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Ciencias humanas -78

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Capítulo VII - O mundo urbano e industrial
Veja como as mudanças urbanas são gritantes.
A primeira foto retrata Londres em 1890, a maior
e mais moderna cidade européia da época.
Agora observe a foto seguinte, retratando a
mesma cidade de Londres na segunda década do
século XX. Você percebe como, em
aproximadamente trinta anos, a cidade sofreu
brusca mudança?
Figura 7 – Ponte de Londres, 1890.
Fonte: YAPP, Nick. 150 ans de photos de presse. Paris: Gründ, 1995. v. 1.
Figura 8 - Cidade de Londres na segunda década de 1900.
Fonte: YAPP, Nick. 150 ans de photos de presse. Paris: Gründ, 1995. v. 1.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio
Observe bem as duas fotos anteriores. Em seguida enumere separadamente os elementos
que podem ser identificados com a vida moderna e aqueles que considera vinculados às
cidades mais tradicionais. A partir desses dados, qual cidade você diria que está mais
próxima ou distante da realidade em que vivemos hoje em dia?
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Desenvolvendo competências
Provavelmente você não estranhou a vida
revelada na foto de Londres do século XX, ao
contrário do que se passou com a de 1890.
Sabe por quê? Porque, apesar das profundas
transformações que ocorreram entre o fim do
século XVIII e início do XIX, e que se tornaram a
base das mudanças posteriores, somente no fim
do século XIX a sociedade ocidental ficou mais
parecida com o mundo em que vivemos hoje. Na
primeira foto você foi transportado para uma
cidade da Europa urbana e industrializada cujo
padrão ainda estava relacionado com a metade do
século XIX, e se sentiu um estranho. Mas quando
isso ocorreu com a foto seguinte, e apenas 30
anos depois, você se sentiu em casa. Essa mesma
sensação você teria em cidades como Chicago,
Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro, pois as
transformações que ocorreram nelas nessa época
também foram radicais e rápidas.
Pois bem, rapidez, educação, cultura, saúde,
abastecimento, “bons modos”, emprego, serviço
público, e uma infinidade de elementos
modernizadores concentraram-se nesses centros
urbanos modernos. Esse fato foi tão marcante que
as idéias de progresso, modernidade e civilização
se associaram intimamente às cidades, enquanto
no campo permaneceu a tradição, o
conservadorismo e a rusticidade. E de certa forma
não é assim até hoje? Com isso, as pessoas
passaram a procurar ainda mais as médias e
grandes cidades, impulsionando o crescimento
urbano e populacional desmedido e a formação de
grandes metrópoles.
O “SÉCULO DO PROGRESSO”
Às vezes temos a sensação – e até aprendemos
assim – que a humanidade vive um processo sem
interrupções de avanço científico e tecnológico,
sempre alcançando graus mais elevados de
complexidade, o que não é sempre verdade. E
esse período entre o fim do século XVIII e o fim
do século XIX foi muito importante para criar
essa ilusão, pois, como vimos, ocorreram muitos
e incríveis avanços. Porém, nem sempre eles
significaram um salto positivo compartilhado por
todas as pessoas e por todas as sociedades.
Naquela época existiam sociedades – e ainda
existem muitas delas – que partiam de outros
princípios e lógica de funcionamento, para as
quais a tecnologia e as máquinas tinham outro
sentido, grau de importância ou nem existiam.
Essas sociedades que no fim do século XIX não
viviam de acordo com esses princípios acabaram
sendo dizimadas (como os indígenas nos Estados
Unidos) ou profundamente transformadas (como
a Índia ou Japão). Mas nada disso ocorreu sem
resistência ou muita luta. Você já deve ter visto
muitos filmes sobre a conquista do oeste norte-
americano em que os indígenas travaram
verdadeiras guerras contra os colonizadores, mas
sempre com visível desvantagem (não conheciam
a pólvora, não manipulavam fuzis e revólveres).
Outras dezenas de exemplos ocorreram na
América, Ásia e África.
Mesmo nas sociedades que protagonizaram essas
transformações, os símbolos do progresso e a
sociedade fundada na tecnologia também foram
criticados por várias pessoas e de diversas formas.
O compositor carioca Noel Rosa (1910-1937) foi
uma das pessoas que resolveram criticar essa idéia
de progresso sempre positivo e direcionado a um
estágio superior. Sua “arma” foi o samba-canção
Século do Progresso (1934), no qual disse assim:

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