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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX 168 Ciências Humanas tribuindo para que a dinâmica da produção em massa fosse aos poucos sendo introduzida nos setores da produção, que até então tinham escapado ao cálculo de valorização da administração de empresas de Taylor. As concepções fordista/taylorista reinaram sobre o mundo da produção e do trabalho até praticamente os anos 80 do século XX, quando passaram a sofrer interferência do mecanismo de reestruturação e reengenharia da produção toyotista, concepção de organização e gestão da produção e do trabalho gestada no Japão, des- de a segunda metade do século XX, o toyotismo. toyotisMo No anos 50 do século XX, enquanto a administração científica da pro- dução e do trabalho taylorista/fordista vivia o seu “boom”, nos EUA e na Europa Ocidental, no Japão, país que se recuperava da destruição econômica e estrutural decorrente da Segunda Guerra Mundial, germinava a semente de outra concepção de organização e gestão do mundo da produção e do trabalho. A indústria japonesa arrasada pela Segunda Guerra Mundial deveria ser re- estruturada com urgência. Por conseguinte, a pergunta dos japoneses era a seguinte: como reestruturar a produção industrial, num país arrasado pela guerra, pobre em recursos naturais e com um mercado pequeno? A resposta encontrada foi a seguinte: se os japoneses se empobreceram em virtude da guerra e a concorrência norte-ame- ricana era sufocante, para que o Japão pudesse ser mais competitivo, no mercado internacional, o sistema produtivo japonês não poderia mais ficar preso aos princí- pios do rígido modelo taylorista/fordista e tinha que ser mais flexível e ágil, de sorte a produzir ao mesmo tempo diversos modelos de produtos em pequena escala e com qualidade. Foi perante esse desafio que a montadora Toyota vai desenvolver, adaptar e modificar a filosofia taylorista/fordista, concebendo a “filosofia toyotista”, a qual foi implantada progressivamente entre as décadas de 1950 e 1970, passando a ser um marco de ruptura entre a rigidez taylorista/fordista e o sistema flexível, que foi viabi- lizado graças ao advento das novas tecnologias da terceira revolução industrial, cientí- fica e tecnológica, desencadeando, dessa forma, um amplo processo de reengenharia (reestruturação) sobre a produção e o trabalho nas principais regiões industriais do Planeta Terra. O engenheiro Taiichi Ohno, que ocupou o cargo de vice-presidente da Toyota, por vários anos, é considerado o pai do toyotismo. A reengenharia imposta pela flexibilização do toyotismo cooperou na der- rubada de muitas das estruturas da modernidade taylorista/fordista, principalmente em relação à organização do trabalho e da produção, em decorrência do uso de novas tecnologias surgidas a partir dos anos 50 do século XX, quando o toyotismo ensaiava os seus primeiros passos. Pró-Reitoria de Extensão – PROEX Sociologia 169 Para a Toyota, naquele momento (anos 50 do século XX), uma coisa era bastante clara: o sucesso do seu sistema flexível de produção, que estava aliado às no- vas tecnologias da terceira revolução industrial, dependia diretamente do desenvol- vimento de um amplo processo de controle de qualidade, necessário para viabilizar a meta de produzir mercadorias com baixos custos, com qualidade e competitividade, pois sabia que não poderia existir controle de qualidade sem levar em consideração o custo da produção, visando à competitividade dos produtos no mercado internacio- nal, preste a se globalizar. No entanto, somente o uso de novas tecnologias não era suficiente para atingir a meta da qualidade na produção e, assim, também era preciso “reorganizar” o trabalho na fábrica e motivar o trabalho em equipe e a produção com “alto” índice de qualidade. É isso que a Toyota passou a fazer. Nesse sentido, o primeiro passo dado foi a educação e o treinamento dos trabalhadores e dos funcionários dos altos escalões, buscando incorporar nesses trabalhadores os princípios básicos para garantir a qualidade e distribuindo responsabilidade, pois os méritos e os ônus na produção não iriam recair sobre a empresa, mas sobre eles, os trabalhadores. Se, na concepção produtiva taylorista/fordista, o inspetor de qualidade controlava o trabalhador, independentemente da produção, no toyotismo, passou a ser sobre todo o processo produtivo (fornecedores, compras, engenharia de processo, produção e vendas). Coriat (1992) menciona quatros fases que levaram ao advento do toyotismo: a) A primeira foi a introdução, na indústria automobilística japonesa, da experiên- cia do ramo têxtil, dada especialmente pela necessidade de o trabalhador operar simultaneamente várias máquinas; b) A segunda foi a necessidade de a empresa responder à crise financeira, aumen- tando a produção, sem aumentar o número de trabalhadores; c) A terceira foi a importação das técnicas de gestão dos supermercados dos EUA, que deram origem ao Kanban, termo atribuído a Kiichiro Toyoda, presidente/ fundador da Toyota. Segundo Toyoda, o ideal seria produzir somente o neces- sário e fazê-lo no melhor tempo, no modelo dos supermercados, de reposição dos produtos somente depois da sua venda. d) A quarta fase foi a expansão do método Kanban para as empresas subcontrata- das e fornecedores. O método kanban da Toyota pode ser caracterizado como um sistema de informação utilizado no campo produtivo pelas empresas, tendo como principal ob- jetivo sincronizar a montagem (cliente) com as células (fornecedores). O método Kanban funciona nos seguintes sistemas: