime de bens da 
participação final nos aquestos como sendo um regime que não seria de grande 
popularidade no Brasil, em razão da falta de popularidade do pacto antenupcial e 
especialmente em razão da possibilidade de fraude patrimonial ou os já complexos 
problemas do divorcio não amigável. (GAGLIANO, 2019) 
É certo que existem algumas necessidades de conhecimento e atenção aos 
bens para que o regime de participação final nos aquestos possa exprimir sua melhor 
aplicação. Apesar das complexidades não se poder falar em simples existência de 
fraude por apenas aplicação de um regime de bens. 
De fato, o regime de bens da participação final nos aquestos necessita de 
atenção especial para a participação de cada um dos cônjuges na construção do 
patrimônio, vez que, embora não administrem em conjunto o patrimônio que é sua 
propriedade, os cônjuges devem partilhar no momento da dissolução do vínculo 
conjugal. 
Por forçado artigo 1.679 do Código Civil existe a complexa possibilidade de 
fraude no patrimônio em razão da impossibilidade de se comprovar com real certeza 
a existência de participação de um dos cônjuges na construção de certo patrimônio. 
Existindo ainda a imposição do artigo 1.677 do Código Civil que impõe a 
incomunicabilidade das dívidas contraídas por apenas um dos cônjuges, conforme se 
observa: “Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos 
cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou 
19 
 
totalmente, em benefício do outro.” (BRASIL, 2002) 
Gagliano (2019) expõe de seus estudos exatamente os artigos acima 
informados em razão da complexidade deste regime possibilitar a violação da sua 
função, por meio da fraude, bem como da complexidade deste regime patrimonial. O 
autor compreende que tal norma é natimorta, restando tão baixa aplicação que o futuro 
lhe reserva o esquecimento e uma revogação futura por norma que melhor se adeque 
as necessidades da população. 
Embora existam tais criticas a tal norma jurídica, existem diversos 
benefícios e louváveis elogios a modernidade de tal norma, conforme expõe Dias 
(2016) que informa a aplicação de tal norma em situações específicas e 
especialmente se adequando ao mundo do capital em que atualmente toma conta do 
mundo. 
Até mesmo a complexa necessidade de desenvolver o pacto antenupcial é 
um quesito que pode auxiliar aos nubentes em desenvolver um regime patrimonial 
que de melhor igualdade e solução para cada caso me específico, neste sentido expõe 
Dias (2016, p. 540): 
 
Quer porque é novo, quer porque se destina a casaisque possuem 
patrimônio próprio e ambos desempenham atividades econômicas, é 
pouco procurado. No entanto, se no pacto antenupcial forem 
estabelecidas regras claras quanto à avaliação dos bens e os critérios 
incidentes para cálculo dos eventuais créditos de participação, pode 
apresentar-se como uma solução interessante para quem quiser um 
meio-termo entre a separação total e a comunhão parcial. Partilham-
se os ganhos superiores de um frente ao outro cônjuge, o qual faz jus 
a pagamento preferentemente em dinheiro, evitando-se a 
cotitularidade sobre bens 
 
Até mesmo os estudos de Gagliano (2019) que é ferrenho critico de tal 
regime patrimonial, expõe que certas atividades econômicas da modernidade podem 
ser beneficiadas deste regime. Atividades como a corretagem de imóveis, atividades 
imobiliárias em geral e atividades que apresentem especial alteração continua e 
volumosa no patrimônio, podem vir a se beneficiar de tal regime, vez que necessitam 
de autonomia patrimonial e tende a ser necessário a autonomia patrimonial em tais 
atividades. 
Neste mesmo sentido são os conhecimentos de Gonçalves (2018) que 
compreende este regime como detendo certas vantagens que podem auxiliar a vida 
matrimonial e certos casos específicos, porém o que melhor se expressa de tal regime 
20 
 
é a proteção econômica dos parceiros no limite de sua contribuição para a construção 
do patrimônio do casal. 
 
O regime de participação final nos aquestos apresenta, como foi dito, 
a vantagem de permitir a conservação da independência patrimonial 
de cada cônjuge, até mesmo no tocante à elevação ocorrida durante 
o casamento, proporcionando, ao mesmo tempo, por ocasião da 
dissolução da sociedade conjugal, proteção econômica àquele que 
acompanhou tal evolução na condição de parceiro, sem ter, no 
entanto, bens em seu nome. (GONÇALVES, 2018, p. 236) 
 
É importante ressaltar que o regime de participação final nos aquestos é 
especialmente benéfico em liberdades para os cônjuges, podendo eles facilmente 
administrar seu patrimônio, porém podendo ainda acordar questões no pacto 
antenupcial que gerem pesos e contrapesos para melhor beneficiar os interesses dos 
nubentes. Podendo ainda este regime gerar uma melhor forma de partilha de bens em 
uma situação de divórcio ou extinção do vinculo conjugal. 
Após todo o estudo apresentado, observando as complexidades do estudo 
em geral, os conceitos e caraterísticas do regime de participação final nos aquestos, 
fica claro em como este regime detém um beneficio para os cônjuges ou nubentes. 
Sendo o regime de participação final nos aquestos aquele que facilita a administração 
do patrimônio ao mesmo tempo que garante uma eventual partilha de bens de forma 
justa. 
Ao que parece, o regime de participação final nos aquestos desenvolve os 
benefícios do regime de separação universal de bens ao mesmo tempo que garante 
uma justa partilha de bens em uma eventual ação de divórcio ou uma dissolução do 
vínculo matrimonial. 
Não se pode afirmar que o regime de participação final nos aquestos é 
perfeito ou sem a presença de qualquer possibilidade de vícios, com tal regime 
patrimonial as disputas de divorcio podem ser especialmente prolongadas e existe a 
alta possibilidade de fraude. Apesar das possibilidades de erro de tal regime, não se 
pode falar que são erros apenas do regime e sim dos indivíduos a com ele atrelados, 
o regime detém tais possibilidades de falhas ante a sua flexibilidade que é seu 
principal ponto forte. 
 
 
21 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Após todo o estudo apresentado, é de se perceber que todo o direito 
brasileiro, em seu ordenamento do ramo de família, apresenta uma série de 
possibilidades para que os nubentes escolham o regime que deverá ordenar sua 
relação patrimonial. 
Os diversos regimes patrimoniais presentes no direito brasileiro são 
especialmente benéficos em situações especificas, porém os regimes em geral são 
extremamente rígidos, não permitindo uma administração de bens de forma autônoma 
e com possibilidade de partilha de forma justa. 
Os regimes brasileiros ainda detêm a peculiaridade de ser o regime legal 
ou regime padrão, de comunhão parcial de bens, como sendo o mais aplicado no país 
em razão da necessidade de pacto antenupcial para se constituir os demais regimes. 
Assim existe um domínio do regime de comunhão parcial de bens por ser este o 
aplicado caso os nubentes não firmem pacto antenupcial escolhendo regime diverso. 
O estudo demonstra que o regime de bens do pacto antenupcial 
desenvolve uma complexidade extrema que é a forma de um regime hibrido, de certa 
complexidade que, apesar de toda sua complexidade, apresenta uma melhor 
possibilidade de administração dos bens durante a constância do casamento e melhor 
forma de partilha ao final da relação matrimonial. 
O regime de participação final nos aquestos apresenta uma série de 
benefícios para diversas possibilidades, especialmente sendo um regime patrimonial 
que melhor se adequa ao continuum de evolução econômica e de um modelo 
capitalista que necessita de certa autonomia para o gerenciamento patrimonial. 
Ressaltando ainda o caráter de uma justiça melhor aplicada no momento da partilha 
de bens, vez que o referido regime permite uma partilha de forma que cada cônjuge 
deverá deter patrimônio de forma a qual contribuiu para a construção do referido 
patrimônio. 
 
 
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