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Impacto da Revolução Industrial

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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
162 Ciências Humanas 
O sociólogo Florestan Fernandes, um dos mais proeminentes autores brasi-
leiros que estudou e analisou a questão negra, no país, afirma que o período pós-Abo-
lição da Escravatura foi determinante para a exclusão e a discriminação dos negros. 
Diante da liberdade, Florestan narra que a população negra não trilhou o mesmo 
caminho. Houve uma divisão em seus destinos, uma vez que os chamados “negros da 
casa grande” tiveram melhor sorte nos novos tempos que se iniciavam, com o capi-
talismo adentrando no país. Já os “negros do eito”, que trabalhavam nas plantações 
ou nas minas, foram deixados à própria sorte pelo Estado. Os fazendeiros preferiam 
os europeus para trabalhar nas lavouras, visto que estes já estavam habituados às 
condições de trabalho, no capitalismo. Ademais, não conseguiam emprego, pois não 
sabiam ler nem escrever e, sem trabalho, muitos deles se entregavam ao alcoolismo e 
se mantinham por meio de ocupações temporárias, em trabalhos precários, como em 
terrenos baldios, bares etc. Às mulheres, coube prover os lares, empregando-se como 
domésticas, lavadeiras, engomadeiras e costureiras (FERNANDES, 1978).
Mesmo ao sabor de tantos preconceitos e exclusões, ao longo da história do 
Brasil, a população negra seguiu sendo numerosa, e sua contribuição para a forma-
ção do povo brasileiro é inegável. As raízes musicais e literárias legadas pelos negros, 
como o samba, na música, demonstram a vitalidade de sua cultura, que hoje é parte 
indissociável da música popular brasileira. Na literatura, na política, nas artes em 
geral, grandes homens negros deixaram sua marca, como o escritor e jornalista Lima 
Barreto (1881-1922), o político e jurista Ruy Barbosa (1849-1923), o esportista 
Edson Arantes do Nascimento (Pelé) (1940-), entre tantos outros. 
Os negros colaboraram em muito para a formação da sociedade brasilei-
ra e, somente a partir dos anos 2000, o Brasil inicia uma revisão em suas políticas 
públicas, de modo a incluir o negro como cidadão com as mesmas oportunidades e 
direitos que os brancos. Seguem-se, então, a gradativa implantação de ações afirmati-
vas nesse sentido, como as cotas para negros nas Universidades Públicas e no Serviço 
Público.
Nesse sentido, a militância negra tem especial importância para o resgate 
dos negros à condição de plenos cidadãos brasileiros, pois essas transformações na 
estrutura política, de modo a compensar os negros por séculos de exclusão e discri-
minação, não teriam ocorrido sem suas lutas (HOFBAUER, 2006).
4.6 transForMações na estrutura Produtiva no séCulo XX: o FordisMo, o 
toyotisMo, as novas téCniCas de Produção e seus iMPaCtos
A origem da revolução industrial inglesa, na segunda metade do século 
XVIII, não significou apenas a substituição da estrutura de produção agrário, extra-
tivista e mercantilista pela urbana e industrial. Provocou também mudanças radicais 
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Sociologia 163
no campo político, econômico, científico, tecnológico, social, ambiental, cultural e, 
principalmente, na relação entre o homem e a natureza.
O paradigma da primeira revolução industrial inglesa promoveu a substi-
tuição da produção artesanal pela mecanizada, o aparecimento de novas máquinas, 
fontes de energia e novas formas de relações de trabalho (operários assalariados e em-
presários industriais). Embora tenha causado um progresso técnico/científico até en-
tão nunca presenciado pela humanidade, num primeiro momento, ele não foi eficaz 
no desenvolvimento de uma concepção de organização e de gestão da produção e do 
trabalho capacitada para combater os altos índices de desperdícios de matéria-prima, 
de produtos com defeitos e da porosidade (tempo perdido) da mão de obra no chão 
da fábrica. Seu domínio prevaleceu até aproximadamente os anos 60 do século XIX, 
quando foi substituído pelo paradigma da segunda revolução industrial.
É no paradigma da segunda revolução industrial, que, através da busca 
incessante da eficiência e da eficácia no campo produtivo, entre o final século XIX e 
início do século XX, que foram instauradas as primeiras concepções de organização e 
de gestão da produção e do trabalho como, por exemplo, o taylorismo e o fordismo. 
Elas objetivam tornar a dinâmica da produção e do trabalho mais racionais. No de-
correr do século XX, essas concepções não só influenciaram a organização e a gestão 
da estrutura administrativa da produção e do trabalho no mundo industrial, como 
também outros setores da atividade humana. 
Jules Henri Fayol, um dos teóricos clássicos da Ciência da Administração, 
foi decisivo para que as concepções taylorista/fordista extrapolassem as fronteiras 
territoriais da indústria e fossem adequadas e aplicadas nos mais diversos tipos de 
atividades desenvolvidas pelo homem.
taylorisMo
O taylorismo é a concepção de organização e gestão da produção e do 
trabalho dos tempos modernos. Sua origem ocorrera no final do século XIX, com 
ideias e princípios desenvolvidos pelo engenheiro norte-americano Frederick Wislow 
Taylor (1856-1915), visando à modernização, ao aprimoramento e, consequente-
mente, à expansão da produção e também ao aproveitamento racional do trabalho 
para atender, principalmente, aos interesses dos capitalistas.
No final do século XIX, o sistema de pagamento por peça ou por tarefa 
estava em plena expansão na indústria norte-americana. Por um lado, os capitalistas 
(patrões) procuravam ganhar o máximo, na hora de promover a fixação dos preços 
das tarefas que iriam ser executadas por seus empregados (operários). Por outro lado, 
os operários buscavam reduzir drasticamente o ritmo da produção das máquinas, 
procurando contrabalancear, dessa forma, o preço pago por peça determinado pelos

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