Prévia do material em texto
Pró-Reitoria de Extensão – PROEX 86 Ciências Humanas seMiárido Clima de transição encontrado tanto em regiões tropicais como em regiões temperadas. Caracterizado por chuvas escassas e mal distribuídas, durante o ano. teXtos CoMPleMentares vitaMina d Drauzio Varella Esse menino precisa apanhar sol, recomendava minha avó diante da crian- ça pálida. Na época, a exposição ao sol nas montanhas era o único tratamento para a tuberculose. Em 1822, um médico polonês observou que o raquitismo era mais comum nas crianças que haviam migrado para as cidades. Dois anos depois, os alemães su- geriram que a doença fosse tratada com o insuportável óleo de fígado de bacalhau. No fim do século 20, os dermatologistas concluíram que a exposição ao sol deveria ser evitada por causa do câncer de pele. Entramos na era dos filtros protetores, sem os quais alguns não põem o pé fora de casa. O conselho dado por minha avó encontra-se hoje nas páginas das revistas médicas mais influentes: sem sol, a pele não produz vitamina D. Sem ela, surgem en- fermidades que vão do raquitismo à osteoporose; do câncer às infecções, ao diabetes e às complicações cardiovasculares. Seres humanos conseguem obter vitamina D a partir da exposição à luz solar, da dieta e de suplementos vitamínicos. Ao incidir sobre a pele, a banda B da radiação ultravioleta converte um precursor em pré-vitamina D, que é rapidamente transformada em vitamina D. Como qualquer excesso da pré-vitamina é destruído pela luz, o excesso de sol não leva à hipervitaminose. As fontes alimentares são pobres. A maior concentração é no óleo de fígado de bacalhau: 1.360 unidades em cada colher de sopa. Em quantidades menores, a vitamina pode ser obtida pela ingestão de peixes oleosos (salmão, atum, sardinha), cogumelos, gema de ovo, sucos e cereais enriquecidos artificialmente. As descobertas de que a maioria das células do organismo possui receptores para vitamina D (e de que muitas são dotadas de enzimas capazes de convertê-la em sua forma ativa) permitiram elucidar seu papel na prevenção de doenças crônicas. Vivemos em plena epidemia de hipovitaminose D, deficiência que atinge 1 bilhão de pessoas, especialmente nos países com dias frios e escuros durante me- ses consecutivos. Inquéritos epidemiológicos demonstram que, nos EUA, acham-se Pró-Reitoria de Extensão – PROEX Geografia 87 nessa condição de 40% a 100% das pessoas com mais de 70 anos; 52% das crianças negras e 32% dos médicos de um hospital de Boston. Habitantes das regiões equatoriais expostos ao sol com roupas leves, ao contrário, apresentam altos níveis da vitamina. Mas nos países árabes, na Austrália e na Índia, em que a população vive com o corpo coberto apesar do calor, de 30% a 50% dos adultos são deficientes. Osteoporose e fraturas ósseas, fatos dramáticos na vida dos mais velhos, guardam relação íntima com a hipovitaminose D. Assim como os ossos, os músculos possuem receptores para vitamina D, da qual requerem quantidades mínimas para adquirir potência máxima. Células de cérebro, fígado, próstata, mama, cólon e sistema imunológico também apresentam tais receptores e se ressentem da falta dela. Direta ou indiretamente, a vitamina D controla mais de 200 genes, res- ponsáveis pela integridade da resposta imunológica. A deficiência desse micronu- triente aumenta o risco de tuberculose. Os negros, cuja pele tem mais dificuldade para sintetizá-lo, são mais suscetíveis à doença e a contraí-la em suas formas mais graves. Viver em latitudes mais altas aumenta a probabilidade de câncer de cólon, próstata, ovário e outros. Um estudo conduzido entre 32 mil mulheres mostrou que, quanto mais baixos os níveis de vitamina D, mais alto o risco de câncer de intestino. Outro estudo demonstrou que o câncer de próstata surge três a cinco anos mais tarde em homens que trabalham ao ar livre. Nessas regiões, são maiores os riscos de se manifestar o diabetes do tipo 1, doenças inflamatórias do intestino, esclerose múltipla, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, esquizofrenia e depressão. O que fazer? Voltaremos a queimar o corpo sob o sol? Não podemos esquecer que as radiações solares provocam manchas e apressam o envelhecimento cutâneo, além de constituir a principal causa do câncer de pele. Quanto sol precisamos tomar? Depende da cor da pele: quanto mais escura, mais resistente a ele, e menos eficiente na produção de vitamina D. Exposição dos braços e pernas ao sol num período de 5 a 30 minutos (se- gundo a pigmentação cutânea), duas vezes por semana, produz níveis adequados de vitamina D.