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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
174 Ciências Humanas 
Com o advento do capitalismo, os trabalhadores buscavam sobreviver tra-
balhando nas fábricas e/ou manufaturas, em péssimas condições (insalubridade, jor-
nada de trabalho ininterrupta etc.) e em troca de baixíssimos salários. 
Inicialmente, os ingleses lideraram o processo capitalista, o qual foi avan-
çando, conforme se estabeleciam as relações comerciais entre os países.
Com o aperfeiçoamento tecnológico e a expansão comercial, o capitalismo 
foi se internacionalizando e impondo sua estrutura e modo de funcionamento a 
várias partes do mundo.
Desse modo, consolidou-se a divisão econômica do capitalismo em países 
desenvolvidos e países subdesenvolvidos. Enquanto os primeiros acumulavam mais e 
mais riqueza, pagando baixos salários a seus trabalhadores e exportando suas merca-
dorias a altos preços para os países subdesenvolvidos, estes permaneciam na condição 
de países dependentes, ao produzir apenas o que o mercado externo compraria a 
preços baixos: no caso do Brasil, por exemplo, o açúcar, a borracha, o cacau, o café 
e a madeira eram vendidos aos países europeus, particularmente para a Inglaterra 
(OLIVEIRA, 2008). 
A mais impressionante transformação operada pelo capitalismo foi, no en-
tanto, o surgimento das classes sociais; de um lado, os capitalistas, donos dos meios 
de produção, e, de outro, os trabalhadores, que podiam vender apenas sua força de 
trabalho. “Aparentemente, o que vemos entre o capitalista e o trabalhador é uma 
relação entre iguais, isto é uma relação entre proprietários de mercadorias, que se 
dá mediante a compra e venda da força de trabalho” (TOMAZZI, 2000, p.50, grifo 
nosso). 
Ao examinar mais de perto essa relação entre duas classes antagônicas, per-
cebe-se que o trabalhador não recebe o valor total do que sua força de trabalho pro-
duz, em uma jornada de oito horas: 
[...] o que ocorre [...], é que o trabalhador, em cinco ou seis horas de trabalho di-
árias, por exemplo, produz um valor que corresponde ao seu trabalho total, sendo 
o valor produzido nas horas restantes, apropriado pelo capitalista (TOMAZZI, 
2000, p. 50).
Nesse contexto, o que é produzido nas duas horas a mais, inclusas na sua 
jornada de oito horas, é o valor não pago, denominado por Karl Marx como mais-
-valia. A mais-valia, ou seja, a parte não paga pela força de trabalho, permitiu, en-
tre outros fatores, o maior enriquecimento e consequente acúmulo de capital pelos 
capitalistas.
Para obter lucros cada vez maiores, os capitalistas precisaram expandir as 
fronteiras de seus países, internacionalizando, dessa maneira, o próprio capital, que, 
ao se internacionalizar, resultou na Globalização:
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Sociologia 175
A cultura, a política, a educação, as finanças, a tecnologia, a ética, a ciência, a 
estética, dentre outros aspectos, foram e são profundamente afetados pela nova 
conjuntura mundial que procura efetivar a unidade ideológica mundial (FERREIRA 
DO VALE, 1998, p. 63).
Nesse sentido, deve-se assinalar que a Globalização não é um fenômeno 
contemporâneo, mas o reflexo das contínuas transformações nas relações produtivas 
entre pessoas e entre países, marcadas pela desigualdade socioeconômica, característica 
inerente ao próprio capitalismo. A ação do Estado, enquanto promotor da redução das 
diferenças sociais, é desestimulada pelos capitalistas, na sua nova roupagem, o neolibe-
ralismo, que emergiu após a II Guerra Mundial, quando os diversos países procuraram 
intervir na economia, de modo a mitigar os impactos da guerra para as populações 
menos favorecidas, no modelo conhecido como Estado de Bem-Estar Social. Os ne-
oliberais se insurgiram contra esse modelo e pregaram a retirada do Estado da econo-
mia, recomendando, por intermédio de organismos mundiais, como o FMI (Fundo 
Monetário Internacional) e o Banco Mundial, a privatização de empresas estatais, a 
redução dos gastos públicos com saúde, educação e a desregulamentação da economia, 
dentre outras medidas. 
Assim, o capitalismo (modo de produção fundado na economia de mer-
cado, na propriedade privada dos meios de produção e no trabalho assalariado) e o 
neoliberalismo - ideário político e econômico que defende a mínima intervenção do 
Estado no mercado de trabalho - foram responsáveis por acelerar ainda mais as pro-
fundas transformações econômicas e as desigualdades que caracterizam os processos 
da Globalização (FILGUEIRAS, 1997).
De acordo com Milton Santos, o grande geógrafo brasileiro, “a globaliza-
ção, é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capi-
talista” (SANTOS, 2001, p. 23). Santos penetra no âmago da questão, ao ensinar: 
É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a 
verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive nossa era globa-
lizada [...] Seus fundamentos são a informação e o seu império, que encontram 
alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem ao serviço do império 
e do dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida social 
e da vida pessoal (SANTOS, 2001, p.18-19, grifo nosso).
Dessa maneira, a globalização, como a percebemos hoje, foi intensificada 
pelos processos de diminuição de distâncias e fronteiras nacionais e internacionais, 
diretamente relacionadas com o surgimento das novas “Tecnologias de Informação 
e Comunicação” (conhecidas pela sigla TIC´s), visto que estas, no contexto atual, 
são um de seus principais agentes, por possibilitarem o rápido contato entre locais 
distantes. Nesse sentido, a globalização fez surgir um novo tipo de sociedade, a so-
ciedade da informação.

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