Buscar

Prévia do material em texto

14 Ciências Humanas 
Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
para o exercício de poder ou para o predomínio de uma ideia sobre outra. Esse pro-
blema foi exemplarmente discutido por Platão e Aristóteles, em suas disputas com 
os chamados sofistas, os quais eram especialistas em retórica (técnica de discursar e 
convencer as pessoas das mais variadas teses), verdadeiros professores de persuasão. 
Segundo alguns sofistas, a verdade poderia ser defendida de vários pontos de vista. 
Isso acabou levando à acusação de que os sofistas estavam mais interessados em con-
vencer do que chegar realmente à verdade das coisas. Se pensarmos no mundo da 
variedade de ideias políticas e aplicarmos esse princípio, teremos claramente uma 
fragilização do poder efetivo da democracia de representar a vontade popular, porque 
ela pode ser um instrumento de afirmação de interesses de classes e grupos políticos. 
O problema dos sofistas acompanha a democracia desde os tempos antigos até os 
dias de hoje. Criada para diminuir as tensões políticas que poderiam gerar revoltas 
populares entre os gregos, a democracia se viu também envolvida nesse processo de 
disputa de poder por interesses diversos. 
A república romana foi herdeira do pensamento político dos gregos, herança 
que se nota não só na política, mas na cultura em geral. Tendo baseado seus princípios 
de poder no senado e em instituições denominadas assembleias populares, como a 
curiata, a centuriata, a tribuna populi e a tribuna plebis, a república romana tinha prin-
cípios democráticos, mas também apresentava diferenças em relação à nossa moderna 
concepção de democracia baseada em critérios mais universalistas. Nas assembleias po-
pulares romanas, por exemplo, os ricos tinham mais poder de voto, pois votavam em 
grupos diferenciados por propriedade. Quem elegia os cônsules e pretores era a assem-
bleia centuriata. O senado não apresentava diretamente eleitos do povo, na verdade, 
era constituído por ex-magistrados, o que se poderia designar como uma elite política. 
Como vimos, hoje, quando falamos em democracia, pensamos mais em um 
governo representativo, de um estado democrático de direito e de garantias de liber-
dades individuais, o que se distancia em vários aspectos da democracia antiga. Para os 
antigos, era muito mais difícil reconhecer a ideia de livre-arbítrio e de espaço privado, 
como imaginamos nos dias de hoje. Não significa dizer que os gregos e romanos não 
tinham esses anseios, contudo, reconhece-se que tais direitos não eram totalmente de-
senvolvidos, como vieram a ser na chamada Idade Moderna.
1.2 estado e direitos do Cidadão a Partir da idade Moderna; deMoCraCia 
direta, indireta e rePresentativa
o estado Moderno
O Estado Moderno é resultado de diversas transformações políticas ocor-
ridas a partir do declínio do sistema feudal e do surgimento e fortalecimento de 
estados nacionais. Para entendermos a formação do pensamento político da Idade 
Filosofia 15
Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
Moderna e os conceitos de democracia direta e indireta e representativa, temos que 
iniciar pela transição da Idade Média para Idade Moderna.
Sabemos que os processos de mudança de uma época para outra na história 
não acontecem de maneira rápida, na verdade, sempre são explicados por um número 
grande de eventos importantes. No caso da passagem da Idade Média para a Idade 
Moderna, a crise do chamado modelo feudal, a expansão marítima, o Renascimento e 
a Reforma Protestante foram acontecimentos que contribuíram para o nascimento de 
novas tendências econômicas, culturais e políticas. 
As relações políticas na Idade Média eram determinadas por instituições 
pouco flexíveis no estabelecimento da participação popular. Além disso, o território 
europeu era muito fragmentado pela existência dos feudos, os quais possuíam um co-
mandado próprio exercido por um senhor feudal ou por um nobre. Pode-se afirmar 
que cada feudo representava, do ponto de vista do poder, um núcleo separado. Nesse 
contexto, não existia uma moeda comum ou padrões de pesos e medidas e também 
era muito difusa a realidade dos idiomas. A descentralização política, por esses fato-
res, era uma característica da Idade Média. Com o declínio da estrutura feudal e de 
sua estrutura rural, começa a haver um crescimento maior do comércio. No primeiro 
momento, o comerciante é estranho à sociedade feudal. Mas a circulação financeira 
cresceu, sobretudo, pela necessidade de trocar produtos excedentes. Surge a tendên-
cia de troca de serviços por dinheiro.
Para entendermos o estado moderno, devemos ainda contemplar outro 
fator, este de natureza política – o absolutismo.
o absolutisMo
O absolutismo é um regime político fundamentado no poder exercido por 
uma pessoa, cujos poderes são absolutos, daí o nome absolutismo. O absolutismo foi 
um regime que teve sua efetivação principalmente no período entre os séculos XVI 
e XVIII, na Europa. Nesse regime, os monarcas tinham plenos poderes de criar leis 
sem aprovação da sociedade, além de exercerem uma interferência econômica mar-
cada pela criação de impostos e tributos, a fim de financiar seus projetos de poder 
e mesmo suas guerras, motivadas por sucessão e relações conflituosas com outros 
reinos. Tais conflitos estavam mais ligados aos interesses de uma nobreza do que aos 
da maioria da população. Será a partir do desgaste desse regime e de suas relações 
políticas e econômicas que surgirão as características sociais as quais darão origem ao 
estado moderno.
Seguindo as tendências de mudanças econômicas, a expansão do comércio 
causou a desorganização do sistema feudal. A classe social que representava esses 
interesses de modernização e mudança era a burguesia, que se tornou cada vez mais 
rica e, consequentemente, poderosa politicamente. A burguesia vai estabelecer seus

Mais conteúdos dessa disciplina