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Biomedicina

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81Biomedicina na prática: 
da teoria à bancada SUMÁRIO
CAPITULO VI 
IMUNOLOGIA
Adriane Pozzobon
Andréa Horst
A imunologia é uma ciência recente, teve sua descoberta por volta de 1976 e revoluciou 
a área médica, pois surgiu, pela primeira vez, a interveção no ser humano para prevenção de 
doenças, e não somente o tratamento, com o uso das vacinas.
O sistema imune é um conjuto de órgãos, tecidos, células e moléculas que o corpo 
humano utiliza para combater organismos e moléculas estranhas. Tem como função primária 
a defesa contra micoorganismos infecciosos. Porém, moléculas não infecciosas, também 
podem ativar o sistema imunológico, como no caso de alergias ou até mesmo em transplantes. 
O sistem imune é composto por dois órgãos linfóides primários, local onde ocorre a produção 
e maturação das células do sistema imune que são, ossos chatos e epífises de ossos longos e 
o timo. E os órgãos e tecidos linfáticos secundários, onde ocorre a maior parte das respostas 
imunes que são: linfonodos, baço e nódulos linfáticos. As células do sitema imune são divididas 
inicilamente em dois grupos, as responsáveis pela imunidade inata, ou natural (Células NK) 
e as células que pertencem ao grupo da imunidade adquirida (Linfócitos B e Linfócitos T). 
Abaixo segue a tabela com o detalhamento dos tipos celulares:
TIPO 
CELULAR FUNÇÃO PERCENTAGEM DO TOTAL DE 
LINFÓCITOS
SANGUE LINFONODO BAÇO
Linfócitos T 
auxiliares
Estímulo para diferenciação de Linfócitos B
Ativação de macrófagos 50-60 50-60 50-60
Linfócitos T 
citolíticos
Destruição de células infectadas por vírus, 
células tumorais, rejeição de translantes 20-25 15-20 10-15
Linfócitos B Produção de anticorpos 10-15 20-25 40-45
Células NK
Destruição de células infectadas por 
víruis, células tumorais, toxicidade celular 
dependente de anticorpos
10 Raro 10
Os exames laboratoriais sempre foram uma importante ferramenta para a definição de 
um diagnóstico mais preciso da presença, ou não, de uma determinada doença no ser humano. 
O anticorpo, devido a sua capacidade de ligar-se com grande especificidade ao antígeno 
e a sua fácil manipulação, tornou-se um instrumento importante, e hoje imprescindível, de 
diagnóstico laboratorial. Em um teste imunodiagnóstico é importante observar dois fatores 
essenciais para a obtenção de um resultado correto: a sensibilidade e a especificidade do 
teste. A sensibilidade diz respeito ao número de indivíduos efetivamente doentes que são 
detectados pelo teste diagnóstico. A sensibilidade está ligada a fatores como concentração do 
antígeno/anticorpo a ser detectado ou variabilidade imunogênica do organismo infeccioso. 
A especificidade refere-se ao número de indivíduos que efetivamente não têm a doença 
e que dão resultado negativo no teste. A especificidade está ligada às possíveis reações 
cruzadas. Testes imunodiagnósticos podem ser de dois tipos quanto ao resultado observado: 
qualitativo ou quantitativo. Nos testes qualitativos, a observação de um resultado positivo 
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ou não, depende da observação visual de uma reação. Alguns testes qualitativos podem ter 
uma natureza semi-quantitativa baseada em diluição de reagentes. Como exemplos temos, 
reações de precipitação ou aglutinação. Nos testes quantitativos, por outro lado, é possível 
medir um parâmetro determinado como concentração de anticorpos ou antígenos, número 
de células, intensidade de fluorescência. 
1 PRÁTICA: Tipagem sangúinea (Sistema ABO)
Os grupos sanguíneos A, B e O foram descritos por Landsteiner em 1900 e em 1902 o 
grupo AB por De Costello e Starli. Os grupos sanguíneos são constituídos por antígenos que 
são a expressão de genes de origem materna e paterna. Quando um antígeno está presente, 
isto significa que o indivíduo herdou o gene de um ou de ambos os pais, e que este gene poderá 
ser transmitido à progênie. Estes genes codificam glicoproteínas presentes na superfície das 
hemácias. O sistema ABO inclui o carboidrato H e duas variantes parecidas com estas, que 
se chamam A e B. Um individuo pode ser por isso A, B, AB ou O (se só tiver o carboidrato H). 
Cada indivíduo possui anticorpos específicos para os carboidratos que não possui, ou seja, um 
indivíduo A possui anticorpos anti-B, um individuo O possui anticorpos anti-B e anti-A, e um 
individuo AB não possui nenhum dos anticorpos. A importância do sistema ABO na prática 
transfusional está relacionada à gravidade das reações transfusionais hemolíticas devido à 
presença regular no plasma do receptor de anticorpos “naturais” contra os antígenos A e B.. 
Os genes ABO não codificam diretamente seus antígenos específicos, eles codificam as 
enzimas que tem a função de transportar os carboidratos específicos, e desta forma gerar os 
antígenos ABO. Um organismo que possua o tipo sanguíneo AB, possui uma cópia do gene 
A uma do gene B, sendo um herdado da mãe e o outro do pai. Ele possui nos seus glóbulos 
vermelhos os antígenos A e B, seu genótipo é AB. No caso do grupo O, foi herdado do pai e 
da mãe o mesmo gene O. O gene O não produz antígeno perceptível. As células de grupo 
O são reconhecidas pela ausência de antígeno A ou B. Quando o gene O é herdado ao lado 
de A, apenas o gene A se manifesta; e se é herdado ao lado do gene B apenas o gene B se 
manifesta. Na prática laboratorial não é possível diferenciar os indivíduos BO e BB, e nem AO 
e AA. Os símbolos A e B, quando nos referimos a grupos, indicam fenótipos, enquanto que AA, 
BO etc. são genótipos. As pessoas de tipo AB não possuem anticorpos anti-A ou anti-B e assim, 
elas podem receber, por transfusão, sangue de qualquer tipo. Essas pessoas são chamadas de 
receptores universais e os portadores de sangue tipo O são doadores universais. Isso significa 
que eles podem doar sangue para qualquer pessoa, uma vez que suas hemácias não possuem 
antígenos. A tabela abaixo mostra a classificação do grupo sanguíneo conforme a presença/ 
ausência de antígenos e anticorpos.
TIPO 
SANGUÍNEO
AGLUTINOGÊNIOS OU ANTIGENOS 
 (NAS HEMÁCIAS)
AGLUTININAS OU ANTICORPOS 
 (NO PLASMA)
A A Anti-B
B B Anti-A
AB A e B Nenhum
O Nenhum Anti-A e anti-B
A tipagem sanguínea do sistema ABO pode ser realizada através das provas direta e 
reversa. Na prova direta pesquisa-se os antígenos do sistema ABO que estão presentes nas 
hemácias do indivíduo, enquanto que, na prova reversa procura-se determinar os anticorpos 
do sistema ABO que estão presentes no soro ou no plasma do indivíduo.
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