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Biodiversidade na Mata Atlântica

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Mata	Atlântica:	socorro!!!	Cadê	você??? 195
Biologia
O ambiente diversificado da Mata Atlântica favorece a existência de 
aproximadamente 2.100 espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios 
e peixes. As estimativas apontam que a Mata abriga mais de 10.000 es-
pécies de plantas sendo que muitas delas são endêmicas.
Uma espécie endêmica da Mata Atlântica, presente no Rio Grande 
do Sul, Paraná e Santa Catarina e nas maiores altitudes dos Estados de 
São Paulo e Minas Gerais, é o pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro 
ou Araucaria angustifolia. Esta espécie apresenta uma copa em for-
ma de cálice o que caracteriza a paisagem da Mata Atlântica nas Regi-
ões Sul e Sudeste do Brasil.
ESPÉCIE
Grupo de seres vivos gene-
ticamente semelhantes entre 
si e capazes de se reproduzir 
e dar origem a descenden-
tes férteis e isolados repro-
dutivamente de outros se-
res vivos.
ESPÉCIES ENDÊMICAS
Espécies encontradas ape-
nas numa certa região.
A Araucaria angustifolia ou Pinheiro-do-Paraná é a única es-
pécie do gênero encontrada no Brasil e cuja ocorrência no-
meou a cidade de Curitiba. Fonte: http://paisagensbrasileiras.
fateback.com 

Um exemplo da influência 
desta espécie, foi o nome da-
do à cidade de Curitiba. Uma 
das versões aceita hoje, é a 
dos índios tupi-guarani (Tu-
pi, Jê e Guarani) que usaram 
a expressão coré (pinhão) 
etuba (muito) para identificar 
a área onde hoje se encon-
tra esta cidade. Outra versão, 
também em guarani, combina 
Kurit (pinheiro) e Yba (gran-
de quantidade).
QUEBRANDO MITOS
O principal disseminador de sementes da Araucaria é a gralha-azul, con-
siderada a ave símbolo do Estado do Paraná. Esta ave faz seu ninho no pi-
nheiro e, ao contrário do que diz a crença popular, ela não enterra a semen-
te no solo para não ficar exposta aos seus predadores. Como raramente ela 
come o pinhão no local onde o encontra, acaba perdendo algumas semen-
tes durante o vôo, contribuindo com a sua disseminação.
Gralha azul (Cyanocorax caeruleus) é uma ave passeriforme da fa-
mília dos Corvídeos, com aproximadamente 40 cm de comprimen-
to, de coloração geral azul vivo e preta na cabeça, na parte frontal do 
pescoço e na superior do peito. No folclore do Estado do Paraná atri-
bui-se a formação e manutenção das florestas de Araucária a este 
pássaro, como uma missão divina, razão porque as espingardas ex-
plodiriam ou negariam fogo quando para elas apontadas. Talvez por 
esta razão a Lei Estadual n. 7957 de 1984 a consagra como “ave 
símbolo” do Estado do Paraná. Fonte: IPEF – Instituto de Pesquisas e 
Estudos Florestais, USP. Universidade de São Paulo.

Biodiversidade196
Ensino	Médio
Na época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica estendia-se 
do Cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte até as Serras Herval e 
Tapes, no Rio Grande do Sul. A Mata era mais exuberante e com maior 
número de espécies do que a Floresta Amazônica. Ela desenvolveu-
se sobre uma extensa cadeia montanhosa, ao longo do litoral brasilei-
ro, onde os ventos que sopram do mar garantem a umidade necessá-
ria que resulta em chuvas constantes na região (NEIMAN, 1989).
Nas lutas entre os índios e os colonizadores, a condição atmosfé-
rica de muita umidade da mata virgem, impedia o funcionamento das 
armas de fogo dos europeus, os quais se convertiam em vítimas fáceis 
para os indígenas, que, com apenas arco e flecha, os “trucidava sem 
dó nem piedade” (HOLANDA, 2001).
A Mata Atlântica compreende um conjunto de formações vegetais 
presentes em 17 Estados brasileiros, com maior ou menor área flores-
tal, considerada o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção 
do mundo. Isso vem acontecendo desde o século XVI, com a coloni-
zação européia que tinha como objetivos apenas a exploração de su-
as riquezas.
Foi nos domínios deste Bioma, originalmente com 1,3 milhões de 
quilômetros quadrados, que também começou a história da formação 
do território que originou o Brasil. Hoje, aproximadamente 120 mi-
lhões de habitantes estão distribuídos por cidades e povoados presen-
tes nesta área. Essa ocupação histórica levou ao desmatamento sem 
controle da Mata Atlântica, e teve como conseqüência a fragmentação 
dos habitats e a redução da sua biodiversidade.
Guerrilhas, gravura de Johann Oritz 
Rugendas (1802 - 1858). Fonte: 
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes 
Visuais, www.itaucultural.org.br

Pintura de Jean-Baptiste Debret 
(1768 - 1848). Fonte: GNU Free 
Doc License, www.wikipedia.org

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a formação do território brasilei-
ro, leia o Folhas “O Brasil podia ser diferente?” no Livro Didático Público 
de Geografia.
FRAGMENTAÇÃO
É todo processo de origem 
antrópica que provoca a divi-
são de áreas de matas natu-
rais contínuas em partes me-
nores.
A fragmentação da Mata Atlântica é um dos principais problemas 
que afeta e ameaça a preservação das espécies e a sustentabilidade da 
sua biodiversidade. As principais causas da fragmentação foram o au-
mento do número de áreas urbanas, agrícolas, minerações, barragens, 
aterros, estradas e outras construções.
A Mata Atlântica foi considerada a segunda maior floresta brasileira 
estando hoje com cerca de 7% da sua área primitiva. Em algumas regi-
ões não há vestígios da Mata, como, por exemplo, no Rio Grande do 
Norte. Avalia-se que 80% da Mata remanescente encontram-se em pro-
priedades particulares e apenas 2% fazem parte das Unidades de Con-
servação, instituídas pela Lei N° 9.985 de 18 de Julho de 2000 e regu-
lamentadas pelo Decreto 4.340/2002 (PEIXOTO, 2004).
Crítico do papel desempe-
nhado pelos bandeirantes, 
João Capistrano de Abreu 
(1853 - 1927), historiador 
brasileiro, deu ênfase às vio-
lências por eles praticadas 
contra as reduções jesuíti-
cas e as populações indíge-
nas, episódios que Debret e 
Rugendas recriaram em seus 
trabalhos artísticos.

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