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Taylorismo e Fordismo

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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
166 Ciências Humanas 
produtividade e diminuição de perdas, sendo a principal chave de todo o processo, 
mas totalmente subordinado à rotina do trabalho, explorado e marginalizado do 
conhecimento. Ao separar o trabalho manual (execução - físico), do trabalho inte-
lectual (concepção - mental), Taylor deixou para operário apenas a capacidade de 
execução de tarefas pré-estabelecidas (totalmente fragmentadas) por seus superiores.
Para quebrar a rotina da repetição e da padronização da produção e do 
trabalho, a mediação entre execução e planejamento (Kuenzer, 1998) passou a ser 
feita por supervisores, profissionais da administração de recursos humanos, os quais 
gerenciam pessoas por meio da utilização de metodologias que combinam os princí-
pios de administração científica de Taylor e os da administração comportamentalista, 
que se utiliza de categorias psicossociais, tais como liderança, motivação, satisfação 
no trabalho, para conseguir a adesão dos trabalhadores ao projeto empresarial. 
A separação do trabalho de concepção do trabalho de execução retirou 
a autonomia de ofício (herdada do trabalho artesão) dos trabalhadores, passando, 
segundo Moreira (1997), para a classe patronal e engenheiros a função de pensar, dei-
xando para a massa operária a função exclusiva de executar, desqualificando e mas-
sificando o trabalho e qualificando o capital. Com a padronização e a especialização 
absoluta, o trabalho é transformado numa rotina de repetição ao infinito dos mesmos 
gestos e numa cadência de velocidade crescente, sendo extremamente prejudicial ao 
trabalhador, mas altamente compensador ao capitalista. 
O taylorismo, enquanto concepção de organização e gestão da produção e 
do trabalho, vai ser posteriormente aprimorado pelo fordismo, nosso próximo objeto 
de reflexão. 
FordisMo
Alguns anos após a consecução, desenvolvimento e aplicação dos princí-
pios de administração científica da produção taylorista, Henry Ford (1863-1947) 
desenvolve a esteira rolante (linha de montagem automática) para a fabricação de 
automóveis em grande escala, dando origem ao sistema de otimização da produção 
conhecido como fordismo. Na verdade, o fordismo é uma concepção de organização 
e gestão da produção e do trabalho que se apoiou na filosofia Taylor e na mecanização 
da produção, dando praticidade ao taylorismo. 
No ano de 1899, com apoio de colaboradores, Ford fundou sua primeira 
fábrica de automóveis, fechada posteriormente por falta de recursos financeiros. O 
fracasso dessa primeira experiência não o a abateu e ele continuou desenvolvendo 
seus projetos para montar uma grande fábrica de produção de automóveis, cons-
tituindo em 16 de junho de 1903, no Estado de Michigan (EUA), a Ford Motor 
Company, dando início à fabricação do Ford “T”, tipo de carro popular produzido 
em larga escala e vendido dentro de uma lógica de preço competitiva e de um sistema 
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de assistência técnica com grande abrangência, provocando uma verdadeira revolu-
ção nas estratégias de comercialização de automóveis, em pleno limiar do século XX. 
A concepção de organização e gestão da produção e do trabalho fordista 
originou-se em 1914, quando Henry Ford introduziu o dia de trabalho de oito horas 
e US$ 5 dólares por hora, como recompensa para os trabalhadores, os quais passaram 
a trabalhar na linha de montagem automática (esteira rolante) em sua fábrica, a Ford, 
montada para a confecção de automóveis em série e escala, produzindo nesse mesmo 
ano 240 mil unidades, isto é, um automóvel a cada 84 minutos. 
A lógica de Ford era a seguinte: pouco importava se tinha de baixar o preço 
dos carros ou aumentar os salários dos funcionários, desde que a atividade continu-
asse dando lucros. Além disso, ao aumentar os salários, ele alcançava outros dois ob-
jetivos: a motivação de seus empregados e a criação de uma massa de consumidores, 
já que, para que ocorra o consumo, é preciso que exista gente com dinheiro no bolso.
O sistema de linha de montagem desenvolvido por Ford provocou uma 
grande revolução na lógica de produzir, em sua fábrica: entre 1908 e 1914, o número 
de empregados aumentou em quase 700% e a produção teve um acréscimo de apro-
ximadamente 3000%, chegando a produzir a cifra de 800 unidades/dia. 
Com a aliança entre taylorismo e fordismo, o trabalho passa a ser especiali-
zado, fragmentado, não qualificado, rotineiro, insalubre e, sobretudo, hierarquizado. 
Há um engenheiro em cima, projetando no escritório, a fim de que os de baixo 
executem, no chão da fábrica. Para que chegue aos trabalhadores de execução, o pro-
jeto deve passar por toda uma rede intermediária de chefias. A fábrica é dividida em 
setores, cada setor tendo um chefe. Se o número de trabalhadores do setor é ainda 
grande, as chefias são divididas em comandos de grupos de quatro ou cinco trabalha-
dores de execução. O resultado é explicado em cima pelo engenheiro e a explicação 
percorre de chefe em chefe até que sua compreensão chegue ao executor. 
Para aprimorar a aplicação de tais fatores sobre a concepção de organização 
e gestão da produção e do trabalho, em suas fábricas, Ford adotou três princípios 
básicos: 
a) o princípio de intensificação, que consiste em diminuir o tempo de duração de 
utilização dos equipamentos na transformação da matéria-prima, propiciando a 
rápida colocação do produto manufaturado no mercado; 
b) o princípio de economicidade, o qual visava a reduzir ao mínimo o volume de 
estoque da matéria-prima em transformação;
c) e o princípio da produtividade, que objetivava aumentar a capacidade de pro-
dução do homem no mesmo período, por meio da especialização e da linha de 
montagem automática. Dessa maneira, o operário poderia ganhar mais num 
mesmo período de tempo de serviço, e o empresário aumentar a produção, con-

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