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Formação do Estado Moderno

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16 Ciências Humanas 
Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
interesses no terreno político e seus interesses incluíam, necessariamente, uma nova 
organização política.
Essa nova organização deveria, para atender a tais anseios, ser mais estável 
e baseada numa ordem jurídica que fundamentasse seus direitos de ampliação do 
comércio de representação política e de direitos civis. As guerras intermináveis atra-
palhavam o comércio, a quantidade de impostos sobre as mercadorias atravancava a 
circulação, o número de moedas dificultava a troca. O que a burguesia necessitava era 
de uma verdadeira revolução política.
O Estado moderno se forma, então, como uma espécie de organização 
política que representa novos interesses políticos e marca o final da era feudal e o 
início da modernidade. Desde o século XVII, o Estado configurou-se como única 
alternativa de organização política. Ainda assim, cada cultura política desenvolveu as 
instituições estatais de maneira diversa, dependendo das particularidades próprias de 
cada tradição. Em decorrência, as instituições dependem não só da estrutura dada 
pelo ordenamento jurídico do Estado, mas também da cultura política da sociedade, 
representada pelos valores e ideias sociais compartilhadas entre os membros, ou seja, 
os códigos de conduta que geralmente não estão escritos e os quais complementam 
as regras formais. Isso ocorre porque, ainda que as regras possam ser as mesmas, os 
mecanismos de cumprimento obrigatório, a forma com que se exerce a obrigatorie-
dade, as normas de conduta e os modelos subjetivos dos atores não o são. No pre-
sente artigo, analisaremos os principais modelos de Estado de ocidente, a partir de 
quatro culturas políticas (inglesa, francesa, estadunidense e latino-americana), com o 
objetivo de mostrar costumes e tradições políticas diversas, que influem até hoje nos 
diferentes Estados. 
o estado liberal
O Estado Liberal é o verdadeiro desdobramento da separação entre o pú-
blico e o privado. No absolutismo, predominava o interesse de um monarca ou até 
mesmo da nobreza. A revolução da burguesia impôs uma nova forma de Estado. 
Em 1787, a primeira Constituição liberal foi promulgada, os princípios que a fun-
damentavam eram a liberdade, a igualdade e a fraternidade; dois anos depois, esses 
princípios foram consagrados pela Revolução Francesa de 1789. Sobre a Revolução 
Francesa, paira até hoje a aura de uma mudança significativa nas relações de poder 
na Europa.
A Revolução Francesa representa todo um período de agitação política que 
instituiu os ideais de renovação da burguesia. A monarquia absolutista caiu em três 
anos do processo revolucionário. Privilégios feudais, aristocráticos e religiosos foram 
atacados por grupos políticos radicais. 
Filosofia 17
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O Parlamento de Paris defende o princípio de “um homem, um voto” – e 
a duplicação dos representantes do Terceiro Estado. As relações de poder podem ser 
representadas por números, desde que esses números sejam representantes de pesso-
as com votos e voz. Vejamos, portanto, o que ocorreu com o poder. Serão eleitos, 
na França, 291 deputados para a reunião do Primeiro Estado (Clero), 270 para a 
do Segundo Estado (Nobreza), e 578 deputados para a reunião do Terceiro Estado 
(burguesia e pequenos proprietários). Uma relação numérica que já diz muito do que 
realmente mudou, no novo regime.
deMoCraCia direta, indireta e rePresentativa
Existem diferenças importantes entre os tipos de democracia que existiram 
na história, por isso, há, pelo menos, três tipos de democracia: a democracia direta, a 
democracia indireta e a democracia representativa.
Na democracia direta, o cidadão pode votar e expressar sua opinião sem 
ter intermediários. Por esse motivo, essa espécie de democracia tem mais chances de 
ocorrer sem maiores problemas, em populações e territórios pequenos. Como vive-
mos em agrupamentos humanos cada vez mais populosos, a maioria dos governos 
democráticos utiliza um tipo de democracia indireta. A forma de democracia mais 
exercida no mundo moderno é a democracia representativa, na qual as decisões po-
líticas não são tomadas diretamente pelos cidadãos, mas por representantes eleitos 
pelos cidadãos. 
Os representantes dos cidadãos têm direito a voto e representam a vontade 
daqueles que os elegeram. Isso, obviamente, em tese, pois as opiniões e interesses dos 
cidadãos podem se distanciar da leitura que o representante faz do contexto político. 
Todavia, um princípio fica garantido, nesse processo, à eleição dos representantes 
para as assembleias, câmaras e parlamentos de uma nação. Pode-se, também, nesse 
sistema político, acontecer referendos e plebiscitos, nos quais os cidadãos votam so-
bre um assunto específico que seja de interesse público. O que sempre deve ocorrer, 
nesse processo é a garantia de liberdade de escolha e expressão. Portanto, o estado 
moderno pode ser caracterizado como um estado de direitos, isto é, ele se funda-
menta na representatividade e no direito de escolha do cidadão. Note que a palavra 
cidadania só faz sentido nesse contexto.
1.3 revoluções soCiais e PolítiCas na euroPa Moderna
Para entendermos as revoluções sociais e políticas, na Europa moderna, te-
mos que fazer referência aos movimentos intelectuais que determinaram a ideologia 
de fundo dessas revoluções. O ILUMINISMO certamente figura entre os movimen-

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