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Que herança é essa? 165 Biologia Inacreditável, mas a porção não-homóloga do cromossomo X e Y causa um montão de coisas... Os genes que se acham localizados exclusivamente no cromosso- mo X, na sua porção não-homóloga, determinam a herança ligada ao sexo. Como esse legado é evidente, ele foi o primeiro “modelo” de he- rança reconhecido nos seres humanos, apresentando inicialmente o maior número de características. Quando há um gene letal recessivo ligado ao sexo, a mortalidade é mais baixa em mulheres, só ocorrendo em homozigose. Nos homens o óbito é mais alto, pois ocorre na presença de um só gene letal, em virtude da presença de um único cromossomo X. Da mesma forma, se o gene “defeituoso” estiver localizado na por- ção não-homóloga do cromossomo X, a anomalia atingirá com maior incidência indivíduos do sexo masculino. As pessoas do sexo femini- no só irão apresentar a “doença” em homozigose. Em heterozigose se- rão apenas portadoras. Existem ocorrências em que o gene “defeituoso” se localiza na por- ção não-homóloga do cromossomo Y. Esses genes são chamados de holândricos e se restringem ao sexo masculino, já que só os homens carregam o cromossomo Y em seu cariótipo. Neste caso, falamos em herança restrita ao sexo. Leia o exemplo na FIGURA 1: Homozigose Genes alelos idênticos ou pu- ros. Temos, ainda, heranças de caracteres sexuais determinados por ge- nes não localizados nos cromossomos sexuais. Nesta situação, o cará- ter tem sua manifestação em um dos sexos e no outro, não. Essa mani- festação acontece em virtude das diferenças anatômicas ou hormonais existentes entre os sexos masculino e feminino. Denomina-se, então, herança limitada ao sexo. FIGURA 1 - Representa a hipertricose, doença que beira a ficção, acome- teu Pedro Gonzales. Nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em 1556, Pedro foi dado de presente à corte de Henrique II, como se fosse um bichinho de pelúcia. Ele teve três filhos (duas meninas e um menino) e um neto, todos os descendentes masculinos com a mesma doença. Um dos primeiros casos conhecidos de hipertricose universal congênita foi, portanto, o de Pedro Gonzales. Em razão de sua inteligência e de sua presença marcante, Henrique II fez dele um de seus mais importantes embaixadores. Seus filhos chegaram a ser exibidos durante festas pro- movidas na corte, como exemplos de “como a natureza maligna podia invadir um corpo humano pecador”. Fonte: LAVÍNIA FONTANA DE ZAP- PIS (1552-1614), Gonzáles, 1585, pertence ao Castelo de Ambras, ci- dade de Innsbruck, Áustria. Técnica: Óleo sobre tela. Heterozigose Os genes que compõem o par não são idênticos entre si, são híbridos. Mecanismos Biológicos166 Ensino Médio Em outros casos, possivelmente pela influência dos hormônios se- xuais, a relação dominância ou recessividade dos alelos é diferente nos machos e nas fêmeas; é o que chamamos de herança influencia- da pelo sexo. Dominância é o aspecto em evidência. Pode estar em homozi- gose ou heterozigose. Recessividade é o aspec- to encoberto. Só se manifesta em homozigose. Veja três exemplos de “herança”. Vamos apresentar suas principais características para que você possa identificar: “Que herança é essa?...” Cores? não as diferencio... Esse mal tem cura? Percebendo haver pessoas que não conseguem enxergar ou dis- tinguir determinadas cores, em 1917, o professor Dr. Shinobu Ishihara (1879 - 1963), oftalmologista japonês da Universidade de Tókio, desen- volveu uma série de testes para avaliar deficiências na percepção de cores. Estes testes, não conclusivos, consistem em uma série de pon- tos coloridos formando determinadas letras ou números, devendo ser aplicados em ambientes com iluminação natural. Dr. Shinobu Ishihara (1879 - 1963), era um médico japonês, que criou o “teste da cor de Ishihara” para detectar deficiência da visão de cores. Shi- nobu graduou-se em medicina no ano de 1905, em uma escola militar, e ingressou imediatamente como médico-cirurgião no exército. Mais tar- de, especializou-se em oftalmologia. Em 1908, retornou à universidade de Tokyo onde se dedicou à pesquisa em oftalmologia. Em 1910, passou a lecionar na faculdade médica do exército. Conduziu uma pesquisa sobre “oftalmologia no campo de batalha” e como selecionar soldados superio- res. Em 1912, foi à Alemanha promover estudos sobre oftalmologia e em 1915, após a 1ª guerra, retornou à Tóquio. Fonte: Museu da Cor, The So- ciety of Dyers and Colourists, Reino Unido.