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Ciencias humanas -101

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Capítulo IX - Os homens, o tempo, o espaço
Sabemos, portanto, que os jogos passavam aqui de madrugada ou de manhã pela
diferença de fuso horário entre a Coréia e o Brasil. Mas a que horas eles aconteciam na
Coréia? Qual era a diferença entre o fuso horário do Brasil e da Coréia?
Além disso, se observarmos atentamente o mapa da página anterior, podemos verificar que
o Brasil é atravessado por 4 fusos horários. Isso significa que, no Brasil, nem todos viram
os jogos no mesmo horário. Assim, enquanto em Brasília as pessoas assistiram ao Brasil
derrotar a Costa Rica às 3h30 da madrugada, a que horas as pessoas assistiram ao jogo
em Rio Branco, a capital do Acre? Observe o mapa abaixo e responda à questão.
3
Desenvolvendo competências
Mapa 4
FUSO HORÁRIO BRASILEIRO
200
Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio
Pelo exercício, podemos perceber a importância
das convenções internacionais que criaram um
modo de estabelecer a correspondência de horas e
dias, entre diferentes padrões de contagem. Mais
do que isso, podemos perceber que essas
convenções estiveram ligadas ao lento processo
histórico de expansão da economia capitalista
pelo mundo.
PARA FINALIZAR
Pensar sobre o tempo e o espaço envolve muitas
questões e situações. As diferentes sociedades,
pessoas e grupos sociais vivenciam sempre de um
modo particular o tempo e o espaço. Em nossa
sociedade, pelo que vimos, podemos verificar que
acabou predominando uma percepção do tempo e
do espaço pensado como uma mercadoria.
Hoje vivemos num mundo de mudanças rápidas e
aceleradas. Sentimos que as pessoas vivem
correndo atrás de mais tempo, querendo
atravessar largas distâncias, economizando os
minutos. Por isso, vale a pena pensar como outras
sociedades vivem de modo diferente a passagem
natural do tempo.
Voltamos a citar as palavras do chefe Tuiiavi, em
sua perspicaz observação sobre a sociedade do
homem branco ocidental, sobre o modo de vida
ditado pela lógica do capitalismo:
Ó amados irmãos. Nunca nos queixamos do tempo; amamo-lo conforme vem, nunca
corremos atrás dele, nunca pensamos em ajuntá-lo nem em parti-lo. Nunca o tempo
nos falta, nunca nos enfastia. Adiante-se aquele dentre nós que não tem tempo. Cada
um de nós tem tempo em quantidade e nos contentamos com ele. Não precisamos de
mais tempo do que temos e, no entanto, temos tempo que chega. Sabemos que no
devido tempo havemos de chegar ao nosso fim e que o Grande Espírito nos chamará
quando for sua vontade, mesmo que não saibamos quantas luas nossas passaram.
Devemos livrar o pobre Papalagui (Papalagui significa branco, europeu), tão confuso,
da sua loucura. Devemos devolver-lhe o verdadeiro sentido do tempo que perdeu.
Vamos despedaçar a sua pequena máquina de contar o tempo e lhe ensinar que, do
nascer ao pôr-do-sol, o homem tem muito mais tempo do que é capaz de usar.
SCHEURMANN, Erich. O papalagui. São Paulo: Marco Zero, [s.d.]. p. 52.
Resgatar o sentido do tempo perdido, refletindo
sobre as diferentes maneiras de perceber os
espaços, procurando entender a diversidade das
formas de viver dos homens e fazendo sempre um
bom uso de seu tempo - essa é a advertência do
chefe, esse foi nosso propósito. Esperamos ter
ajudado você a refletir sobre as coisas curiosas e
complexas que envolvem compreender como nós,
as outras pessoas, os diferentes grupos e as
sociedades buscam entender as relações que
mantemos com os lugares e os tempos que
vivemos. Afinal, para saber quem somos,
precisamos tentar entender nosso lugar e nosso
tempo.

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