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153 Capítulo VII - O mundo urbano e industrial Veja como as mudanças urbanas são gritantes. A primeira foto retrata Londres em 1890, a maior e mais moderna cidade européia da época. Agora observe a foto seguinte, retratando a mesma cidade de Londres na segunda década do século XX. Você percebe como, em aproximadamente trinta anos, a cidade sofreu brusca mudança? Figura 7 – Ponte de Londres, 1890. Fonte: YAPP, Nick. 150 ans de photos de presse. Paris: Gründ, 1995. v. 1. Figura 8 - Cidade de Londres na segunda década de 1900. Fonte: YAPP, Nick. 150 ans de photos de presse. Paris: Gründ, 1995. v. 1. 154 Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio Observe bem as duas fotos anteriores. Em seguida enumere separadamente os elementos que podem ser identificados com a vida moderna e aqueles que considera vinculados às cidades mais tradicionais. A partir desses dados, qual cidade você diria que está mais próxima ou distante da realidade em que vivemos hoje em dia? 14 Desenvolvendo competências Provavelmente você não estranhou a vida revelada na foto de Londres do século XX, ao contrário do que se passou com a de 1890. Sabe por quê? Porque, apesar das profundas transformações que ocorreram entre o fim do século XVIII e início do XIX, e que se tornaram a base das mudanças posteriores, somente no fim do século XIX a sociedade ocidental ficou mais parecida com o mundo em que vivemos hoje. Na primeira foto você foi transportado para uma cidade da Europa urbana e industrializada cujo padrão ainda estava relacionado com a metade do século XIX, e se sentiu um estranho. Mas quando isso ocorreu com a foto seguinte, e apenas 30 anos depois, você se sentiu em casa. Essa mesma sensação você teria em cidades como Chicago, Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro, pois as transformações que ocorreram nelas nessa época também foram radicais e rápidas. Pois bem, rapidez, educação, cultura, saúde, abastecimento, “bons modos”, emprego, serviço público, e uma infinidade de elementos modernizadores concentraram-se nesses centros urbanos modernos. Esse fato foi tão marcante que as idéias de progresso, modernidade e civilização se associaram intimamente às cidades, enquanto no campo permaneceu a tradição, o conservadorismo e a rusticidade. E de certa forma não é assim até hoje? Com isso, as pessoas passaram a procurar ainda mais as médias e grandes cidades, impulsionando o crescimento urbano e populacional desmedido e a formação de grandes metrópoles. O “SÉCULO DO PROGRESSO” Às vezes temos a sensação – e até aprendemos assim – que a humanidade vive um processo sem interrupções de avanço científico e tecnológico, sempre alcançando graus mais elevados de complexidade, o que não é sempre verdade. E esse período entre o fim do século XVIII e o fim do século XIX foi muito importante para criar essa ilusão, pois, como vimos, ocorreram muitos e incríveis avanços. Porém, nem sempre eles significaram um salto positivo compartilhado por todas as pessoas e por todas as sociedades. Naquela época existiam sociedades – e ainda existem muitas delas – que partiam de outros princípios e lógica de funcionamento, para as quais a tecnologia e as máquinas tinham outro sentido, grau de importância ou nem existiam. Essas sociedades que no fim do século XIX não viviam de acordo com esses princípios acabaram sendo dizimadas (como os indígenas nos Estados Unidos) ou profundamente transformadas (como a Índia ou Japão). Mas nada disso ocorreu sem resistência ou muita luta. Você já deve ter visto muitos filmes sobre a conquista do oeste norte- americano em que os indígenas travaram verdadeiras guerras contra os colonizadores, mas sempre com visível desvantagem (não conheciam a pólvora, não manipulavam fuzis e revólveres). Outras dezenas de exemplos ocorreram na América, Ásia e África. Mesmo nas sociedades que protagonizaram essas transformações, os símbolos do progresso e a sociedade fundada na tecnologia também foram criticados por várias pessoas e de diversas formas. O compositor carioca Noel Rosa (1910-1937) foi uma das pessoas que resolveram criticar essa idéia de progresso sempre positivo e direcionado a um estágio superior. Sua “arma” foi o samba-canção Século do Progresso (1934), no qual disse assim: