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Ciencias humanas -22

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Capítulo II - A construção do território
inalienável
que não é alienável, ou seja,
que não pode ser transferido.
CARTA DA TERRA DOS POVOS INDÍGENAS
Os Povos Indígenas foram colocados pelo Criador na Mãe Terra. Nós pertencemos à
Terra, não podemos ser separados de nossas terras e de nossos territórios.
Nossa propriedade territorial deve ser inalienável.
As fronteiras tradicionais de nossos territórios, incluindo as águas, devem ser
respeitadas.
As nossas florestas não estão sendo usadas para os propósitos pelas quais foram criadas.
Elas têm sido usadas para ganhar dinheiro. Recomendamos que isso seja evitado.
Aldeia Kari-Oka, 30 maio 1992.
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Desenvolvendo competências
Qual a principal diferença que você pode observar entre a sociedade capitalista e os povos
indígenas, no que diz respeito ao conceito de território?
a) Para os indígenas, o território não tem fronteira.
b) Para a sociedade capitalista, o território não tem fronteira.
c) Para os indígenas, o território tem mais valor cultural que econômico.
d) Para a sociedade capitalista, o território tem mais valor cultural que econômico.
Fica claro nos trechos da CARTA DA TERRA DOS POVOS INDÍGENAS, em frases como
“Nossa propriedade territorial deve ser inalienável” ou “As nossas florestas não estão sendo
usadas para os propósitos pelas quais foram criadas”, que, antes de um valor econômico, o
território tem um valor cultural.
Para confirmar essa idéia, leia o texto seguinte. São trechos da Carta do Cacique Seattle.
Em 1855, o Governo dos Estados Unidos pretendia comprar um território de um
determinado grupo indígena. Ofendido com essa proposta, o cacique da tribo enviou uma
carta ao presidente daquele país. Veja alguns trechos de carta:
O Presidente mandou dizer que quer comprar a nossa terra. (...) Nós vamos pensar na sua
oferta, pois sabemos que, se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a
nossa terra. (...) Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é
estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então
comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é
sagrada para o meu povo. (...) Sabemos que o homem branco não compreende o nosso
modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio
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Desenvolvendo competências
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos
noticiados. Veja um exemplo:
Figura 5 – “Delimitação das Terras Indígenas”.
O texto que se refere a uma situação
semelhante àquela que inspirou a charge é:
a) Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro: José Aguilar: Brasília, DF:
INL, 1971. (Biblioteca Manancial, v.3).
b) Essa cova em que estás
Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida Severina e outros poemas em voz alta.
2. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.
c) Medir é a medida
mede
A terra, medo do homem, a lavra;
lavra
duro campo, muito cerco, vária várzea.
CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escuta: antropologia. São Paulo: Summums,
1978. (Coleção Palavra poética; 2).
d) Vou contar para vocês
um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia : 1950-1980. 3.ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1983. (Vera Cruz. Literatura brasileira, v.300).
e) Trago-te flores, – restos arrancados
Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
(Bibliotecca Luso Brasileira. Série Brasileira).
A figura apresenta quatro covas abertas e uma frase em tom irônico: demarcação das terras
indígenas. Ela mostra a triste realidade do campo no Brasil, fruto da concentração fundiária que
atinge trabalhadores rurais e povos indígenas.

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