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Victória Ellen Gomes de Sousa Enfermagem - UEPB MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE O modelo assistencial diz respeito ao modo como são organizadas, em dada sociedade, as ações de atenção à saúde que envolvem os aspectos tecnológicos e assistenciais. Nessa perspectiva, não há modelos certos ou errados ou receitas que, quando seguidas, dão certo (SILVA JÚNIOR; ALVES, 2007). MODELO BIOMÉDICO De acordo do Paim (2008), as principais características da medicina flexneriana (modelo biomédico), com base no Relatório de Flexner (1911), são as seguintes: - Ênfase à atenção médica individual, secundarizando a promoção à saúde e a prevenção; - Organização da assistência médica em especialidades; - Valorização do ambiente hospitalar em detrimento da assistência ambulatorial; - Educação médica separando as disciplinas do ciclo básico (Anatomia, Bioquímica, Fisiologia etc.) e do profissional, este último realizado nos hospitais de ensino. O modelo biomédico é fortemente associado ao diagnóstico e à terapêutica, não se consideram a complexidade do processo de saúde e doença bem como as características singulares das pessoas e das famílias, inseridas em um contexto socioeconômico, ambiental, político e cultural; Nesse sentido, podemos destacar as seguintes características desse modelo que, infelizmente, ainda é hegemônico no Brasil, são elas: - Foco no individualismo; - Saúde/doença encarada como mercadoria; - Ênfase ao biologismo; - Desvalorização das ações de prevenção e promoção de saúde; - Predominância de ações diagnósticas e curativas; - Estímulo ao consumismo médico e à medicalização dos problemas; - Desmerecimento dos fatores determinantes sociais em saúde (DSS); - Participação passiva ou subordinada dos consumidores/usuários de saúde. De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde nº 4.279/2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) no âmbito do SUS, o modelo de atenção à saúde vigente, fundamentado nas ações curativas, centrado no cuidado médico e estruturado com ações e serviços de saúde dimensionados a partir da oferta (modelo biomédico), tem se mostrado insuficiente para dar conta dos desafios sanitários atuais e insustentável para os enfrentamentos futuros; Nesse sentido, o modelo de atenção definido na regulamentação do SUS preconiza uma contraposição ao modelo atual, que é centrado na doença e, em especial, no atendimento à demanda espontânea e na agudização das condições crônicas. Aponta para a necessidade de uma organização que construa a intersetorialidade para a promoção da saúde, contemple a integralidade dos saberes, com o fortalecimento do apoio matricial, considere as vulnerabilidades de grupos ou populações e suas necessidades e fortaleça as ações sobre as condições crônicas (BRASIL, 2010). MODELO SANITARISTA Outro modelo de atenção à saúde ainda presente no Brasil é o sanitarista, caracterizado por campanhas e programas de saúde ambulatoriais verticais e fragmentados (programas de pré-natal, puericultura, tuberculose, hanseníase), com ênfase no atendimento da demanda espontânea (ações pontuais), em detrimento da prevenção e da promoção da saúde; Esse modelo começou a se expandir a partir da década de 1930 e não valoriza os princípios e as diretrizes da atenção básica e das redes de atenção à saúde. MODELOS DE SAÚDE ALTERNATIVOS A partir da década de 1970, começou um debate internacional sobre a superação dos modelos tradicionais de atenção à saúde. No Brasil, esses modelos visam superar as lacunas geradas pelo modelo biomédico e pelo sanitarista, pautados, dentre outras, nas seguintes características: - Valorizam os princípios e as diretrizes do SUS (hierarquização e regionalização dos serviços de saúde, atendimento universal e integral, territorialização, humanização, acolhimento etc.); - São direcionados para atender ao indivíduo, à família e à comunidade, levando em conta seus aspectos socioeconômicos, ambientais, culturais e políticos; - Centram-se nas ações programáticas de saúde, na atenção básica, como coordenadora e ordenadora do cuidado, nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), no acolhimento, na vigilância da saúde, na promoção e na prevenção da saúde. No esquema abaixo, apresentamos uma síntese do estudo dos modelos de atenção à saúde: