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LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 19 V O LU M E 1 à divindade, que naquele momento Hiroíto cumpria resignado: “Os laços que nos unem a vós, nossos súditos, não são o resultado da mitologia ou de lendas. Não se baseiam ja- mais no falso conceito de que o imperador é deus ou qualquer outra divindade viva.” Petrificados, milhões de japoneses tomaram consciência da verdade que ninguém jamais imaginara ouvir: diferentemente do que lhes fora ensinado nas escolas e nos templos xintoístas, Hiroíto reconhecia que era filho de dois seres humanos, o imperador Taisho e a imperatriz Sadako, e não um descendente de Amaterasu Omikami, a deusa do Sol. Foi como se tivessem jogado sal na ferida que a rendição, ocorrida em agosto do ano ante- rior, havia aberto na alma dos japoneses. O temido Exército Imperial do Japão, que em inacreditáveis 2600 anos de guerras jamais sofrera uma única derrota, tinha sido ani- quilado pelos Aliados. O novo xogum, o chefe supremo de todos os japoneses, agora era um gaijin, um estrangeiro, o general americano Douglas MacArthur, a quem eram obrigados a se referir, respeitosamente, como Maca-san, o “senhor Mac”. Como se não bastasse tama- nho padecimento, o Japão descobria que o imperador Hiroíto era apenas um mortal, como qualquer um dos demais 100 milhões de cidadãos japoneses. (Corações sujos, 2000.) 4. (FAMEMA) “Era a mesma voz que quatro meses antes se dirigira aos japoneses, pela primeira vez em 5 mil anos de história do país, para anunciar que havia chegado o mo- mento de ‘suportar o insuportável’” (1º pa- rágrafo) O verbo destacado foi utilizado no pretérito mais-que-perfeito a fim de indicar: a) um fato no passado, anterior a outro fato, também no passado. b) uma dúvida do enunciador sobre a veracida- de do fato no passado. c) um fato que ocorreu reiteradamente, no pas- sado. d) uma ação cujos efeitos se estendem do pas- sado ao presente. e) uma verdade universalmente aceita, no pas- sado. Leia o trecho do romance O guarani, de José de Alencar, para responder à questão 5. A inundação crescia sempre; o leito do rio elevava-se gradualmente; as árvores peque- nas desapareciam; e a folhagem dos sober- bos jacarandás sobrenadava já como grandes moitas de arbustos. A cúpula da palmeira, em que se achavam Peri e Cecília, parecia uma ilha de verdura banhando-se nas águas da corrente; as palmas que se abriam formavam no centro um berço mimoso, onde os dois amigos, estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua vida. Cecília esperava o seu último momento com a sublime resignação evangélica, que só dá a religião do Cristo; morria feliz; Peri ti- nha confundido as suas almas na derradeira prece que expirara dos seus lábios. — Pode- mos morrer, meu amigo! disse ela com uma expressão sublime. Peri estremeceu; ainda nessa hora suprema seu espírito revoltava- -se contra aquela ideia, e não podia conceber que a vida de sua senhora tivesse de perecer como a de um simples mortal. — Não! ex- clamou ele. Tu não podes morrer. A menina sorriu docemente. — Olha! disse ela com a sua voz maviosa, a água sobe, sobe... — Que importa! Peri vencerá a água, como venceu a todos os teus inimigos. 28 — Se fosse um inimigo, tu o vencerias, Peri. Mas é Deus... É o seu poder infinito! — Tu não sabes? disse o índio como inspirado pelo seu amor ardente, o Senhor do céu manda às vezes àqueles a quem ama um bom pensa- mento. E o índio ergueu os olhos com uma expressão inefável de reconhecimento. Falou com um tom solene: “Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíram, e co- meçaram a cobrir toda a terra. Os homens subiram ao alto dos montes; um só ficou na várzea com sua esposa. “Era Tamandaré; for- te entre os fortes; sabia mais que todos. O Senhor falava-lhe de noite; e de dia ele en- sinava aos filhos da tribo o que aprendia do céu. [...]” (O guarani, 1997.) 5. (FAMEMA) “A inundação crescia sempre; o leito do rio elevava-se gradualmente; as árvores pequenas desapareciam; e a folha- gem dos soberbos jacarandás sobrenadava já como grandes moi¬tas de arbustos.” Nesse trecho, os verbos indicam: a) fatos isolados, pontuais, inteiramente no passado. b) fatos no passado, anteriores a outros fatos também no passado. c) processos contínuos inteiramente no passado. d) processos contínuos que se estendem do passado até o presente. e) fatos que se repetem pontualmente no passado. Leia o texto de André Gotz para responder à questão 6. O grande problema dos carros é o fato de se- rem como mansões à beira-mar: são bens de luxo inventados para o prazer exclusivo de uma minoria muito rica, os quais em concep- ção e natureza nunca foram destinados ao