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Sangue: um mar vermelho que sustenta a vida 155 Biologia Embora esse processo de defesa seja lento, numa transfusão recor- rente, a produção de anticorpos aumentaria tanto, até que em dado momento, o organismo passaria a sofrer reações violentas em decor- rência da destruição das hemácias do sangue recebido (hemólise) que, aos poucos, se desintegrariam. Caso esse processo seja intenso, o in- divíduo começa a eliminar a hemoglobina (pigmento que dá a colora- ção vermelha ao sangue) pela urina, podendo causar o entupimento dos túbulos renais, acarretando deficiências graves. Diante das pesquisas realizadas, discuta com seus colegas qual o verdadeiro doador univer- sal? Por quê? DEBATE A partir das constatações sobre a incompatibilidade sanguínea en- tre os sangues com fator Rh- e Rh+, encontrou-se a resposta para a in- compatibilidade do sangue materno-fetal, conhecida como Eritroblas- tose Fetal (EF) ou Doença Hemolítica do Recém-nascido (DHRN). Esta incompatibilidade foi observada por Levine e Stetson, em 1939, ao en- contrar anticorpos anti-Rh no sangue de uma mulher que havia dado à luz um natimorto. Para evitar a morte de um bebê, em decorrência da DHRN, é ne- cessário que ele seja submetido a uma transfusão de aproximadamente 85% de seu sangue, recebendo sangue Rh-, logo após o nascimento. Atualmente essa troca também pode ser feita em centros especiali- zados, ainda na vida intra-uterina, caso se descubra o problema atra- vés do Teste de Coombs Indireto, que tem por objetivo detectar anti- corpos específicos ligados ao seu antígeno. Desde 1964, tem sido aplicada uma “vacina” pós-parto em mulhe- res Rh-, diminuindo ainda mais os problemas de incompatibilidade materno-fetal. Esta “vacina” tem por objetivo destruir as hemácias fe- tais Rh+ do organismo materno. Teste de Coombs Indireto Exame realizado mensalmen- te para verificar a presença ou ausência de anticorpos irregu- lares no sangue de mães Rh-. A doença hemolítica do recém-nascido, com uma ocorrência aproximada de 1/100 bebês Rh+, é extremamente prejudicial ao feto. Faça uma pesquisa em Fator Rh ou Eritroblastose Fetal nos livros de Biologia ou em sites como www.ufv.br/dbg/bioano02/a2001a08.htm e diga em que circunstâncias ela ocorre e quais suas conseqüências. PESQUISA “vacinas” pós-parto processo de imunização feito com imunoglobulina Ig G anti D, em mulheres Rh- (D+). Mecanismos Biológicos156 Ensino Médio Você sabia que ... Em decorrência da existência de diferentes tipos de sangue, adotou-se, além da tipagem ABO, a tipagem chamada “Prova cruzada”. Esta consiste na mistura do soro do receptor com o sangue do doador, em uma lâmina ou tubo de ensaio. Se houver aglutinação, indica que há incompatibilidade, não podendo ocorrer transfusão (GRANDES TEMAS DA MEDICINA, – O SANGUE, 1986). Atualmente, o conjunto dos três sistemas sangüíneos (ABO, MN, Rh) são utilizados na Medicina Legal para excluir a possibilidade de paternidade. Porém, os mesmos não são precisos para a sua confirmação, recomendando-se, neste caso, o exame de DNA. Mediante tudo o que foi explicitado, podemos afirmar: “O sangue é um mar vermelho que sustenta a nossa vida”. O ser humano, em cujo interior, circula este magnífico mar que susten- ta e promove a vida, é um ser social, que interage na sociedade, influen- ciando ou sendo influenciado pelos diferentes grupos a que pertence. Observamos que o ser humano, ao longo de sua existência, apren- deu a caçar, plantar, se comunicar, viver em grupos sociais, em dife- rentes sociedades e a ter o domínio sobre as demais criaturas. Cada um de nós aprendeu a assimilar as normas e os valores de determina- do grupo social. Assim, a humanidade ao longo da história, procura garantir sua so- brevivência suprindo suas necessidades por meio do trabalho. Viver em grupo requer que as normas e valores sejam respeitados, nele cada indivíduo tem deveres e direitos. Estes direitos e deveres são amparados pela Lei, mas o grande impasse está em fazê-la ser cumpri- da, pois a Lei não garante a efetivação do cumprimento dos direitos e deveres pelos cidadãos ou pelo estado. Esta omissão se dá quando não se exerce a cidadania, ou seja, quando o indivíduo deixa de conquistar os seus direitos, sejam eles quais forem, ou se furta no cumprimento de seus deveres, não parti- cipando das decisões da sociedade para melhorar sua vida e a de ou- tras pessoas. No campo da saúde, é preciso que o indivíduo conquiste o seu di- reito ao atendimento gratuito e de qualidade nos Centros Públicos. Atendimento este, que as pessoas com boas condições financeiras usu- fruem com toda a tecnologia e desenvolvimento da medicina acumu- lados historicamente, seja ele privado ou público. Ter um atendimento à saúde, gratuito e de qualidade é direito de todos, independentemen- te da classe social a qual pertence.