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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
156 Ciências Humanas 
• Revolta dos Malês na Bahia: as revoltas que estavam acontecendo no oeste 
africano, no final do séc. XVIII, ajudou para que um enorme contingente de 
hauçás, peules, mandingas, nupês e nagôs desembarcassem na Bahia. Com 
um certo grau de consciência política e instrução, esses africanos introduziam 
aos outros negros ideias de revolta, resistência e submissão. Inspirados desde 
os lideres islâmicos africanos até os negros no Haiti, eles lideraram de 1807 a 
1835 uma série de revoltas, a qual resultou em dezenas de mortos e seguiu-se 
de violenta repressão das autoridades imperiais.
• Balaiada no Maranhão: rebelião iniciada em 1838 e só dominada em 1841; 
movimento da população humilde que contestava a autoridade da aristocracia 
rural na região, teve como estopim o episódio protagonizado pelo vaqueiro 
negro Raimundo Gomes, que marchou em protesto à capital, conseguindo a 
adesão de outros líderes descontentes, como o quilombola Cosme Bento de 
Chagas.
• Revolta das Chibatas: No Rio de Janeiro, em 1910, durante a República, os 
rebelados reivindicavam o fim dos maus-tratos (inclusive chibatadas) infligidos 
aos subalternos pelos oficiais, nos navios da Marinha de guerra brasileira. Os 
revoltosos tomaram os principais navios da frota e, após uma manobra, foram 
ludibriados pelas autoridades federais e presos em condições insalubres. Poucos 
foram os sobreviventes, mas o movimento marcou a resistência em prol da 
afirmação da cidadania afro-brasileira.
Outra forma de resistência africana foram os “quilombos”, palavra esta 
que significa “ajuntamento de escravos fugidos”. O mais famoso foi o Quilombo 
dos Palmares, tendo surgido no início do séc. XVII, onde hoje é o sertão do estado 
de Alagoas, chegando a ter uma população estimada de 20 mil habitantes. O cresci-
mento de Palmares, juntamente com a economia açucareira, ajudou nas condições 
para fuga de escravos, o que assustou as autoridades, de maneira que, após inúme-
ras investidas militares, o quilombo dos Palmares foi definitivamente derrotado, em 
1695, pelas tropas do governo. Em 20 de novembro de 1695, seu líder, Zumbi dos 
Palmares, foi morto, degolado e sua cabeça enviada para Recife.
Os indígenas que habitavam o território do Brasil atual também reagiram à 
invasão portuguesa na América. Até poucos anos atrás, havia um mito de que o índio 
aceitou submissa e passivamente a dominação de seu território, a erradicação de sua 
cultura, a exploração de seu trabalho etc. Hoje, sabemos que havia uma hostilida-
de entre muitos povos indígenas que já estavam habituados a travar guerras, o que 
facilitou aos portugueses tomar partido, conforme sua conveniência, de ajudar uma 
tribo para combater a outra. Outro fator importante é a desigualdade das condições 
da luta: de um lado, homens nus, com arcos e flechas; de outro, homens protegidos 
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por armaduras de metal, entrincheirados atrás de fortalezas de pedras, com armas de 
fogo que matavam à distância.
Florestan Fernandes aponta ao menos três alternativas básicas de resistên-
cia indígena:
1. a expulsão do invasor pela força;
2. a subordinação na condição de aliado ou de escravo;
3. a fuga para áreas intangíveis.
Apesar de se tratar de tribos guerreiras, esses indígenas estavam diante de 
homens que não respondiam às regras vigentes nas guerras intertribais, muito pelo 
contrário, as características dos “conquistadores” eram a cobiça e a falta de limites.
O desconhecimento do invasor que apareceu de forma inesperada e a des-
moralização do poder do xamã se somaram à transmissão de doenças, as quais eram 
igualmente desconhecidas e matavam populações inteiras, pela falta de defesa orgâni-
ca para essas moléstias. Outro fator importante a ser mencionado é que, nas circuns-
tâncias em que eram acometidos por essas doenças ou assaltados pelos invasores, os 
indígenas não dispunham de reserva de água ou alimentos, morrendo tanto de fome 
e sede quanto de enfermidades e assassinatos.
4.4 história Cultural dos Povos aFriCanos
Para contextualizar o que podemos chamar de cultura dos povos africanos, 
em nosso contexto cultural, é importante destacar que o mesmo foi marcado por dois 
aspectos fundamentais: a colonização e a escravidão.
A partir de 1580, aumentou a frequência da chegada de escravos ao Brasil, 
provenientes de algumas regiões da África. A produção de açúcar nos engenhos do 
Nordeste, o aumento da presença portuguesa na África e as crescentes dificuldades de 
escravização dos índios fizeram aumentar significantemente o número de africanos 
escravizados trazidos ao país.
linhas de tráFiCo de esCravos entre áFriCa e brasil
Grosso modo, há três grandes grupos culturais (subdivididos em centenas 
de subgrupos) originários da África que vieram para a América portuguesa: os que 
receberam o nome de sudaneses (os quais não devem ser confundidos com os nativos 
do atual Sudão), os representantes das culturas guineano-sudanesas islamizadas e os 
bantus.

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